Ação na Justiça para corrigir distorções do Mais Médicos Ação Cívil Pública cobra isonomia e imediata retirada do Programa Mais Médicos dos municípios que substituíram médicos bem como a readmissão dos que foram demitidos A principal frente de luta são as ruas, onde a mobiliação dos médicos ganha visibilidade. Mas o direito da categoria tem, também, que ser cobrado na Justiça O Sindimed ingressou com uma ação civil pública no Tribunal Regional Federal, no dia 26 de março, visando corrigir distorções e contradições do Programa Mais Médicos. A ação pede a readmissão dos profissionais brasileiros demitidos em decorrência do programa e o descredenciamento dos municípios que procederam a substituição dos médicos já existentes por profissionais do Mais Médicos. As denúncias partem de vários municípios: Cipó, Lagoa Preta, Nova Fátima, Rui Barbosa, Lafayete Coutinho, Mundo Novo, Seabra e Caldeirão Grande. Todos eles são citados na ação. A intenção dos gestores desses municípios é baratear as despesas com a saúde, já que a bolsa do Mais Médicos é paga pelo Governo Federal. Esses casos caracterizam o desvio de finalidade do Programa, que é levar médicos para os rincões mais distantes do País e periferias. O município de Anagé, que também substituiu médicos, foi alvo de intervenção rápida por parte do Ministério Público Federal que conseguiu reverter o afastamento de vá- 12 | Luta Médica • Abril/Junho 2014 rios médicos, através de um Termo de Ajuste de Conduta. Outra exigência do Sindicato na ação proposta é a cobrança da isonomia dos médicos bolsistas residentes com os inscritos no Programa, já que o profissionais se encontram em uma mesma situação jurídica e fática e são tratados de maneiras diferentes. A bolsa paga pelo Programa é de R$ 10 mil, valor que ultrapassa – muitas vezes, até o dobro o que é pago pelos municípios a diversos médicos que atuam na mesma área dos participantes do Programa. Programa eleitoreiro Para Luiz Américo Câmara, diretor do Sindimed, o objetivo desse Programa é meramente publicitário, visando as eleições. “É inconcebível uma iniciativa que, supostamente visa ampliar o acesso da população aos médicos, causar a demissão de profissionais que já estavam lá”, conclui o diretor. O programa do Governo Federal foi lançado em 2013, através da Medida Provisória n° 621, e deu origem à lei n° 12.871, de 22 de outubro de 2013. O objetivo do Mais Médicos é levar profissionais para cidades afastadas e periferias dos grandes centros urbanos, trazendo médicos de outros países para isso. O problema é que esses intercambistas não precisam fazer a prova do Revalida, exame federal instituído para validar, no Brasil, o diploma de medicina obtido no exterior. Tal exame avalia se o profissional é, de fato, médico e se tem capacidade para exercer a medicina em nosso País.