HOTELARIA
RELATÓRIO DE CONJUNTURA
AEP / GABINETE DE ESTUDOS
Julho de 2006
A actividade da hotelaria insere-se na CAE 55 – Alojamento e Restauração, que, por sua
vez, integra o sector do turismo, um dos sectores com maior potencial de crescimento a
nível mundial.
O alojamento e a restauração têm um peso bastante significativo na economia nacional,
sendo responsáveis por 3% do VAB e por 5,2% do emprego.
De acordo com dados referentes ao ano de 2003, a CAE 55 agrega 62437 empresas,
responsáveis por 228941 postos de trabalho. Trata-se de um sector onde predominam
empresas de reduzida dimensão: cerca de 95% são microempresas.
CAE 55 - Empresas por dimensão
94,8%
100,0%
80,0%
60,0%
40,0%
1,7%
3,4%
20,0%
0,0%
até 9 trab.
10 a 19 trab.
20 e mais trab.
Fonte: INE
O volume de negócios ronda os 7685,6 milhões de euros e o VAB totaliza 2471,8
milhões de euros. A produtividade situa-se em 10,8 mil euros e os custos médios com
pessoal em 8 mil euros.
CAE 55 - Alojamento e restauração
Ano
Empresas
Pessoal
ao Serviço
1998
1999
2000
2001
2002
2003
56047
59664
60221
62082
62344
62437
220868
261113
215695
239140
229933
228941
Fonte: INE
Custos
Volume
Pessoal
Negócios
milhões euros
1266,3
5940,9
1744,3
7986,5
1532
6498,3
1629
7021,1
1666
7050,9
1823,2
7685,6
VAB
1980,8
2565,6
2243,3
2273,9
2378,7
2471,8
Produtividade
C.Médios
Pessoal
milhares euros
9
5,7
9,8
6,7
10,4
7,1
9,5
6,8
10,3
7,2
10,8
8,0
Analisando a evolução registada entre o ano de 1998 e o de 2003, constata-se que todos
os indicadores aumentaram. Em especial, são de assinalar os acréscimos de 29,4% no
volume de negócios e de 24,8% no VAB. No período em análise, observou-se ainda uma
variação positiva de 11,4% no número de empresas, a que correspondeu um aumento de
apenas 3,7% no pessoal ao serviço. Os custos médios com o pessoal apresentaram uma
expansão de 39,7%, acima dos 20% contabilizados na produtividade.
Note-se que, apesar da evolução ter sido francamente positiva entre aqueles dois anos, as
maiores taxas de crescimento verificaram-se em 1999, tendo-se mesmo observado, em
anos posteriores, quebras em quase todos os indicadores.
CAE 55 - Alojamento e restauração
Taxas de crescimento
Ano
Empresas
1999
2000
2001
2002
2003
2003/
1998
6,5%
0,9%
3,1%
0,4%
0,1%
11,4%
Pessoal
ao Serviço
18,2%
-17,4%
10,9%
-3,9%
-0,4%
3,7%
Volume de
Negócios
34,4%
-18,6%
8,0%
0,4%
9,0%
29,4%
VAB
Produtividade
29,5%
-12,6%
1,4%
4,6%
3,9%
24,8%
8,9%
6,1%
-8,7%
8,4%
4,8%
20,0%
C. Médios
Pessoal
17,5%
6,0%
-4,2%
6,6%
9,9%
39,7%
Fonte: Cálculos com base no INE
A região Norte concentra o maior número de empresas do sector (31%), seguindo-se-lhe
a região de Lisboa e a região Centro.
CAE 55 - Distribuição geográfica das empresas
Alentejo
8%
Lisboa e Vale do
Tejo
30%
Fonte: INE
Algarve
8%
Açores
1%
Madeira
2%
Norte
31%
Centro
20%
As duas primeiras posições invertem-se no que diz respeito ao pessoal ao serviço,
cabendo a liderança claramente à região de Lisboa (40%), seguindo-se-lhe a região Norte,
permanecendo o terceiro lugar ocupado pela região Centro.
CAE 55 - Distribuição geográfica do pessoal ao serviço
Algarve
10%
Açores
2%
Madeira
5%
Norte
24%
Alentejo
5%
Centro
14%
Lisboa e Vale do
Tejo
40%
Fonte: INE
Analisando apenas os estabelecimentos hoteleiros, e tendo em conta dados relativos a
2004, verifica-se que é a região Norte que ocupa um lugar de destaque (com 22,2% do
número de estabelecimentos do país), seguindo-se-lhe o Algarve (com 21,8%),
aparecendo em terceiro lugar Lisboa e Vale do Tejo (com 15,4%). De referir que a
supremacia da região Norte fica a dever-se ao lugar de destaque que ocupa ao nível do
número de estalagens e pensões. Já o Algarve ocupa uma posição de liderança no número
de hotéis-apartamentos, de apartamentos e de aldeamentos turísticos. Em termos de
hotéis, é a região de Lisboa e Vale do Tejo que concentra um maior número de
estabelecimentos. O Alentejo concentra o maior número de pousadas.
Relativamente ao pessoal ao serviço nos estabelecimentos hoteleiros, observa-se uma
maior concentração no Algarve (30,6%), seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (21,9%),
sendo a Região Centro responsável por apenas 11,9% do número total de trabalhadores e
a Região Norte por 11,6%. Os hotéis são a categoria de estabelecimento que emprega
mais trabalhadores (60%).
A liderança do Algarve permanece ao nível da capacidade de alojamento, respondendo
por 38% do total, cabendo o segundo lugar a Lisboa e Vale do Tejo (18,3%). Em termos
de capacidade de alojamento, os hotéis destacam-se claramente no conjunto dos
estabelecimentos hoteleiros, com uma quota de 45,6%, surgindo em segundo lugar os
apartamentos turísticos (15,2%), seguindo-se-lhes os hoteís apartamentos (13,4%).
No que diz respeito aos hóspedes, verifica-se que 47,3% são nacionais e 52,7%
estrangeiros. Os hóspedes provenientes do Reino Unido, Espanha e Alemanha assumem
um papel de relevo no turismo em Portugal, representando, respectivamente, 26,1%,
21,6% e 15,2% dos hóspedes oriundos de países da União Europeia. Constata-se, assim,
uma significativa dependência do turismo português face a um número reduzido de
mercados emissores.
A estada média no nosso país é de apenas 3,1 noites, destacando-se a este nível o
contributo dos turistas provenientes da Irlanda (6,5), Reino Unido (5,8), Finlândia (5,6) e
Alemanha (5,3). As estadas médias mais elevadas ocorrem nos apartamentos turísticos
(6,8), aldeamentos turísticos (6,4) e nos hotéis-apartamentos (5,3).
A sazonalidade continua marcante no turismo em Portugal, verificando-se que 32,8% dos
hóspedes se concentram nos meses de Julho, Agosto e Setembro.
A taxa de ocupação-cama no conjunto dos estabelecimentos hoteleiros situa-se em
38,6%, atingindo nos hoteís-apartamentos 48,4% e nas pensões somente 24,1%.
A par da forte concentração regional da actividade hoteleira, bem como da marcada
sazonalidade, é de salientar ainda a inegável escassez de mão-de-obra qualificada e a
instabilidade do trabalho neste sector, aspectos cuja mudança se revela essencial para se
poder prosseguir com uma estratégia de desenvolvimento sustentado do turismo em geral
e da actividade hoteleira em particular. A reduzida dimensão das empresas é também uma
característica marcante no panorama nacional deste sector, revelando-se essencial a
realização de novas aquisições e concentrações de capital de modo a obter-se massa
crítica para se responder aos desafios de um negócio crescentemente global.
ANÁLISE SWOT - TURISMO
Pontos fortes
•
clima favorável
•
imagem de destino seguro
•
população acolhedora e de comunicação fácil
•
inúmeros elementos de diferenciação da oferta (património
Pontos fracos
•
escassez de mão-de-obra e falta de recursos humanos
qualificados
•
predomínio de empresas de reduzida dimensão, dificultando
a negociação com grandes operadores turísticos
natural e histórico-monumental, artesanato, gastronomia)
•
forte sazonalidade
•
extensão da faixa costeira e do sistema fluvial
•
elevada dependência de um número restrito de mercados
•
existência de destinos tradicionais bem implantados
emissores
•
grande concentração da oferta em 3 zonas (Algarve, Lisboa e
Madeira) e no segmento sol e mar
•
ainda reduzida despesa média por turista, reflectindo um
turismo massificado
•
proliferação de alojamento extra oficial
•
deficiente formação de base dos empresários
•
persistência de deficiências no sistema de sinalização da
rede viária
Oportunidades
•
•
aproveitamento das potencialidades oferecidas por
crescente concorrência a nível global e regional, havendo um
recursos turísticos ainda não devidamente promovidos e
insuficiente acompanhamento da evolução do sector a nível
dotados das devidas infra-estruturas, tais como as aldeias
mundial, nomeadamente, em termos de gestão e qualidade
preservadas, as casas senhoriais, as estâncias termais
da hotelaria
promoção dos segmentos de turismo religioso, de saúde,
rural, de natureza, e uma forte aposta no turismo sénior,
de negócios e de golfe
•
Ameaças
•
maior cooperação entre entidades públicas e privadas
•
forte pressão ambiental em algumas áreas do nosso país
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