A SINERGIA DO LEAN SIX SIGMA COM A TEORIA DAS RESTRIÇÕES "Este artigo descreve a importância em trabalharmos com metodologias convergentes proporcionando um verdadeiro ganho de produtividade para as empresas." Estava preso em um engarrafamento a cerca de 45 minutos e aproveitei para observar o fluxo dos veículos imaginando qual seria a solução para aquela situação corriqueira. Na maioria das vezes a opinião parte de uma simples análise do problema com uma solução elementar e que não surtirá efeito tão logo seja posta em prática, como por exemplo, o alargamento de pistas em alguns locais que não representam a causa raiz, ou seja, o gargalo. Simplesmente serão criadas faixas adicionais para acondicionar os bolsões de veículos que irão retornar ao fluxo restrito logo mais a frente gerando a falsa ilusão momentânea de resolutividade. Olhando para o exemplo que acabo de mencionar parece fácil interpretar que, realmente, a maneira mais correta de resolver o problema seria criar rotas de fugas alternativas e paralelas facilitando o escoamento do fluxo de veículos antes do afunilamento do gargalo, ou então administrar o trânsito de uma forma mais enfática onde está o gargalo, ou então eliminar o gargalo ! Em nossas vidas lidamos todos os dias com interrupções de fluxos de processos que nos leva a uma significativa perda de tempo ocasionada por diversos motivos. Não é difícil encontrarmos sempre alguém "esperando" por algo, como por exemplo: uma outra pessoa, um táxi, um documento, uma aprovação de um pedido, uma peça, ou até que a fila do engarrafamento ande! Não obstante ao fato, observamos que também estamos sempre "procurando" algo, o que fatalmente irá provocar a interrupção de algum fluxo criando esperas em etapas subseqüentes. Vivemos em um mundo de desperdícios de tempo que se um dia criarmos um cronômetro para marcação desses tempos (esperômetros) chegaremos a conclusão que poderíamos ter vivido mais ( no conceito produtivo da palavra) e esperar menos, procurar menos, movimentar menos, estocar menos passarão a ser a essência do aproveitamento da vida. O Lean Six Sigma possui técnicas e ferramentas que nos leva a identificar os entraves dos fluxos vividos em nosso dia a dia possibilitando a análise dos dados para a implementação correta de melhorias e uma maior produtividade do que fazemos. Porém, passei a observar em algumas empresas que lidero Eventos Kaizen que a priorização das melhorias muitas vezes não está sendo aplicada "na contra mão do fluxo" e que, quando aplicadas em etapas que não são gargalos poderão gerar ociosidade de recursos gerando a falsa sensação de ganho de produtividade. Para facilitar a interpretação falarei sobre o fluxo simples de internação de um paciente em um hospital que enfrenta problemas com super lotação: 1- chegada do paciente na recepção e cadastro de informações 2- encaminhamento do paciente para o pré operatório para realização de análises e exames 3- admissão do paciente no leito 4- encaminhamento do paciente para a sala de cirurgia 5- realização da cirurgia 6- recuperação na UTI 7- transferência do paciente para o leito 8- alta médica e hospitalar Agora me respondam as seguintes perguntas: a) de que adianta desenvolvermos melhorias para reduzir o tempo de setup da sala de cirurgia se o hospital não consegue administrar os tempos de altas corretamente, impactando no giro do leito? Enquanto o leito não vagar não poderemos deslocar o paciente do centro cirúrgico! b) uma melhoria para agilizar o tempo de espera na recepção poderá ser anulada pelo tempo de espera da admissão do paciente por falta de leito? Se um hospital possui problemas de super lotação ou falta de vagas ele não poderá desenvolver melhorias no processo com etapas interdependentes sem antes melhorar o giro do leito, pois a saída do paciente é a última etapa de internação e todas as etapas antecessoras deste processos seguirão o ritmo desta restrição. Nenhuma melhoria desenvolvida antes irá gerar ganhos de produtividade, mas tão somente uma falsa ilusão, tal qual os bolsões de alargamento das pistas! Esta é a sinergia existente entre a aplicabilidade das técnicas e ferramentas do Lean Six Sigma baseadas na Teoria das Restrições. A priorização de melhorias deverá ser dada aos recursos restritivos da seguinte forma: 1- No mapeamento do fluxo do processo, identifique as etapas que possuem restrições. 2- Explore os recursos restritivos ao máximo, sejam eles máquinas, mão de obra, materiais, etc..por exemplo: se uma máquina possui a capacidade operacional reduzida o seu tempo de parada não poderá ser elevado. Isso irá compensar a sua restrição. 3- Eleve a restrição do processo. Faça com que os recursos não restritivos possam dar apoio ao recurso restritivo limitando o impacto da restrição. Uma outra máquina poderá contribuir na produção da etapa de restrição? Poderei deslocar mão de obra para a restrição? Compensa criar um turno a mais? 4- Por último, subordine o ritmo e a velocidade dos recursos não restritivos aos recursos restritivos. Isso irá reduzir estoques intermediários do working in process (WIP) de acordo com a taxa de saída da produção. Enfim, priorizar melhorias de etapas de processos não restritivas posteriores às restritivas poderá levar esta etapa à ociosidade de recursos e a sensação de um ganho de produtividade que na realidade não existe. Marcelo Rivas Fernandes Master Black Belt - Lean Six Sigma Academy Lean Especialista - Lean Value Solutions Professor - SENAI "Acesse meu LinkedIn"