SOFTWARE LIVRE PARA BIBLIOTECAS: UMA FERRAMENTA PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO À INFORMAÇÃO BIBLIOGRÁFICA Área temática: ACESSO À INFORMAÇÃO Edwin Hübner Analista de Sistemas Consultor em Automação de Bibliotecas e Sistemas de Informação [email protected] Roger C. Guilherme Bibliotecário CRB10/1860 Professor Curso de Biblioteconomia – FURG [email protected] Resumo O presente artigo mostra que as iniciativas de automação das bibliotecas brasileiras começaram na década de 1980 e que o CDS/ISIS(Computerized Documentation System - Integrated Set for Information System), através das versões MicroISIS e WinISIS, foi o software que muito contribuiu para que isto acontecesse, que porém proporcionava apenas a entrada de dados e recuperação da informação, levando muitas bibliotecas a adquirir software proprietário para automação dos serviços, mas devido aos altos custos muitas bibliotecas ficaram excluídas deste processo. Mostra ainda o sucesso do software livre nas áreas de software básico. Descreve a diferença entre software livre e software gratuito e relaciona as principais iniciativas de software livre para bibliotecas. Evidencia a importância do ABCD, uma iniciativa da BIREME (Centro Latino Americano e do Caribe em Ciências da Saúde) com apoio da UNESCO e cooperação internacional, no suprimento das necessidades das bibliotecas e centros de documentação, considerando-o um importante instrumento para a democratização do acesso à informação bibliográfica. Descreve seus aspectos tecnológicos como sendo um software Web, moderno e aderente à tecnologia CDS/ISIS. Apresenta as funcionalidades para os diversos serviços da biblioteca. Considera a importância do ABCD enquanto código aberto, sendo um software para bibliotecários. Apresenta o ABCD Brasil, um serviço Web, como espaço para os usuários brasileiros. Palavras-chave: Software-livre, ABCD, CDS/ISIS, Bancos de dados Introdução As preocupações com a informatização das bibliotecas no Brasil começam na década de 1980. Até então poucas bibliotecas tinham algum tipo de sistema, se tinham, era na área administrativa, mas não na informatização do catálogo. Historicamente falando, as bibliotecas, em geral, têm aderido com certo atraso às novas tecnologias da informação. As primeiras iniciativas de informatização nas bibliotecas brasileiras, em grande parte, foram através do software chamado CDS/ISIS, uma iniciativa da UNESCO: En 1980 la UNESCO, dentro de las actividades del Programa General de información,.. informatico, Por entonces diseñado para UNESCO disponía de grandes ordenadores, un sistema ordenadores mainframe, cuyas capacidades se acoplaban perfectamente a los planes diseñados. Solamente había que adaptarlo para que funcionase en microordenadores que estuviesen al alcance de las bibliotecas. (HERNÁNDEZ, 2001) A primeira versão desta adaptação de um sistema para bibliotecas feita pela UNESCO chamou-se MINISIS, que foi muito pouco usado no Brasil. Aqui foi usado o MicroISIS, sendo o IBICT o distribuidor oficial deste software para o Brasil, que, de acordo com Hernández, teve início em 1985: La primera versión de MICROISIS... corrió por primera vez en un equipo IBM PC-XT de 150 Kb de memoria y 1OMb de disco duro y fue presentada en una reunión de usuarios de la versión mainframe celebrada en 1985 en Buenos Aires. O MicroISIS evoluiu para uma versão Microsoft Windows, chamada WinISIS. Estes aplicativos, sem dúvida, foram importantes na fase inicial e ajudaram muitas bibliotecas a sair do nível zero na informatização de seus catálogos. O sucesso do CDS/ISIS, não só no Brasil, mas em muitos países pode ser atribuído a dois fatores: um pelo fato de ser distribuído gratuitamente pela UNESCO e outro pela sua consagrada tecnologia em termos de software para gerenciamento de informações textuais, conforme nos mostra Oliveira: [...] com características até então inexistente nos produtos da época. Algumas destas inovações implementadas no CDS/ISIS, até hoje, ou por negligência ou por desconhecimento, não foram consideradas na maioria dos "softwares" do gênero. A partir do final da década de 1980, surgem outros softwares e/ou sistemas, visando a automação das bibliotecas brasileiras, sendo os primeiros grandes sistemas de origem estrangeira, como o VTLS classic (hoje VIRTUA) e o Aleph, bem como iniciativas locais para o desenvolvimento de softwares para bibliotecas. Muitos destes sistemas existentes hoje, sem dúvida, atingiram alto grau de desenvolvimento e atendem às principais necessidades das bibliotecas em termos de automação de seus serviços. No entanto, muitas bibliotecas ainda não tem os seus serviços automatizados, não disponibilizam o acesso via Internet por falta de recursos tecnológicos e financeiros. Vale lembrar que a maioria destes sistemas em uso hoje são do tipo "proprietário", isto é, requerem a aquisição de licença para seu uso, envolvendo custos significativos. Na esfera de software básico, como bancos de dados, sistemas operacionais, servidores Web, Browsers, etc. está se consolidando cada vez mais uma outra prática, chamada de "Software Livre", "Código Aberto" ou "Free, Open Source Software" - FOSS, cuja licença de uso geralmente é a GPL, sigla que significa "GNU Public License". Este conceito também já vem sendo introduzido há algum tempo para software de automação de bibliotecas. Esta pode ser a oportunidade para a tão desejada democratização de acesso à informação bibliográfica. Sem desmerecer outras iniciativas, o destaque neste trabalho será direcionado ao mais novo e promissor lançamento de software livre para bibliotecas, lançado em setembro de 2008 no 3° Congresso Mundial de Usuário s ISIS, o ABCD - Sistema Integrado de Automação de Bibliotecas e Centros de Documentação. Diferença entre software livre e software gratuito O software gratuito ou freeware é uma categoria de programas para computador que permite sua distribuição, instalação e uso de forma gratuita sem que aja alteração em seu estado original ou uso comercial por terceiros. A gratuidade deste tipo de software não o isenta da figura de um proprietário, que muitas vezes lança softwares gratuitos como "amostra grátis" para seus programas comerciais. Os aplicativos MicroISIS e WinISIS são gratuitos, porém não são software livre. O software livre não se opõe ao software comercial, no entanto, confronta com o conceito de software proprietário. Esta tipologia de software permite que o programa possa ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem nenhuma restrição. Significa dizer também que software livre não é sinônimo de gratuidade, pois o termo "livre" se refere a LIBERDADE, ou seja: • Liberdade para execução por qualquer pessoa física ou jurídica (usar) • Liberdade para estudá-lo e adaptá-lo às necessidades locais (estudar) • Liberdade para distribuir cópias, ajudando assim outras pessoas ou instituições (redistribuir) • Liberdade de aperfeiçoá-lo e distribuí-lo para outros, para que toda a comunidade seja beneficiada (modificar), A confiança no software livre não está em uma licença adquirida do fornecedor, mas na comunidade de usuários e desenvolvedores espalhados pelo mundo. Pode-se dizer que normalmente existe um número de desenvolvedores muito maior, dando sua contribuição no software livre do que qualquer fornecedor de software proprietário possa manter. A comunidade de usuários é a grande massa crítica, que divulga em fórum ou lista de discussão qualquer problema encontrado que, então, será corrigido, não por um suporte particular, mas por qualquer desenvolvedor que se considere apto para tanto. O aprendizado que o software livre oferece subliminarmente para seu usuário é bastante expressivo, tendo em vista a facilidade de acesso ao seu código fonte. Geralmente esse tipo de software é distribuído de uma forma pronta para uso, ou seja, a partir da sua instalação ele já está apto para uso, porém, várias instituições necessitam de algumas adaptações para que o sistema se encaixe com seus serviços. Algumas das iniciativas de software livre para bibliotecas Apresentamos a seguir algumas das iniciavas de desenvolvimento de software livre para bibliotecas que já estão em uso no mercado. Sem querer esgotar a lista, os sistemas abaixo são relacionados como exemplos, além do ABCD, que é o objetivo principal deste trabalho, sendo dois de origem nacional e quatro de origem estrangeira. Gnuteca – É um sistema de automação de bibliotecas desenvolvido pela SOLIS – Cooperativa de Soluções Livres, com apoio da UNIVATES – Centro Universitário de Lajeado – RS. (Fonte: http://www.gnuteca.org.br). BIBLIVRE – Fruto de um projeto chamado “Biblioteca Livre” concebido e proposto ao MinC – Ministério da Cultura pela SABIN – Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional e PEE/COPPE/UFRJ, desenvolvido valendo-se da Lei Rouanet (Lei 8.313/91), contando com o patrocínio da IBM, na primeira fase (Versão 1.0), e do Grupo Itautec, na segunda fase do projeto (versão 2.0). (Fonte: http://www.biblivre.ufrj.br/). KOHA – É considerado o primeiro Sistema Integrado de Bibliotecas de código aberto Criado em 1999 por Katipo Communications para a Horowhenua Library Trust na Nova Zelândia, (Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Koha_(software). Greenstone – É um software para criar e distribuir coleções de uma Biblioteca Digital. Foi produzido pelo Projeto da Biblioteca Digital da Nova Zelândia, na Universidade de Waikato, (Fonte: http://www.greenstone.org/) Catalis - Software livre utilizando a tecnologia CDS/ISIS. Criado pelo Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas de la República Argentina (CONICET). (Fonte: http://inmabb.criba.edu.ar/catalis/catalis.php?p=licencia) Open Marcopolo – Mantido pela Universidad Nacional de Entre Ríos, na qual abriu o seu código fonte a partir de uma junta de bibliotecários, que acabou batizando o projeto de "Open Marcopolo". Seu sistema de banco de dados é CDS/ISIS. (Fonte: http://marcopolo.uner.edu.ar/index.htm) ABCD – Sistema Integrado de Automação de Bibliotecas e Centros de Documentação Suas origens e concepção Como já foi dito inicialmente, o CDS/ISIS foi criado pela UNESCO para auxiliar na informatização de bibliotecas com poucos recursos financeiros ou de países em desenvolvimento. Como solução barata, o MicroISIS passou a ser adotado em diversos países como sistema de entrada e recuperação de dados bibliográficos. A evolução do ISIS foi bastante promissora até a chegada da Internet. Com a consolidação da cyber-cultura, programas como o MicroISIS ou Winisis começaram a instigar uma cobrança sobre a sua evolução para a Web. Ferramentas como o Google, acabaram por criar uma nova cultura na sociedade no que diz respeito à forma de pesquisa. As bibliotecas necessitavam colocar seus catálogos on-line, porém aquelas que utilizavam WinISIS, por exemplo, não tinham meios de fazê-lo. Em 1996 a BIREME ensaia seus primeiros passos para a evolução do CDS/ISIS para a Internet, é criado o WXIS ou wwwISIS. Um componente desenvolvido com a linguagem C que atua entre o CGI (Common Gateway Interface) e o servidor web, juntamente com o CISIS que é um composto de scripts que executam as operações básicas como: a recuperação de uma faixa de registros, pesquisa, listagem de chaves do dicionário, bloqueio de registros, inclusão e atualização de dados, exclusão de registros e funções de controle: status, geração de dicionário e desbloqueio. Com a criação do WXIS começaram a surgir vários programas CDS/ISIS para web, porém, não passavam de módulos simples de catalogação e ferramentas complementares para publicação de OPACs (Online Public Access Catalog). À medida que a Internet e as linguagens de programação foram evoluindo, os hábitos do usuário final foram sendo alterados. As bibliotecas precisavam alcançar seu usuário pela Internet, mas isto não era impossível com o WinISIS e com a dificuldade de criação de uma ferramenta utilizando os componentes do wwwISIS não ser uma das tarefas mais simples para os bibliotecários, estes acabaram adotando softwares comerciais ou gratuitos mais inferiores. Mesmo com a criação destas ferramentas ISIS para a web, foram surgindo alternativas também para a publicação de catálogos em bancos de dados relacionais como o MySQL. Soluções simples através do uso do XML gerado no WinISIS foram realizadas, na Bibliotheca Rio-Grandense (www.bibliotecariograndense.com.br), no Rio Grande do Sul, apesar de não funcionar em tempo real. Em maio de 2006 a UNESCO recebeu um grupo de especialistas da BIREME para ouvir deles uma proposta de um novo software ISIS programado com as linguagens contemporâneas, de código aberto e que fosse compatível com as antigas bases de dados dos tempos do microISIS e que mantivesse os recursos da linguagem de formatação e de definição de bases de dados do CDS/ISIS. A proposta foi aprovada e a partir disto dava-se início à construção de um novo sistema integrado para bibliotecas. Já batizado de ABCD por Abel Packer, diretor da BIREME, o programa foi apresentado ao mundo durante o evento conhecido como ISIS III, em setembro de 2008, para que vários usuários do mundo todo pudessem colaborar com críticas e sugestões sobre o sistema. Neste evento também foi lançado um documento chamado Declaração do Rio para o Futuro do ISIS, que visa a abertura do código fonte do CDS/ISIS para que seu desenvolvimento seja contínuo e descentralizado. Desde esta data o software ABCD vem passando por diversas transformações e colaborações para sua melhoria. Informações técnicas e funcionalidades O ABCD foi programado em PHP, que é uma linguagem dinâmica de programação de websites livre e uma das mais utilizadas no mundo por oferecer uma variedade de recursos. O software vem acompanhado do servidor Apache com o PHP5 instalados. Preparado para a propagada web 2.0, o ABCD também tem programações em AJAX para facilitar alguns serviços. O que diferencia este novo programa dos demais feitos com base em wwwISIS é que ele contempla todos os serviços de uma biblioteca como especificado na lista abaixo: remotas); Módulo do Administrador • Gestão da OAI (Protocolo de coleta • Gerenciamento de contas de usuário • Processo de criação de bases de de dados para o Open Archives dados como era no WinISIS Initiative; • Backup/Restauração • Geração/atualização do arquivo invertido; Processamento Técnico • Entrada de dados nos formatos MARC 21, CEPAL e outros. • Reinicialização da base de dado; • Desbloqueio de registro/base de • Criação / edição de planilhas dados; • Criação e edição de formatos de • controle de qualidade Manutenção das bases de dados de mensagens para tradução em outras • autoridade línguas; • • Interligação entre arquivos de Criação de páginas de Ajuda em • Gestão do módulo de Aquisições contexto; • Importação / Exportação (Isis, MARC, XML, etc) Gestão de Z39.50 (protocolo de pesquisa e recuperação de informação de bases de dados • Mudanças globais (semelhantes a SWK – SwissArmyKnife) Estatísticas • Empréstimos; • Pacote básico pré-definido para as • Devoluções; estatísticas de uso mais frequentes. • Reservas; Gerador de relatórios Ad-hoc , com • Verificação de usuário e/ou objeto; saída direta para gráficos e • Administração de multas; exportação para planilhas como o • Administração de suspensões; Excel. • Administração de reservas; Gráficos animados em flash. • Listagens de formulários impressos e • • e-mails para diferentes ocasiões; Serviços • Geração de impressão (sob demanda ou programados) • Impressão de códigos de barras e etiquetas • Disseminação seletiva da informação através de perfis • Demanda Online por serviços (fotocópias, referência, etc) OPAC (iAH) • Site-ABCD; • Bancos de dados para a identificação • Editor para formatos de exibição; • Editor para técnicas de indexação (. FST); • Serviço Web que conecta o OPAC com o sistema de empréstimos; • Editor de atalhos (chamadas para aplicações externas através .PFT) de objetos emprestados e usuários; • Editor para definição de parâmetro (Def files); Empréstimos / Circulação • Editor simples para administração do Definição de políticas ou normas de serviço; Controle de periódicos Kardex • Múltiplos formatos de exibição; (SeCS) • Calendário pré-definido para o • padrão ISSN; cálculo suspensões, reservas e empréstimos; • • • • Importação de títulos .ISO em Atribuição de funções diferentes para formatos MARC/ISSN ou SeCS diferentes operadores; nativo; Definição de recibos de empréstimos • Criação de máscaras de frequência e outras impressões; para geração automática de novos Detecção de inconsistências nas registros de fascículos; transações; • Criação de título de acordo com o • múltiplas coleções Estatísticas sobre todos os tipos de operações; Geração de catálogos coletivos com • Entrada de novos fascículos, • manualmente ou automaticamente através da leitura do código de duplicatas • barras; • Listas de controle de extraviados ou Exportação do todo ou coleções Navegação entre as diferentes versões da família de títulos seletivas Open Source e CDS/ISIS Como foi dito anteriormente o CDS/ISIS provocou um grande avanço durante seus primeiros anos de vida. Graças à sua criação muitas bibliotecas puderam nos anos de 1980 a 90 informatizar seus acervos, mas os recursos da UNESCO para sua manutenção começaram a ficar escassos e desde 1998 não saiu nenhuma nova versão, sendo a última o WinISIS 1.5. As novas tecnologias foram surgindo, o conceito de software livre criado em 1985 começou a se popularizar no mundo todo, com isso alguns curiosos que não tinham acesso a uma grande corporação de softwares começaram a aprender programação e a trabalhar em casa, colaborando e criando de forma coletiva. No início dos anos 2000 já era grande o número de programadores em linguagens livres e colaborando com grandes softwares. Nesta evolução toda o CDS/ISIS ficou para trás. Para reverter este quadro foi acrescentada na Declaração do Rio para o Futuro do ISIS a seguinte consideração: A Família do Software ISIS foi agora incorporada ao enfoque de Software Livre e de Código Aberto (FOSS), e o suporte às estruturas UNICODE para ser totalmente aberto e multilíngüe, o que melhor se adapta ao mandato sustentabilidade e especial criação de de promover conhecimento a auto-suficiência, compartilhado com bibliotecários e de trabalhadores da informação. Fica claro que o objetivo da abertura do código traz a popularização de sua linguagem e principalmente o fácil alcance para o seu aprendizado por parte dos bibliotecários e demais profissionais da área. Por muitos anos os bibliotecários se mantiveram afastados da área de desenvolvimento de softwares e ferramentas para seu próprio uso, mas esta realidade poderá mudar, uma vez que as linguagens relacionadas ao CDS/ISIS são voltadas basicamente para este tipo de profissional. Além da aprendizagem, uma ferramenta livre como o ABCD, concede o direito do profissional da informação a exercer funções de cunho liberal, isto é, prestando serviços de instalação, consultoria, manutenção e treinamento sem que necessite de comunicação para terceiros. O ABCD como software livre poderá servir como ferramenta de aprendizado e fonte de renda, pois ele pode ser modificado, melhorado, adaptado e principalmente multiplicado seu uso. Blog - ABCD Brasil No Brasil, algumas iniciativas foram surgindo para a disseminação do ABCD, como o blog ABCD Brasil. Apesar do variado número de documentos e informações circulantes a cerca do programa nas listas de discussões e alguns sites, não se tinha um apanhado de textos em língua portuguesa para que os usuários pudessem tirar suas dúvidas ou se informarem melhor sobre o uso do software. Com objetivo não só de dar suporte às questões já citadas, o ABCD Brasil preocupa-se com as traduções do programa em si, afim de trazer aos bibliotecários brasileiros uma terminologia bem próxima aos seus costumes diários. Esta medida deve ser ressaltada, pois a equipe oficial de desenvolvedores do sistema é composta por pessoas de mais de 20 países, ou seja, cada módulo foi originalmente criado no seu idioma natural, necessitando ser traduzido para os demais idiomas. Apesar de existirem alguns brasileiros na equipe, o processo de tradução é muito longo, visto que seu desenvolvimento constante instiga a necessidade de novas traduções sempre. O blog ABCD Brasil oferece aos usuários do ABCD tutoriais para auxiliar nas suas tarefas diárias, noticias e uma série de links com informações sobre outros sistemas. Considerações finais Este trabalho nos apresentou alguns pontos curiosos durante a pesquisa para sua realização. Percebeu-se que a adoção de sistemas com bancos de dados relacional por parte dos bibliotecários se deve à ausência de sistemas integrados para bibliotecas com o uso de bancos de dados textuais, no entanto reforçamos a ideia de que os bancos de dados textuais foram programados para trabalhar com informações, como as manipuladas em uma biblioteca ou centro de informação. Além disso, um banco de dados textual estruturado é capaz de indexar os termos de uma frase muito mais rápido que qualquer outro sistema de bancos de dados. Muitos bibliotecários aceitam como única solução a utilização de bancos de dados por sugestão dos profissionais da informática, que no Brasil não possuem tanta intimidade com bancos de dados textuais. Embora sabemos que o Brasil possui ótimos programadores de softwares e websites, ainda falta muita atenção destes profissionais para estes tipos de ambientes de trabalho como a biblioteca, que acabam por não perceber que ali se trabalha com textos e consequentemente sugerem ao bibliotecário algo que não foi originalmente criado para seu meio. O ABCD, como sistema open source integrado para bibliotecas vem para trazer à tona estes debates e oferecer uma solução completa para este ambiente, que ao decidir pelo seu uso não estará ganhando só um módulo de catalogação, mas uma série de outros serviços subliminarmente agregados. Abstract This paper shows that the efforts for Brazilian libraries automation started in the 1980s and that CDS/ISIS, through its MicroISIS and WinISIS versions, was the software that contributed much to this case, but provided only data entry and information retrieval functions, taking many libraries to acquire proprietary software for automation of their services, but due to high costs many libraries were excluded from this process. It also shows the success of open source software in the areas of basic software. Describes the difference between open source and free software and lists the major initiatives of open source software for libraries. Highlights the importance of ABCD, an initiative of BIREME with support from UNESCO and international cooperation, in supplying the needs of libraries and documentation centers, considering it an important tool for the democratization of access to bibliographic information. Describes the technological aspects as a Web software, modern, and CDS/ISIS compliant. Relates the features for the various services of the library. Considers the importance of ABCD as open source and a software for librarian. Introduces ABCD Brazil, a Web service, as a space for the Brazilian users. Keywords: Open source software, ABCD, CDS/ISIS, Data bases Referências OLIVEIRA, Elysio Mira Soares de. CDS-ISIS Estado da arte. Disponível em <http://www.elysio.com.br/site/artigo2.htm> Acesso em 02/04/2009. HERNÁNDEZ, Adolfo. MicroISIS : Diecinueve años de historia. Madrid, 2001.Disponívelem: <http://www.cindoc.csic.es/isis/historia.htm> Acesso em 02/04/2009. SOFTWARE livre. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. [S.l.]: Wikimedia Foundation, 2006. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre>. Acesso em: 13 abril 2008. ORTEGA, Cristina Dotta. Introdução ao MicroISIS. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos/ Livros, 2002. v. 1. 126 p. SMET, Egbert de. The ISIS3 Conference : New challenges for a new future of ISIS. Disponível em: <http://www.eventos.bvsalud.org/agendas/isis3 /public/documents/01_ISIS_challenges_ppt-163211.pdf> Acesso em 02/04/2009. SMET, Egbert de. ABCD: a new FOSS library automation solution based on ISIS. Disponível em: <http://www.eventos.bvsalud.org/ agendas/isis3/public/documents/04-ABCD_Intro_ppt-164234.pdf> Acesso em 02/04/2009. ROCHA, Marcus Vinícios; COSTA, Mateus Conrad B. da; Busca por Frases em Bancos de Dados Textuais. Disponível em: <http://homepages.dcc.ufmg.br/ ~nivio/cursos/pa02/seminarios/seminario3/seminario3.html>