UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
THAIANE DE ALMEIDA HEDLUND
A REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS COMO PROPOSTA PARA O
DESENVOLVIMENTO DE LUMINÁRIA A PARTIR DE RESÍDUOS DE
MDF
Ijuí
2013
THAIANE DE ALMEIDA HEDLUND
A REDUÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS COMO PROPOSTA PARA O
DESENVOLVIMENTO DE LUMINÁRIA A PARTIR DE RESÍDUOS DE
MDF
Monografia apresentada ao Curso de Design do
Produto, da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como
requisito parcial à obtenção do título de bacharel
em Design de Produto.
Orientador: José Paulo Medeiros da Silva
Ijuí
2013
UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova a monografia “A REDUÇÃO DOS
IMPACTOS AMBIENTAIS COMO PROPOSTA PARA O DESENVOLVIMENTO DE
LUMINÁRIA A PARTIR DE RESÍDUOS DE MDF” elaborada por Thaiane de Almeida
Hedlund como requisito parcial para obtenção do grau Bacharel em Design de Produto.
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________________
José Paulo Medeiros da Silva - Orientador
_____________________________________________
Diane Meri Weiller Johann - Banca
IJUÍ, AGOSTO DE 2013
“Cada geração acredita, sem dúvida, ter vocação para
mudar o mundo. Todavia, a minha sabe que não vai
refazê-lo. Porém, sua tarefa pode ser maior. Consiste em
impedir que o mundo se desfaça.”
Albert Camus
Aos meus pais Nilda e Claudomir, que não mediram
esforços para que este sonho se tornasse realidade. A
minha irmã Thaize e ao meu namorado Verlei por
estarem comigo sempre.
Agradeço a todos aqueles que contribuíram para a
realização dessa monografia. A Deus por ter me guiado e
iluminado meu caminho. Ao meu orientador, José Paulo,
pela paciência, confiança e auxilio atribuído na
elaboração deste trabalho. A minha família e meu
namorado pelo incentivo e apoio incondicional em toda
esta caminhada. A todos meus professores que durante
estes anos, compartilharam comigo seu aprendizado. Aos
meus colegas e amigos, que juntos dividimos o
conhecimento durante o curso.
RESUMO
O presente trabalho busca desenvolver uma luminária com o reaproveitamento de
resíduos de MDF das pequenas e médias empresas do setor moveleiro, no município de Santa
Rosa-RS, do qual se deparam em seus processos produtivos, com volumes cumulativos de
resíduos que conflitam com as questões ambientais. Dentro do contexto abordado, o designer
tem a função de desenvolver soluções, analisando custo-benefício dos produtos, atendendo as
necessidades do consumidor de modo que não se esgotem os recursos naturais às gerações
futuras. Com base no conjunto de informações coletadas, observou-se uma preocupação com
as questões ambientais, reforçando a relevância desta pesquisa, onde os resíduos de MDF
podem ser aproveitados de forma mais efetiva, evitando o descarte e a extração desnecessária
de matéria-prima da natureza. Foi demonstrada, através do projeto de uma luminária
sustentável, a possibilidade de introduzir no mercado produtos com qualidade semelhante
quando utilizado a chapa de MDF, empregando os conceitos de ecodesign e design
sustentável, bem como a possibilidade de desenvolver uma linha de produtos aproveitando os
tamanhos variados dos materiais descartados.
Palavras-chaves: Ecodesign, Design Sustentável, Resíduos de MDF, Luminária.
ABSTRACT
This work seeks to develop a luminary with the reuse of MDF waste of small and
medium companies in the furniture sector in Santa Rosa-RS, which are got in the production
processes with cumulative volumes of waste that conflict with issues environmental. Within
the approached context the designer is responsible for developing solutions, analyzing
products cost effectiveness, addressing consumer needs in order to avoid natural resources
depletion for future generations. Based on the totality of information collected there was a
concern with environmental issues reinforcing the relevance of the present research where the
waste MDF can be reused more effectively avoiding the disposal and unnecessary extraction
of raw materials from nature. Through the design of a sustainable lamp it was demonstrated
the possibility to introduce in market products with similar quality as of those using MDF
plates, using the concepts of ecological design and sustainable design, as well as the
possibility of developing a line of products leveraging sizes variety of discarded materials.
Keywords: Ecodesign, Sustainable Design, Waste MDF, Lamp.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Fatores do Ecodesign. .......................................................................................... 24
Figura 2: Roda de Ecoconcepção ....................................................................................... 25
Figura 3: Fatores do design sustentável ............................................................................... 26
Figura 4: Concentração das empresas moveleiras instaladas no Brasil............................... 30
Figura 5: Distribuição dos Polos Moveleiros no Rio Grande do Sul .................................. 31
Figura 6: Móveis Sob Medida ............................................................................................ 34
Figura 7: Tipos de Acabamento........................................................................................... 37
Figura 8: Os primatas e a Descoberta do Fogo .................................................................... 39
Figura 9: Lucerna de Barro .................................................................................................. 39
Figura 10: Candelabro ......................................................................................................... 40
Figura 11: Lampião ............................................................................................................. 40
Figura 12: Luminária de Gaudi em Barcelona - 1879 ......................................................... 41
Figura 13: Luminária Arte Nouveau - 1900 ........................................................................ 41
Figura 14: Luminária Jielde de chão - 1950 ........................................................................ 42
Figura 15: Luminárias 2013 ................................................................................................ 42
Figura 16: Luminária 1 ........................................................................................................ 43
Figura 17: Luminária 2 ........................................................................................................ 44
Figura 18: Luminária 3 ........................................................................................................ 44
Figura 19: Luminária 4 ........................................................................................................ 45
Figura 20: Luminária 5 ........................................................................................................ 45
Figura 21: Luminária 6 ........................................................................................................ 46
Figura 22: Luminária 7 ........................................................................................................ 46
Figura 23: Luminária 8 ........................................................................................................ 47
Figura 24: Luminária 9 ........................................................................................................ 47
Figura 25: Luminária 10 ...................................................................................................... 48
Figura 26: Luminária 11 ...................................................................................................... 48
Figura 27: Luminária 12 ...................................................................................................... 49
Figura 28: Luminária 13 ...................................................................................................... 49
Figura 29: Luminária 14 ...................................................................................................... 50
Figura 30: Luminária 15 ...................................................................................................... 50
Figura 31: Luminária 16 ...................................................................................................... 51
Figura 32: Luminária 17 ...................................................................................................... 51
Figura 33: Luminária 18 ...................................................................................................... 52
Figura 34: Luminária 19 ...................................................................................................... 52
Figura 35: Resíduos Classificados como Cavaco ................................................................ 62
Figura 36: Resíduos Classificados como Serragem ............................................................ 62
Figura 37: Resíduos Classificados como Pó ....................................................................... 62
Figura 38: Proposta 1 ........................................................................................................... 65
Figura 39: Proposta 2 ........................................................................................................... 65
Figura 40: Proposta 3 ........................................................................................................... 66
Figura 41: Proposta 4 ........................................................................................................... 66
Figura 42: Render Perspectiva Frontal ................................................................................ 69
Figura 43: Render Perspectiva com Ambientação .............................................................. 69
Figura 44: Render Vistas 2D ............................................................................................... 70
Figura 45: Protótipo ............................................................................................................. 72
Figura 46: Protótipo ............................................................................................................. 73
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados da Cadeia Produtiva Moveleira do Brasil 2012 ....................................... 29
Tabela 2: Principais Municípios Moveleiros do Rio Grande do Sul .................................. 32
Tabela 3: Tipos de Acabamentos......................................................................................... 36
Tabela 4: Classificação de Resíduos ................................................................................... 38
Tabela 5: Análise Sincrônica ............................................................................................... 53
Tabela 6: Análise Estrutural ................................................................................................ 54
Tabela 7: Microanálise ........................................................................................................ 56
Tabela 8: Análise Morfológica ............................................................................................ 56
Tabela 9: Análise do Produto com Relação ao Uso ............................................................ 58
Tabela 10: Análise do Produto ao Ecodesign ...................................................................... 58
Tabela 11: Estudo para reciclagem de materiais ................................................................. 61
Tabela 12: Definição do Produto ......................................................................................... 63
Tabela 13: Lista de Requisitos............................................................................................. 64
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABIPA- Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABNT/CB 38 – Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental
CFCs - Clorofluorcarbonos
CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBPQ – Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade
IEMI - Instituto de Estudos e Marketing Industrial
ISO - Organização Internacional para Padronização
MDF – Fibra de Média Densidade
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MOVERGS - Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul
ONU – Organização das Nações Unidas
PIB – Produto Interno Bruto
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNSB – Política Nacional de Saneamento Básico
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RS – Rio Grande do Sul
RSU - Resíduo Sólido Urbano
SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................. 7
ABSTRACT ........................................................................................................................ 8
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15
1.1 Contextualização .......................................................................................................... 15
1.2 Objetivos ....................................................................................................................... 15
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 15
1.2.2 Objetivo Especifico .................................................................................................... 16
1.3 Justificativa ................................................................................................................. 16
1.4 Delimitação .................................................................................................................. 17
1.5 Estruturação ................................................................................................................ 17
2. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 18
2. 1 Meio Ambiente ........................................................................................................... 18
2.1.1 O Histórico da Consciência Ambiental ...................................................................... 21
2.2 Ecodesign ..................................................................................................................... 23
2.3 Design Sustentável ...................................................................................................... 26
2.4 Setor Moveleiro ........................................................................................................... 28
2.4.1 Polos Moveleiros ....................................................................................................... 29
2.4.2 Rio Grande do Sul ...................................................................................................... 30
2.4.3 Região Noroeste ......................................................................................................... 32
2.4.4 Santa Rosa .................................................................................................................. 33
2.4.5 Sob Medida ................................................................................................................. 33
2.4.6 MDF ........................................................................................................................... 34
2.4.7 Resíduos de Matérias-Primas ..................................................................................... 37
2.5 Luminárias ................................................................................................................... 38
2.5.1 Análise Diacrônica ..................................................................................................... 38
2.5.2 Análise Sincrônica ...................................................................................................... 43
2.5.3 Análise Estrutural ....................................................................................................... 54
2.5.4 Análise Funcional ....................................................................................................... 56
2.5.5 Análise Morfológica ................................................................................................... 56
2.5.6 Análise do Produto com Relação ao Uso ................................................................... 58
2.5.7 Análise do Ecodesign ................................................................................................. 58
3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 59
4. RESULTADOS .............................................................................................................. 61
4.1 Análise da Pesquisa de Campo .................................................................................. 61
4.2 Definição dos Requisitos ............................................................................................ 63
4.3 Estruturação e Hierarquização dos Requisitos ........................................................ 63
4.4 Geração de Alternativas ............................................................................................. 64
4.5 Desenho Técnico ......................................................................................................... 67
4.6 Render ......................................................................................................................... 67
4.7 Memorial Descritivo ................................................................................................... 71
4.8 Protótipo ...................................................................................................................... 72
5. CONCLUSÃO................................................................................................................ 74
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 75
Anexo I ............................................................................................................................... 79
15
1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Atualmente, vive-se em um ambiente em que grande parte dos indivíduos passou a
perceber a importante tarefa de preservar o meio ambiente. Porém, o consumo desenfreado e
o ápice de novos produtos faz com que isso não mude o modo de vida dos mesmos. Onde
indústrias produzem cada vez mais, e o consumidor compra e produz mais lixo ao descartar o
que não mais lhe satisfaz. De acordo com Branco (1988, p. 38) as indústrias se proliferam,
consumindo quantidades cada vez maiores de energia e matérias – primas, gerando poluição e
outros inconvenientes para o meio ambiente.
Surge um novo paradigma, onde o anterior influenciou significativamente a nossa
vida com relação ao meio ambiente, fazendo uso indevido dos meios que os norteavam,
tardou para que fosse notado que as atitudes perante o meio ambiente eram danosas. Porém,
este modelo de hoje, busca uma reestruturação, onde nada está dissociado, existe uma relação
onde tudo o que nos envolve está interligado. Onde o papel fundamental do design é
neutralizar os impactos ambientais do produto quando inseridos ou descartados do mercado,
projetando produtos que possuam uma consciência ecológica.
Através deste estudo, busca-se identificar fatores relacionados à produção de
resíduos de MDF em marcenarias do município de Santa Rosa – RS, analisando o destino
destes resíduos e se são descartados de maneira correta ou danosa ao meio ambiente. Desta
forma, busca-se criar alternativas sustentáveis a este material, ou seja, desenvolver uma
luminária com estes resíduos para reduzir o excesso de materiais que se transformariam em
lixo e que possivelmente poderão dar vida a outros produtos com matéria-prima reciclável.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Desenvolver uma proposta de luminária ecológica a partir de resíduos de MDF
adquiridos no processo fabril de móveis.
16
1.2.2 Objetivos Específicos
- Reduzir os impactos ambientais causados por resíduos de marcenarias;
- Incentivar o desenvolvimento e o consumo de produtos ecológicos;
- Utilizar resíduos de MDF como material para a produção da luminária;
- Desenvolver para indivíduos que busquem contribuir com o meio ambiente;
- Mostrar através de sua forma e matéria a temática ecodesign.
1.3 Justificativa
O foco do design sustentável está voltado para todo e qualquer desenvolvimento de
projetos que visam contribuir com a natureza e com o homem. Alguns fatores como, o
crescente aumento populacional, diminuição de recursos naturais, expansão de consumo, são
causas que prejudicam o meio ambiente se administrados de forma indevida.
Nota-se uma nova tendência mundial em reaproveitar cada vez mais os produtos
jogados no lixo para a fabricação de novos objetos, através de processos de
reciclagem, o que representa economia de matéria-prima e de energia fornecidas para
a natureza. (RODRIGUES & CAVINATTO, 2001, P.9).
O destino inadequado dado aos resíduos dos painéis de MDF, por muitas empresas
do setor moveleiro, é o meio ambiente ou, a queima para geração energética, provocando
impactos ambientais ao solo, à fauna, à flora, aos recursos hídricos, e a atmosfera devido à
composição química encontrada nos produtos, como resinas, parafina, extrativos da própria
madeira, entre outras substâncias. Sendo que, a reutilização pode se tornar uma alternativa
viável para muitas empresas e de grande valia para o meio ambiente.
Buscou-se, no entanto, novas alternativas conscientes para o destino final desta
matéria-prima descartada, ou seja, aproveitamento de materiais e o reuso para a redução do
impacto ambiental. Desta forma, a proposta será criar uma luminária, produzida a partir de
blocos, provenientes de resíduos de MDF, como aparas e retalhos para possibilitar, a redução
do acúmulo de materiais oriundos de marcenarias do município de Santa Rosa – RS. Produtos
ecologicamente corretos contribuem com a natureza e melhoram a qualidade de vida da
população.
17
1.4 Delimitação
Produzir uma luminária, a partir do reuso de MDF, matéria-prima proveniente de
marcenarias do município de Santa Rosa-RS, onde além de ser um objeto decorativo
funcional agrega ao seu produto a consciência ecológica. Sendo destinado a indivíduos que
busquem contribuir com o meio ambiente, através da utilização de produtos que possuam a
consciência ecológica.
1.5 Estruturação
Realizou-se um estudo aprofundado, onde se procura respostas para poder verificar
quais as alterações que o meio ambiente vem sofrendo, a preocupação ambiental dos
indivíduos e das instituições, através de estudos bibliográficos, levantamentos e pesquisas.
No primeiro capítulo deste trabalho monográfico, apresenta-se o tipo de pesquisa
desenvolvida como contextualização, objetivos, justificativa e delimitação. Situando o leitor
sobre o que se abordará nos seguintes capítulos.
O segundo capítulo traz o referencial teórico, ou seja, o meio ambiente, o histórico de
eventos relacionados à consciência ambiental, ecodesign e design sustentável, juntamente
com seus conceitos, funções e aplicações, o setor moveleiro a âmbito nacional, bem como
municipal, o material de estudo, no caso as luminárias ecológicas produzidas por outros
designers já existentes no mercado, se fará as análises do produto, da qual serão avaliados os
melhores resultados para compor a luminária de MDF.
O terceiro capítulo busca explicar métodos de pesquisa utilizados, a estruturação se
baseia na metodologia de Bonsiepe e Platcheck, utilizada para fundamentar a execução do
trabalho final, ou seja, a produção da luminária.
No quarto capítulo será o resultado obtido para a produção da luminária. Com base
nos capítulos anteriores. Buscando-se resultar em um produto final que possa contribuir com
o meio ambiente e satisfazer consumidores sem parecer um produto produzido artesanalmente
e com resíduos.
E por fim, o último capítulo, será a conclusão dos resultados obtidos no decorrer de
todo o trabalho.
18
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 Meio Ambiente
Atualmente a preservação do meio ambiente está no centro das discussões, sendo que
grande parte dos problemas relacionados às questões ambientais como a poluição, geração de
resíduos e diminuição de matéria-prima virgem, não se referem somente ao processo à
revolução industrial, associados aos processos produtivos, mas conseguinte ao consumismo
desenfreado.
O primeiro tipo de impacto causado pelo homem provavelmente derivou-se do
domínio do fogo. A medida que a espécie humana foi desenvolvendo novas
tecnologias e ampliando seu domínio sobre os elementos e a natureza em geral, os
impactos ambientais foram se ampliando em intensidade e extensão. (BRANCO,
1988, p. 18)
De acordo com Rohde (apud Camargo 2008, p. 39), é possível discernir quatro
fatores que tornam a civilização contemporânea claramente insustentável a médio e longo
prazos: a) crescimento populacional acelerado; b) depleção da base de recursos naturais; c)
sistemas produtivos que utilizam tecnologias poluentes e de baixa eficácia energética; d)
sistema de valores que propicia a expansão ilimitada do consumo material.
Percebe-se que com a utilização abusiva dos recursos naturais, hoje o meio ambiente
sofre com a produção desenfreada, e através disso são extraídas matérias- prima, diminuindo
os recursos naturais, pois, ao contrário do que se pensam eles são esgotáveis. Sendo que estes
produtos após seu uso e substituição por novos acabam sendo descartados, acumulando mais
lixo e fazendo mal ao ecossistema.
... a extração dos recursos e a liberação das varias emissões determina os impactos que
não são absorvíveis pelo nosso ecossistema de uma forma que compromete o
equilíbrio de sobrevivência da flora, da fauna bem como do próprio homem.
(MANZINI & VEZZOLI, 2002, p. 325)
O processo industrial se depara durante a produção com uma massiva quantidade de
poluentes, com volume considerável de resíduos que se conflitam com o meio ambiente.
Segundo Branco, (1988, p. 38), o consumo excessivo de energia e materiais, a produção de
poluentes e as próprias alterações decorrentes da construção de grandes indústrias constituem
formas importantes de impacto ambiental.
19
Se administrado de forma correta o uso da matéria-prima e a criação de produtos
alternativos para os resíduos gerados, atenuaria a degradação do meio ambiente e a poluição
que nele é causado devido à extração de matéria-prima e a deposição indevida dos resíduos de
marcenarias no meio ambiente ou em aterros, causando grande impacto no ecossistema.
Cada ação humana determina uma absorção (aquisição de recursos do ambiente). Por
outro lado, acontece também a liberação de vários tipos de emissão, isto é, de agentes
químicos ou emissões físicas, como substancias, ruídos etc. (MANZINI & VEZZOLI,
2002, p. 325).
Os autores citados apresentam, ainda, alguns dos mais conhecidos efeitos ambientais
determinados - por extrações ou por emissões – que causam os seguintes impactos:
esgotamento dos recursos terrestres; aquecimento do globo terrestre; redução da camada de
ozônio; poluição; acidificação; eutrofia; toxinas do ar, água e solo; lixo e descartes.
De acordo com Ferroli e Librelotto (2006, p.11) “a escolha de materiais para os
produtos industriais cresce em complexidade cada vez que surgem no mercado novas opções,
resultante de combinações entre elementos básicos, aditivação, tratamentos térmicos,
químicos, superficiais, cargas, reforços, etc”. Portanto, é necessário que as indústrias realizem
uma analise de qual o melhor material para ser usado em sua produção e que não cause
grandes impactos ambientais. Mas, podemos também considerar a reciclagem de materiais,
onde, “a possibilidade de reciclagem é um importante critério para escolha do material de
confecção do produto, podendo trazer grandes benefícios econômicos para a empresa”
(FERROLI E LIBRELOTTO 2006, p. 06).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Lei nº 12.305/10, criada pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o
avanço necessário ao país no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e
econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos urbanos (RSU). Prevê a
prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de
consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e
da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou
reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser
reciclado ou reutilizado).
20
Quando os resíduos são destinados de maneira correta eles acabam beneficiando o
meio ambiente e diminuindo problemas no ecossistema, como impactos ambientais ao solo, à
fauna, à flora, aos recursos hídricos, e a atmosfera no todo.
Os dados divulgados em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, através da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB, 99,96% dos municípios
brasileiros têm serviços de manejo de Resíduos Sólidos, mas 50,75% deles dispõem seus
resíduos em vazadouros; 22,54% em aterros controlados; 27,68% em aterros sanitários. Esses
mesmos dados apontam que 3,79% dos municípios têm unidade de compostagem de resíduos
orgânicos; 11,56% têm unidade de triagem de resíduos recicláveis; e 0,61% têm unidade de
tratamento por incineração. O descarte inadequado dos resíduos provoca consequências ao
meio ambiente e ao homem.
O desenvolvimento tecnológico traz consigo grandes benefícios e também efeitos
indesejáveis, pois transforma produtos recém-lançados em obsoletos, propiciando um
acúmulo intenso de resíduos depositados no meio ambiente. O foco do design sustentável está
voltado para todo e qualquer desenvolvimento de projetos que visam contribuir com a
natureza e com o homem.
O encontro entre a atividade de projetar e o meio ambiente, compõe um modelo
‘projetual’ ou de design orientado por critérios ecológicos. Deve ser economicamente
viável, isto é, um produto competitivo no mercado e ecologicamente correto, ou seja,
um produto que minimize o impacto ao meio ambiente e que possa ser mensurada sua
qualidade ambiental. (PAZMINO, 2007, p. 5).
Considerando todos os critérios necessários para o desenvolvimento do produto e os
fatores que neutralizem o impacto ambiental, desde a sua concepção até seu descarte.
Produtos criados a partir de material de descarte possibilitam ainda uma diminuição de
matéria descartada e reduz a extração de matéria-prima do meio ambiente. Como alternativas
para realizar produtos e incentivar indústrias a elaborarem estratégicas ambientais e produtos
que visem preservar o meio ambiente, foram criados em 1993 selos de gerenciamento do meio
ambiente industrial, a série ISO 14000, esta que se refere a vários aspectos, como sistemas de
gestão, auditorias, rotulagem, avaliação do desempenho, avaliação do ciclo de vida e
terminologia. Também foi criado em 1999, pela ABNT o Comitê Brasileiro de Gestão
Ambiental – ABNT/CB-38.
21
2.1.1 O Histórico da Consciência Ambiental
Para que possamos entender melhor o porquê em realizar projetos com preocupação
ambiental, iremos relatar parte do histórico desde que o mundo passou a preocupar-se com o
meio ambiente. Porém, levou tempos para que a consciência dos cidadãos repensasse o modo
de agir e consumir, o que afetou cada vez mais o ecossistema.
A medida que o século se aproxima do fim, as preocupações com o meio ambiente
adquirem suprema importância. Defrontamo-nos com toda uma série de problemas
globais que estão danificando a biosfera a vida humana de uma maneira alarmante, e
que pode logo se tornar irreversível. (CAPRA, 1999, p. 23)
Analisando o autor citado acima, são muitas as preocupações que norteiam a questão
ambiental. Onde o homem tardou para observar qual era a situação em que se encontrava.
Porém, não é tarde para tentar amenizar os impactos causados por nós. Muitos órgãos foram
criados e eventos para discutir soluções e melhorias de vida atual e futura.
De acordo, com Kazazian (2005, p.20), surgem movimentos de indivíduos
sensibilizados com o impacto ao meio ambiente, datados no período dos anos 60, como
ideologia contra uma sociedade intolerante, materialista e misógina. No entanto, esse
sentimentalismo acerca das questões ambientais fracassa no primeiro momento em razão das
privações ocorridas pelas crises do pós-guerra, tornando-se apenas uma preocupação da
população. Durante os anos 1970 que o consumo humano de recursos naturais, ultrapassa as
capacidades biológicas da Terra. Onde o desenvolvimento industrial se globaliza e danifica o
ecossistema (Kazazian, 2005, p. 23).
Em 1971 é fundado o Greenpeace, uma organização global e independente de
campanha que age para mudar atitudes e comportamentos, para proteger e conservar o meio
ambiente e promover a paz. Trabalham com uma visão de mundo da ecologia profunda, onde
tudo o que os cerca é igualmente ao seu valor, ao do homem. No ano de 1972, surgem
preocupações quanto o meio ambiente e desenvolvimento, isso chamou atenção dos políticos
e cientistas, em Estocolmo, como resultado nasce o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Pnuma), este coordena os trabalhos da ONU sobre o meio ambiente global. Em
1983, foi criado pelo Pnuma, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD), com objetivo de verificar os problemas e formular alternativas para resolver
questões referentes ao meio ambiente.
22
Com a propagação da nuvem radioativa de Chernobil 1, evidenciou a capacidade de
contaminação. Com isso surge o Protocolo de Montreal, 1987, começa a vigorar em 1999,
com a redução e depois suspensão dos gases destruidores da camada de ozônio,
principalmente clorofluorcarbonos (CFCs). Trata-se de um dos primeiros grandes êxitos
concretos na história de proteção ao meio ambiente, segundo relata Kazazian (2005, p. 25).
Em abril de 1987, a Comissão Brundtland, conhecida por tratar sobre assuntos
ambientais e desenvolvimento humano, ou seja, publicou um relatório inovador, “Nosso
Futuro Comum” aborda sobre o desenvolvimento sustentável. O relatório Nosso futuro
comum (apud Camargo 2008, p. 53) “não é uma previsão de decadência, pobreza e
dificuldade cada vez maiores num mundo cada vez mais poluído e com recursos cada vez
menores. Vemos, ao contrário, a possibilidade de uma nova era de crescimento econômico,
que tem que se apoiar em práticas que conservem e expandam a base de recursos ambientais”.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Cnumad), ocorreu em 1992, também conhecida como Rio -92. Para Barbieri (apud Camargo,
2008, p. 55) este representou um grande avanço na maneira de compreender os graves
problemas que se desencadeiam desde a segunda metade do séc. XX, caracterizados por uma
superposição de crises econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais que transcendem
os espaços locais e as fronteiras nacionais. Esta conferência foi destaque para a aprovação de
documentos como Agenda 21, Declaração do Rio de Janeiro sobre o meio e o
desenvolvimento, Convenção sobre mudanças climáticas, Declaração de princípios sobre
florestas. A Agenda 21 buscou identificar problemas prioritários e meios de solucioná-los nas
próximas décadas. Tratando-se de um manual de referência para as nações, para uma
transição de concepção de sociedade. Em 1997, realizou-se um encontro denominado Rio+5,
onde previa analisar o andamento das decisões tomadas na Agenda 21, porém pouco havia
sido feito.
Em maio de 2012, no Rio De Janeiro, foi executada mais uma Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável a Rio+20, para discutir questões
internacionais, tratando assuntos da Agenda 21. Estes encontros são alguns que ocorrem por
todo o mundo para discutir ações que levem o meio ambiente como um dos fatores principais
do mundo para um desenvolvimento sustentável.
1
Chernobil – Ucrânia, 1986: explosão de um reator nuclear em uma central nuclear. Matérias radioativas são
espalhadas no meio ambiente, provocando a morte direta de 31 pessoas. Cerca de 220 mil pessoas foram
evacuadas das áreas contaminadas. O número de falecimentos por câncer imputável a esse acidente é avaliado
em várias dezenas de milhares. (KAZAZIAN, 2005, P. 25).
23
2.2 Ecodesign
O ecodesign, assim como o Design for Enviroment, o Green Design e o Ecological
design, surgiram na década de 60, com a necessidade de juntar a atividade de projetar e a
preocupação com o meio ambiente. Mas foi nos anos de 1970 que o conceito ecodesign se
intensificou, quando surgiu o termo desenvolvimento sustentável, proposto pela Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), termo apoiado e utilizado por
MANZINI &VEZZOLI (2005).
O desenvolvimento sustentável, busca transformar uma sociedade de consumo em
sociedade de uso. A empresa é um dos principais elos desta mudança, produzindo
produtos eficientes, de simples uso e cujo fim de vida tenha sido antecipado: ampliar a
oferta de produtos que respeitem o meio ambiente, tornando-os atrativos para que essa
evolução seja facilitada. (KAZAZIAN, 2005, p. 10).
O designer, profissional este, relacionado em criar produtos ecológicos, precisa
analisar as fases do ciclo de vida de cada produto, como pré-produção, produção, uso,
descarte, reciclagem, reuso e etc. Desta forma, neutralizar os impactos ambientais do produto
quando inseridos ou descartados do mercado. O problema, é que muitas indústrias não
possuem este tipo de profissional ou pessoas que pensem consciente, o que acaba conflitando
com a natureza.
O grande problema da civilização moderna, industrial, tecnológica é talvez o de não
ter percebido que ela ainda depende da natureza, ao menos em termos globais; que
sua liberação ainda não é total e que, provavelmente nunca será. (BRANCO, 1988, p.
20)
Podemos perceber que os produtos desenvolvidos com foco no ecodesign, além dos
requesitos necessários para um produto de sucesso, têm como os principais objetivos as
questões ambientais e econômicas, segundo o que mostra a figura 1.
24
Figura1: Fatores do Ecodesign.
Fonte: Pazmino, 2007 p. 06
Um produto para se destacar no mercado deve levar em consideração as suas
funções, a adaptação ao homem com relação à ergonomia, a relação entre os processos
culturais com o produto, os estéticos, a tecnologia emprega para produção do mesmo, relações
sociais entre ele e o consumidor, por fim, as questões principais consideráveis ao ecodesign,
os ambientais e econômicos, onde se percebe se o produto possui preocupação ambiental em
todo o seu ciclo de vida e seja viável tanto para produção como para o consumidor final.
... as decisões mais importantes e influentes de um design ambientalmente consciente
são tomadas nas primeiras fases do projeto. É importante, portanto, introduzir e
integrar as questões e os requisitos ambientais desde o inicio do processo de
desenvolvimento de um produto ou serviço. (MANZINI & VEZZOLI, 2002, p.286).
O meio ambiente, sofre com os produtos criados sem conscientização ecológica, pois
desde o seu processo de criação eles poluem e no fim de sua vida não é diferente. Porém,
quando projetado com ecodesign, ele minimiza a agressão à natureza.
A “ecoconcepção” trata-se de reduzir os impactos de um produto, conservando sua
qualidade de uso, como por exemplo, funcionalidade e desempenho, melhorando a qualidade
de vida dos usuários sem afetar o desempenho do mesmo. Como nos mostra o esquema a
seguir (Figura 2).
25
Figura 2: Roda de Ecoconcepção.
Fonte: Manual Promise do Pnuma 1996 e O2 France (apud Kazazian, 2005 p. 37).
A ecoconcepção integra todos os fatores necessários para que um produto seja
desenvolvido pensando em uma melhora contínua com relação ao meio ambiente desde a
utilização de materiais que não afete o meio ambiente, seu transporte onde se utiliza
dimensões mínimas do produto e redução de embalagens para utilizar menos espaço, formas
conscientes de utilização, longo prazo de vida, alternativas de desmontagem e reutilização ao
fim da vida e novas alternativas que podem ser criadas antes ou após o descarte do produto.
Um novo produto, por mais que ele venha abordar todos os fatores ecológicos, ele não se
extinguirá, portanto o ciclo não haverá fim. Sempre será depositada alguma matéria ou parte
para descarte.
Outro fator importante que vale considerar, trabalhado por muitos autores é as
variáveis do ecodesign através dos 5 R’s, onde segundo Platchech (2012, p. 24), seria antes de
conceber um produto, repensar na sustentabilidade, utilizando recursos e processos de baixo
impacto ambiental em todo o ciclo de vida do produto; retornar partes ou o todo para reuso
ou reciclagem, ou seja, minimização de recursos desde etapas de pré-produção, produção, uso,
distribuição e descarte; reduzir matéria-prima e componentes, projetando produtos duráveis;
reusar subsistemas ou encaixes, auxiliando na desmontagem ou manutenção; redução de
26
materiais, utilizando materiais renováveis, reduzir consumíveis e peças, produtos que
possibilitem manutenção, ou seja, facilitar a desmontagem de peças e materiais promovendo a
extensão da vida útil de cada material. Estes são requisitos para um projeto que vise a
consciência ambiental.
2.3 Design Sustentável
Com o grande número de produtos e matérias- prima que poderiam se utilizadas em
novos produtos se criou o design sustentável. Onde, o design e a sustentabilidade se unem a
dada atividade de projeto que incentiva a inovação radical, buscando sempre resultados mais
eficientes no quesito ambiental.
Martins e Merino (2008, p. 77) definem Design Sustentável como “projetos que se
preocupam com o descarte ou o reuso de produtos, com a utilização de materiais que não
prejudiquem o meio ambiente e sejam economicamente viáveis”. Desta forma, a escolha dos
materiais a serem utilizados, os métodos de encaixe, fixação, o todo de sua estrutura e
funcionamento são necessários para que um produto possa ser reutilizado de outra forma após
o seu descarte, não precisando de processos complicados para o seu desmanche.
Segundo Pazmino, que ilustra na Figura 3, o design sustentável tem como principais
objetivos além dos tradicionais, os ambientais e econômicos com citado no ecodesign e os
sociais, que irá haver entre o produto e o consumidor.
Figura 3: Fatores do design sustentável.
Fonte: Pazmino, 2007 p. 08
27
Geralmente, quando o ecossistema é afetado e os recursos se limitam, o homem
reavalia a necessidade de preservá-lo. Com isso, os recursos explorados precisam ser
conservados, visto que eles causarão implicações econômicas na indústria, de modo que se for
extraído rapidamente a matéria prima, sem intervalo de tempo para a natureza se recompor,
criará problemas para a produção. Para que sejam reduzidos os números de produção com
relação ao capital natural, é necessária a mudança do modelo de consumo e de produção.
Segundo Hawken, Lovins e Lovins (2007, p.173) “inovações simples no processo
podem tornar a reciclagem uma opção ainda mais atraente”, onde novas alternativas ao serem
adotadas, minimizam a pressão sobre as florestas, neste caso, a utilização de recursos
buscando soluções sistemáticas para satisfazer a necessidade e desejo do consumidor através
de produtos com foco no design sustentável. Portanto, quando o designer intervém em um
produto, este contempla as etapas do processo produtivo, ou seja, desde o projeto, até propor
soluções para o descarte ou para uma nova geração de produtos para o uso desses resíduos.
Manzini e Vezzoli (2002, p.117), entendem por minimização dos recursos “a redução
dos consumos de matéria e energia para um determinado produto”, forma esta, que a redução
destes recursos diminui os impactos ambientais, fazendo uso reduzido de materiais e energia,
automaticamente, ocorre menos descarte.
Os projetos com intuito de incorporar o design sustentável possuem um grande valor
hoje no mercado. Onde a utilização de materiais reutilizados e descartados tem grande
predominância. Isso beneficia o meio ambiente, como também o homem a viver melhor no
futuro. Manzini e Vezzoli, 2002, p. 28 afirmam que:
A sustentabilidade ambiental é um objetivo a ser atingido e não, como hoje muitas
vezes é entendido, uma direção a ser seguida. ... nem tudo o que apresentar algumas
melhorias em temas ambientais pode ser considerado realmente sustentável. Para ser
sustentável deve conter os seguintes requisitos:
- basear-se fundamentalmente em recursos renováveis;
- otimizar o emprego dos recursos não renováveis (ar, água e território);
- não acumular lixo que o ecossistema não seja capaz de renaturalizar;
- agir de modo com que cada indivíduo nas sociedades “ricas” permaneça nos limites
de seu espaço ambiental e, que cada indivíduo “pobre” possa efetivamente gozar do
espaço ambiental ao qual potencialmente tem direito (Holmberg, 1995).
Contudo, um produto com design sustentável precisa ser economicamente viável,
ecologicamente correto e socialmente equitativo. Onde se devem satisfazer todas as
necessidades básicas do homem. Para isso, é necessário fazer estudos, análises e buscar
resultados
que
condizem
com
estes
itens
para
que
seja
algo
sustentável.
28
2.4 Setor Moveleiro
Atualmente, houve uma ascensão com relação à área moveleira, devido aos fatores que
auxiliaram neste processo, como a redução temporária do IPI e aumento de vendas no setor de
imóveis, como o setor da construção civil, que devido aos incentivos do governo se tornou
mais fácil o acesso à casa própria. Em 2013, conforme relata Marcelo Prado, do IEMI
(Instituto de Estudos e Marketing Industrial), a produção de móveis no país deverá crescer
5,5%, ou seja, 3,5 pontos percentuais a mais que em 2012.
O setor moveleiro se caracteriza por empresas de pequeno e médio porte, limitado
ainda em mão de obra, com equipamentos não automatizados. As grandes empresas do setor
concentram-se em polos regionais, onde a demanda por móveis varia positivamente com o
nível de renda da população e a construção civil. Houve uma mudança no estilo de vida da
população, com aspectos culturais e juntamente com os incentivos ocorre atualmente à
reposição do que já não era mais desejado em torno dos mobiliários. Como o processo
produtivo não é contínuo em todos os lugares, a modernização ocorre em alguns setores e
determinadas regiões, onde é possível encontrar máquinas de ultima geração que produzam
peças praticamente sozinhas, somente com um controlador para o computador que gera as
informações, mas também possui e maquinários já ultrapassados ou com nível inferior de
tecnologia, onde depende de operadores para manusear e fabricar as peças.
Existe uma forte concorrência neste mercado, onde a tecnologia, novas matériasprimas, design, especialização da produção, estratégias comerciais e de distribuição se tornam
pontos fortes para a competitividade entre as empresas. O que varia muito em um produto,
tanto em valores como estética é a qualidade do produto, seguido das seguintes variáveis:
material, design, durabilidade e fatores ergonômicos. De acordo com uma pesquisa executada
pelo IEMI, o design dos móveis se tornou o item que mais atrai o consumidor, onde em
primeiro lugar encontra-se o item “beleza” para 41,1% das pessoas consultadas no momento
da compra e 18,6% priorizam aspectos como “resistência” e “durabilidade”.
O mercado moveleiro encontra-se aquecido, onde as empresas puderam investir em
novas tecnologias. Para Ivo Cansan, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do
Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), o desempenho do setor em 2012 foi satisfatório,
sendo que a expectativa da associação é que o setor cresça acima do PIB, em torno de 3,5%
líquido para neste ano. Os dados levantados pelo IEMI em 2012, com relação à cadeia
produtiva de móveis no Brasil, se encontram em alta, demonstrados na tabela1.
29
REFERÊNCIA
VALORES
Indústria
17,5 mil
Empregos
322,8 mil
Peças produzidas
494,2 milhões
Valores de produção
R$ 38,6 bilhões
Exportação
US$ 708,7 milhões
Importação
US$ 653,4 milhões
Investimento
R$ 1,4 bilhão
Tabela 1: Dados da cadeia produtiva moveleira do Brasil 2012.
Fonte: Dados extraídos do IEMI
2.4.1 Polos Moveleiros
A produção moveleira se concentra principalmente em determinadas localizações,
chamados de polos moveleiros, estes se concentram principalmente nas regiões Sul e Sudeste
do Brasil. Segundo Gorini2, o estado de São Paulo possuía cerca de 40% do faturamento do
setor dispersos dentro da região metropolitana, com uma diversidade de empresas, sendo o
principal produtor moveleiro. Já na região sul a produção se concentra em torno de dois polos
industriais, no Rio Grande do Sul é Bento Gonçalves e Flores da Cunha, segundo maior
estado produtor de móveis representando em média 20% do valor da produção nacional, e
Santa Catarina o município de São Bento do Sul, estado este que gera mais da metade das
exportações nacionais de móveis.
Atualmente, a fabricação dos mobiliários do polo de Bento Gonçalves, se resume em
móveis retilíneos seriados devido a grandes empresas de planejados instalados na região,
fazendo uso de madeira aglomerada, chapa dura e MDF. Já o polo de São Bento do Sul,
fabrica móveis torneados em madeira maciça, principalmente madeira pinus. As regiões de
Arapongas no Paraná, Ubá em Minas Gerais, Mirassol e Votuporanga em São Paulo e
Linhares no Espírito Santo, também se apresentam como polos moveleiros.
2
Ana Paula Fontenelle Gorini – Gerente da gerência setorial de bens de consumo não – duráveis do BNDS.
Panorama do Setor Moveleiro no Brasil, com Ênfase na Competitividade Externa a Partir do Desenvolvimento
da Cadeia Industrial de Produtos Sólidos de Madeira. BNDES Setorial, no 8, Rio de Janeiro: BNDES, set. 1998.
30
Figura 4: Concentração das empresas moveleiras instaladas no Brasil.
Fonte: eMobile
O mapa apresenta (Figura 4) dados referentes a 2011 fornecidos pelo IEMI e Movergs
da ocupação no território nacional das empresas moveleiras, bem como salienta os polos
moveleiros. Onde São Paulo possui o maior número de empresas e a região sul se concentra o
maior número de polos moveleiros. De acordo com o IEMI, os polos de Bento Gonçalves e
Lagoa Vermelha, produziram 94,9% do volume de peças produzidas em 2012 no estado. E em
âmbito nacional Bento Gonçalves lidera o ranking com 18,1% da produção nacional.
Atentando-se para um aumento considerável durante os anos, aonde somente a produção de
Bento Gonçalves, chega hoje a porcentagem fabricada na região há 13 anos atrás.
2.4.2 Rio Grande do Sul
O estado conta com o segundo polo moveleiro do país, a região de Bento Gonçalves
ainda a mais importante do Brasil. E juntamente com os demais municípios que se inserem na
cadeia moveleira do estado como Gramado, Canela e Lagoa Vermelha. De acordo com Ivo
Cansan, presidente da Associação das Indústrias de Móveis do RS – MOVERGS, “O que nos
31
salva é a linha de móveis planejados, que exige maior investimento em tecnologia e design,
além de matéria-prima diferenciada. Com isso, crescemos entre 3,5% e 4% no ano passado,
ante uma média nacional de 3%”.
O IEMI, resalta algumas particularidades, do estado, sendo que o Rio Grande do Sul
totaliza 18,6% da produção nacional, e o polo liderado por Bento Gonçalves, incluindo
cidades próximas, possui grande representatividade no setor, com o maior número de
empresas, emprego e volume de peças produzidas do país. No mapa abaixo (Figura 5),
podemos verificar os municípios e o número de empresas moveleiras em cada localidade.
Conforme a legenda lateral pode- se analisar os dados.
Figura 5: Distribuição dos polos moveleiros no Rio Grande do Sul.
Fonte: IEMI (2012)
Na tabela 2, podemos identificar os principais municípios da indústria moveleira do
estado, segundo dados levantados pelo IEMI em 2012. De fato, o estado vem apresentando
um crescente volume de empresas e empregos, com produção acentuada.
32
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
Principais municípios moveleiros do RS
MUNICÍPIO
EMPRESAS
Santa Maria
41
São Leopoldo
28
Gravataí
27
Santa Cruz do Sul
25
Pelotas
23
Torres
22
Venâncio Aires
20
Teutônia
18
Santo Cristo
16
Arroio do Meio
16
Santa Rosa
16
Três de Maio
10
Crissiumal
10
Nova Araçá
08
Restinga Seca
08
Portão
07
Planalto
05
Nova Santa Rita
03
Outros
738
Total
2.470
EMPREGADOS
229
139
155
198
137
145
232
157
223
134
133
221
140
163
155
150
217
201
4.417
39.661
Tabela 2: Principais Municípios Moveleiros do RS.
Fonte: Adaptada do IEMI (2012)
2.4.3 Região Noroeste
A atividade moveleira da região Noroeste do Rio Grande do Sul vem crescendo cada
vez mais, assumindo importância econômica regional através de empregos e renda. Segundo o
SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), especialmente nos municípios
de Santa Rosa, Três de Maio, Nova Candelária e Crissiumal. De acordo, com dados obtidos
pela Indumóveis, esta expansão conta com o apoio do SEBRAE/RS e do Governo do Estado,
através do Programa Redes de Cooperação. Em busca de melhores condições para seu
desenvolvimento, foi criado pelas empresas da região a Assinmóveis - Associação das
Indústrias Moveleiras do Noroeste do Rio Grande do Sul, originando a rede Indumóveis. Esta
ligação entre as empresas moveleiras impulsionou à organização e o desenvolvimento das
indústrias, por meio de estudos da cadeia produtiva da madeira e do mobiliário na região
Noroeste do Estado.
Integram a Rede Indumóveis 20 empresas dos municípios de Três de Maio,
Horizontina, Crissiumal, Santa Rosa, Nova Candelária, Santo Cristo e Boa Vista do Buricá.
Onze delas industrializam um diversificado mix de móveis em série, que atendem todos os
33
ambientes de uma residência, além de produzir móveis corporativos, e nove empresas
produzem móveis sob medida, artefatos de madeira e acessórios para móveis. As empresas
integrantes da rede têm um faturamento médio de R$ 120 milhões anuais, gerando cerca de
3000 postos de trabalho na região. Dentro desses municípios existem fabricas com alto nível
de tecnologia, com equipamentos modernos e automatizados, já que algumas produzem
móveis seriados em grande escala, e outras com um padrão elevado em sua produção por
exportarem alguns produtos.
Na busca em mostrar e alavancar o setor moveleiro na região noroeste houve a
necessidade de aproximação das empresas. Com isso, foi criada a feira Indumóveis pela rede
Indumóveis e Assinmóveis, que já executou a terceira edição. A feira passou a ser
internacional, e acontece no município de Santa Rosa.
2.4.4 Santa Rosa
O município de Santa Rosa está situado na região Noroeste. De acordo com pesquisa
do IBGE em 2010, encontra-se com uma área territorial de 489,798 km², a população é de
68.587 pessoas. O número de empresas do ramo moveleiro registradas chega em 34, segundo
dados levantados através da prefeitura. Porém existem ainda, muitas marcenarias irregulares
no município.
As marcenarias do município utilizam como principal matéria-prima a chapa de MDF
melaminico com revestimento BP (ver item 2.4.6), são poucas as marcenarias que trabalham
com pintura e madeira atualmente. As que utilizam a madeira como matéria-prima são
praticamente as que produzem esquadrias. Maior parte das indústrias possuem maquinários
com pouca tecnologia e outras, constantemente estão alterando e melhorando os
equipamentos, seja com baixo grau de tecnologia e algumas com nível tecnológico avançado.
2.4.5 Sob Medida
O mobiliário sob medida se tornou nos últimos tempos, um produto de desejo dos
consumidores, por haver a possibilidade de executa-lo de acordo com suas necessidades,
espaço, e acabamentos, deixando o móvel único. O móvel projetado para determinado
ambiente, respeitando as medidas, tem tudo para transformar o ambiente em algo confortável,
34
dinâmico, e com um bom resultado estético. Compete dizer, que o móvel executado, para
adquirir bons resultados é necessário respeitar áreas de circulação, iluminação e outros itens
com relevância ergonômica.
As empresas que trabalham com este tipo de fabricação micro e pequenas empresas,
em geral marcenarias, cuja matéria-prima básica é a madeira aglomerada, MDF, e em alguns
casos madeira. Seguindo uma tendência dos seriados, hoje se passou a produzir móveis
retilíneos, ou seja, são lisos, sem detalhes sofisticados de acabamento e com desenho simples
de linhas retas. Seus equipamentos e instalações são quase sempre deficientes e ultrapassados,
ao menos que sejam empresas que se atualizam ou são novas no mercado já possuem um
equipamento moderno, porém muito ainda se necessita de mão de obra. O produto final é
destinado principalmente ao mercado doméstico, bem como comércio, que vem investido com
peso nesses artigos.
Figura 6: Móveis Sob Medida.
Fonte: Autora.
2.4.6 MDF
De acordo com Lima, MDF – Medium Density Fiberboard, é um painel de fibras de
madeira de densidade média, material fabricado a partir de fibras das partículas do tecido
lenhoso de pinus ou eucalipto, como lâmina, sarrafos, partículas e fibras, obtidas a partir do
processo de corte da madeira sólida, estas são tratadas e reaglomeradas em formação seca,
pela adição de resíduos como resina sintética ureia-formaldeído e parafina, submetidos após a
35
pressão e calor, onde a matéria-prima se transforma em MDF após vários processos
industriais.
Esta matéria – prima é resultado da extração de madeiras, após a obtenção dos troncos,
estes são submetidos aos processos destinados a determinado produto, no caso do MDF, é
através do descascamento das toras que são obtidos os cavacos, estes utilizados para a
produção do MDF.
A Norma ABNT NBR 15316-1: 2009 define o Painel de Média Densidade como
chapa de fibras de madeira com umidade menor que 20% na linha de formação e densidade >
450 kg/m3. Essa chapa é produzida basicamente sobre ação de calor e pressão com a adição
de adesivo sintético. Para fins mercadológicos, pode ser classificada em:
a) HDF: chapa com densidade > 800 kg/m3;
b) Standard: chapa com densidade > 650 kg/m3 e < 800 kg/m3; (2)
c) Light: chapa com densidade < 650 kg/m3;
d) Ultra light: chapa com densidade < 550 kg/m3
O MDF Standard citado a cima, é o tipo mais utilizado em diferentes aplicações, como
mobiliários, desde caixaria, estrutura ou acabamento. As superfícies lisas e estáveis de MDF
proporcionam um excelente substrato para a pintura, para a aplicação de papéis decorativos
ou lâminas de madeira. O MDF substitui a madeira maciça em vários produtos atualmente.
Hoje se tornou um recurso viável devido à demanda de mobiliários, onde segundo
Lima (2006 p. 109) a atual demanda mundial seria praticamente impossível de ser atendida
por produtos feitos em madeira maciça seja pelo lado da produtividade como pela exaustão
das reservas florestais das espécies mais apreciáveis por suas características estruturais e
estéticas. Este tipo de material possibilita um trabalho mais ágil pelo fato de não haver
imperfeições ou possíveis problemas que existem com a madeira.
Existem cinco grupos de produtos provenientes da madeira, no qual o MDF é derivado
das partículas. Ele é um material que possui grande aproveitamento da madeira, redução do
uso de madeiras nativas.
... o MDF também é um importante material no que concerne ao aproveitamento
econômico da madeira, redução do emprego de madeiras nativas e na modernização e
produtividade das indústrias moveleiras no Brasil a partir da década de 80 (nos países
do 1° mundo sua utilização já vinha ocorrendo há mais de 40 anos). (LIMA, 2006, p.
105).
36
Atualmente o mercado do MDF cresceu de forma bastante clara, onde a diferenciação
de acabamentos influi no preço de comercialização. Diferentes públicos são adeptos a este
material, por ser mais viável que a madeira e pela sua facilidade de uso.
De acordo com Juvenal e Mattos, citados na Revista Madeira, (apud Torquato 2008,
pg. 26), o painel MDF é um tipo de painel de madeira reconstituída que possui consistência e
algumas características mecânicas que semelhantes da madeira maciça e difere do painel de
madeira aglomerada basicamente por apresentar parâmetros superiores, boa estabilidade
dimensional e excelente capacidade de usinagem.
As características apresentadas são boa estabilidade dimensional, resistente a
empenos. Ele pode receber tratamentos com pintura e também é produzido com revestimento
melamínico em um ou ambos os lados da chapa e BP o que possibilita um ótimo acabamento
e resultado final ao empregá-lo em determinado produto. Suas dimensões variam de acordo
com os fabricantes, mas um de seus tamanhos usuais é 1850 x 2750 mm, podendo ser grossos,
finos, lisos e revestidos, além da sua grande versatilidade a sua utilização e revestimentos.
Ainda segundo a ABIPA, existem três opções de acabamento: In Natura, Revestido
com Laminado Baixa Pressão (BP), Finish Foil (FF) e pintura (tabela3) e (Figura 6).
Revestimento
Descrição
Não recebem nenhum acabamento, são trabalhadas
pelo usuário, podendo receber revestimento em
1
In Natura (Cru)
laminas de madeira natural, laminado plástico, PVC,
pintura, impressão direta, etc.
Uma lamina celulósica com resina melaminica, é
fundida por meio de temperatura e pressão ao MDF.
2
Laminado de Baixa Pressão (BP)
Resultando em painéis pronto para uso com cores,
texturas variadas.
Com pressão e alta temperatura, uma folha de papel
especial com diferentes acabamentos, impregnada
3
Finish Foil (FF)
com resina melaminica é fundida ao MDF. Onde
depois dos processos torna – o pronto para uso.
4
Pintura
Tabela 3: Tipos de Acabamentos.
Fonte: Adaptado de ABIPA, 2013.
Existem diversos tipos de pinturas, cores e efeitos.
37
A B
C D
Figura 7: Tipos de Acabamentos.
Fonte: Masisa do Brasil (1/2) / Móveis Caravaggio (3) / Giro na Design (4).
Esta vasta opção de revestimentos empregados ao mesmo tipo de material, possibilita
uma grande variação de acabamentos e colocação em vários setores. A variação de custo entre
um acabamento e outro, torna o produto acessível a várias classes sociais. Com isso, se da o
aumento volumétrico do emprego deste material principalmente na produção de mobiliário.
2.4.7 Resíduos de Matérias-primas
As atividades moveleiras geram resíduos ao executarem produtos, se entende que
resíduos, são partes não utilizadas durante ou depois de um processo fabril, ou seja, peças que
serão descartadas. No caso da madeira, ela possui um aproveitamento menor devido às
imperfeições e irregularidades do material, porem podem ser reaproveitados os rejeitos para
produção de painéis, cujo correto gerenciamento evita a poluição do solo, rios e até mesmo
atmosférica, além de possibilitar retorno financeiro na medida em que podem ser
reaproveitados. Já o MDF, quase todo é aproveitado, restando somente partes aparadas da
produção de peças, o reuso destes retalhos é bem restrito ao fato de ser tóxico à queima. Cabe
aos designers criar meios mais sustentáveis que utilizem este tipo de resíduo, para limitar
ainda mais o resíduo gerado e diversos processos para um destino sustentável.
O MDF utiliza como matéria a casca de madeira Pinus, cuja queima gera de resíduos,
cinzas de granulometria fina, que constitui um problema ambiental por conter algumas
substâncias em quantidade acima da permitida pela NBR 10004:2004, que o classifica como
resíduo de classe II A - não inerte. Os resíduos são classificados em sólido, gasoso e liquido.
38
A NBR 10004, esta que classifica os resíduos sólidos pelos seus riscos potenciais ao meio
ambiente e à saúde pública, para haver um gerenciamento adequado. Isto, por muitas vezes, se
torna um material descartável ou inútil, acumulando-se no meio ambiente.
De acordo com a fábrica de painéis Masisa, o formaldeído é um componente que pode
ser encontrado na natureza (como por exemplo, nas árvores, que emitem formaldeído) e em
vários elementos de uso diário, como móveis, filmes fotográficos, toalhas de papel,
cosméticos e produtos de cuidado pessoal, entre outros. Também encontramos essa substância
nas resinas sintéticas utilizadas na fabricação de painéis de madeira.
A presença das substâncias tóxicas no MDF faz com que a destinação do resíduo
produzido seja sensata. Não é permitido à queima do resíduo devido aos efeitos causados ao
ecossistema. Seu reaproveitamento deve prever a aplicação de maneira inerte, sem que venha
causar danos.
Para efetuar um estudo mais aprofundado, a fim de contribuir para a produção de um
objeto decorativo – a Luminária, necessita-se conhecer e classificar os tipos de resíduos
originados nas marcenarias. Os resíduos produzidos durante a fabricação de mobiliários com
chapas, neste caso, MDF são cavacos, serragem e pó como segue na tabela 4.
Morfologia dos resíduos
Dimensões
1
Cavacos
Variadas
2
Serragem
0,5 a 2,5 mm
3
Pó
< 0,5 mm
Tabela 4: Classificação de Resíduos.
Fonte: Adaptado de (IBQP, 2002.p.35).
2.5 LUMINÁRIAS
2.5.1 Análise Diacrônica
Para falar sobre história da luminária, primeiramente precisa-se saber como surgiu a
luz. Portanto, a história começa na era dos primitivos no período paleolítico, onde antes da
descoberta do fogo, estes dependiam da luz natural para poder realizar suas tarefas. O
primeiro artefato criado pelo homem foram as tochas (Figura 8), utilizadas para transportar o
39
fogo e iluminar onde se pretendesse, onde até então ela era confeccionada de forma bem
grotesca. Depois, povos como os fenícios, babilonenses e egípicios construíram suas tochas
com madeira resinada, cipó, espargidas de piches e resinas.
Figura 8: Os primatas e a descoberta do fogo.
Fonte: http://www.materialeletrico.blog.br/a-historia-da-iluminacao
Segundo relatos, o primeiro líquido utilizado para iluminação foi a gordura animal,
junto com fibras vegetais que originaram as primeiras velas. O recipiente utilizado para
armazenar era conhecido como lucernas (Figura 9), produzidos inicialmente com pedra,
chifres de animais ou conchas marinhas. Com a descoberta do barro, este artefato ficou mais
fácil de ser produzido, principalmente utilizado na Roma Antiga. Durante a Idade Média, a
vela se tornou artigo de luxo, para pessoas de grande poder aquisitivo, onde surgiu o
candelabro (Figura 10), primeiro luminária moderna. Com a exploração do petróleo, junto
com o esterine, substância gerada com a retirada da glicerina do sebo, em 1830, as velas
passaram a ganhar uma composição parecida com as conhecidas atualmente.
Figura 9: Lucerna de barro.
Fonte: http://www.portugalromano.com/2011/01/museu-geologico-sala-de-arqueologia-lisboa
40
Figura 10: Candelabro.
Fonte: http://www.vemtudo.com/candelabro-judaico-veja-algumas-fotos/
No século XIV surge a iluminação a gás, um artefato muito utilizado para manter a
luminosidade era o lampião (Figura 11). Em 1879, Thomas Edison descobre a lâmpada
elétrica, aos poucos a iluminação foi sendo substituída pela iluminação elétrica (Figura 12).
A iluminação artificial passou a ser fonte de estudo para criação de novos
equipamentos que pudessem iluminar e decorar, hoje se tem com vários tipos de lâmpadas e
suportes como as luminárias como lustres, lâmpadas de mesa, abajures, apliques, candelabros,
arandelas, paflons, objetos luminosos e entre outros (figura 13, 14 e 15).
Figura 11: Lampião.
Fonte: madeiraemforma.blogspot.com.
41
Figura 12: Luminária de Gaudi em Barcelona- 1879.
Fonte: http://blog.localnomad.com/pt/2012/06/11/as-luminarias-de-gaudi-em-barcelona/
Figura 13: Luminária Arte Nouveau- 1900.
Fonte: http://www.areliquia.com.br/
42
Figura 14: Luminária Jielde de chão - 1950.
Fonte: www.memobrasil.com.
Figura 15: Luminárias 2013.
Fonte: Autora.
43
2.5.2 Análise Sincrônica
Atualmente, têm aparecido diversos produtos ecológicos, são desde objetos, vestuário,
interfaces, projetos e mídias e serviços. Isso nos faz perceber o quão importante esta se
tornando este tipo de trabalho e o valor que a natureza vem adquirindo tanto aos que os
produzem, como os consumidores. De acordo com Manzini e Vezolli (2005, p. 117) A
redução do uso de recursos determina (...) a anulação dos impactos ambientais provenientes
daquilo que não é mais utilizado. Toda a luminária possui estrutura e parte funcional. No qual
faz parte sua estrutura física e a funcional seria o mecanismo de funcionamento.
 Luminária 1: Graypants Inc.
A Luminária é produzida em papelão, feita com corte a laser, montada camada por
camada com cola. Por ser pendente, possui um cabo de energia e o soquete, o qual é inserida a
lâmpada, designers Seth grizzle e Jonathan. (Graypants, 2012).
Figura 16: Luminária 1.
Fonte: Graypants (2013).
 Luminária 2: Trash Me.
A estrutura da luminária de bancada com luz direcionável é produzida com caixa de
ovo, formando uma pasta do material, colocado em um molde e deixado secar, pode ser
facilmente desmontada e as peças podem ser reutilizadas ou recicladas de volta para o lixo
para nascer de novo como algo novo.
44
Figura 17: Luminária 2.
Fonte: victorvetterlein (2013).
 Luminária 3: Kwytza Kraft
Fabricada através de hashis, estes pauzinhos são muito consumidos pela culinária
chinesa, esta foi à intenção de utiliza-los como matéria-prima reutilizável para a luminária.
Compõe além do material, o cabo de energia, o soquete e plugue.
Figura18: Luminária 3.
Fonte: kwytza-kraft (2013).
45
 Luminária 4: Living Pixel Lighting System
Composta por objetos reutilizados no seu interior, e revestidos por papel em origami é
realizada impressão salientando o pixel. Com formas orgânicas, expressa elegância e
movimento.
Figura 19: Luminária 4.
Fonte: Living Pixel Lighting System (2013).
 Luminária 5: TetraBox Lamp
TetraBox Lamp é um projeto de reaproveitamento de embalagens Tetra Pak podendo
realizar os mais variados tipos de luminárias com o material. O designer Ed Chew criou
através deste, dobraduras para dar forma a luminárias. Composta por soquete e cabo, é uma
luminária pendente.
Figura 20: Luminária 5.
Fonte: TetraBox Lamp (2013)
46
 Luminária 6: Studio Sergio Mendonza
Trabalhada de forma inusitada, a luminária de bancada com luz direcionável é
composta por palitinhos de picolé, madeira e os mecanismos de funcionamento.
Figura 21: Luminária 6.
Fonte:Sergio Mendonza Studio (2013).
 Luminária 7: Decafé
Luminária com forma de caneca foi uma alternativa do designer espanhol para
relacionar a forma ao material, este produzido por borra de café, onde passa por tratamento e
recebe a forma através de pressão e calor, denominada Kojis.
Figura 22: Luminária 7.
Fonte: Decafé Raúl-Laurí (2013).
47
 Luminária 8: Iluminadas
Esta marca de luminárias traduz seu trabalho de forma a vestir as luminárias, com
criações e estilos que personalizam ambientes. Possui um mix divertido, dinâmico nas formas
e revestimentos de descarte. Esta luminária é produzida através de restos de couro utilizados
em curtumes, o trabalhado é realizado a laser, deixando a peça trabalhada.
Figura 23: Luminária 8.
Fonte: luminárias iluminadas (2013).
 Luminária 9: Luís Teixeira
A pendente produzida com arame e tampinhas de caixa de suco, são enfileiradas dando
forma circular a mesma. O designer enxerga à meio de resíduos descartados, novas
possibilidades de produtos, as eco lâmpadas. Este assume uma tendência a preocupação
global quanto as desperdícios.
Figura 24: Luminária 9.
Fonte:1961ecodesign / Ecodesenvolvimento – Luis Teixeira (2013).
48
 Luminária 10: Luís Teixeira (Conic)
Luminária de bancada, produzida através de paletes e resíduos de madeira prensada
em moldes. Pode ser utilizada como luminária de estudos, onde direciona a luminosidade a
base.
Figura25: Luminária 10.
Fonte: Ecodesenvolvimento – Luis Teixeira (2013).
 Luminária 11: Celebration Chandelier
Esta luminária é produzida com rolhas descartadas, onde são perfuradas uma por uma,
e inserido micro lâmpadas em cada uma delas. Depois são unidas formando um único lustre,
com formas e tamanhos diferentes. Segundo Parmar, o criador das luminárias, para fabricar
uma rolha de cortiça, a árvore precisa ter entre 25 e 30 anos idade e após sua primeira
extração, a casca da árvore leva até nove anos para estar pronta para uma nova remoção.
Figura26: Luminária 11.
Fonte: AlkeshParmar.com (2013).
49
 Luminária 12: Zipper 8
O papel é um material alternativo, esta foi a ideia utilizada para fazer a luminária. São
aplicados pedaços circulares de papeis, sobre luminárias de papel. As nuances de luzes
transmitidas pela luminária são fantásticas.
Figura 27: Luminária 12.
Fonte: zipper8lighting (2013).
 Luminária 13: Zipper 8
Luminária produzida com mini guarda-chuva de coquetel, transmitindo alegria.
Segundo Allison Patrick, a luminária é produzida manualmente, e por ser uma luminária de
papel é importante que a lâmpada seja de no máximo 60 watts.
Figura 28: Luminária 13.
Fonte: zipper8lighting (2013).
50
 Luminária 14: Ginkgo Studio
Os lustres são feitos de papel cortado, depois são dobrados e moldados até ganhar
forma orgânica, basta prender a cúpula de papel em qualquer lâmpada, sendo fluorescentes ou
led, com baixo consumo energético, não aquecendo o papel.
Figura 29: Luminária 14.
Fonte: Ginkgo Studio (2013).
 Luminária 15:Michelle Brand
O lustre em forma de cascata icônica, em toque moderno com consciência ambiental.
A vantagem apresentada pelo uso do PET como material é a leveza.
Figura 30: Luminária 15.
Fonte: http://michellebrand.tumblr.com (2013).
51
 Luminária 16: PulpLamps
As pendentes PulpLamps, são produzidas com papel machê, este que utiliza jornal,
cola branca, água para o preparo da massa e um balão de soprar para dar forma a luminária.
Depois que a massa está seca, é estourado o balão.
Figura 31: Luminária 16.
Fonte: http://design-milk.com/pulp-lamps/ (2013).
 Luminária 17: Rewashlamps
O designer português Antonio Martins, estipulou uma nova função a tambores de
máquina de lavar, utilizando como estrutura para luminárias de chão, decorados com vários
tipos de materiais que fogem do tradicional. O corpo da luminária é formado por tripés
fotográficos, e fabricadas manualmente.
Figura 32: Luminária 17.
Fonte: Rewashlamps (2013).
52
 Luminária 18: Organelle
O lustre produzido com o gargalo do PET e aros de bicicleta traduz uma linha
ecológica, onde fazem uso de materiais descartados. Para as designers do Studio, o lixo é o
local mais abundante de recursos para a produção de suas peças.
Figura 33: Luminária 18.
Fonte: Organelle Design (2013).
 Luminária 19: Zipper 8
Este abajur é construído a partir de pedaços de sacolas plásticas recicladas, onde são
cortadas em tiras e coladas sobre um tambor de plástico. A iluminação flui pela superfície
pelo fato das extremidades serem abertas.
Figura 34: Luminária 19.
Fonte: zipper8lighting (2013).
53
PLATCHECK (2012) define a análise sincrônica como um levantamento de similares,
uma análise de soluções existentes para problemas e necessidades do projeto. Na tabela 5,
será possível conhecer de modo simplificado itens como iluminação, o tipo, a matéria-prima
produção, forma e fabricação. Auxiliando no processo de criação para não haver reinvenções.
Luminária
Aspectos Analisados
Marca
Iluminação
Tipo
Material
Forma
Graypants Inc.
Decorativa
Pendente
Papelão
Geométrica
Trash Me
Direta
Bancada
Caixa de Ovo
Moldes
Manual
Kwytza Kraft
Decorativa
Bancada
Hashis
Geométrica
Manual
Living Pixel
Decorativa
Todos
Papel
Orgânicas
Origami
Decorativa
Pendente
Tetra Pak
Esférica
Dobradura
Direta
Bancada
Palito de Picolé
Irregular
Manual
Decafé
Direta
Pendente
Borra de café
Caneca
Calor e pressão
Iluminadas
Decorativa
Bancada
Couro
Circular
Corte a laser
Luís Teixeira
Decorativa
Pendente
Tampa de suco
Circular
Manual
Direta
Bancada
Madeira
Moldes
Molde
Decorativa
Lustre
Rolhas
Orgânicas
Manual
Zipper 8
Decorativa
Pendente
Papel
Geomátrica
Manual
Zipper 8
Decorativa
Todas
Esférica
Manual
Ginkgo Studio
Decorativa
Lustre
Papel
Orgânica
Corte manual
Michelle Brand
PulpLamps
Decorativa
Lustre
Garrafas PET
Orgânica
Manual
Direta
Pendente
Papel Machê
Molde
Manual
Rewashlamps
Decorativa
Chão
Circular
Manual
Organelle
Decorativa
Pendente
Garrafas Pet
Circular
Manual
Zipper 8
Decorativa
Bancada
Sacola Plástica
Circular
Manual
TetraBox Lamp
Studio Sergio
Mendonza
Luís Teixeira
(Conic)
Celebration
Chandelier
Tabela 5: análise sincrônica.
Fonte: Autora.
Mini guardachuva de drinks
Tambor de
máquina
Fabricação
Corte a laser e
colada manual.
54
2.5.3 Análise Estrutural
Analisar a estrutura do produto significa verificar quais os componentes, sistema de
montagem e mecanismos existe no mesmo. Na tabela 6, foram analisadas as luminárias
presentes no mercado que possuem consciência ambiental e utilizam materiais descartados.
Luminária
Estrutura do Produto
Corpo formado por um único material
Graypants Inc.
Sistema de união: cola
Cabo elétrico e soquete
Corpo formado por um único material
Trash Me
Sistema de união: rebite
Estrutura metálica para fixação da lâmpada
Cabo elétrico, plugue e soquete
Corpo formado por um único material
Kwytza Kraft
Sistema de união: linha
Estrutura metálica para fixação da lâmpada na base
Cabo elétrico, plugue e soquete
Corpo formado por um único material
Living Pixel
Sistema de união: origami
Lighting System
Estrutura metálica para fixação da lâmpada e base
Cabo elétrico, plugue, sistema liga/desliga e soquete
Corpo formado por um único material
TetraBox Lamp
Sistema de união: encaixe
Cabo elétrico e soquete
Corpo formado por um único material
Studio Sergio
Sistema de união: cola e parafuso
Mendonza
Estrutura em madeira para base
Cabo elétrico, plugue e soquete
Decafé
Corpo formado por um único material
Cabo elétrico e soquete
Corpo com cúpula revestida em couro
Iluminadas
Sistema de união: Costura
Estrutura metálica para fixação da lâmpada base de madeira
55
Cabo elétrico, plugue e soquete
Corpo de tampa de suco e arame
Luís Teixeira
Sistema de união: encaixe
Cabo elétrico e soquete
Luís Teixeira
(Conic)
Corpo formado por um único material
Estrutura metálica para união da base ao corpo
Cabo elétrico e soquete
Celebration
Corpo formado por um único material
Chandelier
Cabo elétrico e soquete
Corpo formado por papel e cúpula
Zipper 8
Sistema de união: Cola
Cabo elétrico e soquete
Corpo formado por um único material
Zipper 8
Sistema de união: cola
Cabo elétrico e soquete
Ginkgo Studio
Corpo formado por um único material
Cabo elétrico e soquete
Corpo formado por um único material
Estrutura metálica para fixação da lâmpada
Michelle Brand
Sistema de União: Fio de Nylon
Cabo elétrico e soquete
PulpLamps
Corpo formado por um único material
Cabo elétrico e soquete
Corpo revestido por materiais diversos
Rewashlamps
Base de tripé
Cabo elétrico, plugue e soquete
Estrutura formada por aro de bicicleta
Organelle
Sistema de União: linha
Cabo elétrico e soquete
Cúpula
Zipper 8
Estrutura metálica para fixação da lâmpada e base
Cabo elétrico, plugue e soquete.
Tabela 6: análise estrutural.
Fonte: Autora.
56
2.5.4 Análise Funcional
Bonsiepe (1984) caracteriza esta análise, como o reconhecimento e compreensão das
características do uso do produto e as funções técnico-físicas de cada componente do mesmo.
A análise funcional executada será a microanálise, esta que por sua vez se estuda as funções
técnico – físicas de cada subsistema do produto, tabela 7.
Elemento
Função
Lâmpada
Transmitir luz
Cúpula
Envolver a lâmpada e transmitir efeitos de iluminação.
Corpo
Sustentar o material de revestimento.
Cabo elétrico
Permite a transmissão de energia entre a luminária e a rede.
Base
Local onde se armazena o circuito elétrico
Tabela 7: Microanálise.
Fonte: Autora.
2.5.5 Análise Morfológica
Platcheck (2012) define esta análise quanto a aparência, estabilidade visual e
elementos formais, bem como métodos de união. Serve para reconhecer e compreender a
concepção formal, desde sua composição até elementos geométricos, acabamento e
tratamento da superfície. Todas as luminárias utilizadas como objeto de estudo, tabela 8
possuem predominância ecológica. São utilizados diversos materiais de descarte para a
execução das mesmas.
Luminária
Análise Morfológica
Luminária 1
Forma circular, o papelão permanece em sua cor natural.
Luminária 2
Luminária 3
Luminária 4
Estrutura composta pelo material de caixa de ovo ao natural, formas
geométricas cônica, retangular e circular. Sistema de fixação metal.
Palitos naturais (hashis) e soquete de plástico, retangular com
curvaturas.
Superfície trabalhada em papéis com variados tons cromáticos,
realizados por impressão e apresenta formas orgânicas.
57
Luminária 5
Luminária 6
Luminária 7
Luminária 8
Luminária 9
Luminária 10
Luminária 11
Luminária 12
Luminária 13
Estrutura formada por Tetra Pak, dobraduras formam triângulos na
superfície, forma esférica.
Cúpula é composta por palitos de picolé e o restante do seu corpo em
madeira, ambos naturais. Fixação com parafusos de metal.
Composto por borra de café apresenta cores características do
mesmo, com forma de caneca.
Revestimento em couro branco, com cortes geométricos, apresenta
forma cilíndrica, base e estrutura em madeira pintada de branco.
Forma com sequencia circular, apresenta cor laranja nas tampas e
soquete branco.
Faz uso de paletes e resíduos de madeira, forma cone circular e
retangular. Apresenta cores naturais com tratamento de verniz.
Estrutura composta por rolhas apresenta cor natural. Apresenta forma
irregular, suspensas por cabo de energia.
Revestimento da cúpula de papel em papel circular de páginas de
livros coloridos. Apresenta estrutura esférica.
Composta por mini guarda chuva de coquetel coloridos em azul,
verde, vermelho, amarelo e laranja. Sua forma é esférica.
Feita com papel, acabamento branco com estrutura orgânica.
Luminária 14
Formada com fundos de garrafa PET, apresenta forma de flores,
Luminária 15
Luminária 16
formando cascata e acabamento transparente.
Produzida com papel machê (massa de jornal e cola), apresenta cor
natural e preta, forma circular com superfície rugosa.
Estrutura com tambor de máquinas em metal, revestimento em
Luminária 17
diversos acabamentos e tons monocromáticos, sustentado por tripé
de fotografia preto ou metal.
O material da estrutura é garrafa PET, utilizando o gargalo
Luminária 18
tonalidade natural (transparente) e aro de bicicleta branco. Forma
esférica.
Luminária 19
Utiliza sacolas plásticas pretas e brancas formando flores. Superfície
macia em forma circular, com base e estrutura em metal preto.
Tabela 8: Análise Morfológica.
Fonte: Autora.
58
2.5.6 Análise do Produto com Relação ao Uso
São definidos os pontos negativos e criticáveis dos produtos analisados (BONSIEPE,
1984). No tabela 9, apresenta-se os fatores das luminárias que não estão de acordo com a proposta
de trabalho.
Luminária
Análise ao uso
Luminária 2
Risco de choque no mecanismo que liga o soquete ao cabo de energia.
Luminária 3
Não possui um design onde possa sobrepor o material.
Luminária 4
Não existem possibilidades de limpeza.
Luminária 6
Limita-se devido a estética mais grotesca.
Luminária 10
A lâmpada não se encontra relacionada ao propósito da luminária.
Luminária 11
Dificulta a limpeza devida ser de papel.
Luminária 12
Material frágil e de fácil descarte.
Luminária 13
A forma irá se descaracterizar com os dias, não há como limpar.
Tabela 9: Análise do produto com relação ao uso.
Fonte: Autora.
2.5.7 Análise ecodesign
Considerando os fatores do ecodesign, quanto a sustentabilidade, reuso, reposição de
peças, redução de matéria-prima, manutenção e outros o tabela 10, apresenta uma análise de
estudo das luminárias sustentáveis.
Elemento
Análise
Material
Materiais reutilizáveis e outros de baixo impacto ambiental.
Lâmpada
Pode ocorrer a substituição.
Sistema de União
Podem ser desmanchadas facilmente.
Sistema elétrico
Permite a substituição ou reposição de peças.
Fabricação
Utilizam poucos recursos industriais, elaboração manual.
Transporte
Para algumas, será necessário uma embalagem que proteja.
Ciclo de Vida
As luminárias de papel terão um ciclo de vida reduzido por
não apresentar resistência a fatores ambientais e climáticos.
Tabela 10: Análise do produto ao ecodesign.
Fonte: Autora.
59
3. METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do produto, a pesquisa teve como base áreas do meio
ambiente onde se aprofunda questões como extração da matéria prima e resíduos descartados,
setor moveleiro a qual está inserido os resíduos de MDF e o design, onde estuda meios de
desenvolver soluções para produtos com o intuito de agregar os conceitos do design e a
preservação ao meio ambiente. Estas pesquisas contribuíram para que se obtivesse um melhor
entendimento e esclarecimento a cerca destes assuntos.
A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a
utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na
realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras
fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos
resultados. (GIL, 2002, p. 17).
O desenvolvimento do trabalho se fundamentou sobre uma pesquisa do tipo
exploratória com caráter qualitativo, foram pesquisados os assuntos em livros, artigos
científicos, análise de dados, imagens, revistas, e aquisição de livros. Segundo GIL (2002, p.
41), estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas
pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de
intuições.
Para um entendimento e condições de comprovar os estudos do tema proposto,
utilizaram-se técnicas de pesquisa bibliográfica, documental e campo. Conforme Antonio
Carlos Gil:
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos
exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. (GIL, 2002, p. 44)
Para realização da pesquisa de campo, foram necessárias visitação a algumas
marcenarias do município, onde foram constatados os dados já adquiridos em pesquisas.
Foram recolhidas amostras dos resíduos, com uma diversidade de tamanhos e acabamentos,
60
isto possibilitou aprofundar e auxiliar no desenvolvimento de luminárias que pudessem fazer
uso deste tipo de material.
A metodologia projetual utilizadas para dar embasamento a fim de organizar e
comprovar necessidades, para execução do trabalho foram as de Bonsiepe (1984) e Platcheck
(2012). Considerando que ambos trabalham com sistemas similares, dividindo-se em etapas:
- Problematização: define os problemas a serem resolvidos e metas a serem atingidas
no decorrer do projeto. É nesta etapa que serão questionados “o quê?”, “por quê?”, “quem?”,
“como?”, “onde?”.
- Análises: divide-se em diacrônica, sincrônica, estrutural, funcional, morfológica,
relacionada ao uso, e ecodesign. Estas análises são elaboradas a partir de produtos
semelhantes ao projeto de estudo escolhidos pelo autor para a aquisição de dados.
- Definição do problema: fase de estruturação dos problemas e hierarquização dos
requisitos que devem conter no produto a ser criado.
- Conceito do projeto: etapa onde será definido o produto, conclusão de pesquisas e
análises, e requisitos que farão parte do produto como, forma, materiais, processos de
fabricação e dimensões gerais.
- Geração de alternativas: o processo de criação é constituído através de esboços,
realizando a seleção de alternativas se parte ao desenho técnico e ilustrativo com suas
respectivas dimensões.
- Modelo ou protótipo: fase de desenvolvimento do produto em escala real ou
reduzida, com materiais iguais ou semelhantes ao desenvolvimento do projeto. Conclui-se,
nesta etapa se o resultado obtido foi o desejável, se está de acordo com as pesquisas e
requisitos ou se o produto necessita continuar um estudo para aperfeiçoamento.
O embasamento teórico e prático é necessário para concretizar o desenvolvimento de
um produto, conhecendo e aprofundando assuntos que estarão presentes no mesmo. Tendo em
vista, que quando aprofundado o assunto e explicado de forma mais clara, se obtém um
melhor resultado.
61
4. Resultados
4.1 Análise da pesquisa de campo
Toda a atividade gera resíduos, isto não seria diferente com indústrias moveleiras. No
entanto é importante saber alguns fatores das empresas como, qual, onde e como são
descartados estes resíduos. Os resíduos da indústria moveleira podem ser aproveitados de
maneira mais ativa, evitando o descarte incorreto e a extração desnecessária.
O projeto focou em realizar uma pesquisa de campo no município de Santa Rosa-RS,
onde segundo dados levantados a partir da Prefeitura Municipal de Santa Rosa, possuem em
torno de 34 marcenarias registradas, sem considerar as irregulares. Foram realizados
visitações e contato, em marcenarias locais e aprofundando o estudo em uma delas. Onde
foram recolhidas amostras e materiais para que obtivesse o fator de partida, neste caso, os
resíduos de MDF, para as análises e reconhecimento do material utilizado na luminária para
elaboração de um plano de estudo (Tabela 11).
Fatores
Identificação e
quantificação
Características
Aplicações
Avaliação
Desempenho
ambiental
Desenvolvimento
do produto
Descrição
Quantidade gerada de resíduos, local de produção, registro mensal.
Processos que geram resíduos, estratégia de reciclagem, características do
produto e composição dos resíduos.
Características físico-químicas, aplicações técnicas,
equipe multidisciplinar, mercado.
Produto, desempenho, durabilidade, adequação, custo solução, impacto
ambiental, vida útil.
Normas e metodologias e utilização dos resíduos.
Pesquisas bibliográficas, processo e produção, produção semi-industrial,
desempenho do novo produto, a manutenção, confiabilidade e
aspectos ambientais.
Tabela 11: Estudo para reciclagem dos materiais.
Fonte: Adaptado de ÂNGULO (apud Revista Educação & Tecnologia, 2004).
62
Sendo assim, foram estudadas a classificação dos resíduos e qual o processo utilizado
a sua obtenção. O corte da chapa de MDF produz cavacos, serragem e pó, os sistemas de
encaixe e cortes especiais geram cavacos irregulares, furar peças para fixação, produz pó. O
processo que gera mais resíduo é o corte, desta forma a maior parte de matéria desperdiçada
se encontra em forma de cavacos, de diversas dimensões.
Figura 35: Resíduos classificados como cavacos.
Fonte: Autora.
Figura 36: Resíduos classificados como serragem.
Fonte: Autora.
Figura 37: Resíduos classificados como pó.
Fonte: Autora.
63
4.2 Definição dos requisitos
Para o desenvolvimento da luminária ecológica, são estabelecidos nesta etapa quais os
requisitos que farão parte do produto como, forma, materiais, processos de fabricação e
dimensões gerais (Tabela 12).
Parte
Base
Iluminação
Estrutura
Material
Padrão Cromático
Processo de Fabricação
Descrição
- Reta e fixa ao corpo da luminária;
- Acomodar os mecanismos de iluminação.
- Led, com sistema de plugue.
- Linhas retas;
- Entremeios aberto para passagem de luz;
- Resíduos de MDF;
- Revestimento melaminico BP, tonalidade escura;
- Utilização de máquina de corte;
- Laminação de Bordas e montagem manual.
- Possibilidade de troca de lâmpada;
Ecodesign
- Troca de peças;
- Processo de desmontagem através de parafusos;
- Minimizar a diversidade de materiais.
Dimensões Gerais
- Medidas aproximadas (350 x 350 x 250) mm
Tabela 12: Definição do Produto.
Fonte: Autora.
4.3 Estruturação e hierarquização dos requisitos
A estruturação do projeto serve para facilitar as atividades de forma simplificada,
possibilitando uma maior rapidez na tomada de decisões, onde hierarquizar demonstra quais
os fatores são indispensáveis, o que seria bom que estivesse no projeto e opcional, não
necessariamente necessita estar no desenvolvimento do mesmo (Tabela 13).
64
Classe de problemas
Requisito
Valorização
Corpo
Forma de retas
D
Material
MDF
I
Iluminação
Lâmpada Led
I
Local do ponto de luz
Na base inferior
Acabamento
Ecodesign
Melamina
O
Utilizar resíduos de MDF
I
Fixação com parafusos
I
Minimização de diversidade de materiais
D
I
Fácil manejo para transporte
Proteção na ligação dos fios
Problemas de segurança
I
Pintura
Facilitar a troca dos componentes
Transporte
D
O
I
Sistema Liga/Desliga
Plugue para tomada
D
I
I: indispensáveis / D: desejáveis / O: opcional
Tabela 13: Lista de Requisitos.
Fonte: Autora.
4.4 Geração de alternativas
- Proposta 1: Faz uso dos resíduos de MDF, utilizando três dimensões de cavacos da
matéria-prima reutilizável. Sua base e tampo são lisas e fechadas para sustentar o corpo, o
restante é construído através de vãos, intercalando os cavacos com dimensão igual no sentido
horizontal, os cavacos mais longos, que sustentam as peças menores se apresentam no sentido
vertical (Figura 38), a opção de acabamento para a mesma é o revestimento BP.
65
Figura 38: Proposta 1.
Fonte: Autora.
- Proposta 2: Possui várias dimensões de cavacos de MDF, montados de forma
irregular (Figura 39), atendendo a temática, onde através de sua forma se percebe que o
produto é ecológico. O princípio de agrupamento de peças seria uma alternativa para produzir
revestimentos em outras partes aplicadas sobre outra superfície, ou com acabamento em
pintura.
Figura 39: Proposta 2.
Fonte: Autora.
- Proposta 3: Com o intuito de possibilitar a passagem de luz com efeitos, foram
trabalhados os resíduos de MDF, tornando-os uma medida padrão para os resíduos, a base
com sobreposição e a tampa com efeitos de aplicação de cavacos (Figura 40), devido ao
tamanho que as peças apresentam, pensando em projetar com facilidade de montagem sua
dimensão total ficaria muito grande.
66
Figura 40: Proposta 3.
Fonte: Autora.
- Proposta 4: Esta proposta foi desenvolvida sobre a proposta 3, onde foram alterados
a quantidade de peça, a forma apresenta-se mais retangular e a base e o tampo de diferenciam,
sendo menores com relação ao tamanho total da luminária (Figura 41), onde traduz uma
leveza a luminária, já que sua estrutura é toda trabalhada. Este padrão de montagem
possibilita um trabalho mais industrial e não apresenta características artesanais no todo.
Figura 41: Proposta 4.
Fonte: Autora.
De acordo, com as propostas ilustradas e dentro dos requisitos utilizados para o
desenvolvimento da luminária, obtidos através dos estudos e análises, a proposta 1 apresentase de forma grotesca, o método de fixação ficaria aparente e sua luz se dissiparia de forma
67
muito aberta. A proposta 2, a elaboração seria aceita com o acabamento em pintura, porém o
custo-benefício, utilizando a chapa melaminica não se torna viável, pela mão de obra utilizada
para a fabricação, a opção 3 gerou alternativa 4, pelo fator de se apresentar com dimensão
elevada.
No entanto, a opção que se encontra dentro dos requisitos hierarquizados, a
escolhida foi a proposta 4, onde apresenta acabamento BP, bom sistema de fixação,
distribuição de iluminação adequada e atende aos propósito do ecológico.
4.5 Desenho técnico
Nesta etapa se constitui o produto através de representações gráficas, com o
desenvolvimento de desenhos em 2D e 3D, mostrando suas vistas principais: frontal, superior
e lateral esquerda em prancha técnica tamanho A3. Para o a execução do projeto técnico se
utilizou o software AutoCAD. Segue a prancha em Anexo.
- Prancha 1: apresenta a luminária em representação 2D nas vistas frontal, superior e
lateral com devidas cotas, bem como perspectiva isométrica ilustrada e especificações de
materiais e processos de fabricação (ver Anexo p. 78).
4.6 Desenho Ilustrativo
Seguindo as comprovações determinadas no item 4.2, o projeto foi desenvolvido por
resíduos de MDF, com o intuito de desenvolver uma luminária ecológica. Tais desenhos
apresentam o produto em modelagem 3D (Figuras com a simulação de aplicação de seu
material, revestimento melaminico BP, neste caso Fresno Negro 42 e 43). Para a execução do
desenho, foi utilizado o software Promob Arch 2013. Os desenhos que seguem apresentam
diferentes vistas do produto em perspectiva e vistas 2D.
68
Figura 42: Render Perspectiva Frontal.
Fonte: Autora.
69
Figura 43: Render Perspectiva com ambientação.
Fonte: Autora.
70
Figura 44: Render Vistas 2D.
Fonte: Autora.
71
4.7 Memorial descritivo
O meio ambiente atualmente é o foco para todo e qualquer desenvolvimento de
projeto, com isso, para reduzir o número de materiais que possam ser reutilizados, buscou-se a
alternativa de criar uma luminária a partir dos resíduos de MDF, proveniente de marcenarias
do município. Com isto, este projeto propõe a redução do material descartado, já que seu
destino é bastante restrito, e se depositado ou incinerado de maneira incorreta acarretam danos
ao meio ambiente.
Sua estrutura é composta por resíduos de MDF melaminico 18 mm, classificados
como cavaco. Estas peças, foram trabalhadas na medida 75 x 75 (mm), contendo 6 unidades.
Outras 24 unidades, uma de suas extremidades teve o corte em 45 graus, para haver a união
das peças de canto. Para unir estas peças, e deixar vãos, utilizou-se 6 unidades de cavacos
cortados com dimensões de 30 x 245 (mm). A base, esta que serve como estrutura para o spot
de Led, possui 209 x 124 (mm). O tampo 173 x 88 (mm). Para e auxilio da sustentação para a
fixação destes foram utilizados 44 parafusos Philips de 3,5 x 30. As cantoneiras são fixadas
uma a outra por cola branca.
O meio de fabricação é um processo industrial e manual, onde se utilizou serra para
padronizar as dimensões dos cavacos e o restante se utiliza o trabalho humano, para laminar
as peças e montar a luminária. A ferramenta utilizada para montagem da mesma foi uma
parafusadeira.
A luminária ecológica busca como diferencial realizar um projeto consciente e
ecológico reutilizando os resíduos que se tornariam lixo em produto. Demonstrando isso em
sua estrutura e trazendo o design como fator importante para sua estética e função, se
beneficiando de uma matéria-prima rica no meio ambiente.
O design consciente busca constantemente a relação entre funcionalidade e
sustentabilidade, sendo que o foco atualmente é voltado para o meio ambiente e está sempre
em busca de novas maneiras de se aproveitar o que já existe e unir com fatores importantes no
momento da criação e execução de um projeto.
72
4.8 Protótipo
Após o desenvolvimento técnico da luminária, foi desenvolvido o protótipo do produto
com alta fidelidade ao projeto, ou seja, utilizando escala 1:1, com seus respectivos materiais,
sendo de acabamento melaminico padrão fresno negro.
Figura 45: Protótipo.
Fonte: Autora.
73
Figura 46: Protótipo.
Fonte: Autora.
74
5. CONCLUSÃO
Através dos estudos realizados, pode-se concluir que grande parte dos indivíduos
passou a perceber a importante tarefa de preservar o meio ambiente. Porém, o fato é que o
consumo não deixará de existir, onde indústrias fabricam para competir uma com a outra, e os
indivíduos, precisam saciar suas necessidades e desejamos. Isso acarreta volumes cumulativos
de resíduos que causam impactos ambientais, sendo que grande parte de sua matéria – prima
pode ser reutilizada com alternativas ecológicas.
O papel fundamental do ecodesign é neutralizar os impactos ambientais do produto
quando inseridos ou descartados do mercado, projetando produtos que possuam uma
consciência ecológica, levando consigo fatores econômicos e ambientais. Aliando aos
produtos, sem dúvida, formas ecológicas para que se possa reduzir o impacto ambiental e
tornar um planeta sustentável, viabilizando todos os fatores que norteiam a sociedade.
A principal fonte de estudo, foram indústrias do setor moveleiro, estas produzem um
volume alto de resíduos dos painéis de MDF, onde por sua vez, muitas vezes são destinados
ou descartados de forma incorreta segundo a análise de campo. Por estas razões, realizou-se
um estudo mais aprofundado acerca dos fatores que norteiam o design e a reutilização de
resíduos do setor moveleiro, o estudo executado foi em marcenarias do município de Santa
Rosa- RS, onde se concentra indústrias de pequeno e médio porte deste setor. Sendo que, a
reutilização pode se tornar uma alternativa viável para muitas empresas e de grande valia para
o meio ambiente.
Buscou-se, no entanto, novas alternativas conscientes para o destino final desta
matéria-prima descartada, ou seja, aproveitamento de materiais e o reuso para a redução do
impacto ambiental. Onde os resíduos se classificam em cavacos, serragem e pó.
Para tanto, houve a necessidade de separação e coletas de materiais, onde se pode
aprofundar e gerar alternativas para um projeto sustentável que trouxesse a ideia do
sustentável para a luminária. Sendo que se torna uma alternativa viável as empresas, onde ao
invés de destinar os resíduos incorretamente, pode-se utilizar deste material para produzir
produtos de design sustentável.
A metodologia implantada para o desenvolvimento da pesquisa e estruturação dos
problemas foi essencial importância para organizar e expandir o conhecimento a cerca de todos os
assuntos que nortearam a pesquisa até chegar ao desenvolvimento do produto. De modo, que
75
dentro dos estudos, análises, pesquisa de campo buscou-se chegar ao ápice do desenvolvimento
do produto.
A realização deste trabalho possibilitou criar uma luminária com estrutura 100 % de
resíduos de MDF. Assim pode-se perceber a grande importância de um design tanto na vida
da sociedade como para o meio ambiente, onde criar não se torna o fato mais importante, mas
sim o valor agregado ao projeto que se cria.
Portanto, as ações realizadas obtiveram um resultado positivo, onde o princípio da
pesquisa pode ser mantido do início ao fim, possibilitando assim contribuir com o meio
ambiente e com os indivíduos. Onde este estudo, permite a inserção do desenvolvimento de
novos produtos no mercado com a mesma matéria-prima.
76
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