Adriano Luiz Gomes
Anápolis - Goiás
Criaturas – Assassinas Sanguinárias
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Autor: Adriano Luiz Gomes
Iniciado em: 21.01.99
Finalizado em: 19.04.99
Impresso em: 24.04.99
Gênero: Suspense/Ficção Científica
Páginas: 114
Capítulos: 17
Seções: Capa, Apresentação, Agradecimentos, Índice, Prólogo, Capítulos, Epílogo e Contracapa.
Fontes: Tymes New Roman, Fossil, Incantantion, Comic Sans MS, Agatha, Artistik e Letter
Gothic.
Tamanho (no corpo dos capítulos) : 12
Qualquer semelhança com nomes ou lugares não será mera coincidência.
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Agradeço primeiramente a Deus, pois em tudo o que eu realizo em minha vida, Ele vem em
primeiro lugar. Obrigado, Senhor, por realizar um antigo sonho meu: escrever e imprimir um livro.
Agradeço aos meus pais, Alberto e Arlene, que me concederam um Dom muito precioso para um
filho: a educação. Eles foram a base da formação da pessoa que eu sou hoje, e eu sou muito grato aos
dois por tudo. Obrigado!
Agradeço ao meu irmão Juninho, que acompanhou de perto cada etapa da história à medida que
ela se desenrolava (o primeiro e único a ler o livro todo antes dele ser impresso), me incentivando a
escrever até o final.
Agradeço ao meu amigo Daniel Santos, que me emprestou sua impressora, pois sem ela você não
estaria lendo isso agora.
Agradeço ao meu outro amigo Péricles Marques, que configurou a impressora emprestada pelo
Daniel. Sem ele, você também não estaria lendo isso agora.
E agradeço particularmente a cada um dos personagens, pessoas reais, não fictícias, que tem um
lugar para sempre reservado no lado esquerdo do meu peito. Obrigado! Sem vocês, eu jamais teria
conseguido chegar até o final.
Adriana
Aédson
Alberto Júnior (Juninho)
Ana Alessandra
Ana Lúcia (Banana)
Ana Maria (Aninha)
André
Carlos
Cida
Daiane
Daíse
Daniel
Deni
Elcieide
Fernando (China)
Lilian
Liliane
Luciana
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Luís
Maíse
Mara
Marcos
Patrícia
Raquel
Rosângela
Soares
Wesley
Ì1',&(
Prólogo
01. O Dia Seguinte
02. Começa a Invasão
03. Asfixiada
04. Morte a Domicílio
05. A Tragédia da Corajosa Garota
06. O Festival de Sorvetes
07. A Líder
08. Massacre
09. Ovos: Reprodução das Criaturas
10. A Barreira Invisível
11. Tempestade Traiçoeira
12. Refúgio
13. Busca no Quartel
14. Morte no Quinto Andar
15. Novamente Massacre
16. O Início do Fim
17. Confronto Final
Epílogo
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35Ð/2*2
Anápolis. Sexta-feira, dia vinte e um de janeiro de 1.999. Onze e cinqüenta da noite.
Estavam todos reunidos na casa de Daniel. Aliás, pelo fato dele morar sozinho, era lá o
ponto de encontro daquela turma que adorava farras, viagens, festas e clubes. Eram, ao
todo, dez pessoas. Estavam na casa de Daniel, além dele, Thiago, seu irmão Juninho,
Marcos, China, Ana Banana, Raquel, Aninha, sua prima Lilian e a aniversariante Daiane,
namorada de Thiago. Faziam a maior bagunça, e em meio a piadas, brincadeiras, bebidas
e risos, a festa corria solta. Não se importavam com mais nada além deles mesmos
naquele momento. Eram muito unidos, e geralmente estavam sempre juntos.
- Eu proponho um brinde a todos nós aqui reunidos. - era Marcos quem falava, com
um copo de vinho na mão.
Marcos é um jovem dos seus vinte e dois anos, adora fazer piadinhas o tempo todo,
conhecido, aliás, pelo seu senso de humor. Não muito alto, nem muito baixo, pele clara,
cabelos escuros. Todos têm mais ou menos a mesma altura, excluindo Daniel, um
moreno bem magro, vinte e oito anos, vivia de bem com a vida e com os outros, que
deveria ter 1,86m., e Aninha, de pele escura, dezoito anos, adorava se envolver em
questões polêmicas, com 1,77m. Os outros giravam em torno de 1,65m a 1,75m.
- Isso! Um brinde à nossa amizade. - dizia Aninha, levantando também seu copo.
Todos brindam. Thiago se põe de pé, já que estava sentado no tapete, e propõe levar
a aniversariante para fora e lhe dar um banho de champagne. Marcos pula da cadeira
empolgado.
-Isso aí! - e já vai levando Daiane pelo braço para a rua.
-Você me paga!!! - diz Daiane com um sorriso para Thiago.
Daiane é a mais nova da turma, que envolvia pessoas de diversas idades. Com
dezesseis anos, já era dona de um corpo bem definido, um sorriso lindo, cabelos
cacheados e olhos castanhos. Sorria muito, e isso cativava a todos ali, homens e
mulheres. Realmente era uma pessoa fantástica.
Thiago, seu namorado, parecia a própria encarnação da felicidade e da alegria.
Assim como Daniel, estava sempre de bem com a vida e com todo mundo. Dezoito anos,
cabelos pretos, olhos claros. Prezava muito a amizade dele com os outros, e dos outros
entre si.
Alberto, o irmão de Thiago, pega o outro braço de Daiane e vai levando ela,
juntamente com Marcos, para a rua. Todos o chamam de Juninho. Dezessete anos, adora
jogar futebol. Aonde tinha uma farra, lá estava também Juninho. Moreno, cabelos e
olhos pretos.
A porta da casa de Daniel, por ser no fundo, dava em um corredor longo, e esse
corredor desembocava na rua. Nesse corredor, antes de chegar na rua, ainda haviam dois
portões. Eles passam pelo corredor e chegam na rua, com Juninho e Marcos segurando o
braço de Daiane, Thiago atrás rindo muito, e Lilian com a garrafa de champagne na mão.
Os outros todos vinham atrás.
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Na frente da casa de Daniel havia uma praça, por sinal para onde levaram a
aniversariante. Sempre sendo segurada, Daiane gritava cada vez mais alto. Não por não
querer ser molhada, apenas por farra mesmo. Lilian vem por trás dela e vira a garrafa
lentamente na cabeça de Daiane. Depois, dá um grito bem alto e joga a garrafa para
cima. Juninho e Marcos soltam Daiane, que se recupera do banho.
Lilian, a prima de Aninha, tem vinte anos. Não era muito de fazer brincadeiras, mas
naquela noite ela estava mais animada, com certeza por causa da bebida. Uma morena
também, como a prima, mas um pouco mais magra, e gostava muito de namorar sem se
preocupar com compromissos. Lilian tinha um jeito de viver a vida bem interessante.
Todos riam bastante da situação. Daiane, inconformada, balançava os cabelos de um
lado para o outro. A farra fica melhor ainda quando China, sem motivo aparente, tropeça
e cai. Ana Banana dá a sua gargalhada característica, que impressionava a todos, mesmo
depois de a terem escutado muitas vezes. Realmente, era algo escandaloso.
Na verdade, seu nome era Ana Lúcia, mas como ficaria muito parecido com Ana
Maria, então uma ficou sendo Banana e a outra, Aninha. Banana era uma pessoa que
gostava muito de piadas sacanas. Era o ponto forte de sua personalidade, e ela divertia a
todos com isso. Banana era clara, tinha os cabelos pretos e vinte e três anos.
China também era apenas um apelido. Fernando o ganhou na oitava série, pois na
época ele tinha os olhos bem puxados. Depois que ficaram normais, o apelido continuou.
Dezenove anos, cabelos lisos, olhos pretos. Era o tipo de pessoa que realmente tinha a
sua opinião formada sobre tudo.
China se levanta do chão, dando uma explicação qualquer para o ocorrido, mas é
interrompido por Raquel.
- Olhem! Lá em cima.
Raquel, a prima de Thiago e Juninho, era uma moça com um corpo escultural. Era
cobiçada onde quer que fosse. Adorava farras, e gostava muito também de beber. Vinte e
um anos. Cabelos bem longos, loiros, olhos claros, estava sempre pronta para sair.
Diversão era sinônimo do seu nome.
A atenção de todos é voltada para uma pequena luz que se movia rapidamente no
céu. Por um instante, todos fazem silêncio. O que seria aquilo? Era estranho. Não é um
avião. Estranho. Raquel quebra novamente o silêncio:
- Uma estrela cadente. Daiane, faça um pedido.
Mesmo sem acreditar muito que era uma estrela cadente, Daiane fecha os olhos e faz
um pedido. Já era tarde, uma hora da manhã, e todos entram novamente na casa de
Daniel, para continuar a festa, que prometia não acabar tão cedo. Porém, algo naquela
luz no céu perturbava a todos no íntimo de cada um. E essa preocupação realmente não
era em vão, como eles mesmos haveriam de comprovar muito em breve.
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Thiago abre os olhos lentamente. Seu corpo está um pouco dolorido. A festa da noite
passada realmente tinha sido cansativa. Porém, divertida, isso ninguém podia questionar.
Ainda bem que seus pais estavam viajando, ou ele não poderia ter ficado até a hora que
ficou. Meio sonolento, ele se levanta, espreguiça os braços, dá um bocejo e se dirige até
o banheiro. Só então ele olha o relógio, descobrindo que já eram nada mais nada menos
do que quatro e meia da tarde. Thiago se assusta. Nunca havia dormido tanto. Tudo bem
que eles tinham saído da casa de Daniel às dez e meia da manhã de hoje, mas mesmo
assim era estranho o fato de trocar a noite pelo dia. Depois de lavar o rosto, Thiago
acorda seu irmão Juninho, que também faz o mesmo percurso. André, o irmão caçula de
Thiago e Juninho, não estava em casa.
Marcos também acaba de acordar. Seus dois irmãos, Luís e Carlos, estão na sala
assistindo televisão. Ele entra na sala e Luís faz uma crítica sobre ele estar acordando
naquele horário. Marcos finge que nem ouviu, passa por eles e vai para o banheiro. Ele já
estava acostumado a isso. Por ser o caçula de sua casa, era normal seus outros dois
irmãos sempre pegarem ele como bode expiatório para tudo. Esquecendo disso, Marcos
se lembra da estranha luz que tinham visto no céu a noite passada, e solta sua
imaginação, percorrendo os mais estranhos caminhos e possibilidades. Claro que
nenhuma chega perto do real ocorrido.
Cinco e quinze. Aninha não acredita que dormiu até agora. Impressionante. Ela que
sempre acorda cedo. Bom, pelo menos é uma prova de que a festa foi realmente
inesquecível. Ela escuta barulho de óleo fritando algo e se levanta. Vai até a cozinha e
encontra Lilian, sua prima, preparando alguns quibes para as duas.
- Até que enfim. Eu já ia acordar você.
- Ai, eu estou quebrada.
Aninha só fala isso, e vai até o banheiro jogar uma água no rosto. Lilian continua
fritando os quibes.
Cinco e meia. O telefone toca na casa de Daniel. Ele é acordado pelo terceiro toque.
Rola na cama, pensa em não atender. O telefone não pára de tocar. Daniel se levanta e
atende o telefone.
-Alô?
-Nossa, pelo visto você acabou de acordar. - era Raquel, que ligava para saber o que
eles iriam fazer naquela noite de sábado que iria se iniciar dali a pouco.
Raquel, faz o seguinte: eu vou só terminar de acordar, enquanto você liga
para o resto do pessoal e marca alguma coisa. Qualquer coisa, você me avisa.
Daniel desliga o telefone depois de despedir-se. Olha o relógio. Cinco e trinta e
quatro da tarde. Senta na cama, pensa em ir ao banheiro e acaba se deitando,
adormecendo novamente.
Seis da tarde, em ponto. Luís, o irmão de Marcos, se levanta do sofá e avisa que vai
sair. Sem dizer ao menos para onde, ele pega sua carteira e sai. Marcos se senta com
Carlos e vai assistir televisão também.
Daiane acorda. Não em sua casa, mas na casa de Banana. Ela dormiu lá porque seus
pais e seu irmão viajaram para São Paulo para comprar tecidos, pois sua mãe é
costureira. Para não ficar sozinha, ela resolveu passar a noite na casa de Banana. Esta já
está de pé.
-Estava esperando você acordar. Vem, vamos tomar café.
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Daiane se depara com uma mesa farta de bolinhos, salgadinhos e doces, sem falar
no leite e no café, claro. A vantagem de se dormir na casa de Banana era o café da
manhã. Ela estava realmente com fome, e se junta à Banana na mesa. Juntas, as duas
começam a tomar o café.
Seis e meia da tarde. Luís ainda não chegou em seu destino, apesar de já estar
bastante afastado de casa. Do bairro, até. Caminha sem parar. O sol já está se
escondendo. A noite começa a chegar.
Já estou chegando. Tenho certeza de que aquilo não era uma estrela cadente.
Aliás, não se parece com nada que eu já tenha visto ou ouvido falar.
Luís pensava naquela luz da noite passada, que ele também havia visto. Ele se
interessava muito por astrologia, e observava bastante as estrelas. Por isso, seu interesse
em investigar mais de perto.
- É por aqui.
Bem afastado de tudo, Luís se embrenha em um caminho bem estreito no meio de
um bosque. Ele tinha a sensação de estar chegando cada vez mais perto. E estava certo.
Luís percebe, bem na sua frente, uma movimentação no meio do capim. Algo estava lá.
Luís pára instintivamente. Espere. Não estava somente na sua frente. Atrás também. E
dos lados. Está cercado. Luís está assustado. Então, ele olha para baixo.
Nada em sua vida tinha sido mais apavorante. Um monstrinho de uns cinqüenta
centímetros, com patas minúsculas, barriga grande redonda, e mãos pequenas também.
Nas patas e nas mãos, ele tinha três garras que mais pareciam navalhas de tão afiadas. A
cabeça também grande e redonda, porém menor que a barriga. A boca repleta de dentes
pequenos e afiados, como os do tubarão. Pêlos grotescos cobriam todo o corpo dessa
criatura. Um olhar feroz e sinistro, e um grunhido animalesco foram a última coisa que
Luís pôde constatar. A criatura pula em sua perna e, com uma mordida, arranca um
pedaço da coxa de Luís. O rapaz grita de dor e de medo, e cai no chão, segurando a
perna. A criatura avança em sua mão e rasga seu pulso com os dentes. O sangue jorrava
em abundância. Luís gritava muito, mas ele estava em um local bastante afastado, e
ninguém poderia ouvi-lo dali.
De repente, Luís descobre que aquela criatura não estava só. Centenas e centenas
de outras criaturas apareciam do meio do mato, como que sentindo o cheiro de morte no
ar. Luís sabia que não teria mais chance. Iria morrer. As criaturas pulam em sua vítima,
mordendo e rasgando e dilacerando. Agora, só se podia ver um esqueleto banhado de
sangue, e alguns ossos partidos, por causa das violentas mordidas que as criaturas
aplicavam.
Como que sabendo que na cidade havia muito mais carne como aquela, as criaturas
começam a se dirigir para lá.
Eram sete horas da noite.
Aninha terminava de comer o último quibe, ao mesmo tempo que o filme na
televisão também acabava. Lilian comenta que não ficaram muito bons, e Aninha diz que
ficaram deliciosos. Lilian se levanta e diz que vai ligar para alguém para fazer alguma
coisa.
O telefone toca na casa de Thiago. Juninho atende. É Lilian, querendo fazer
alguma coisa que não seja ficar em casa naquela noite de sábado. Juninho diz que Raquel
havia acabado de ligar pelo mesmo motivo, e eles haviam marcado justamente de ir para
o Festival de Sorvetes que iria acontecer na cidade naquela noite, às dez horas. Lilian
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acha a idéia ótima, e diz que ela irá avisar as garotas, e Juninho fica de avisar os rapazes.
Tudo combinado, ambos desligam o telefone.
Juninho chama Thiago e lhe fala do Festival de Sorvetes, o que ele acha bem
divertido. Juninho então vai tomar banho e Thiago vai terminar de comer o sanduíche
que ele tinha preparado, para depois ligar para o pessoal convidando a todos para mais
uma noite de farra e diversão.
Banana termina de tomar seu café e avisa Daiane para ficar à vontade e se sentir
em casa, que ela iria dormir mais um pouco, pois estava muito cansada, e se alguém
ligasse chamando para fazer alguma coisa, que poderia acordá-la, pois ela conhecia bem
os amigos que tinha, e sabia que eles não deixariam um sábado passar em branco por
nada. Daiane diz que vai ficar ouvindo música na sala, e qualquer coisa, acordaria
Banana. Então, depois de limpar a mesa, Banana vai para seu quarto e Daiane para a
sala.
China está em sua casa, sozinho. Já pensou inúmeras vezes em ligar para alguém e
marcar algo, mas se lembra todas as vezes que seu telefone está cortado. Ele só recebe
ligações, mas não pode ligar para ninguém. Chateado, ele tenta se conformar com o
filme ridículo que está passando na televisão. Realmente, os filmes de hoje em dia não
prestam mesmo. Seus pensamentos são interrompidos pelo toque do telefone.
Empolgado, ele corre e atende. É Ana Alessandra, ligando para saber o que China estava
fazendo. Não só ela, como também sua irmã Adriana e sua prima Elcieide. Elas não
saíam muito com a turma toda, mas sempre que podiam, lá estavam as três marcando
presença. Como hoje. China diz que não estava fazendo nada e queria sair um pouco.
Ana Alessandra então convida China para ir até sua casa, pois elas estavam começando
um churrasco. China nem pensa duas vezes, e avisa que em meia hora, no máximo,
estaria chegando na casa delas. China desliga o telefone e vai se arrumar para ir até a
casa das três.
Falando nelas, demos um pulinho até lá para ver como está o clima.
Ana Alessandra mal desliga o telefone, recebe uma almofadada no rosto desferido
por Adriana. Entendendo o recado, ela pega outra almofada e joga na cabeça de Elcieide.
E a sala vira a maior algazarra, com almofadas e risos fazendo o ambiente.
Adriana tinha dezessete anos, morena, inteligente e brincalhona. Sacava um pouco
de todos os assuntos. Sua irmã Ana Alessandra era a mais velha das três, com vinte e três
anos. Alta, morena também, era muito trabalhadora. Ponderava muito a situação antes de
tomar qualquer decisão. Elcieide, a prima das duas, também dezessete anos, tinha uma
personalidade, digamos, meio rebelde. Adorava dançar, sair, se divertir, namorar. Não
pensava muito nas conseqüências dos seus atos, ao contrário de sua prima Ana
Alessandra.
Esta se joga no sofá, dando por terminada a farra de almofadas. Adriana vai montar
a churrasqueira e Elcieide se senta com Ana Alessandra. Elci, como todos a chamam,
pergunta por Aédson, o irmão de Ana Alessandra e Adriana, que também morava com as
três. Ela diz que ele está na casa da namorada dele, Luciana.
Na casa de Luciana, esta e Aédson estão na sala assistindo a um filme que eles
haviam alugado. A janela estava aberta. Luciana morava praticamente sozinha na parte
inferior do sobrado que era sua casa, pois seus pais passavam a maior parte do tempo em
uma chácara que eles possuíam, e na parte superior do sobrado moravam seu irmão
Wesley e sua esposa Rosângela. Eles estavam ensaiando uma música nova, pois Wesley
tocava teclado e Rosângela, violão, e ambos cantavam.
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Luciana é uma jovem de vinte anos, baixa, loira, magra. Gostava de estar sempre
dentro da moda, usava apenas roupas de estilo. Aédson, seu namorado, vinte e cinco
anos, moreno, alto, uma pessoa séria. Adorava tocar violão. O irmão de Luciana,
Wesley, tinha vinte e seis anos, estatura normal, cabelos e olhos pretos. Era viciado em
cinema. Sua esposa, Rosângela, também vinte e seis, estava sempre com um sorriso no
rosto. O tipo de pessoa difícil de se imaginar triste. Cabelos cacheados longos, usava
óculos e era dona de uma voz maravilhosa.
Aédson se levanta e diz que vai até a cozinha beber água. Luciana pede um copo
também. Assim que Aédson some no corredor, o telefone toca. Luciana atende. Ana
Alessandra convidava os dois para irem até a casa dela, por causa do churrasco que elas
estavam fazendo. Luciana se empolga com a idéia, e promete que eles chegariam lá
assim que terminassem de assistir o filme.
Ao mesmo tempo, Aédson pega dois copos e abre a geladeira. Ele nota que a janela
da cozinha também estava aberta. Começa a colocar a água em um dos copos. Pára de
repente. O que era aquilo em cima da janela? Parece que está se mexendo. Aédson se
aproxima mais da janela. Mas afinal o que...
Uma criatura pula violentamente em Aédson, cravando fundo seus dentes no
pescoço do namorado de Luciana. Morte instantânea. Sem gritos. Sem dor. Aédson cai
no chão, morto, e a criatura pode devorar tranqüilamente sua vítima, e é o que ela faz,
com violentas investidas sobre a carne morta de Aédson. Mais sombras se movem na
janela da cozinha.
Luciana escuta o barulho dos copos que estavam na mão de Aédson se quebrando,
ao mesmo tempo em que ela desliga o telefone. A jovem nem tem tempo de pensar
qualquer coisa. Sua gata passa pela sala miando alto, e em uma velocidade espantosa.
Com os olhos arregalados, ela vê aparecer na porta que leva ao corredor, duas criaturas.
De suas bocas escorria sangue. Uma terceira aparece, trazendo presa na boca a mão de
Aédson. Luciana começa a andar para trás lentamente, em direção à porta, com muito
medo, ainda não acreditando no que estava vendo.
Uma violenta mordida em seu calcanhar arranca da garota um profundo grito, e a
faz olhar para seu pé. Uma quarta criatura, chegando por trás, a mordia, e puxava sua
carne com os dentes. Luciana, chorando e gritando sem cessar, balançava com força o
pé, tentando se livrar do monstro. Mas a criatura consegue arrancar um pedaço do pé da
moça, desfigurando-o. Mancando, Luciana abre a porta do banheiro e se tranca lá dentro,
bem a tempo de escapar de outro ataque da criatura que dilacerou seu pé. Ela se senta no
chão, chorando, e só então percebe quão sério era seu ferimento. O sangue já cobria todo
o piso do banheiro. Para Luciana, não restava mais nada a não ser esperar. E rezar por
um milagre, pois cinco criaturas mordiam vorazmente a porta do banheiro, tentando
entrar e devorar mais e mais carne humana.
As criaturas haviam chegado na cidade.
Eram sete e meia da noite.
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Adriano Luiz Gomes