Organização
SERVIÇO DE DOENÇAS INFECCIOSAS
CENTRO HOSPITALAR DE SETÚBAL
HOSPITAL DE SÃO BERNARDO
CENTRO DE ESTUDOS DE VECTORES E DOENÇAS INFECCIOSAS
WWW.INSA.PT
ACES DE SETÚBAL E PALMELA
II JORNADAS
TEMÁTICAS
DE DOENÇAS INFECCIOSAS
DE SETÚBAL
INFEÇÕES EM MEIO HOSPITALAR
13 e 14 de fevereiro de 2015
Forum Municipal Luísa Todi, Setúbal
Presidente: José Poças
Presidente Honorário: Dr. Rui Proença
Programa
Científico
MENSAGEM DO PRESIDENTE DAS JORNADAS
Caros Colegas:
Ao termos assumido em 2013 a intenção de iniciarmos a realização regular (em
anos alternados) de umas Jornadas Temáticas subordinadas ao vasto tema das
Doenças Infeciosas, estávamos conscientes dos riscos inerentes, desde logo
da existência de uma população de profissionais interessados em quantidade
suficiente, bem como dos problemas inerentes à dificuldade crescente, por razões óbvias, em reunir o necessário apoio logístico nos problemáticos tempos
que correm.
Não pretendendo nunca assumir um cariz nacional que se não justificaria, mas
apenas regional das mesmas, fomos estimulados por não ter havido ainda no
Distrito iniciativa semelhante, mas também, temos que o confessar com algum
orgulho, pela avaliação extremamente positiva que as Iªs Jornadas tiveram junto
dos participantes, o que serviu, logicamente, de importante incentivo.
Tratando-se de uma especialidade de tipo horizontal com importantes, nítidas e
óbvias áreas de intercessão com a denominada Saúde Pública, não poderíamos
começar de outra forma que não a de ter decidido voltarmo-nos em primeira
instância para os nossos colegas dos Cuidados Primários de Saúde, com quem
estabelecemos uma interessante cooperação, bem como escolher o Temas das
Doenças Transmitidas por vetores, dando assim seguimento à excelente colaboração que sempre temos tido, desde há muitos anos, com o CEVDI do INSA.
Mas, logicamente, não pretendíamos ficar por aí, razão pela qual, desta vez,
viramo-nos para dentro da instituição Hospitalar, afinal a “nossa casa” enquanto
profissionais, bem como dos muitos doentes que tratamos, por estes necessitarem, infelizmente, de múltiplos e demorados internamentos, com o objetivo
confessado de aprofundar saberes, adquirir competências, delimitar áreas de
intervenção e estabelecer pontes de contacto e cooperação estratégica com
outros Serviços e Especialidades.
Desde logo, primeiramente, com a Medicina Interna, grande Especialidade Mãe,
mas também com a Microbiologia Clínica, especialidade irmã, os Cuidados Intensivos, a Pneumologia, a Cardiologia, a Neurologia e a Ortopedia porque, na
verdadeira essência, o doente é um ser único e o Hospital, como instituição, só
se torna viável, através de uma salutar intercomplementaridade de saberes, de
competências e de estratégias de intervenção.
Nesta medida, não poderíamos deixar de voltar a dar voz também aos Enfermeiros, profissionais cujo âmbito de intervenção, dentro dos Serviços e das
Instituições, não tem parado, e bem, de se diferenciar e aprofundar, sendo hoje
uma classe profissional que se posicionou por mérito próprio como parceiro
imprescindível e cada vez mais qualificado na intervenção, quer ao nível da
prestação de cuidados, que como assessoria técnica às atividades de gestão.
Os temas das Conferências e Mesas Redondas que se irão alternar, foram selecionados pela sua manifesta atualidade, desde logo pela premente necessidade
de encararmos os fenómenos da resistência dos microrganismos aos antimicrobianos como um grave problema de saúde pública, bem como a correspondente
utilização criteriosa daquelas armas terapêuticas como uma prioridade institucional, nacional e, mesmo, planetária.
Os palestrantes foram convidados pela sua experiência e reconhecida competência nos diversos temas, havendo logicamente, pela natureza intrínseca da
índole organizativa das mesmas, de privilegiar, por ordem de prioridade, o nosso
Serviço, o nosso Hospital e a nossa Região. Tal como nas Jornadas anteriores,
teremos na Conferência de Abertura a apresentação de um Tema relacionado
com a História das Doenças Infeciosas, desta vez abordado por um convidado
estrangeiro, o meu colega e amigo Agustin Muñoz, que desenvolverá o interessante tema da Sífilis, onde é um reconhecido especialista.
A terminar, uma última palavra para com o nosso Homenageado, o Dr. Rui
Proença. Em poucas palavras, podemos referir que é um digno representante
da notável gesta dos grandes clínicos dos HCL, internista enciclopédico e infeciologista de absoluta referência para várias gerações de seus ex-internos, nos
quais tive a felicidade de me incluir.
Renovando pois a promessa de prosseguirmos futuramente com o aprofundamento do nobre objetivo formativo que nos norteia acima de qualquer outro, espero que possam usufruir de um espaço acolhedor, onde se privilegia
a aprendizagem, a troca de ideias e experiências e também de um transitório
e salutar afastamento temporário das atividades diárias rotineiras dos vossos
locais de trabalho, sejam eles enfermarias, consultas, hospitais de dia, UCIs, ou
urgências hospitalares, laboratórios e centros de saúde, sendo pois de esperar,
por isto mesmo, que se vá posteriormente repercutir positivamente, como é da
nossa intenção, no desempenho de cada um dos seus participantes.
O Diretor do SDI e Presidente das Jornadas
José M. D. Poças
COMISSÃO DE HONRA
Presidente da Comissão de Honra: Presidente Honorário das Jornadas, Dr. Rui Proença
Diretor-Geral da Saúde ● Presidente do Conselho Directivo da ARS de Lisboa e Vale do Tejo ● Presidente do Conselho Distrital da Ordem dos Médicos de Setúbal ● Presidente do Colégio
da Especialidade de Doenças Infecciosas da Ordem dos Médicos ● Presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Tropical da Ordem dos Médicos ● Presidente da Sociedade
Portuguesa de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica ● Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna ● Diretor do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da
Universidade Nova de Lisboa (IHMT) ● Presidente do Conselho Directivo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) ● Bastonário da Ordem dos Enfermeiros ●
Diretora Clínica do Centro Hospitalar de Setúbal ● Presidente da Câmara Municipal de Setúbal
COMISSÃO ORGANIZADORA
Bianca Ascenção ● Catarina Gonçalves ● Joana Sá ● Luís Duque ● Nelson Duarte ● Paula Brito
Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO DE COMUNICAÇÕES LIVRES
Fátima Campante Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Hospital Nossa Senhora do Rosário ● Maria João Aleixo Serviço de Doenças Infecciosas, Hospital Garcia
de Orta ● Mário Parreira Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Robert Badura Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar Lisboa Norte,
Hospital de Santa Maria
CORPO DOCENTE
Amadeu Lacerda Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Anabela Mendes Pereira Serviço de Doenças Infecciosas/Serviço de Pneumologia,
Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Anabela Neves Serviço de Oncologia, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Agustín Muñoz Serviço de Doenças
Infecciosas HUB, U. Estremadura, Espanha ● Barros Veloso Ex-Hospitais Civis de Lisboa, Hospital Santo António dos Capuchos ● Bianca Ascenção Serviço de Doenças Infecciosas,
Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Cândido Teixeira Presidente da Liga dos Amigos do Hospital de S. Bernardo ● Carlos Carvalho Serviço de Medicina Interna,
Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Carlos França Unidade de Cuidados Intensivos, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria, Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa ● Carlos Palos Urgência, GCLPCIRA, Hospital Beatriz Ângelo ● Catarina Gonçalves Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de
S. Bernardo ● Edite Mateus Serviço de Doenças Infecciosas/Unidade de Auto-imunes, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Emília Valadas Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria ● Fátima Campante Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Hospital Nossa
Senhora do Rosário ● Felisbela Barroso Comissão de Controlo da Infecção, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Fernando Borges Serviço de Doenças Infecciosas,
Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital Egas Moniz ● Fernando Maltez Serviço Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital Curry Cabral ● Filipe Froes Unidade de
Cuidados Intensivos, Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital Pulido Valente ● Filomena Ferreira Serviço de Saúde Ocupacional, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo
● Joana Sá Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● João Carvalho Serviço de Doenças Infecciosas/Serviço de Pneumologia, Centro
Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● João Machado Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital Curry Cabral ● João Madeira Serviço de
Cardiologia, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● José Malhado Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital Curry Cabral ● José Neves
Serviço de Doenças Infecciosas Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria ● José Poças Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S.
Bernardo ● Júlio Botas Serviço de Doenças Infecciosas, Hospital Garcia de Orta ● Kamal Mansinho Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Universidade Nova de Lisboa, Serviço de
Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Hospital Egas Moniz ● Luís Caldeira Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria ●
Luís Lapão Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Universidade Nova de Lisboa ● Luis Soares Serviço de Cardiologia, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Luís Tavares
Unidade de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar Barreiro Montijo, Hospital Nossa Senhora do Rosário ● Maria Alice Ruivo Escola Superior de Saúde de Setúbal ● Maria João Águas
Serviço Doenças Infecciosas, Hospital Garcia de Orta ● Maria João Aleixo Serviço de Doenças Infecciosas, Hospital Garcia de Orta ● Maria João Alves Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge, Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Dr. Francisco Cambournac ● Mário Parreira Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de
S. Bernardo ● Melo Cristino Serviço de Patologia Clínica, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria, Faculdade de Medicina de Lisboa ● Nelson Duarte Serviço de Doenças
Infecciosas, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Nuno Fachada Serviço de Ortopedia, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital Ortopédico do Outão ● Nuno Luís Serviço
de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Paula Brito Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ●
Paula Duarte Serviço de Pneumologia, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Benardo ● Pedro Póvoa UCIP, Hospital de S. Francisco Xavier, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental EPE ●
Pinto Marques Serviço de Neurologia, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Robert Badura Serviço de Doenças Infecciosas, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de
Santa Maria ● Rosa Ribeiro Unidade de Cuidados Intensivos, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Rui Guerreiro Serviço de Neurologia, Centro Hospitalar de Setúbal,
Hospital de S. Bernardo ● Rui Matos Serviço de Neurologia, Centro Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Rui Proença Ex-Hospitais Civis de Lisboa, Hospital Curry Cabral ●
Sofia Núncio Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Dr. Francisco Cambournac ● Susana Sousa Serviço de Pneumologia, Centro
Hospitalar de Setúbal, Hospital de S. Bernardo ● Thomas Hanscheid Serviço de Patologia Clínica, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria, Faculdade de Medicina de Lisboa
II JORNADAS
TEMÁTICAS
DE DOENÇAS INFECCIOSAS
DE SETÚBAL
INFEÇÕES EM MEIO HOSPITALAR
12 FEVEREIRO 2015 | 5ª FEIRA
17:00h
18:00–20:00h
Abertura do Secretariado
• Abordagem integrada para a gestão e controlo de
infecções, ligando a gestão e a organização dos serviços
com a governação clínica/Antibiotic Stewardship
• Casos Internacionais e Nacionais
Coordenador: Luís Lapão (IHMT/UNL)
Palestrantes: Luís Lapão (IHMT/UNL), Pedro Póvoa (UCIP, HSFX/CHLO)
e Carlos Palos (Urgência, GCLPCIRA. HBA)
20:00h
Almoço
14:00–15:00h
SESSÃO DE APRESENTAÇÃO DE POSTERS
Moderadores: Mário Parreira (SMI, CHS/HSB)
e Robert Badura (SDI, CHLN/HSM)
WORKSHOP PRÉ-JORNADAS
Gestão das infeções hospitalares:
Thinking outside of the box
13:00–14:00h
Encerramento do Workshop
15:00–16:00h
Pneumonias víricas
Presidente: Kamal Mansinho (SDI, CHLO/HEM)
Moderadora: Paula Duarte (SP, CHS/HSB)
Palestrante: Filipe Froes (UCI, CHLC/HPV)
Comentadora: Maria João Alves (INSA/CEVDI)
16:00–16:30h
08:30h
09:30–10:00h
Infeções associadas a dispositivos médicos
Presidente: Luís Soares (SC, CHS/HSB)
Moderador: Pinto Marques (SN, CHS/HSB)
Comentador: Júlio Botas (SDI, HGO)
Abertura do Secretariado
CERIMÓNIA DE ABERTURA
Ortopedia
Nuno Fachada (S. Ortopedia, CHS/HOO)
10:00–11:00hSESSÃO DE ABERTURA
Resenha histórica da sífilis
Cardiologia
João Madeira (SC, CHS/HSB)
Presidente: Rui Proença (Ex-HCL/HCC)
Moderador: Fernando Maltez (SDI,CHLC/HCC)
Palestrante: Agustín Muñoz (SDI/HUB/U. Estremadura/Espanha
Comentador: Barros Veloso (Ex-HCL/HSAC)
11:00–11:30h
Neurologia
Rui Guerreiro (SN, CHS/HSB)
Aspetos mais importantes da profilaxia
e da terapêutica antimicrobiana
Catarina Gonçalves (SDI, CHS/HSB)
Coffee-break
11:30–13:00hSESSÃO 1
Aspetos atuais em antibioterapia
das infeções bacterianas
Presidente: Amadeu Lacerda (SMI,CHS/HSB)
Moderador: José Malhado (SMI,CHLC/HCC)
Comentador: Luís Caldeira (SDI,HSM)
Novos antimicrobianos
Nuno Luís (SDI,CHS/HSB)
Metodologias de administração
Bianca Ascenção (SDI, CHS/HSB)
Controlo da toxicidade e da eficácia
Carlos Carvalho (SMI, CHS/HSB)
4
Qual o papel dos velhos antimicrobianos
Joana Sá (SDI, CHS/HSB)
Coffee-break
16:30–18:00hSESSÃO 3
13 FEVEREIRO 2015 | 6ª FEIRA
SESSÃO 2
18:00h
Fim dos trabalhos do primeiro dia
14 FEVEREIRO 2015 | SÁBADO
08:30h
09:30–10:30h
16:00–17:30h
Convergência de estratégias
no controlo de infeção hospitalar no SDI
Abertura do Secretariado
SESSÃO 4
Presidente: João Carvalho (SDI/SP, CHS/HSB)
Moderadora: Edite Mateus (SDI/UAI, CHS/HSB)
Comentadora: Maria Alice Ruivo (ESS Setúbal)
Microorganismos multirresistentes:
Problema de saúde pública
Presidente: Emília Valadas (FML/CHLN/HSM)
Moderador: Thomas Hanscheid (SPC, CHLN/HSM/FML)
Palestrante: Melo Cristino (SPC, CHLN/HSM/FML)
Comentadora: Rosa Ribeiro (UCI/CCI, CHS/HSB)
10:30–11:00h
Coffee-break
11:00–12:30h
SESSÃO 5
O papel da Comissão de Controlo da Infeção do CHS
Felisbela Barroso (CCI, CHS/HSB)
Ações para o controlo da infeção
no Serviço de Doenças Infecciosas
Anabela Mendes Pereira (SDI/SP, CHS/HSB)
Ações da Saúde Ocupacional
no acompanhamento dos profissionais do CHS
Filomena Ferreira (SSO, CHS/HSB)
Infeções graves em meio hospitalar:
Aspetos atuais
Presidente: Maria João Águas (SDI, HGO)
Moderador: João Machado (SDI, CHLC/HCC)
Comentadora: Sofia Núncio (CEVDI/INSA)
Pneumonias
Susana Sousa (SP, CHS/HSB)
Endocardites com culturas negativas
Paula Brito (SDI, CHS/HSB)
Infeções do SNC
Rui Matos (SN, CHS/HSB)
SESSÃO DE ENFERMAGEM
17:30h-18:00h
SESSÃO DE HOMENAGEM AO DR. RUI PROENÇA
José Poças
Fernando Maltez
João Machado
18:00h-18:30hSESSÃO DE ENCERRAMENTO
Nelson Duarte (SDI, CHS/HSB)
Cândido Teixeira, Presidente da Liga dos Amigos do HSB
José Poças, Presidente das Jornadas
18:30h
Entrega de Certificados
Neutropénia febril
Anabela Neves (S. Oncologia, CHS/HSB)
12:30–13:30h
SESSÃO DE APRESENTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES ORAIS
Moderadoras: Fátima Campante (SMI, CHBM/HNSR)
e Maria João Aleixo (SDI,HGO)
13:30–14:30h
Almoço
14:30–15:30hSESSÃO 6
Sépsis
Presidente: Luís Tavares (UDI, CHBM/HNSR)
Moderador: Carlos França (UCI, CHLN/HSM/FML)
Palestrante: José Neves (SDI, CHLN/HSM)
Comentador: Fernando Borges (SDI, CHLO/HEM)
15:30–16:00h
Coffee-break
5
NOTAS
6
II JORNADAS
TEMÁTICAS
DE DOENÇAS INFECCIOSAS
DE SETÚBAL
INFEÇÕES EM MEIO HOSPITALAR
Resumos das Comunicações Livres
II JORNADAS
TEMÁTICAS
DE DOENÇAS INFECCIOSAS
DE SETÚBAL
INFEÇÕES EM MEIO HOSPITALAR
COMUNICAÇÕES ORAIS
CO 01
IMPACTO DA INFEÇÃO HOSPITALAR COM CONFIRMAÇÃO
MICROBIOLÓGICA NAS ENFERMARIAS DE MEDICINA INTERNA
E INFECCIOLOGIA DE UM HOSPITAL PORTUGUÊS
Ana Catarina Guerra, Catarina Araújo, Conceição Escarigo e Margarida Coelho
Serviço de Infecciologia, Hospital Garcia de Orta, Almada
Introdução: A prevalência de infeção hospitalar (IH) em Portugal é superior
à média europeia. A mortalidade associada varia com a topografia da infeção, serviços, doentes, entre outros fatores, estimando-se entre 9-58%.
Objetivos: Estudo das características dos hospedeiros, microrganismos,
tratamento antimicrobiano e evolução de casos de IH.
Métodos: Identificaram-se casos de IH confirmados microbiologicamente
nas enfermarias de Medicina Interna e de Infecciologia, em 2014. Analisaram-se dados demográficos, clínicos e analíticos utilizando SPSS.
Resultados: Incluíram-se 132 doentes com idade média 72,4 anos
(±16,0), dos quais 59,1% homens. A maioria (92,4%) foi internada na enfermaria de Medicina Interna. A duração mediana do internamento foi 20
dias. Verificaram-se 75,0% com mais de 65 anos, 32,6% diabéticos, 9,1%
com infeção por VIH, 54,5% com outra doença crónica. Os microrganismos
mais frequentes foram Escherichia coli (18,8%), Klebsiella pneumoniae
(11,1%) e Staphylococcus aureus meticilina-resistente (9,7%); em 9,7%
isolaram-se pelo menos 2 microrganismos. Em 51,9% prescreveram-se
pelo menos 2 antimicrobianos; em 67,2% o antimicrobiano foi substituído
segundo o teste de sensibilidade. O prolongamento do internamento foi atribuído à IH em 65,3% (mediana 16,0 dias). A taxa de mortalidade foi 19,4%.
Não se verificou associação estatística entre mortalidade e género, idade,
doenças crónicas de base, número de isolamentos microbiológicos, número
de antimicrobianos, prolongamento do internamento.
Discussão: A inclusão de IH com comprovação microbiológica, subestima
a prevalência de IH nestas enfermarias. O impacto da IH nesta amostra
ocorreu sobretudo no prolongamento da duração do internamento. A definição dos preditores de mortalidade neste trabalho foi provavelmente limitada
pela dimensão da amostra.
8
CO 02
MALÁRIA IMPORTADA EM ADULTOS: INTERNAMENTO HOSPITALAR
NO DISTRITO DE SETÚBAL, ANÁLISE RETROSPETIVA DE 22 CASOS
Paula Brito, Jorge Mercier, Joana Estalagem, Catarina Messias, Luís Duque
e José Poças
Serviço de Infecciologia, Hospital de São Bernardo, Setúbal
Introdução: Os casos de malária importada grave têm aumentado na Europa em países onde esta doença não é endémica. Estima-se que a sua incidência/ano seja superior a 500 milhões de novos casos sendo responsável
por cerca de 1 milhão de mortes por ano.
Nos países não endémicos assiste-se a um número crescente de casos
importados de malária por aumento de migração de áreas endémicas e
número crescente de viajantes para países tropicais. Em Portugal, e em
particular no distrito de Setúbal, tem-se assistido desde 2011 a um importante movimento migratório para os países africanos de língua portuguesa
(PALOP) onde existe transmissão endémica de malária.
Objetivo: caracterização dos doentes internados entre 2009 e 2014 no
Centro Hospitalar de Setúbal (CHS).
Material e métodos: estudo retrospetivo longitudinal descritivo dos doentes
internados no CHS entre os anos 2009 e 2014 com diagnóstico de malária.
Resultados: Durante os 5 anos avaliados verificaram-se 22 internamentos
por malária. Do total da amostra de doentes, 20 eram do sexo masculino,
com idade média de 45,69 anos. Predominaram doentes na faixa etária
entre os 41 e 50 anos (36%). Dois doentes não tinham nacionalidade portuguesa (1 da Bélgica, 1 das Filipinas). O país endémico mais frequente de
onde regressaram foi Angola (59%). O mês com maior número de internamentos foi Abril (32%).Do total da amostra, 86% não fizeram profilaxia
da malária ou foi inadequada. O tempo médio entre o regresso do país
endémico e o internamento foi de 9,5 dias. O tempo médio de internamento
foi de 11 dias (apenas 2 doentes estiveram internados mais de 15 dias).
As queixas mais frequentes foram por ordem decrescente febre (100%),
vómitos (91%), mialgias (77%) e cefaleia (50%). Dois doentes apresentavam todos os critérios de malária grave. Dentro destes critérios, 5 doentes
tiveram compromisso do SNC, 9 doentes apresentaram insuficiência respiratória aguda, 7 doentes apresentaram insuficiência renal aguda, 4 doentes
tiveram hiperbilirrubinemia, 5 doentes apresentaram hipoglicemia, em 18
doentes foi detetada anemia mas nem sempre com Htc <15%. Finalmente
12 doentes apresentavam no 1º dia parasitémia superior a 2%. A média
total da parasitemia foi de 6%. Relativamente ao tipo de plasmodium, foram
identificados em 22 doentes Plasmodium falciparum (100%). Dois doentes
apresentavam também Plasmodium vivax (ambos regressados de Angola e
sem deficiência de glucose – desidrogenase). Estes dois doentes fizeram
terapêutica com sulfato de quinina, doxiciclina e primaquina. Os restantes
doentes, sulfato de quinino e doxiciclina. Como complicação salientam-se
5 casos de ARDS, 2 pneumonias nosocomiais (diagnóstico 48 horas após
internamento), 1 caso de colecistite alitiásica e 2 casos com acufenos importantes. Durante o internamento 1 doente teve diagnóstico concomitante
de malária e infeção por VIH. Faleceu 1 doente.
Conclusão: Desde 2011 com o aparecimento da crise económica portuguesa assiste-se a uma maior migração de portugueses para os países
endémicos de malária. Tal como no resto da Europa os casos de internamento por malária importada têm vindo a aumentar. A consulta de viajante
e a quimioprofilaxia adequada é fundamental. O auto tratamento e teste, em
indivíduos com estadias prolongadas em países endémicos para Malária
também deve ser uma preocupação do profissional quando faz esta consulta. A população médica deve estar alerta para esta entidade infeciosa sendo
indispensável realizar uma história clínica epidemiológica correta ponderando sempre a hipótese de malária pois, pode surgir uma deterioração rápida
com elevada morbilidade e mortalidade.
Foi analisado estatisticamente o consumo de carbapenemos, cefalosporinas
de 3ªgeração, ciprofloxacina e vancomicina.
Resultados: Diminuição de Escherichia coli resistentes à ciprofloxacina
(48% para 26%), Klebsiella pneumoniae resistentes às cefalosporinas de
3ª geração (58% para 26%), Pseudomonas aeruginosa resistentes aos carbapenemos (33% para 24%), Enterococcus faecium resistentes à vancomicina (11% para 2%).
Alta percentagem de Acinetobacter baumanii resistentes aos carbapenemos (em 2012: 88%).
Diminuição global do consumo: cefalosporinas de 3ª geração, vancomicina
(2012-2013) e carbapenemos. Porém, regista-se um grande consumo de
carbapenemos.
Aumento do consumo de quinolonas.
Discussão/Conclusões: A diminuição progressiva de microrganismos resistentes pode associar-se ao menor consumo hospitalar de antibióticos,
porém deve considerar-se a pressão da antibioterapia ambulatória.
A grande utilização de carbapenemos pode associar-se a taxa de resistência de Acinetobacter baumanii.
O tamanho da amostra não permite tirar conclusões com significado estatístico, o que sublinha a importância de continuar esta análise.
CO 03
MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES & CONSUMO DE
ANTIMICROBIANOS: CASUÍSTICA DE UM HOSPITAL DISTRITAL
DE 2011 A 2013
Verónica Florêncio1,2 e Idalina Gomes1
1
Escola Superior de Enfermagem de Lisboa; 2Serviço de Urgência Geral (SUG)
do Centro Hospitalar de Setúbal
Bianca Ascenção, Catarina Gonçalves, Ana Lourenço, Joana Sá, Paula Brito,
Luís Duque, Isabel Chaves e José Poças
Serviço de Infecciologia, Hospital de São Bernardo, Setúbal
Introdução: Na União Europeia estimam-se 25000 óbitos/ano causados
por infeções a microrganismos multirresistentes. A pressão antibiótica está
relacionada com este problema, o que levou à implementação de políticas
racionais de prescrição.
Objetivos: Descrever a relação entre o isolamento de microrganismos resistentes e o consumo de antibióticos de um hospital distrital entre 2011-2013.
Material e Métodos: Foi realizado um estudo retrospetivo dos microrganismos
resistentes isolados e do consumo de antibióticos de um hospital distrital entre
2011-2013.
Os resultados microbiológicos foram fornecidos pela Comissão de Controlo
de Infeção.
Como amostra representativa da prescrição utilizou-se: Serviço de Medicina;
Serviço de Urgência, Serviço de Cirurgia; Unidade de Cuidados Intensivos.
CO 04
A PREVENÇÃO DA INFEÇÃO POR STAPHYLOCOCCUS AUREUS
METICILINO-RESISTENTE (MRSA) NA PESSOA IDOSA NO SERVIÇO
DE URGÊNCIA: INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM
Introdução: O MRSA é uma importante causa de infeção associada aos
cuidados de saúde (IACS), sendo que Portugal apresenta uma das mais
elevadas taxas de incidência a nível europeu (53.8%).1 Os idosos possuem
uma taxa de IACS de 13,8%, constituindo um grupo vulnerável, tornando-se
imperativo a adoção de medidas de prevenção e controlo.2,3,4
Objetivos: 1. Capacitar a equipa multidisciplinar para a prevenção e controlo da infeção por MRSA no idoso no SUG.
2. Implementar medidas para a prevenção e controlo da infeção por MRSA.
Material/Métodos: Metodologia de projeto5,desenvolvendo-se de 09/2014
a 02/2015.
Participantes: enfermeiros (10), assistentes operacionais (10), médicos
(10) e doentes idosos com fatores de risco para MRSA (933).
Instrumentos de colheita de dados:processos clínicos, questionários, guiões
de observação das práticas.
Resultados: Das auditorias constatámos que as práticas básicas de controlo da infeção (PBCI) são cumpridas nos casos positivos identificados, mas
em situação de suspeita o índice de qualidade diminui.
9
Dos 933 doentes rastreados, 11.5% estavam colonizados com MRSA.
Destes 38% foram submetidas a descolonização; 38% encontravam-se na
comunidade quando saiu o resultado; e 24% faleceram.
Como medidas corretivas salientamos: formação à equipa, utilização de solução alcoólica de bolso e por unidade do doente; adesão à campanha das
mãos; folheto informativo sobre MRSA; atualização do protocolo MRSA6.
Discussão/Conclusões: Os profissionais estão mais despertos para o
cumprimento das PBCI e para o rastreio sistematizado do MRSA, fundamental na prevenção da infeção, mas o envolvimento de toda a equipa é
crucial. O número de casos que foram para a comunidade sem descolonização alertam para a importância da criação de uma comunicação eficaz
com os cuidados primários.
Bibliografia:
1. EDCD (2013b). Antimicrobial resistance surveillance in Europe Annual report of the
European Antimicrobial Resistance Surveillance Network (EARS-Net) 2012. Acedido em 01/07/2014. Disponível em http://www.ecdc.europa.eu/en/publications/
Publications/antimicrobial-resistance-surveillance-europe-2012.pdf;
2. DGS (2013a). Portugal – Controlo da Infeção e Resistências aos Antimicrobianos
em números – 2013 Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de
Resistência aos Antimicrobianos. Acedido em 01/07/2014. Disponível em https://
www.dgs.pt/estatisticas-de-saude/estatisticas-de-saude/publicacoes/portugalcontrolo-da-infecao-e-resistencia-aos-antimicrobianos-em-numeros-2013.aspx;
3.DGS (2013b). Prevalência de Infeção Adquirida no Hospital e do Uso de
Antimicrobianos nos Hospitais Portugueses. Acedido em 01/07/2013.
Disponível em http://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web
&cd=2&ved=0CCkQFjAB&url=http%3A%2F%2Fwww.dgs.pt%2Fdocumentose-publicacoes%2Finquerito-de-prevalencia-de-infecao-adquirida-no-hospital-euso-de-antimicrobianos-nos-hospitais-portugueses-inquerito-2012-jpg.aspx&ei=
LFPOU4zH6LH0QXNxoDICA&usg=AFQjCNHcKmCk4NPOwUcowCqHput160K2kQ
&sig2=ro9rh0JONok3yTCI2YMCIQ;
4. ECDC (2013a). Annual epidemiological report: Reporting on 2011 surveillance
data and 2012 epidemic intelligence data 2013. Acedido em 01/07/2014.
Disponível em http://www.ecdc.europa.eu/en/publications/Publications/annualepidemiological-report-2013.pdf;
5. Ruivo, M. A., Ferrito, C. & Nunes, L. (2010). Metodologia de Projeto: Colectânea
Descritiva de etapas. Percursos: Publicação da Área Disciplinar de Enfermagem da
Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, 15, 1-37;
6.DGS (2014). Norma nº018/2014 – Prevenção e Controlo de Colonização e
Infeção por Stapylococcus aureus Resistente à Meticilina (MRSA). Acedido em
05/01/2014. Disponível em http://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-ecirculares-normativas/norma-n-0182014-de09122014.aspx.
10
CO 05
UM OLHAR RETROSPECTIVO (2009 – 2014) DOS CASOS
DE LEPTOSPIROSE NO HOSPITAL ESPÍRITO SANTO DE ÉVORA
Mª Inês Madureira
ACES Alto Ave
Introdução: A Leptospirose é a zoonose mais comum em todo o mundo
com uma incidência muito maior que o estimado e declarado. Por integrar uma extensa área rural, o Distrito de Évora é uma zona com grande
incidência.
A leptospirose é uma doença infecciosa que pode e deve ser prevenida,
devendo os Clínicos Gerais ter um papel ativo na educação das populações.
Objetivos: A apresentação tem como objetivos alertar para os sintomas e
sinais mais comuns da doença e a importância da declaração obrigatória.
Métodos: Estudo observacional retrospectivo de 1 de Janeiro de 2009 a
1 de Setembro de 2014 desenvolvido no Hospital Espírito Santo de Évora
(HESE) que inclui 21 doentes admitidos com o diagnóstico confirmado de
Leptospirose. Foram analisados os dados epidemiológicos e laboratoriais
baseados no registo informático (Alert®), laboratório de análises clínicas
do HESE e relatório da Direção Geral de Saúde de doenças de declaração
obrigatória de 2009-2012.
Resultados: Do total de 21 casos. Clara prevalência no sexo masculino
com 16 casos (76%) e 5 do sexo feminino (24%), tendo a maioria (76%)
ocorrido na faixa etária profissionalmente ativa (18-65 anos). Todos os
casos foram confirmados serologicamente. A presença de icterícia com
aumento da bilirrubina total ocorreu apenas em 8 (38%) dos casos dificultando o diagnóstico inicial. A trombocitopénia e alterações na coagulação
são alterações analíticas muito prevalentes com 14 (67%) e 11 (52%)
casos respetivamente.
Insuficiência Renal (Cr>1.5) apenas ocorreu em 6 (29%) dos casos, tendo
sido necessário internamento na Unidade de Cuidados Intensivos em 7
(33%) dos casos.
Discussão: Deve-se suspeitar de Leptospirose sempre que epidemiologia
sugestiva com sintomas, alterações da coagulabilidade e trombocitopénia. Embora o número de casos confirmados seja apenas de 21, os casos
duvidosos eram 66, levando a concluir que a leptospirose é uma doença
com prevalência importante no Distrito de Évora.
CO 06
CASUÍSTICA DA RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS
DE UM HOSPITAL DISTRITAL NO PERÍODO DE 2008 A 2013
Bianca Ascenção, Joana Sá, Paula Brito, Catarina Gonçalves, Luís Duque, Jesuína
Duarte, Manuel Carvalho e José Poças
Serviço de Infecciologia, Hospital de São Bernardo, Setúbal
Introdução: A resistência aos antimicrobianos é um problema emergente,
com aumento de morbilidade/mortalidade, pelo que o seu conhecimento e
controle continua a ser muito pertinente.
Objetivos: Analisar microrganismos multirresistentes isolados em 20082013 num Hospital Distrital.
Material e Métodos: Realizou-se um estudo retrospetivo dos microrganismos multirresistentes isolados (MRSA, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella
pneumoniae, Escherichia coli , Acinetobacter baumanii, Enterococcus) entre
2008-2013 num Hospital Distrital.
Analisou-se estatisticamente todas as amostras biológicas processadas
pelo Laboratório de Microbiologia neste período, tendo em conta as orientações de CLSI (Clinical and Laboratory Standards Institute).
Resultados: A taxa de MRSA mantém-se muito alta, com pico em 2010
(54%).
Diminuição progressiva de Pseudomonas aeruginosa resistentes na globalidade, com destaque para a manutenção da alta taxa de resistência aos
carbapenemos (11-24%).
Aumento progressivo de Klebsiella pneumoniae resistentes às quinolonas
(10-32%), sem deteção de resistências aos carbapenemos desde 2010.
Cerca de 25% de Escherichia coli mantêm-se resistentes às quinolonas,
5-10% às cefalosporinas de 3ªgeração, não tendo sido detetadas resistências aos carbapenemos.
Manutenção de alta taxa de resistências de Acinetobacter baumanii aos
carbapenemos, com pico em 2013 (100%) e bom perfil de sensibilidade
à colistina.
Diminuição progressiva de Enterococcus faecium resistentes à vancomicina
desde 2011.
Sem deteção de resistências de Enterococcus fecalis à vancomicina, à excepção de 2009 (1%).
Discussão/Conclusão: A elevada percentagem de resistências às quinolonas e carbapenemos, poderá estar relacionada com a prescrição inadequada, não podendo deixar de considerar-se a pressão antibiótica ambulatória.
A formação/atualização e medidas de prevenção/Controlo de Infeção continuam a ser a chave para a resolução deste problema.
11
II JORNADAS
TEMÁTICAS
DE DOENÇAS INFECCIOSAS
DE SETÚBAL
INFEÇÕES EM MEIO HOSPITALAR
POSTERS
P 01
NEUROBORRELIOSE A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
P 02
MALÁRIA – UMA RECORDAÇÃO DE VIAGEM
João Oliveira1; João Frutuoso1; Fernando Sousa2; Margarida Lopes1; José Vaz1,2
1
Serviço de Medicina I; 2Unidade de Cuidados Intensivos; Hospital José Joaquim
Fernandes, Beja
Serpa Soares P., Vieira A., Paixão V., Grilo A.M., Korotkevych Y., Reina J. e Vaz J.
Serviço de Medicina I, Hospital José Joaquim Fernandes, ULSBA – Beja
Resumo: A doença de Lyme é uma doença sistémica causada pela espiroqueta Borrelia burgdorferi, transmitida pela mordedura de carraças infectadas, principalmente as do género Ixodes. Representa a doença transmitida
por vetores mais comum na Europa e América do Norte. Em Portugal tem
um pico sazonal no inicio do Verão. Com o acentuar das alterações climáticas, prevê-se que a transmissão ao Homem possa aumentar, e que dai
possam resultar sérios problema de saúde pública. É uma doença sistémica
e as suas manifestações podem dividir-se em três fases: precoce localizada
– caracterizada geralmente pela presença de eritema migrans e achados
inespecíficos; precoce disseminada – tipicamente associada a manifestações músculo-esqueléticas, cardíacas e neurológicas; disseminada tardia
– tipicamente associada a alterações músculo-esqueléticas e neurológicas.
Tem um tratamento relativamente simples quando diagnosticada a tempo,
geralmente com doxicilina, embora continue a ser uma doença subdiagnosticada pela pouca especificidade dos seus sintomas.
Os autores apresentam uma breve revisão, a propósito de um caso de Neuroborreliose num doente de 59 anos de idade, sexo masculino, diabético,
doença hepática crónica alcoólica admitido no SU por febre, dor lombar,
mal estar geral e perda ponderal de cerca de 8Kg em 10 dias. Foi internado
por síndrome febril de origem desconhecida, apresentando um deterioro
progressivo do estado geral apesar de antibioterapia de largo espectro.
Sem achados imagiológicos ou analíticos relevantes, além de uma elevação
marcada dos parâmetros inflamatórios. Realizou-se punção lombar que revelou sinais indirectos de infecção e serologias positivas para Borrelia burgdoferi, alterando-se antibioterapia para doxiciclina endovenosa. Teve alta ao
fim de 43 dias de internamento medicado com doxiciclina oral. Conclusão a
Borreliose de Lyme é uma doença que apesar de prevalente continua a ser
subdiagnosticada implicando um alto nível de suspeição. O seu tratamento
é relativamente simples e tratada atempadamente evita complicações tardias e incapacitantes e onerosas para a comunidade.
12
Introdução: A malária é uma doença prevalente em países tropicais, transmitida por vector e causada pelo protozoário Plasmodium, possuindo um
amplo espectro de apresentação clínica. O diagnóstico e terapêutica atempada são fundamentais para a minimização de complicações graves.
Caso Clínico – Descrevem-se dois casos:
Um doente de 35 anos sem antecedentes pessoais relevantes, residente
em Moçambique, recorreu ao Serviço de Urgência por febre persistente,
cefaleias, mialgias e náuseas. Analiticamente com trombocitopenia, alteração da função hepática e pesquisa de Plasmodium positiva para P. falciparum com parasitémia 2%. Internou-se com o diagnóstico de malária leve e
iniciou terapêutica com arteméter+lumefantrina, evoluindo favoravelmente
clinica e analiticamente e tendo alta assintomático.
Um doente de 60 anos com antecedentes de Diabetes mellitus tipo 2, residente na República dos Camarões, recorreu ao SU por febre alta, calafrios,
artralgias e mialgias. Analiticamente com anemia, trombocitopenia, alteração da função hepática e pesquisa de Plasmodium negativa. Internou-se
por síndrome febril, foram colhidas serologias virais e iniciou antibioterapia
empírica com doxiciclina. Durante o internamento manteve-se assintomático e analiticamente com agravamento inicial da trombocitopenia e parâmetros de bioquímica hepática. As serologias virais revelaram-se negativas
e repetiu pesquisa de Plasmodium positiva para P. falciparum com parasitémia 0.6%, tendo-se alterado a terapêutica para mefloquina. Teve alta
estável, mantendo seguimento no seu médico assistente.
Conclusão: Pretende-se com estes casos alertar para a importância de uma
história epidemiológica cuidada, pela sua importância na orientação diagnóstica e terapêutica, bem como salientar as diferentes manifestações clínicas e analíticas de uma mesma patologia, através de uma revisão temática.
P 03
TOXOPLASMOSE OCULAR NO IMUNOCOMPETENTE
P 04
BRUCELOSE – UMA ZOONOSE REEMERGENTE
Antónia Sá Gomes1, Tiago Marques1, Ana Claudia Fonseca2 e Luís Caldeira1
1
Serviço de Doenças Infecciosas; 2Serviço de Oftalmologia
Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE
Serpa Soares P., Paixão V., Grilo A.M. e Reina J. e Vaz J.
Serviço de Medicina I, Hospital José Joaquim Fernandes, ULSBA – Beja
Resumo: A toxoplasmose é uma infecção parasitária causada por um protozoário intracelular Toxoplasma gondii, sendo a sua transmissão através
de ingestão de alimentos crus ou mal cozidos contendo quistos do parasita
ou contaminação com oocistos libertados nas fezes de gatos. É geralmente
assintomática e auto-limitada sendo as situações graves predominantes na
grávida e no doente imunocomprometido. No entanto em zonas como o
Brasil é o principal agente responsável por uveite posterior em imunocompetentes, causando danos irreversíveis quando o nervo óptico e a mácula
estão envolvidos.
Apresenta-se o caso de um homem de 28 anos, natural do Brasil, tratador
de cavalos, sem antecedentes médicos conhecidos. Iniciou quadro de hiperemia e dor ocular, fotofobia e diminuição de acuidade visual do olho direito
com 2 semanas de evolução, sem trauma associado. O exame oftalmológico revelou diminuição da acuidade visual do olho direito (7/10) enquanto
o olho esquerdo apresentava uma acuidade visual normal (10/10). Para
além disso objectivou-se panuveite hipertensiva não granulomatosa do olho
direito, vasculite da retina com focos de retinocoroidite sendo o aspecto
global muito sugestivo de toxoplasmose ocular em fase activa. A serologia
da toxoplasmose apresentava IgG+ e IgM−. A serologia do VIH foi negativa. Iniciou azitromicina, pirimetamina e corticoterapia tópica com melhoria
parcial. No entanto, uma semana depois recorre ao Serviço de Urgência por
cefaleia intensa periocular e vómitos nos últimos 3 dias. Foi internado por
suspeita de toxoplasmose cerebral que não se confirmou na PCR do LCR,
TAC CE ou RM CE, admitindo-se que as cefaleias estariam em contexto de
inflamação ocular não controlada. Alterou-se a terapêutica para sulfadiazina
(substituída por clindamicina endovenosa durante a fase inicial, por vómitos)
e pirimetamina, para além de corticoterapia local e sistémica, tendo cumprido 8 semanas com regressão total das queixas visuais e das cefaleias. A
apresentação deste caso tem como objectivos alertar que não é necessária
imunossupressão para desenvolver toxoplasmose ocular e que este é um
diagnóstico a considerar em casos de uveíte posterior.
Introdução: A brucelose é a zoonose mais comum, sendo causada pela
Brucella, e transmitida através da ingesta de produtos contaminados, inalação de aerossóis ou contacto directo com animais infectados. A apresentação clínica é inespecífica, sendo fundamental uma história epidemiológica
cuidada e confirmação diagnóstica através de meios laboratoriais.
Caso Clínico: Descreve-se o caso de um doente de 64 anos, pastor de
gado ovino e caprino, com antecedentes pessoais de hábitos tabágicos e
neoformação vesical em estudo, que recorre ao Serviço de Urgência por
quadro de febre alta (TºA 39ºC), acompanhada de calafrios e artralgias.
Analiticamente com anemia, discreta leucopenia, alteração da função hepática e reacção de Wright-Huddleson positiva (1:80); fez ecografia abdominal
que revelou discreta esplenomegália, sem outras alterações. Assumiu-se o
diagnóstico de brucelose, pediram-se serologias para Brucella, medicou-se
o doente com doxiciclina e rifampicina e foi encaminhado para consulta externa. Na consulta de follow-up apresentava-se já assintomático, com melhoria dos parâmetros analíticos e com pesquisa de Brucella IgM positiva,
que foi repetida posteriormente, mantendo IgM positiva. Foi ainda efectuada
declaração de doença obrigatória.
Conclusão: Os autores pretendem com este caso alertar para a brucelose
enquanto diagnóstico diferencial num contexto epidemiológico adequado,
pois embora tendo um prognóstico favorável pode evoluir para a cronicidade, principalmente quando não tratada. Realiza-se então uma revisão
temática focando os factores de risco e principais métodos diagnósticos.
P 05
UM CASO DE PICADA POR URTIGAS
Ana Patrícia Pereira, Joana Adrião, Pedro Beirão e Margarida Coelho
Serviço de Medicina Interna, Hospital Garcia de Orta, Almada
Resumo: Os autores apresentam o caso clínico de uma mulher de 55 anos,
com história de hipertensão arterial, síndrome depressivo e status pós acidente vascular cerebral isquémico sem sequelas, que recorreu ao serviço
de urgência por sinais inflamatórios marcados, localizados no punho, mão
e pé direitos, acompanhado de febre, disúria, polaquiúria e tenesmo vesical. Destacava-se história epidemiológica de picadas de urtiga na semana
anterior com reação inflamatória no membro inferior contralateral, sem
traumatismo. Dos exames efetuados na admissão salientava-se aumento
dos parâmetros de inflamação, leucocituria e telerradiografia do tórax sem
alterações. Ficou internada com o diagnóstico provável de artrite séptica e,
após hemoculturas e urocultura, iniciou antibioterapia empírica com ceftriaxone e flucloxacilina. Documentada bacteriemia a Streptococcus Grupo A
13
e ajustada medicação para penicilina. Dos exames efetuados no internamento de referir ecografia musculo-esquelética que evidenciou exuberante
tenossinovite da baínha dos extensores da mão com liquido não puro, sem
artrite e, no dorso do pé direito, apenas edema intersticial subcutâneo sem
envolvimento tendinoso ou articular. Teve alta após exclusão de focalização
e melhoria clinica, com 28 dias de antibioterapia dirigida. Não apresentou
necessidade de drenagem e manteve seguimento em consulta de medicina
e fisiatria. A tenossinovite infecciosa é uma infecção do revestimento interior da bainha do tendão que envolve maioritariamente as mãos, pulsos e
cotovelos. A via hematogénea é esporádica e raramente associada a este
agente. O tratamento adequado previne a limitação do movimento e necessidade de amputação.
P 06
AVALIAÇÃO DA ACTIVIDADE IN VITRO DA DAPTOMICINA
EM ESTIRPES DE ESTREPTOCOCOS RESISTENTES À VANCOMICINA
Helena Brízido, Marta Manaças, Ana Bruschy Fonseca, Luís Marques Lito
e José Melo Cristino
Centro Hospitalar Lisboa Norte EPE – Hospital de Santa Maria, Lisboa
Introdução: As infecções nosocomiais por Enterococcus spp. resistentes
à Vancomicina (VRE) apresentam-se como um desafio em relação às opções terapêuticas limitadas. O Linezolide é o antimicrobiano mais utilizado
nestas estirpes multirresistentes. No entanto, há estudos que comprovam a
susceptibilidade dos VRE à Daptomicina, e que validam este antimicrobiano
como mais uma alternativa terapêutica nestas infecções.
Objectivos: Com este trabalho os autores pretendem testar a actividade in
vitro da Daptomicina em estirpes de VRE, sendo que, segundo as recomendações dos comités (CLSI e EUCAST ), só é lícito avaliar a susceptibilidade a este
antimicrobiano por determinação da concentração inibitória mínima (MIC).
Material e Métodos: Testaram-se 24 estirpes de VRE isoladas em diversos
produtos biológicos (hemocultura, urina, bílis, líquido ascitico e exsudado
purulento) e consideradas como agentes de infecção. Avaliou-se a MIC da
Daptomicina por ε-test (Biomerieux®) em estirpes de Enterococcus spp.
resistentes à Vancomicina. Os resultados foram agrupados por diluições
múltiplas à semelhança do método de referência.
Resultados: As MIC das 25 estirpes de VRE estudadas (2 E. faecalis, 1
E. galinarum e 21 E. faecium) variaram entre 0,094 e 3µg/mL. Cerca de
37,5% das estirpes apresentou uma MIC de 1µg/mL. Todas as estirpes
foram igualmente susceptíveis in vitro ao Linezolide. Conclusões: Considerando que o breakpoint de susceptibilidade é ≤4 µg/mL (CLSI) e que o
cut-off epidemiológico é 4 mg/L (EUCAST ), conclui-se que as estirpes VRE
estudadas estão dentro do perfil de susceptibilidade.
14
P 07
PREVENÇÃO DA INFEÇÃO PELO VÍRUS ÉBOLA – UMA ATUAÇÃO
MULTIDISCIPLINAR PLANEADA E ESTRUTURADA NO SERVIÇO
DE URGÊNCIA GERAL
Verónica Florêncio1,2, Sónia Gonçalves1 e Ilda Roque1
Serviço de Urgência Geral (SUG) do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS)
2
Escola Superior de Enfermagem de Lisboa
1
Introdução: O vírus Ébola tem vindo a dominar as preocupações em saúde
na atualidade, é descrito pela Direção Geral de Saúde (DGS)1 como um vírus
com uma elevada taxa de mortalidade. Este é o maior surto já conhecido
desta doença, o que levou a OMS a declará-lo como uma emergência de
saúde pública de âmbito internacional.
O SUG do CHS, de acordo com as diretrizes emanadas pela DGS desenvolveu um plano de abordagem ao doente com suspeita de infeção pelo
vírus Ébola.
Objetivo: Desenvolver um procedimento de atuação no SUG do CHS, perante um doente com suspeita de doença de risco biológico (Ébola).
Material/Métodos: Em 08/2014 foi nomeado o grupo de coordenação local (GCL), envolvendo o SUG, a Comissão de Controlo da Infeção e o Serviço
de Saúde Ocupacional.
Realizou-se um vídeo e uma checklist sobre colocação e remoção do EPI.
Resultados: No plano de contingência elaborado para o vírus Ébola, foi
definido o circuito do doente, elaborados procedimentos para os diferentes
intervenientes da equipa multidisciplinar, selecionado o «kit» de equipamento de proteção individual (EPI), e realizada formação teórico-prática à equipa
multidisciplinar (110 profissionais).
Discussão/Conclusão: O procedimento de atuação realizado em caso de
suspeita de doença pelo vírus Ébola revelou-se numa excelente oportunidade formativa para toda a equipa, capacitando-a para dar resposta a
situações de risco biológico.
O procedimento foi ativado por duas vezes no SUG, com eficácia, embora os
casos não tenham sido validados. Nestas situações, conseguiu-se restringir
a circulação do doente e evitar a transmissão do agente, garantindo-se a
segurança dos restantes doentes e dos profissionais de saúde.
Bibliografia:
1. DGS (2014). Orientação nº 012/2014 de 08/08/2014 atualizada a 01/12/2014.
– Doença pelo vírus Ébola. Procedimentos Gerais. Acedido em 03/01/2015.
Disponível em http://www.ebola.dgs.pt/documentos-dgs/normas-e-orientacoes.aspx.
P 08
ANÁLISE DO CONSUMO DE ANTIBIÓTICOS NUM HOSPITAL DISTRITAL
P 09
PNEUMONIA NECROTIZANTE NO CONTEXTO DA INFECÇÃO POR VIH
Bianca Ascenção, Catarina Gonçalves, Ana Lourenço, Joana Sá, Paula Brito, Luís
Duque, Isabel Chaves e José Poças
Serviço de Infecciologia, Hospital de São Bernardo, Setúbal
Joana Costa, Robert Badura, Salvato Feijó e Luís Caldeira
Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte EPE
Introdução: A crescente resistência dos microorganismos aos antibacterianos, associada à escassez de novas opções terapêuticas, parece determinar
o início de uma era pós-antibiótica quando nem cem anos passaram após a
descoberta da penicilina. O consumo inadequado de antibióticos é um factor
determinante deste problema.
Objectivo: Caracterizar a evolução do consumo de antibacterianos num
hospital distrital, no período de 2011-2013.
Métodos: Estudo descritivo do consumo de antibacterianos pelas principais
classes nos serviços de Medicina, Cirurgia, Unidade de Cuidados Intensivos
(UCI) e Urgência Central (SUC) entre 2011-2013, expresso em DDD/1000
doentes/cama.
Resultados: Diminuição de 14% no consumo total em 2013.
Entre 2011-2013: Diminuição do consumo de carbapenemes – 12,0%
para 9,0% do consumo total.
Aumento do consumo de quinolonas 44%.
Aumento do consumo de antibióticos anti-MRSA (linezolida e vancomicina)
16%, constituindo 3,5% do consumo total.
Discussão/Conclusão: A nível nacional, o consumo hospitalar de antibacterianos diminuiu 2% em 2013, mas fomos o país europeu com maior consumo de carbapenemes – 9,8% e o consumo de glicopeptídeos foi também
muito elevado – 4,2%.
Os resultados obtidos na nossa análise são relativamente sobreponíveis aos
nacionais, com excepção para as quinolonas, cujo consumo a nível nacional
decresceu. O consumo de carbapenemes diminuiu mas permanece ainda
nos 9,0%.
Concluímos que apesar de uma evolução global favorável a utilização excessiva de quinolonas e carbapenemes é preocupante. Urge implementar
uma política de antibióticos com normalização de procedimentos/práticas
clinicas, apoiada na antimicrobial stewardship com vista a um uso mais
racional dos antibióticos.
Introdução: Pneumonias por agentes raras, no contexto da infecção retroviral, podem constituir um desafio para o clínico. Seja pelos aspectos
clínicos e sua capacidade de imitar outros patologias, A própria terapêutica
antiretroviral e as profilaxias primárias, tem tido um pacto significativo, na
diminuição da incidência de algumas destes patologias, tornando-se importante revisitá-las, quando ocorrem.
Caso clínico: Sexo masculino, 48 anos, internado para investigação de
quadro de perda ponderal de 10Kg / quatro meses; tosse produtiva e dor
no hipocôndrio esquerdo com irradiação ao ombro homolateral, com duas
semanas de evolução. Diagnósticos prévios de infecção por VIH-1 (linfócitos
T CD4+: 70/ul), diabetes mellitus, pancreatite crónica etanólica e hábitos
tabágicos importantes. Analiticamente tinha anemia (8,5mg/dl), trombocitopenia, parâmetros inflamatórios ligeiramente elevados (PCR de 4,9mg/
dL) e hiponatremia, e a radiografia do tórax mostrava nódulo homogéneo de
3 cm de maior eixo na base do hemitorax esquerdo. Iniciou empiricamente
amoxicilina e ácido clavulânico, com agravamento clinico, analítico e radiológico. Realizou TC-torácica que mostrou condensação parenquimatosa
em topografia postero-externa do lobo inferior esquerdo com áreas hipodensas, loculadas, com algumas bolhas gasosas no seu interior e imagens
sugestivas de níveis hidroaéreos por cavitação, compatível com pneumonia
necrotizante. Efectuou broncofibroscopia e alterou-se a terapêutica para piperacilina e tazobactam, com melhoria clinica e resolução da imagem na 2º
semana de tratamento. Isolamento em exame cultural de LBA de Nocardia
spp. multisensivel pelo que se alterou cotrimoxazol para dosagens terapêuticas e, teve alta assintomático.
Discussão: A bactéria ubiquitaria Gram positiva, ácido resistente, Nocardia
spp, é normalmente transmitido por via inalatória, tornando o pulmão o local
da infecção predileta. Outras formas de apresentação incluem afectações
cutâneas ou disseminadas com envolvimento cardíaco ou cerebral. A infecção pulmonar, geralmente está associada a condições de imunossupressão
grave e alcoolismo, pode surgir como pneumonia difusa, cavitação e formação de abcesso, como massa endo-brônquica ou localizada – assimilando-se com pneumonias necrotizante causadas por P. aeruginosa, S. aureus,
S pyogenes ou K pneumonia, ou imitando processos neo-formativos. Terapêuticas atempadas melhoram o prognóstico. Disseminações podem requer
terapêuticas combinadas e, as vezes, medidas cirúrgicas, tornando o diagnóstico precoce um imperativo para garante de uma boa evolução.
15
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