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Terça-feira
19 de maio de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Opinião
palavra do leitor
Infraestrutura
Em relação à matéria Indústria gaúcha paga o gás mais caro
do País (Jornal do Comércio, 18/05/2015), pesquisando sobre o
Rio Grande do Sul, ficou fácil de perceber que o Estado está na
dependência das ações do governo que favoreçam uma maior exploração da cidade do Rio Grande, mas o que se vê é o descaso de
vários governos, anteriores e atual, sobre dar uma infraestrutura
melhor àquela região. Com ferrovia moderna, gasoduto, estradas,
ponte etc., esse Estado já teria dado o pulo do gato, e sua Capital e
todas as cidades seriam beneficiadas. (Antonio Santos dos Santos,
Tampa, Estados Unidos)
Dilma
A presidente Dilma Rousseff (PT) parece ter melhorado sua autoestima, mostrando um manequim bem mais esbelto. Afinal, ela perdeu 15 quilos em um curto intervalo de tempo. Infelizmente, para ela,
a sua popularidade teve uma perda diretamente proporcional ao seu
peso. Dilma afirma que não há regime fácil. Só não sei se essa nova
silhueta da presidente foi conquistada com uma dieta acompanhada
e balanceada ou foi fruto do desenvolvimento de algum tipo de fobia
que a faz ter aversão e a obriga a ficar longe de qualquer tipo de panela. (Augusto César Martins de Oliveira, advogado, Rio Grande/RS)
Privilégio
Para a classe política, salvo honrosas exceções, agindo como se
fosse profissão, o povo é importante apenas em épocas eleitorais.
Atente-se que a reforma política via Assembleia Constituinte exclusiva, único caminho sem resguardar interesses próprios, foi eliminada e ocorrerá fatiadamente. Pretendem os ilustres deputados,
como medida inaugural, ampliar o tempo dos mandatos em todos
os níveis! E dizem necessário face à extinção do instituto da reeleição para os executivos. Querem, sem ouvir a população, maior
tempo para os Executivos e, na carona, aumento do tempo para
os parlamentares de todos os níveis! Vale dizer, até porque quem,
no exercício, ainda mais com as famigeradas emendas, leva vantagem, sabidamente, no confronto com quem, apenas postulante,
assegurar vantagens pessoais. Aos senadores, vejam só, não mais
oito, mas sim 10 anos! Aos demais, cinco. Nenhuma razão para esse
procedimento, sob o prisma de interesse da população. Ao contrário, impor a quem tenha de suportar, situação previsível, alguém incompetente por mais tempo no exercício de mandato. Lamentável.
Em realidade, têm de ser mantidos quatro anos para todos, inclusive
reduzindo os dos senadores para igual tempo. (Jorge Lisbôa Goelzer,
advogado, Erechim/RS)
Terceirização
Se trabalhar com o modelo de terceirização é ruim, que procurem emprego com a velha CLT, ora! No meu condomínio pagamos
R$ 3.100,00 para uma empresa que fornece servidoras terceirizadas para limpeza e faxina em geral. Mas elas entram às 8h, têm
uma hora e meia de folga para o almoço, das 12h às 13h30min,
e depois trabalham até as 17h, e aos sábados, das 8h às 13h. Aí,
ninguém para no serviço, pelo qual recebem cerca de R$ 1.200,00.
Ora, assim não funciona. (Rodrigo Alencarino, Porto Alegre)
Na coluna Palavra do Leitor, os textos devem ter, no máximo, 500 caracteres, podendo
ser sintetizados. Os artigos, no máximo, 2 mil caracteres, com espaço. Os artigos e
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não traduzem a opinião do jornal. A sua divulgação, dentro da possibilidade do espaço
disponível, obedece ao propósito de estimular o debate de interesse da sociedade e o
de refletir as diversas tendências.
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artigos
Trânsito livre para a sonegação
Gilberto da Silva
A desestruturação das atividades de fiscalização ostensiva no Estado não impede que sejam
constatadas, a cada dia, a repetição da ação de sonegadores. Apesar da modernização dos sistemas
virtuais, onde o Estado mantém o controle de todas as informações prestadas pelos contribuintes,
os sonegadores continuam utilizando-se de velhos
métodos para não pagar tributos, aperfeiçoando
suas ações e aproveitando o desinteresse do Estado
nas efetivas operações de circulação de mercadorias.
Estas ações ficam evidenciadas quando confrontados os números de apreensões realizadas
em postos fiscais, onde este índice deveria ser
zero, já que é de conhecimento de todos a ação
do Fisco. Somente no posto fiscal de Torres, no
período de 10 a 20 de abril, foram autuados oito
transportadores por tentarem sair do Estado com
um total de 300 toneladas de arroz (beneficiado e
em casca) sem recolher os impostos devidos.
Os sonegadores utilizam-se dos mais variados métodos, desde a simples reutilização de
documentos fiscais eletrônicos até o benefício do
sinal verde nos postos fiscais, onde determinadas
cargas não precisam parar para serem fiscalizadas, sendo as características dos veículos semelhantes.
Basta informar que se trata de mercadoria
previamente liberada. O Estado está fazendo a
escolha que lhe parece mais conveniente e conviverá, a cada dia, com maiores quantidades de
ilicitudes nas operações de circulação de mercadoria, diminuindo assim os recursos em caixa e
colaborando com a concorrência desleal e outros
crimes vinculados.
Vice-presidente do Afocefe Sindicato
Países com histórias parecidas
Paulo Franquilin
Estive recentemente no Chile e conversei com
chilenos sobre as características daquele país, sua
história, o funcionamento da sociedade e traços
culturais. Um dos focos de meu interesse era saber
sobre o período em que o general Augusto Pinochet
esteve à frente do governo, numa ditadura militar
de 17 anos. O Chile é um país muito semelhante
ao Brasil, possui várias regiões, algumas extremamente desenvolvidas e outras atrasadas, com uma
minoria que concentra a riqueza e a maior parte
da população vive com salários muito pequenos.
Quanto ao regime militar chileno, este difere do brasileiro por manter um único presidente
por todo o período da ditadura. Pinochet foi um
ditador que, utilizando uma estrutura de tortura e perseguição a membros e simpatizantes da
esquerda chilena, violou direitos humanos em
grande escala.
Por outro lado, trouxe para o Chile uma estrutura econômica que se mantém até hoje, com
uma política de contenção de gastos e uma moeda
estável. A indústria chilena é voltada para a vinicultura, beneficiamento de produtos agrícolas e
exploração do pescado, usando o turismo como
fonte de riqueza para o país. Como no Brasil, há
pessoas que defendem a ditadura militar e outras
que são contrárias, mas um dos aspectos que me
chamou a atenção foi que o centro político que
sustentou a ditadura continua no poder, assim
como o empresariado e outros setores que foram
beneficiados pelo regime, exatamente como acontece em nosso País.
Após a ditadura, houve uma redemocratização do país, mas os políticos que assumiram
continuaram um sistema de manutenção do que
havia durante a ditadura, ou seja, as elites continuam mandando no país, enquanto o povo ilude-se por poder votar num sistema bicameral, com
deputados e senadores, que também são acusados de corrupção, com grande custo para a nação,
num modelo bem conhecido pelos brasileiros.
No período em estive no Chile, fiz o lançamento do livro “50 anos do golpe de 64”, que fala
da nossa ditadura, e pude constatar que a história
brasileira não difere muito da chilena, apenas tiveram uma ditadura 10 anos depois da nossa, obviamente, inspirada em nosso modelo e de outras
que se instalaram na América Latina.
Jornalista e escritor
O futuro do papel
Vinicius Escobar
Muito se falou do futuro do papel, do livro, da
revista, do jornal, mas esquecemos de pensar do
nosso: como seriam os leitores do futuro? Aqueles
que não gostavam de ler, escreviam muito pouco,
preferiam conversar com os amigos a ficar lendo
Machado de Assis, que trocavam todos aqueles
dramas de papel por lágrimas e mensagens de
texto codificadas na madrugada? Sim, esse futuro
chegou. Esses leitores estão no mercado. E ainda
não sabemos o que eles querem.
O que sabemos é que ainda precisam de informação, precisam de conhecimento, mas, diferentemente de antes, a fonte mudou: não precisam
mais recorrer a livros, revistas e jornais. Os pais,
a escola, a igreja e o Estado não são mais mediadores, e não há mais um fluxo de informação determinado. A ordem das coisas é ditada pela audiência que hoje é repórter, editora e entregadora
da notícia. Então é o fim? Livros, revistas e jornais
acabarão? Já estão acabando.
A Amazon investe milhões em títulos digitais
de literatura e também em suportes para leitura,
como o seu Kindle, líder de vendas no segmento
de e-readers. A principal revista norte-americana,
Newsweek, deixou de ser impressa em 2013, e,
no Brasil, dois jornais também já deixaram de circular: em 2010, o conhecido Jornal do Brasil, e,
mais recentemente, o jornal O Sul, aqui de Porto
Alegre. Próximo ou não, não é o fim da leitura ou
do papel que deve ser debatido, mas a experiência desse leitor.
A resposta para todas as nossas dúvidas deve
estar entre a frase de José Abelardo Barbosa de
Medeiros, mais conhecido como Chacrinha, e Antoine Laurent de Lavoisier, “nada se cria, tudo se
transforma”.
Professor e empresário
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