Luiz Antônio de Assis Brasil, secretário de Cultura do Rio Grande do Sul Recentemente o governo do estado anunciou o Fundo de Apoio à Cultura 2012, o maior investimento já feito na áreapor um governo de estado: R$ 10 milhões. Para falar sobre os projetos culturais do Rio Grande do Sul, o Jornal da Estação entrevistou o secretário estadual de Cultura, Luiz Antônio de Assis Brasil. Jornal da Estação: Quais critérios a Secretaria de Cultura usará para distribuir a verba recebida do Fundo de Apoio à Cultura? Luiz Antônio de Assis Brasil: Será como todos os concursos. Os projetos inscritos serão avaliados por uma comissão, formada pela Secretaria de Cultura e por membros da comunidade cultural, e serão selecionados os melhores. Os critérios serão definidos pelas proprias comissões, levando em conta a qualidade técnica e a abrangência representada no número de cidadãos envolvidos. Esses projetos terão apoio financeiro capaz de suprir as demandas orçamentárias, e isso causa mais acessibilidade às pessoas, que terão mais oportunidade para participar de manifestações culturais, já que haverá muitas opções. JE: Como fazer com que essa verba seja revertida para a população? Assis Brasil: Por gratuidade e por multiplicação das ofertas. Se antes um grupo de teatro, por exemplo, faria dez apresentações, com essa verba ele poderá fazer mais. Também pela variedade, nós temos editais para todas as áreas, não só das artes, mas também projetos de natureza cultural, como feiras de livros. JE: Os eventos culturais aqui no estado ainda são, em sua maioria, elitista. Como fazer com que a cultura atinja as camadas mais pobres da população? Assis Brasil: Isso deve ser um resultado de um longo processo de amadurecimento de gestores culturais, de vontade política e também de um maior nível de conscientização das pessoas. Propiciando condições para que estas manifestações culturais tenham mais visibilidade, o poder público vai estar cumprindo a sua função, que é, entre outras, fazer circular os bens da cultura. JE: A seu ver, o que é mais importante: investir na produção, na qualidade ou na divulgação de eventos culturais? Assis Brasil: É tudo isso junto. É claro que a qualidade é fundamental, mas junto a isso é necessário uma expansão social relevante, que signifique maior acesso aos bens de cultura. Há uma reunião de fatores que podem fazer circular os bens da cultura e torná‐los mais acessíveis. A divulgação também é uma peça fundamental. JE: A produção cultural no estado parece um pouco acanhada. Como o senhor vê isso? Assis Brasil: Se faz muita coisa boa no Rio Grande do Sul, o problema é que nem sempre isso esteve disponível. Muitas vezes grupos de teatro não tem sequer onde ensaiar. Em música há muito disso, os artistas que não têm recursos para divulgar o seu trabalho acabam desaparecendo, e só aparece aquele que tem maior mídia. Essa verba destinada à cultura é justamente para tornar visíveis esses produtores culturais que, de certa forma, estão invisíveis. O Estado está buscando alguns aportes financeiros para reverter essa questão. JE: O senhor acredita que a cultura deve estar aliada à educação? Assis Brasil: Em um país como o nosso, a cultura não pode ser independente da educação. Nós temos ações que são conjuntas com a educação, como o projeto “Autor Presente”, em que a gente leva os autores de livros às cidades do interior, faz os estudantes lerem livros. Fazer a pessoa ter acesso à cultura é uma maneira também de educar. JE: Na sua opinião, qual a qualidade do que está sendo produzido atualmente aqui no estado? Assis Brasil: O RS é tradicionalmente um estado de ampla e qualificada cultura, e isso em todas as áreas. Hoje, isso é mais do que evidente. Nunca tivemos um quadro tao favorável. O que é preciso é que circule, e daí entra ação do Estado. JE: Qual a política do Estado para a formação de plateia para eventos culturais? Assis Brasil: Tentaremos atingir o objetivo de ampliação das plateias através do incentivo às produções culturais. Quanto mais for apoiada a produção, mais ampliaremos as plateias. JE: Quais os projetos da Secretaria da Cultura para 2012? Assis Brasil: Para 2012 temos diversas ações, entre elas a formatação final do Plano Estadual de Cultura; a execução dos seis editais do Fundo de Apoio a Cultura, no valor de R$ 10 milhões; o seguimento das obras da Sala Sinfônica; a restauração da Casa de Cultura Mario Quintana, dentre outras. 
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Edição 124 – ENTREVISTA LUIZ ANTÔNIO DE