AULÕES ESPECÍFICOS (AULA 1) UFU – 2015/02 PROF. JOÃO GABRIEL DA FONSECA [email protected] O Surgimento da filosofia Linha do tempo da filosofia clássica: Século VI e V a.C. Século V e IV a.C. Filosofia Pré-Socrática Século V e IV a.C. Filosofia Socrática Filosofia Helenística Período Pré-socrático ou Cosmológico • Os primeiros filósofos, portanto, surgiram na região da Jônia e da Magna Grécia, por volta do século VI e V a.C. • Conhecidos como Físicos da Jônia, seu campo de estudo era a natureza (Physis) • Seu objetivo era descobrir qual a substancia primordial (Arché) subjacente à toda natureza, estabelecendo assim uma cosmologia Compreensão racional : Ordem; harmonia Tales de Mileto Tales aparece como o iniciador da filosofia, é porque seu esforço em buscar o princípio único da explicação do mundo não só constituiu o ideal da filosofia como também forneceu impulso para o próprio desenvolvimento dela. O Arché era a água, pois tudo o que é vivo, orgânico, depende de água para existir Tales antecipa a teoria evolucionista ao afirmar que: “O mundo evoluiu da água por processos naturais e sobrevive aquele que está melhor capacitado". Anaximandro de Mileto • Introduziu o termo Arché – principio elementar • o a-peiron (ilimitado) era o princípio e o elemento das coisas existentes • o Universo era eterno e infinito. Um número infinito de mundos existiram antes do nosso. Após sua existência, eles se dissolveram na matéria primordial (a-peiron) e posteriormente outros mundos tornaram a nascer • O apeíron, enquanto massa gerativa, contém, em si mesmo, os elementos contrários que por um processo de associação e dissociação (corrupção) produzem a infinidade de seres, sujeitos aos ciclos das necessidades Anaxímenes de Mileto • Há uma só natureza subjacente que é ilimitada, não porém indefinida • Esta natureza, ou elemento natural (arché) era o Ar • Esta substância diferencia-se nas substâncias, por rarefação e condensação. Rarefazendo-se, torna-se fogo; condensando-se, vento, depois, nuvem, e ainda mais, água, depois terra, depois pedras, e as demais coisas provêm destas. Também ele faz eterno o movimento pelo qual se dá a transformação. HERÁCLITO (FOGO) MUDANÇA E DEVIR Heráclito de Éfeso (540 476 a.C.): • Arché: Fogo/Transmutação • Fluxo e devir • Dialética: Luta de opostos Pensamento: A luta é mãe, rainha e princípio de todas as coisas Tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sobre ti O logos, no pensamento de Heráclito, é o princípio, ou seja, é o mundo como devir eterno, é a guerra entre os contrários que possuem em si mesmos a existência própria e do oposto, é a unidade da multiplicidade na qual “tudo é um”, é o fogo, é o conhecimento verdadeiro. O logos é a exposição de um único mundo comum a todos. PARMÊNIDES CONTRARIA HERÁCLITO. 2. (Ufu 2013) De um modo geral, o conceito de physis no mundo pré-socrático expressa um princípio de movimento por meio do qual tudo o que existe é gerado e se corrompe. A doutrina de Parmênides, no entanto, tal como relatada pela tradição, aboliu esse princípio e provocou, consequentemente, um sério conflito no debate filosófico posterior, em relação ao modo como conceber o ser. Para Parmênides e seus discípulos: a) A imobilidade é o princípio do não-ser, na medida em que o movimento está em tudo o que existe. b) O movimento é princípio de mudança e a pressuposição de um não-ser. c) Um Ser que jamais muda não existe e, portanto, é fruto de imaginação especulativa. d) O Ser existe como gerador do mundo físico, por isso a realidade empírica é puro ser, ainda que em movimento. Resposta da questão 2: [B] O conceito de physis entre os pré-socráticos expressa basicamente o princípio gerador, constituinte e ordenador de todas as coisas. Segundo Parmênides, este princípio é aquilo que racionalmente compreendemos ser sempre e nunca mutante, sendo o seu contrário justamente o não-ser. O método socrático O método socrático consiste na utilização de um discurso caracterizado pela maiêutica (levar ou induzir uma pessoa, por ela própria, ou seja, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida) e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado Ironia Fase re-construtiva Fase Des-construtiva Maiêutica PROF. JOÃO GABRIEL (SOCIOLOGIA e FILOSOFIA) A teoria essencialista de Sócrates Diferente dos Sofistas, Sócrates defende a existência de um saber universalmente válido, que decorre do conhecimento da essência humana, a partir da qual se pode conceber a fundamentação moral universal. Essência humana Alma (psykhé) Caminho para o autoconhecimento Consciência intelectual Elemento distintivo entre homens e animais; Sede da razão, nosso eu consciente. Razão Consciência moral Sócrates se constitui como o precursor das teorias essencialistas, justamente por defender uma concepção metafísica de natureza humana Teoria de MUNDOS em Platão (428/427 – Atenas, 348/347 a.C.) Segundo Platão, o homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes, mutáveis e são imagens da realidade inteligível. O acesso à realidade inteligível pode se dar por meio da reminiscência “Mito” ou “Alegoria da Caverna” (Capítulo VII – A República) Inteligível : Bem ou Verdade total: SOL Sensível Mundo das Ideias • Essência • Formas e ideias perfeitas • Pensamento Mundo Sensível • Aparência • Aproxima-se da perfeição • Cópia imperfeita EXEMPLO: CADEIRA CADEIRA A – CADEIRA B - Essência em comum - Aparência diversa Como chegar à Ideia? Os sentidos não chegam Caminho: PENSAMENTO/RAZÃO PROF. JOÃO GABRIEL (SOCIOLOGIA e FILOSOFIA) A ética do “meio termo” em Aristóteles Assim como Platão, Aristóteles também desenvolveu um racionalismo ético, sem contudo admitir o dualismo corpo-alma de Platão. A ética aristotélica é pautada no homem concreto e destina-se a fazer com que este atinja o seu fim último: a felicidade Homem concreto Ética Busca pela FELICIDADE • A virtude é a permanente disposição de caráter para querer o bem, o que supõe a coragem e assumir os valores escolhidos e enfrentar os obstáculos que dificultam a ação; • Assim como a virtude intelectual se adquire pelo aprendizado, a virtude moral se adquire pela prática, do hábito • Teoria da mediania => Toda virtude é boa quando controlada no seu excesso e na sua falta; agir virtuosamente é encontrar o justo meio entre dois extremos. Tanto para Aristóteles quanto para Platão, a ética estava vinculada à vida política. Aristóteles se refere mesmo à ética como sendo um ramo da política, já que a primeira trataria do bemestar individual enquanto a segunda trataria do bem-comum 3. (Ufu 2013) O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e respostas. Sócrates considerava o diálogo como a forma por excelência do exercício filosófico e o único caminho para chegarmos a alguma verdade legítima. De acordo com a doutrina socrática, a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia. b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filosófica. c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística. d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas humanos é sanada pelo homem, medida de todas as coisas. Resposta da questão 3: [A] É um tanto complicado dizer que Sócrates ministrava aulas com a finalidade de transmissão dos seus conhecimentos, pois como é sabido o filósofo se gabava de ser um parteiro de ideias (cf. Teeteto). Isso nos leva necessariamente à consideração de que o conhecimento era do interlocutor e o seu trabalho consistia em fazer isto ser concebido. A natureza, o cosmos, possui enorme importância para a filosofia desenvolvida por Platão; podemos observar isso na leitura da República (Livro VI, por exemplo).