B12 Economia
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O ESTADO DE S. PAULO
DOMINGO, 15 DE JANEIRO DE 2012
Reportagem Especial ✽
● Importância
O Brasil é hoje o terceiro mercado
mundial de microcomputadores,
depois da China e dos Estados Unidos.
O Brasil que inova
FOTOS RENATO CRUZ/AE
Tecnologia. A HT Micron fabrica semicondutores em São Leopoldo (RS) e planeja produzir outros tipos de processadores em nova unidade, com investimentos de US$ 200 milhões em 5 anos
NO RIO GRANDE DO
SUL, O DESAFIO DE
PRODUZIR CHIPS
A HT Micron, joint venture entre uma empresa brasileira
e outra sul-coreana, constrói fábrica de processadores
Pesquisa. ‘Estamos nesse projeto há anos’, diz Ricardo Felizzola, da Parit
Renato Cruz / TEXTOS E FOTOS
ENVIADO ESPECIAL / SÃO LEOPOLDO (RS)
O
s semicondutores
são o ponto fraco da
indústria brasileira
de alta tecnologia. A
produçãolocalémuito limitada. No ano
passado, foram importados US$ 5,1
bilhõesemsemicondutores,umcrescimento de 14% sobre 2010. Com o
avançodosmercados decomputadores e de celulares, e com a eletrônica
sendo embarcada nos mais diversos
tipos de equipamentos, a tendência é
que essa conta só venha a aumentar.
Em São Leopoldo, município da
Grande Porto Alegre, a HT Micron
resolveu atacar esse problema. Joint
venture entre a brasileira Parit e sulcoreana Hana Micron, a empresa já
tem uma linha de produção de chips
para celular, e constrói uma sede no
Tecnosinos,parquetecnológicodaUnisinos. A ideia é produzir outros tipos de
processadores, como chips de memória, concorrendo com a Smart Modular
Technologies, que tem a única fábrica
do País a produzir chips de memória,
localizada em Atibaia, no interior de
São Paulo.
Tanto a HT Micron quanto a Smart
fazem o encapsulamento dos chips, que
é a fase final da produção dos componentes. O wafer de silício, do qual os
processadoressão retirados,são importados. Não existe no Brasil quem fabriqueesseswafers,etapamaiscaranaprodução dos chips. Enquanto o investimento numa fábrica de encapsulamento está na casa das centenas de milhões
de dólares, uma fábrica de wafers exigiria alguns bilhões.
“Estamos neste projeto há dois
anos”, afirmou Ricardo Felizzola, presidente da Parit, uma holding que, além
da HT Micron, está no controle da Altus
Série apresenta polos
de tecnologia no País
● A série “O Brasil que inova” começou
na semana passada, com reportagens
sobre os polos de alta tecnologia de
Campinas e São José dos Campos (SP).
Nesta semana, apresenta o Tecnopuc e
o Tecnosinos, parques tecnológicos da
Grande Porto Alegre. Na semana que
vem, Recife e Belo Horizonte fecham a
série. O Porto Digital, do Recife, é referência nacional em software e Belo Horizonte, além de abrigar o laboratório do
Google, é um centro de biotecnologia.
DEMANDA
l Importações de semicondutores
5,5
5,1
US$
bilhões
4,5
3,5
2,5
1,5
2002
FONTE: ABINEE
(que atua no setor de automação) e da
Teikon(quefabricaeletrônicosparaterceiros). “A Hana Micro chegou até nós
pela Teikon. Já fabricamos módulos de
ga30pessoas.Nomêspassado, aempresa aguardava a homologação dos seus
produtos por fabricantes de sim cards,
os cartõezinhos com chips para telefones celulares.
Os planos da empresa preveem o investimentode US$ 200 milhões em cinco anos. A fábrica deve empregar cerca
de 800 pessoas nessa primeira fase, e
ficar pronta até o fim do ano. A tecnologia vem do parceiro sul-coreano, e os
chips de memória poderão ser usados
nos módulos produzidos pela Teikon.
O objetivo da HT Micron é faturar R$ 1
bilhão até 2015.
2011
INFOGRÁFICO/AE
memória na Teikon.” Os módulos são
as placas com os chips.
Nessa fase pré-operacional, com uma
salalimpapequena,aHTMicronempre-
Andretta. “Mas estou pensando em outra marca, talvez Riwa Beauty, para não
se confundir com as lâmpadas.”
DA LÂMPADA DE LED
À CHAPINHA PARA
USAR NO CARRO
PORTO ALEGRE
Luciano Link Andretta, engenheiro
de 37 anos que fundou a Riwa Soluções Eletrônicas, gosta mesmo é de
desenvolver produtos. Ele criou uma
lâmpada de nanoleds para iluminação pública, que promete redução de
80% no consumo de energia elétrica.
A cidade de Campo Bom, no Rio
Grande do Sul, está usando 60 delas.
O nanoled tem menos de um milímetro, comparado a cinco milímetros do led normal. “A lâmpada eletrônica tem um custo de 30% a 40%
maior, mas dura de sete a oito vezes
mais”, explicou Andretta. “Dá para
recuperar o investimento em seis meses, com a redução de consumo.”
A produção das lâmpadas começou
há seis meses, e existem 100 peças em
teste. Apesar de mais cara que a lâmpada convencional de iluminação pública,
o diretor da Riwa promete entregar seu
produto pela metade dos R$ 2 mil que
costumam custar os similares de grandes fabricantes multinacionais.
“Sou competidor, mas também sou
cliente desses fabricantes”, disse Andretta.“Naminhalâmpada, uso componentes da Philips e da Osram. O chip é
da GE.” A linha de produção montada
por Andretta tem capacidade de produzir 400 unidades por dia. A fábrica está
Esforço. Faz alguns anos que o governotentaatrairfábricasdesemicondutores para o Brasil. Mas sem muito sucesso. Quando o sistema japonês foi escolhido para a TV digital brasileira, em
2006, chegou a ser anunciada que viria
uma fábrica de semicondutores para o
Brasil, mas o acordo assinado nunca in-
Iluminação. O engenheiro também
Inovação. Luciano Andretta, diretor da Riwa: muitas ideias de produtos
em Gravataí (RS), mas o escritório da
empresa está instalado no Tecnopuc,
parque tecnológico da Pontifícia Universidade Católica, em Porto Alegre.
O engenheiro tem muitas ideias de
produtos. Vendo os copos térmicos que
podem ser ligados no conector de energia do carro, ele criou uma chapinha para cabelos que também pode. “Vamos
lançar a chapinha em março”, contou
criouumalâmpadadeledsparaomercado residencial. “Existe muito produto
chinês, de baixa qualidade, no mercado”, disse o empreendedor.
Diferentemente da lâmpada incandescente, em que a luz se propaga em
todas as direções, o led cria um feixe de
luz. Para resolver isso, Andretta criou
uma peça oval de plástico, com várias
aberturas em que os leds são encaixados, iluminando o ambiente em todas
asdireções.Osprodutospiratasnormalmente não têm esse cuidado. As opções
degrandesfabricantes,queresolvemesse problema, são muito caras.
Para o empreendedor, é importante
estar no Tecnopuc: “Se tenho alguma
dúvida, vou até a biblioteca e resolvo na
hora. Se preciso falar com um professor
e tiver dificuldade de marcar uma conversa, posso ir atrás dele no restaurante”.
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NO RIO GRANDE DO SUL, O DESAFIO DE PRODUZIR CHIPS