ANÁLISE MINERALÓGICA, QUÍMICA E TEXTURAL DAS JAZIDAS DE ARGILA DO MUNICÍPIO DE TAMBAÚ - SP Ana Lívia de Almeida Silva ¹ ([email protected]) Lineo Aparecido Gaspar Junior² ([email protected]) (1) Discente do curso de Geografia Bacharelado Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL - MG (2) Professor adjunto Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL – MG Introdução As argilas são originadas através da desagregação de rochas feldspáticas, seja por intemperismo químico ou físico resultando a fragmentação em partículas muito pequenas. Normalmente as jazidas de argila são formadas pelo processo de depósito aluvial, ou seja, as partículas menores e, portanto mais leves são levadas pela corrente de água e posteriormente depositadas. (CHRISTOFOLETTI, 2003) O município de Tambaú (SP) apresenta em seu território jazidas de argila em abundância, sendo esta temática o objeto de estudo do presente trabalho. Pretende-se com esse trabalho realizar análises mineralógicas, químicas e texturais de algumas argilas coletadas das olarias da região para determinar o seu potencial e possível utilização na indústria cerâmica. Objetivos Objetivo Geral O estudo da ocorrência, situação do uso das jazidas de argila no Município de Tambaú assim como a função que este polo cerâmico exerce para o desenvolvimento econômico local e regional do estado de São Paulo. Objetivos Específicos Levantamento bibliográfico da geologia da região e de trabalhos sobre análise de argilas. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 584 Análise por aerofotogrametria das principais concentrações de argila da área em questão. Mapeamento das principais formações geológicas fornecedoras de argilas. Caracterização mineralógica (Difração de raios-X), e química (Fluorescência de raios-X, Potencial Hidrogeniônico e Teor de Carbono Orgânico) e Texturais (Indice de Plasticidade e Distribuição Granulométrica) das amostras de argila coletadas. Propor abranger o conhecimento referente a extração do material a fim de proporcionar uma efetiva diminuição dos desperdícios que hoje ocorrem nessa área, de um modo geral por volta de 30%. Fundamentação Teórica Em 1917, através da tecnologia européia, surgia a atividade industrial de cerâmica vermelha de Tambaú, contando com a produção de telhas, manilhas, vasos e fornecimento de matéria-prima. O setor cerâmico de Tambaú foi impulsionado pela necessidade de materiais cerâmicos (basicamente tijolos e telhas), diante do crescimento urbano do município e região, e principalmente pela grande disponibilidade de argilas no seu entorno. Nas décadas de 60 e 70 este setor atingiu seu maior crescimento, motivado pelos programas governamentais de infraestrutura e construção popular. Atualmente o município de Tambaú constitui um dos maiores e mais importantes pólos mineiro-cerâmicos do Estado de São Paulo, contando com 95 cerâmicas em atividade atuando nos seguintes setores: artística, pisos, revestimentos, telhas e manilhas (IPT, 2006). O parque industrial de cerâmica vermelha de Tambaú se tornou a principal atividade econômica da localidade e permanece nessa posição até os dias de hoje. O município dispõe de importantes jazidas de argilas para abastecimento das unidades locais suprindo também, as necessidades das indústrias da região, como Vargem Grande do Sul, Porto Ferreira, Rio Claro e Santa Gertrudes. Conforme caracterizado pela Agenda Política da Construção Civil, o setor de cerâmica vermelha é bastante fragmentado, composto principalmente de micro e pequenas empresas, quase sempre de organização familiar. As empresas fornecedoras de matéria prima são de pequeno porte, quase sempre nas proximidades dos pólos de consumo, devido ao baixo valor agregado obtido na argila pelas ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 585 empresas mineradoras que atendem o setor, e aos expressivos custos de transporte. A produção anual está estimada em US $ 2,500 milhões, com alto significado social pela geração de empregos que proporciona. 586 Figura 1: Perfil da Indústria de Cerâmica Vermelha do Polo de Tambaú – SP Fonte: AICT, 2007 Conforme indicado pelo gráfico acima o setor cerâmico representa para indústria local de Tambaú 53% dos estabelecimentos industriais e corresponde a 68% dos empregos gerados pela indústria. Sendo este setor, o principal ramo industrial do município e sua maior fonte de renda. A prefeitura municipal de Tambaú busca através de políticas púbicas, iniciativas em projetos e apoio institucional o aprimoramento do setor cerâmico no âmbito do desenvolvimento local. Incentivando assim as empresas organizarem-se de forma coorporativa e coletiva, alem de projetos que profissionalizem e regulem a atividade minerária no município. O APL (Arranjo Produtivo Local) de Tambaú vem desenvolvendo seu trabalho incentivando a interação entre os trabalhadores e instituições locais em prol do fortalecimento e da competitividade econômica da localidade, assim, instituições públicas, privadas e a sociedade civil organizada vêm estabelecendo crescente interlocução e cooperação em diversos níveis. SEADE (2007) Metodologia ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados principalmente dados do Plano Diretor Participativo do Município de Tambaú que indicaram a situação atual quanto a utilização das jazidas e estudos desenvolvidos pela UNESP - Rio Claro referentes à formação Corumbataí em que as Jazidas estão inseridas. Foram realizadas interpretações de fotografias aéreas na escala 1:50.000 para mapear as principais ocorrências de argila, além de serem efetuadas análises mineralógica (Difração de raios-X), Química (Fluorescência de raios-X, Potencial Hidrogeniônico e Teor de Carbono Orgânico) e Texturais (Índice de Plasticidade e Distribuição Granulométrica) das amostras de argila coletadas em cada olaria do município. Resultados Parciais Segundo as análises, já efetuadas, de difração e fluorescência de raios x as argilas coletadas em algumas olarias do município de Tambaú são predominantemente illíticas e cauliníticas, com teores de SiO2 na faixa de 40 a 50% e de Fe2O3 e Al2O3 na faixa de 15 a 20%. Esses resultados contribuirão para que estes materiais sejam melhor empregados pela indústria da construção civil da região e que esse trabalho possa servir de referência para desenvolvimento de novos estudos em outras áreas do país com os mesmos tipos de jazidas presentes. Referências Bibliográficas CEAPLA, 2006. Centro de análise e Planejamento Ambiental. Rio Claro. Plano Diretor Participativo de Tambaú. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas – Rio Claro, 20-35p. CHRISTOFOLETTI, S.R., 1998. Matéria-prima cerâmica da Jazida Cruzeiro, Limeira SP. Rio Claro. Dissertação de Mestrado, IGCE-UNESP. GASPAR JR, L. A. 1999 - Estudo mineralógico e textural das rochas Sedimentares da Formação Corumbataí “JAZIDA PERUCHI” e suas implicações no produto cerâmico”. Rio Claro. Dissertação de Mestrado, IGCE – UNESP GASPAR Jr. (2003). Adição Experimental de novos materiais às argilas da região do pólo cerâmico de Santa Gertrudes (SP). Tese de Doutorado em Geociências – ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 587 Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas – Rio Claro: 2003, 170p. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS - IPT. 1981. Mapa geológico do Estado de São Paulo, escala 1:500.000. São Paulo. Pró-Minário/SICCT, v. 1,1981. 12. PONÇANO, W.L.; CARNEIRO, C.D.R.; BISTRICHI, C.A.; ALAMEIDA, F.F.M. de; PRANDINI, F.L. 1981. Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo; escala 1:500.000. São Paulo, IPT. 2v. (Publicação IPT 1183) (Monografias 5). SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS – SEADE. 2007. Análise do desenvolvimento cerâmico em Tambaú –SP. São Paulo. THOMAZELLA, H. R. 1999. A Influência do Sazonamento nas Características Mineralógicas, Fisico-químicas e Tecnológicas das Argilas para Cerâmica Vermelha Na Região de Rio Claro. Rio Claro. Dissertação de Mestrado. IGCE - UNESP, p.143157 ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 588