Novembro de 2010 nº04 PANAKEIA Isabel Maria Sequinho Lopes “De cada vez que vimos fazer diálise, vimos buscar um dia de vida” DESTAQUES Entrevista: Isabel Maria Sequinho Lopes POUPE A SUA SAÚDE COMPLEMENTO SOLIDÁRIO PARA IDOSOS Pág.2 Pág.3 Pág.4 Testemunho na 1.ª pessoa A busca por mais um dia de vida Diagnosticada muito nova, Isabel Maria é uma força da Natureza. A alegria contagiante, o espírito positivo e a paixão pelas artes decorativas tornaram-na numa figura incontornável da Dialverca. Tinha 24 anos feitos há pouco, quando deu entrada de urgência no Hospital de Santa Maria. 394 mg/dl de ureia e apenas duas horas de vida ditaram-lhe o futuro: colocar um cateter e fazer diálise. Nunca antes Isabel Maria tinha ouvido tais palavras. O choque de ter de fazer cinco cateteres nesse dia e de receber a notícia de que teria de fazer diálise o resto da vida foi difícil de gerir, de início. A adaptação não foi fácil e Isabel Maria emagreceu muito. Aos 26 anos, recebe a notícia de que tinham encontrado um dador compatível e fez um transplante renal. Este transplante durou seis anos, «na realidade só tive vida funcional durante um ano e meio». Nos restantes quatro anos e meio, com muitos internamentos pelo meio e cortisona em demasia, o novo rim já não funcionava convenientemente. Por isso, aos 32 anos fez uma fístula artério-venosa e, seguindo as recomendações do Dr. Domingos Machado do Hospital de Santa Cruz, regressou à diálise. A terapia pela arte Para não se deixar ir abaixo, dedicou-se de alma e coração ao trabalho, pois obrigava-a a concentrar-se noutra coisa que não na doença. Trabalhava numa vidreira na Póvoa de Santa Iria e alternava o trabalho de escritório com o trabalho no local de corte de vidro. Tanto podia estar sentada a uma secretária a tratar de guias de remessa, facturação e processamento de salários, como poderia ter de pegar numa placa de vidro com três metros de comprimento. Contudo, depois do transplante, já não tinha força nos braços para continuar a desempenhar tal tarefa. Por isso, foi aposentada aos 36 anos. Isabel Maria recorda «quando me aposentei, lembrei-me de uma amiga que dava cursos de artes». Como sempre tivera gosto pelas artes decorativas, decidiu extravasar o que lhe ia na alma (e no corpo) dedicando-se ao estanho. «O estanho foi o meu psicólogo», diz Isabel Maria. «A capacidade de transformar uma simples placa de estanho é algo que me transcende», afirma emocionada. Infelizmente, com o passar dos anos e com a deterioração das articulações das mãos, teve de abandonar esta arte. Para não estar parada, frequentou outros cursos de artes decorativas na Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria. Pintura, têxteis, madeira. Tudo telas em branco para receber a sua criatividade. A certa altura, começaram a perguntar-lhe se não queria vender algumas peças. Vendeu a primeira. Começaram a chegar as encomendas e nunca mais parou de vender. Tem feito exposições colectivas e individuais, tendo sido a última na clínica Dialverca, da Fresenius Medical Care. Rotinas de diálise Isabel Maria desloca-se três vezes por semana à clínica para fazer diálise. Embora não seja apologista de medicamentos, confessa que toma sempre um ansiolítico antes de cada sessão. «As quatro horas passam bem mais rapidamente», esclarece. Embora não lhe custe fazer a diálise, sempre com a supervisão da Enfermeira Natália, que conhece como ninguém o cateter de Isabel Maria, considera que a diálise encara-se melhor se for «dormitando durante o tratamento», brinca. Normalmente opta pelo turno das 17h às 21h, pois fica com tempo para organizar a sua vida e dar asas à imaginação para criar as suas peças. Sempre com uma atitude positiva perante a insuficiência renal, Isabel Maria recusa-se a rotular-se como doente. «Quando não estou na clínica, não me sinto doente. Não sou uma doente», afirma. «Faço a minha vida normal, vou às compras, faço workshops de artes decorativas, produzo as minhas peças, vou a exposições», revela Isabel Maria. É com este espírito positivo que dá alento a muitos colegas de diálise. Quando os vê tristes e desanimados, Isabel Maria é a primeira a conversar com eles. A mostrar-lhes que a diálise não é uma sentença de morte. «Isto não é uma quimioterapia», afirma. «De cada vez que vimos fazer diálise, vimos buscar um dia de vida» e é esta mensagem de esperança que tenta passar aos mais desalentados. Quando questionada sobre as eventuais restrições alimentares a que teve de se sujeitar, Isabel Maria ri-se e responde «nenhumas!». «Sou muito mau garfo», afirma. Não gosta de comida farta e adora peixe grelhado. «Embora tenha um defeito, como diz a Enfermeira Natália», diz Isabel Maria a brincar, «não gosto de doces». Imperdoável! Confiança total na equipa da clínica de Alverca é o que Isabel Maria afirma ter. Conhece bem todas as pessoas que lá trabalham e é com grande carinho que, de vez em quando, lhes oferece uma peça feita por si. «Tem de ser só de vez em quando, para não ficarem mal habituados», ri-se. Em tom mais sério, Isabel Maria afirma que o apoio destes profissionais é fundamental para superar os dias menos bons. Porque há dias melhores que outros. Porque há dias em que o corpo reage de forma diferente. Porque a insuficiência renal condiciona o dia-a-dia. O que é essencial para Isabel Maria é não fechar-se em casa. E é este o conselho que deixa a quem se inicia agora nestas andanças: «não se fechem em casa. Há jardins onde passear, há bancos para apanhar sol, há cursos para tirar. Mas não se fechem em casa!». Bem Estar / Alimentação Poupe a sua saúde Conforme as estações do ano e as épocas festivas, os insuficientes renais em tratamento de hemodiálise deverão estar atentos a algumas solicitações que poderão alterar a sua dieta habitual. Assim, em pleno Outono, aparecem as castanhas, nozes, avelãs, pinhões, passas de figo, etc., estes frutos que são muito ricos em potássio e também em fósforo. É particularmente difícil controlar o desejo de comer castanhas que apetitosamente invadem quase todo o país, tanto nas zonas rurais como urbanas. Pelo S. Martinho realizam-se os Magustos, em que a rainha da festa é a castanha. É importante saber-se que apenas três castanhas médias têm tanto potássio como uma laranja média. De preferência, as castanhas devem ser consumidas cozidas em vez de assadas (a água de cozedura arrasta parte do potássio). Drª. Manuela Campos Dietista da Clínica NephroCare da Guarda Já vai longa a prosa e, como o Natal está à porta, aqui vão uns versos com algumas dicas: Para todos, todos vós Desde o Avô ao Petiz Desejo um Bom Natal E um Novo Ano Feliz Muito cuidado com a boca Antes mais carne que nozes Podem cantar à vontade Libertem as vossas vozes Vê lá os líquidos que bebes Um pouquito de champanhe Mais uma taça de vinho E alguém que te acompanhe Atenção ao Bolo Rei E ao bacalhau com couves Está a falar a Dietista Tu não finjas que não ouves 04 Apoios e Direitos Complemento Solidário para Idosos Ser idoso em Portugal é, na sua maioria, sinónimo de vulnerabilidade e precariedade económicas. As desigualdades sociais e consequentes assimetrias de rendimento atingem particularmente este grupo social, não só porque a sua sobrevivência depende das baixas reformas e pensões de que usufruem, mas também porque o modelo familiar no presente, não tem conseguido dar a melhor resposta aos apelos e mudanças da sociedade actual. Na tentativa de atenuar estes problemas e reforçar o principio de justiça social, o Estado, mediante aprovação do Decreto-Lei nº 232/2005, de 29 de Dezembro, institui o Complemento Solidário para Idosos, como uma nova medida política de combate à pobreza, em que os destinatários são aqueles que realmente mais precisam, designadamente os idosos com mais baixos recursos, isolados e sem apoio familiar. O Complemento Solidário para Idosos (CSI) consiste numa prestação monetária, mensal, complementar a outros pensões, integrada no Subsistema de Solidariedade e destinada a requerentes que se enquadrem nas seguintes condições de acesso: e os rendimentos declarados dos filhos pertencentes ao 1º escalão). - Ter idade igual ou superior a 65 anos. - Estar disponível para pedir outros apoios de segurança social de que tenha direito, nomeadamente os benefícios adicionais ao CSI, referentes às despesas de saúde (medicamentos; óculos e lentes; próteses dentárias removíveis) e ainda pedir para lhe serem pagas as pensões de alimentos que lhe sejam devidas. - Ser cidadão titular de pensões de velhice, sobrevivência ou equiparada, ou ainda o cidadão nacional que não reúna as condições para atribuição de pensões sociais. - Ser cidadão nacional ou estrangeiro, a residir à 6 ou mais anos no nosso país e ser detentor da documentação legal exigível. - Possuir recursos anuais, de montante inferior ao valor do complemento, fixado em Janeiro de 2010 em 5.022,00 €, no caso de não ser casado nem viver em união de facto à mais de 2 anos e 8.788,50 € sendo casado ou vivendo em união de facto à mais de 2 anos. - Autorizar a Segurança Social a aceder à sua informação fiscal e bancária, à do agregado familiar e dos filhos, mesmo que não vivam conjuntamente. Para avaliação dos recursos do idoso, todos estes rendimentos contam (excepto a residência do próprio A entrega da candidatura é efectuada num dos Serviços de Atendimento da Segurança Social ou nas Lojas do Cidadão, que fornecem o formulário próprio e o apoio no preenchimento e apresentação da candidatura/requerimento. Pode-se também obter este formulário e uma informação pormenorizada através da Internet, em www.seg-social.pt ou junto da Assistente Social na sua clínica, que lhe concederá, toda a informação e apoio que necessitar. Drª. Firmina Costa Assistente Social da Clínica NephroCare Abrantes Agenda Cultural Lisboa Porto Portalegre Braga Exposição – “A culpa não é minha” – Obras da colecção de António Cachola De 13 de Setembro a 9 de Janeiro de 2011 Segunda a Sexta – 10h às 19h Sábado – 10h às 22h Museu colecção Berardo Centro Cultural de Belém Look up! Natural Porto Art Show De 2 de Outubro a 19 de Dezembro Vários locais da cidade Site: www.lookupporto.com XIX – Festival Internacional de Teatro de Portalegre De 18 a 27 de Novembro CAEP Exposição de fotografia - “Deixar a terra” De 5 de Novembro a 2 de Dezembro Casa do Professor Ficha Técnica Propriedade: Fresenius Medical Care Portugal Edição: Direcção de Comunicação / Nicole Matias Distribuição: Gratuita Tiragem: 3000 Design: Laranja Mecânica Publicidade Participe no nosso jornal Envie-nos textos, fotos comentadas, poemas, artigos de opinião. Este espaço é seu e gostaríamos de ter o seu contributo para enriquecê-lo. Os nossos contactos são: Direcção de comunicação, [email protected], tel: 21 750 11 00, morada: Fresenius Medical Care, Rua Professor Salazar de Sousa, lote 12, 1750-233 Lisboa.