2007/2008
A resistência às TI, causas, efeitos e estratégias de
superação
Vasco Alexandre Ferreira Cunha
[email protected]
RESUMO
Este trabalho analisa "A resistência às TI, causas, efeitos e estratégias de superação",
na sua forma mais geral, sendo utilizadas em variadíssimos contextos, perdendo, por
vezes, o seu sentido mais profundo. Numa perspectiva de ensino e aprendizagem, será
conveniente esclarecer alguns conceitos relativos às tecnologias da informação e da
comunicação e definir, com algum rigor, algumas implicações pedagógicas das
mesmas na aprendizagem.
Palavras chave
Informação; tecnologia; conhecimento; sociedade da informação; Professor; Escola;
ensino; aprendizagem; alunos.
1 INTRODUÇÃO
São conhecidas como "Novas Tecnologias da Informação", no então, o conceito é
recente. São tecnologias electrónicas para armazenar, processar e comunicar a
informação. Podem considerar-se duas categorias de tecnologias: as que são capazes
de processar a informação (como os computadores) e as que divulgam a informação,
como os sistemas de telecomunicações. Presentemente estas duas categorias têm
vindo a fundir-se, tendo como principal objectivo disponibilizar a informação com
rapidez, segurança e exactidão.
Contudo, é importante saber, que a Escola enfrenta, hoje, enormes desafios que
exigem uma actualização e reconversão das potencialidades que as novas tecnologias
põem ao seu dispor. Deve ser, portanto, papel dos diversos sistemas que
proporcionam educação investigar e dar resposta às necessidades, expectativas e
projectos de uma sociedade em rápido processo de evolução e de mudança. Essa
investigação deve ser desencadeada no âmbito das Novas Tecnologias da Educação e
sustentada pelas instituições que cumprem, ainda que como actividade complementar
ou subsidiária, essa nobre missão de ensinar, formar e preparar os seus quadros para
o desempenho das suas funções.
2.CONSIDERAÇÕES GERAIS
Actualmente e no que concerne ao Ministério da Educação estão em curso algumas
medidas e projectos nesta área, tais como:
- Designação do coordenador de TIC nas Escolas;
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“O Ministério da Educação definiu as condições para a designação do coordenador de
TIC, bem como as funções que este deve desempenhar, tanto ao nível pedagógico
quanto ao nível técnico” [6].
- Aquisição de portáteis (para apoio a actividade docente);
“As escolas públicas dos 2.º e 3.º ciclos do ensino candidataren-se para obter
computadores portáteis, destinados à utilização individual e profissional das
Tecnologias da Informação e do Conhecimento (TIC) por parte dos professores” [6].
- Ligação de Escolas em banda larga;
“As escolas públicas portuguesas, desde o 1.º ciclo ao ensino secundário, passaram a
estar todas ligadas à Internet em Banda Larga, a partir do mês de Janeir0” [6].
- Professores de 1º ciclo têm formação em informática;
“Os professores do 1.º ciclo tiveram formação no uso educativo das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC), com o objectivo de garantir o domínio de
competências básicas pelos alunos, através da utilização das novas tecnologias em
contexto de sala de aula. (Para a implementação do Projecto Competências Básicas
em TIC nas EB1, o Ministério da Educação (ME)” [6].
- Melhores condições e modernização dos estabelecimentos.
“O Ministério da Educação vai investir na melhoria das condições dos estabelecimentos
do ensino secundário, apostando na modernização das escolas, de forma a criar
condições para dar resposta aos novos desafios que se colocam ao sistema
educativo.” [6].
3 AS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO MARCARAM UMA NOVA ETAPA
NA VIDA DA SOCIEDADE
Segundo Tom Stonier & Cathy Coulin, “A Educação para a Sociedade Industrial
centrou-se no ensino dos Três R’s: LeR, EscreveR e ContaR "[7]. Contudo as
transformações que ocorreram no mundo contemporâneo, motivadas pelo incremento,
desenvolvimento e aplicação das novas tecnologias, conduziram à passagem da
Sociedade Industrial para a Sociedade da Informação. Com efeito, a sociedade em que
vivemos é uma sociedade da comunicação generalizada, marcada pela influência dos
meios de comunicação. Gianni Vattimo afirma que o papel desempenhado pelos meios
de comunicação social caracteriza a nossa sociedade, não como "uma sociedade mais
transparente, mais consciente de si, mais iluminada, mas como uma sociedade mais
complexa, até caótica"[9]. É conhecido que as novas tecnologias estão a reestruturar a
sociedade, a produzir mudanças sociais significativas e não consensuais, a suscitar
dilemas e escolhas éticas e a introduzir rupturas nas concepções político-económicas
dominantes. Independentemente dos modelos de sociedade, desenvolveram-se
concepções que tendem a encarar o desenvolvimento tecnológico a partir de
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perspectivas adversas que poderíamos designar de pessimismo e optimismo
tecnológico. Tanto um, como o outro, parecem ser concepções exageradas. O primeiro,
porque vê toda a tecnologia como um mal, fatalismo. O segundo, por fazer depender
exclusivamente da tecnologia - a felicidade humana.
3.1 O Conceito de Sociedade da Informação
O conceito” Sociedade da Informação”, não é novo. Surgiu nas décadas de 60 e 70,
associado às correntes filosóficas e teorias sociológicas. A expressão "Terceira
Vaga"[8] de Alvin Toffler evidencia o surgimento, depois das revoluções agrícola e
industrial, de uma nova revolução que estará na base da Sociedade da Informação.
Hoje em dia, é indispensável promover o acesso universal à info-alfabetização e à
info-competência, não só como forma de superação de prováveis discriminações
sociais, mas também como medida efectiva no sentido de garantir a sobrevivência das
organizações. Esta preocupação é reveladora do sentido ético que deve estar
subjacente às transformações da sociedade, não sendo, por essa razão, possível
identificar esta posição com o "pessimismo tecnológico". Naturalmente, a ameaça da
info-exclusão existe. Quem não souber no futuro operar com as tecnologias da
informação e da comunicação será um analfabeto funcional.
De acordo com Daniel Bell, o “desenvolvimento crescente da Sociedade da Informação
no pós-industrialismo provocará uma alteração do quadro de referência social, uma vez
que as telecomunicações serão decisivas no modo de encarar as mudanças
económicas e sociais, a aquisição e criação do conhecimento, as mudanças no mundo
do trabalho e das relações sociais” [2].
A Sociedade da Informação criou, através da interactividade, cidadãos activos
conectados com a fonte da informação. A soma da dimensão multimédia com a
interactividade conduziu ao aparecimento do pensamento em rede. Este pensamento
conduziu a um reforço da diversidade e da individualização, pondo fim à uniformidade e
massificação.
A Sociedade da Informação desabrochou pouco antes do limiar do século XXI. O
primeiro passo deu-se com a transformação da informática e das telecomunicações em
protagonistas decisivos dos tempos modernos. A disponibilização de recursos
multimédia e a crescente capacidade de armazenar e gerir dados transformaram
completamente o cenário da informação e da comunicação.
4 PROFESSORES PERANTE AS NOVAS TECNOLOGIAS / UM CORPO ESTRANHO
De acordo com Barbara Kantrowitz no “actual modelo de ensino, o professor ocupa o
papel central, determinando, na maior parte das vezes, o ritmo de aprendizagem.
Aproveitando melhor as novas tecnologias nas escolas, o papel do aluno será mais
proeminente, sendo possível uma aprendizagem mais pessoal, mais rica, mais rápida e
com menos custos. O professor terá sempre um papel importante na ajuda ao aluno.
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Processos selectivos continuarão a ocorrer pela vida fora e é bom que os alunos se
familiarizem com eles” [4]. Trata-se, sem dúvida, de uma mudança drástica.
Quando se tentam concretizar certas mudanças convém conhecer as resistências que
se podem encontrar, para melhor as contrariar. As principais resistências detectadas
quando se pensa em concretizar formas de ensino que façam uso das mais modernas
tecnologias, no ponto de vista de Yvonne Marie Andres[1] num artigo publicado,
situam-se, por um lado, a nível de atitudes e, por outro, a nível da existência, aplicação
e partilha de conhecimentos.
A nível da atitude entenda-se a “tendência natural para desconfiar e rejeitar tudo o que
é novo numa dada actividade. É mais simples fazer as coisas como sempre se fez,
como se aprendeu, do que aprender novas técnicas para o fazer. Existe também uma
resistência natural de alguns educadores a tudo o que ainda não está provado
pedagogicamente. Há ainda a questão do cumprimento dos programas, que leva
alguns professores a não usarem nada que saia do âmbito curricular” [1]. É claro, que
existem muitas pessoas que têm meramente um receio pré-concebido em relação à
própria tecnologia: medo das máquinas, porque pensam que estas podem tomar o seu
lugar.
Outro factor de resistência ao processo de inovação baseado no computador é a falta
de conhecimentos dos educadores sobre as novas tecnologias e as suas capacidades.
O professor pode ter os conhecimentos mas não saber como os pode e deve aplicar
em situações concretas na sala de aula. Podemos ter educadores com os
conhecimentos, e com as ideias sobre a sua aplicação, mas se não existirem as
máquinas e o software adequado pouco ou nada se pode fazer.
Ouve-se constantemente falar em Portugal dos benefícios do uso de computadores nas
escolas: como auxiliares dos docentes na preparação das aulas, como ajuda a um
estudo individualizado e, mais recentemente, como fonte de acesso a bases de dados
e bibliotecas virtuais.
Existem algumas razões para frustação e desânimo. Por um lado, as escolas não
estão, na sua grande maioria, dotadas do material necessário, por não se terem
verificado financiamentos suficientemente avultados para esse efeito. Por outro lado, o
governo tem-se preocupado mais em colocar material nas escolas, e menos com uma
componente essencial do processo que é a sensibilização e a formação dos
professores. Certos casos revelam tambem uma falta de preparação dos professores
para o uso de tecnologias diferentes daquelas em que foram educados. Como afirma
Barbara Kantrowitz “são apenas alguns, poucos, professores, que por meio da partilha
dos seus conhecimentos e experiências, vão lentamente concretizando algumas
mudanças nas suas formas de ensinar” [4].
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Nos cursos de formação educacional, existem já certas disciplinas onde se ensinam os
alunos a programar e a trabalhar com as novas tecnologias. E os outros professores,
os que já estão no sistema e que nunca tiveram oportunidade de aprender a trabalhar
com computadores? Para todos estes, o Ministério da Educação julga que resolve
rapidamente o problema disponibilizando alguns computadores. Quem vive de perto os
problemas de uma escola sabe que tal solução não resolve nada. Não é com uma mão
cheia de computadores e alguns programas que se altera toda uma situação de falta de
prática. Há que ensinar os professores a manusear minimamente os computadores e a
trabalhar forma útil com eles. É óbvio que tem de se fornecer equipamento adequado
às escolas, mas não se deve esquecer a formação dos professores.
“Sem essa formação adicional para lidar com as novas tecnologias, os professores
acabam por "arrumar" os computadores numa sala. Esta sala é designada por "sala de
computadores", enfatizando assim o isolamento entre o cenário da máquina e o da
verdadeira aprendizagem, que só ocorrerá nas salas comuns. Ainda há muito a fazer
para que o computador seja integrado na sala de aula como uma ferramenta, tal como
a caneta, o papel, o quadro ou o vídeo” [4].
Compete aos vários intervenientes do processo educativo mudar esta situação.
Aqueles que têm mais facilidade em lidar com os computadores podem e devem
transmitir os seus conhecimentos aos colegas, mostrando-lhes as potencialidades das
máquinas nas salas de aula, bibliotecas, salas de estudo, etc. Competirá ao Ministério
da Educação promover ou apoiar acções de formação sobre as novas tecnologias
computacionais nas escolas.
Desde que se assegure a motivação e a formação dos professores haverá muito a
ganhar.
Com as redes de computadores e as novas tecnologias de comunicação, os
estudantes aprendem a pensar como cidadãos da "aldeia global", vendo o mundo, e o
seu lugar nesse mundo, de uma forma bastante diferente da dos seus pais. A
informação circula agora livremente ultrapassando fronteiras de vários tipos,
percorrendo todo o mundo directamente de onde aconteceu o facto até onde estiver
alguém que dele queira ter conhecimento. Em muitas circunstâncias, a informação que
não é filtrada, seleccionada, comentada ou interpretada torna-se mais pessoal e,
consequentemente, mais real. Uma vantagem também óbvia é a diminuição das
desigualdades entre os alunos do interior e os dos grandes centros, para não falar das
diferenças entre países.
Com professores sensibilizados para o uso das novas tecnologias, as mudanças serão
necessariamente mais rápidas. As estratégias de ensino e aprendizagem irão evoluir
mais rapidamente. Os estudantes, ao comunicarem com pessoas em locais mais ou
menos distantes, começam a compreender, a apreciar e respeitar as semelhanças e
diferenças entre línguas, culturas e políticas.
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5. OS EFEITOS PROFUNDOS QUE AS NOVAS TIC TÊM TIDO, TARDAM A SURGIR
NA INSTITUIÇÃO EDUCATIVA… PORQUÊ?
A grande razão é que a entrada na Sociedade da Informação implica um novo papel
para a escola que ainda não foi por esta completamente interiorizada. “O papel
fundamental da escola já não é o de preparar uma pequena elite para estudos
superiores e proporcionar à grande massa os requisitos mínimos para uma inserção
rápida no mercado de trabalho. Pelo contrário, passa a ser o de preparar a totalidade
dos jovens para se inserirem de modo criativo, crítico e interveniente numa sociedade
cada vez mais complexa, em que a capacidade de descortinar oportunidades, a
flexibilidade de raciocínio, a adaptação a novas situações, a persistência e a
capacidade de interagir e cooperar são qualidades fundamentais”[5].
5.1 A Escola do Futuro
A evolução rápida do conhecimento e da técnica e a proliferação da informação exigem
um novo desempenho das instituições. A Escola deve ajudar cada aluno a adquirir
saberes e competências de base, a facilitar a adaptação à mudança e a desenvolver o
gosto e a capacidade de aprender e reaprender ao longo da vida. A crescente
quantidade de informação necessária para qualquer actividade e o facto de esta se
encontrar cada vez mais disponível fizeram com que os tradicionais sistemas de
informação se encaminhassem rapidamente para um estado de obsolescência. É no
entanto importante a necessidade de adaptar os sistemas de ensino a esta nova
realidade que se caracteriza pelo reduzido tempo de vida útil do conhecimento e pela
urgência de repensar os conceitos de escola, educação, ensino e aprendizagem.
A educação deve transmitir, cada vez mais, saberes adaptados a uma Sociedade da
Educação como base das competências do futuro. Da tradicional transmissão dos
saberes, evoluiu-se para uma Sociedade do Saber baseada na capacidade individual
da construção dos conhecimentos, onde as tecnologias da informação e da
comunicação são instrumentos ao serviço dessa construção. Deste modo, a Sociedade
da Informação será marcada pela primazia do saber.
A Escola do Futuro deve incutir a arte de pensar e aprender ao longo de toda a vida,
estimular e desenvolver a motivação pela aprendizagem, atribuindo aos alunos um
papel activo no processo de aprendizagem.
O novo modelo de ensino emergente requer um novo modelo de escola, quer em
termos de espaço geográfico, quer em termos de equipamentos. Será mais uma
escola-centro de recursos, baseada nas novas tecnologias com menos salas de aulas
tradicionais e mais centros de documentação e informação.
O novo papel que a Escola deve desempenhar pode ser cumprido se existirem
programas mais flexíveis, competências interdisciplinares e ensino individualizado,
reforço da capacidade de ensino, graças a uma melhoria da formação inicial e contínua
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e à utilização mais adaptada das novas tecnologias e dos meios. A educação deve
facultar a todos a possibilidade de dispor, recolher, seleccionar, ordenar, gerir e utilizar
a informação. A Escola deve tirar partido da profunda revolução no mundo da
comunicação operada pela digitalização da informação, pelo aparecimento da
multimédia e pela explosão das redes telemáticas. Tais modelos de ensino e de escola
exigem uma nova qualificação e um novo perfil do professor na Sociedade da
Informação.
5.2 O Perfil do Professor na Escola do Futuro
A importância do papel do professor enquanto agente da mudança, favorecendo a
compreensão mútua e a tolerância, ganha actualmente maior significado. É inegável
que os professores desempenham um papel importante na formação de atitudes face
ao processo de ensino e aprendizagem. Cumpre-lhes a árdua e difícil tarefa de
despertar nos alunos o espírito de curiosidade, o desenvolvimento da autonomia, do
rigor intelectual e a criação de condições indispensáveis para a promoção do sucesso
da educação informal e da educação permanente.
Se é certo que ensinar é uma arte e que nada pode substituir a riqueza do diálogo
pedagógico, a revolução mediática abre hoje ao ensino vias jamais exploradas. As
tecnologias da informação e comunicação multiplicaram enormemente as
possibilidades de busca de informações e os equipamentos interactivos e multimédia
colocaram à disposição dos alunos um manancial inesgotável de informações. Por isso,
os alunos tornaram-se investigadores. Uma das funções dos professores consistirá,
doravante, em ensinar os alunos a gerir, na prática, a informação que lhes chega. Ora,
esta função introduziu uma nova forma de relacionamento entre alunos e professores.
É evidente que a introdução e desenvolvimento das novas tecnologias e sua aplicação
ao ensino em nada diminuiu o papel do professor. O professor deixou de ser o único
detentor do saber e passou a ser um gestor das aprendizagens e um parceiro de um
saber colectivo. Compete ao professor exercer toda a sua influência no sentido de
organizar o saber que, muitas vezes, é debitado de uma forma caótica, sem espírito
crítico e sem eficácia. O novo perfil do professor levará, decididamente, a situá-lo na
vanguarda do processo de mudança que a Sociedade da Informação pôs em marcha.
Para habilitar o professor a assumir este novo papel, é indispensável que a sua
formação inicial e contínua lhe confira um domínio significativo destes novos
instrumentos pedagógicos. Os professores devem ainda revelar sensibilidade em
relação às modificações profundas que as novas tecnologias provocam nos processos
cognitivos.
No futuro, os professores têm que ensinar os alunos e também pesquisar e relacionar
entre si diversas informações, despertando neles o espírito crítico.
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6 CONCLUSÃO
São enormes os desafios lançados à educação. Muitos afirmam que o notável
progresso tecnológico e científico não trouxe mais equilíbrio entre o homem e a
natureza.
Vivemos hoje momentos de tensão, entre o local e o global, o universal e o singular, a
tradição e a modernidade, em suma, a tensão eterna entre o curto e o longo prazo,
alimentada hoje pelo predomínio do momentâneo. Não podemos dizer com segurança
que estamos suficientemente preparados para enfrentar os desafios que o futuro nos
lança. Rapidamente nos sentimos ultrapassados pelas tecnologias avançadas. Por
conseguinte, há que definir os desafios e tensões, a fim de propor novas estratégias
educativas. A própria Escola fala hoje uma nova linguagem: a linguagem da
velocidade, da eficácia e da mudança. Esta nova atitude da Escola pode não ser
suficiente para superar os desafios e tensões.
Pensa-se na necessidade de uma actualização constante, em reformas educativas que
sejam acompanhadas da tomada de consciência dos perigos de exclusão. O ensino ao
longo da vida apareceu mais recentemente como uma proposta de solução para a mais
dolorosa das exclusões - a exclusão devida à ignorância.
O afastamento da relação clássica professor-aluno para um novo eixo de referência em
que a ferramenta multimédia desempenha uma função de mediação, alterou
significativamente a correlação de forças. A introdução de ambientes com tecnologia
integrada evidenciou que o professor deixou de ser o único protagonista na
transmissão da informação e do conhecimento. Sem pôr em causa a importância do
professor, reconhece-se hoje que a Escola do Futuro exige que os professores
desempenhem um novo papel, consolidado na facilitação dos processos de
aprendizagem.
As telecomunicações desenvolveram modalidades de comunicação de grupo, ou seja,
a possibilidade de pessoas geograficamente distantes poderem comunicar através do
som e da imagem.
As diversas investigações realizadas mostraram que o Ensino Assistido por
Computador, quando usado exclusivamente como suplemento do ensino tradicional,
pode ter um efeito positivo, promovendo uma melhor e mais rápida aprendizagem de
certas matérias.
Os desafios da Sociedade da Informação exigem respostas eficazes daqueles que se
situam no contexto educativo. Não se pode olhar para este problema como um
fenómeno distante, sem efeitos significativos no nosso quotidiano. As fobias, os
receios, as angústias e incertezas que o futuro gera no domínio das tecnologias da
comunicação e informação devem ser por todos partilhados. No entanto, eles não
devem afectar a nossa capacidade de reflexão e decisão.
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Num mundo qual "aldeia global", acessível num leve gesto de digitalização, torna-se
fulcral conciliar a formação com a informação que, de uma forma fácil e sedutora, se
encontra disponível nas redes telemáticas. A procura, selecção, organização,
tratamento, utilização e produção da informação devem ter como horizonte último de
referência a pessoa humana vista como elemento vital da organização ou instituição a
que pertence. Dewey afirmou que a educação "deve ajudar o aluno a funcionar sem
certezas num mundo de mudanças constantes e ambiguidades que confundem"[3]. A
escola e as Instituições têm revelado capacidades sabendo adaptá-las ao processo
educativo.
REFERÊNCIAS
1. Y. M. Andres. Education and the electronic frontier.
2. D. Bell. The Coming of postindustrial society, a venture in social forecasting,
Harmonds-worth, Penguin, 1974.
3. J. Dewey. Democracia y educación, Madrid, Morata, 1995.
4. B. Kantrowitz. Living up to early promise - how teachers will have to adapt to today´s
new tecnology, Newsweek, p. 26, 1994.
5. O Ensino da Matemática na Sociedade da Informação, Editorial da revista
Educação Matemática (APM), Nº 45, pp 1-2.
6. Site: http://www.professores.pt
7. T. Stonier & C. Conlin. The theree Cs: children, computers, and communication,
Chichester: John Wiley, 1985.
8. A. Toffler. Os Novos Poderes, Lisboa, Livros do Brasil, 1987.
9. G. Vattimo. A sociedade transparente, Lisboa, Ed. 70, p.3, 1991.
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