Lixo no fundo marinho Desde 1979 que o IPMA efectua campanhas de arrasto de fundo ao longo da costa continental portuguesa para estudo da abundância e biologia dos recursos pesqueiros, mas só em 2006 foi implementado um esquema rotineiro de identificação, classificação, contabilização e processamento do lixo recolhido nas redes de arrasto, sendo posteriormente colocado para destruição ou reciclagem. Esta amostragem não dirigida e oportunista permite, ainda assim, a caracterização da actividade humana e do seu impacto sobre o fundo e meio marinhos. Ao abrigo da Directiva Quadro da Estratégia Marinha (DQEM) que tem por objectivo “promover o uso sustentável dos mares e a conservação dos ecossistemas marinhos, incluindo o leito do mar, estuários e áreas costeiras, dando especial atenção aos sítios com elevado valor em biodiversidade”, e do seu descritor 10 para o Bom Estado Ambiental, considera-se Lixo Marinho “todo e qualquer material sólido fabricado ou processado pelo Homem, que persiste durante um longo período depois de ter sido rejeitado, colocado ou abandonado nos meios marinho ou costeiro”. Conforme o estabelecido em grupos de trabalho do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (CIEM/ICES), o Lixo é categorizado em: plástico, papel & cartão, madeira processada, metal, vidro & cerâmica, têxteis & calçado, borrachas, mistura e artes de pesca. Para um retrato mais pormenorizado da ocorrência de lixo nas campanhas, esta análise foca-se nas Campanhas de arrasto de Crustáceos, por serem efectuadas com redes sem roletes no arraçal, logo mais susceptíveis de recolher o material depositado no fundo do mar. Este tipo de campanha efectua-se anualmente no 2º trimestre, ao largo das costas alentejana e algarvia, entre 200 e 750 m de profundidade. O lixo distribui-se por toda a área amostrada e é recorrente ao longo de todas as campanhas. 38.5 38.5 38.0 38.0 2007 37.5 2008 37.5 37.0 37.0 100 m 100 m 200 m 200 m 500 m 500 m 36.5 36.5 750 m 10.0 9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 750 m 7.0 38.5 10.0 9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 38.5 38.0 38.0 2009 37.5 2010 37.5 37.0 37.0 100 m 100 m 200 m 200 m 500 m 500 m 36.5 36.5 750 m 10.0 7.0 9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 750 m 7.0 10.0 9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 38.5 38.5 2013 38.0 38.0 0 1 2 3 4 2011 5 Estações realizadas e números de itens recolhidos 6 37.5 37.5 37.0 37.0 100 m 100 m 200 m 200 m 500 m 500 m 36.5 36.5 750 m 10.0 9.5 9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 Esquemas de Separação de Trafego 10.0 9.5 750 m 9.0 8.5 8.0 7.5 7.0 Distribuição geográfica do lixo recolhido nas Campanhas de Crustáceos entre 2007 e 2013, realizadas no âmbito do Programa Nacional de Amostragem Biológica (PNAB-DCF). Os itens de degradação mais prolongada são os mais abundantes (Plástico, Metal, Vidro & Cerâmica) e são na sua maioria proveniente de materiais de consumo do dia-a-dia (ver fotos). A baixa presença de artes de pesca é explicada pelo esquema amostral desta campanha que possui poucas estações de pesca em zonas costeiras (por oposição às campanhas demersais em que artes de pesca representam 60% do lixo recolhido). Mistura 4% Madeira processada 1% Borracha 1% Fibra de vidro 5% Têxteis & Calçado 5% Plástico 32% Arte pesca 8% Metal 21% Vidro & Cerâmica 22% Categorias do Lixo recolhido em campanhas de crustáceos entre 2007 e 2013 Distribuição do Lixo recolhido por categoria e intervalo de profundidade (% relativa ao número de estações em cada intervalo de profundidade). Intervalo de Profundidade (m) Categoria [100-200[ [200-300[ Arte pesca 3 5 [300-300[ [400-500[ [500-600[ [600-700[ [700-800[ 4 3 4 2 6 7 4 3 Borracha 2 3 Fibra de vidro 2 3 Madeira processada 3 Metal 6 21 Mistura 6 8 Plástico 9 18 22 3 6 15 14 Têxteis & Calçado Vidro & Cerâmica 3 16 11 11 14 IPMA, 25/06/2014 Corina Chaves, Cristina Silva, Manuela Azevedo (DivRP / PNAB) 3 4 6 1 6 15 27 2 6 12 3 17 11 13