UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” Curso: Docência do Ensino Superior O RESGATE DA CIDADANIA E DA IDENTIDADE DO BAIRRO DE COPACABANA POR MEIO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE. AS CALÇADAS DE COPACABANA. por Arlinda Maria Carneiro da Silva Orientador: Profª. Diva Nereida Marques Machado Maranhão Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2007. 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” Curso: Docência do Ensino Superior O RESGATE DA CIDADANIA E DA IDENTIDADE DO BAIRRO DE COPACABANA POR MEIO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE. AS CALÇADAS DE COPACABANA. Objetivo: Este trabalho monográfico foi elaborado para ser apresentado à Universidade Candido Mendes, Instituto A Vez do Mestre, Pós- Graduação “Lato Senso” como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Docência do Ensino Superior. Por Arlinda Maria Carneiro da Silva Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2007. 3 Agradecimento Agradeço aos meus pais, que tiveram todo o carinho e paciência ao dividir meu tempo com as aulas para que eu possa reingressar no mercado de trabalho. Agradeço aos mestres, da Faculdade de Turismo da FACHA e os do Instituto A vez do Mestre que com muita competência e carinho passaram de forma proveitosa e digna as informações que me fizeram crescer como profissional e como pessoa. E por ultimo e não menos importante, agradeço aos meus colegas que de várias formas ajudaram-me a chegar ao final do curso. Obrigada a todos! 4 Dedicatória Dedico essa monografia a minha irmã caçula, Dina Márcia, a quem a vida deu um limão e ela está fazendo uma doce limonada. E ao meu cunhado Renato Novaes que se faz um marido amigo, confidente e um Grande Pai. Deus abençoe aos dois! 5 Dístico Depois de trabalhar toda a semana Meu sábado não vou desperdiçar! Já fiz o meu programa pra esta noite E já sei por onde começar. Um bom lugar para encontrar: Copacabana Pra passear a beira-mar: Copacabana Depois num bar à meia-luz: Copacabana Eu esperei por essa noite uma semana. Um bom jantar depois de dançar: Copacabana Um só lugar para se amar: Copacabana A noite passa tão depressa, Mas vou voltar lá pra semana! Se eu encontrar um novo amor: Copacabana. Composição: Carlos Guinle/ Dorival Caymmi 6 RESUMO Há algum tempo, o ensino superior perdeu uma característica muito importante que é o contato com a sociedade, divulgando o conhecimento de sua atividade. Principalmente das novas profissões, a sociedade em geral desconhece as atribuições dos alunos egressos dos cursos. É muito comum, quando um Bacharel em Turismo se apresenta para um leigo, ouve: “Você passeia muito, né?” esta é uma visão simplista e equivocada dos profissionais de turismo e próprio de quem não sabe a importância sócio econômica da atividade turística. O presente trabalho tem como objetivo a revitalização do bairro nos aspectos residencial, comercial, de lazer e turístico, por meio da integração dos estudantes das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA - Curso de Turismo e de jovens de comunidade do Morro Chapéu Mangueira. Reorganizando o bairro para que volte a estar pronto para a sua forte vocação. A de grande núcleo de recepção de turistas dentro dos padrões que a OMT dá a conceituação do Turismo Sustentável. Palavra-chave: Formação; Preservação de Patrimônio Cultural; Pólo Turístico; Revitalização de Pólo Turístico; Teoria e Prática; Calçadão de Copacabana; 7 METODOLOGIA Este trabalho foi elaborado através de observações do dia a dia da vida acadêmica e no bairro, de pesquisa bibliográfica em livros, revistas e páginas na internet, para concluir a hipótese de ser possível resgatar o glamour do bairro mais famoso do Rio de Janeiro e do Brasil com cursos profissionalizante, integrando graduados do Curso de Turismo das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA e jovens de comunidades carentes do bairro de Copacabana e recuperando o potencial turístico do bairro. 8 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 DÍSTICO 05 RESUMO 06 METODOLOGIA 07 INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I A VIDA ACADÊMICA, A CIDADANIA E A SOCIETADA CIVIL ORGANIZADA. 10 CAPÍTULO II HISTÓRIAS E LENDAS DO BAIRRO DE COPACABANA. 15 CAPÍTULO III A HISTÓRIA DA CALCETERIA 34 CAPÍTULO IV GEOGRAFIA DE COPACABANA 40 CAPÍTULO V PATRIMÔNIO CULTURAL DE COPACABANA 49 CAPÍTULO VI A RECUPERAÇÃO DO GLAMOUR E DA QUALIDADE DE VIDA DO BAIRRO DE COPACABANA. 53 CONCLUSÃO 56 BIBLIOGRAFIA 58 ANEXOS 61 ÍNDICE 72 FOLHA DE ATIVIDADES EXTRA CURRICULAR 75 FOLHA DE AVALIAÇÃO 76 9 INTRODUÇÃO O aluno egresso do curso superior, ao sair da faculdade, na grande maioria, sentem-se perdidos. Muito da teoria aprendida não sabem como aplicar na vida profissional. A visão que tem da aprendizagem superior com o objetivo de conseguir uma profissão e ser um ser realizado e bem sucedido. É um grande equivoco. A participação social desse aluno fica prejudicada por ter uma visão restrita do Ensino Superior. Hoje é “moda” a elaboração e implementação com projetos ecológicos. A proteção ambiental fica em evidência. Tudo para salvar o mundo, mas não percebem que o Patrimônio Cultural material ou imaterial também se deteriora e perde a capacidade de atrair turista e precisa ser preservado e restaurado. Hoje é comum ver jovens envolvidos em trabalhos voluntários para acrescentar em seu currículo. E muitas vezes, a atividade que desenvolve no projeto, não tem nada a ver com os seus conhecimentos técnicos – científicos. Não é claro para os alunos do ensino superior, que um objetivo nobre, é fazer o educando, um indivíduo pensante e capaz de tomar atitudes conscientes na execução de sua atividade e não percebe a necessidade de trabalhar divulgando seu conhecimento técnico no presente trabalho disseminar os conceitos do turismo sustentável. A integração dos estudantes das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA - Curso de Turismo com jovens das comunidades carentes do morro do Chapéu mangueira em Copacabana, num projeto de qualificação da mão de obra para a utilização na recuperação das calçadas do bairro pode promover a inclusão social destes jovens e a revitalização do bairro nos aspectos residencial, comercial e turístico. Um sucinto estudo sobre a história do bairro de Copacabana e da arte do mosaicismo no Brasil e em Portugal. Se pode chegar a uma proposta positiva de revitalização do Pólo Turístico com objetivo de melhorar a qualidade de vida dos moradores e de jovens carentes de 18 a 24 anos. Fazendo com que a praia e o bairro de Copacabana volte a ser o lugar Glamuroso que tantos atraiu para morar ou visitar durante um século. 10 CAPÍTULO I A VIDA ACADÊMICA, A CIDADANIA E A SOCIETADA CIVIL ORGANIZADA. O ensino superior, nas ultimas décadas, no Brasil tem tido um distanciamento grande de seus objetivos. Um graduando em cursos de universidades seja ela pública ou particular, tem, na sua maioria, um olhar voltado apenas para a sua formação profissional pessoal. Embora a Constituição da República Federativa do Brasil diga no título VIII da ordem social; no capítulo III da educação, da cultura e do desporto; na seção I da educação no artigo 205 que a educação é um direito de todos, um dever do estado e da família, “visando o desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”, a maioria dos graduandos está distante da sociedade em geral. Houve no passado um momento da vida universitária, que seus graduandos prestavam serviços à sociedade num projeto chamado “Projeto Rondon”, aonde os alunos de diversos cursos, iam para lugares desprovidos daquele tipo de serviço e faziam um atendimento à população, dentro do programado no projeto e na área de formação do graduando. Participando como cidadão e agregando a seu conhecimento teórico uma vivência prática. O artigo 206, de Constituição brasileira, disserta sobre os princípios que norteiam o ensino no Brasil. O inciso II diz que devem ter “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber”. Parece que o item divulgar o saber o saber anda longe do desejado. Houve-se muito que a palavra de ordem é a solidariedade, mas parece que no quesito divulga o saber fica tudo à desejar. 1.1 Objetivos da formação do acadêmico do nível superior. Para a LDB1, no Título I referente à educação, no artigo primeiro diz: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos 1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 11 sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Isso significa que além do aprender e ensinar o saber, as instituições de ensino devem estar preparadas para participar ativamente do ideais de solidariedade humana qualificando seu educando para o trabalho sim, mas também para exercer plenamente a sua cidadania, na interação com a sociedade. Com base no princípio XI do artigo 3° associando “a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”. No capítulo V da LDB, que trata especificamente do ensino superior diz que a Educação Superior tem como finalidade estimular a criação cultural e desenvolver o espírito científico e do pensamento reflexivo. Formar profissionais das diversas áreas que além de estarem aptos a se inserir no mercado de trabalho, mas também participar do desenvolvimento da sociedade colaborando para a formação contínua da sociedade como um todo. Que dentro do conhecimento, o graduado possa promover a divulgação de seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais, socializando seu saber através de várias formas de comunicação. 1.2 A sociedade civil organizada. Falar sobre sociedade civil é um trabalho árduo. Um assunto que vem sendo discutido pos séculos, pelos mais renomados filósofos, antropólogos, psicólogos e ciências que estudam o ser, pensar e agir do ser humano. Porém um termo contemporâneo aparece no cenário mundial desde o segundo quarto do século passado que é Sociedade Civil Organizada. O termo aparece para conceituar uma sociedade que toma para si alguma das obrigações que era do Estado. Quando a sociedade civil com objetivos de lutar pelos direitos civis e humanos, de forma organizada e em conjunto se chamar, hoje em dia, de "Sociedade civil organizada" representa por “parte da sociedade civil”, organizada na luta por maior inserção na atividade política, legitimada, principalmente, pela ocorrência de duas determinantes: a impossibilidade de resolução dos grandes problemas, que hoje assolam a humanidade, através de 12 ações apenas governamentais ou de mecanismos de mercado; e em função da atual situação de descrédito nos sistemas de representação política, como afirma Ivan Cláudio Marx, delegado de Polícia Federal em Jaguarão (RS). Sendo as ONG – Organização não governamental, associações da sociedade civil organizada, sem fins lucrativos, que desenvolvem ações em diferentes áreas e que, geralmente, mobilizam a opinião pública e o apoio da população para melhorar determinados aspectos da sociedade tratando de assuntos de interesse da humanidade, tais como pobreza, preservação do meio-ambiente, defesa de espécies em extinção, analfabetismo etc, em geral são sem fins lucrativo e formadas por pessoas fora do governo. 1.3 A integração do trabalho acadêmico com as comunidades carentes. O ensino superior, entre outras finalidades, tem o desenvolvimento do pensamento crítico como fim, propiciando a formação de cidadãos usando o conhecimento aprendido em favor da sociedade como um todo. Faz-se importante a integração da comunidade acadêmica com a sociedade civil organizada, no intuito de socializar o conhecimento na busca de melhorar a qualidade de vida, levando o saber para que a “igualdade social” aconteça, minorando as mazelas da sociedade moderna. As comunidades carentes, forma “moderna” de se referir as favelas, tem organizadas dentro delas grupos que buscam a melhoria das condições do lugar onde moram. As Associações de Moradores, que são sociedades civis organizadas, trabalham junto de outras instituições estabelecidas, para desenvolver projetos sociais na busca de uma condição de vida mais humanizada. Juntas, as comunidades acadêmicas e as associações de moradores de comunidades carentes podem desenvolver projetos que podem mudar a vida de um jovem, de uma comunidade, de uma rua ou de um bairro. Como no caso estudado o bairro de Copacabana. 13 1.4 A Faculdade de Turismo e a socialização do conhecimento técnico – científico. O turismo é uma das atividades com grande poder sócio econômico no mundo moderno. Uma atividade que gera empregos diretos e indiretos, aumento de divisas e pode gerar a melhoria da qualidade de vida da população visitada, quando o turismo é desenvolvido de forma planejada procurando ter sustentabilidade. Para a maioria das pessoas, turismo é viajar para passear, transportando se de avião ou ônibus e se hospedando em hotéis. Porem turismo não é só isso, essa é a visão do turista. O conceito, segundo a Organização Mundial de Turismo a OMT, compreende "as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”, também é a infra-estrutura turística de serviços e equipamentos que atuam junto com o atrativo turístico para atrair e influenciar efetivamente o turista a viajar por locais sonhado. Quando uma pessoa viaja fazendo turismo, ele necessita de uma agência de turismo, no seu lugar de origem para organizar sua viagem tão sonhada. Vai precisar também de meios de transporte e vias e terminais de acesso, pois sem eles não poderia chegar ao local que despertou o desejo do turista em conhecer – o atrativo turístico. Ao chegar no local de visita, necessita de lugar para se hospedar, comer, se locomover, compras lembranças, lugares de lazer e muitas outras coisas que ele pode fazer no núcleo receptivo. Depois de tudo tem que retornar ao seu local de origem. Visto dessa forma, o turismo é uma atividade que influencia a economia local direta e indiretamente. É comum se ver a desinformação com a importância socioeconômica da atividade em questão. Um dos elementos primordiais, para que tudo isso aconteça, é o atrativo turístico que tem que ser tratado com muito cuidado para que ele não desapareça ou perca sua característica cultura deixando de influenciar o interesse de turistas em conhecê-lo. 14 Para isso é preciso que toda divulgação de um atrativo turístico deve ser bem planejada para que esse atrativo, seja ele natural ou cultural, possa ser preservado. Quem vai querer conhecer uma praia poluída? Ou quem vai querer conhecer uma cidade considerada patrimônio artístico cultural se suas edificações estejam em péssima condição de preservação. É interessante que os acadêmicos do curso de turismo das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA, busquem divulgar o saber técnico científico, na prática, mostrando que um atrativo turístico, pode vir a ser uma boa fonte de renda e melhoria de qualidade de vida para toda a sociedade se ele é bem explorado, com planejamento e sustentabilidade. Turismo no passado era classificado de “Industria sem Chaminés”, uma visão equivocada, do século XIX, no intuito de mostrar que o turismo, diferente das outras industria, não poluía. Mas foi um ledo engano, o turismo quando não é planejado de forma sustentável ele pólio e até destrói o atrativo. 15 CAPÍTULO II HISTÓRIAS E LENDAS DO BAIRRO DE COPACABANA. Para o Dicionário Prático Ilustrado Lello, história vem do latim e significa narração dos acontecimentos, dos fatos dignos de serem lembrados. Já os professores Luiz Koshiba e Denise Manzi Frayse Pereira, a história, como qualquer ciência, deve oportunizar a capacidade de pensar mais que memorizar. Com a leitura interpretativa, o leitor é conduzido ao aprendizado da exposição do próprio pensamento propiciando-o a capacidade de se fazer ouvir. Assim o Ser, como cidadão poderá participar apaixonadamente, com suas opiniões, dos momentos que exigem dele a participação ativa para melhorar sua qualidade de vida do seu bairro, na sua cidade e de seu país. Com esse objetivo, se faz um relato de fatos históricos, lendas e tradições para formar, com o conhecimento de história e das estórias, a capacidade de formar opinião e sensibilizar o morados do bairro da necessidade de preservar as características, que fizeram Copacabana ser o bairro mais conhecido do Brasil, no mundo. 2.1 Breve histórico da formação da cidade do Rio de Janeiro. No século XVI, quando os portugueses iniciaram o reconhecimento da costa da nova terra, que se chamou Brasil, com os muitos problemas religiosos existentes na Europa, não era só por portugueses que procuravam terras para iniciar novas cidades. Foi o que ocorreu com os franceses uguenotes, que vieram para a região da baia de Guanabara para formar a França Antártica. Ao saber da invasão as terras de posse dos portugueses, a rainha D. Catarina, viúva de D. João III, mandou que Mem de Sá, da fundasse a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao herdeiro da coroa portuguesa D. Sebastião com apenas três anos e cinco meses, entre os morros Cara de Cão e o Pão de Açúcar; e com ajuda dos índios Tamoios, trazidos da costa do Espírito Santo pelos jesuítas Nóbrega e Anchieta, expulsaram os franceses. Com a retirada total dos intrusos, a cidade foi transferida para o morro de São Januário que por conta de sua fortificação ficou conhecido por 16 Morro do Castelo ficando o núcleo da praia de Fora conhecida como Vila Velha e hoje o bairro da Urca.2 Essa Cidade cresceu e tornou se a capital da colônia. Foi nos tempos coloniais um dos principais portos das Américas. Foi aqui que viveu a Corte de D. João VI, quando a corte portuguesa fugiu das guerras napoleônicas. Com esse fato a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ficou sendo a sede do reino português e com isso o Brasil foi elevado a categoria de Reino Unido a Portugal e Algarve. Muitos fatos da história do Brasil iniciaram ou culminaram no Rio, como por exemplo: a Inconfidência Mineira, a Independência do Brasil, a Abolição da Escravatura, a República, os movimentos tenentistas, o Fórum de Ecologia de 1992 – ECO 92. A Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi sede o Primeiro e Segundo Império do Brasil, primeira sede da República, pólo cultural e social do Brasil. A maioria dos movimentos culturais aconteceu por essas praias e florestas; é possuidora de duas grandes camadas de verde, o Parque Estadual da Pedra Branca e o Parque Nacional da Tijuca que por ser mais famosa é considerada a maior floresta urbana do mundo. Embora o Parque Estadual da Pedra Branca seja a maior em área. Nas artes em geral, o Rio de Janeiro foi o pioneiro. Nas construções com os diversos estilos como o neoclássico, art nouveau, art decô, modernismo, e todas as suas variações; nas artes plásticas com nomes de peso como Burle Marx, os irmãos Bernardelli, Mestre Valentim entre outros nomes ilustre. Na música, com a grande exposição, principalmente da radiodifusão muitas das mais belas pérolas do cancioneiro popular; obras ouvidas e cantadas em todo o Brasil pelas ondas de rádios como a Nacional, e Mayrink Veiga e outras e nomes como Vinícius de Moraes, Martinho da Vila, Noel Rosa, Beth Carvalho e são tantas as estrelas que fica difícil nomear todas. Nas imagens televisivas o Brasil riu e chorou com as telenovelas, programas de auditório e programas humorísticos. E de toda forma, o bairro de Copacabana fica conhecido, exposto e 2 Souto Maior. A – História do Brasil para curso colegial e vestibulares. Companhia Editora Nacional São Paulo – 1957 17 desperta a imaginação e os sonhos de brasileiros de todos os cantos do país, em conhecer o viver as Maravilhas de Copacabana. Muitos sonham ou sonharam em Visitar o Rio para conhecer as areias de Copacabana. 2.2 História do bairro de Copacabana. A Paisagem geográfica e urbanística de Copacabana se modificou durante os anos de urbanização da área de Sacopenapã3, como era conhecido o espaço que hoje estão Copacabana, Leme, Ipanema e Lagoa Rodrigo de Rugenda – século XIX Freitas. Em 1986 a aparência da praia era de vegetação típica, era possível ver espinheiros, cardos, pitangueiras, cajueiros e misturado com a mata nativa muitos ananás. E em dias de mar calmo, os veleiros ancoravam pouco depois da arrebentação e os marujos vinham até a areia em seus escales para apanhar as frutas da região. Na praia se via choupanas de pescadores e escravo, com suas hortas próximas. Os acessos naturais para a praia eram por Ipanema, depois de contornar ou atravessar, com canoas, a Lagoa Rodrigo de Freitas ou vindo por Botafogo pelo Caminho dos Pretos Quebra-Bolo4, hoje Ladeira do Leme. Lá do alto se viam os precários caminhos. O grande areal era cercado de morros, como se pode observar em gravuras, pinturas e fotos tiradas do alto do morro São João. O que chama a atenção em fotos de 1896 é que a Pedra do Inhangá ia até a areia dividido a praia. No início do século XX, já apareciam restaurantes na orla marítima. Um era o Belle Vies, próximo de onde hoje está o Hotel Le Meridien e o Igrejinha 3 Tupi-guarani que significa caminho dos socos, uma ave pernalta muito abundante na região, 4 Gerson Brasil 18 no Posto Seis, ambos de propriedade de Martha Remy & Cantone; já demonstrando o potencial turístico e de lazer da praia mais ‘badalada’ no século XX. Em 1910, a Companhia de Cervejaria Brahma comprou a antiga estação de bondes da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico que foi construída em 1904 de tendência neoclássica. O bar Brahma tinha um entrada pela praça Júlio de Noronha reservada a almoços e jantares. O restaurante Igrejinha era o antigo Restaurante – Bar – Concerto Mére Louise de Madame Chaba, que segundo crônicas do final do século XIX e início do XX, cobrava seis mil réis por ‘momentos de descanso’. Ao lado do Mére Louise, havia uma casa branca chamada de ‘Casa dos Ingleses’, porque ali residiam os profissionais que vieram para o Brasil para colocar o cabo Submarino, de telegrafia, no posto seis. Num empreendimento de Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, no império de D. Pedro II. O cabo submarino chegou à praia de Copacabana trazido da Europa pelo vapor Hooper da Telegraph Construction and Maitenance Company em 1873. Copacabana é considerado um bairro completo. Nele tudo se encontra: bancos; comércio em geral: antiguidade, roupas, calçados, alimentos, carros, motos, brinquedos, jóias em lojas nas principais ruas do bairro, de forma democrática em shopping e galerias elegantes os simples para clientes das diversas classes sócio econômica; bares, restaurantes; teatros; cinema, lazer e entretenimento. Quem reside em Copacabana não precisa sair do bairro para fazer as atividades comuns do dia a dia de uma grande cidade. Com uma vida ao ar livre, o carioca vive o dia e a noite num grande movimento de ir e vir de pessoas no calçadão passeando, correndo, de bicicleta ou a pé. Uma característica que dá a impressão aos cidadãos brasileiros de outros estados de que o ‘Carioca Não Trabalha’, trabalha e muito, mas tem uma cultura que o espaço geográfico permite, a vida ao ar livre e Copacabana tem essa característica desde o final do século XIX o que pode ser comprovado em fotos das pessoas passeando – ‘footing’, nos dias de domingos e feriados tal qual acontece nos dias de hoje. O comércio variado, característica nata do bairro, vem de longa data. No 19 final do século XIX, existia uma chácara com estábulo de vacas leiteiras como, por exemplo, a do então vereador Torquato Couto na rua, que hoje, se chama General Ribeiro da Costa no Leme. Na praça Malvino Reis esquina com a rua Barroso, hoje rua Siqueira Campos com a Avenida Copacabana, foi construído, em 1904 o primeiro estabelecimento comercial e ‘Bom Marchê’, e ao lado o Hotel Balneário Copacabana construído no espaço que se vê o Centro Comercial de Copacabana o primeiro centro de comércio do bairro, que hoje tem dois shopping e galerias comerciais como a Menescau – que pertence a família do compositor Roberto Menescau; a Ritz; a Roxi e a Alasca famosa por conta de seus teatro onde se via peças do tipo “vo devilli” até o sensual clube das mulheres; o mercadinho Amarelo e o azul, com suas cafeterias e tabacarias, com produtos importados e muito elegantes, serviam, de pé, um cafezinho irresistível pelo aroma forte e marcante. As primeiras construções residenciais começaram a ser erguidas no primeiro quarto do século XX nas imediações da avenida Princesa Isabel que então chamava Salvador Correia. Nessa época já havia linhas de bonde, com tração animal, que acessavam Copacabana pelo Túnel Alaor Pratas que ficou popularmente conhecido por Túnel Velho. O segundo momento das construções de casas fica por conta do posto seis. E em algumas fotos do inicio do século XX, se vê a especulação imobiliária com vendas de terrenos na região da rua Santa Clara, é fácil compreender a crônica de Rubens Braga, ‘A corretora do mar’5. Na reforma do prefeito Carlos Sampaio é que aparecem os primeiros bares na praça do Lido, em 1922, com mesas ao ar livre, uma prática até hoje na Avenida Atlântica. No passado, existia, nessa região, uma amurada demolida, na urbanização do prefeito Pereira Passos, era de pedra de cantaria, com belas balaustradas como podem ser observadas em fotos da época. A intenção das balaustradas era de fazer cobrança para as pessoas que queriam usufruir da praia, como acontecia em algumas praias da Europa. Intenção por vezes discutida, mas nunca conseguiu êxito. Entre 1902 e 1906 a remodelação da cidade, com os planos do eng°. 5 Coletânea de crônicas, Ai de ti Copacabana de Rubens Braga. 20 Pereira Passos, também trouxe novidades para o bairro como a abertura do túnel Coelho Cintra o Túnel Novo; a inauguração da avenida a beira mar de pois chamada de avenida Atlântica; bondes com tração elétrica. Os bondes são uma trabalho à parte, para cada evento existia um bonde adequado como o taioba – um bonde mais barato e que servia para transporte e bagagens; o para festas, concertos e teatros o bonde de luxo popularmente chamado pelos cariocas de ‘bonde de ceroulas’, por causa das capas colocadas nos bancos; o bonde ambulância para transporte de doentes e aos primeiros atendimento médico; o bonde para casamentos e outro para féretro. Outra idéia do projeto do Pereira Passos foi a divisão da praia em postos de salvamento marítimo em número de seis. Nas primeiras décadas do século XX, começaram a aparecer os palacetes de estilos neoclássico e art dêco. O maior símbolo de modernidade foi o aparecimento de edifícios, prédios de apartamentos de quatro a doze andares que davam ao bairro a sofisticação das modernas. Hotel Copacabana Palace em 1923 é o marco maior do glamour no bairro, tornando-se o ‘point’ dos artistas, políticos, intelectuais e a elite da sociedade carioca, brasileira e internacional. Hospedou “jet set” internacional, O bairro começa a ser um local cobiçado. Todos queriam passar férias e fins de semana em Copacabana. Com grandes palacetes e prédios de grandes apartamentos luxuosos a especulação imobiliária começa a construção e venda de apartamentos pequenos os ‘conjugados’ e depois os ‘kitnetes’ que deveriam ser comprados para serem usados para veraneio. No entanto esse tipo de empreendimento virou habitação popular, e com grande número de moradores que trabalham no bairro que e para minimizar os custos sublocam o espaço onde vivem, com o desemprego a grande maioria passa a trabalhar em funções marginalizadas como camelôs e prostituição, um grande problema social. Esse fato foi mostrando num filme contando as histórias de moradores, o “Um Edifício Chamado Duzentos”, que era ambientado em um prédio na rua Barata Ribeiro e que por conta da película, ficando marginalizado, solicitaram a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro a troca do número do prédio. Apesar das mazelas, Copacabana ainda exerce um fascínio. Um patrimônio 21 cultural, histórico, natural e de manifestação popular tão intenso que é preciso pensar em como recuperar o glamour de Copacabana . 2.3 Histórias sobre as imagens de nossa Senhora de Copacabana. O escritor boliviano José Luis Guzmán Saavedra menciona cinco imagens de Nossa Senhora de Copacabana no bairro. A primeira, a original, e que deu nome à praia, chegou no Rio de Janeiro no século VII trazida por ‘peruleiros’, e que se encontra na Igreja da Ressurreição, na rua Francisco Otaviano número 99, esta imagem, é que saia da Igreja da Ressurreição ia até a Igreja de N. S. de Copacabana, a Matriz, e retornava, no domingo seguinte em belíssima procissão noturna pelas areias da praia até 1992. A segunda era uma imagem de Nossa Senhora da Auxiliadora que esteve na Matriz do bairro desde 1908 até 1943 quando desapareceu. Seu paradeiro é desconhecido. A terceira foi uma doação do povo boliviano, uma réplica fiel da imagem original. A quarta também uma cópia da primeira Nossa Senhora de Copacabana, um presente do Colégio Militar de Aviação da Cidade de Santa Cruz de La Sierra ao exército brasileiro em 1971 e está nas dependências do Museu do Forte de Copacabana, no posto seis. A quinta é também cópia fiel da primeira e foi doada pela colônia boliviana, e desde os anos noventa participa das procissões noturnas na praia. Se encontra na Matriz do bairro. A paróquia de Copacabana foi fundada em 8 de setembro de 1908 por D. Joaquim Arcoverde. No local onde hoje está a Matriz de Copacabana, existia uma capela, pertencente à Ordem Terceira do Senhor do Bonfim, uma ordem de homens de negros oriundos de trabalhadores do cais do porto que trabalhavam com o embarque de café. Extinta a Ordem os bens materiais foram transferidos para a Mitra em 1908. A capelinha foi reformada, mas não estando em conformidade com o ‘status’ de Matriz, foi demolida e construída uma igreja com características neogóticas, posta sob a proteção de Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima sendo o altar mor destinado ao Senhor do Bonfim6. A paróquia cresceu rapidamente e um exemplo disso é que colaborou 6 Revista Beira Mar de 16 de novembro de 1924. 22 para a construção do monumento do Cristo Redentor com o valor de 24 317$500 – vinte e quatro mil e trezentos e dezessete réis e quinhentos. Junto a construção da Matriz, foi construída a ‘Casa do Pobre de Copacabana’, na rua Hilário de Gouveia de frente da praça Malvino Reis, hoje Serzedelo Correia. Foi um marco no atendimento a pessoas desfavorecidas com uma estrutura moderna com luxuosos consultórios médico e dentário, excelente ambulatório, laboratório com bico de gás e água corrente; possuindo ainda uma farmácia. No terceiro quarto do século XX a Matriz foi demolida e em seu terreno construída uma igreja de influência moderna. Com belos vitrais e capelas arejadas tendo salas de catequese e espaços reservados para reuniões de grupos e trabalhos ligados a igreja Catedral da cidade de Copacabana na Bolívia, as Imagem de Nossa Senhora da Conceição de margens do lago Titicaca. Copacabana na Bolívia Foto: Paulo Arias Foto: www.aciprema.com/Maria/amlat/advboliv.htm Foto: David Sanger Ladeiras de Copacabana na Bolívia 23 Imagem de Nossa Senhora de Copacabana no Rio de Janeiro Matriz do bairro Igreja de Nossa Senhora de Copacabana Foto: Arlinda Carneiro Silva Foto: Sérgio Araujo 2.4 Fatos da história acontecidos em Copacabana. Copacabana não é só um bairro com bela praia, charmoso e com uma noite movimentada. Teve e tem momentos que fazem parte da história do Brasil e do mundo como recentemente o show “Life Earth” no dia 7 de julho, espetáculo nas areias de Copacabana e que fez parte de um conjunto de shows no mundo todo para alertar a humanidade sobre os problemas de destruição da natureza. Não se pretende esgotar o assunto, mas se pode citar alguns dos fatos mais relevantes. 2.4.1 Instalação do cabo de telégrafo submarino com a Europa. Em 1875 com a empresa British Eastern Telegraph Company inaugura a primeira ligação internacional, por cabo submarino, com Portugal, na Praia de Copacabana, lugar conhecido hoje por Posto Seis. A ligação com a Europa foi resultado do empreendorismo Barão de Mauá, participando da organização e do financiamento da instalação do cabo submarino. Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, um dos mais importantes empresários brasileiros de todos os tempos. Liberal, abolicionista, industrial e empresário esses são atributos dados ao Barão por seus admiradores já seus críticos referiam-se a ele por entreguista e opositor dos nacionalistas. 24 Responsável por vários empreendimentos de modernização da Cidade do Rio de Janeiro como Os Estaleiros na Ponta de Areia hoje Estaleiros Mauá, a Cia. de Gás do Rio de Janeiro, a Cia. Fluminense de Transportes, a Iluminação Pública, o Canal do Mangue, a Cia. de Curtumes, a Cia. de Carris Jardim Botânico, o Abastecimento de Água, a Cia. a Estrada de Ferro de Petrópolis, e a Casa Bancária Mauá. Colaborando, com a infra-estrutura da cidade do Rio de Janeiro e a economia do Brasil. O pioneirismo foi sua a principal característica. De ascendência humilde, Irineu Evangelista de Sousa nasceu em Arroio Grande, Rio Grande do Sul. em 28 de dezembro de 1813. O Industrial e banqueiro, doente, morreu em 21 de outubro de 1889 tendo pago até o ultimo vintém que devia. Hoje no local onde foi instalado o cabo submarino está a Z-13 uma das poucas colônias de pescadores artesanais, existente no município dório de Janeiro. Z-13 – Pescador da tecendo Colônia Z – 13 No Posto Seis Uma rede artesanalmente. Arrastão na praia de Copacabana. Fotos: Arlinda Carneiro silva 2.4.2 Os Dezoito do Forte. “Dezoito do Forte”, que na realidade eram vinte e nove, dezessete militares e um civil, assim ficou conhecido o levante do militares aquartelados no Forte de Copacabana, foram fotografados por Zenóbio da Costa, caminhando pela avenida Atlântica, onde apenas dezoito aparecem. Essa foto foi e publicada na revista “O Malho” quando os militares Eduardo Gomes, Mário 25 Carpenter, Newton Prado e Pedro Ferreira e o civil Otávio Correia em 6 de julho de 1922, caminhavam para o confronto que aconteceu na esquina da rua Siqueira Campos com a avenida Nossa senhora de Copacabana onde três mil homens do governo federal os aguardavam. Este episódio tem inicio na desavença política ocorrida entre o expresidente da República Mal. Hermes da Fonseca que na época era o presidente co Clube Militar e o presidente eleito Artur Bernardes. O pivô do desentendimento foram cartas atribuídas a Artur Bernardes, onde ele referia-se ao Mal. Hermes chamando-o de “sargentão”. Artur Bernardes vence as eleições porem o resultado é contestado, originando rebeliões em alguns lugares do Brasil. Em Pernambuco, o presidente solicita que o exercito atue na contenção da rebelião popular. Hermes da Fonseca exorta os militares a não reprimir o povo. Por esse motivo o Mal. Hermes é preso e o Clube Militar é fechado em 2 de julho. Os militares ficam ainda mais descontentes, com a indicação do civil Pandiá Calógeras como Ministro da Guerra. Nos quartéis, ouvia-se que “a procissão ia sair”. Era a forma camuflada que os militares usaram para falar da insurreição que teria inicio no Forte de Copacabana, comandado pelo filho do Mal. Hermes, o capitão Euclides da Fonseca que deveria ser seguido por todos os quartéis do Distrito Federal. Na madrugada de 5 de julho, o tenente Antônio Siqueira Campos ordenou disparos dos canhões do Forte. Para alguns historiadores foram três: um contra o Quartel General no Campo de Santana, outro contra o Depósito Naval e o terceiro no Forte do Leme; há quem diga que houveram disparos contra nas fortalezas de São João, na Urca e Santa Cruz em Niterói. Ao contrário da grande insurreição dos quartéis, os encouraçados São Paulo e Minas Gerais, fundeados junto à ilha de Cotunduba passam a bombardear o Forte de Copacabana. O capitão Hermes da Fonseca saiu do forte para um encontro com o Ministro da Guerra e recebe voz de prisão n Palácio do Catete. Dentro do Forte havia 301 militares de várias patentes, os Tenentes Siqueira Campos o Mário Carpenter permitem a saída dos que não querem 26 combater. Saem 272 sendo orientados a sair pela praia de Ipanema indo para Santa Cruz na Escola Militar. O tenente Siqueira Campos, ao saber da prisão do Capitão Euclides da Fonseca, por telefone, ouve a ordem de Pandiá Calógeras para que os rebeldes se rendessem ou seriam massacrados. Diante disso, tomam a decisão de sair para um confronto com as tropas legalistas. Antes de sair, o tenente Siqueira Campos corta em vinte e nove pedaços a bandeira brasileira, distribuindo um para cada militar e guarda um pedaço para entregar ao capitão Euclides da Fonseca. Saem do Forte às treze horas do dia 6 de julho, caminhando pela avenida Atlântica, e nesse percurso até a rua Barroso único caminho que dava acesso a saída do bairro, junta-se ao grupo o civil Otávio Correia, que recebe uma arma e o pedaço da bandeira destinado ao Capitão Euclides. Cercados pelas forças do Governo Federal, num combate que durou aproximadamente trinta minutos, o levante dos Dezoito do Forte estava terminado. Este episódio é considerado o primeiro movimento tenentista dos conturbados anos vinte abrindo caminho para a Revolução de 30. Os 18 do Forte A Cúpula do Forte de Copacabana. Foto: Zenóbio da Costa Foto: www.almacarioca.com.br 2.4.3 Atentado ao Jornalista Carlos de Lacerda. A Rua Tonelero começa na Praça Cardeal Arcoverde e termina na entrada do Túnel Major Rubens Vaz, esse nome foi dado em homenagem a uma vitória do almirante Grenfell na Passagem de Tonelero no rio Paraná. Outro fato importante na história do Brasil na Rua Tonelero foi o do atentado contra Carlos Lacerda, em 1954, no qual morreu o Major Rubens Vaz que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas. Vargas foi eleito presidente da República, tendo como vice João Café 7 27 Filho. Em 3 de outubro de 1950. A UDN exigiu a impugnação da chapa vencedora, alegando que os candidatos não haviam alcançado maioria absoluta, como determinava a Constituição. O jornalista Carlos de Lacerda foi um dos principais defensores dessa tese e tornou-se um dos maiores opositores de Getúlio Vargas. Escrevendo para a Tribuna da Imprensa formulava os mais violentos ataques ao governo como a campanha contra o jornal Última Hora de propriedade de Samuel Wainer acusando-o de ter recebido do banco do Brasil milhões de cruzeiros ilicitamente; fundou no Rio de Janeiro o Clube da Lanterna, e uma coligação partidária de oposição ao governo federal, a Aliança Popular contra o Roubo e o Golpe tudo com o objetivo de combater Vargas. Na madrugada do dia 5 de agosto, em frente ao n° 180 da rua Toneleros, quando voltava de um comício no Colégio São José, Lacerda, foi alvejado no pé e o atentado resultou na morte do major-aviador Rubens Florentino Vaz, integrante de um grupo de oficiais da Aeronáutica que dava proteção a Lacerda Este fato leva a um enfrentamento da Aeronáutica com o governo. Ficando mais crítico quando o motorista de táxi Sr. Nélson Raimundo de Sousa depõem na polícia informando que o autor do disparo fugiu em seu carro e incrimina um membro da guarda pessoal de Getúlio Sr. Climério Euribes de Almeida. Com isso Lacerda escreve um artigo exigindo a renuncia do presidente. Foi autorizado um IPM8 no Galeão dando origem à expressão “República do Galeão”. Foi preso em 13 de agosto Alcino João do Nascimento, que em seu depoimento confessa a autoria do crime e incrimina Climério Euribes de Almeida e Lutero Vargas, filho do presidente. Climério confessa ter sido contratado por Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal e homem de confiança de Getúlio, para eliminar Lacerda. A situação se agrava com o Manifesto de 30 Generais do Exército e a Marinha endossam as exigências da Aeronáutica. O vice-presidente Café filho rompe com Vargas publicamente Politicamente isolado e na iminência de ser deposto, Vargas suicidou-se 7 União Democrática Nacional 8 Inquérito Policial Militar. 28 em 24 de agosto de 1954. Causando grande comoção na população. 2.4.4 Afundamento do “Bateau Mouche”. Um dos grandes eventos de Copacabana é a queima de fogos que iniciou com a queima de fogos, mp hotel Lê Méridiam. Uma festa sem comparação, milhares de pessoas se reúne, todas vestidas de branco e se confraternizam na passagem do ano que começa. O evento é considerado uma das maiores festas do mundo. A praia de Copacabana fica tomada de gente que riem dançam felizes junto dos que amam. Não só as areias ficam tomadas como o mar fica cheio de barcos, lanchas e transatlânticos para assistir a queima de fogos de um outro angulo. Na passagem de 1988 para 1989, embarcações vão para o mar e uma dessas é o Bateau Mouche9, que zarpou do píer do restaurante Sol e Mar as 21h15’, com 150 passageiros, felizes para festejarem o réveillon e as 23h50’ naufragou no contorno do morro do Leme, junto à ilha de Cotunduba. As investigações mostraram que a embarcação, alem de estar com um número maior de passageiros, o barco, anteriormente tinha o nome de “BoKa LoKa” havia sido adulterado, com um platô de concreto e sem nenhum conhecimento técnico. Ao chegar na passagem entre o Leme e a Cotunduba, a embarcação não agüentou as ondas do mar e os ventos do sul e virou de lado ficou assim por alguns minutos e afundou. Nesse desastre morreram 55 pessoas. Foi uma comoção nacional. A Bateau Mouche Rio Turismo e a Itatiaia Agência de Turismo foram responsabilizados na época. Mas a Justiça morosa ainda não puniu os responsáveis por tal atrocidade. 9 s.m. (pal. fr.) Barco que realiza excursões de recreio (originalmente pelo rio Sena, em Paris; hoje generalizado; sign. barco mosca, por saltar de lugar em lugar). 29 Reveillon na praia Rita Lee Milhões de pessoas na praia em show gratuito. Show dos Rooling Stone 1,3 milhão de pessoas Foto: www.imoveisrj.com.br Foto: aoba.com.br/images Foto: jbonline.terra.com.br /flash/t_ritalee.jpg /.../2006/stones/jagger.gif Para ver a Maravilha do réveillon de Copacabana, muitas embarcações, de todos os tamanhos assistem ao espetáculo do mar. 2.4.5 Fora Collor. Foi um movimento acontecido em 1992. Com a insatisfação do povo brasileiro que revoltados com o presidente da República Fernando Collor de Mello, que sofrendo pressão de opositores políticos, fez um pronunciamento à nação, conclamando todos os brasileiros, para demonstrar o apoio a ele, pedia que saíssem as ruas vestindo verde e amarelo. Como respostas a população saiu às ruas, em grandes passeatas vestindo preto. A avenida Atlântica foi um dos palcos desse movimento que aconteceu no Brasil todo. Muitas foram as manifestações contra o governo como a passeatas dos de estudantes organizados pelas UNE – União Nacional dos Estudantes, UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e os DCEs – Diretórios Acadêmicos conhecidos como “os Cara Pintadas”. 2.5 Personalidades de Copacabana. O bairro aparece no cenário nacional como um lugar bom para morar, no primeiro quarto do século XX. Por ser um bairro completo, de boa infraestrutura, com lazer e muito charme. Por isso muitas personalidades escolheram o bairro para morar. A relação é grande por isso citaremos alguns nomes: 2.5.1 Na Política. General Rondon, Gaspar Dutra, Café Filho, Nereu Ramos, Juscelino Kubitscheck, João Goulart, Ranieri Mazzili , Emílio Garraztazu Médici, 30 Tancredo de Almeida Neves, Carlos Lacerda ,Magalhães Pinto, Leonel Brizola, Afrânio de Mello Franco , Gal. Henrique Teixeira Lott, Armando Falcão , Horácio Lafer, Lyra Tavares, Lucas Lopes, Otávio Gouveia de Bulhões, Otávio Gondin e Olímpio Mourão Filho. 2.5.2 Na Arquitetura e Carnavalesco. Oscar Niemeyer, Clovis Bornai 2.5.3 Na Arte Cênica. Dercy Gonçalves, Mário Lago, Raul Gazzola, Glória Pires, Guilhermina Guinle, Elke Maravilha, Scarlet Moon e Jô Soares, Leonardo Vilar. 2.5.4 Na Literatura, Poesia e Dramaturgia. Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drumond de Andrade, Ângela Carneiro, Oduvaldo Viana, Oduvaldo Viana Filho “o Vianinha”, Glória Perez e Flávio Marinho. 2.5.5 Na Música. Mário Lago, Carlos e Katy Lira, Nara Leão, Roberto Menescau, Jorge Bem Jor, Lulu Santos, Ari Barroso, Dorival Caymmi, Moraes Moreira, Altamiro Carrilho, Clara Nunes, Billy Blanco, Neguinho da Beija-Flor , Cauby Peixoto e Braguinha. 2.5.6 Outras personalidades. Assis Chateaubriand, Benedito Valadares, Cibilis Viana, Bruno Medina, Marta Rocha, Josué Montello, Odílio Denys, Roberto D’Ávila, Paulo Coelho, Danuza Leão, Roberto Marinho e Lili Marinho. 2.6 A praia e os esportes O carioca é um cidadão apaixonado pela vida ao ar livre e a praia deu chances de aparecer, durante os anos, os esportes de praias. Muitos deles apareceram por serem esportes de clubes. Clubes que eram de classe abastada, não dando oportunidade de todas as pessoas de participarem da prática desses tipos de esporte. Sendo assim, os esportes de quadra e campo foram para a praia de Copacabana. Muitos têm sua origem nas areias famosas no mundo todo. 2.6.1 No mar. A natação foi o primeiro esporte nas águas da praia de Copacabana no 31 início dos anos cinqüenta aparece o jacaré, uma técnica de descer nas ondas do mar só com o corpo e tendo os braços para direcionar o movimento da onda. Mais tarde aparece o “surf” com enormes pranchas de madeira que foram diminuindo de tamanho sendo construídas com fibra de vidro – um material mais leve que a madeira. 2.6.2 Nas areias. Nas areias de Copacabana, no inicio da fama da praia, eram proibidos jogos. Mas com o tempo começou a aparecer inocentes jogos com bolas de inflar e peteca por pura brincadeira. Mas como esporte os primeiros jogos com bola forma o frescobol – um joga praticado até hoje, onde os adeptos dizem ser o mais democrático dos esportes onde não existe contagem de pontos e nem vencedores e vencidos. O prazer de jogar é o único objetivo. A peteca passa a ser jogada como esporte nos anos quarenta. É praticada, hoje por grupos de idosos no posto seis. O vôlei de praia aparece na metade do século XX com grupos organizados que compravam o material esportivo e faziam campeonatos entre eles. Na maioria eram jovens que não possuíam posses para freqüentar clubes de classe média alta, onde o jogo era praticado em quadras. O futebol, apesar de se ter notícias de partidas nos idos do século XIX, quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, ele aparece na praia depois do vôlei. No começo improvisado com peladas onde os times eram reconhecidos por os de camisa e os sem camisa. Depois foram se organizando, com baliza até se organizarem em times e ter, como hoje várias escolinhas de futebol na praia. O futevôlei é um jogo que aparece nas areias de Copacabana. Desde os anos oitenta, o futebol e o surf tinham horários para ser praticado, por causar incômodos aos banhistas. O futebol só podia se jogado após dezesseis horas. Se fosse jogado antes do horário determinado, os guarda-vida tomavam a bola e acabava com a pelada. Um grupo de jovens, vendo que o vôlei não tinha horário, começaram a jogar futebol na párea marcada para o vôlei. Quando o guarda-vida chegava eles jogavam vôlei para disfarçar e dessa forma perceberam que podiam jogar com os pés na área do vôlei. Nascendo assim 32 um dos esportes de bola mais praticados hoje em dia nas praias cariocas. 2.6.3 No calçadão. No calçadão o que o carioca mais faz é a caminhada. Democrática é praticada por pessoas de todas as idades, etnia e religião; por qualquer objetivo por motivos de saúde, esporte, lazer ou pura e simplesmente caminhas para ver a paisagem. Paralelo ao calçadão, está a ciclovia, lugar onde além do ciclismo se vê jovens com patins, patinete, e “skate” que junto aos corredores dão um ar ágil a paisagem. 2.6.4 Nas brincadeiras. Como diz a música “Brincadeira de criança, Como é bom! Trago ainda na lembrança, Como é bom!”. Em Copacabana, as brincadeiras de crianças eram tão criativas quanto qualquer criança criada em outros subúrbios do Rio ou do interior do Estado. Nas praias não faltava um castelinho de areia ou um buraco junto à água para fazer uma piscina particular. As pipas também eram um bom divertimento, de todas as formas e cores dando um visual diferente no céu azul. As calçadas do bairro também inspiravam o universo infantil. De acordo com o traçado formado entre as pedras portuguesas pretas e brancas a brincadeira ia desde a tradicional amarelinha a um imenso precipício dos que pisavam fora de linha de interseção determinada no jogo, a ordem é só pisar em pedras pretas, ou agora só pode pisar nas brancas e assim crianças iam e voltavam da escola com brincadeiras divertidas. Ângela Carneiro10, é nascida e moradora de Copacabana, professora da FAU/UFRJ - Escritora de livros infanto-juvenis descreve suas lembranças de criança assim: “Quem pisar na linha pisa na vovozinha! Foto de Arlinda Carneiro Silva Só vale pisar no preto! Saltando, nos esforçávamos para conseguir a façanha: chegar em casa sem pisar nas pedras brancas! Como num jogo de Amarelinha, às vezes em fila indiana, 10 www.copacabana.com/calcadas.html 33 outras com um pé em cada faixa, lá íamos nós. Felizes! “ 2.7 Outras Copacabanas • Cachoeira no rio Majari, afluente da margem esquerda do rio Uraricoera em Roraima. • Península ao sul do lago Titicaca atravessada pela linha limítrofe do Peru e Bolívia; tem 130 km² e tem o formato de um trapézio, é alta e rochosa. Está ligada ao continente por um ístimo muito estreito. Nela está localizada a cidade de Copacabana, há uma igreja e cuja virgem é aclamada Nossa Senhora de Copacabana, uma imagem cuja crença popular é milagrosa. • Praia na cidade do Rio de Janeiro, no litoral do oceano Atlântico tendo a nordeste o morro do Leme e a sudoeste está o promontório de Copacabana. • Copacabana também é um bairro na Baixada Fluminense, em Queimados, que diferente do famoso bairro da zona sul, é carente em tudo. No bairro existe uma escola e uma padaria, mas faltam ruas asfaltadas, iluminação pública, saneamento básico e transporte. 34 CAPÍTULO III A HISTÓRIA DA CALCETERIA Uma das principais marcas de Copacabana são as pedras pretas e brancas que mostram ao mundo todo a graça da praia e do bairro. Aparecem logo nos primeiros projetos de urbanização do bairro 3.1 – O que são Pedras Portuguesas? As chamadas pedras portuguesas são calcita as branca e basalto as pretas. No começo eram importadas de Portugal, nos idos de 1905 pelo prefeito Pereira Passos numa reurbanização da cidade do Rio de Janeiro, num projeto de modernização da cidade, foi muito criticado, mas com ajuda de Osvaldo Cruz com a vacinação obrigatória fez da cidade uma “Paris dos Trópicos”. Curvas do calçadão da praia de copacabana. Com o mesmo traçado do original, a restauração de Roberto Burle Marx Que fez as novas curvas mais acentuadas, mais sensuais. Foto: Arlinda Carneiro Silva 3.2 – O que é calceteria? • Calceteiro: s. m. Profissional que faz empedramento de estradas, ruas, praças. • Calcetar: v. t. [4ª. Conjugação]. Construir. Formar pedras de calçamento ou britas com o martelo de calceteiro. • Martelo de calceteiro: peça de trabalho do ofício de calceteiro. 35 técnica conhecida desde o século XVIII em martelo de calceteiro Portugal 11 3.3 – A história da calceteria em Portugal. É atribuído a D. Manuel, rei de Portugal, a iniciativa de pavimentar o piso em volta da Torre de Belém com seixos rolados, que eram ‘calhaus’ rolados, recolhidos as margens do Tejo. Feito para homenagear a chegada de Vasco de Gama. Um outro momento em que esse tipo de pavimentação foi usado, no século XVIII, quando o grande terremoto destruiu a cidade de Lisboa e em muitas casas foram desenhadas estrelas com seixos como talismã contra os tremores de terra. As chamadas ‘Pedras Portuguesas’, são de calcitas, as brancas e basalto as pretas; empregadas pela primeira vez em Lisboa no ano de 1842, por iniciativa do Governador de Armas do Castelo de S. Jorge, Tenentegeneral Eusébio Cândido Furtado. O desenho foi uma aplicação simples, tipo zig-zag. A obra de certa forma insólita que motivou muitas sátiras cronistas portugueses e levou o escritor Almeida Garret a mencioná-la no romance O Arco de Sant'Anna. O sucesso foi tanto que proporcionou ao a pavimentar toda a área do Rossio, seguramente a região mais conhecida, e central de Lisboa 11 Fotos de Arlinda Carneiro Silva 36 com uma extensão de 8.712 m². Logo,esse tipo de pavimentação se espalhou por toda a cidade e pelo país. Foi encontrado registros de mosaicos romanos, descobertos e identificados nos albores do século XIX, nomeadamente em Conímbriga, vizinha a Coimbra, o mais formidável sítio arqueológico de Portugal. 3.4 – A história da calceteria no Brasil. No Brasil, a calceteria chega com o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos nos primeiros anos do Século XX abrindo um novo ciclo de desenvolvimento urbanístico para a cidade. Um homem com educação européia, e encantado com as novas e majestosas avenidas que deram à capital francesa a feição que guarda ainda hoje. Teve o propósito de fazer do Rio de Janeiro uma capital tropical nos moldes europeus, começou um plano de urbanização, o ‘afrancesamento’ da cidade e que por conta deste plano, ele ficou conhecido pela população como o "bota abaixo". Pereira Passos arrasou o morro do Castelo, pondo por terra cerca de 600 casas e rasgando Avenida Central, em 1905, que seria rebatizada de Avenida Rio Branco, em 1912. E para calçar a nova Avenida, fez vir de Portugal um grupo de calceteiros portugueses e, importando também, as pedras portuguesas. Foi uma grande quantidade que além de calçar toda a Avenida Rio Branco, com desenhos variados, as pedras ainda foram calçar, em 1906, a Avenida Atlântica, construída também por sua iniciativa. As importações de pedras portuguesas efetuadas por Pereira Passos nunca mais se repetiram, pois logo foram identificadas enormes jazidas próximas ao Rio de Janeiro, mas a denominação das pedras ficou. 3.5 A história dos calçamentos de Copacabana. O calçadão junto à praia, com desenhos que imitam as ondas do mar, tornou-se a marca internacionalmente conhecida e que é a logomarca do bairro, foi trazido por calceteiros portugueses, não eram tão acentuadas como vemos hoje, se pode observar em fotos de eventos diversos na praia de Copacabana, uma delas é a famosa foto ‘dos dezoito do forte’ em 5 de julho de 37 1922, onde se vê curva menos acentuadas junto a linha da areia. Essas curvas mais acentuadas fora de 1970, quando do alargamento da avenida Atlântica, feita pelo paisagista, artista plástico e mosaicista Roberto Burle Marx que não tirou o desenho original, mas tornou-as mais sensual. No calçadão central e no calçamento junto aos prédios ele inovou trazendo a cor vermelha, que segundo alguns autores foi uma homenagem as três etnias da formação do povo brasileiro, a cor preta representando o negro vindo da África, a cor branca representando o europeu e a cor vermelha representando o legítimo dono das terras do Brasil, o índio. Fotos de Arlinda Fotos de Carneiro Silva www.copacabana.com/ Os traçados curvilíneos do calçadão da praia são tão famosos que até os próprios portugueses já pavimentaram outras calçadas em Lisboa com Foto: www.copacabana.com/ traçados semelhantes. Foto de Arlinda Carneiro Silva Calçadas de ruas internas do bairro Fotos de www.copacabana.com/ Calçadão da praia. 38 3.5.1 As calçadas das ruas internas do bairro. Com todo charme, as ruas internas do bairro, em alguns lugares ainda podemos encontrar as características que fizeram o bairro ser um dos cartões postais para o turismo.Copacabana. As formas variadas e feitas com sensibilidade e beleza, atento aos detalhes dos calçamentos e arruamento. 3.5.1.1 Os florões. Fotos de Arlinda Carneiro Silva Os geometrizados. foto de Arlinda Carneiro silva www.copacabana.com.br/calcada 3.5.1.2. 3.5.1.3 Marketing do comércio de Copacabana. Nas calçadas do bairro, ainda é possível encontrar logomarcas comerciais, marcadas em pedras portuguesas, Fazendo um marketing da casa comercial, mesmo para os distraídos que venham olhando para o chão. Na rua Barata Ribeiro tem a loja de perfumes Patchili e na Xavier da Silveira o Colégio Malet Soares, um dos mais antigos colégios do bairro. 39 3.5.1.4 Nas brincadeiras de criança. Como um jogo de amarelinha estilizado. Seguindo o caminho. Com os dois pés! Sem pisar nas pedras brancas. 40 CAPÍTULO IV GEOGRAFIA DE COPACABANA Um dos grandes potenciais turístico do bairro de Copacabana é sua geografia física e humana distribuída entre o mar e os morros isolados da Serra da Carioca. Este aspecto, que inspirou poesias como “vento do mar no meu rosto e o sol à queimar. Calçada cheia de gente a passar e me ver passar” faz um que de diferença no maior patrimônio do bairro a sua geografia. 4.1 – Delimitação física do bairro de Copacabana. A delimitação física do bairro de Copacabana foi descrita no Código 024, segundo o Decreto N°. 5.280 de 23 de Agosto de 1985, publicação no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro – Municipalidades de 25 de agosto de 1985, com o texto: “Do Oceano Atlântico, no prolongamento da Avenida Princesa Isabel, seguindo por esta e pela Avenida Princesa Isabel (incluída) até a Avenida Nossa Senhora de Copacabana; por esta (excluída) até a Rua Roberto Dias Lopes; por esta (excluída) até o seu final; daí, subindo o espigão em direção ao ponto culminante do Morro da Babilônia (cota 235m); deste ponto, pela cumeada em direção sudoeste, ao final da Rua General Cardoso de Aguiar; por esta (incluída) até a Ladeira do Leme; por esta (incluída) até seu ponto mais alto (cota 67m); daí, subindo a vertente do Morro de São João, até seu ponto culminante (cota 241m); deste ponto, pela cumeada em direção oeste, passando pelos pontos de cota 182m e 189m; deste ponto, descendo o espigão, até o ponto de cota 66m no entroncamento da Ladeira dos Tabajaras com a Rua Euclides da Rocha; daí, subindo o espigão do Morro da Saudade, até o seu ponto culminante (cota 246m); deste ponto, em direção sul; descendo pelo divisor de águas, passando pelo final da Rua Vitória-Régia (excluída) e subindo o espigão do Morro dos Cabritos, até seu ponto culminante (cota 384m); deste ponto, descendo e subindo o espigão em direção sul, passando pelos pontos de cota 108m e 119m e, pelo divisor de águas atravessando a Avenida Henrique Dodsworth (excluindo os prédios de nº 64 e nº 65) e a Rua Professor Gastão Bahiana no seu entroncamento com a Rua Percy Murray (incluída); daí, subindo o espigão, até o ponto culminante do Morro do Cantagalo (cota 202m); deste ponto, descendo e subindo a cumeada, até o 41 ponto culminante do Morro do Pavão (cota 98m); deste ponto, descendo o espigão, até atingir o entroncamento da Rua Antônio Parreiras (excluída) com a Rua Saint Roman (incluída); Rua Piragibe Frota de Aguiar (incluída); Rua Bulhões de Carvalho (incluída) até a Rua Francisco Otaviano; por esta (incluída) até o limite do Forte de Copacabana; daí, à Praia do Diabo (excluída) e, pela orla marítima, passando pela ponta de Copacabana, praia de Copacabana, ao ponto de partida”. 4.2 – Índices Estatísticos Apresentando uma área de 410,09ha com uma população de 147 021 habitantes sendo 61.515 masculino e 85.506 feminino, no censo de 2000, possuindo, na época, 61 807 domicílios na V Região Administrativa que inclui os bairros de Copacabana e Leme. Outros dados estatísticos como população, saúde, educação se vê nos quadros estatísticos abaixo. Segundo o censo de 2000, a densidade bruta da V região Administrativa com os bairros de Copacabana e Leme, é uma das áreas de Planejamento mais alta do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil. A tabela mostra a população residente, área territorial, área acima da cota 100 e densidade bruta12. População Área [ha] Área acima Densidade da cota de bruta 100 [há]a [hab/ha] Total do município do Rio de 5 857 904 122 456 27 369 48 Copacabana 161 178 108 86 371 Leme 14 157 98 13 145 Janeiro V 12 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2000. 42 Copacabana 147 021 410 72 359 Pelo valor do rendimento nominal médio mensal, pesquisado dentro da população economicamente ativa no bairro, podemos observar com o valor do rendimento nominal mediano mensal das pessoas com rendimento, responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, verifica-se que o bairro não tem mais uma maioria de moradores da classe média alta13. Áreas de Pessoas Pessoas com Valor do Valor do Valor do Planejame responsá rendimento rendimento total rendimento rendimento n veis pelos responsá mensal das nominal nominal to, domicílios veis pelos pessoas com médio mediano Regiões particulares domicílios rendimento, mensal das mensal das Administrati permanen particulares responsáveis pessoas com pessoas vas e tes total. permanen pelos domicílios rendimento, com tes. particulares responsáveis rendimento permanentes – pelos , em reais. domicílios responsáv particulares eis pelos permanentes domicílios – em reais. particulare Bairros. s permanent es – em reais. total 1 802 347 1 658 826 2 246 570 377 1 354,31 650,00 67 191 64 706 178 155 096 2 753,30 2 000,00 V Copacaba na 13 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2000. 43 Copacaba 61 591 59 306 160 588 653 2707,80 2 000,00 5 672 5 400 17 566 443 3 253,05 2 100,00 na Leme Neste quadro se observam os números de matrículas da rede municipal de ensino, na Área de Planejamento dois, na 2ª. Coordenação Regional de Educação, na V Região Administrativa nos bairros de Copacabana e Leme14. Número APs CREs RA Bairro Matrícula de s Escolas 726 323 1 055 60 180 114 5 567 9 Leme 896 1 Copacaba 4 671 8 Total das APs APs 2 2ª. CRE V Copacabana na A modernização do bairro de Copacabana pode ser observada pelo número de antenas de telefonia móvel pessoal instaladas no bairro, a V Região Administrativa.15 14 15 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2006. Armazém de Dados – Rio / RJ – 2006. 44 Áreas de Planejamento e Antenas telefonia móvel pessoal instaladas Bairros Total Empresas Regiões Administrativ as TIM CLARO TNL TELERJ município 1988 436 501 581 470 V Copacabana 115 24 29 34 26 Leme 11 1 7 2 1 Copacabana 104 23 22 32 27 Nesse quadro se observa a característica que o bairro tem com uma população de pessoas da Melhor Idade em grande número. Demonstrando assim que é um bairro que atende as expectativas de idosos e de pessoas com necessidades especiais. O levantamento foi feito com base na população residente, por idade e por grupos de idade, segundo a V Região Administrativa e os bairros do Leme e Copacabana16. 16 Armazém de Dados – Rio / RJ – 2000. 45 Total < de 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ano ano anos anos anos anos anos anos anos anos anos V Copa cabana 161 178 1 181 1 124 1 136 1 179 1 180 1 181 1 180 1 146 1 182 1 179 1 208 Leme 14 157 117 124 135 137 106 145 119 136 126 123 123 147 021 1 064 1 000 1 001 1 042 1 074 1 036 1 061 1 010 1 056 1 056 1 085 Copa cabana 11 12 13 14 15 16 a 17 18 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos cabana 1 260 1 376 1 277 1 404 1 520 3 345 4 558 12 710 11 841 10 591 11 598 Leme 148 154 136 139 149 309 403 1 091 1 030 881 1 115 1 112 1 222 1 141 1 265 1 371 3 036 4 155 11 619 10 811 9 710 10 483 V Copa Copa cabana 80 anos ou 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 a 64 anos 65 a 69 anos 70 a 74 anos 75 a 79 anos mais Copacabana 22 373 20 598 9 526 9 288 9 325 7 189 8 523 Leme 1 999 1 840 752 686 679 579 676 Copacabana 20 374 18 758 8 774 8 602 8 646 6 610 7 847 V 4.3 – Preservação cultural e natural do bairro. Suas áreas naturais representam 26,10% da área total do bairro. Conta de uma camada verde que compõem 14,28% da área natural, de florestas compostas de mata terciária, não originais característica de Mara Atlântica, ou seja, são florestas alteradas. Com a praia de Copacabana, que é uma praia oceânica, tem, aproximadamente, 3,2km de extensão sendo que a praia e areal compõem 8,91% e as elevações rochosas compõem 2,97% das áreas naturais. O bairro de Copacabana possui 2 001 371,87m² de área de conservação ambiental com Área de Preservação Ambiental [APA] da Orla Marítima, das Pontas de Copacabana e Arpoador e seus entorno; Área de Proteção do Ambiente Cultural [APAC] do Bairro Peixoto, do Lido e adjacências; Área de Proteção Ambiental e de Recuperação Urbana [APARU] Parque do Cantagalo e Parque Estadual da Chacrinha e Área de Relevante Interesse Ecológico [ARIE] das Ilhas Cagarras. 4.4 – Túneis de Copacabana. Os túneis de Copacabana são de grande importância para que o transito flua melhor, principalmente nos horários de pico pela manhã e no fim de tarde, porem são tão abandonados, a maioria deles tem sua iluminação fraca, com paredes sujas que servem de albergue para meninos de rua e famílias inteiras de desfavorecidos que fazem dos túneis seus dormitórios. • Túnel Alaor Prata (Túnel Velho) Em 1891 o Rio começou a expandir-se para a Zona Sul, com a abertura, pela Companhia Carris Jardim Botânico, do Túnel Alaor Prata – Túnel Velho, como é chamado – ligando Botafogo a Copacabana, pelas ruas Figueiredo Magalhães e Siqueira Campos com a Real Grandeza, sob a garganta entre os morros da Saudade e São João. Sua construção visou dar passagem aos bondes da Carris. Tem 182 metros e entre 1924 e 1925, na administração do Prefeito Alaor Prata, foi reformado, dotado de passeios laterais e alargado de 5,50 para 13 m. Na década de 70 foi reformado pela segunda vez, fazendo pistas superpostas para facilitar o transito entre os dois bairros. 47 • Túnel do Leme (Túnel Novo) O Túnel duplo do Leme – conhecido por Túnel Novo é a principal via de acesso à Copacabana. Sua primeira galeria, chamada Coelho Cintra, foi concluída em 1904, tendo as obras o comando do engenheiro Viana da Silva, e alargada em 1941. A construção da primeira galeria permitiu que as linhas de bonde da Carris Jardim Botânico fossem até o Posto Seis. A segunda galeria, chamada Marques Porto, foi construída em 1946, na administração de Henrique Dodsworth ligam as avenidas Lauro Sodré em Botafogo e Princesa Isabel sob o Morro da Babilônia, tendo cada uma das galerias 250 metros de extensão e 16 de largura. • Túnel Sá Freire Alvim Concluído em janeiro de 1960. Proporcionou a Copacabana uma terceira via paralela à praia, do Leme ao Posto Seis, evitando que o tráfego neste sentido se desviasse, na altura da rua Djalma Ulrich para a Avenida Copacabana, onde provocava intermináveis engarrafamentos. Com 326 metros de comprimento e 18m de largura, liga a rua Barata Ribeiro à rua Raul Pompéia, sob o morro do Cantagalo. • Túnel Major Vaz Entregue ao tráfego em 21 de abril de 1963, Copacabana ganhou uma quarta via paralela à praia, com a conclusão do Túnel Major Vaz, ligando as ruas Toneleiro e Pompeu Loureiro, com 220 metros de comprimento, 18 m de largura e altura livre máxima de 6,28 m, sob o morro dos Cabritos. 4.5 – Morros de Copacabana. A maioria dos morros que, sucintamente aqui se descreve fazem uma muralha que delimitam o espaço físico do bairro, espaço que se comprime entre os morros e a praia da antiga praia de Sacopenapâ. • Babilônia, Urubu e Leme: Separam os bairros de Copacabana e Leme da Urca. No morro do Leme está localizado o Quartel Duque de Caxias ou popularmente conhecido de forte do Leme. O mais alto é o Babilônia com 235m de altitude. 48 • São João e Saudades: estes dois ficam no limite entre o Botafogo e Copacabana. O São João mede 241m e o Saudades com 246m. • Cabritos: este está junto ao São João, ao Saudades e ao Catacumba e ficava junto ao Cantagalo antes de parte do morro ser implodido para fazer a ligação do bairro com a Lagoa Rodrigo de Freitas, é o mais alto do bairro medindo 384m de altitude. • Cantagalo e Pavão: Cantagalo, com 202m, separa o bairro da Lagoa e parta de Ipanema. O Pavão, com 98m, fica dentro do bairro e que junto ao Cantagalo e o Pavãozinho fazem um conjunto de morros no lado sul do bairro. • Pedra do Itanhangá está localizada dentro do bairro na altura do Posto 3 e foi implodida uma boa parte para ligar a praia toda e das condições da abertura das avenidas Atlântica e Nossa Senhora de Copacabana. • Promontório de Copacabana é à parte ao sul do bairro e voltada para o mar, foi nele que estava a pequena capela cujo orago deu nome a região. Hoje está o Forte de Copacabana. 49 CAPÍTULO V PATRIMÔNIO CULTURAL DE COPACABANA A Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, que é hoje o instrumento internacional da UNESCO, a Convenção para a Proteção do Patrimônio Subaquático e a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial afirmam que “O patrimônio cultural é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas”. Constituição Federal, de 1988, no artigo 216, refere-se ao patrimônio cultural brasileiro como “bens de natureza material e imaterial, tomado individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Na Revista Brasileira de História, no volume 26 número 51 de junho de 2006, Silvia Helena Zanirato e Wagner Costa Ribeiro dizem que o patrimônio cultural tem tido um significado maior. Saindo do conceito tradicional de um monumento artístico sendo interpretando como fatos de uma civilização, passando a uma concepção de patrimônio sendo visto como o conjunto dos bens culturais, referente às identidades coletivas e “Desta maneira, múltiplas paisagens, arquiteturas, tradições, gastronomias, expressões de arte, documentos e sítios arqueológicos passaram a ser reconhecidos e valorizados pelas comunidades e organismos governamentais na esfera local, estadual, nacional ou internacional” como patrimônio. Logo os bens materiais e imateriais, tangíveis ou não são, para a maioria dos cientistas, as manifestações da cultura popular formam a sua identidade cultura de um povo. No que se refere ao bem natural esse conceito se amplia, pois o uso indiscriminado desse recurso, pode por em risco a qualidade de vida da população local. No sentido de Patrimônio Cultural, Copacabana nasceu com ares de “princesa”, como disse o poeta Braguinha. Suas lendas começam no império de D. Pedro II quando dizem que o imperador teria vindo a praia de Copacabana para ver duas baleias que encalharam na segunda metade do século XIX. 50 Existem relatos anteriores a esse como o da pintora inglesa Maria Graham, em seu livro Diário de uma viagem ao Brasil, publicado em 1824, falando sobre Copacabana. “Depois que voltei, juntei-me a um alegre grupo num Copacabana, passeio a cavalo pequena fortaleza a que defende uma das baías atrás da Praia Vermelha e de onde se pode ver algumas das mais belas vistas daqui. As matas das vizinhanças são belíssimas e produzem grande quantidade de excelente fruta chamada cambucá, e nos morros o gambá e o tatu encontram-se freqüentemente.” Com a chegada da Família Real Portuguesa, veio a Missão Artística Francesa e com ela o pintor Jean Baptiste Debret que, em seu livro – Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, em 1834, relata o charme de Copacabana assim: “Vê-se no meio da areia a pequena igreja de Copacabana, isolada num pequeno platô, mais a direita um segundo plano, formado por um grupo de montanhas, entrando pelo mar e esconde a sinuosidade do banco de areia, cuja extremidade reaparece com sua parte cultivada, tão reputada pelos seus deliciosos abacaxis.” Foto:www.memoriaviva.com.br A predisposição para o lazer começa cedo, na gestão de Pereira Passos, o bairro já tinha a Cervejaria Brahma e o Cabaré Merè Louise. Depois 51 aparecem os cassinos17 Atlântico e o Copacabana, que atraíam “higt societe”, com os jogos de bacará, campista, roleta, black Jack, carteado e apresentações de artistas nacionais e estrangeiros. Outro marco do bairro são suas construções em estilo “art nouveau” e “art decô”, sendo um dos mais famosos o Hotel Copacabana Palace, onde o”jet set’ internacional e a alta sociedade carioca se reunia. As calçadas são um ponto que identifica o bairro, um marco internacional. As boates eram estabelecimentos, “nigthclub”, aonde os amantes da noite iam para conversar, ouvir músicas e dançar, também foram um atrativos marcante do bairro entre muitas, uma das mais famosas e pioneira foi a Vogue. Que lançou grandes nomes da MPB18 como: Dolores Duran, Aracy de Almeida, Linda Batista, Angela Maria, Sílvio Caldas, Jorge Goulart, Inesita Barroso. E freqüentadores também famosos, para citar alguns o Jacinto de Thormes, as damas Lourdes Catão e Beki Klabin, as Senhoras Teresa e Didu Sousa Campos, o casal Lili e Horácio Carvalho, os Mayrink Veiga. Os passeios á noite, na orla, para “tomar uma fresca” aparecem no segundo quarto do século XX onde famílias inteiras passeavam no calçadão. Pratica comum ainda hoje. Os eventos nas areias de Copacabana aparecem como uma outra forma de cultura. Espetáculos clássicos e populares que se alternam para agrado da população e turistas. O reveillon, o Cinema Tocado, Projeto Aquarius e Concerto para a Juventude são exemplos da qualidade dos programas oferecidos ao ar livre. Na passagem de ano, além da queima de fogos podemos ver a manifestação religiosa de Centros de Umbanda e Candomblé fazem suas oferendas a Iemanjá. As areias e o mar são atrativos naturais que propiciam aos freqüentadores da praia mais um lugar de lazer coletivo, barato e ao ar livre, uma característica do carioca e que é bem apreciada pelos turista. Copacabana tem um jeito próprio de ser. O morador de Copacabana tem um grande afeto e faz de tudo para não sair do bairro. Com infra estrutura para 17 18 Os cassinos foram fechados no governo de Gaspar Dutra em 1946. Música Popular Brasileira. 52 pessoas de todas as idades e pessoas especiais, é um espaço deliciosamente democrático. No bairro encontramos atrativos de vários tipos. O mar, os morros e os parques são belos atrativos naturais. O cultural abunda como o Chopinho gelado, as bandas e blocos, as esculturas de areia e água, as construções. Os artistas populares que pintam, dançam tocam cantam e encanto o visitante. As feiras de artesanato, o comércio de objetos antigos. Dão o ar plural do bairro mais famoso do Brasil. 53 CAPÍTULO VI A RECUPERAÇÃO DO GLAMOUR E DA QUALIDADE DE VIDA DO BAIRRO DE COPACABANA. No final do século XIX início de século XX. A Europa e mais precisamente Paris, era considerada uma das mais “civilizadas” cidades do mundo. Era o exemplo de urbanização, pólo de educação e “savoir afair”. A maioria dos governantes, principalmente da América do Sul, buscava assimilar a paisagem cultural ao sul do Equador, dos ares Europeu. No Brasil não foi diferente. Copacabana surge como um ponto de lazer logo nos últimos anos do império de D. Pedro II. Nos anos dez, ela aparece com força na vida do carioca, com os passeios de domingo ao entardecer. Os banhos de mar são apenas um remédio para os males. É interessante saber que havia regras para ir a praia, não podiam sair nas ruas do bairro de roupas de banho, era considerado um atentado a moral e aos bons costumes. Não podia jogar bola ou peteca para não te algazarra. Mas tudo foi evoluindo para uma forte e agradável vida ao ar livre. E o carioca se faz da abundancia de mar e sol. Os bares e restaurantes com cadeiras nas calçadas são um outro charme e sofisticação. A vida noturna também se faz presente em Copacabana com boates, cassinos e cinemas. A vida cultural de Copacabana transforma-se rapidamente porem não pede o espaço das casas elegantes das pessoas que buscaram o bairro para residir. O comercio chega com um grande apelo, com elegância e variedade. Lojas de grife de moda feminina e joalherias que funcionavam preto de uma vacaria ou de um hospital para pessoas que sofriam de “mal do pulmão”. Essa ebulição de atividades faz uma juventude alegre e que buscam novas formas de se divertir. Nos esportes ou na música, para alguns historiadores, Copacabana é a grande responsável pelo fenômeno musical a Bossa Nova. No contesto também aparecem os hotéis de luxo, médio conforto ou simples agradando a qualquer tipo de turista. Mas nada é eterno, principalmente quando não foi uma atividade planejada. Somando a isso, a Cidade do Rio de Janeiro, deixa de ser a Capital 54 Federal, mas continua sendo a Capital Cultural do país. Copacabana começa a perder seus encantos para parte dos moradores com a segunda fase de urbanização da Barra da Tijuca na década de setenta no século passado. Perdendo o respeito dos governantes, que fizeram e desfizeram, como os interesses do momento, do bairro, furando aqui e acolá. “Roubando” as pedras portuguesas da avenida Nossa Senhora de Copacabana, roubando sim porque as pedras são de propriedade dos moradores e/ou comerciantes e não foram consultados se queriam trocar o tipo de calçamento. Hoje Copacabana é um grande e democrático caldeirão. Aqui convivem senhoras de família e prostitutas, jovens de classe média com jovens carentes de comunidades do bairro. A disputa entre camelôs e pedestres; ciclistas e cadeirantes, crianças e adultos. Com uma paisagem desorganizada, feia, com esgotos nas areias da praia ou refluindo nas calçadas, um transito intenso e barulhento carros e motos estacionados irregularmente. Tudo levando o bairro mais conhecido do Brasil a o glamour. O turismo sustentável pode reverter o quadro dando condições de melhoria da qualidade de vida de seus moradores, pois o turismo movimenta, no mundo todo, bilhões de pessoas durante o ano que viajam por vários motivos. Uma dessas sugestões é a integração do conhecimento técnico cientifico do aluno do curso de turismo da FACHA e jovens do Conjunto Chapéu Mangueira buscando uma profissionalização. Uma dessas procissões é a de calceteiro. As calçadas de Copacabana tem sido recuperadas por porteiros de edifício ou pedreiros que não conhecem as técnicas da calceteria. Mesmo que os responsáveis contratem empresas de construção civil para recuperar a calçada ela não fica em condições por falta de conhecimento técnico dos operários. Como se pode ver na rua Siqueira Campos. Empresas de construção civil que mesmo com material adequado não são preparados para a atenção aos detalhes. Afinal, como diz o poeta, Vinícius de Moraes: “beleza é fundamental” 55 Descuidados da fiscalização! Descaso público. Ignorância populacional Apesar dos instrumentos faz o trabalho ser de baixa adequados a falta de qualidade e sem beleza. conhecimento técnico Quando o trabalho é feito com profissionais, e projetos corretos, o resultado é um calçamento plano e belo dentro dos padrões do projeto. Se vê aqui um bom exemplo desse trabalho nas calçadas do bairro da Urca junto com a associação do bairro – AMUR. Junto com parceiros que comunguem do mesmo fim é possível fazer um bom trabalho em Copacabana. É claro que um pólo turístico não precisa apenas de calçadas limpas, planas e bonitas. No turismo sustentável existem necessidades de infraestrutura adequada a serviços, alguns que já existem e que precisam de uma formação melhor dos prestadores de serviço. 56 CONCLUSÃO A visão contemporânea do Turismo mundial é de ter uma atividade sustentável. Desprezando o conceito de ser o turismo uma Industria sem Chaminés. Onde toda a sorte de equívocos foram cometidos em nome de um progresso econômico, que levou ao total ou quase desaparecimento de muitos atrativos culturais e naturais. Um dos muitos exemplos foram as grutas da Chapada da Diamantina, que se não fosse o trabalho de profissionais comprometidos com a causa do Turismo Sustentável, já teriam desaparecido por completo. Outro exemplo é a total descaracterização do local de nascimento do Brasil, Porto Seguro. Que com a abertura da BR 101, ficou mais acessível e com a chegada de ritmos modernos descaracterizou a região, como pólo turístico. Gerando devastação da Mata Atlântica, gerando pobreza e interferência nas tribos indígenas do litoral baiano. Da mesma forma, Copacabana foi explorada, permitindo que um local bucólico fosse destruído em nome da evolução urbana e especulação imobiliária. Foi criado em Copacabana um pólo turístico, receptor de turista de todo o mundo. Com um apelo cultural e de lazer. Com Cassinos, Boates, e hotéis de classe e muitas estrelas, como hóspedes, do jet set internacional e a fina flor da higt society brasileira. Copacabana teve dias de muita glória. Participou, em vários momentos da história do Brasil. Mas também passou a ser uma Copacabana descaracterizada com planos “modernos” de urbanização, tirando de si um dos mais fortes sinais, as pedras portuguesas da avenida Copacabana e colocando placas de concreto. Com menires cilíndricos de concreto, nas esquinas, com espaçamento de um metro e meio de distancia entre eles, com a justificativa de se um espaço para o retorno do “papo de esquina”. A especulação transformou a paisagem. imobiliária que 57 As questões sociais graves, com uma população de rua intensa e desprotegida. Constrangido e indignando moradores e visitantes. O quadro de abandono é visto em um desrespeito com a utilização com jardineiras que servem de lugar para os cachorros urinarem; ou grades que invadem o espaço do pedestre em nome de uma falsa segurança. Com lojas de produtos populares colocando-os na calçada para facilitar a venda. Com restaurantes que colocam, em cima das pedras portuguesas assoalho sintético para facilitar a lavagem do chão. Com carros estacionados nas calçadas ou sendo lavados com mangueira. A desordem urbana é vista e vivida no dia a dia pelos pedestres numa disputa desigual. Empresas que fazem as suas Desatenção aos detalhes! Restaurantes na calçada reparações e deixam as uma tradição no bairro. marcas nas calçadas. Jardim? Depósito na calçada. Ocupação e segurança. Irresponsabilidade do Armadilhas para qualquer idade. Plano Rio Cidade Estacionamento irregular. Se acredita que com projetos sociais de profissionalização de jovens de comunidades carentes juntos com jovens estudantes de faculdades de turismo possam reverter o quadro de abando do bairro. 58 BIBLIOGRAFIA ANDRADE, José Vicente de. Turismo Fundamentos e Dimensões. São Paulo Editora Ática S.A.1995 ARAÚJO, Eduardo J. F. de; Araújo, Leila S. M. F. de. Curso Básico de Agência de Turismo. Rio de Janeiro. Folha Carioca Editora. Ltda. CARVALHO, Ligia e outros. Meu Negócio é Turismo – Gerencia do Telecurso Fundação Roberto Marinho. Brasília. 2000. COARACY, Vivaldo. Memórias da Cidade do Rio de Janeiro. São Paulo. Editora Itatiaia Limitada. 1988. Coleção O Globo 2000, Editora Globo. Rio de Janeiro. Volumes 5; 9; 17 e 31. COSTA, Luiz Edmundo. A Côrte de D. João no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,Editora Conquista, 1957, 3 vols. CROPANI, Elisabeth de Fiore e outros. Nosso Século – 1910/1930. São Paulo. Editora Abril Cultural. 1985 FERREZ, Gilberto. 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No mapa acima, de 1780, a indicação da "Freguesia de Nossa Senhora de Copacabana" original, no fundo da Baía de Guanabara. Numa sesmaria do recôncavo da Baía de Guanabara, concedida a Inácio de Bulhões em 10 de Setembro de 1565, iniciou-se a fundação da Paróquia de Suruí (depois Magepe e atualmente Magé) e a construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora de Copacabana. Com o passar do tempo, as paredes ficaram em ruínas e a pia batismal foi então transferida para uma pequena ermida próxima, construída em 1628. Em 1710, a pia voltou para a capela, agora reintitulada de São Nicolau do Suruí e reconstruída de forma mais resistente, com paredes de pedra e cal. Em 1776, o oratório original foi levado para a Capela de Nossa Senhora de Copacabana, em Sacopenapã (atual Copacabana, na Zona Sul), que acabara de ser construída. Atualmente, está no Forte de Copacabana. A Igreja de São Nicolau do Suruí ainda guarda os retábulos do final do século XVIII, incluindo o altar-mor com influência neoclássica que sustenta a imagem de São Nicolau, de origem portuguesa. As pias da sacristia em mármore, a batismal e a de água benta também são originais. Poderia terminar o artigo por aqui, mas há questões que não dá para ignorar. O fato de poucos conhecerem a verdadeira história de Copa é preocupante, principalmente quando os historiadores tentam encobrir seu desconhecimento com versões estapafúrdias. Para justificarem a nomenclatura de Copacabana, foram buscar ídolos na Bolívia (N. Sra. Morena, N. Sra. da Candelária, o deus Copac Awana), no Perú (a santa Kjopac Kahuana) e expressões indígenas como "copa" e "caguana" em quichua, "copakawana" em aymara arcaico e até o tupi "cuá cocaba ana". Só faltou recorrerem à língua do "P”. Dizem alguns autores, com base em longas viagens na maionese, que um certo Bispo D. Antonio do Desterro, em 1746, estava num barco que foi emborcado por uma tempestade violenta na altura do Arpoador. Ele fez um apelo à Nossa Senhora da Candelária de Copacabana e prometeu que, caso sobrevivesse, construiria uma capela na praia, em frente ao 62 local do naufrágio. Esta teria sido a origem da igrejinha. Esse conto fantástico é um plágio pobre da história (idêntica) da Igreja da Candelária, na Av. Pres. Vargas. Os mesmos elementos estão ali - tempestade, navio, promessa, a santa homônima - exceto os protagonistas, que eram marido e mulher em vez de bispo. Difícil de acreditar nessas lendas católicas. Considerando-se apenas os fatos comprovados e deixando de lado as fantasias e especulações, dá para deduzir que: 1) A família dos poderosos fazendeiros Proença, de Suruí, resolveu homenagear a Nossa Senhora de Copacabana e para isso construiu a capela original 2) A capelinha em ruínas que havia nas areias de Sacopenapã no séc. 17 era de outro santo qualquer ou mesmo os escombros de um simples oratório dos pescadores e nada tinha a ver com a Nossa Senhora de Copacabana; 3) Somente com a construção da igreja "de verdade", em 1776, no local onde hoje está o Forte de Copacabana, e com a transferência do oratório da santa de Suruí para lá é que a região começou a ser chamada de Copacabana. Ou seja, a Princesinha do Mar começou mesmo em Magé, antiga Suruí. Novas pesquisas que levem estes fatos em consideração poderão finalmente estabelecer a verdadeira história da praia mais famosa do Brasil. http://www.serqueira.com.br/mapas/copa.htm - 17/07/2007 - 11h49 63 Anexo – 2 19/06/2005 – OS IDOSOS E A CIDADE – O globo Revista. Estudo da Organização Mundial da Saúde elege Copacabana como laboratório para solucionar os problemas que afetam, nas megalópolis, a qualidade de vida da terceira idade. Por Antônio Marinho e Simone Intrator. Fotos de Ana Branco e Márcia Foletto NO MEIO DO CALÇADÃO TEM uma pedra (portuguesa). Tem uma pedra (portuguesa) no meio do calçadão. E pior: tem um idoso gritando de dor em qualquer canto de Copacabana. A queixa sobre a nossa Princesinha do Mar (ou melhor, Senhorinha) é uma das principais feitas pela população que hoje predomina no bairro, um dos que têm mais idosos em todo o mundo, segundo o IBGE: calçamento inadequado, irregular e com falhas, que leva a quedas, a principal causa de internações entre velhos. A equipe da Revista O GLOBO foi para as ruas de Copacabana antecipar quais serão os principais desafios da Organização Mundial de Saúde (OMS) para transformar o bairro numa Sociedade Amiga do Idoso, projeto que visa a melhorar a qualidade de vida de quem já passou dos 60 anos e será lançado pioneiramente no Brasil no 18ºCongresso Mundial de Gerontologia, a partir do próximo dia 26. A idéia é avaliar diversos aspectos de Copacabana, desde a eliminação de barreiras físicas (pedras portuguesas na berlinda), passando por políticas de transporte público até chegar à questão da socialização e da prevenção aos maus-tratos. Depois, o projeto seguirá para Malásia, Cingapura, Austrália, Costa Rica, Jamaica, Áustria e Líbano. Muitas das queixas convergiram para os mesmos pontos nevrálgicos da pesquisa que será apresentada no congresso: quedas, acidentes no trânsito e violência são os principais problemas de Copacabana e do Rio. O médico aposentado João de Deus Rodrigues, de 93 anos, na foto da capa, e morador do bairro há 80 anos, sai para caminhadas todas as manhãs e acha que Copa mudou para pior. — Carros estacionados nas passagens de pedestres atrapalham nossa locomoção, principalmente a de quem precisa de cadeiras de rodas. Nas ciclovias há desrespeito ao sinal, colocando em risco os idosos na hora da travessia — reclama. OS 40 MILHÕES DE IDOSOS que moram em Copacabana representam 5% da população com mais de 60 anos do Rio de Janeiro e 0,2% da do Brasil. Um contingente tão representativo que a OMS escolheu o bairro como laboratório de um programa que se estenderá a todos os países do mundo num curto espaço de tempo. O desafio é enorme: a população de idosos é a que mais cresce no planeta e as cidades têm que correr para se adaptar àqueles que serão a maioria em menos de 20 anos. — O desafio é ainda maior para os países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos primeiro enriqueceram para depois envelhecerem. Nós estamos envelhecendo antes de sermos ricos. E dá para pensar em Copacabana como o núcleo de onde podem sair novos ideais (e novas idéias) para este país jovem de cabelos brancos — explica o brasileiro Alexandre Kalache, diretor do Programa de Envelhecimento e Saúde da OMS, que vem ao Brasil lançar o programa Sociedade Amiga do Idoso durante o Congresso.Cidades adaptadas são aquelas que oferecem um meio urbano adequado ao idoso: eliminação de barreiras físicas, sinal luminoso mais prolongado, boa iluminação, móveis nas praças bem adaptados, segurança, transporte público adequado, incluindo degraus de ônibus mais baixos, e atitudes positivas ao lidar com pessoas mais velhas. — São os próprios idosos que avaliarão os serviços e darão notas. Eles vão dizer como foram tratados no banco, pelos motoristas de ônibus etc. Tudo o que for prestação de serviço será quantificado. Com isso, damos o poder ao idoso, ele passa a se defender. A OMS já criou um índice que serve de parâmetro para os países aplicarem o projeto. Quem fiscaliza são os velhos — diz Kalache.Quedas: principal causa de internação Geni Vilela, de 87 anos, divide-se entre Campinas e o Rio. Ela passeia em cadeiras de rodas com auxílio de uma acompanhante e lamenta que em muitos lugares ainda encontre dificuldades para se locomover.— As escadas rolantes, por exemplo, são estreitas e os meios de transportes não estão adaptados aos idosos ou a pessoas com dificuldades de locomoção, sem falar em calçadas sem rebaixamento — comenta.Os riscos para a população idosa no Rio ainda são mesmo altos. Pesquisa do Instituto de Gerontologia Cândido Mendes com o Ipea mostra que as quedas são a principal causa de internações (mais de 50%) por fatores externos de pessoas da terceira idade no Rio de Janeiro seguida pelos acidentes de transportes, sobretudo atropelamentos.— São necessárias medidas de políticas de prevenção nas vias públicas e nos domicílios, já que uma queda, para um idoso, pode ser a porta para a dependência física, quando não leva ao óbito. As queixas de todos os 64 SOS Idosos do país, em recente pesquisa, também são sobre a falta de respeito do motorista de ônibus com os velhos, ou por não parar no ponto, por não esperar subir ou saltar, ou por não respeitar o idoso — diz Laura Mello Machado, diretora do Instituto de Gerontologia da Universidade Candido Mendes, mestre em psicologia e coordenadora de Comunicação do Comitê Organizador do XVIII Congresso Mundial de Gerontologia.Para ela, os serviços de assistência médica e social também deixam muito a desejar:— Copacabana não tem sequer um geriatra nos postos de saúde. Isso é muito grave. O idoso, cada hora é atendido por um médico, que passa um remédio e não analisa sua saúde como um todo. Essas combinações de remédio podem ser péssimas e levar, inclusive, à falta de equilíbrio.Apesar do perigo nas ruas, a médica aposentada Iolanda Bittencourt, de 91 anos, sai para caminhadas diárias na orla, acompanhada de uma cuidadora, e leva uma vida ativa. Sempre que pode, vai ao cinema e ao teatro e acha que hoje há mais facilidades para os idosos, mas é preciso melhorar.— As pessoas poderiam ser mais atenciosas e nos respeitar mais — afirma.Mas há quem reclame pouco. Anyram Fabrício Vieira, 89 anos, vive em Copa desde os anos 40 e diz que não sente o peso dos anos:— Eu procuro viver sem pensar na minha idade. Quando quero me distrair, pego um ônibus e cruzo a cidade. Outro dia fui à Barra.Para Kalache, o importante é que a cidade não boicote a independência e a autonomia do idoso, fundamentais para a qualidade de vida:— Só assim ele pode viver de acordo com suas próprias regras e suas próprias escolhas. A questão dos maus-tratos também é importante. Destratar, gritar, mostrar-se intolerante tem um peso enorme para um idoso. 19/06/2005 – COPACABANA AMIGA DO IDOSO – O Globo Revista Por Alexandre Kalache, da OMS 19 A maternidade onde nasci em Copacabana, em outubro de 1945, Arnaldo de Moraes, já não existe. Voltei lá no ano passado para despedir-me de uma idosa saudosa e querida, minha madrinha. A Arnaldo de Moraes tinha se tornado virtualmente um hospital geriátrico. Uma parábola da transformação do bairro onde cresci. Hoje Copacabana apresenta uma das mais altas concentrações de idosos do mundo! Mais que a Suécia, Japão... ou Suíça — onde eu agora vivo. Copacabana de minha infância e juventude era onde tudo acontecia. Onde as modas eram lançadas, estilos de vida copiados Brasil afora. Copacabana era o microcosmo do país. Uma Copacabana dos jovens. Semanas antes de completar 30 anos fui para Inglaterra fazer minha pós e continuo vivendo na Europa. De Londres meu interesse profissional por “envelhecimento” se cristalizou, refletindo a infância copacabanense cercada de idosos fascinantes de uma família que não mais existe. Mas Copacabana continua sendo uma referência nacional. Esta Copacabana envelhecida deveria hoje aceitar um novo desafio. De novamente ditar padrões para o país que em pouco tempo apresentará o perfil demográfico por ela anunciado. De se tornar um laboratório de idéias, projetos. Estabelecendo parâmetros que serão copiados depois pelo resto do país. Uma sociedade que Oscar Niemeyer olhe com gosto de sua janela na Atlântica afirmando “aqui sim é bom envelhecer”. Aí eu voltarei para desfrutar desta Copacabana pioneira como dela desfrutei em minha infância e juventude. Uma Copacabana que de Princesinha terá virado Rainha do Mar. 19 Organização Mundial de Saúde. 65 Anexo – 3 Vídeos sobre Copacabana no Programa Globo Repórter. • O desafio de ser feliz em Copacabana Em 1986, o repórter Pedro Bial mostrou como era a vida no bairro de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Entre 4 mil prédios espelhados sem lógica, sonho e pesadelo. Já naquela época, os moradores passavam os dias tentando sobreviver e, o mais difícil, conviver. • A diferença mora ao lado Milhares de vizinhos desconhecidos. Janelas encarando janelas. A diferença mora ao lado. É a contradição do habitante da grande cidade: solidão em massa. Alguns prédios de Copacabana são a expressão desse modo de vida. Em um edifício da Rua Barata Ribeiro, corredores de cem metros de comprimento são a única coisa que os moradores têm em comum. • Praia e comércio É na praia que Copacabana é feliz. Num fim de semana de sol, a areia é disputada por milhares de banhistas. Mas, se a Avenida Atlântica é um lindo balneário, as ruas internas do bairro são um feroz centro da cidade – confuso, barulhento, poluído e feio. O comércio local serve aos moradores, mas reserva um bom espaço para atender aos visitantes. • Arte e cultura Nos prédios e nas ruas de Copacabana, nasceram obras-primas da música, da arquitetura e da literatura. Foi no bairro que Guimarães Rosa escreveu "Grande Sertão: Veredas" e Oscar Niemeyer criou as curvas de concreto de Brasília. No Beco das Garrafas, surgiu um ritmo que conquistou o mundo: a bossa nova. • Ratos e anjos da noite De noite, em Copacabana, nem todos os gatos são pardos. Em entrevista, o museólogo e carnavalesco Clovis Bornay, uma espécie de embaixador da Rua Prado Júnior, apresenta o Rei das Medalhas. Conheça as histórias de famílias e passageiros clandestinos da noite de Copacabana. A Galeria Alaska é o refúgio de gente à procura de companhia, de alegria, de uma paixão, de dinheiro. • Eterna Princesinha Braguinha fala das mudanças que Copacabana sofreu em quatro décadas, desde o lançamento da canção que eternizou a Princesinha do Mar. "Está mais agitada, mais nervosa, mais barulhenta. Mas, em todo caso, continua linda. E o mar há de cantar eternamente: 'Só a ti, Copacabana, eu hei de amar'", declara o compositor. globoreporter.globo.com/Globoreporter/0,19125,VPQ0-2698-17604-4,00.html 17/07/2007 – 12h 66 Anexo 4 PUC-Rio / Departamento de Artes & Design Análise Gráfica / 2004.1 Prof. Edna Lúcia Cunha Lima Aluno: Stefano Brandão Taranto Galhardo O papel do design gráfico – a identidade visual da cidade Copacabana - A Jovem Senhora Introdução A proposta deste trabalho é identificar as diversas variantes do design no bairro de Copacabana, passando por pontos importantes. Ainda, constata a situação atual e a maneira como o design é inserido na paisagem e comunicação do bairro. Histórico: O Caminho até aqui... Área de difícil acesso, incrustada entre altas e verdes montanhas, Copacabana permaneceu praticamente isolada do centro do Rio, até o final do século XIX. No início do século XX, sob a gestão de Pereira Passos, foi aberto o Túnel do Leme (atual Túnel Novo). No mesmo ano de 1906, foi inaugurada a Avenida Atlântica, que com as ondas de seu calçamento-mosaico de pedras portuguesas, se tornaria o símbolo maior do bairro e da própria cidade. Na década de vinte, foi inaugurado o Hotel Copacabana Palace, trazendo para o bairro festivos bailes e personalidades internacionais. A partir dessa época, a elite urbana do país - intelectuais, artistas e estrangeiros - instalou-se em Copacabana, onde casas passam a dar lugar a grandes edifícios, tornando a paisagem em símbolo da modernidade. Paralelamente, já marcando a vocação do bairro à diversidade e a contrastes, a ausência de uma boa política habitacional consolidou a favela no cenário, com a ocupação dos morros do Leme e Tabajara. Nos anos 40 e 50, Copacabana concentrava grande parte da vida cultural e noturna da cidade, fermento donde surgiram os primeiros acordes da bossa-nova. Junto a isto, a infra-estrutura, a ampla rede de serviços e a invejável orla de areias claras - marcas do bairro -, fazem do Rio de Janeiro, sonho de consumo mundo afora. A população jovem dos prédios formava as famosas "turmas", ainda hoje lembradas com nostalgia e carinho pelos moradores mais antigos. Copacabana caracteriza-se pela rapidez de seu crescimento e de sua interminável reconstrução. A partir dos anos 60, o bairro famoso passou a atrair cada vez mais gente, em busca do status que conferia. O desenvolvimento desordenado levou Copacabana a tornar-se numa espécie de segundo centro da cidade, lugar de circulação diária de centenas de milhares de pessoas. As transformações e os contrastes fazem do bairro uma enorme síntese estético-social do país: o melhor e o pior, o feliz e o triste, o feio e o belo, o rico e o pobre, juntos lado a lado, numa incessante dialética de confronto e troca. Copacabana Hoje 67 Na conhecida faixa de terra de um quilômetro de largura e quase cinco de extensão, espremida entre o mar e a montanha, existem setenta e oito ruas, cinco avenidas, seis travessas, três ladeiras e seis acessos viários. Mas muitas, são as maneiras pelas quais se pode olhar para Copacabana. Na multiplicidade dos ângulos, talvez o melhor para desenhar os seus contornos, seja o da sua gente. Área que ainda se mantém residencial, Copacabana abriga quase 200 mil moradores. Boa parte deles, acompanhou todas as transformações das últimas décadas: são as pessoas com mais de 60 anos (cerca de 25% da população do bairro, bem mais do que a média nacional, na casa dos 8% entre todos os brasileiros), que formam o alegre e saudoso grupo da terceira idade. No outro extremo, mas dividindo e disputando os mesmos espaços, está a população infanto-juvenil, também muito numerosa na área. Praticamente toda a limitada área do bairro está ocupada. A grande maioria das pessoas espalha-se pelos milhares de edifícios residenciais, desde os suntuosos e históricos prédios à beira-mar até outros mais simples, em cantos mais modestos do bairro. Dos cerca de 25 mil apartamentos da rede hoteleira da cidade, dois terços estão no bairro. Só não há mais, devido à insuperável ausência de espaço. Especialmente no verão, entre dezembro e fevereiro, andar pelo calçadão da Avenida Atlântica expressa esta dimensão "transcultural"; em pouquíssimos outros lugares podem-se ouvir tantos sotaques e línguas diferentes lado a lado. Desnaturalização: A Percepção do Design Este estudo pretende fazer um pequeno panorâma das formas de comunicação e design do bairro de Copacabana. Vai abordar sua arquitetura, projetos urbanísticos, comércio, sinalização, caracterização e localização. Projeto Urbanístico: Sinalização, Localização e Caracterização. O projeto urbanístico de Copacabana era marcado pelas calçadas de pedra portuguesa e pelas placas de sinalização azul e brancas, também presentes em grande parte da cidade. Porém no primeiro governo de César Maia tivemos a implementação de um projeto urbanístico na Av. Nossa Senhora de Copacabana que deu uma nova roupagem ao bairro. Muito criticado, o Rio Cidade de Copacabana, substituiu as calçadas de pedras portuguesas por outras de concreto armado bem como a sinalização das ruas, com introdução de um novo tipo de placa de sinalização: pequenas e amarelas, que funcionam como as antigas, indicando o primeiro e o último logradouro da quadra. É bom notar que a numeração dos prédios vai crescendo no sentido lemearpoador e também à medida que se afasta da orla. 68 Sob o ponto de vista do design, é evidente que este projeto não teve muita preocupação em valorizar a 'alma' do bairro, optando por uma obra crua e prática, que nos dá a impressão de descaso principalmente se tomarmos como parâmetro outros Rio Cidade, como o do Leblon. Arquitetura A arquitetura de Copacabana se mistura ao passar dos anos. Podemos encontrar facilmente prédios novos entre os antigos. A maior parte deles possui em torno de 50/60 anos, justamente quando começou a época áurea do bairro (os prédios na orla são os mais antigos). Uma das primeiras obras foi o Hotel Copacabana Palace, inaugurado em 1923, projetado pelo arquiteto francês Joseph Gire, que se inspirou no Hotel Negresco de Nice e no Hotel Carlton de Cannes. Atualmente, pouca atenção é dispensada para a conservação e manutenção dos antigos prédios do bairro. Quando se pensa em realizar obras nestes, os responsáveis buscam pela mudança da fachada (normalmente utilizando-se de espelho e vidros), ao invés de optar pela sua restauração e conservação do espírito arquitetônico. Fica claro que esta segunda opção iria se encaixar melhor no espírito do bairro, ao valorizar uma das suas maiores riquezas, a arquitetura. Esta compreende belos exemplos do art-déco e art-noveau, símbolos da riqueza da cidade até os anos 60. O edifício Ipyranga - prédio escolhido por Oscar Niemyer para morar, situado na Av. Atlântica, ilustra bem esta riqueza. Arquitetura Contemporânea Devido à ocupação por completo dos espaços existentes em Copacabana, a arquitetura contemporânea é verificada na reforma de fachadas ou, em raras ocasiões, nos hotéis construídos recentemente em terrenos ocupados pelas ultimas casas do bairro. Um exemplo da primeira hipótese é o hotel Vanity; que ocupa um prédio antigo que teve sua fachada espelhada, ganhando um tom de modernidade que acaba por agredir a paisagem, isto é, os prédios ao seu redor. 69 Já o hotel Marriot (acima, à direita) e a academia Bodytech, sao bons exemplos de como a arquitetura contemporânea se impõe no bairro sem agredir seu contexto, só acrescentando ao estilo. Arquitetura Típica Copacabana é marcada por construções antigas no estilo art-déco/noveau. Porém, a falta de conservação e visível pelo bairro. Ao encontramos exemplos de conservação e restauração destas estruturas (como a remodelação do cinema Roxy e o residencial South Beach), verificamos que esta deveria ser uma política adotada para a revitalização do bairro, já que não agride a paisagem, ao mesmo tempo, que conserva o glamour e as características que um dia fizeram de Copacabana paradigma para cidade. A Orla A orla de Copacabana é o trecho do bairro que apresenta maior harmonia quanto ao seu espírito, apesar de sua modernização. Os prédios bem conservados, a manutenção do tradicional calçadão (que agora conta com a ciclovia), os novos postos e quiosques e a uniformidade dos bares da Av. Atlântica que se utilizam de imensos guardas-sol brancos, compõem este cenário. Apesar disso, a orla é afetada pelo descaso social. Ao anoitecer, é tomada por prostitutas, meninos de rua e ambulantes, devido ao grande numero de hotéis e de turistas, que por ali transitam. O Estado deveria atentar para uma melhor organização urbana neste trecho. Posto 5 Help Discoteca 70 Estátua-viva em homenagem ao centenário de Drummond Bares ao ar livre em toda orla Estabelecimentos Comerciais O tom popularesco do bairro acaba por refletir no design dos estabelecimentos comerciais. É notória a poluição visual que estes causam em Copacabana. Por causa da grande quantidade de lojas, a concorrência é bastante acirrada. A falta de projeto e a necessidade de se destacar de alguma forma no meio de tantas lojas, faz com que os comerciantes optem normalmente por seus conceitos particulares. O design vernacular e o popular caracterizam a maior parte dos letreiros e projetos no bairro. Através da utilização de letreiros com fontes gigantescas, nomes em língua estrangeira e/ou cores gritantes, somados ao design popular, cria-se a sensação de confusão e poluição visual. Os comerciantes não têm o costume de procurar especialistas em design para a realização de seus projetos, muitas vezes, até por desconhecer que existem pessoas especializadas para este tipo de trabalho. Academia Maxi Forma - Ocupa três andares de um Drogaria POP+ - Cores gritantes e letras gigantes para prédio. Sua fachada foi pintada nas cores da academia: chamar a atenção. abóbora e verde limão. Aparência lúdica para chamar a atenção. Di Menno Luce - Loja de iluminação. O nome italiano Atlas Musculação - Academia popular. Um grande para remeter a grande fama do design europeu em boneco nordestino exercita os bíceps num jogo de néon contraste com o letreiro sem grandes preocupações e os produtos produzidos na zona franca de Manaus. Conclusão 71 Devem ser feitas, algumas observações, por ultimo. O cenário do bairro e sua paisagem, apesar de abandonados em grande parte, apresentam grande riqueza arquitetônica. Tem-se que adotar uma política de restauração desse patrimônio e sua conservação. Neste mesmo sentido, o projeto urbanístico do bairro deveria caminhar. Além disso, deveria haver maior preocupação com a poluição visual do bairro causada pelos diversos estabelecimentos comerciais, que na maioria das vezes não tem investimento em projeto e em design - muitas vezes por total falta de informação e ignorância dos comerciantes. Na convergência de todas estas diferenças, torna-se cada vez mais difícil definir Copacabana. Fonte: http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/ednacunhalima/2004_1_1/copa/index.htm site acessado em 19/02/07 72 ÍNDICE AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 DÍSTICO 05 METODOLOGIA 06 RESUMO 07 METODOLOGIA 08 INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I A VIDA ACADÊMICA, A CIDADANIA E A SOCIETADA CIVIL ORGANIZADA. 10 1.1 Objetivos da formação do acadêmico do nível superior. 10 1.2 A sociedade civil organizada. 11 1.3 A integração do trabalho acadêmico com as comunidades carentes. 12 1.4 A Faculdade de Turismo e a socialização do conhecimento técnico – científico. 13 CAPÍTULO II HISTÓRIAS E LENDAS DO BAIRRO DE COPACABANA. 15 2.1 Breve histórico da formação da cidade do Rio de Janeiro 15 2.2 História do bairro de Copacabana 17 2.3 Histórias sobre as imagens de nossa Senhora de Copacabana 2.4 Fatos da história brasileira acontecidos em Copacabana 21 23 2.4.1 Instalação do cabo de comunicação com a Europa. 23 2.4.2 Os Dezoito do Forte. 24 2.4.3 Atentado ao Jornalista Carlos de Lacerda. 26 2.4.4 Afundamento do “Bateau Mouche”. 28 2.4.5 Fora Collor. 29 2.5 Personalidades de Copacabana 2.5.1 Na Política. 29 29 73 2.5.2 Nas Artes Plásticas. 30 2.5.3 Na Arte Cênica. 30 2.5.4 Na Literatura, Poesia. E Dramaturgia 30 2.5.5 Na Música 30 2.5.6 Outras personalidades 30 2.6 A praia e os esportes 30 2.6.1 No mar. 30 2.6.2 Nas areias. 31 2.6.3 No calçadão. 32 2.6.4 Nas brincadeiras. 32 2.7 Outras Copacabanas 33 CAPÍTULO III A HISTÓRIA DA CALCETERIA 34 3.1 O que são Pedras Portuguesas? 34 3.2 O que é calceteria? 34 3.3 A história da calceteria em Portugal. 35 3.4 A história da calceteria no Brasil. 36 3.5 A história dos calçamentos de Copacabana. 36 3.5.1 As calçadas das ruas internas do bairro 38 3.5.1.1 Os florões. 38 3.5.1.2 Os geometrizados. 38 3.5.1.3 Marketing do comércio de Copacabana. 38 3.5.1.4 Nas brincadeiras de criança. 39 CAPÍTULO IV GEOGRAFIA DE COPACABANA 40 4,1 Delimitação física do bairro de Copacabana. 40 4.2 Índices Estatísticos 41 4.3 Preservação cultural e natural do bairro 46 4.4 Túneis de Copacabana 46 4.5 Morros de Copacabana 47 CAPÍTULO V PATRIMÔNIO CULTURAL DE COPACABANA 49 74 CAPÍTULO VI A RECUPERAÇÃO DO GLAMOUR E DA QUALIDADE DE VIDA DO BAIRRO DE COPACABANA. 53 CONCLUSÃO 56 BIBLIOGRAFIA 58 ANEXOS 61 ÍNDICE 72 FOLHA DE ATIVIDADES EXTRA - CURRICULAR 75 FOLHA DE AVALIAÇÃO 81 75 PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” Curso: Docência do Ensino Superior ATIVIDADES EXTRAS CURRICULAR 1. Em 09/10/2006 – Visita ao caminho aéreo do Pão de Açúcar. Comprovante – Tíquete de acesso em anexo. 2. Em 14/10/2006 – Visita a Cidade Imperial de Petrópolis, com visita aos Museus Casa de Santos Dumont, Imperial de Petrópolis e Palácio Quitandinha; Catedral metropolitana. Comprovante – Fotocópia do Tíquete da Rodoviária de Petrópolis em anexo. 3. Em 20/10/2006 – Peça teatral “Rádio Nacional, Teatro Vila Lobo, na Av. Princesa Isabel. Comprovante – Fotocópia da capa do CD, comprado no hall do teatro e autografado pelos atores e atrizes da peça em anexo. 4. Em 27; 28 e 29/10/2006 – Viagem as Cidades Históricas de Minas Gerais Congonha dos Campos, Mariana, Ouro Preto, Tiradentes e São João Del Rey – Comprovante – documento da Protur Escola de turismo 5. Em 03/11/2006 – Visita ao MAC – Museu de Arte Contemporânea no Ingá na cidade de Niterói, para ver a Exposição “Deuses gregos – Coleção do Museu Pergamon de Berlin – Comprovantes – o folder original da exposição e a fotocópia do adesivo da visita em anexo. 6. Em 25/11/2006 – Visita ao Centro Cultural da Marinha, Museu Navio Bauru e Submarino Riachuelo – Comprovante – folder do Centro Cultural em anexo. 7. Em 20/12/2006 – Show de Dreg Quee no Karaok do bar Sal com Pimenta, na Avenida Mem de Sá na Lapa – Comprovante – a fotocópia do tíquete de consumo em anexo. 8. Em 20/02/2007 – Filme “Pro dia Nascer Feliz” no Cinema na Praia de Botafogo, 315 – Comprovante - a fotocópia do tíquete de entrada. 9. Em 17/03/2007 – Show do Chiclete com Banana, no clube Cajueiro, no Caju de Ouro em feira de Santana / Bahia – Comprovantes – as fotocópias do Tíquete de ida e volta pela Gol Linha Aéreas para Salvador e a Pulseira de identificação de entrada no clube. 76 77 78 79 80 Atividades extras curriculares Viagem as Cidades Históricas de Minas Gerais num roteiro de três dias, visitando o conjunto arquitetônico e artístico das cidades de Congonhas dos Campos, Mariana, Ouro Preto, Tiradentes e São João Del Rey. Foto tirada com o grupo na frente da Igreja de São Francisco em São João Del Rey. Viagem à Cidade Histórica de Paraty, no estado do Rio de Janeiro. Foto tirada com o grupo na rua fresca em frente ao Solar de D. João, bisneto da Princesa Isabel. 81 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” Curso: Docência do Ensino Superior O RESGATE DA CIDADANIA E DA IDENTIDADE DO BAIRRO DE COPACABANA POR MEIO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE. AS CALÇADAS DE COPACABANA. por Arlinda Maria Carneiro da Silva Orientador: Profª. Diva Nereida Marques Machado Maranhão Data da entrega: 10 de agosto de 2007 Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Avaliado por: Conceito: Conceito Final: