Eduardo Ferraz de Lima Vieira PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Avaliação de Projetos de Investimento em Plantas XTL utilizando a Teoria de Opções Reais Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de PósGraduação em Engenharia Industrial da PUC-Rio. Orientador: Prof. José Paulo Teixeira Rio de Janeiro Março de 2007. Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Eduardo Ferraz de Lima Vieira Avaliação de Projetos de Investimento em Plantas XTL PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC utilizando a Teoria de Opções Reais Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de PósGraduação em Engenharia Industrial da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Prof. José Paulo Teixeira Orientador Departamento de Engenharia Industrial-PUC-Rio Prof. Marco Antônio Guimarães Dias Departamento de Engenharia Industrial-PUC-Rio Prof. Carlos Patrício Samanez Departamento de Engenharia Industrial-PUC-Rio Prof. José Eugenio Leal Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio Rio de Janeiro, 06 de março de 2007 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador. Eduardo Ferraz de Lima Vieira PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Formado em Engenharia Elétrica/Telecomunicações pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Participou do projeto XTL - Cenpes/Petrobras de análise de investimentos de uma planta GTL através da teoria de opções reais. Ficha Catalográfica Vieira, Eduardo Ferraz de Lima Avaliação de projetos de investimento em plantas XTL utilizando a teoria de opções reais. Estudo de caso do projeto XTL – Cenpes/Petrobras / Eduardo Ferraz de Lima Vieira; orientador: José Paulo Teixeira. – 2007. 78 f.: il. ; 29,7 cm Dissertação (Mestrado em Engenharia Industrial)– Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Inclui referências bibliográficas 1. Engenharia industrial – Teses. 2. Análise de investimentos. 3. Teoria das opções reais. 4. Processo estocástico. 5. Movimento de reversão à media com saltos. 6. Viabilidade econômica. I. Teixeira, José Paulo. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Industrial. III. Título. CDD: 658.5 À minha família e futura esposa. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Agradecimentos Em especial ao professor José Paulo Teixeira, pelo total apoio, sacrifício e orientação no trabalho que foi realizado. Ao professor Marco Antônio Dias, pela excelência no ensino da metodologia de opções reais e ao professor Carlos Patrício Samanez, pelas opiniões e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC sugestões de análise. Ao Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello – CENPES, pela iniciativa e suporte desta pesquisa e em especial a todos os colaboradores responsáveis pelo desenvolvimento do projeto XTL, entre eles: Luis Alberto Melchíades, Alessandro Oliveira, Reynaldo Taylor, Luís Eduardo Peron, Sirlei Souza e Henrique S. Cerqueira. Gostaria de agradecer também ao colaborador da área de E&P/Petrobras Edison Tito pelo auxílio na programação da plataforma computacional utilizada. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo apoio financeiro. Por fim, à Pontifícia Universidade Católica por todo conhecimento transmitido ao longo de minha graduação em engenharia elétrica e pela excelência de conhecimento no programa de pós-graduação do departamento de engenharia industrial. Resumo Ferraz de Lima Vieira, Eduardo; Teixeira, José Paulo. Avaliação de projetos de investimento em plantas XTL utilizando a teoria de opções reais. Rio de Janeiro, 2007. 78p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Industrial, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O objetivo da presente dissertação é capturar o valor da flexibilidade que uma planta XTL oferece na entrada do sistema produtivo, onde podem ser utilizados diversos tipos de insumos como matéria-prima. A saída do sistema produtivo também permite que diferentes produtos sejam produzidos. Desta PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC forma, o autor considera que a metodologia das opções reais é a mais indicada para se avaliar tais flexibilidades, sendo o objeto principal deste estudo a análise da opção de conversão (Input/Output Switch option) através da utilização do processo estocástico de reversão à média com saltos. Os resultados desta dissertação podem auxiliar a tomada de decisão dos gestores da área de petróleo e energia, onde outros projetos já foram avaliados através dessa mesma metodologia, no entanto, não existe qualquer interesse em comprovar a eficiência da teoria das opções reais frente às metodologias de avaliação financeira usuais. Palavras-chave Análise de investimentos; teoria das opções reais; processo estocástico; movimento de reversão à media com saltos; viabilidade econômica. Abstract Ferraz de Lima Vieira, Eduardo; Teixeira, José Paulo. Valuation of XTL Plants Project Investment based on Real Options Theory. Rio de Janeiro, 2007. 78p. MSc Dissertation - Departamento de Engenharia Industrial, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. The objective of this dissertation is to value the operational flexibility that a GTL plant can offer at the entrance of the productive process where multiples inputs can be used as row material. Different products also can be produced. The real options theory is considered by the author as the most indicated financial PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC methodology to value theses flexibilities and the main goal of the present study is to value the Input/Output switch option and the mean reversion with jumps stochastic process. The aim of this study is also to support manager’s investment decision from oil and energy field, where others projects has been already valuated with real options theory so the proof of the theory efficiency against traditional valuation methodologies is not object from this study. Keywords Investment analysis; real option theory; mean reversion with jumps stochastic process; economic viability. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Sumário 1 Introdução 14 2 O setor Gas-to-Liquids (GTL) 16 2.1. Histórico 16 2.2. A capital mundial do GTL 18 2.3. Diesel GTL: O combustível limpo 20 2.4. O processo GTL + Gaseificador 22 2.4.1. Geração do Gás de síntese 22 2.4.2. Processo de Fischer–Tropsch 23 2.4.3. Hidroprocessamento 24 3 Análise por Opções Reais 26 3.1. Exemplos de opções reais 27 3.2. A opção de conversão (Switch Use Option) 30 3.3. Simulação de Monte Carlo 32 4 A modelagem estocástica 34 4.1. Definição 35 4.2. Principais processos estocásticos 37 4.2.1. Movimento Aritmético Browniano 38 4.2.2. Movimento Geométrico Browniano 39 4.2.3. Movimento de Reversão à Média 40 4.3. Lema de Itô 42 4.4. Movimento de Reversão à Média com Saltos 44 4.4.1. O modelo 45 5 Estudo de caso: Refinaria XTL 48 5.1. Precificação das opções de conversão 48 5.2. Premissas de simulação 50 5.2.1. Características técnicas dos inputs 50 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC 5.2.2. Capacidade nominal de produção 50 5.2.3. Capex (I0) 51 5.2.4. Custo dos produtos vendidos – CPV 52 5.2.5. Receitas operacionais 53 5.2.6. Impostos e Taxas 55 5.2.7. Séries de Preços 55 5.2.8. Aspectos financeiros 63 5.2.9. Outras premissas 64 6 Resultados e conclusões 65 6.1. Apresentação dos resultados 65 6.2. Conclusões 69 6.3. Sugestões para futuros trabalhos 70 7 Referências bibliográficas 71 8 Apêndices e anexos 73 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Lista de figuras Figura 1 - Processo Gas-to-Liquids Figura 2 - Flexibilidades em um projeto de investimento Figura 3 - Combinação ótima de insumos e produtos do processo XTL Figura 4 - Representação gráfica de simulação de Monte Carlo. Figura 5 - Movimento Aritmético Browniano (MAB) Figura 6 - Movimento Geométrico Browniano (MGB) Figura 7 - Movimento de Reversão à Média (MRM) Figura 8 - Preços nominais do óleo Brent e similares – período mensal (1970 a 2003) Figura 9 - Distribuição de probabilidade dos saltos aleatórios Figura 10 - Curvas de produção de líquidos sintéticos (ASF) Figura 11 - Evolução histórica dos preços do gás natural evolução mensal Figura 12 - Evolução histórica dos preços do óleo pesado evolução diária Figura 13 - Evolução histórica dos preços da Nafta – evolução mensal Figura 14 - Evolução histórica dos preços do Diesel – evolução mensal Figura 15 - Evolução histórica dos preços da Parafina e Lubrificantes evolução mensal Figura 16 - Projeção real e neutra ao risco dos preços do gás natural projeção trimestral Figura 17 - Projeção real e neutra ao risco dos preços do óleo pesado projeção trimestral Figura 18 - Projeção real e neutra ao risco dos preços da nafta projeção trimestral Figura 19 - Projeção real e neutra ao risco dos preços do diesel projeção trimestral Figura 20 - Projeção real e neutra ao risco dos preços da parafina projeção trimestral Figura 21 - Projeção real e neutra ao risco dos preços do lubrificante projeção trimestral Figura 22 - Valor da opção em função do fator de correlação Figura 23 - Sensibilidade do Valor presente Líquido Figura 24 - Distribuições de probabilidade dos resultados encontrados 25 27 31 32 39 40 41 44 46 54 56 56 57 57 58 60 60 61 61 62 62 66 76 77 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Lista de tabelas Tabela 1 - Principais plantas GTL no mundo Tabela 2 - Principais acordos para desenvolvimento de plantas GTL Tabela 3 - Lista dos índices de enxofre permitido nos combustíveis Tabela 4 - Propriedades do diesel GTL Tabela 5 - Relação dos tipos de plantas industriais analisadas Tabela 6 - Rendimentos por tipo de input Tabela 7 - Investimento por barril e capacidade de planta Tabela 8 - Alocação de recursos por fase de projeto Tabela 9 - Valor total de Investimentos para uma planta de 35.000 bbl/dia Tabela 10 - Quantidades diárias de matéria-prima Tabela 11 - Perfil de produção Tabela 12 - Parâmetros do processo estocástico de reversão à média com saltos Tabela 13 - Taxas de desconto Tabela 14: Conversores de unidades e densidades Tabela 15 - Valor Presente Líquido das plantas A e B sem flexibilidade Tabela 16 - Valor Presente Líquido da planta com flexibilidade de input Tabela 17 - Perfis de produção por cenário Tabela 18 - Valor Presente Líquido dos diferentes perfis de produção Tabela 19 - Valor Presente Líquido da planta com flexibilidade de output Tabela 20 - Valor Presente Líquido de uma planta Total Flex Tabela 21 - Consolidação dos resultados Tabela 22 - Tabela parametrizada ASF (Anderson-Schulz-Flory) Tabela 23 - Resultados encontrados através da regressão linear 17 18 20 21 49 50 51 51 51 53 54 59 63 64 65 66 67 67 67 68 68 73 76 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Lista de símbolos, abreviaturas e siglas GTL – gas to liquids FT – Fischer- Tropsch bbl – barris por dia QP – Qatar Petroleum p.p.m – partes por milhão SMR – processo de reforma a vapor POX – processo de oxidação parcial HCC – Hidrocraking HIDW -Hdrodewaxing ANP – Agência Nacional do Petróleo OPEC - Organization of the Petroleum Exporting Countries. On Shore – dentro do continente Off Shore – fora do continente, em alto mar Input – entrada Output – saída Shut Down – processo de parada temporária Restart – reinício de operação Max[.] – (operador) máximo Syngas – gás de síntese π – pi, 3,14 VPL – valor presente líquido Prob[.] – (operador) probabilidade εt – variável aleatória dz – incremento de Wiener dt – variação de tempo infinitesimal dx - variação de x infinitesimal α – tendência (drift) σ – volatilidade Е[.] – (operador) valor esperado V[.] - (operador) variância MAB – movimento aritmético browniano MGB - movimento geométrico browniano MRM - movimento de reversão à média MRMJ - movimento de reversão à média com saltos η – velocidade de reversão à média x - média de longo prazo PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC e[.] – (operador) exponencial dq – distribição de probabilidade dos saltos aleatórios λ – taxa de ocorrência dos saltos aleatórios φ – tamanho dos saltos aleatórios Nm3 – normal metro cúbico ton MP – toneladas de matéria-prima I0 – Investimento Capex – capital expenditure Opex – operational expenditure CPV – custo dos produtos vendidos ASF – curva Anderson-Schulz-Flory Pis/Pasep – Programa de Integração social Cofins – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social ISS – Imposto Sobre Serviços ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IRPJ – Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica CSLL – Contribuição Social sobre Lucro Líquido MMBTU – milhões BTU (British Thermal Unit) US$c/gal – centavos de dólar por galão l – litro Ln – logaritmo na base e N[.] – (operador) distribuição normal µ – taxa de desconto ajustada ao risco rf – taxa de desconto livre de risco p.a. – per annum, por ano Alpha – perfil de produção ASF Cenpes - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello @Risk – plataforma estatística Out-of-the-money – opção fora do dinheiro 1 Introdução Recentemente incorporada ao planejamento estratégico da Petrobras, a viabilidade econômico-financeira de uma planta XTL, antes chamada de GTL, vem sendo estudada por um grupo de pesquisadores e especialistas do CENPES/Petrobras em conjunto com as universidades PUC/RJ e UFMG. O objetivo da presente dissertação é capturar o valor da flexibilidade que uma planta XTL oferece na entrada do sistema produtivo, onde podem ser PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA utilizados diversos tipos de insumos como matéria-prima. A saída do sistema produtivo também permite que diferentes produtos sejam produzidos. Desta forma, a metodologia das opções reais é a mais indicada para se avaliar tais flexibilidades, sendo o objeto principal deste estudo a análise da opção de conversão (Input/Output Switch option) e a utilização do processo estocástico de reversão à média com saltos. Os resultados desta dissertação visam a auxiliar a tomada de decisão dos gestores da Petrobras, onde outros projetos1 já foram avaliados através dessa mesma metodologia, no entanto, não existe qualquer interesse em comprovar a eficiência da teoria das opções reais frente às metodologias de avaliação financeira usuais. Esta dissertação foi organizada em 8 capítulos. O presente capítulo procura informar o objetivo principal desta dissertação. No segundo capítulo será apresentado um posicionamento atual do mercado de plantas GTL no mundo, trazendo as informações mais relevantes sobre as recentes plantas operacionais, as regiões de maior concentração de reservas de gás natural, a questão de um diesel mais puro e um resumo das fases do processo produtivo de uma planta GTL. No terceiro capítulo serão analisadas questões sobre a teoria tradicional das opções reais, sem, no entanto, que definições mais quantitativas sejam feitas e que o enfoque principal seja a definição e utilização das opções de conversão. 1 Projeto do Biodiesel e negociação de contratos Take or Pay de gás natural, dentre outros. 15 No quarto capítulo serão abordadas as definições sobre modelagem estocástica, os principais processos e um enfoque especial sobre o movimento de reversão à média com saltos. No quinto capítulo serão apresentadas todas as premissas do estudo de caso desta pesquisa, de forma a possibilitar a reconstrução do fluxo de caixa que será formado para a análise econômico-financeira. No sexto capítulo serão apresentados os resultados obtidos, principais conclusões e sugestão para futuros desenvolvimentos no assunto. Nos últimos dois capítulos, sétimo e oitavo, são apresentadas as referências bibliográficas, apêndices e anexos, que pelo seu tamanho ou PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA importância não foram mostradas no corpo principal da dissertação. 2 O setor Gas-to-Liquids (GTL) 2.1. Histórico A tecnologia de conversão do gás natural em líquido tem uma longa história que se inicia na década de 1920, quando os cientistas alemães Franz Fischer e Hans Tropsch introduziram o processo de conversão do gás de síntese, produzido a partir do carvão, em combustíveis líquidos. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA A partir deste desenvolvimento a tecnologia foi utilizada em escala comercial na Alemanha, especialmente durante a segunda grande guerra para a produção de diesel e óleo sintético. O interesse no processo que ficou conhecido como Fischer-Tropsch (FT) espalhou-se rapidamente durante os anos de 1930 e 1940 para os principais países industriais, entre eles, Reino Unido, França, Estados Unidos, Japão e China, tendo como principal motivação o fortalecimento do fornecimento de energia, especialmente no período de guerra e instabilidade política que o mundo vivia. O primeiro complexo industrial de combustíveis sintéticos entrou em operação no final do ano de 1955, na cidade de Sasolburg (80 km ao sul de Johannesbourg, capital da África do Sul), convertendo carvão com baixa taxa de poluentes em combustíveis sintéticos como gasolina e diesel a uma taxa diária de 8.000 barris por dia. Este complexo pertence à empresa Sasol, estatizada em 1950 pelo governo sul-africano após um programa industrial para a redução da dependência da importação de matéria-prima (óleo cru, aço e outros) decorrente do embargo econômico sofrido. Como resultado da crise internacional do petróleo em 1973 e da revolução iraniana de 1979, houve o ressurgimento do desenvolvimento das tecnologias de conversão baseadas em gás natural, liderado pelas principais empresas de energia, tais como British Petrol, Exxon e Shell. A partir da década de 1980, essas mesmas empresas iniciaram seus próprios projetos piloto de conversão do gás natural em óleos sintéticos. A era do GTL estava iniciada. 17 Atualmente existem diversas plantas GTL em operação e outras em fase final de construção, comissionamento e implantação. Especialistas do setor afirmam que existem mais de doze plantas GTL em produção ou em fase inicial de operação no mundo, nas quais a capacidade estimada está se aproximando de 1,5 milhões de barris por dia. A tabela 1 destaca as principais plantas no mundo: Planta Capacidade (bbl/dia) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA Sasol Chevron PetroSA Oryx GTL EGTL Sasol Synfuel Tipo de Input Localidade 36.000 34.000 34.000 100.000 Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural Mossel Bay, África do Sul Ras Laffan, Catar Escravos, Nigéria Bandar Assaluyeh, Irã Shell Planta GTL Pearl GTL Pearl GTL Shell, NPC 14.700 70.000 70.000 75.000 Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural Bintulu, Malásia Ras Laffan, Catar Ras Laffan, Catar Bandar Assaluyeh, Irã Exxon Mobil Planta GTL 154.000 Gás Natural Ras Laffan, Catar Início Operação 1991 2006 2009 em estudo 1993 Fase 1: 2009 Fase 2: 2011 em estudo 2011 Tabela 1 - Principais plantas GTL no mundo A maioria da plantas GTL está direcionando suas operações para a produção do chamado “diesel GTL”, embora a nafta e GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) também sejam resultados do processo produtivo. Fazendo os ajustes no processo FT, a combinação de produtos pode ser alterada. De qualquer maneira é sempre válido lembrar que o padrão do processo produtivo de uma planta GTL é diferente do processo de uma refinaria tradicional, embora os produtos GTL se direcionem para os mercados das atuais refinarias de óleo. Existem atualmente mais de vinte projetos ao redor do mundo em estágios bem avançados de discussão e desenvolvimento. Algumas dessas plantas estão sendo planejadas para uma capacidade de cerca de 160.000 barris por dia de produtos líquidos. 18 2.2. A capital mundial do GTL A era do desenvolvimento de plantas GTL na região do Catar começou no final dos anos noventa, quando a Qatar Petroleum (QP) e Sasol of South Africa assinaram uma carta de intenções para construir e operar uma planta de GTL na região de Ras Laffan. O acordo visava à concepção de um projeto que se autosustentasse durante todo o seu período operacional e trouxesse retorno financeiro a qualquer projeto de larga escala neste setor. Em localização estratégica favorável, o Catar tem fácil acesso aos mercados Europeus e asiáticos, e com isso a região desponta como ótimo local para o desenvolvimento de plantas GTL. Com uma das maiores reservas de gás natural do planeta, estimada em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 25,77 trilhões de metros cúbicos, ficando atrás somente da Rússia e Irã, com 47 trilhões de metros cúbicos e 26,69 trilhões, respectivamente, a região de Ras Laffan no Catar concentra as principais plantas GTL no mundo. O governo do Catar realizou diversos acordos comerciais com empresas internacionais, buscando novos caminhos para maximizar e diversificar sua enorme reserva de gás. Nos últimos anos, o país assinou uma série de contratos de produção compartilhada, viabilizando a entrada de investimentos substanciais no país, fazendo com que a economia expandisse significantemente. A tabela 2 ilustra os principais acordos comerciais realizados, destacando as respectivas capacidades e início de operação. Planta Oryx Oryx - Expansão Pearl - Fase 1 SasolChevron Marathon ConocoPhilips Pearl - Fase 2 ExxonMobil Capacidade (bbl/dia) 34.000 65.000 70.000 130.000 120.000 160.000 70.000 154.000 Tipo de Input Joint Venture Início Operação Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural QP, Sasol QP, SasolChevron QP, Shell QP, SasolChevron QP, Marathon QP, ConocoPhilips QP, Shell QP, ExxonMobil 2006 2009 2009 2010 2010 2010 2011 2011 Tabela 2 - Principais acordos para desenvolvimento de plantas GTL Com esses acordos, houve mudanças nas leis comerciais e aumentos dos incentivos, por parte do governo, para atrair ainda mais investimentos nos diversos setores da economia. Atualmente o Catar apresenta uma alta qualidade de vida devido a sua alta produção de óleo e gás, onde 90% da produção é exportada. A renda per capita do país em 1990 estava estimada em US$ 12.500 ao ano enquanto o 19 produto interno bruto estava estimado em US$ 6,6 bilhões. Dez anos depois, esses números cresceram, chegando à marca de US$ 18.630 e US$ 14,1 bilhões, respectivamente. Com esses números, o Catar já desponta entre os 25 maiores do mundo em renda per capita. Como a maioria dos investidores em plantas GTL estão focando suas operações em grandes reservas de gás, Rússia, Irã, Nigéria e Austrália são claramente candidatos para a próxima onda de plantas GTL. De acordo com a revista BP’s Statistical Review of World Energy, as reservas desses países já foram provadas e juntas somam mais de 80,73 trilhões de metros cúbicos. A Venezuela, com uma reserva provada de 2,7 trilhões de metros cúbicos, também faz parte desses novos candidatos, assim como a Arábia Saudita com 7,05 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA trilhões de metros cúbicos e Iraque com 3,3 trilhões de metros cúbicos. 20 2.3. Diesel GTL: O combustível limpo O intenso crescimento do número de veículos automotor ao redor do mundo tem contribuído para o aumento significativo dos índices de poluição urbana através da emissão de gases poluentes. Além disso, já é praticamente consenso científico que a emissão de gases de efeito estufa está causando alarmantes mudanças no clima do planeta. Para combater isso e garantir uma melhor qualidade do ar, os governos em todo o mundo vêm tomando medidas para controlar o nível de emissão desses gases. O avanço da tecnologia contribui e muito para a redução dos níveis de poluição através de dispositivos que minimizam as emissões. Combustíveis mais limpos são uma tendência mundial na busca de uma melhor qualidade do ar. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA Os principais blocos econômicos vêm firmando acordos para a redução do índice de enxofre no diesel. Na união européia, o máximo de enxofre permitido desde janeiro de 2005 é de 50 ppm (partes por milhão) e a meta é que em 2009 este índice chegue à zero (ou menos que 10 ppm). A tabela 3 demonstra os atuais índices de concentração de enxofre permitido nos principais países do mundo. País/Região Concentração Atual (ppm) Meta (ppm) / Ano União Européia EUA Paquistão Bangladesh Indonésia Vietnã Malásia Sri Lanka Índia China Filipinas Japão Singapura Corea do Sul Tailandia Taiwan Hong Kong 50 500 5.000 5.000 5.000 5.000 3.000 3.000 500 500 500 500 500 430 350 350 50 10 / 2009 15 / 2006 500 / 2005 500 / 2007 50 / 2010 50 / 2008 50 / 2005 50 / 2006 30 / 2006 50 / 2010 50 / 2007 - Tabela 3 - Lista dos índices de enxofre permitido nos combustíveis 21 A demanda mundial de diesel em 2001 era de 12.500 milhões barris por dia de combustível. Esta demanda tem crescido, aproximadamente, 3% ao ano, fazendo com que o diesel apresente o mais rápido crescimento no mercado de produtos de refinaria. A demanda do diesel esta correlacionada com o crescimento da economia mundial. Não é à toa que o diesel é o combustível preferido dos setores de mineração, agricultura e frotas rodoviárias. As propriedades do diesel GTL fazem dele um componente ideal para a aumentar a qualidade na mistura com o diesel atual. Esse fator pode ser de extrema importância na Europa, onde a adaptação das configurações das refinarias para esse aumento da qualidade dos produtos são extremamente difíceis e caras. De maneira geral, o diesel GTL irá permitir que as refinarias desenvolvam um diesel de melhor qualidade (mais limpo e menos poluente). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA As propriedades do diesel GTL são listadas a seguir: Componente Diesel Atual Diesel GTL Enxofre, max (ppm) Densidade, masx (Kg/cm) Cetano, min Aromáticos, max (vol %) T95, max(oC) 50 845 51 11 360 790 75 345 Tabela 4 - Propriedades do diesel GTL Embora o diesel GTL não possa ser comercializado como combustível sem ser misturado, o produto encontra ou excede as especificações de enxofre e cetano, como vimos na tabela 4. A necessidade de um combustível mais limpo é uma realidade premente e o alcance das metas estipuladas poderão trazer uma melhor qualidade do ar e de vida para todos nós. 22 2.4. O processo GTL + Gaseificador A tecnologia do GTL + gaseificador é baseada na conversão de Gás Natural em combustíveis líquidos em três estágios: 1. Geração de Gás de Síntese; 2. Produção de hidrocarbonetos de cadeia alta através do processo de Fischer–Tropsch; 3. Hidrocraqueamento da cadeia para a produção de compostos como nafta, diesel, parafina e lubrificantes. Em termos genéricos, o processo consiste em converter gás de síntese em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA hidrocarbonetos líquidos. 2.4.1. Geração do Gás de síntese Este processo consiste na conversão de sólidos, líquidos e gás (usualmente Gás Natural) em hidrogênio e monóxido de carbono. A razão molar de hidrogênio e monóxido de carbono ideal para a utilização na síntese de Fischer-Tropsch (FT) é de 2 (dois). Todas as tecnologias estabelecidas para obtenção do gás de síntese (syngas) são realizadas a altas temperaturas e pressões. Os gases de exaustão devem ser resfriados antes de entrarem na síntese de FT, necessitando de processos de resfriamento e equipamentos resistentes a altas temperaturas. A escolha da tecnologia vai ser diretamente dependente da eficiência térmica da planta e dos custos de investimento. A otimização energética entre a produção de gás de síntese e a conversão do mesmo é um grande desafio para as empresas que vêm estudando a tecnologia nos últimos anos. Atualmente, existem cinco tecnologias disponíveis para a geração do gás de síntese: a reforma a vapor (SMR), a oxidação parcial (POX), a oxidação parcial catalítica, a reforma autotérmica e a reforma com membrana catalítica. Todas as tecnologias, excetuando a reforma com membrana, são conhecidas e bem estabelecidas. A reforma por membrana é um processo mais novo e vem sendo estudado nos últimos anos por algumas empresas tais como a Praxair Inc e a Amoco Corp (Corke, 1998). Cada processo possui uma contrapartida técnica ou de investimento associado. O processo de oxidação parcial, por exemplo, utiliza oxigênio puro ao 23 invés do ar. Com a remoção do nitrogênio pode-se construir equipamentos menores. A planta de separação de ar, entretanto, onera o investimento já que representa cerca de 30% do investimento da etapa de produção do gás de síntese. O processo de obtenção do gás de síntese é um processo comum na indústria petroquímica, embora a tecnologia GTL exija que a produção de gás de síntese se faça em escalas muito superiores e com custos muito inferiores aos das aplicações usuais. A fase de produção de gás de síntese corresponde a mais de 50% dos custos de investimento de uma planta de GTL. O gás de síntese também é matéria-prima utilizada para produção de metanol e amônia. Por isso, existem alguns projetos que visam à construção de plantas de GTL aproveitando plantas de metanol já existentes ou a construção PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA de plantas novas para produzir tanto metanol quanto combustíveis sintético (Wilhelm, 2001). 2.4.2. Processo de Fischer–Tropsch Este é o estágio mais importante do processo onde o gás de síntese é convertido em hidrocarbonetos líquidos por meio de uma reação catalítica. O cobalto é utilizado como catalisador juntando uma cadeia de hidrocarbonetos mais simples, contidas no gás, para criar uma cadeia longa de hidrocarbonetos líquidos (syncrude). Como foi dito, o processo FT produz uma mistura de hidrocarbonetos parafínicos e oleofínicos de cadeia longa. A conversão acontece em três fases, num reator catalítico, entre 200 e 300oC, e pressões moderadas, na faixa de 10 a 40 bar. O objetivo principal é minimizar a produção de metano e etano e maximizar a produção de graxa e nafta e a reação produz como subproduto água e calor em baixa temperatura (230oC). Com o avanço da tecnologia GTL na década de 1990, foi possível o desenvolvimento de novos processos FT, que ocorreu pela substituição dos catalisadores tradicionais de ferro por catalisadores de cobalto. Os novos processos utilizando catalisadores de cobalto possuem uma maior eficiência na conversão, com menor produção de gases (metano e etano). Entretanto, este tipo de catalisador exige um gás de síntese de melhor qualidade (baixo teor de enxofre e elevada proporção CO/H). Devido à reação de conversão ser 24 extremamente exotérmica, várias pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de desenvolver novas configurações dos equipamentos e melhorias na purificação e tratamento de gases, permitindo um aproveitamento energético mais eficiente. Além de desativar os catalisadores, as altas temperaturas provocam a formação de fuligem, que se deposita na superfície dos reatores, com perdas de produtividade. A Sasol, empresa fornecedora da tecnologia FT, tem realizado significativos esforços de pesquisa e desenvolvimento nesta área (Wilhelm, 2001). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 2.4.3. Hidroprocessamento Vários processos podem ser usados para tratar o material gerado na reação de FT. O hidrotratamento é normalmente utilizado para o tratamento da cera produzida na tecnologia de FT a baixa temperatura, composta basicamente de parafinas lineares e pequenas quantidades de oleofinas e oxigenados. A hidrogenação das oleofinas e dos compostos oxigenados, além do hidrocraqueamento (HCC) da cera, pode ser realizado em condições não muito severas, com a produção de nafta e óleo diesel. São vários os fornecedores desta tecnologia que é largamente utilizada nas operações tradicionais de refino. A Chevron tem se destacado pelo seu interesse nos processos de conversão de gás natural em hidrocarbonetos e como uma fornecedora de tecnologia. Atualmente a Chevron e a Sasol desenvolvem vários projetos comerciais em conjunto. Entretanto, o esforço tecnológico nesta área é bem menor que os relacionados aos catalisadores de FT e a produção do gás de síntese, por ser um processo comum à indústria do refino, onde os equipamentos já são bem conhecidos e a tecnologia bastante difundida. 25 A figura 1 ilustra de uma forma geral o processo produtivo de uma planta XTL, onde podem ser utilizados diversos tipos de matéria-prima (Biomassa, Gás Natural e Carvão) para a produção do gás de síntese. O processo de FischerTropsch é alimentado pelo gás de síntese e este convertido em hidrocarbonetos líquidos. Após a reação de FT, vários processos podem ser utilizados, como o hidrocraqueamento, para a produção de diesel, e o hidrotratamento para a PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA produção de parafinas e lubrificantes. Figura 1 - Processo Gas-to-Liquids 3 Análise por Opções Reais Flexibilidade tem valor. Por mais que pareça óbvia essa afirmação, os mais tradicionais métodos de avaliação econômico-financeira não são capazes de capturar essa medida. Profissionais do mercado têm uma grande intuição de que a flexibilidade operacional e estratégica, ou seja, a habilidade de alterar um planejamento no futuro à vista de uma informação recebida são importantes elementos na avaliação econômico-financeira de projetos e na tomada de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA decisões. Afinal, como essa flexibilidade é medida? O quanto ela é valiosa? Quais são os tipos de flexibilidades? Essas e outras perguntas são a base da avaliação por opções reais que, graças a enormes esforços de grandes pesquisadores como Lenos Trigeorgis, Avinash Dixit, Robert Pindyck, Rober tMcDonald, Daniel Siegel, Eduardo Schwartz, Marco Antônio Dias e outros, conseguiram dar grandes avanços na metodologia de valorar e capturar essas flexibilidades2. Atualmente um grande número de acadêmicos e profissionais especializados estão convencidos de que os métodos tradicionais de alocação de recursos falharam. Isto porque não foram capazes de capturar as flexibilidades gerenciais para adaptar e revisar decisões futuras em resposta às incertezas de mercado. O atual mercado é caracterizado pela troca, incerteza e interações competitivas, onde a realização de fluxos de caixa futuros, provavelmente, será diferente da expectativa dos executivos de uma empresa. Com a chegada de novas informações e a incerteza sobre as condições de mercado sendo resolvidas, o corpo gerencial de uma empresa deverá ser capaz de alterar suas estratégias iniciais, sua atuação competitiva, reagir de maneira a reduzir possíveis perdas e também aproveitar as oportunidades para proporcionar maiores lucros aos acionistas. De modo a exemplificar essas flexibilidades, o gerenciamento da empresa deverá ser capaz de adiar uma oportunidade de 2 Pesquisadores de opções financeiras como Robert Merton, Myron Scholes, Fisher Black, Paul Samuelson e outros também contribuíram para desenvolvimento da teoria de opções reais. 27 investimento, expandir ou contrair sua produção, abandonar o projeto ou até mesmo alterar os vários estágios do processo produtivo da empresa. 3.1. Exemplos de opções reais A figura 2 procura identificar os diversos tipos de opções reais presentes em uma oportunidade de investimento de capital. 0 Período de Exploração Período Operacional 3 5 7 15 Ic I1 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 6 Adiar I3 I2 IE Opção de Conversão (Abandonar para salvar) Expandir 50% Contrair 25%, economizar Ic Abandonar Figura 2 - Flexibilidades em um projeto de investimento Tomando, a título exemplificativo, um projeto de exploração de um campo de petróleo para simulação das diversas etapas que um projeto de investimento pode envolver, vários tipos de opções reais podem ser detectadas. Atualmente, no Brasil e na maioria dos países que possuem localidades geográficas propícias à exploração de campos de petróleo, existem as chamadas agências regulatórias (no Brasil, Agência Nacional do Petróleo ANP). A função principal destas agências é a regulamentação do setor e a concessão, através de leilões públicos, das áreas a serem exploradas e desenvolvidas, sejam elas On Shore ou Off Shore. Uma vez que uma empresa possua um contrato de concessão, esta geralmente terá até três anos para iniciar a exploração do campo. Caso não inicie o processo de exploração e não haja uma justificativa legal que implique na extensão do prazo, a área concedida poderá ser devolvida à agência. Muitas vezes, tanto o tempo para início da exploração do campo quanto o tempo total de concessão da determinada área, podem ser estendidos através de um pagamento adicional. Já de início foi possível identificar a primeira flexibilidade deste projeto: o adiamento do investimento em exploração. O fato de adiar o investimento possui grande valor, pois durante o intervalo de tempo em que a concessão foi ganha e 28 o investimento iniciado ou não, a empresa pôde continuar suas pesquisas sobre a área a ser desenvolvida, revelando novas informações e, ao mesmo tempo, os indicadores de mercado como o preço do barril de petróleo podem ter se tornado mais favoráveis ainda. Seguindo a figura 2 e com a fase de exploração do campo iniciada, a empresa começará a desenvolver o campo obtendo assim as informações reais da área de concessão. A partir do período produtivo, a empresa poderá avaliar a todo o momento, segundo as condições de mercado, se o projeto ainda é economicamente viável, podendo assim contrair sua produção com conseqüente redução dos gastos caso não seja tão favorável assim, ou até mesmo ao contrário, expandir sua produção caso as condições sejam ainda mais favoráveis. Assim, pode-se identificar mais duas flexibilidades, com as opções de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA contrair e/ou expandir a produção. Finalmente, dependendo do tipo de produto ou tecnologia disponível, a empresa poderá optar pela matéria-prima que for mais rentável num determinado período. Este tipo de opção é chamado de opção de conversão (Input/Output Switch option), onde a partir de uma mesma matéria-prima é possível fabricar produtos distintos realizando pequenas modificações no processo produtivo. Observando o texto acima, diversas condições de cenários foram apresentadas e agora podemos comentar cada uma delas: Opção de Adiar: A empresa pode esperar durante um tempo para ver se novas informações justificam iniciar um empreendimento imobiliário, a construção de uma fábrica ou o desenvolvimento de uma área de prospecção. Se a opção de se investir com diferimento tem valor maior do que a de investir imediatamente, a empresa deve adiar a decisão. A decisão ótima é baseada no máximo entre investir de imediato e adiar. Opção de Expandir: Quando a empresa tem oportunidade de aumentar a produção caso as condições de mercado se tornem melhores do que o esperado. Esta opção permite à empresa capturar o potencial positivo do projeto e pode muitas vezes ser incluída no projeto original por um custo adicional. O custo da expansão é o preço de exercício da opção. Prever a expansão futura é como possuir uma Call (opção de compra). A decisão ótima é baseada no máximo entre não fazer nada e expandir o projeto. 29 Opção de Contrair: É o inverso da opção de expansão. Ela reduz o risco de perdas futuras e o preço de exercício são os custos de contração. A decisão ótima é baseada no máximo entre não fazer nada e contrair o projeto. Opção de conversão: Existe quando a empresa tem produtos ou processos flexíveis que permitem a substituição de inputs ou outputs em resposta a fatores de mercado. Sistemas flexíveis podem conter um número infinito de opções que permitem uma contínua troca dos modos de operação. O preço de exercício é o custo da substituição. Opção de Shut Down/Restart: Nem todos os projetos necessitam operar continuamente. Alguns possuem a flexibilidade para recomeçar após uma suspensão temporária. Isto é semelhante a uma opção de adiar um investimento. O custo de retomada é o preço de exercício desta opção. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA A decisão ótima é baseada no máximo entre manter a suspensão e retomar a operação. Já a opção de Shut Down elimina temporariamente possíveis perdas. Pode envolver custos de suspensão. A decisão ótima é baseada no máximo entre continuar e suspender a operação. Opção de Abandonar: Abandonar o projeto significa eliminar todos os custos fixos em troca de um valor residual ou valor de abandono. Pode ocorrer quando as condições de mercado pioram e o valor do projeto se torna menor que o valor de abandono. Permite eliminar possíveis perdas futuras. O preço de exercício é o custo de abandono. A decisão é baseada no máximo entre continuar e abandonar a operação. 30 3.2. A opção de conversão (Input/Output Switch option) A opção de conversão existe quando o ativo real (projeto) permite vários insumos e/ou pode produzir vários tipos de produtos, com um custo de conversão que não seja proibitivo. O exemplo clássico é a operação de uma termoelétrica, que pode ser movida a gás, óleo ou carvão. Em recente publicação, Gonçalves (2005) avaliou esta opção numa usina sucroalcooleiro, onde a matéria-prima é única – cana de açúcar – e os produtos resultantes são álcool e açúcar. Segundo Trigeorgis (1996, p.177), o payoff desta opção é: PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA Payoff= Máx [FLCX1-FLCX2 - Cs;0], onde: FLCX1: Fluxo de Caixa do modo operante 1; FLCX2: Fluxo de Caixa do modo operante 2; Cs: Custo de conversão do modo 1 para o modo 2 e vice-versa; Outros exemplos de opções de conversão, baseadas na múltipla aplicabilidade de um ativo real e de mudança de insumo, podem ser mencionadas: O navio P.P. Moraes construído para viagens domésticas foi convertido para viagens internacionais, depois foi convertido em unidade de processo na bacia de campos e atualmente produz petróleo em águas profundas; Automóveis Flex-Fuel (dois ou mais combustíveis) – é uma opção para o consumidor; Um terreno com uma casa pode ser redesenvolvido (edifício, shopping center, outros); e Unidade industrial bicombustível (carvão ou óleo combustível). Aqui serão analisadas as diversas matérias-prima (Gás Natural e Óleo Pesado) para a produção do gás de síntese (syngas), onde a cada instante será observada a combinação ótima de insumos. E a partir da produção de gás de síntese, será analisada a combinação ótima de produtos (Óleo Diesel, Nafta, Lubrificantes e Parafinas) a serem produzidos a cada instante. 31 Gás Natural Biomassa HCC 1 Resíduo de Vácuo Óleo Pesado Gaseificador ou Reforma 2 FischerTropsch Combinação ótima de insumos 3 HIDW Diesel Lubrificantes e Parafinas Nafta Combinação ótima de produtos Figura 3 - Combinação ótima de insumos e produtos do processo XTL PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA A figura 3 apresenta uma ilustração do processo produtivo, onde diversos tipos de matéria-prima podem ser considerados para a produção do gás de síntese. O gás de síntese é gerado na saída do sistema de gaseificação ou reforma e o mesmo alimenta a fase 2 que é o processo de Fischer-Tropsch. A partir da fase 3, a nafta já é produzida e os outros produtos como diesel, lubrificantes e parafinas podem ser obtidos através da fase de enriquecimento3. 3 HCC: Hidrocracking e HIDW: Hidrodewaxing 32 3.3. Simulação de Monte Carlo O método de Monte Carlo é uma expressão muito geral, onde as formas de investigação estão baseadas no uso de números fortuitos e estatística de probabilidade. Pode-se verificar a utilização de tal método em diversas áreas, como economia, física, química, medicina entre outras. Para que uma simulação de Monte Carlo esteja presente em um estudo, basta que este faça uso de números aleatórios na verificação de algum problema. O método leva este nome devido à famosa roleta de Monte Carlo, no Principado de Mônaco. Seu nome bem como o desenvolvimento sistemático do método teve origem em 1944, quando da Segunda Grande Guerra, época em que foi usado como ferramenta de pesquisa para o desenvolvimento da bomba PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA atômica. Porém, existem alguns registros isolados de sua utilização em datas bem anteriores, por exemplo, na segunda metade do século XIX, quando várias pessoas executaram experiências nas quais lançavam setas, de uma maneira fortuita, sobre uma tábua onde havia um conjunto de linhas paralelas e deduziram o valor de π(pi) =3.14..., observando o número de interseções entre as setas e linhas. Os primeiros estudos envolvendo simulação de Monte Carlo e avaliações de investimentos de capital foram feitos por David B. Hertz e publicados em um artigo na revista Havard Business Review em 1974. A figura 4 apresenta uma representação gráfica de uma avaliação de investimento de capital envolvendo uma simulação de Monte Carlo. Figura 4 - Representação gráfica de simulação de Monte Carlo. 33 Para a construção de um modelo do fluxo de caixa acima, fazendo uso da simulação de Monte Carlo, segue-se uma seqüência lógica, conforme abaixo: Construir um modelo básico das variações dos fluxos de caixa futuros, provocados pelo investimento em questão; Elaborar, para toda a variável que puder assumir diversos valores, sua distribuição de probabilidade acumulativa correspondente; Especificar a relação entre as variáveis de entrada a fim de se calcular o VPL do investimento; Selecionar, ao acaso, os valores das variáveis, conforme sua probabilidade de ocorrência, para assim calcular o valor presente líquido; e Repetir esta operação muitas vezes, até que se obtenha uma PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA distribuição de probabilidade do valor presente líquido – VPL. Novamente, para o caso específico do projeto XTL, as simulações são realizadas sobre a incerteza dos preços futuros dos inputs e dos outputs. Essas são as variáveis que afetam as receitas e custos do processo e definem o VPL a ser obtido a partir do investimento realizado. A diferença entre o VPL calculado com flexibilidade e o VPL sem flexibilidade será o valor da opção existente para cada combinação de inputs e outputs. 4 A modelagem estocástica A utilização da metodologia de opções ficou, durante muito tempo, limitada a ativos financeiros que possuíam dados abundantes, e o preço de mercado do ativo subjacente era diretamente perceptível. A utilização de equações diferenciais estocásticas reforçava a dificuldade para o uso em aplicações gerenciais. A facilidade do acesso à atual tecnologia computacional pode ser PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA considerada o fator de maior estímulo à utilização de opções em avaliações “não financeiras”. Enquanto grande parte das opções financeiras pode ser avaliada pelo modelo Black-Scholes-Merton, as opções reais possuem particularidades que as afasta da avaliação por este modelo. Ankum e Smit (1993, p.243) destacam as divergências entre as opções: A opção financeira é exclusiva ao investidor, nenhuma outra pessoa pode exercer a opção por ele. A opção real depende da característica do mercado e pode existir mais de uma empresa detendo a mesma opção real. A maior dificuldade ao analisar uma opção real, é o fato de, na maioria das vezes, o ativo-objeto da opção real não ser comercializado no mercado. Um caminho para superar esta restrição é a utilização da técnica do portfólio replicado (Contigent Claims Analysis)4. Algumas questões sobre a modelagem estocástica serão abordadas nas próximas seções, como por exemplo: i) A definição de modelagem estocástica; ii) Os tipos de modelagem estocástica mais utilizados; iii) A utilização da modelagem estocástica como aproximação de modelos de previsão; e iv) O modelo estocástico utilizado nesta dissertação para a projeção dos preços dos insumos e produtos finais. 4 Para maiores informações sobre portfólio replicado ver Dixit e Pindyck, (1996, p. 114). 35 4.1. Definição Um processo estocástico é uma variável que se comporta, durante o tempo, de uma maneira onde pelo menos parte é considerada randômica. De maneira mais formal, é definido pela probabilidade da evolução xt da variável x durante o tempo t. Para instantes t1, t2 e t3 nos é fornecida, ou calculada a probabilidade dos valores correspondentes x1, x2 e x3, estarem numa faixa específica de valores, por exemplo: Prob( a1<x1<b1; a2<x2<b2; a3<x3<b3;...) Quando o tempo t1 chegar e observarmos o valor correspondente de x1, poderemos condicionar a probabilidade dos eventos futuros baseado nesta PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA informação. Um processo estocástico pode ser classificado como um processo em tempo discreto ou em tempo contínuo. Um processo estocástico em tempo discreto é aquele em que o valor da variável só varia em um determinado instante de tempo. Esta variável é classificada com variável discreta. Já um processo em tempo contínuo, a variável assume valores a qualquer instante de tempo, por isso é chamada de variável contínua. Dois pequenos exemplos podem definir o que é um processo estocástico: A variação ao longo do tempo da temperatura de uma determinada cidade é parcialmente determinística (elevação durante o dia e queda à noite, ou até mesmo elevação durante o verão e queda durante o inverno) e parcialmente imprevisível. Um outro exemplo pode ser o preço de uma determinada ação de uma empresa cotada em bolsa de valores (seu preço flutua aleatoriamente, mas no longo prazo se tem uma taxa esperada de crescimento positiva que compensa o risco de um investidor em carregar esse papel). Ambos os exemplos são processos que diferem um do outro. A temperatura de uma determinada cidade é o chamado processo estacionário, ou seja, as propriedades estatísticas desta variável são constantes durante longos períodos de tempo. Isto quer dizer que apesar da temperatura do dia seguinte desta cidade ser, em grande parte, dependente da temperatura do dia anterior, a expectativa e variância da temperatura nos meses de inverno são iguais à expectativa e variância da temperatura do inverno de dois anos atrás. Já o preço da ação de uma empresa é um processo não-estacionário. O valor esperado do 36 preço pode crescer sem grandes elevações e a variância do preço daqui a T anos, cresce na mesma proporção T. Embora os dois exemplos abordados tratem de processos estocásticos diferentes, estes processos possuem uma característica em comum muito importante: Ambos os processos são contínuos no tempo, no sentido em que a variável tempo é contínua, ou seja, mesmo estando preocupados com os valores a serem medidos, temperatura e preço, essas variáveis estão continuamente PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA variando com o tempo. 37 4.2. Principais processos estocásticos Ao invés de simplesmente destacar os principais modelos de processos estocásticos, enfatizaremos a abordagem sobre o chamado processo de Wiener5, também conhecido como Movimento Browniano (Brownian Motion). Um movimento Browniano é um processo estocástico em tempo contínuo e possui três importantes propriedades: i) É um processo de Markov (Markov process). O processo estocástico de Markov é um caso particular de processo estocástico, onde somente o valor atual de uma variável é relevante para se prever seu valor futuro. Os dados históricos desta variável e a maneira de como esta “emergiu” do passado são PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA irrelevantes; ii) A distribuição de probabilidade da variável aleatória em qualquer instante de tempo futuro depende, unicamente, de seu atual valor. Pode-se dizer com isso que um processo de Wiener possui incrementos independentes; e iii) Mudança durante qualquer intervalo de tempo são normalmente distribuídas, onde a variância cresce linearmente durante o tempo. Os preços de uma ação de uma empresa são normalmente modelados como um processo de Markov e informações de mercado são rapidamente incorporadas no valor atual desta ação, sendo que toda a informação histórica não possui peso para a previsão de seus valores futuros. Essas três propriedades abordadas sobre o processo de Wiener parecem restringir o número de variáveis do mundo real. É de se perceber que enquanto um processo de Markov parece modelar, razoavelmente, o valor dos preços futuros de uma ação, não nos parece razoável que esses preços sejam normalmente distribuídos, uma vez que o preço de uma ação nunca poderá ser menor que zero. Com isso, sugere-se que os preços de uma ação possuem uma distribuição lognormal, ou seja, mudanças no logaritmo dos preços de uma ação são normalmente distribuídos6. As propriedades quantitativas do processo de Wiener são apresentadas: 5 Robert Wiener (1923) desenvolveu a teoria matemática proposta por Albert Einstein chamada de Brownian Motion. 6 É utilizado logaritmo natural (Logaritmo de base e). 38 ∆z = ε t ∆t , onde ε t é uma variável aleatória normalmente distribuída com média zero e desvio-padrão um. A variável ε t não possui correlação, ou seja, Ε[ε t ε s ] = 0 para t ≠ s. O valor de ∆z para qualquer dois intervalos de tempo distintos são independentes. Fazendo com que ∆z seja infinitamente pequeno, dz, o incremento de Wiener poderá ser representado, em tempo contínuo, como: (1) dz = ε t dt , Onde ε t possui média zero e desvio padrão um. Note que dz tende a infinito à PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA medida que dt se aproxima de zero. 4.2.1. Movimento Aritmético Browniano Um processo estocástico é caracterizado pela composição de dois termos principais: O primeiro termo é chamado de tendência α (drift) e o segundo é chamado de termo aleatório σ. No entanto, esses processos podem ser decompostos por mais de dois termos, o que é objeto desta dissertação e é conhecido como processo de reversão à média com saltos7. Vejamos a seguir a generalização mais simples de um processo estocástico: dx = a( x, t )dt + b( x, t )dz , (2) Onde a(x,t)= α; b(x,t)= σ, no caso do Movimento Aritmético Browniano, e dz é o já conhecido incremento de Wiener. Qualquer mudança em x durante um intervalo de tempo ∆t tem distribuição normal com valor esperado E ( ∆x) = α × ∆t e variância V (∆x) = σ 2 × ∆t . Em outras palavras, o movimento do desvio-padrão σ será muito maior que o termo de tendência α: se ∆t é pequeno, ∆t1/2 será muito maior que ∆t. Isto determina um comportamento serrilhado dos caminhos do processo de Wiener. 7 Este processo será abordado na seção 4.4 e será tema principal do presente estudo. 39 A figura 5 ilustra o movimento aritmético browniano (Brownian Motion with Drift) com crescimento linear com taxa α e desvio-padrão σ: MAB - Movimento Aritmético Browniano 15 10 5 0 0 50 100 150 200 250 300 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA Figura 5 - Movimento Aritmético Browniano (MAB) 4.2.2. Movimento Geométrico Browniano O movimento geométrico browniano (Geometric Brownian Motion with drift) é um importante processo, pois é o mais utilizado na modelagem de preços de ativos. Neste processo, a(x,t)= αx e b(x,t)= σx, onde α e σ são constantes. Desta forma, é obtida a seguinte equação: (3) dx = axdt + σxdz As mudanças do valor de x, em termos percentuais - ∆x/x, são distribuídas normalmente. No entanto, mudanças no logaritmo natural de x, em termos absolutos de x, possuem distribuição lognormal. Esta é uma observação fundamental, pois permite que os preços de um ativo sejam sempre positivos. O valor esperado e a variância seguem as seguintes expressões, respectivamente: (4) E ( xt ) = x 0 × e α ×t V ( x t ) = x 02 × e 2×α ×t (e σ 2 ×t − 1) (5) A figura 6 ilustra o movimento geométrico browniano (Brownian Motion with Drift) com crescimento linear α e desvio-padrão σ: 40 MGB - Movimento Geométrico Browniano 100 75 50 25 0 0 50 100 150 200 250 300 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA Figura 6 - Movimento Geométrico Browniano (MGB) 4.2.3. Movimento de Reversão à Média Até esse ponto, alguns tipos de variáveis econômicas, como por exemplo, os preços de uma ação, requerem uma modelagem estocástica específica. No entanto, para outros tipos de variáveis econômicas, como o preço de commodities, estes mesmos processos não apresentam uma modelagem ideal, embora, muitas vezes, sejam os mais utilizados. Para equacionar uma modelagem mais apropriada a cada tipo de variável, o movimento de reversão à média sugere que, embora os preços no curto prazo possam flutuar, para cima ou para baixo, no longo prazo esses preços tendem a ser trazidos de volta ao custo marginal de se produzir, por exemplo, petróleo. Desta forma, é dito que uma determinada variável tem um comportamento de reversão à média. O modelo estocástico de reversão à média mais simples é conhecido como modelo de Ornstein-Uhlembeck e pode ser apresentado através da seguinte equação: dx = η ( x − x)dt + σdz , (6) Onde η é a velocidade de reversão e x é a média de longo prazo do custo marginal, em outras palavras, é o nível em que x tende a convergir. Observa-se que através desta equação que o valor esperado de x depende da diferença entre x e x . Se x é maior(menor) que x , é mais provável que haja uma queda(crescimento) no próximo intervalo de tempo. 41 Uma importante observação é que embora o movimento de reversão à média satisfaça as propriedades do processo de Markov, este movimento não possui incrementos independentes. O valor esperado e a variância deste processo são calculados através das seguintes expressões, respectivamente: (7) E ( x t ) = x + ( x 0 − x) × e −η ×t Var[ x − x] = (8) σ2 × (1 − e − 2×η ×t ) 2η Das expressões 7 e 8, pode-se concluir que: PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA i) O valor esperado de xt converge para x à medida que t aumenta e a variância converge para σ2 ; 2η ii) Se a velocidade de reversão, η, converge para infinito, Var[xt] → 0, o que significa que x nunca irá desviar de x , mesmo que momentaneamente; e iii) Caso η → 0, x se torna um MAB com Var[ x t ] = σ 2 × t . A figura 7 ilustra o movimento de reversão à média: Processo de Reversão à Média 12 9 6 3 0 50 100 150 200 Figura 7 - Movimento de Reversão à Média (MRM) 250 300 42 4.3. Lema de Itô A modelagem desses processos estocásticos requer a utilização do cálculo diferencial, e para se trabalhar com esses processos, é extremamente necessária à utilização do chamado Lema de Itô, às vezes conhecido como o teorema fundamental do cálculo estocástico. O uso do Lema de Itô, também conhecido como processo de Itô, é extremamente importante, pois para descrever o valor de uma opção de investimento é necessário determinar o tipo de processo estocástico desta opção. A melhor maneira de se compreender este teorema é recorrer à expansão de Taylor do cálculo ordinário. Suponha que x(t) siga um processo estocástico e considere a função F(x,t) que é duas vezes diferenciável em x e uma vez em t. O PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA objetivo principal é encontrar dF. O cálculo diferencial define dF em termos de mudanças de primeira ordem em x e t, a saber: dF = ∂F ∂F dx + dt . ∂x ∂t (9) Com a expansão dos termos de ordem superior, é obtida a equação da expansão de Taylor: dF = ∂F ∂F 1 ∂2F 1 ∂3F dx + dt + × 2 ( dx) 2 + × 3 ( dx) 3 + ... . ∂x ∂t 2 ∂x 6 ∂x (10) No cálculo ordinário, os termos de ordem superior são desconsiderados, pois dtn é cada vez menor, ou seja, tendem a zero mais rápido que dt. No entanto, o Lema de Itô não despreza o termo (dx)2 por ser considerado de ordem dt se X for uma variável estocástica. Com isso, obtemos dF para o cálculo diferencial: dF = ∂F ∂F 1 ∂2F dx + dt + × 2 (dx) 2 . ∂x ∂t 2 ∂x (11) O Lema de Itô nos permitirá descrever as relações entre a variável de interesse (F) e as variáveis de estado (X,t), onde X é um vetor de variáveis estocásticas (valor do ativo básico V e investimento I), que seguem processos 43 estocásticos específicos. A seguir uma pequena demonstração de como escrever essas relações: Seja uma variável estocástica P, seguindo um movimento geométrico browniano: dP = αPdt + σPdz e sabendo que (dP) 2 = σ 2 P 2 dt . É válido lembrar que (dP)2, desprezado no cálculo ordinário, é considerado no calculo estocástico por ser de Ordem dt8. Seja uma variável p, dada pela função: p = ln P . Para encontrar a equação estocástica que descreve dp, utilizaremos o lema de itô (equação 11) e as seguintes derivadas: ∂p ∂p 1 ∂2 p 1 =0, = e =− 2 . 2 ∂t ∂P P ∂P P PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA Aplicando a equação 11 para p(P,t), teremos: dp = 1 1 1 dP − × 2 (dP) 2 P 2 P dp = 1 1 1 dP − × 2 ( dP) 2 , P 2 P substituindo (dP)2, 1 1 dp = α × dt + σ × dz − σ 2 dt , rearranjando os termos, temos: dp = (α − σ 2 )dt + σ × dz . 2 2 8 A comprovação de que o termo (dP)2 é de ordem dt será mostrada no Apêndice. 44 4.4. Movimento de Reversão à Média com Saltos Até agora, foram apresentadas as características e aspectos de como os principais processos estocásticos são formados. Nesta seção, estudaremos o processo estocástico de reversão à média com saltos mencionado na seção 4.2.1. e utilizar suas propriedades para a estimação dos parâmetros e projeção de preços que serão utilizados nesta pesquisa. Muitas vezes, no entanto, a maneira mais realística de se modelar uma variável econômica é atribuir, em seu processo de estimação, saltos discretos, mesmo que não sejam tão freqüentes. As possíveis causas de um salto aleatório podem ser: a entrada de um novo competidor no mercado de poucas firmas, fazendo com que os preços caiam repentinamente. Outro exemplo de grande PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA importância pode ser o conflito armado entre nações detentoras de importantes reservas de óleo (Guerra do Golfo – anos 90 e Guerra do Iraque – Março/2003). Pode-se dizer que informações de mercado consideradas “normais” causam um processo de reversão à média contínuo nos preços. Por outro lado, informações consideradas “anormais” provocam saltos (discretos) de tamanho aleatório. Jumps-up Jumps-down Figura 8 - Preços nominais do óleo Brent e similares – período mensal (1970 a 2003) O gráfico acima ilustra claramente este tipo de modelagem estocástica, onde fatores considerados “anormais” causaram choques nos preços do óleo Brent. Saltos positivos podem ser observados nos anos 1973/1974 devido à guerra do Yom Kippur e embargos sobre o petróleo. Em 1979/1980 podem-se destacar a guerra Irã e Iraque e a revolução iraniana. Nos anos noventa, a 45 invasão no Kuwait pelo Iraque, e por fim em 1999 um choque na demanda de petróleo por parte da OPEC9e aliados. Já nos anos de 1986, 1991 e 1997, onde a “guerra” de preços, a guerra do golfo e a crise asiática, respectivamente, provocaram saltos negativos nos preços. Especialistas do setor indicam que esses saltos levaram de um a três meses para serem absorvidos no preço da commodity. 4.4.1. O modelo Para modelar o processo de reversão à média com saltos, utiliza-se o modelo de Ornstein-Uhlembeck que foi apresentado na seção 4.2.3. A partir da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA equação 6, adiciona-se o termo dos saltos aleatórios. Sendo assim, é obtida a seguinte equação: dx = η ( x − x)dt + σdz + dq (12) O termo dq adicionado é modelado como um processo de Poisson, de tamanho aleatório e independente do incremento dz. Essa equação diz que existe uma força de reversão η sobre a variável x, trazendo-a ao equilíbrio x e os saltos são, na maioria do tempo, iguais a zero e quando ocorrem são de tamanho aleatório φ e taxa de ocorrência λ. A distribuição de probabilidade do termo dq é: dq= 0, com probabilidade 1-λdt dq= φ, com probabilidade λdt Essa distribuição de probabilidade representa uma distribuição de Poisson, onde esses saltos são chamados de “eventos”. Sendo λ a freqüência com que um evento pode ocorrer durante um intervalo de tempo infinitesimal dt, a probabilidade de ocorrer um evento é dada por λdt e a probabilidade deste evento não ocorrer será 1- λdt. 9 OPEC: Organization of the Petroleum Exporting Countries. 46 O valor esperado e a variância de x(t) neste processo são dados através das expressões 7 e 8, porém com a adição no termo de variância que representa a presença destes eventos aleatórios: E ( xt ) = x + ( x 0 − x) × e −η ×t Var[ x − x ] = (σ 2 + λ × Ε[ϕ 2 ]) × (1 − e − 2×η ×t ) 2η (13) (14) A equação de valor esperado representa a média ponderada entre o valor inicial, aqui representado por x0, e a média de longo prazo x (os pesos somam 1). Veja que não há o termo de saltos aleatórios na equação de valor esperado, o que representa o resultado de uma distribuição simétrica dos saltos e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA probabilidade de 50% para a ocorrência dos eventos, tanto para cima quanto para baixo (positivos ou negativos). Já na equação de variância, temos a presença do termo de saltos aleatórios, aumentando o valor da variância quando compararmos com a equação apresentada na seção 4.2.3. É valido observar que o valor da variância deste modelo tende ao mesmo valor (e características) da variância do processo estocástico de reversão à média, caso não ocorram esses eventos aleatórios. A figura 9 apresenta a distribuição de probabilidade do termo de saltos aleatórios em função da taxa de ocorrência dos mesmos. Figura 9 - Distribuição de probabilidade dos saltos aleatórios Para facilitar o entendimento e manipulação matemática, é permitida a ocorrência de um salto positivo ou negativo, dado que um salto ocorreu e que a probabilidade de ocorrência de um salto é a mesma (50%). Em outras palavras pode-se dizer que caso ocorra um salto, este tem a mesma chance de ser para cima ou para baixo. 47 Considera-se também que a distribuição dos saltos são duas normais truncadas em zero, com valores esperados10 de ln 2 (0,693) e ln 0,5 (- 0,693), significando que se ocorrer um salto positivo, o valor irá aumentar 100% e em caso de salto negativo, irá reduzir em 50%. Tais valores foram escolhidos de forma a capturar mudanças bruscas, no preço de uma determinada commodity, provocadas por informações consideradas anormais. Em outras palavras, o tamanho desses saltos não é calculado por se tratar de eventos raros e com isso os dados históricos também são raros. Desta forma, o valor esperado do tamanho de um salto é zero e x(t), representado pela equação de valor esperado que foi apresentada, seja independente da ocorrência de um salto. De maneira a obter E[φ2], (importante lembrar que E[φ2] ≠ (E[φ])2) é PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA necessário estimar a integral dada por: ∫ E[ϕ 2 ] = ϕ 2 × f (ϕ )dϕ , onde f(φ) é a função de densidade de probabilidade, neste caso duas normais. Esta integral depende da distribuição de φ, mas não o parâmetro λ (sendo assim, pode-se calcular a integral se a distribuição do tamanho dos saltos for fixa). O próximo capítulo mostra como essas ferramentas são utilizadas na prática e as considerações que são feitas para o preço P de uma commodity em função de x(t). 10 A utilização destes valores é mais relevante, mesmo que errados, do que não utilizar valor algum. 5 Estudo de caso: Refinaria XTL Com o objetivo de avaliar a viabilidade econômica de um projeto piloto e posteriormente a implantação de uma planta comercial, o grupo de estudos apresentado no capítulo 1 está criando (com prazo final previsto para Abril/2007) uma plataforma computacional capaz de capturar, através da metodologia de opções reais, as flexibilidades técnicas e de mercado que, aparentemente, são apresentadas no contexto operacional de uma planta XTL. O termo “XTL” foi batizado pelos gestores do projeto devido às diferentes fontes de matéria-prima que podem ser utilizadas para a produção diesel, naftas, lubrificantes e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC parafinas. O projeto XTL desponta como um projeto que poderá integrar diversas áreas da Petrobras, gerando enorme valor à empresa, uma vez que os diversos insumos utilizados em seu processo produtivo são rejeitos de outros processos. A torta de biomassa gerada no processo de esmagamento de oleaginosas no projeto do Biodiesel e a utilização de óleo extra-pesado, que hoje não é utilizado devido à não existência de uma tecnologia capaz de refiná-lo, são exemplos de valor agregado que o projeto poderá gerar. Uma importante consideração é o acordo de cooperação tecnológica firmado entre a Petrobras e a empresa Compact GTL para a construção e testes de uma planta piloto de produção de petróleo sintético a partir de gás natural associado. O contrato de três anos, envolve as etapas de elaboração do projeto da planta piloto de 20 barris por dia, a instalação desta planta em uma área de teste da Petrobras, situada em terra, a avaliação do seu desempenho e a elaboração do projeto conceitual para uma unidade industrial de 1.500 barris diários. 5.1. Precificação das opções de conversão No presente estudo serão realizadas análises sobre a viabilidade econômica de uma planta XTL, sendo considerado cada input e perfil de output separadamente, a saber: 49 Plantas A: Gás Natural B: Óleo Pesado Flex Input Alpha 1 Alpha 2 Alpha 3 Flex Output Planta Total Flex Matéria-Prima Perfil de Produção α Gás Natural Óleo Pesado Gás Natural / Óleo Pesado Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural Gás Natural / Óleo Pesado 0,92 0,92 0,92 0,89 0,92 0,90 0,90 / 0,92 / 0,89 0,90 / 0,92 / 0,89 Tabela 5 - Relação dos tipos de plantas industriais analisadas Após a análise econômica de cada planta, poderão ser avaliadas as possibilidades de precificação das flexibilidades de inputs e outputs e determinar o valor de cada opção de conversão. A avaliação de uma planta Total Flex11 também será vista e todas as análises para a precificação das flexibilidades terão como referência a planta A (planta de gás natural) devido ao fato de ser o tipo de planta GTL mais utilizada no mercado. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC É válida a observação de que, atualmente, não existe no mundo nenhuma planta XTL em operação, ou seja, não existe nenhuma planta que utilize mais de uma matéria-prima para a produção do gás de síntese. Apenas a planta da Sasol na África do Sul iniciou sua operação com a gaseificação de carvão, mas por fatores, principalmente ambientais, foi rapidamente trocada pela reforma do gás natural. Outras importantes informações sobre as análises são: Data-base da avaliação: 01/01/2011; Período projetivo total12: 20 anos (períodos trimestrais); 11 Uma planta Total Flex apresenta sistemas flexíveis na entrada e saída do processo produtivo. 12 Incluem período de investimentos. 50 5.2. Premissas de simulação Com o intuito de formalizar os resultados a serem obtidos, todas as premissas técnicas, operacionais e financeiras consideradas neste estudo serão apresentadas a seguir e através de planilha eletrônica poderão ser ajustadas para consultas e simulação de novos cenários. 5.2.1 Características técnicas dos inputs De maneira simples e com o intuito de facilitar o entendimento do processo produtivo de uma planta XTL, pode-se dividir em duas fases: i) a geração do gás de síntese a partir de um determinado input; e ii) a geração dos produtos líquidos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC a partir do gás de síntese. A quantidade de produção tanto do gás de síntese quanto dos produtos líquidos é determinada através dos rendimentos dos insumos utilizados, a saber: Matéria prima (Input ) Gás de Síntese (Nm3 / ton MP) Gás Natural Óleo Pesado Biomassa (Torta de Mamona) Resíduo de Vácuo 3.450 2.600 1.570 2.590 Tabela 6 - Rendimentos por tipo de input Já o rendimento da segunda fase do processo produtivo é, em média, 700 normal metro cúbico (Nm3) de gás de síntese por barril de produto líquido13, que será representado pela unidade Nm3/bbl. 5.2.2. Capacidade nominal de produção Para a análise da plantas industriais, será utilizada uma capacidade nominal de produção de 35.000 barris por dia, número médio de uma planta em operação na região do Catar. Será utilizada também uma taxa de eficiência de produção de 93%. 13 Valor médio fornecido pelos especialistas do CENPES/Petrobras. 51 5.2.3. Capex (I0) Nas tabelas a seguir são apresentados os valores dos investimentos iniciais por tipo de tecnologia de input para a implantação de uma planta XTL. Capex Gás Natural Óleo Pesado Biomassa Resíduo de Vácuo Tipo de Tecnologia Até 35.000 bbl/dia (US$ / bbl) Reforma Gaseificação Gaseificação Gaseificação 25.000 29.000 29.000 29.000 > 35.000 bbl/dia (US$ / bbl) 10.000 11.500 11.500 11.500 Tabela 7 - Investimento por barril e capacidade de planta Uma importante consideração é a alocação destes investimentos por fase de implantação do projeto, que é dividida em: Reforma/Gaseificação (varia de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC input para input), Fischer-Tropsch e Enriquecimento de Produtos. Capex Reforma/Gaseificação Fischer-Tropsch Enriquecimento Gás Natural Óleo Pesado ( % I0 ) ( % I0 ) 60% 25% 15% 65% 22% 13% Biomassa ( % I0 ) Resíduo de Vácuo ( % I0 ) 65% 22% 13% 65% 22% 13% Tabela 8 - Alocação de recursos por fase de projeto Portanto, para uma planta com capacidade nominal de 35.000 bbl/dia de produção, os seguintes valores de investimentos são mostrados na tabela 8: Capex Reforma/Gaseificação Fischer-Tropsch Enriquecimento Total Gás Natural Óleo Pesado ( US$ mil ) ( US$ mil ) 525.000 218.750 131.250 875.000 659.750 223.300 131.950 1.015.000 Biomassa ( US$ mil ) 659.750 223.300 131.950 1.015.000 Tabela 9 - Valor total de Investimentos para uma planta de 35.000 bbl/dia Resíduo de Vácuo ( US$ mil) 659.750 223.300 131.950 1.015.000 52 Outros parâmetros importantes para a análise são: Tempo de depreciação (linear) 14 : 20 anos; Tempo para a aplicação de recursos: 03 anos (linearmente distribuídos) 5.2.4. Custo dos produtos vendidos – CPV O custo dos produtos produzidos pela tecnologia XTL é dividido em dois: i) o custo da matéria-prima utilizada para a geração do gás de síntese; e ii) o custo operacional (OPEX) de produção que engloba as despesas com mão-de-obra, reagentes, instalações, energia elétrica e outros. Existe ainda o custo de conversão caso seja necessário adaptações no sistema produtivo para a troca PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC de matéria-prima. Não será considerado o custo de conversão para a flexibilidade dos perfis de produção. Matéria-Prima Como foi visto no início deste capítulo, uma planta XTL é capaz de ser alimentada, individualmente, com diversos tipos de matéria-prima onde cada uma apresenta um tipo diferente de rendimento na geração de gás de síntese. Para calcular a quantidade diária de matéria-prima necessária para a geração de uma planta de 35.000 barris de produtos líquidos, utilizou-se a seguinte equação recursiva: Qtde(ton) Capacidade , onde Re nd .P Re nd . X Capacidade: Capacidade nominal da planta; Rend.P: Rendimento na produção de produtos líquidos; e Rend.X: Rendimento da matéria-prima X (X=A: Gás Natural; X=B: Óleo Pesado). 14 Considerando os três primeiros anos de construção e aplicação dos recursos, a depreciação só será considerada a partir do primeiro ano de operação da planta, e serão compensados os três primeiros anos passando a depreciação para o prazo de 17 (dezessete) anos, fazendo com que não haja valor residual. 53 A tabela 10 apresenta as quantidades diárias necessárias de matéria prima para uma planta com capacidade de 35.000 barris/dia. Matéria prima (Input ) Quantidades Diária (ton) Gás Natural Óleo Pesado Biomassa Resíduo de Vácuo 7.101,45 9.423,08 15.605,10 9.459,46 Tabela 10 - Quantidade diária de matéria-prima Já o custo total de matéria-prima é o produto entre a quantidade diária e o preço por tonelada de matéria-prima. Custo Operacional (OPEX) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC O custo operacional foi calculado através de indicadores sobre o investimento (% capex). foi estimado um valor de 2% ao ano15, mantendo-se constante ao longo de todo o período projetivo. Custo de conversão (Switch cost) Caso o sistema identifique a necessidade da troca de matéria prima utilizada a cada período, será adicionado um valor igual ao OPEX praticado no período. 5.2.5. Receitas operacionais As receitas operacionais de uma planta XTL são resultados da venda dos produtos. Existe, ainda, a possibilidade da comercialização de energia elétrica, uma vez que o processo produz calor suficiente para produzir tal energia. No entanto, a comercialização de energia elétrica implica em um investimento adicional e esta receita não será considerada neste estudo. Outra possibilidade é a realimentação da energia elétrica produzida no próprio processo produtivo, fazendo com que os custos variáveis de produção diminuem. 15 Valor sugerido pelos especialistas do CENPES/Petrobras, embora alguns documentos da literatura da tecnologia GTL utilizem valores na faixa de 5 a 7%. 54 A receita operacional é calculada pelo produto entre a quantidade de barris de produtos líquidos (diesel, nafta, parafinas e lubrificantes) produzidos diariamente pelo preço unitário do respectivo barril de produto. Infelizmente, não é possível concentrar 100% da produção em um único tipo de produto, o que possibilitaria a escolha ótima de receitas, por isso, serão simulados cenários de perfis de produção na tentativa de capturar a flexibilidade na saída do sistema. Cada perfil de produção α é dado pela curva Anderson-Schulz-Flory - ASF. 100% Fração dos produtos 90% 80% Metano GLP Nafta Diesel Parafinas Lubrificantes 70% 60% 50% 40% 30% 20% PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC 10% 0% 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Perfis de produção (alpha) Figura 10 - Curvas de produção de líquidos sintéticos (ASF) Para a análise das plantas A e B, foi escolhido um determinado perfil de produção, mantendo-o constante ao longo de todo período projetivo, a saber: Tipo de Produto (Output ) % da produção efetiva Nafta Diesel Parafinas Lubrificantes 19,4% 20,7% 39,0% 15,4% Perfil Alpha 0,92 0,92 0,92 0,92 Tabela 11 - Perfil de produção Pode-se observar que a produção efetiva não resulta em 100%, uma vez que gases como o metano e GLP não estão sendo considerados nesta análise e podem ser tratados como perda. Finalmente, a receita operacional é calculada pela seguinte expressão: 4 Re ceita(US $) Pr od .efetiva Perfil p (%) Pr eço p , p 1 p=1: Nafta, p=2: Diesel, p=3: Parafinas, p=4: Lubrificantes 55 5.2.6. Impostos e Taxas Os impostos e taxas incidentes nesta análise econômica seguem a legislação vigente no país, a saber: Sobre a receita bruta Pis / Cofins: 1,65% e 7,6%, respectivamente – alíquotas federais; ISS: 5% - alíquota estadual (RJ); e ICMS: 18%% - alíquota estadual (RJ). Não está sendo considerado nenhum crédito de impostos e os custos dos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC produtos vendidos são líquidos de Pis/Cofins e ICMS. Sobre o lucro operacional Imposto de renda (IRPJ): 25% (incluindo 10% de alíquota adicional); Contribuição Social (CSLL): 9%. Compensação sobre base negativa também não está sendo considerada nesta análise. O regime de tributação adotado é lucro real e os demonstrativos de resultados e fluxo de caixa são formados pelo regime de competência. 5.2.7. Séries de Preços Os dados mais importantes para esta análise são as séries de preços. Elas é que determinarão os parâmetros necessários para a modelagem dos preços futuros de cada input e output. Com cada valor determinado separadamente, será possível analisar economicamente cada resultado encontrado. Toda a análise estocástica e de simulação deste estudo estará em função dos preços destes commodities. Serão apresentados a seguir os gráficos dos preços históricos, seus comportamentos e as equações de projeção estocásticas utilizadas. 56 Matéria-Prima - (Input) Preço Gás Natural (US$/MMBTU) 16 14 12 10 8 6 4 2 jan/06 jan/05 jan/04 jan/03 jan/02 jan/01 jan/00 jan/99 jan/98 jan/97 jan/96 jan/95 jan/94 jan/93 jan/92 jan/91 jan/90 jan/89 jan/88 jan/87 jan/86 0 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Figura 11 - Evolução histórica dos preços do gás natural – evolução mensal Óleo Pesado (US$/bbl) 60 50 40 30 20 10 0 mai/87 mai/89 mai/91 mai/93 mai/95 mai/97 mai/99 mai/01 Figura 12 - Evolução histórica dos preços do óleo pesado – evolução diária mai/03 mai/05 jan/00 jan/99 jan/98 jan/97 jan/96 jan/95 jan/94 jan/93 jan/92 jan/91 jan/90 jan/89 jan/88 jan/87 jan/86 jan/06 jan/06 100 jan/05 200 jan/05 300 jan/04 400 jan/04 500 jan/03 600 jan/02 700 jan/03 800 jan/02 Preço Diesel (US$/t) jan/01 Figura 13 - Evolução histórica dos preços da Nafta – evolução mensal jan/01 jan/00 jan/99 jan/98 jan/97 jan/96 jan/95 jan/94 jan/93 jan/92 jan/91 jan/90 jan/89 jan/88 jan/87 jan/86 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC 57 Produtos líquidos - (Output) Nafta (US$c/Gal) 250 200 150 100 50 - Figura 14 - Evolução histórica dos preços do Diesel – evolução mensal 58 (R$/l) Lubrificantes set/06 nov/06 jul/06 mai/06 mar/06 jan/06 set/05 nov/05 jul/05 mai/05 mar/05 jan/05 nov/04 jul/04 set/04 mai/04 jan/04 mar/04 nov/03 jul/03 set/03 mai/03 jan/03 mar/03 nov/02 jul/02 set/02 9 8 7 6 5 4 3 2 1 - Parafinas Figura 15 - Evolução histórica dos preços da Parafina e Lubrificantes – evolução mensal Para obter os parâmetros (Velocidade de reversão à média η, Volatilidade PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC σ, Média de longo prazo x e taxa de freqüência de saltos λ) do processo estocástico que será utilizado neste estudo e com isso ser possível a projeção dos preços futuros x(t), foi utilizada uma programação em linguagem Matlab. Uma outra forma de se obter os parâmetros do processo estocástico de reversão à média é através da regressão linear16 de Ln(Pt-1) x Ln(Pt) - Ln(Pt-1). O processo estocástico para o preço da commodity é escolhido de forma que os preços P(t) seja função de x(t), porém é necessário escrever a relação entre a média de longo prazo x e o preço de equilíbrio de longo prazo P , a saber: x ln(P) (15) Com isso os preços podem ser ajustados de forma que a média seja: [ P(T )] e [ xt ] , onde a relação entre a variável x e P seja o valor esperado do preço da commodity no instante t. O processo direto P(t ) e xt não funciona neste caso, porque a exponencial da distribuição normal adiciona metade da variância na média da distribuição 16 anexos. As regressões lineares das séries utilizadas nesta avaliação estão demonstradas nos 59 lognormal. De forma a se obter os preços ( [ P(T )] e [ xt ] ), a metade da variância deve ser compensada utilizando a seguinte equação: (16) P (t ) e{ xt 0.5Var ( xt )} Onde a variância de x(t) determinística em função do tempo e dada pela equação 14, com os saltos aleatórios já incluídos. A simulação neutra ao risco será utilizada devido à não existência de uma taxa de desconto ajustada ao risco para a opção e, neste caso, o processo x(t) é simulado utilizando a expressão discreta, a saber: x(t ) x(t 1) e t [ln(P) (( r f ) / )] (1 e t ) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC (17) (1 e 2 t ) * N (0,1) saltos 2 Onde o termo ( r f ) representa o prêmio de risco normalizado subtraído da média de longo prazo P . Os parâmetros que serão utilizados nas projeções de preços são apresentados na tabela 11, a saber: Input/Parâmetros Gás Natural Óleo Pesado Nafta Diesel Parafina Lubrificante Média de Longo Prazo Volatilidade (σ) p.a Velocidade de Reversão à média (p.a) Freqüência de Saltos (p.a) US$ 5,96 / MMBTU US$ 24,53 / bbl US$ 0,7112 / Gal US$ 476,44 / ton R$ 1,9203 / l R$ 3,5971 / l 39,99% 56,65% 36,88% 24,71% 59,03% 43,83% 0,2451 0,6334 0,5019 0,1296 1,3959 1,7731 0,1030 0,1999 0,1530 0,1149 0,1068 0,0942 Tamanho dos Saltos (up&Down) Ln 2 / Ln 2 / Ln 2 / Ln 2 / Ln 2 / Ln 2 / Ln 0,5 Ln 0,5 Ln 0,5 Ln 0,5 Ln 0,5 Ln 0,5 Tabela 12 - Parâmetros do processo estocástico de reversão à média com saltos As figuras 16, 17, 18, 19, 20 e 21 representam as projeções dos preços dos insumos e produtos através do processo estocástico de reversão à médica com saltos. 60 Gás Natural (US$/MMBTU) 12 10 8 6 4 2 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 20 27 20 28 20 29 20 30 - Real Neutra ao Risco Figura 16 - Projeção real e neutra ao risco dos preços do gás natural – projeção trimestral 40 35 30 25 20 15 10 5 - 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 20 27 20 28 20 29 20 30 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Óleo Pesado (US$/bbl) Real Neutra ao Risco Figura 17 - Projeção real e neutra ao risco dos preços do óleo pesado – projeção trimestral 61 Nafta (US$/gal) 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 20 27 20 28 20 29 20 30 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 - Real Neutra ao Risco Figura 18 - Projeção real e neutra ao risco dos preços da nafta – projeção trimestral 1.000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 20 27 20 28 20 29 20 30 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Diesel (US$/t) Real Neutra ao Risco Figura 19 - Projeção real e neutra ao risco dos preços do diesel – projeção trimestral 62 Parafinas (US$/l) 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 20 27 20 28 20 29 20 30 - Real Neutra ao Risco Figura 20 - Projeção real e neutra ao risco dos preços da parafina – projeção trimestral 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 - 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 20 27 20 28 20 29 20 30 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Lubrificantes (US$/l) Real Neutra ao Risco Figura 21 - Projeção real e neutra ao risco dos preços do lubrificante – projeção trimestral 63 5.2.8. Aspectos financeiros Para calcular o valor presente líquido dos fluxos de caixa de cada planta, é necessário estipular as taxas de desconto ajustadas ao risco do projeto. No entanto, como há interesse no valor da opção de conversão, a teoria de opções reais diz que a taxa de desconto da opção (derivativo) não é igual à taxa de desconto do ativo base, mesmo sabendo que a opção deste ativo também é um ativo de risco. O risco da opção está vinculado ao ativo base, porém o risco da opção é diferente e variável ao longo do tempo. De maneira a contornar este problema, utiliza-se o método de neutralidade ao risco, onde o valor futuro do ativo base é penalizado, subtraindo um prêmio de risco de sua tendência (certeza equivalente). Desta forma, pode-se utilizar a taxa livre de risco (rf) para descontar os fluxos de caixa do projeto. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC Este método é observado através da equação 17, onde a média de longo prazo está sendo penalizada por um prêmio de risco. Para calcular os resultados, utilizaram-se os valores de taxa de desconto praticados no setor, a saber: Taxa de desconto % a.a (discreta) % a.a (contínua) % a.t (contínua) Ajustada ao riso - μ Livre de risco - rf 10,0 5,0 10,52 5,13 2,53 1,23 Tabela 13 - Taxas de desconto Para simulação em tempo contínuo é feito o ajuste e utilizada. r f T 1 na taxa 64 5.2.9. Outras premissas De forma a auxiliar os cálculos e as conversões das unidades utilizadas (insumos em US$/ton e produtos em US$/bbl), outras premissas como densidade dos insumos e produtos, conversores de volume e poder calorífico do gás natural foram necessários, a saber. Conversores PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CC bbl/m3 MMBTU/m3 Gal/m3 MMBTU/ton ton/bbl m3/l Valor 6,2891 24,814 264,172 50,84 0,148 0,001 Densidades ton/m3 Gás Natural Petróleo Marlin Nafta Diesel Parafinas Lubrificantes 0,000791 0,93 0,70 0,82 0,81 0,91 Tabela 14 - Conversores de unidades e densidades 6 Resultados e conclusões Neste capítulo final serão apresentados os resultados das simulações realizadas baseados nas premissas que foram apresentadas no capítulo cinco. Todos os cálculos foram executados através da planilha eletrônica FLEX XTL.xls e da plataforma de simulação estatística @RISK. É importante lembrar que os resultados obtidos neste estudo foram baseados nas premissas apresentadas e podem ser diferentes da realidade. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA Ao final deste capítulo, serão fornecidas sugestões para futuros estudos em torno do assunto abordado. 6.1. Apresentação dos resultados Ambas as plantas apresentaram viabilidade econômica medida através da metodologia do fluxo de caixa descontado (VPL > 0). No entanto, a flexibilidade operacional para a geração do gás de síntese não foi capturada. Planta sem flexibilidade A: Gás Natural B: Óleo Pesado Valor Presente Líquido (US$ mil) Min Média Max (42.751.000) (20.113.460) 205.688 (2.474.177) 8.081.523 4.743.721 Tabela 15 - Valor Presente Líquido das plantas A e B sem flexibilidade Opção de Input Com a utilização da metodologia de opções reais, é possível quantificar o valor desta flexibilidade operacional. 66 Os resultados encontrados são: Valor Presente Líquido (US$ mil) Min Média Max Planta Flex Input (6.929.425) 35.821.575 VPL Flex Input Valor da Opção 1.500.644 1.294.956 8.306.715 225.192 Tabela 16 - Valor Presente Líquido da planta com flexibilidade de input O valor da opção de conversão foi calculado através da diferença entre o valor presente líquido da planta Flex Input e o da planta A. Uma importante análise a ser considerada é a influência da correlação entre os preços do gás natural e do óleo pesado. Através das séries de preços históricas, foi o encontrado o valor de 0,836 entre os preços dos inputs O gráfico abaixo ilustra o efeito da correlação dos preços no valor de cada planta. Observe como o valor da opção diminui à medida que o fator de correlação aumenta. Planta Flex Input x Correlação 2.500 1.500 VPL (MM US$) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA considerados. 500 (500) 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% (1.500) (2.500) (3.500) Correlação entre os preços do gás natural e óleo pesado (%) VPL - Gás Natural VPL - Óleo Pesado Figura 22 - Valor da opção em função do fator de correlação VPL EXP INPUT 90% 100% 67 Opção de Output A fração de produção de cada cenário utilizado para a precificação da opção de output foi escolhida aleatoriamente e os cenários escolhidos foram: Tipo de Produto (Output) Alpha 1 = 0,89 Cenários Alpha 2 = 0,92 Alpha 3 = 0,90 29% 25% 31% 5% 19,4% 20,7% 39,0% 15,4% 26,0% 23,9% 34,3% 7,7% Nafta Diesel Parafinas Lubrificantes Tabela 17 - Perfis de produção por cenário Da mesma forma que na entrada do sistema, foram calculados os valores PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA de todos os cenários individualmente, sem considerar a flexibilidade de conversão entre cenários. Os resultados obtidos são: Planta sem flexibilidade Cenário Alpha 1 Cenário Alpha 2 Cenário Alpha 3 Valor Presente Líquido (US$ mil) Min Média Max (45.430.660) (42.751.000) (44.692.210) (1.770.475) 205.688 (1.195.451) 7.109.747 8.081.523 7.338.469 Tabela 18 - Valor Presente Líquido dos diferentes perfis de produção Pode-se observar que alguns dos cenários propostos não são viáveis economicamente (VPL<0), enquanto que o cenário alpha 2 apresenta resultado igual à planta de gás natural (as premissas utilizadas nas duas plantas são as mesmas). Com apenas poucos cenários favoráveis, o valor da opção na saída é muito menor quando comparado ao valor da flexibilidade na entrada. Planta Flex Output VPL Flex Output Valor da Opção Valor Presente Líquido (US$ mil) Min Média Max (42.751.000) - 205.783 96 8.082.841 1.318 Tabela 19 - Valor Presente Líquido da planta com flexibilidade de output 68 Por fim, foi analisada uma planta com flexibilidade na entrada e na saída do sistema produtivo. Os valores encontrados são: Planta Total Flex VPL Total Flex Valor da Opção Valor Presente Líquido (US$ mil) Min Média Max (6.929.425) 35.821.575 1.500.738 1.295.050 8.308.034 226.511 Tabela 20 - Valor Presente Líquido de uma planta Total Flex Como se pode observar, a planta Total Flex é a que possui o maior valor econômico e isto se deve pelo fato da mesma possuir um número maior de flexibilidades operacionais. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA A tabela 21 apresenta a consolidação dos resultados encontrados. Valor Presente Líquido (US$ mil) Min Média Max Tipo de Planta A: Gás Natural B: Óleo Pesado Cenário Alpha 1 Cenário Alpha 2 Cenário Alpha 3 VPL Flex Input VPL Flex Output VPL Total Flex Valor da Opção de Input Valor da Opção de Output Valor da Opção Total Flex (42.751.000) (20.113.460) (45.430.660) (42.751.000) (44.692.210) (6.929.425) (42.751.000) (6.929.425) 35.821.575 35.821.575 Tabela 21 - Consolidação dos resultados 205.688 (2.474.177) (1.770.475) 205.688 (1.195.451) 1.500.644 205.783 1.500.738 1.294.956 96 1.295.050 8.081.523 4.743.721 7.109.747 8.081.523 7.338.469 8.306.715 8.082.841 8.308.034 225.192 1.318 226.511 69 6.2. Conclusões Os resultados apresentados na seção anterior mostraram que é possível valorar as flexibilidades de uma planta XTL e algumas conclusões podem ser listadas: i) A planta GTL é economicamente viável quando alimentada somente com gás natural para a produção do gás de síntese. Devido ao baixo rendimento e custo por tonelada relativamente mais caro, a planta alimentada somente com óleo pesado apresentou inviabilidade; ii) Já a planta XTL com flexibilidade na entrada do sistema possui valor muito maior que a planta alimentada somente por gás natural, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA comprovando que a valoração de tal flexibilidade é extremamente importante na tomada de decisão do investimento; iii) Foi possível avaliar o máximo de investimento (valor da opção de input) que se pode gastar com a implantação de uma planta com flexibilidade na entrada. A flexibilidade de operação gera mais valor, uma vez que o valor da opção é muito superior ao investimento de uma unidade de gaseificação de óleo pesado (unidade adicional para tornar a planta flexível); iv) O valor da flexibilidade na saída do sistema é irrelevante frente ao valor da flexibilidade na entrada. Caso a flexibilidade de saída apresente custos de conversão altos, estes poderão “destruir” valor da planta sem flexibilidade (opção out-of-the-money); e v) Uma importante consideração deste estudo é a possibilidade do aumento da produção de um determinado produto, em especial o diesel, já que é possível canalizar uma fração ∆ da produção (curvas do gráfico ASF) para a unidade de hidrocraqueamento. Desta forma, é possível aumentar a produção de diesel para valores superiores ao utilizado nesta pesquisa (20,7%). 70 6.3. Sugestões para futuros trabalhos Futuros estudos em torno do assunto apresentado nesta dissertação podem ser sugeridos, a saber: 1) Um estudo mais apurado do cálculo da flexibilidade na saída do sistema através de informações técnicas mais relevantes. A opção de output teria mais valor caso fosse possível concentrar a produção para apenas um tipo de produto a cada período, isto é, produzir apenas o produto que se obtém o maior fluxo de caixa; 2) Uma estrutura de custos operacionais e de conversão aberta poderá tornar a análise da função lucro mais correta, obtendo-se assim valores econômicos mais próximos da realidade; e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 3) Um estudo considerando as correlações entre os diversos tipos de produtos poderá trazer resultados interessantes para a análise econômicofinanceira, uma vez que o efeito da alta correlação impacta diretamente nos valores das plantas. 7 Referências bibliográficas ANKUM, L. A.; Smit, H. T. A Real Options and Game-Theoretic Approach to Corporate Investment Strategy under Competition in: Financial Management. Vol. 22. p. 241-250. 1993. BRANDÃO, L.; Dyer, J.; The Valuation of R&D Projects with Option to Expand. 4o Encontro de Finanças. Rio de Janeiro, 2004. 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G., Mota, C.: Natural gas chemical transformations: The path to refining in the future. Catalysis Today 101 (2005) 3 –7. THE PETROLEUM ECONOMIST LTD., June 2005. TRIGEORGIS, L.: Real Options - Managerial Flexibility and Strategy in Resource Allocation. MIT Press, Cambridge, MA, 1996, 427 pp. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA WILHELM, D. J. Syngas production for gas-to-liquids applications: technologies, issues and an outlook. Fuel processing technology, no 71, p139-148, 2001. 8 Apêndices e anexos (dP)2 é de ordem dt A Seja dP = αPdt + σPdz , logo (dP)2 é: (dP ) 2 = α 2 P 2 ( dt ) 2 + 2ασ P 2 dtdz + σ 2 P 2 (dz ) 2 , mas o termo (dt)2 e (dt)3/2 (como dt.dz) são desprezíveis frente ao termo dt, temos: (dP) 2 = σ 2 P 2 (dz ) 2 . Prova de que (dz)2= dt: PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 1o E[(dz)2] = dt 2o Var[(dz)2] = 0 Essas duas condições implicarão que (dz)2= dt. E[(dz)2]= dt: Seja o incremento de Wiener dz= ε(dt)1/2, logo aplicando o valor esperado, temos: Ε[(dz ) 2 ] = E[(ε × (dt ) 1 / 2 ) 2 = Ε[ε 2 dt ] = dt × Ε[ε 2 ] , mas a variância de ε é por definição igual a 1 (normal padronizada), ou seja: Var(ε)= 1= E[ε2] – (E[ε])2 = E[ε2] - 0, logo E[ε2]=1, substituindo E[(dz)2]= dt. Var[(dz)2]= 0: Var[(dz) 2 ] = Var[ε 2 × dt ] = dt 2 × Var[ε 2 ] , mas dt2 é aproximadamente zero, logo Var[ε 2 × dt ] = 0 × Var[ε 2 ] = 0 . Isso nos diz que embora dz seja uma variável aleatória com distribuição normal, seu quadro (dz)2 é determinístico. B Tabela parametrizada ASF (Anderson-Schulz-Flory) Alpha Fator 2 Metano GLP Nafta Diesel Parafinas Lubrificantes A (1-a) /a C1 C2-C4 C5-C11 C12-C18 C19-C40 C41+ 1 0,01 98,01 98,0% 2,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 2 0,02 48,02 96,0% 4,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 3 0,03 31,36 94,1% 5,9% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 4 0,04 23,04 92,2% 7,8% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 5 0,05 18,05 90,3% 9,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 6 0,06 14,73 88,4% 11,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 74 7 0,07 12,36 86,5% 13,5% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 8 0,08 10,58 84,6% 15,3% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 9 0,09 9,20 82,8% 17,2% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 10 0,1 8,10 81,0% 19,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 11 12 0,11 0,12 7,20 6,45 79,2% 77,4% 20,7% 22,5% 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 13 0,13 5,82 75,7% 24,2% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 14 0,14 5,28 74,0% 25,9% 0,2% 0,0% 0,0% 0,0% 15 0,15 4,82 72,3% 27,5% 0,2% 0,0% 0,0% 0,0% 16 0,16 4,41 70,6% 29,2% 0,3% 0,0% 0,0% 0,0% 17 18 0,17 0,18 4,05 3,74 68,9% 67,2% 30,7% 32,3% 0,4% 0,4% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 19 0,19 3,45 65,6% 33,8% 0,6% 0,0% 0,0% 0,0% 20 0,2 3,20 64,0% 35,3% 0,7% 0,0% 0,0% 0,0% 21 0,21 2,97 62,4% 36,8% 0,8% 0,0% 0,0% 0,0% 22 0,22 2,77 60,8% 38,2% 1,0% 0,0% 0,0% 0,0% 23 0,23 2,58 59,3% 39,6% 1,1% 0,0% 0,0% 0,0% 24 0,24 2,41 57,8% 40,9% 1,3% 0,0% 0,0% 0,0% 25 0,25 2,25 56,3% 42,2% 1,6% 0,0% 0,0% 0,0% 26 0,26 2,11 54,8% 43,4% 1,8% 0,0% 0,0% 0,0% 27 0,27 1,97 53,3% 44,6% 2,1% 0,0% 0,0% 0,0% 28 0,28 1,85 51,8% 45,8% 2,4% 0,0% 0,0% 0,0% 29 30 0,29 0,3 1,74 1,63 50,4% 49,0% 46,9% 47,9% 2,7% 3,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 31 0,31 1,54 47,6% 48,9% 3,5% 0,0% 0,0% 0,0% 32 0,32 1,45 46,2% 49,9% 3,9% 0,0% 0,0% 0,0% 33 0,33 1,36 44,9% 50,7% 4,4% 0,0% 0,0% 0,0% 34 0,34 1,28 43,6% 51,6% 4,9% 0,0% 0,0% 0,0% 35 0,35 1,21 42,3% 52,3% 5,4% 0,0% 0,0% 0,0% 36 0,36 1,14 41,0% 53,1% 6,0% 0,0% 0,0% 0,0% 37 0,37 1,07 39,7% 53,7% 6,6% 0,0% 0,0% 0,0% 38 0,38 1,01 38,4% 54,3% 7,2% 0,0% 0,0% 0,0% 39 0,39 0,95 37,2% 54,8% 7,9% 0,0% 0,0% 0,0% 40 0,4 0,90 36,0% 55,3% 8,7% 0,0% 0,0% 0,0% 41 0,41 0,85 34,8% 55,7% 9,5% 0,0% 0,0% 0,0% 42 0,42 0,80 33,6% 56,0% 10,3% 0,1% 0,0% 0,0% 43 44 45 0,43 0,44 0,45 0,76 0,71 0,67 32,5% 31,4% 30,3% 56,3% 56,5% 56,6% 11,1% 12,1% 13,0% 0,1% 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 46 0,46 0,63 29,2% 56,7% 14,0% 0,1% 0,0% 0,0% 47 0,47 0,60 28,1% 56,7% 15,1% 0,2% 0,0% 0,0% 48 0,48 0,56 27,0% 56,6% 16,1% 0,2% 0,0% 0,0% 49 0,49 0,53 26,0% 56,5% 17,3% 0,3% 0,0% 0,0% 50 0,5 0,50 25,0% 56,3% 18,4% 0,3% 0,0% 0,0% 51 0,51 0,47 24,0% 56,0% 19,6% 0,4% 0,0% 0,0% 52 0,52 0,44 23,0% 55,6% 20,9% 0,5% 0,0% 0,0% 53 0,53 0,42 22,1% 55,2% 22,2% 0,6% 0,0% 0,0% 54 55 0,54 0,55 0,39 0,37 21,2% 20,3% 54,7% 54,1% 23,5% 24,8% 0,7% 0,8% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 75 56 0,56 0,35 19,4% 53,5% 26,2% 1,0% 0,0% 0,0% 57 0,57 0,32 18,5% 52,8% 27,5% 1,1% 0,0% 0,0% 58 0,58 0,30 17,6% 52,0% 28,9% 1,4% 0,0% 0,0% 59 0,59 0,28 16,8% 51,2% 30,3% 1,6% 0,1% 0,0% 60 0,6 0,27 16,0% 50,3% 31,7% 1,9% 0,1% 0,0% 61 0,61 0,25 15,2% 49,3% 33,1% 2,2% 0,1% 0,0% 62 0,62 0,23 14,4% 48,3% 34,5% 2,6% 0,1% 0,0% 63 0,63 0,22 13,7% 47,2% 35,9% 3,0% 0,2% 0,0% 64 0,64 0,20 13,0% 46,1% 37,3% 3,4% 0,2% 0,0% 65 0,65 0,19 12,3% 44,9% 38,6% 3,9% 0,3% 0,0% 66 0,66 0,18 11,6% 43,7% 39,9% 4,5% 0,4% 0,0% 67 0,67 0,16 10,9% 42,4% 41,1% 5,1% 0,5% 0,0% 68 0,68 0,15 10,2% 41,0% 42,3% 5,8% 0,7% 0,0% 69 0,69 0,14 9,6% 39,6% 43,3% 6,6% 0,8% 0,0% 70 0,7 0,13 9,0% 38,2% 44,3% 7,5% 1,0% 0,0% 71 0,71 0,12 8,4% 36,7% 45,2% 8,4% 1,3% 0,0% 72 73 74 75 0,72 0,73 0,74 0,75 0,11 0,10 0,09 0,08 7,8% 7,3% 6,8% 6,3% 35,2% 33,6% 32,1% 30,5% 46,0% 46,6% 47,1% 47,4% 9,4% 10,4% 11,5% 12,7% 1,6% 2,0% 2,5% 3,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 76 0,76 0,08 5,8% 28,9% 47,6% 14,0% 3,8% 0,0% 77 0,77 0,07 5,3% 27,2% 47,6% 15,3% 4,6% 0,0% 78 79 80 81 0,78 0,79 0,8 0,81 0,06 0,06 0,05 0,04 4,8% 4,4% 4,0% 3,6% 25,6% 23,9% 22,3% 20,6% 47,4% 46,9% 46,2% 45,3% 16,6% 17,9% 19,2% 20,5% 5,6% 6,8% 8,1% 9,7% 0,1% 0,1% 0,2% 0,2% 82 0,82 0,04 3,2% 19,0% 44,2% 21,7% 11,6% 0,3% 83 0,83 0,03 2,9% 17,4% 42,8% 22,8% 13,7% 0,5% 84 85 86 87 0,84 0,85 0,86 0,87 0,03 0,03 0,02 0,02 2,6% 2,3% 2,0% 1,7% 15,8% 14,2% 12,7% 11,2% 41,1% 39,2% 37,0% 34,6% 23,7% 24,5% 25,0% 25,3% 16,0% 18,7% 21,6% 24,7% 0,8% 1,2% 1,7% 2,6% 88 0,88 0,02 1,4% 9,8% 31,9% 25,2% 27,9% 3,7% 89 0,89 0,01 1,2% 8,4% 29,0% 24,8% 31,2% 5,4% 90 0,9 0,01 1,0% 7,1% 26,0% 23,9% 34,3% 7,7% 91 0,91 0,01 0,8% 5,9% 22,7% 22,5% 37,0% 11,0% 92 0,92 0,01 0,6% 4,8% 19,4% 20,7% 39,0% 15,4% 93 0,93 0,01 0,5% 3,8% 16,1% 18,5% 39,9% 21,3% 94 0,94 0,00 0,4% 2,8% 12,8% 15,8% 39,2% 29,1% 95 96 97 98 99 100 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,2% 0,2% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 2,0% 1,3% 0,8% 0,3% 0,1% 0,0% 9,6% 6,6% 4,0% 1,9% 0,5% 0,0% 12,7% 9,4% 6,1% 3,2% 0,9% 0,0% 36,4% 31,3% 23,6% 14,1% 4,7% 0,0% 39,0% 51,2% 65,4% 80,4% 93,7% 100,0% Tabela 22 - Tabela parametrizada ASF (Anderson-Schulz-Flory) Legenda a: fator de probabilidade de crescimento da cadeia Cn: número de carbonos 76 C Estimativa de parâmetros por regressão linear – Movimento de reversão à media Equação de regressão: ln(Pt ) − ln(Pt-1 ) = a + (b − 1) ln(Pt-1) + εt Se 0 < b < 1, teremos indícios de reversão à média. As seguintes fórmulas permitem estimar um processo de reversão para o logaritmo dos preços (Dixit & Pindyck, p.77, corrigido): η= -ln(b)xN, N: dados do período (mensal= 12, diário= 252); 2 × ln b b 2 −1 a + ( 0,5×σ × ; [ P=e (1− b ) 2 N] ; Os valores encontrados pela regressão das séries históricas são: Velocidade de reversão a media Volatilidade Média de longo prazo a b-1 r2 Gas Natural Óleo pesado 0,330 0,200 40,8% 21,7% 4,77 26,48 0,0354 0,0025 (0,0271) (0,0008) 0,0135 0,0002 Nafta 0,344 36,8% 82,51 0,1189 (0,0282) 0,0110 Diesel Lubrificantes 0,025 0,592 2,9% 115,7% 3.504,29 16,02 0,0170 0,0777 (0,0021) (0,0481) 0,0001 0,1062 Parafinas 1,559 91,4% 3,09 0,1025 (0,1219) 0,0614 Tabela 23 - Resultados encontrados através da regressão linear Em nenhuma das séries pode-se rejeitar a hipótese do movimento geométrico Browniano (b -1 muito próximo de zero apesar de ser negativo). Caso a inclinação fosse negativa, é indício de reversão à média. D Sensibilidade do Valor Presente Líquido Sensibilidade - VPL VPL (US$ mil) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA σ =σε 10.000 8.500 7.000 5.500 4.000 2.500 1.000 (500) (2.000) (3.500) (5.000) (6.500) 0,89 0,9 0,92 0,94 0,96 0,98 Fração de Produção (Alpha ) VPL Gás Natural VPL Óleo Pesado Figura 23 - Sensibilidade do Valor presente Líquido VPL Expandido zero 1 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 77 E Distribuição de probabilidade dos resultados encontrados Figura 24: Distribuições de probabilidade dos resultados encontrados Distribuição do VPL - Óleo Pesado Distribuição do VPL - Gás Natural X <=0 X <=7000000 35.509%99.996% 2,5 X <=0 X <=4000000 89.9016% 99.9971% 2,5 M ean = -2474177 M ean = 205687,7 2 Valores em 10^ -7 Valores em 10^ -7 2 1,5 @RISK Student Version For Academic Use Only 1 1,5 @RISK Student Version For Academic Use Only 1 0,5 0,5 0 -50 -40 -30 -20 -10 0 0 -25 10 -20 -15 Valores em Milhões 3,5 X <=7200000,11 99.9974% 0 5 X <=0 X <=7000000 70.0645% 99.9996% 2 M ean = -1770475 1,8 M ean = 1500644 3 1,6 2,5 2 Valores em 10^ -7 Valores em 10^ -7 -5 Distribuição do VPL - Planta Alpha 1 Distribuição do VPL EXP INPUT X <=0 12.5603% -10 Valores em Milhões @RISK Student Version 1,5 For Academic Use Only 1 1,4 1,2 @RISK Student Version 1 For Academic Use Only 0,8 0,6 0,4 0,5 0,2 0 -8 -6 -4 -2 0 2 Valores em Milhões 4 6 8 10 0 -50 -40 -30 -20 Valores em Milhões -10 0 10 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0511105/CA 78 Distribuição do VPL - Planta Alpha 3 Distribuição do VPL - Planta Alpha 2 X <=0 X <=8000000 35.509% 99.9998% 2,5 M ean = -1195451 1,8 M ean = 205687,7 1,6 Valores em 10^ -7 2 Valores em 10^ -7 X <=0 X <=8000000 59.2451% 100% 2 1,5 @RISK Student Version For Academic Use Only 1 1,4 1,2 @RISK Student Version 1 For Academic Use Only 0,8 0,6 0,4 0,5 0,2 0 -50 -40 -30 -20 -10 0 0 -50 10 -40 -30 -20 -10 0 10 Valores em Milhões Valores em Milhões Distribuição do VPL EXP OUTPUT Distribuição do VPL - Planta Total Flex X <=0 X <=8000000 35.508% 99.9998% 2,5 X <=0 12.5603% 3,5 M ean = 205783,3 X <=7200000,11 99.9962% M ean = 1500738 3 Valores em 10^ -7 Valores em 10^ -7 2 1,5 @RISK Student Version For Academic Use Only 1 2,5 2 @RISK Student Version 1,5 For Academic Use Only 1 0,5 0,5 0 -50 0 -40 -30 -20 Valores em Milhões -10 0 10 -8 -6 -4 -2 0 2 Valores em Milhões 4 6 8 10 Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo