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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Instituto de Ciências Humanas
Departamento de Museologia e Conservação e Restauro
Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Móveis
Estratégias para Iluminação dos Bens Culturais e os Dilemas
do Conservador-Restaurador: a Conciliação entre a
Visualização e a Preservação.
Ricardo Jaekel dos Santos
Pelotas, 2011
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Instituto de Ciências Humanas
Departamento de Museologia e Conservação e Restauro
Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Móveis
Estratégias para Iluminação dos Bens Culturais e os Dilemas
do Conservador-Restaurador: a Conciliação entre a
Visualização e a Preservação.
Ricardo Jaekel dos Santos
Trabalho acadêmico apresentado ao
Curso Conservação e Restauro de Bens
Culturais Móveis da Universidade Federal
de Pelotas, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Conservação e Restauro de Bens
Culturais Móveis.
Pelotas, 2011
3
Banca Examinadora:
____________________________________________
Prof. Me Silvana Bojanoski (UFPEL, Banca)
____________________________________________
Prof. Me Roberto Heiden (UFPEL/Orientadora)
4
Agradecimentos
Agradeço primeiramente à Universidade Federal de Pelotas, por possibilitar meu
retorno à vida acadêmica.
Ao Curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis, pela formação
consistente.
Ao Prof. Ms. Roberto Heiden, pela inteligente e competente orientação e pela
confiança por ter me aceito para o desenvolvimento de um tema tão complexo e
inovador.
À Profa. Ms. Andrea Bachettini, por me incentivar na execução de cursos de
aperfeiçoamento fora de nossa cidade, colaborando valiosa e discretamente na coorientação.
Ao Prof. Dr. Jaime Mujica Sallés, por acreditar e auxiliar meus experimentos e minhas
teorias, empenhando-se com disponibilidade de bibliografia e assim provendo com
segurança na co-orientação.
Aos servidores do Curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis pela
paciência e simpatia no dia-à-dia.
Aos meus colegas do Curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis:
Isabel, Fabiana, Fábio, Dudu, Michele, Consuelo, Andressa, Nathalia, Angela, João e
Silvana pela convivência e tolerância.
Às minhas queridas amigas de confições: Karen, Veronica e Mara pelo carinho como
fui acolhido, por nossas afinidades e pelo respeito, mesmo nas horas mais difíceis.
Ao meu filho amado Heric, responsável pelo meu empenho, um amigo paciente e
motivador.
A toda a minha família, por te me aguentado e compreendido a razão do estresse
acadêmico assim como motivado a prosseguir.
Um agradecimento especial a meu irmão Fioravante por sua insistência em meu
retorno aos estudos. “Tinhas toda a razão e por que não dizer ainda tens”
Também um agradecimento com todo carinho a amiga e namorada Cristine Jaques
Ribeiro, por acreditar e me fazer acreditar que era possível.
E por fim, aos meus pais, que, embora hoje falecidos, merecem minha dedicatória.
5
Não devemos exigir que a ciência nos revele a
“verdade”. Num sentido corrente a palavra verdade é
uma concepção muito vasta e indefinida.
Albert Einstein
6
Resumo
SANTOS, Ricardo Jaekel. Estratégias para iluminação dos Bens Culturais e os
Dilemas do Conservador-restaurador: a conciliação entre a visualização e a
preservação. 2011. 61 fls. Monografia – Curso de Bacharelado em Conservação e
Restauro da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS.
Este trabalho apresenta os resultados de estudos sobre conservação preventiva,
tendo como foco a iluminação, que se trata de um fator indispensável para a
visualização de objetos em exposição, entretanto, é também a luz um dos principais
fatores de degradação dos objetos. Os estudos objetivaram a descrição das mais
adequadas formas de se pensar a iluminação dos bens culturais, considerando
critérios de sustentabilidade, conservação preventiva e de economia, sem que as
soluções apresentadas pudessem comprometer o acesso e a visualização aos bens
culturais. Para tanto, foram abordados os seguintes temas: os tipos de radiação
encontradas nas lâmpadas, a luminotécnica, os aspectos ecológicos e sociais
relacionados a iluminação de acervos culturais. Também foram realizados testes de
envelhecimento acelerado, que objetivaram investigar os aspectos positivos e
negativos de diferentes tecnologias de iluminação, considerando os critérios de
conservação e de visualidade. As lâmpadas em LED, nesta pesquisa, aparecem como
recurso que apresenta muitos fatores positivos para a iluminação de bens culturais.
Palavras-chave: Conservação Preventiva. Iluminação. Luminotécnica. Visualização.
Sustentabilidade.
7
Resumo
SANTOS, Ricardo Jaekel. Estratégias para iluminação dos Bens Culturais e os
Dilemas do Conservador-restaurador: a conciliação entre a visualização e a
preservação. 2011. 61 fls. Monografia – Curso de Bacharelado em Conservação e
Restauro da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS.
This paper presents the results of studies on preventive conservation, focusing on
lighting, it is an indispensable factor for the display of objects on display, however, the
light is also a major factor in degradation of the objects. Thus, studies aimed at
describing the most appropriate ways of thinking of cultural enlightenment, considering
sustainability criteria, preventive conservation and economy without the solutions
presented could compromise access to cultural and visualization. For this, we covered
the following topics: types of radiation found in the bulbs, the lighting, the ecological
and social aspects related to lighting cultural patrimony. Were also conducted
accelerated aging tests, which aimed to investigate the positive and negative aspects
of different lighting technologies, considering the criteria for conservation and visuality.
The LED bulbs in this research, appear as a solution that has many positive factors for
the illumination of cultural.
Keywords:
Sustainability.
Preventive
Conservation.
Lighting.
Illumination.
Visualization.
8
Lista de figuras
Figura 1: Espectro eletromagnético. ........................................................................................ 20
Figura 2: Tecido de cor azul desbotou, fragilizou e rasgou. ..................................................... 23
Figura 3: Camada pictórica com craquelê................................................................................ 23
Figura 4: Iluminação de vitrine com dicróicas embutidas em seu interior. ................................ 27
Figura 5: Iluminação de vitrines utilizando lampadas com temperatura de cor mais alta........... 27
Figura 6: Iluminação focalizada e realizada no Museu de Artes Leopoldo Gotuzo (MALG) ...... 28
Figura 7: Iluminação focalizada e de vitrines (insuficiente para circulação) .............................. 28
Figura 8: Iluminação zenital, com luz refletida ........................................................................ 29
Figura 9: Iluminação zenital com luz refletida .......................................................................... 29
Figura 10: Foto de tabela de eficiência luminosa. .................................................................... 34
Figura 11: Imagem obra de August Renoir. ............................................................................. 36
Figura 12: Exemplos de temperatura de cor. ........................................................................... 38
Figura 13: A partir da direita, LED, fluorescente e dicróica. ...................................................... 46
Figura 14: Luminária canhão. .................................................................................................. 47
Figura 15: Imagem interna da estrutura. .................................................................................. 48
Figura 16: Estrutura montada sobre o tecido de chita. ............................................................. 49
Figura 17: Tecido Chita. .......................................................................................................... 50
Figura 18: Time programado para ligar e desligar automaticamente. ....................................... 50
Figura 19: Medição de lux/h. ................................................................................................... 51
Figura 20: Estrutura montada sobre o jornal. ........................................................................... 52
Figura 21: Tecido após o teste. ............................................................................................... 53
Figura 22: Jornal com as três sessõesdemarcadas. ................................................................ 53
Figura 23:detalhe da sessão correspondente a lâmpada dicróica. ........................................... 54
Figura 24: Verso da folha utilizada no experimento. ................................................................ 54
9
Lista de tabelas
Tabela 1: Índices de emissão de UV em lâmpadas incandescentes, fluorescentes e luz natural.
............................................................................................................................................... 21
Tabela 2:normas de iluminância estipulada pela ABNT. .......................................................... 24
Tabela 3:normas de iluminância máxima anual, estipulada pelo ICOM e IES .......................... 24
Tabela 4:Normas de iluminância máxima anual estipulada pelo IESNA ................................... 25
Tabela 5: normas de sensibilidade a iluminância e radiação UV, fornecidas por National
GalleryTecnical. ...................................................................................................................... 25
Tabela 6: Percentuais de reflexão de cores. ............................................................................ 37
Lista de abreviaturas e siglas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRACOR – Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores
ACOR-RS - Asssociação de Conservadores e Restauradores do Rio Grande do Sul
ICC- Instituto Canadense de Conservação
ICOM – The International Council of Museuuns
IESNA – EUA – Iluminating Engimeering Society of North America
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IES – International Education Society
IR – Infra Red
IRC – Índice de reprodução de cor
LED – Light Emitting Diodes
MALG – Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo
NBR – Normas Brasileiras
ONU – Organização das Nações Unidas
PVC –Cloreto de polivinila
RGB – Red, Green, Blue
TC – Temperatura de cor
UFPEL – Universidade Federal de Pelotas
UV – Ultra violeta
10
Sumário
Resumo ....................................................................................................................... 6
Introdução ................................................................................................................. 11
Capítulo 1 – A conservação responsável ................................................................ 16
1.1
1.2
1.3
Sobre a conservação preventiva.............................................................. 16
Os fatores de degradação ....................................................................... 17
A iluminação para conservação ............................................................... 19
Capítulo 2 - O dilema do conservador-restaurador frente à escolha das
lâmpadas. .................................................................................................................. 31
2.1
2.1.1
2.1.2
2.1.3
2.1.4
2.2
Luminotécnica ......................................................................................... 32
A Eficiência luminosa............................................................................... 33
Vida útil das lâmpadas............................................................................. 35
Índice de Reprodução de cor (IRC) ......................................................... 36
Temperatura de Cor (TC) ........................................................................ 38
Aspectos sociais e econômicos ............................................................... 39
Capitulo 3 - Experimentos práticos ......................................................................... 45
3.1
3.2
Procedimentos para a execução do envelhecimento acelerado............... 45
Avaliações dos resultados ....................................................................... 52
Conclusão ................................................................................................................. 56
Referências ............................................................................................................... 59
11
Introdução
Ao longo dos últimos quinze anos desenvolvi uma série de práticas e
experiências como profissional autônomo, envolvido com a iluminação de vitrines
comerciais, trabalhos com redes elétricas, montagem e manutenção de sistemas
elétricos. Nesta experiência vivenciada, pude perceber, por exemplo, a degradação
dos objetos expostos, com destaque para aqueles coloridos ou de origem orgânica.
Desta forma, a motivação inicial para a realização deste trabalho, foi a busca
por aproximação entre os conhecimentos práticos adquiridos no trabalho com as
questões discutidas ao longo de minha formação acadêmica no Curso Conservação e
Restauro de Bens Culturais Móveis da UFPEL. Neste período, os anos de estudo
apontaram de forma recorrente, dentre outros aspectos importantes da área em
formação, a importância da conservação preventiva dos bens culturais, onde,
tradicionalmente, existe a preocupação com a preservação e com a sistematização de
estratégias que potencializem esta preservação.
Dentre os diferentes fatores que interferem na conservação dos bens
culturais, a iluminação é um dos fatores de maior relevância. No entanto, no que pese
a importância das questões da iluminação nas ações de conservação preventiva, não
há maiores estudos ou pesquisas nesta área, sendo levados a cabo em nosso país.
O ser humano tradicionalmente procura preservar sua memória armazenando
fotos, documentos e quaisquer objetos que possam servir como fonte de informação
para as gerações futuras. Contudo, para a salvaguarda destas informações, é
necessário minimizar a degeneração causada pelo tempo.
O reconhecimento de que a prevenção é anterior a restauração, começou a
ser difundido no início do século XX por diferentes teóricos. Os preceitos brandianos1,
já como conseqüência dos movimentos do início do século XX, reafirmaram a
importância da “restauração preventiva”, termo utilizado por este autor, porém, que se
refere a própria conservação preventiva. Posteriormente, em maio de 1964, com a
publicação da carta de Veneza, o termo conservação passa a ser amplamente
trabalhado, antes de tudo, como uma “manutenção permanente”.
A pertinência na contemporaneidade das questões de conservação
preventiva é confirmada através de sua recorrência em fóruns de discussão na área
de conservação e restauro, e está, diretamente relacionada aos preceitos éticos da
1
Publicados em BRANDI, Teoria da Restauração- Artes&Ofícios (2004), 260p.
12
profissão do conservador-restaurador2. Neste sentido, o código de ética deste
profissional3 descreve: “Por conservação preventiva designamos o conjunto das ações
não-interventivas que visam prevenir e/ou retardar os danos sofridos minimizando o
processo de degradação dos bens culturais”.
Também em relação à conservação preventiva, Salvador Muños Viñas (2003,
p. 23) fala que:
A conservação preventiva inclui exclusivamente aquelas atividades de
conservação em que não se intervêm diretamente naquilo que se conserva e sim
sobre as circunstâncias ambientais.
Nesta perspectiva teórica, este trabalho se desenvolve a partir de um destes
fatores ambientais: a luz. Segundo Moya e Ferrer (2004, p.386) a luz é responsável
por rupturas moleculares que provocam alterações como desbotamento ou
descoloração até alterações mecânicas (fragilidade). Estas alterações são causadas
em função de que a luz é uma forma de energia a que se chama de radiação.
As radiações existem tanto na forma visível, quanto na forma invisível, e
atuam de forma cumulativa, ou seja, o resultado final dos danos provocados por ela
será o mesmo se a intensidade for pouca e o tempo em exposição longo ou viceversa4.
Conforme Michalski (2009) o dilema fundamental da iluminação – visibilidade
versus vulnerabilidade - é hoje assim como no passado, um desafio para os
conservadores. A exposição dos bens culturais deve ter uma luz apropriada para a
visualização, e reproduzir com fidelidade as cores próprias dos objetos, seus
contrastes e, por outro lado, não danificar as características fundamentais destes
objetos.
Atualmente os museus costumam utilizar principalmente dois tipos de
lâmpadas para a iluminação de seus acervos. São elas: as incandescentes 5 e as
fluorescentes6. Elas são utilizadas para a iluminação geral, que preenche todo espaço
2
Eventos organizados principalmente pelas Associações de Classe e Órgãos Governamentais. A
Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores (ABRACOR) disponibiliza os anais dos seus
congressos pelo site: http://www.abracor.com.br/novosite/
3
Disponível em: http://www.aber.org.br, acessado em 14/11/2011
4
CHENIAUX, VIOLETA. Subsídios técnicos para a conservação preventiva. Anais do Museu Histórico
Nacional, 1996, vol.28, p.120
5
Lâmpada incandescente resulta do aquecimento de um filamento em gás argônio até um valor capaz de
produzir irradiação na proporção visível do espectro luminoso ( entre 380 e 780 nm). Manual
luminotécnico OSRAM
6
Lâmpada fluorescente produz luz devido à excitação de um gás (com a passagem de corrente elétrica)
contida entre dois eletrodos. Manual luminotécnico OSRAM
13
do ambiente de exposição e, também, para o direcionamento do fluxo luminoso, ou
como foco pontual de luz, destacando determinado objeto, ou aspectos do mesmo.
As lâmpadas incandescentes, devido a sua constituição, são responsáveis
por emanar calor na forma de raios infravermelho (IR) 7, enquanto as fluorescentes
emitem raios ultravioleta (UV)8. Contudo, um novo avanço tecnológico em lâmpadas
sugere uma revisão nas tradicionais formas de iluminação. A luz produzida por LED9
promete ocupar destaque no campo da conservação, pois, segundo os estudos mais
recentes, esta tecnologia tem mínima emissão de raios UV e IR, como dito,
identificados como fatores que degradam objetos.
Outro aspecto que é relevante para o Conservador-restaurador e que também
está citado no código de ética do profissional (2005,p.3), é a recomendação para a
utilização de equipamentos que não causem danos ao meio ambiente e aos seres
vivos.
Pode-se compreender a partir destes marcos teóricos, que uma correta
iluminação, que não seja agressiva aos bens culturais, e que permita a economia de
energia, sendo constituída por materiais oriundos de métodos de produção pautados
no desenvolvimento sustentável, como algo altamente desejável.
Neste sentido, o presente trabalho objetivou desenvolver uma reflexão
pautada em uma ampla discussão sobre os benefícios da iluminação com lâmpadas
de LED em acervos de valor cultural, considerando que, estas lâmpadas,
provavelmente, têm características favoráveis à conservação e ao desenvolvimento
sustentável.
É neste sentido que se constitui o problema central desta pesquisa, que é:
qual é o potencial e a adequação do uso de lâmpadas LED, em ambientes de
exposição, considerando os princípios citados de conservação e de sustentabilidade?
Desta maneira, o objetivo principal deste trabalho é investigar as
potencialidades da iluminação com LED na conservação de bens culturais. Pretendese, com isso, colaborar para um maior conhecimento sobre a iluminação e seus
impactos em relação à conservação dos bens culturais, considerando, também,
questões de sustentabilidade.
Os objetivos específicos desta pesquisa são:
7
Raios infravermelho encontram-se acima de 780nm na escala do espectro eletromagnético, e não visível
ao olho humano
8
Raios ultravioleta encontram-se entre 150 e 380nm na escala do espectro eletromagnético, e não visível
ao olho humano
9
Emissão de luz por diodo
14
- Colaborar para o campo da conservação preventiva apresentando
informações mais específicas sobre a correta iluminação dos bens culturais, os
aspectos que envolvem a iluminação com a conservação e o uso sustentável das
tecnologias de iluminação aplicadas a conservação;
– Descrever as questões específicas da luminotécnica, de forma a
compreender seus impactos no campo da preservação, considerando, também, os
aspectos sociais envolvidos.
– Realizar testes e análises de modo a mensurar o impacto de diferentes
tecnologias de iluminação sobre objetos, para compreender quais são as mais
recomendáveis.
Desta maneira, ao atingirmos estes objetivos, espera-se que o trabalho atinja
também a sua meta principal, que é comprovar a adequação ou não da utilização das
lâmpadas de LED aos princípios de conservação preventiva, da boa visualização e de
sustentabilidade.
Espera-se também que este trabalho de pesquisa promova um debate em
relação à iluminação utilizada em exposições e promova um maior conhecimento dos
danos causados pela mesma. Além disso, objetiva-se difundir as novas tecnologias
existentes no campo da iluminação. A importância do assunto fica evidenciada nas
seguintes constatações:
- Uma tecnologia cada vez mais explorada, como os LEDs, encontra-se
pouco conhecida no campo da conservação. As poucas informações se referem
geralmente ao seu alto custo inicial. Acreditamos no potencial da radiação emitida
pelos LEDs e nas suas vantagens para a redução de danos a acervos, pois, as
tecnologias mais utilizadas em ambientes de exposição, tais como já mencionado, as
lâmpadas fluorescentes e incandescentes, não atendem satisfatoriamente a estes
critérios.
- Os índices de iluminação destas duas tecnologias não suprem as
necessidades adequadas de visualização, com obediência e adequação entre índices
desejáveis de visualização conjugados a parâmetros adequados de conservação, o
que fere os princípios regidos pelas teorias de conservação e restauro vigentes.
Este trabalho esta estruturado em três partes, conforme o que segue.
O primeiro capítulo apresenta conceitos luminotécnicos relacionados a
iluminação com lâmpadas fluorescentes e incandescentes. O capítulo fala sobre a
radiação emitida por estes equipamentos, os danos e os custos provocados, bem
como de resultados das mesmas e o uso sustentável das tecnologias de iluminação
aplicadas à conservação.
15
O segundo capítulo aborda também os conceitos de conservação preventiva
e fatores de degradação, porém, tendo como foco de discussão as potencialidades do
uso das lâmpadas de LED, e suas principais características, considerando, também,
os aspectos sociais envolvidos.
O terceiro capítulo abarca a comparação entre os três tipos de lâmpadas
analisados ao longo dos capítulos anteriores. Para tanto, faz-se o relato de
experimentos realizados que nos permitem em parte mensurarmos os impactos do uso
destas tecnologias para a iluminação de acervos, objetivando avaliar os resultados
obtidos e apontarmos aqueles que, de forma mais adequada, estejam em consonância
com os marcos teóricos adotados.
Por fim, apresenta-se a conclusão, que aponta aspectos importantes sobre a
utilização das lâmpadas de LED para a iluminação de acervos culturais.
16
Capítulo 1 – A conservação responsável
A conservação deve estar pautada em práticas conscientes. Assim sendo,
entende-se por necessário que o conservador-restaurador busque o máximo de
informações pertinentes ao cotidiano de sua função. Estas informações devem prover
o profissional com subsídios adequados a fim de antecipar-se aos futuros danos a que
correm risco os bens culturais. O conservador-restaurador, de posse dessas
informações, pode analisar o ambiente expositivo e de reserva técnica, de forma a
participar do planejamento de condições ideais, interagindo com outros profissionais,
tais como museólogos e arquitetos, por exemplo.
Neste sentido, este capítulo pretende apresentar os princípios que viabilizam
a conservação preventiva, sua contemporaneidade na valorização da preservação dos
bens culturais e os fatores responsáveis por acelerar as degradações das obras.
Descreve com maior abrangência o fator luz, apresentando as formas como
atua na degradação e as conseqüências da iluminação sobre os objetos. Ainda são
apresentados os exemplos mais comuns de iluminação existentes nas edificações
destinadas para exposições permanentes ou temporária.
1.1
Sobre a conservação preventiva
Para discutir a importância do tema conservação, entende-se como
necessário apresentar a importância deste tema para a atividade do conservadorrestaurador e, conseqüentemente, relacioná-lo com a iluminação de acervos, que é o
foco deste trabalho. Assim, cabe problematizar a questão da importância da
conservação ante a restauração.
Na formação profissional do Conservador-Restaurador, destacam-se os
conhecimentos sobre os fatores que alteram as características básicas dos bens
culturais e os métodos de prevenção contínua sobre a ação dos mesmos, o que assim
evita o restauro. Tanto no que diz respeito ao conhecimento destes fatores, quanto ao
ato de se manter os índices ambientais ideais, a conservação preventiva é
17
evidenciada cada vez mais em simpósios da área, por ser economicamente mais
viável, bem como mais politicamente correta, evitando alterações possíveis e/ou
prováveis, causadas por ações irreversíveis, por exemplo, de restauro.
Em maio de 196410, com a carta de Veneza, o termo conservação passa a ser
amplamente utilizado, antes de tudo, como uma “manutenção permanente”. A carta de
restauro de 1972 relaciona os termos conservação e salvaguarda, definindo-os como
medida conservativa que não implica em intervenção direta sobre um bem cultural.
A pertinência na contemporaneidade das questões de conservação
preventiva é confirmada através de sua recorrência em fóruns de discussão na área
de conservação e restauro e está diretamente relacionada aos preceitos éticos da
profissão11.
A conservação é ainda a forma mais eficaz de manter a originalidade do bem,
ou seja, torna-se necessário criar no coletivo dos profissionais uma prática de
prevenção12. Na prática, este pensamento envolve ações básicas, tais como o controle
climático de umidade, temperatura e luz, e também cuidados contra microorganismos
e insetos roedores, assim como a realização de ações cotidianas e sistemáticas.
Contudo, ainda convém lembrar que estes cuidados fazem parte de um conjunto de
atitudes que, para se obter êxito, devem ser realizadas continuamente.
Considerando estes aspectos acima citamos entende-se a importância de se
relacionar a discussão sobre conservação preventiva com o compromisso ético, frente
à intervenção profissional, nos diversos espaços de atuação do conservadorrestaurador. Ou seja, optar pela conservação preventiva, significa manifestar a
concepção de cuidado com a autenticidade da informação, nos aspectos estéticohistóricos, assim como preocupar-se com a prevenção das despesas frente aos altos
custos dos materiais de restauro.
1.2
Os fatores de degradação
A conservação preventiva, como citado anteriormente, ocupa-se de evitar a
ocorrência de uma série de fatores ambientais que permeiam e podem acelerar o
processo de fragilização de um objeto. Está também inserido neste contexto todos os
10
Ver Cartas Patrimoniais em site de Iphan: http://portal.iphan.gov.br
Eventos organizados principalmente pelas Associações de Classe e Órgãos Governamentais. A
Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores (ABRACOR) disponibilizado nos anais dos
seus congressos pelo site: http://www.abracor.com.br/novosite
12
Meden, Susana e Bojanoski, Silvana. Palestra: Preservação de livros e documentos. 2° Curso de
Prevenção de Patrimônio Cultural, Porto Alegre, UFRGS, julho 2011, ACOR-RS.
11
18
aspectos considerados em trabalhos de avaliação de riscos13. Descreve-se a seguir
alguns fatores responsáveis pela deterioração dos bens culturais.
O conservador-restaurador deve possuir o maior numero de informações
sobre os agentes de degradação relacionados com o espaço físico de exposição e de
reserva técnica. Também essas informações devem ser analisadas em âmbitos
internos e externos do prédio, a fim de produzir subsídios na produção de laudos para
prováveis ocorrências de dano ou onde o dano esteja em andamento.
Os agentes biológicos são aqueles ocasionados pela presença de seres vivos
ou a eles relacionados. No campo da conservação encontramos recorrentes
infestações. Podemos citar como exemplos os insetos xilófagos14, as formigas, os
roedores, moscas, baratas, fungos, bactérias e outros microorganismos. Para uma
eficaz ação de prevenção ou desinfestação é necessário que o conservadorrestaurador primeiramente identifique quantos e quais são as tipologias de provável
infestação. É necessário que o profissional conheça a praga a ser combatida, o seu
ciclo de vida, os seu hábitos alimentares e, por fim, o sua forma de hábitat. Assim,
poderá produzir estratégias de combate aos mesmos ou simplesmente desencorajar a
presença do agente no local onde o mesmo se encontra.
Os agentes físicos condicionam a vida dos seres vivos em um ecossistema,
mas são independentes da atividade dos seres vivos, ou seja, chamamos estes
fatores de não-vivos e podemos citar, como exemplos, a temperatura (externa, interna
e variações diárias), a umidade relativa, a pluviometria do lugar15 (intensidade de
chuvas, freqüência, direção), a luz (radiação solar ou artificial), a localização
geográfica, movimentos do vento e qualidade do ar (poeira, poluição e origem). Estes
agentes físicos atuam na degradação de forma individual ou combinada, sendo a
combinação de diferentes fatores, uma potencialização dos agentes.
Não menos importante que os agentes físicos e biológicos, encontramos
outras formas de deterioração dos acervos. Trata-se de agentes físicos-mecânicos,
onde podemos citar o transporte, o manuseio e o acondicionamento incorreto dos
bens culturais ou mesmo possíveis acidentes com os mesmos. Ainda podemos citar
agentes químicos como os inimigos de acervos. Nestes incluímos os poluentes
13
Entende-se por avaliação de riscos a identificação dos fatores presentes que podem influenciar ou
contribuir para degradação ativa dos bens culturais. Fonte: Plano de Conservação Preventiva – Base
Orientadora, normas e procedimentos. (2007)
14
Brocas e cupins, consumidores de madeira e materiais celulósicos
15
Pluviometria é o estudo sobre a quantidade de chuvas que cai em uma determinada região e a água
coletada fornece informações sobre a poluição que a chuva retira do ar. Instrumentação industrial, p624
disponível/: http://books.google.com.br
19
encontrados no ar que, por vezes, são oriundos de produtos utilizados em limpeza, ou
da própria restauração de bens já danificados.
Estratégias de conservação preventiva adequadas devem se basear
inicialmente em relatórios que diagnostiquem todos os fatores citados acima como os
prováveis, considerando aspectos das construções arquitetônicas, visitações e
segurança. No entanto, esta pesquisa aborda especificamente os cuidados
preservacionistas relativos à iluminação.
1.3
A iluminação para conservação
Ao abordarmos a iluminação na conservação, encontramos este fator como
uma das formas mais comuns de degradação de materiais pertencentes a acervos
museológicos, arquivisticos e bibliográficos. Contudo, a luz sempre estará relacionada
primeiramente à visualização do material exposto, cabendo ao conservadorrestaurador o desafio de proporcionar resultados visuais e, ao mesmo tempo, mitigar
seus efeitos danosos.
Segundo Lorite (2005, s.p.):
La cuestión de la iluminación tiene dos vertientes que no
puedem considerarse por separado. Por uma parte es uno de
los más nocivos agentes de deterioro em tanto que los efectos
de su ación son irreversíbles, y por outro lado es principal
soporte de comunicación entre el objeto y el observador de
modo que interviene o deberia intervenir decisivamente en el
proceso museográfico.
Portanto, se a luz é de vital importância para exposições e ainda está
relacionada a fatores de degradação, é plausível que antes de optarmos por uma ou
outra iluminação, conheçamos um pouco sobre o seu mecanismo, assim como a
forma como o mesmo age sobre os materiais expostos.
Para compreendermos as ações e reações pertinentes a luz, primeiramente,
deve se definir a luz como uma forma de energia eletromagnética, e que tem sua
origem a partir de uma fonte também energética, tais como a luz solar ou a luz artificial
proveniente de uma lâmpada. Chamamos a propagação ou condução desta fonte
energética de radiação.
As radiações se propagam como ondas eletromagnéticas e estão
especificadas no espectro eletromagnético, que apresenta fatores físicos tais como a
20
freqüência16 e o cumprimento de onda17. Para elucidação, podemos comparar este
fenômeno com o ato de jogar uma pedra na água parada. Com o impacto causado irão
surgir ondas. As que se formam mais próximas do centro, que são mais rápidas e,
portanto, têm mais energia, possuem intervalos pequenos entre elas, ou seja, um
cumprimento de onda menor. Conseqüentemente, surgirão mais ondas em um mesmo
espaço de tempo ou, uma maior freqüência. Quanto mais fora do centro do impacto,
maior é o distanciamento entre as ondas ou, ocorre um maior cumprimento de onda, o
que gera conseqüentemente uma menor quantidade de ondas no mesmo espaço de
tempo, ou seja, uma menor freqüência. A unidade utilizada para medir o cumprimento
de onda é o nanômetro, uma subunidade do metro, ou de forma mais precisa, um
bilionésimo de metro ou 1 nm (nanômetro) ou, ainda, 10-9 m (metro) (San Andres;
Moya Margarita e Viña Ferrer Sonsoles, 2004.p.382).
Estas medidas são referenciadas no espectro eletromagnético (ver figura 1)
onde se pode observar a luz visível constituindo uma pequena parcela no mesmo
espectro. A radiação de luz visível está situada aproximadamente entre os 400 nm (luz
roxa) e 700nm (luz vermelha). Logo abaixo dos 400nm encontramos a radiação
ultravioleta (UV) e outras, assim como acima dos 700nm, a radiação infravermelha (IR)
e as que a seguem.
Figura 1: Espectro eletromagnético.
Fonte: Israel Pedrosa. O Universo da Cor, p.20
16
Freqüência de onda refere-se a quantidade de ondas que passa por um determinado ponto em um
certo intervalo de tempo.
17
Fonte: SAN ADRES; MOYA MARGARITA E VIÑA FERRER, SONSOLES, 2004. p.379
21
Para maior conhecimento sobre as reações das radiações nos materiais,
cabe ressaltar que quanto mais energia transportada pela radiação, mais ela se torna
vibrante e com menor cumprimento entre as ondas, portanto, maior será a reação a
essa vibração acarretando o dano à matéria. As radiações UV, freqüentes em nossas
lâmpadas, encontram-se no espectro luminoso entre 100 e 400nm. Esta forma de
radiação é altamente danosa e não visível ao olho humano e, portanto, totalmente
dispensável. Por este motivo são intensos os esforços em se eliminar ou reduzir ao
máximo possível esta radiação. A sua intensidade é medida em µW/lm (micro
watts/lúmen). Para esta medição utiliza-se um medidor de UV tendo como parâmetro
os índices de tolerância de radiação UV. Para uma adequada preservação de bens
culturais com alta sensibilidade, o máximo índice recomendado é o de 75 µW/lm, por
exemplo. (ALCÁNTARA R., 2002 p.21)
Com intenção de colaborar com a escolha de lâmpadas a serem adquiridas
para iluminação de bens culturais, podemos observar na tabela 1, algumas lâmpadas
e os percentuais de radiação UV encontrados nas mesmas.
Tabela 1: Índices de emissão de UV em lâmpadas incandescentes, fluorescentes e luz natural.
Fonte: Iluminação de Museus, Galerias e Objetos de Arte. Fonte: Barbosa, l. A. G. s.d.p.24
Cabe ressaltar que a quantidade de luz visível encontrada nas fontes
luminosas é entre 10 a 50 vezes mais que a radiação UV, a luz visível possui em seu
espectro radiações desde as mais próximas a UV até as mais próximas a IR.
Entretanto, apesar de a luz visível ser menos danosa, trata-se de uma radiação que
existe em maior quantidade, assim, deve ser considerada também como danosa.
22
A radiação IR é menos danosa que a radiação UV e as visíveis, contudo, este
tipo de radiação deve ser levado em conta ao lidarmos com a conservação do
patrimônio, pois ela é responsável por efeitos térmicos que, associados a outros
fatores ambientais, tais como, a temperatura e a umidade, podem desencadear a
fragilização do acervo. Por possuir pequena ação danosa, não existem convenções ou
instrumentos para medir a ação da radiação IR. Atualmente se aconselha utilizar a
sensibilidade das mãos para perceber se há um aumento considerável de
temperatura18.
É importante esclarecer que chamamos somente as reações por ação de
radiação luminosa de processo fotolítico, enquanto que a reação onde a ação
luminosa é acrescida de agentes químicos chama-se de processo fotoquímico19.
As reações citadas acima ocorrem na matéria de diferentes maneiras,
dependendo se esta radiação é absorvida, refletida, refratada, transmitida ou, ainda,
dispersada, conforme a tipologia do material que a recebe. No entanto, quanto mais
energia é absorvida pela matéria, maior será a reação, devido a excitação das
moléculas. Ainda devemos levar em consideração que a radiação luminosa comportase de maneira “cumulativa” e com maior intensidade em materiais orgânicos, logo,
entende-se que, na verdade, a redução de luz irá retardar os efeitos do processo
degenerativo, ou seja, submeter um objeto a uma radiação luminosa muito forte em
um curto espaço de tempo será o equivalente a uma exposição em um tempo maior,
porém, com uma iluminação mais fraca (CHENIAUX,1996, p.120).
Ao abordarmos a iluminação como agente de fragilização de materiais, se
torna importante elencar as formas como estes danos se apresentam. Alguns indícios
de degradação se identificam visualmente, tais como os desbotamentos ou alteração
de cor (ver figura 2). Esta é apenas uma indicação de deterioração superficial, ocorre
simultaneamente com um dano na estrutura química e física do objeto. Na realidade o
desbotamento é um alerta de eminente e silenciosa deterioração de maiores
proporções.
As deteriorações causadas por radiação UV são as de maior incidência em
materiais orgânicos, podemos citar o desbotamento o enrijecimento e fragilização dos
tecidos e couros, o enfraquecimento e desgastes em madeiras e ossos, nas pinturas a
alteração cromática, o amarelecimento de vernizes e, por conseguinte, a perda da
coesão dos pigmentos e os craquelês (ver figura 3).
18
19
Fonte: SAN ADRES; MOYA MARGARITA E VIÑA FERRER, SONSOLES, 2004. p.379
Fonte: SAN ADRES; MOYA MARGARITA E VIÑA FERRER, SONSOLES, 2004. p.379
23
Figura 2: Tecido de cor azul desbotou, fragilizou e rasgou.
Fonte: Museu Parque Municipal da Baronesa em Pelotas/RS, com numeração: Adail 014.
Foto: Veronica Santos
Figura 3: Camada pictórica com craquelê.
Fonte: Museu Parque da Baronesa em Pelotas/RS.com n°122 MMPB 0604. Foto: Ricardo
Jaekel dos Santos
A luz visível também pode provocar danos aos bens culturais, estes danos
ocorrem principalmente quanto mais a cor da luz se aproximar do violeta, desta forma
se aproximando do cumprimento de onda e freqüência encontrado na radiação UV.
Entretanto, se as cores da luz visível estiverem próximas à radiação de cor vermelha,
são produzidas reações próximas aos efeitos da radiação IR, que é responsável pela
oscilação da temperatura ambiental e nos materiais, resultando na dilatação e retração
24
da matéria e consequentemente deformações na aparência 20. Esta reação é
responsável pelo aparecimento de craquelês em obras de arte com camadas
pictóricas (ver figura 3).
Contudo o conservador-restaurador também deve conhecer os materiais e
suas fragilidades, a fim de relacionar a iluminação mais apropriada em sua exposição,
de modo a obter êxito com o máximo de visualização e a menor deterioração possível.
Abaixo vemos uma relação de normas para níveis máximos de iluminância 21 conforme
a sensibilidade dos objetos e o seu tempo de exposição22.
Tabela 2:normas de iluminância estipulada pela ABNT.
Fonte: Iluminação de Museus, Galerias e Objetos de Arte. Fonte: Barbosa, l. A. G. s.d.p.19
Tabela 3:normas de iluminância máxima anual, estipulada pelo ICOM e IES
Fonte: Iluminação de Museus, Galerias e Objetos de Arte. Fonte: Barbosa, l. A. G. s.d.p.19
Na tabela acima, fornecida pelo ICOM da França e Inglaterra, sugere-se
exposição de 8 horas em 300 dias.
20
Sugere-se para aprofundar estudos teórico-técnico a obra dos autores: PASCUAL, EVA; PATIÑO,
MIRÉIA. 2003,
21
Iluminância é a medida de quantidade de luz que incide em uma superfície, sua unidade é o Lux.
Fonte: DA COSTA, 2006, p. 215
22
Fonte: BARBOSA, L. A. G. s.d. Iluminação de Museus, Galerias e Objetos de Arte.
www.geocities.ws/luisgreno/TEXTOS/iluminacaomuseus.pdf
25
Tabela 4:Normas de iluminância máxima anual estipulada pelo IESNA
Fonte: Iluminação de Museus, Galerias e Objetos de Arte. Fonte: Barbosa, l. A. G. s.d.p.19
Na tabela acima, fornecida pelo IESNA – EUA, destaca-se que, para os
materiais extremamente sensíveis, o tempo de exposição deverá ser calculado a fim
de alcançarmos os índices máximos anuais previstos, pois, se houver a intenção de
exposição diária, esta não deverá ultrapassar a 2 horas e 45 minutos.
Embora existam diferenças entre as tabelas acima, as informações facilitam o
trabalho do conservador-restaurador, que ainda deverá considerar as condições de
fragilidade das obras.
Ainda, conforme BARBOSA, l. A. G. s.d. p.22, a radiação máxima admissível
com a utilização de lâmpadas incandescentes, de acordo com Garry Thomson (1) e, a
radiação máxima admissível por lâmpadas fluorescentes, de acordo com David
Saunders (2), está relacionada na tabela reproduzida abaixo.
Tabela 5: normas de sensibilidade a iluminância e radiação UV, fornecidas por National
GalleryTecnical.
Fonte: Iluminação de Museus, Galerias e Objetos de Arte. Fonte: Barbosa, l. A. G. s.d.p.22
Sabe-se que, em certos casos, a iluminação deve priorizar a visualização,
como no caso de análise de danos em obras que estejam adentrando uma instituição.
Conforme a da Associação Brasileira de Normas Técnicas e a sua Norma 5314-1992,
para as tarefas com requisitos especiais, tais como para análises e inspeção, os
índices recomendáveis são de 1000 a 2000 lux/h. Já na tabela do ICOM existe uma
observação para que não se exceda a 1000 lux, contudo, para ambas, o tempo de
26
exposição deverá ser o mínimo necessário para a execução da tarefa. O interior das
reservas técnicas das instituições não poderá ter iluminação natural. Sugere-se mantêlas na escuridão sempre que possível. Quando ocorrer a necessidade de presença de
pessoas na reserva, deve-se utilizar iluminação localizada, resguardando o restante do
acervo dos efeitos da luz.
A escolha da iluminação adequada à reserva deverá ser conforme os objetos
e a sua sensibilidade. Devem-se ter também cuidados com a localização dos
interruptores que devem ficar em locais próximos a entradas e saídas, assim como se
evitar o trânsito de pessoas no escuro, o que evita possíveis acidentes 23.
Nos locais de exposição estão os reais conflitos para os profissionais da
conservação preventiva, ou seja, a necessidade de se proporcionar visibilidade e, ao
mesmo tempo, criar as condições para a preservação dos objetos, considerando a sua
vulnerabilidade, neste caso, à iluminação. (Michalski, 2005, p 185).
Atualmente nos ambientes de visitação encontramos as mais diversas formas
de exposição. Elas irão variar conforme a estrutura arquitetônica e a tipologia da
exposição, além de outros aspectos, contudo, encontramos com maior freqüência a
iluminação de vitrines, a iluminação focalizada e a de preenchimento.
Abordando primeiramente a iluminação de vitrines, encontramos com maior
incidência a utilização das lâmpadas incandescentes, mais precisamente as chamadas
dicróicas halógenas (ver figura 4), muito utilizadas por seu pequeno tamanho e pela
boa reprodução de cor que a mesma propicia24. Entretanto, quando se realizam
exposições com metais prateados, indica-se uma iluminação com um tipo de luz mais
“fria” ou com temperatura25 de cor mais alta, e a presença de luz com cores mais
azuladas, o que intensifica a coloração dos metais (ver figura 5).
23
Fonte: Instituto dos Museus e da Conservação Palácio Nacional da Ajuda. Plano de conservação
preventiva, Bases Orientadoras, normas e procedimentos. Lisboa,2007.134p
24
Chama-se reprodução de cor a fidelidade como determinado tipo de luz reproduz as cores. Fonte:
Manual Luminotécnico Prático OSRAM
25
Temperatura de cor refere-se à tonalidade da luz produzida pela lâmpada. Quanto mais Branca a luz,
mais alta sua temperatura de cor. Fonte: apostila de iluminação, conceitos e projetos da OSRAM.
27
Figura 4: Iluminação de vitrine com dicróicas embutidas em seu interior.
Fonte: Material fornecido no curso ministrado por Mariângela Moura no Museu Histórico
Nacional
Figura 5: Iluminação de vitrines utilizando lâmpadas com temperatura de cor mais alta.
Fonte: http://www.lighting.philips.com.br/projects/egypt_museum.wpd
Já para a luz utilizada com a intenção de destacar obras maiores e também
propor efeitos cênicos ao ambiente, se opta por lâmpadas que possuam concentração
de fluxo luminoso26 para alcançar certo direcionamento. Se a reflexão destas luzes
viabilizarem a circulação dos visitantes, a iluminação do ambiente poderá ser
suspensa, caso contrário, sugere-se uma iluminação para este fim (ver figura 7). Outra
forma de obter o mesmo resultado é a utilização de luminárias que proporcionem uma
26
Chama-se fluxo luminoso a radiação total de uma fonte luminosa. Fonte: Manual Luminotécnico
Prático.
28
boa condução do fluxo luminoso e a obtenção do mesmo tipo de efeito visual (ver
figura 6).
Figura 6: Iluminação focalizada e realizada no Museu de Artes Leopoldo Gotuzo (MALG)
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
Figura 7: Iluminação focalizada e de vitrines (insuficiente para circulação)
Fonte: http://www.lighting.philips.com.br/projects/egypt_museum.wpd
À iluminação responsável por visualização do ambiente chama-se luz de
preenchimento e podemos obtê-la com iluminação direta ao ambiente ou indireta27. A
escolha por lâmpadas fluorescentes ou incandescentes ocorrem a critério do
profissional, conforme os conhecimentos sobre o tipo de exposição bem como dos
materiais que constituem os objetos. Ainda cabe ressaltar a possibilidade de utilização
da luz natural para a iluminação de preenchimento28, contudo, devido as altas taxas de
27
Iluminação que utiliza a reflexão para distribuição de fluxo luminoso.
Estas informações foram obtidas a partir do curso de capacitação realizado no Museu Histórico
Nacional do Rio de Janeiro, em oficina ministrada pela professora Mariângela Moura, nos dias11 a
15/06/2011
28
29
radiação UV e IV existentes na luz natural, recomenda-se maior atenção em sua
utilização e, caso seja possível, a utilização de iluminação zenital29 com anteparos e
filtros.(ver figura 8, 9).
Figura 8: Iluminação zenital, com luz refletida
Fonte: www.usp.br/.../7_Cecace_2006_Iluminacao_Zenital_Estrategia_de_P...
Figura 9: Iluminação zenital com luz refletida
Fonte: www.usp.br/.../7_Cecace_2006_Iluminacao_Zenital_Estrategia_de_P...
Entretanto, conforme citado anteriormente, um dos cuidados com a
iluminação diz respeito ao tempo de exposição e, como a iluminação natural está
ininterruptamente presente durante o dia, torna-se indispensável à inclusão destes
cálculos para a conservação dos objetos, bem como da colocação de filtros de
radiação UV nos acessos ao acervo.
29
Chama-se iluminação zenital a luz proveniente do aproveitamento da luz solar com aberturas
localizadas nas edificações.
30
Portanto, como podemos ver no contexto deste capítulo, a conservação de
bens culturais exige conhecimentos específicos do profissional. Abordamos a
conservação de forma prioritária frente ao restauro, onde foram citados agentes de
degradação, bem como os resultados provenientes destes agentes. Contudo,
destacou-se um item, em específico, responsável por degradação, porém, este mesmo
item, é indispensável à relação entre o observador e o bem cultural que se quer expor,
ou seja, a própria luz. Nossa vilã e heroína de uma mesma história.
Assim, de forma a auxiliar nas decisões frente aos dilemas do conservadorrestaurador, foi abordada a luz em suas diferentes radiações, destacando-se a
necessidade de mitigação da radiação UV e IR. Contudo, sem menosprezarmos a
radiação visível, onde também se tem uma forma de radiação próxima das UV e IR,
porém, em maior quantidade. Desta forma, conclui-se que a luz, dentro do espectro
visível, é menos danosa por sua constituição, entretanto, por sua quantidade, se
aconselham cuidados específicos com o tempo de exposição.
31
Capítulo 2 - O dilema do conservador-restaurador frente à escolha das
lâmpadas.
Ao conservador-restaurador no exercício de sua função, cabe a tarefa de
atuar no presente com vistas no futuro, pautado em seus princípios éticos. O
conservador-restaurador deve prever o surgimento de prováveis danos, e antecipar-se
na percepção dos agentes físicos e químicos responsáveis por degradar os bens
culturais. Neste contexto, também estão presentes os fatores estéticos e econômicos,
que se encontram relacionados às escolhas feitas em trabalhos de conservação e de
restauro.
Este capítulo pretende abordar as especificidades técnicas e econômicas de
lâmpadas existentes no mercado, pois esse conhecimento contempla as competências
e responsabilidades do conservador-restaurador.
Assim, o texto tem por objetivo apresentar o tema iluminação. Para tanto, se
fez a escolha de discutir dentro do campo da luminotécnica abordando as seguintes
questões: a eficiência luminosa, vida útil, os índices de reprodução de cor dos objetos
iluminados, e temperatura de cor das lâmpadas.
Além da luminotécnica e dos aspectos econômicos envolvidos, este capítulo
abrange aspectos de cunho social e ambiental, fornecendo informações referentes a
necessidade de uma maior consciência ecológica, e a preocupação com a necessária
melhoria das condições de iluminação para pessoas com deficiência visual.
Assim espera-se colaborar para questões pertinentes ao desempenho do
trabalho do conservador-restaurador frente às diversas escolhas relacionadas a
iluminação de bens culturais.
32
2.1
Luminotécnica
A escolha da iluminação de acervos e/ou objetos de valor cultural deve
considerar, como já antes dito, os conhecimentos sobre os prováveis danos, assim
como as radiações existentes em cada tipo de iluminação e os índices aconselhados
pelos órgãos normativos. Entretanto, a participação do conservador-restaurador não
deve ficar enraizada somente com a preocupação conservacionista, mas sim, sua
prioridade. Assim sendo, ao profissional cabe também buscar a compreensão das
influências da luz sobre as cores e o espectador, bem como atualizar-se sobre o
custo-benefício e outros aspectos envolvidos, a fim de compreender e participar da
logística do funcionamento de exposições.
Considerando estas questões, encontramos estes conhecimentos na
luminotécnica. Entretanto, antes de qualquer decisão que venha a ser tomada sobre a
iluminação de um determinado ambiente, Oliveira (2003, s.p.) nos explica que existem
prioridades que não podem ser invertidas. O autor diz que:
É comum ter-se um Projeto de Instalações Elétricas definido e
somente posteriormente pensar-se na iluminação – tipo de
lâmpada, luminária, etc. Agindo desta maneira, estamos
invertendo o processo, primeiro se pensa na iluminação e o
projeto de instalações elétricas vem a reboque dessa
preocupação inicial com a introdução da luz.
O que o autor nos fala é que, devido ao dimensionamento de uma rede, que
será desenvolvido conforme a carga utilizada para a iluminação, esta, por sua vez,
produzirá um valor total de consumo necessário para a escolha dos condutores de
energia, assim como para o seu sistema de proteção30.
Assim sendo, percebe-se uma maior relevância nas decisões do conservadorrestaurador quanto a envolver-se na elaboração de uma proposta de iluminação. Ou
seja, antes de se realizar uma instalação, ou a escolha de determinados
equipamentos, o projeto deve ser pensado na sua dimensão geral, com um
assessoramento técnico que possa prever melhores condições de conservação de
bens culturais, em consonância com todas as etapas do trabalho e, conforme já dito,
sem invertermos prioridades. Portanto, para um melhor conhecimento sobre a
luminotécnica, o trabalho se atém a especificar as lâmpadas que são tradicionalmente
mais utilizadas para a iluminação de bens culturais.
30
COSTA, J. G.C. da 2007 p 51.
33
Antes deste detalhamento, cabe citarmos os tipos de lâmpadas mais utilizados, de
acordo com o que segue. Elas estão dividas em três grandes grupos: as
incandescentes (tradicionais e halógenas), as gasosas (florescentes, vapores de
sódio, vapor metálico, de mercúrio e neon) e o Light Emitting Diode (LED). É
importante esclarecer que nosso estudo se atém às lâmpadas incandescentes
dicróicas, gasosas fluorescentes compactas e lâmpadas de LED, cada tipo com suas
peculiaridades.
2.1.1
A Eficiência luminosa
Denomina-se eficiência luminosa a característica das lâmpadas de atingir ou
não bons resultados de iluminação. Ao mesmo tempo esta eficiência deve estar
relacionada com o baixo consumo de energia utilizado para a produção desta luz.
Portanto, discutir a eficiência luminosa neste trabalho, significa considerar o
custo-benefício do seu uso, relacionando especificamente o consumo e a quantidade
de luz produzida, independente das qualidades da luz produzida. No entanto, em outro
momento desta discussão serão abordadas as qualidades da iluminação, fato que não
podemos ignorar em se tratando de um trabalho sobre a iluminação de objetos de
valor cultural. Contudo, o item eficiência luminosa trata especificamente de valores
quantitativos relacionados a consumo.
Podemos destacar o que relata Costa (2006,p.459)
É importante que exista sempre uma análise conjunta de
espaço e luz, e, concomitantemente uma preocupação com a
economicidade energética. Este é o desafio que não há regras
claramente definidas, ou se quiser, apenas uma: evitar o
desperdício
Podemos dizer que eficiência luminosa de uma fonte luminosa é o quociente
entre o fluxo luminoso emitido em lúmens, pela potência consumida em watts,
normalmente lm/W (lúmen/Watts), com seus respectivos valores quantitativos
informados. Em outras palavras, esta grandeza retrata a quantidade de luz que uma
fonte luminosa pode produzir, a partir da potência elétrica de um watt (Rodrigues
2002). Assim sendo, passamos a explicar a constituição das lâmpadas analisadas
neste trabalho, a fim de facilitar o entendimento sobre a sua eficiência luminosa.
As lâmpadas incandescentes dicróicas são as mais comuns e resultam do
aquecimento de um filamento, através da passagem de corrente elétrica, ao ponto de
34
emanar radiação31 na forma de IR. Sua eficiência luminosa está calculada entre 10 a
25 lm/W32.
As lâmpadas fluorescentes compactas não possuem filamentos em sua
constituição e transformam a energia elétrica em radiação, que ocorre a partir da
passagem da corrente elétrica por gazes de mercúrio. A radiação produzida é a UV
que, em contato com substâncias fluorescentes - geralmente o fósforo - é
transformada em energia luminosa. Sua eficiência luminosa é de 50 a 80 lm/W. Os
LEDs são constituídos de semicondutores33 que convertem a energia elétrica
diretamente em luz visível em desconsideráveis índices de UV e IR apresentando
eficiência luminosa de 40 a 80 lm/W 34.
Esta especificação pode ser encontrada em tabelas de eficiência energética
ou luminosa, que são exigência do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia) nas embalagens de lâmpadas que se encontram no mercado
brasileiro. (ver figura 10)
Figura 10: Foto de tabela de eficiência luminosa.
Fonte: Ricardo Jaekel dos Santos
31
PEREIRA, 2011, Grupo de pesquisa de conforto ambiental e eficiência energética, liderada por PhD
RODRIGUES, 2002, p. 4
33
PADILHA. 2007, p.22. Semicondutores são formados de materiais com propriedades elétricas
intermediárias entre condutores e isolantes. Os semicondutores dos leds geralmente são constituídos de
gálio, arsênio e alumínio.
34
FERNANDEZ, 2008, p.41. Dissertação sobre Eficiência Energética de Edifícios Versus Qualidade de
iIuminação.
32
35
2.1.2
Vida útil das lâmpadas
O termo vida útil descreve a quantidade de horas úteis que uma lâmpada
poderá ser utilizada. Desta forma, uma vida útil longa das lâmpadas, propicia alguns
benefícios, tais como: a redução na quantidade de lâmpadas adquiridas em números
totais, menos materiais descartados no meio ambiente, a redução de mão de obra na
reposição das lâmpadas e, por conseqüência, menos reparos e desgastes em suas
conexões35. Desta forma, estes aspectos estão inseridos no bojo das ações relativas a
redução de desperdício de recursos naturais.
A vida útil de uma lâmpada normalmente está descriminada em sua
embalagem, especificando em horas a sua vida útil média. Desta forma, citamos o
tempo de vida útil média das três lâmpadas estudadas aqui neste trabalho: as
lâmpadas incandescentes dicróicas têm média de 2000 horas úteis, as fluorescentes
compactas têm vida média de 8000 horas e, os LEDs, têm média de 50000 horas 36.
Ou seja, se em um ambiente com fatores ideais de utilização tivermos
iluminação ininterrupta por 8 horas diárias, pelas lâmpadas citadas, teríamos um
tempo de duração destas lâmpadas de: 250 dias (0,7 anos) de uso com lâmpadas
incandescentes dicróicas, 1000 dias (2,8 anos) de uso com lâmpadas fluorescentes e,
por fim, 6250 dias (17 anos) de duração das lâmpadas LED.
Cabe lembrar que a vida útil das lâmpadas está diretamente relacionada aos
materiais utilizados em sua constituição, onde se destaca a lâmpada de LED, dentre
as outras abordadas, pois a estrutura que emite a luz está encapsulada em resina
epóxi, o que a torna altamente resistente a vibrações e impactos37. Outro fator que
influencia a vida útil das lâmpadas é o modo como as mesmas são utilizadas ou
manuseadas e, também, as oscilações provenientes do fornecimento de energia
elétrica, ou as oscilações das redes elétricas indevidas e não compatíveis com o
consumo.
35
Conexões: soquetes e terminais para lâmpadas.
Pereira. 2011, Grupo de pesquisa de conforto ambiental e eficiência energética. s.p
37
Informações retiradas de site: http://www.lightemittingdiodes.org/
36
36
2.1.3
Índice de Reprodução de cor (IRC)
Além da preocupação com o desperdício de energia elétrica, o conservadorrestaurador deve se preocupar, também, com os efeitos visuais propiciados pela
iluminação. Uma das características a ser observada é a fidelidade na reprodução das
cores dos objetos expostos ou analisados. Duas lâmpadas que tenham a mesma
tonalidade de luz, podem não ter o mesmo Índice de Reprodução de Cor (IRC), ou
seja, um determinado objeto pode parecer diferente, ainda que iluminado por
lâmpadas com tonalidade idêntica (ver exemplo da figura 11).
Figura 11: Imagem obra de August Renoir.
Na imagem (A) uma fonte luminosa com alto IRC
e na imagem (B) uma fonte com baixa IRC
Fonte: http://www.lightemittingdiodes.org
As lâmpadas devem possuir em suas especificações técnicas o seu índice de
IRC. Este conceito define através de uma escala quantitativa os valores que uma
lâmpada pode fornecer para visualizarmos os objetos com fidelidade de cor. Esta
escala foi definida estabelecendo que o IRC ideal fosse um número igual a 100 38.
Cabe salientarmos que as lâmpadas de LED escolhidas para o presente
estudo são as que têm resultado final pré-estipulado pelo fabricante, entretanto, existe
a disposição da iluminação o sistema Red, Green, Blue (RGB). Este sistema depende
da combinação das cores das luzes, de modo a se obter a reprodução desejada,
conforme as cores utilizadas.
38
As lâmpadas nacionais devem possuir em sua embalagem o IRC, as lâmpadas incandescentes
possuem IRC = 100, enquanto as fluorescentes, seu IRC em média é de 85 e para LED atualmente os
fabricantes conseguem IRC de 85. OSRAM. Manual Luminotécnico Prático.
37
Como regra geral admite-se que o IRC entre 50 e 80 reproduz
moderadamente as cores, já um IRC entre 80 e 90 reproduz bem as cores. O IRC
entre 90 e 100 é aquele que reproduz muito bem as cores.
No entanto, é importante ressaltarmos que as lâmpadas, por si só, não
garantem bons ou maus resultados de iluminação. Pode-se ter uma péssima
reprodução de cores, por exemplo, utilizando uma iluminação com ótima IRC, para
isso, basta que o ambiente possua paredes com cores escuras, ou com pouca
reflexão, assim, alterando o resultado final dos objetos iluminados. Portanto, a cor
resultante será sempre a função da cor reproduzida pela lâmpada em conjunto com a
cor refletida pelo ambiente, conforme informa Da Costa (2006, p.497).
Na tabela 2 podemos observar os índices percentuais de reflexão de diversas
cores e materiais. De posse destas informações, é possível estimar resultados mais ou
menos adequados para a iluminação de ambientes.
Material ou cor
Azul claro
Azul escuro
Azulejo branco
Amarelo
Branco
Cimento claro
Concreto claro
Concreto escuro
Cinza claro
Cinza escuro
Cinza médio
Esmalte branco
Gesso
Granito
Laranja
Valor
Material ou cor
Valor
30 - 55
Madeira clara
30 - 50
10 - 25
Madeira escura
10 - 25
60 - 75
Mármore claro
60 - 70
65 - 75
Marrom
10 - 25
70 - 85
Ocre
30 - 50
35 - 50
Preto
5
30 - 40
Rocha
60
15 - 25
Rosa
45 - 60
45 – 65
Tijolo claro
20 - 30
10 - 20
Tijolo escuro
10 - 15
25 - 40
Verde claro
30 - 55
65 - 75
Verde escuro
10 - 25
70 - 80
Vermelho claro
25 - 35
15 - 25
Vermelho escuro
10 - 20
25 - 35
Vidro transparente
5 - 10
Tabela 6: Percentuais de reflexão de cores.
Fonte: http://www.mspc.eng.br/tecdiv/ilum110.shtml
Desta maneira, cabe ao profissional que trabalha com exposição, análise ou
restauro de bens culturais, perceber os fatores que podem interferir e possibilitar
variações cromáticas que, por sua vez, poderão comprometer o resultado final de um
trabalho.
38
2.1.4
Temperatura de Cor (TC)
Entende-se como “temperatura da cor” a propriedade da cor de despertar
diferentes sensações no expectador a partir da sua percepção. As decisões do
conservador-restaurador devem relacionar a escolha da iluminação com a proteção ao
objeto de sua provável degradação e considerarem a reprodução das características
visuais dos objetos com maior fidelidade. Desta forma, o conservador-restaurador
deve observar a relação luz e objeto.
Os efeitos da luz interferem nas sensações humanas. Estes efeitos podem
atrair, emocionar, afastar e intimidar um observador ou visitante, em relação ao
ambiente em que ele está. Por exemplo: vermelho, laranja e amarelo, são
consideradas cores quentes e aconchegantes, enquanto que o azul, o verde e o
violeta, são consideradas cores frias e estimulantes, de acordo com Lacy (1996, p.2022).
Estes efeitos psicológicos que a luz produz, estão especificados na grandeza
“temperatura de cor” com a unidade de medida em Kelvin (K). Esta medida será maior
se a luz for mais branca, ou será menor, quando a luz emitida estiver próxima das
tonalidades laranja (ver figura 12).
Figura 12: Exemplos de temperatura de cor.
Fonte: http://www.claritek.com.br
Assim, cada lâmpada possui sua temperatura de cor conforme a tonalidade
da luz emitida. As incandescentes possuem temperatura de cor em torno de 2700K, já
as fluorescentes compactas podem ser encontradas no mercado desde 2700K até
39
6100 K39. Por sua vez, as lâmpadas LED possuem variações entre os 2700K e
6500K40.
Cabe destacar que em espaços que não sejam destinados a exposição
permanente, o profissional deverá analisar a tipologia da próxima exposição e a
relação com a iluminação adequada.
2.2
Aspectos sociais e econômicos
É inerente ao ser humano a procura constante por evolução tecnológica, do
seu bem estar, da economia das sociedades, etc. Condicionado por estes anseios, o
homem utiliza os recursos naturais disponíveis, muitas vezes de forma irresponsável,
para atingir as suas metas. Desta forma, o consumo dos recursos naturais acelera
gradativamente.
Segundo Zambrano (2004, p.23):
Após a segunda guerra mundial, o modelo de desenvolvimento
adotado revelou-se como um agente de quebra do equilíbrio
ecológico, e gerando como conseqüência um desequilíbrio
econômico e social. A utilização da tecnologia não considerava
a possibilidade de esgotamento dos recursos ambientais,
assim como as atividades de produção e consumo não
contavam com tamanho porte de lançamento de resíduos no
meio ambiente.
A partir do contexto relatado por Zambrano, na seqüência, começa a surgir
uma consciência ecológica que passa, gradativamente, a ocupar espaço na agendas
das demandas sociais. Nas décadas de 1970 e 1980, com os problemas de gestão
ambiental discutidos progressivamente, ocorreram diversos conflitos relacionados a
diferenças entre direitos públicos e privados, entre a sociedade civil e o Estado 41. Em
1987 foi criado o conceito de desenvolvimento sustentável, em relatório organizado
pelas Nações Unidas intitulado “Nosso Futuro em Comum” (Relatório Brundtland,
Apud ZAMBRANO, p. 24). Assim tentou se chamar a atenção para os riscos da forma
como o mundo vinha se desenvolvendo.
Zambrano (2008) também nos fala que, neste relatório, destacam-se alguns
dos seus princípios mais importantes, tais como a eficácia econômica, (custo
39
40
41
OSRAM. Iluminação, conceitos e projetos
site: http://www.lightemittingdiodes.org
Pesquisar texto de MAGRINI E POMBO. 2008, Panorama da aplicação da norma ISO 14001 no Brasil.
40
benefício); a equidade social, (defesa dos interesses comuns); a preservação
ambiental; o princípio do longo prazo; o princípio da globalidade (Pensar globalmente)
e, por fim, o princípio da governança (Consenso da sociedade). (ZAMBRANO, 2008,
P. 27-29).
Estes princípios objetivam potencializar condições para um desenvolvimento
econômico e social que responda as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de responder as suas próprias necessidades (ONU;
Comissão Broundtland, 1987).
Outras conferências ou ações continuaram acontecendo com a intenção de
despertar na população mundial a preocupação em relação a um desenvolvimento
com sustentabilidade. Podemos citar a Rio’92, o Protocolo de Kyoto de 1997, a Rio
+10 em Johannesburg realizada no ano de 2002, e outros.
A conservação e restauro deve se preocupar com esses princípios, bem
como com os de eficácia econômica. Entendemos que deve se ter um olhar crítico
frente à realidade dos materiais empregados na iluminação utilizada atualmente, desta
forma, também, em consonância com os princípios que citamos acima.
Neste sentido, esta pesquisa visa colaborar com o esclarecimento sobre
alguns dos tipos de lâmpadas empregadas em exposições, a sua composição e os
seus impactos no meio ambiente. Incentiva também uma maior consciência frente às
necessidades visuais, econômicas e ecológicas, necessárias a sustentabilidade das
instituições e, ao mesmo tempo, correlaciona-as com as necessidades globais.
Dentre os três tipos de lâmpadas analisadas neste estudo, aqui, destacam-se
as fluorescentes. Esse tipo de lâmpada possui em sua constituição o mercúrio, além
de outros elementos químicos. Por este motivo, as lâmpadas fluorescentes requerem
uma adequada, complexa e cara, forma de reciclagem, o que não ocorre com as
lâmpadas incandescentes e com os LEDs, por serem de fácil descarte e reciclagem.
Em uma lâmpada fluorescente típica encontramos um tubo selado de vidro
preenchido com gás argônio à baixa pressão e vapor de mercúrio, também à baixa
pressão. O interior do tubo é revestido com uma poeira fosforosa composta por vários
elementos, tais como o Alumínio, o Antimônio, o Bário, o cádmio, o Cálcio, o Chumbo,
o Cobre, o Cromo, o Ferro, o Magnésio, o Manganês, o Mercúrio, o Níquel, o Sódio, o
Zinco e o Fósforo42. De todos estes, o componente mais nocivo ao homem é o
Mercúrio. (Raposo, 2001, p.62).
42
ATIYEL, Said Oliveira, 2001. Dissertação sobre Gestão de resíduos sólidos: O caso das lâmpadas
Fluorescentes.
41
Desta forma, percebemos a complexa constituição deste tipo lâmpada, bem
como salientamos a periculosidade do material. No entanto, enquanto estiverem
intactas, as lâmpadas fluorescentes não oferecem qualquer risco ao homem e ao meio
ambiente. Contudo, para que ocorra uma reciclagem adequada das lâmpadas
fluorescentes, é necessário que, na hora do descarte das mesmas, toda esta poeira
fosforosa seja absorvida quando da separação do vidro e dos metais de suas
extremidades (Junior, W. & Windmoller, C. 2008, p.17).
Conforme Atiyel (2001, p.35):
O mercúrio é o único elemento químico metálico que
permanece líquido a temperatura ambiente. Ele pode ser
encontrado na natureza em baixas concentrações no ar, na
água e no solo. Quando as concentrações de mercúrio
excedem os valores normalmente presentes na natureza surge
o risco de contaminação do meio ambiente e dos seres vivos,
inclusive o homem. O mercúrio é facilmente absorvido pelas
vias respiratórias quando está sob forma de vapor ou em
poeira em suspensão e também é absorvido pela pele.
O mercúrio possui elevada volatilidade e solubilidade na água e no sangue, o
que facilita a transposição do mercúrio nos alvéolos pulmonares. A contaminação
pode se dar de forma acidental, imediatamente, ou a longo prazo, caso este material
se encontre no ar, no solo, ou em nossas bacias hidrográficas. Portanto, se
desenvolvimento
sustentável está
diretamente
ligado
a
políticas
ambientais
sustentáveis, é pertinente repensarmos a contínua utilização deste tipo de lâmpada.
Importante
destacar
a
ênfase
dada
especificamente
às
lâmpadas
fluorescentes, dentre as outras abordadas neste trabalho. Explica-se pelo fato de que,
conforme citado no texto, as lâmpadas dicróicas incandescentes e de LED não
possuem em suas constituições componentes químicos prejudiciais a saúde ou ao
meio ambiente.
Considerando-se que a produção de lâmpadas fluorescentes exige cuidados
especiais, os processos utilizados para a sua produção atualmente se mostram
razoavelmente adequados. No entanto, no que diz respeito o seu descarte, não
encontramos um cenário tão animador. Ainda há muito a que ser feito em termos de
políticas ambientes e processos de descarte de lâmpadas fluorescentes, de forma
socialmente responsável. Pesa contra isso, o fato de o governo estimular a economia
de energia, promovendo a troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes,
devido a sua eficiência luminosa com um baixo consumo de energia (Atiyel, 2001).
42
Os resíduos de lâmpadas fluorescentes, após seu consumo, estão
classificados de acordo com a NBR 10004:2004 (resíduos sólidos) da ABNT, como
resíduos classe I - “perigoso”, por apresentarem riscos a saúde pública (inclusive de
morte e doenças), e ao meio ambiente, portanto se requer um destino condizente com
a sua periculosidade.
O Código de Ética do Conservador-restaurador (p.2) menciona o dever do
profissional em preservar os bens culturais para as gerações atuais e as futuras.
Entendemos também como obrigatório a condução de suas ações, considerando
critérios ambientais e socialmente responsáveis. A atuação do profissional deve-se
pautar, portanto, na busca por materiais que estejam de acordo com o
desenvolvimento sustentável, com os princípios de conservação do patrimônio, assim
como com à preservação das condições ambientais.
Além disso, o conservador-restaurador também deve ter práticas que
promovam a inclusão social. Atualmente sob o aspecto “iluminação”, as normas ou
standards, relativos à conservação preventiva de bens culturais, estipularam os
parâmetros a serem seguidos, com baixos níveis de lux. Esses níveis possuem
valores médios para a população, contudo, a visão é particular a cada indivíduo, e
nem todos os indivíduos possuem boas condições de visão.
Michalski (2009) faz referência sobre o dilema da visibilidade versus a
vulnerabilidade, em exposições de bens culturais. O autor relata a difícil realidade dos
conservadores-restauradores e profissionais correlatos, onde a grande dificuldade que
enfrentam é a de como obterem êxito para a boa visibilidade dos objetos, dentro dos
parâmetros de 50 lux, normalmente estipulados como índice seguro a objetos
sensíveis.
Segundo Homem (2006-2007):
Um
museu,
palácio,
arquivo
ou
biblioteca
não
pretenderá/deverá sacrificar seus objetos sensíveis, mas
também não poderá sacrificar seus visitantes, impedindo-os de
ver ou de ver bem. (p.229)
Conforme as normas da Sociedade de Engenharia de Iluminação da America
do Norte (IESNA - Iluminating Engineering Societi of North America) onde está
estipulado este índice, não houve especificação quanto ao tamanho dos objetos ou se
o objeto possuía mais ou menos intensidade de contrastes. Estes parâmetros foram
estipulados como ideais, considerando apenas o retardamento do processo de
deterioração. Entretanto, estes mesmos parâmetros são insuficientes para uma boa
43
visualização de tonalidades ou detalhes de obras e, ainda, não consideram a
diversidade da idade dos observadores.
Michalski (2009) publicação leva em conta as questões de qualidade de
percepção visual, e produziu normas para “ajustar a visibilidade”. Foi atribuída uma
regra cautelosa de até 3x a quantidade de lux máxima, de acordo com a idade do
observador, para a existência de “igualdade de acesso visual”, conforme a eventual
presença de idosos, por exemplo.
Esta iluminação deverá ser auxiliar, ou poderá ocorrer através de dimmer43,
visando favorecer a presença de observadores mais velhos ou com deficiência visual,
que são uma grande parcela dos freqüentadores de museus e exposições, ainda
informa que, por volta de 65 anos de idade, o observador precisa de quatro vezes
mais luz para receber na retina a mesma quantidade de luz que recebia na sua
juventude. Assim, cabe destacar que as normas de iluminação encontradas, foram
embasadas, principalmente, em índices de emissão de radiação UV e IR. Entretanto,
as lâmpadas de LED possuem baixa emissão deste tipo de radiação. Conclui-se,
então, que utilizando este tipo de lâmpada, poderíamos aumentar os índices de
iluminação, favorecendo, assim, pessoas com deficiência visual.
Portanto, neste capítulo, buscou-se apresentar aspectos mais relevantes
sobre o funcionamento das lâmpadas e da luminotécnica, assim como questões de
cunho social, ambiental, e relativas à atuação do conservador-restaurador.
No que diz respeito à luminotécnica, fez-se um levantamento sobre os índices
mais favoráveis para obtenção de economia de energia com ganho na qualidade de
iluminação. Desta forma, observou-se na pesquisa com as lâmpadas uma
equivalência entre as lâmpadas fluorescentes e de LED, no que diz respeito a
eficiência luminosa, e uma grande diferença relativa ao tempo de vida útil entre as
demais, destacando-se a lâmpada de LED, que chega a oferecer sete vezes mais vida
útil do que as lâmpadas fluorescentes compactas, e vinte e cinco vezes mais do que
as lâmpadas dicróicas.
A eficiência luminosa e a vida útil das lâmpadas são critérios fundamentais
quando se trata da sustentabilidade das instituições, pois, ao passo que se obtém
melhores índices de eficiência e vida útil, se reduz o consumo de energia, a
quantidade
lâmpadas adquiridas,
menos
mão
de
obra
para
reposição
e,
conseqüentemente, menos material descartado.
43
Pzzotti, 2003, p.94. Dimmer: dispositivo que regula a intensidade de luz permite uma melhor afinação
da iluminação
44
Contudo, a lâmpada com menor vida útil entre as estudadas foi também a de
melhor resultado nos índices de IRC. Com as novas tecnologias, os índices das outras
lâmpadas mencionadas estão aproximando-se dos índices ideais.
Sobre a temperatura de cor das lâmpadas escolhidas, sabe-se que as
incandescentes possuem por sua natural constituição, os padrões ideais, entretanto,
as novas tecnologias estão conseguindo equiparar todas as lâmpadas, produzindo
lâmpadas com diversos índices de temperatura de cor, de acordo com a função
desejada. Assim, destaca-se a quantidade de opções no mercado, desde as mais
quentes ou alaranjadas, até as mais frias ou azuladas.
No que diz respeito os critérios sociais e ambientais, este capítulo evidenciou
a periculosidade das lâmpadas fluorescentes, devido à existência de produtos
químicos que compõe as mesmas e que são nocivos a saúde e ao meio ambiente, tais
como o Mercúrio. Outro aspecto social relevante que foi apontado é a necessidade de
elevação dos índices de iluminação, de maneira a conjugar a segurança para os bens
culturais, no que diz respeito a sua conservação preventiva, sem impedir o acesso de
pessoas com deficiência visual, por exemplo, o que amplia o acesso do público
freqüentador de exposições.
45
Capítulo 3 - Experimentos práticos
Este capítulo apresenta os resultados de experimentos práticos que
objetivaram, considerando os aspectos já pontuados nos capítulos anteriores, verificar
a eficiência do uso de lâmpadas de LED para a iluminação de objetos e acervos com
valor cultural. Como dito, entendemos que todo o trabalho do conservador-restaurador
busca como resultado a estabilização dos processos de deterioração. Isto significa,
dentre outras coisas, viver as expectativas de que os objetos transponham não anos,
mas sim muitas décadas, objetivando preservar o patrimônio cultural como legado
para as gerações futuras.
Entretanto, cada situação requer uma estratégia, uma decisão onde cabe ao
profissional conhecer antecipadamente os materiais expostos, as condições
arquitetônicas e, assim interceder, priorizando a conservação sem esquecer as
questões de visualização, as questões econômicas e ambientais.
Como
forma
de
se
promover
resultados
práticos,
relacionados
especificamente com a deterioração provocada pela iluminação, esta pesquisa optou
por testes de aceleração de envelhecimento que consistiram no uso de lâmpadas
habitualmente empregadas em exposições, reservas técnicas e ambientes para
análises de obras. Os testes de envelhecimento acelerado ocorreram com o aumento
de incidência de luz sobre os materiais utilizados para o experimento: tecido e jornal. A
seguir, relata-se como foi desenvolvido este experimento e o método utilizado.
3.1
Procedimentos para a execução do envelhecimento acelerado
Um dos objetivos desta pesquisa é verificar qual tipo de iluminação que, de
forma eficiente, qualifique a visualização do que se deseja iluminar, tornando-o mais
acessível e, ao mesmo tempo, não acelere a degradação do objeto. Este desejo
consiste no paradigma do conservador-restaurador e de outros profissionais que
trabalham com exposições. Contudo, sabe-se que as melhorias nas condições visuais,
dar-se-ão paralelamente a escolha de uma iluminação menos agressiva. Com este
46
fim, o experimento escolhido para proporcionar essa discussão foi à realização de
envelhecimento acelerado. Desta forma, organizou-se um espaço que proporcionasse
condições mínimas de controle da iluminação e com ambiente em igualdade de
condições entre as iluminações envolvidas, de maneira a mensurarmos, de forma
controlada, o desenrolar do experimento. No entanto, é importante salientar o que nos
diz Horie (2010, p. 50): dificilmente se chegará com igualdade aos resultados ocorridos
em condições naturais, somente aproximadas.
As lâmpadas analisadas possuíam diferentes caracteristicas de fabricação,
diferenças no tipo de radiação e na forma como direcionam a luz. A diferença mais
relevante foi observada quando na exposição dos suportes, onde, o direcionamento da
luz ocorria de maneiras diversas, ou seja, algumas lâmpadas proporcionavam uma
iluminância em todas as direções, outras focalizavam uma parte da luz e dispersavam
outra. Também se constatou uma lâmpada com direcionamento do foco mais
homogêneo que as demais.
Para o experimento, primeiramente foram escolhidos três tipos de lâmpadas
com constituições diferentes e que pudessem desempenhar o mesmo tipo de função,
no caso, uma iluminação direcionada e com delimitações do espaço iluminado. Foram
escolhidas conforme a figura 13: uma lâmpada dicróica de 50W/220V, uma lâmpada
fluorescente compacta de 11W/220V e uma lâmpada de LED com 30 LEDs e
2,2W/220V (A soma de todos os 30 LEDs dão um total de 2,2W).
Figura 13: A partir da direita, LED, fluorescente e dicróica.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
47
Depois de escolhidas às lâmpadas, foi necessário o desenvolvimento de um
suporte que propiciasse um direcionamento integral de toda a iluminância 44 produzida
pelas lâmpadas do experimento. Este suporte constituiu-se de uma luminária
popularmente conhecida como “mini canhão de luz” (ver figura 14) de alumínio. Neste
canhão a lâmpada fica contida no interior do compartimento, assim direcionando para
frente toda a iluminância produzida.
Figura 14: Luminária canhão.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
A escolha da luminária em forma de mini-canhão se deu em função das
próprias características da iluminância de cada uma das lâmpadas que, com a
exceção do LED, tendem a dispersão no espaço por várias direções. É importante
considerarmos que se a distância entre a lâmpada e o que se quer iluminar aumenta,
também aumenta-se a perda de iluminância em um determinado lugar, pois o ângulo
do foco de luz abre conforme o aumento da distância, gerando maior dispersão.
Cabe destacar que cada uma das lâmpadas escolhidas apresenta diferentes
particularidades, dentre elas, a quantidade de iluminância e o tipo de luz produzida.
Como forma de regular a intensidade da quantidade de lux incidente em cada um das
seções do material, considerando as variações de cada uma das lâmpadas, em
decorrência das suas próprias especificidades, adotou-se como padrão a intensidade
de 500 lux de incidência sobre cada seção diferente de um mesmo material. Como
dito, nesta pesquisa, foram utilizados para o experimento pedaços de tecido de
algodão coloridos industrialmente, popularmente conhecidos como “pano de chita” e
jornais impressos.
44
Iluminância
é
a
quantidade
de
luz
que
www.usp.br/fau/cursos/.../Af_Apostila_Conceitos_e_Projetos.pdf.
uma
lâmpada
irradia,
48
Estes dois materiais de natureza diferentes foram escolhidos, considerando
que, conforme as tabelas do IESNA e do ICOM, eles têm índices de sensibilidade
diferente, a saber, o tecido é classificado como material com índice médio de
sensibilidade a luz, enquanto que, por sua vez, o jornal é suporte classificado como
extremamente sensível. Desta forma, com diferentes graus de sensibilidade
investigados, os resultados da pesquisa se mostrariam mais diversificados e
forneceriam mais elementos para comparação, discussão e análise.
Considerando a já mencionada regulagem das condições ambientais, é
importante citarmos também que, para o teste ocorrer de forma mais controlada
possível, as condições ambientais dos espaços artificialmente criados deveriam ser
similares entre os experimentos, evitando-se, assim, por exemplo, a possível geração
de micro-climas diferentes, as variações bruscas de temperatura - caso ocorresse
seria simultânea nos experimentos - e a própria interferência de outras fontes de luz,
que não aquela que se está utilizando no experimento.
Considerando-se estes aspectos, optou-se pela utilização de canos de PVC
de 100mm. Em cada cano foi colocado em uma extremidade um mini-canhão e, na
outra, o material a ser iluminado. (ver figura 15)
Figura 15: Imagem interna da estrutura.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
Desta forma, o ambiente criado estaria em condições muito parecidas nos
três “canos”, somente com as alterações ambientais decorrentes das lâmpadas
utilizadas no experimento, o que neste caso, seria, inclusive, desejável, na medida em
49
que se quer, justamente, verificar os impactos dos usos das diferentes lâmpadas sobre
um mesmo material.
No entanto, devido à lâmpada dicróica produzir temperaturas elevadas e um
cano de PVC normalmente não suportar altas temperaturas, realizou-se uma
adaptação na extremidade deste cano com um anel metálico de 15 cm. Esse
procedimento evitou o contato direto entre as altas temperaturas da lâmpada da
luminária aquecida e o cano de PVC utilizado (ver figura 16).
O uso de um luxímetro detectou em cada uma das seções e dos materiais
que recebeu foco de luz, a incidência dos 500 Lux estipulados. Desta forma, foi obtida
a equivalência da intensidade de lux, com as três fontes, de natureza diferente.
Figura 16: Estrutura montada sobre o tecido de chita.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
O tecido de Chita utilizado no experimente possui 100% de algodão e
coloração variada, constituída de pigmentos industriais. Este material foi deixado sobre
50
uma superfície plana e, então, sobre o mesmo, foram colocados os canos com as
luminárias, de acordo com a distribuição ilustrada na figura 17.
Figura 17: Tecido Chita.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
O experimento ocorreu da seguinte forma: entre os dias 25/09 e 20/10/11, os
testes foram deixados por um período de dez horas, ou seja, durante vinte e cinco dias
as luminárias ficaram ligadas por dez horas (controladas automaticamente por
TIMER45, ver figura 18) e com uma iluminação de quinhentos lux/h, resultando em um
montante acumulado de cento e vinte cinco mil (125.000) lux/h.
Figura 18: Time programado para ligar e desligar automaticamente.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
45
Temporizador programável.
51
Na sequência, entre os dias 20/10 e 06/11/11, os equipamentos ficaram
ligados por dezoito horas, com a mesma intensidade, perfazendo um total de cento e
trinta e cinco mil (135.000) lux/h. Finalizando o teste, os equipamentos foram ligados
por um período entre 06/11 e 15/11, por vinte e quatro horas, com a mesma
intensidade dos períodos anteriores, produzindo um total no período de cento e vinte
mil (120.000) lux/h. Assim, calculando a soma dos totais parciais, produziu-se um total
geral de trezentos e sessenta mil (360.000) lux/h sobre os trechos do tecido.
Em função de dificuldades técnicas não previstas, o teste de iluminação com
o jornal teve tempo de exposição diferenciado. Portanto, a intensidade de lux utilizada
para a realização do envelhecimento artificial deveria ocorrer de forma mais potente
que a anterior, em relação a um período de tempo menor, em comparação ao
experimento com o tecido. Assim, utilizando os mesmos equipamentos, optou-se por
um aumento considerável na intensidade de lux/h, ou seja, de quinhentos para mil
lux/h (Ver figura 19). Este aumento foi alcançado com a diminuição da distância entre
a lâmpada e o objeto iluminado (ver figura 20).
Figura 19: Medição de lux/h.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
Esta exposição ocorreu entre os dias 17/11 a 28/11/11, durante vinte e
quatro horas diárias, com os já mencionados mil lux/h que, no total, somaram
duzentos e oitenta mil (280.000) lux/h.
52
Figura 20: Estrutura montada sobre o jornal.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
3.2
Avaliações dos resultados
Na execução do primeiro experimento, utilizando como objeto o tecido de
chita, houve a constatação a partir de exames organolépticos, que nenhuma das
lâmpadas utilizadas afetou de forma visual com desbotamento ou fisicamente com a
fragilização das fibras (Ver figura 21). Este resultado provavelmente está relacionado
com a qualidade do tecido escolhido, onde sua pigmentação é industrializada e,
portanto, mais estável. Sua estabilidade provavelmente tenha favorecido o algodão
que, por ser orgânico, é classificado como material muito sensível.
53
Sobre o assunto, Michalski (2009, p.200) afirma que a luz visível é
responsável por desbotamentos em tecidos que possuem corantes fugidios, o que não
ocorre em tecidos com corantes duráveis.
Figura 21: Tecido após o teste.
Foto Ricardo Jaekel dos Santos
No teste em que se utilizou o jornal no experimento, foi possível observar o
começo de um desbotamento da impressão, ou uma fragilização dos pigmentos
utilizados na impressão. A constatação foi visual e ocorreu na sessão destinada a
lâmpada dicróica, marcada com a letra “I”de incandescente. (Ver figura 22, 23).
Figura 22: Jornal com as três sessões demarcadas.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
54
Figura 23:detalhe da sessão correspondente a lâmpada dicróica.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
Na sessão “F” correspondente a iluminação com lâmpada fluorescente, foi
constatado um sutil amarelecimento. O fato ocorreu no verso da folha do experimento,
onde por não conter imagens coloridas ou textos que cobrissem inteiramente o papel
original, foi possível notar tal amarelecimento. Entretanto, devido a sua pequena e sutil
alteração, o registro fotográfico ficou inviabilizado. (Ver figura 24)
Figura 24: Verso da folha utilizada no experimento.
Foto: Ricardo Jaekel dos Santos
Pode se supor que na sessão destinada a lâmpada dicróica, houve uma
fragilização e em pontos determinados uma perda de aderência da impressão devido a
55
radiação IR que, por sua ação térmica, aqueceu os pigmentos a ponto de alterar a
aderência.
Com relação ao sutil amarelecimento observado no verso do jornal e na
sessão da lâmpada fluorescente, acredita-se que a responsabilidade seja pela
existência de UV na radiação da luz fluorescente. Entretanto, em razão do resultado
inicial, se propõe a continuação deste experimento, a fim de aprofundar tal estudo e
paulatinamente registrar a sua evolução.
Concluindo as observações sobre o experimento, a sessão destinada a
iluminação com lâmpada de LED ficou aparentemente com suas características
visuais e físicas inalteradas, tanto na pigmentação da parte frontal do jornal, quanto na
do verso. Esta constatação instiga a continuarmos com os testes de envelhecimento
acelerado, a fim de constatar de que forma este tipo de iluminação danifica e a partir
de que momento o dano ocorre.
As constatações futuras fazem parte do questionamento sobre a iluminação
de bens culturais e dos objetivos iniciais deste trabalho de conclusão de curso, onde
se esperava encontrar resultados favoráveis a conservação e, ao mesmo tempo,
contribuições questões sobre melhor visualização.
56
Conclusão
A conclusão exposta junto a este trabalho considera a forma como é vista a
conservação ante a restauração: cada vez mais em destaque, pois a conservação
objetiva preservar as características originais e históricas dos bens culturais. Assim
sendo, este trabalho comparou e avaliou os aspectos da luminotécnica e os impactos
ecológicos do uso de determinadas lâmpadas, a partir da execução de testes práticos.
Primeiramente, foram aprofundados os conhecimentos sobre um dos fatores
responsáveis pela degradação dos bens culturais, objeto central desta pesquisa: a luz.
Demonstrou-se que a luz deve ser compreendida com uma forma de radiação, sendo
a mais danosa das formas de luz a radiação UV. Desta forma, sugere-se que devam
ser feitos diversos esforços para eliminá-la, assim como também a radiação visível e a
Infra vermelho. No que pese a influência negativa destas formas de radiações, não se
pode deixar de observar que, mesmo na luz visível ocorre a existência de radiações
próximas ao cumprimento de onda das radiações UV e IR. Desta forma, também se
requer cautela na utilização da luz convencional.
No que diz respeito aos impactos ambientais do uso das lâmpadas, conclui-se
que é necessário evitar a utilização de lâmpadas fluorescentes. Este tipo de lâmpada
possui produtos químicos nocivos, tais como o mercúrio, na sua constituição. Desta
forma, são necessários procedimentos de descarte que são caros e que não são muito
estimulados. Ao contrário disso, hoje em dia, percebe-se o uso deste tipo de lâmpadas
cada vez mais motivado em função do seu baixo consumo de energia.
No
que
diz
respeito
aos
aspectos
luminotécnicos,
analisaram-se
características das lâmpadas, tais como a sua vida útil, a sua eficiência luminosa, o
seu IRC e os seus índices de Temperatura de Cor. A comparação entre os tipos de
lâmpadas evidenciou os benefícios do uso do LED, em função da boa relação custobenefício desta tecnologia, considerando a sua vida útil, superior em cerca de vinte e
cinco vezes mais que as dicróicas, e de seis vezes mais que uma fluorescente
compacta, o que a coloca como uma grande aliada para a sustentabilidade das
instituições. A sustentabilidade sugerida consolida-se com estes índices, devido à
redução da quantidade de lâmpadas adquiridas para reposição, na redução de custos
com mão obra para execução das trocas, na diminuição de material para descarte, e
principalmente, devido à sua alta eficiência luminosa, assim reduzindo o consumo de
energia.
As lâmpadas dicróicas possuem vida útil pequena, porém se destacam por
possuírem um Índice de reprodução de cor superior as demais. Contudo, a
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superioridade das dicróicas na reprodução das cores, está sendo minimizada com os
avanços tecnológicos alcançando índices aceitáveis em outras lâmpadas. Apesar
disso, e este é o tipo de lâmpada mais utilizada em iluminação focalizada devido ao
seu baixo custo inicial.
Os testes realizados durante esta pesquisa, efetuados sobre os dois tipos de
materiais: tecido de algodão tingido e papel jornal impresso, evidenciaram a maior
resistência do tecido a degradação provocada pela luz. No entanto, devido ao tempo
restrito para a realização da pesquisa, o fato de não se observar modificações
significativas na aparência ou na resistência das fibras do tecido, não significa que o
tecido seja imune a ação das lâmpadas. Tempos maiores de exposição a luz são
necessários, para que se possa compreender melhor a ação da luz sobre este tipo de
material.
Contudo, esses resultados confirmam a classificação deste tipo de tecido nas
tabelas de sensibilidade citadas na pesquisa, e destacam a estabilidade da tintura,
ante a fragilidade do algodão. O tempo também foi restrito para o experimento com o
papel jornal. No entanto, no jornal, observou-se uma maior sensibilidade. Esta
constatação confirma a informação obtida nas tabelas de sensibilidade, de se tratar de
um material mais frágil a luz, pois se observa o começo de desbotamento dos
pigmentos e um sutil amarelecimento do suporte.
Os resultados obtidos ampliam a expectativa positiva em relação ao menor
número de danos com o uso da iluminação com o LED. Espera-se, a partir da
continuidade dos testes, verificar quais são os aspectos positivos em relação ao seu
uso e, também, mensurarmos os possíveis danos que esta tecnologia pode provocar.
A possibilidade do surgimento de danos com o LED se deve pelo fato de que
a luz produzida pelos LEDs também é uma forma de radiação e, sendo assim, ela
também é capaz de produzir reações. Entretanto, este dano ocorre em um tempo
maior de exposição, isso em conseqüência das ínfimas taxas de Ultravioleta e
Infravermelho. Assim, entende-se que este tipo de iluminação pode proporcionar o
aumento dos índices de exposição, estipulados nas normas internacionais, e, desse
modo uma melhor visualização.
Portanto, durante a analise de todos os aspectos trabalhados nesta pesquisa,
que objetiva a compreensão de formas de iluminação mais direcionadas e menos
agressivas, concluímos que a utilização das lâmpadas de LEDs é mais recomendada,
pois, devido a sua constituição, ela fornece luz direcionada, possui ótimos índices de
eficiência luminosa e que têm maior vida útil. Aspectos estes necessários para a
sustentabilidade das instituições.
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A tecnologia das lâmpadas LED encontra-se em constante evolução. Hoje em
dia são disponibilizadas lâmpadas com IRC e TC que têm variações que se
conformam as necessidades de exposição dos bens culturais. A lâmpada de LED
também se mostra como mais ecologicamente correta, pois não possui produtos
químicos que agridem facilmente o meio ambiente ou os seres humanos, além do que,
o seu descarte, é mais fácil e seguro.
Finalizando, os índices de UV e IR das lâmpadas LED são irrisórios, o que
favorece a conservação preventiva dos bens culturais expostos e, também, propicia
um aumento dos níveis de iluminação. Este é um aspecto importante, especialmente
se considerarmos a acessibilidade de deficientes visuais a exposição de bens
culturais.
Concluindo os resultados dos estudos e dos testes, percebe-se que o tempo
é um fator da maior importância no planejamento das atividades de um experimento,
assim como também para o controle da exposição dos objetos a diferentes tecnologias
de iluminação. Considerando o tempo de exposição de um determinado tipo de objeto
a um determinado tipo de lâmpada, podemos propor uma melhor relação entre a
conservação preventiva do objeto e sobre a sua visualização.
Pode-se, assim, de forma calculada, ampliar-se os índices mínimos de
exposição de um objeto a luz, desde que em outro momento este objeto seja
compensado com à diminuição do mesmo ao tempo de sua exposição a luz. Ficaria,
neste caso, a critério do profissional a escolha da forma como o mesmo irá conciliar a
iluminação disponível com a sensibilidade do que será exposto, e o seu tempo de
exposição.
Portanto, na medida em que este trabalho buscou problematizar as lâmpadas
mais utilizadas em exposições, objetivando produzir conhecimento sobre os critérios a
serem considerados em decisões sobre quais lâmpadas se deve utilizar ou não, para o
suprimento de aspectos necessários para conservação, e para que se produza
qualidade da visualização dos bens culturais. Entendemos que esta pesquisa contribui
para a atuação dos profissionais de conservação e restauro em suas ações
preventivas, qualificando o olhar dos mesmos sobre um assunto de vital importância
que, apresenta-se, ainda, incipiente em termos de reflexão acadêmica.
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Estratégias para Iluminação dos Bens Culturais e os Dilemas do