Instituto Politécnico de Coimbra Instituto Superior de Engenharia Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia Nelson Miguel Caldeira Brás Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em Automação e Comunicações em Sistemas de Energia COIMBRA Dezembro 2011 Instituto Politécnico de Coimbra Instituto Superior de Engenharia Intervenção em Redes Elétricas de Distribuição de Energia Orientadores: Adelino Pereira Prof. Adjunto, ISEC Dulce Coelho Prof. Adjunta, ISEC Eng.º José Rodrigues Cardoso Empresa Bragalux Nelson Miguel Caldeira Brás Relatório de Estágio para obtenção do Grau de Mestre em Automação e Comunicações em Sistemas de Energia COIMBRA Dezembro 2011 Agradecimentos Em primeiro lugar, tenho de agradecer à minha família pelo apoio incondicional prestado durante esta fase da minha vida. Agradeço todo o esforço, sem o qual não tinha sido possível chegar ao fim desta etapa. O meu agradecimento ao Eng.º José Cardoso pela disponibilidade permanente para ajudar e pela compreensão nas diversas fases do estágio. Quero também agradecer aos meus orientadores, Eng.ª Dulce Coelho e Doutor Adelino Pereira, por, em todos os momentos, terem demonstrado toda a sua disponibilidade, no acompanhamento e ajuda na elaboração deste relatório. De forma geral, agradeço ainda a todos os colaboradores da empresa Bragalux e da EDP Distribuição de Aveiro, que direta ou indiretamente contribuíram para o meu crescimento a nível técnico e pela prestabilidade que sempre demonstraram. iii Resumo A distribuição de energia elétrica tem um papel preponderante no bem-estar e funcionamento da sociedade atual, pelo que deve ser alvo de uma abordagem séria e cuidada, tanto a nível técnico como prático. Este relatório tem como principal objetivo o enquadramento das várias atividades desenvolvidas no setor da distribuição de energia, desde a construção à manutenção. Apresenta ainda uma descrição do trabalho desenvolvido durante o estágio, onde se analisam algumas das tarefas associadas às redes elétricas de Baixa (BT) e Média Tensão (MT). O trabalho decorreu em contexto operacional, durante nove meses, ao serviço da Bragalux, SA, na Área Operacional de Aveiro. Durante este período foram desenvolvidas experiências no contexto real do dia-a-dia dos processos envolvidos na distribuição de energia elétrica, incluindo: construção de novos troços, gestão de materiais, gestão de equipas, acompanhamento de todo o processo de gestão de avarias, bem como várias questões englobadas nas atividades de orçamentação. Devido à diversificação das atividades e conceitos apreendidos nesta área optou-se por destacar as atividades base, tais como os processos necessários para atingir os objetivos propostos. Uma vez que todas as atividades são geridas por objetivos, é necessário uma análise e verificação sistemáticas aos processos diariamente implementados, para garantir as metas acordadas. O estágio teve como objetivo a integração no mundo do trabalho, o que obrigou a assumir responsabilidades, a aplicar os conhecimentos teóricos em situações práticas, a desenvolver capacidades de decisão e a superar desafios propostos. Palavras-chave: Energia Elétrica; Redes de Distribuição; Redes de Baixa Tensão; Redes de Média Tensão v Abstract Electricity distribution has a major role in the well-being and functioning of modern societies. In this context, electricity distribution should be handled through the use of a serious and thorough approach, both from technical and practical points of view. This report aims at presenting the framework of the various activities in the field of electricity distribution, from construction to maintenance. A description of the work carried out during this training phase is also provided, where it was discuss some of the tasks associated with the electricity networks of low and medium voltage. The work took place in an operational context, during a nine month period in Bragalux, SA, at the Operational Area of Aveiro. During this period experiments were carried out in a real day-to-day context involved in the distribution of electricity, including: construction of new sections, materials management, team management, monitoring the whole process of failures management, and different issues related with budgeting activities. Due to the diversification of activities and concepts learned in this area it was decided to focus on the basic activities, in particular in those assuring the accomplishment of the targets and goals imposed. Since all the activities are only managed through the use of goals and specific targets (and measures), a systematic review and verification of the processes implemented is needed to ensure targets achievements on a daily basis. The main purpose of this training phase was to allow for the integration in the real labor market, forcing us to assume responsibilities, to apply theoretical knowledge in real situations, to develop decision's skills and to overcome the challenges faced. Keywords: Distribution Networks, Electricity; Low Voltage Networks, Medium Voltage Networks vii Índice Agradecimentos iii Resumo v Abstract vii Índice ix Lista de Figuras xiii Lista de Tabelas xv Nomenclatura 1 Introdução xvii 1 1.1 Enquadramento do Trabalho 1 1.2 Objectivos do Trabalho 2 1.3 Estrutura do Documento 2 2 Rede Baixa Tensão 3 2.1 Características da Rede Baixa Tensão 3 2.1.1 Características das Redes Aéreas 4 2.1.1.1 Redes Aéreas estabelecidas em condutores não isolados 2.1.1.2 Redes Aéreas em cabo torçada 2.1.1.2.1 Acessórios da rede torçada 4 5 6 2.1.1.2.2 Dimensões da Rede 7 2.1.2 Características das Redes Subterrâneas 2.1.2.1 Condutores enterrados diretamente no solo 2.1.2.2 Condutores entubados 8 8 9 2.1.3 Armários de Distribuição 10 2.2 Ligações à Rede de Baixa Tensão 10 2.2.1 Construção dos Elementos de Ligação 2.2.2 Encargos com a Ligação 2.2.3 Reforço das Redes 2.2.4 Portinholas 2.2.5 Fusíveis e bases 2.2.6 Caixas de contagem 10 10 11 11 12 12 2.2.7 Colocação de Equipamentos de Contagem 2.2.8 Condutores para ramais 13 16 ix 2.2.9 Critérios de Dimensionamento das Redes de Baixa Tensão 2.2.10 Iluminação Pública 3 Rede Média Tensão 16 20 21 3.1 Projeto de Postos de Transformação 21 3.1.1 Postos de Transformação Aéreos 22 3.1.2 Postos de Transformação em Cabine 23 3.1.2.1 Postos de Transformação em Cabine Alta (PTCA) 3.1.2.2 Postos de Transformação em Cabine Baixa (PTCB) 3.2 Linhas de Média Tensão Aéreas (LAMT) 24 25 25 3.2.1 Fase da Preparação da Obra 26 3.2.2 Fase de Execução da obra 27 3.3 Linhas de Média Tensão Subterrâneas (LMTS) 4 Tarefas Realizadas 4.1 Projecto/ Orçamentação 4.1.1 Levantamentos Rede Baixa Tensão 4.2 Gestão de Obra 4.2.1 Gestão de Materiais 4.3 Manutenção Postos de Transformação 4.3.1 Inspecção a Postos de Transformação 4.3.2 Manutenção Integrada 4.4 Indicadores Qualidade de Serviço 4.4.1 SAIDI- Tempo médio das interrupções do sistema 4.4.2 SAIFI- Frequência média das interrupções do sistema 4.4.3 TIEPI-Tempo de interrupção equivalente da potência instalada 38 45 45 45 47 48 49 51 50 55 55 56 57 4.5 Sistema de Gestão de Mobilidade de Equipas 58 4.6 Assistência a Clientes e Manutenção Corretiva 61 4.6.1 Análise por Concelho - Concelho Anadia (AND) - Concelho de Águeda (AGD) - Concelho de Oliveira do Bairro (OBR) 62 62 63 64 4.7 Construção da Linha de Média Tensão Aérea 15 kV ―AE MT AND0234-SGLAND‖ 5 Conclusões x 67 69 6 Referências Bibliográficas 71 ANEXO I 73 ANEXO II 75 ANEXO III 77 ANEXO IV 79 ANEXO V 81 ANEXO VI 83 ANEXO VII 85 ANEXO VIII 87 ANEXO IX 89 ANEXO X 91 xi Lista de Figuras Fig. 2.1.Topologia Radial. .......................................................................................................... 3 Fig. 2.2. Disposição da Rede Aérea em condutores não isolados .............................................. 4 Fig. 2.3. Rede Torçada................................................................................................................ 5 Fig. 2.4. Caixa de proteção de rede ............................................................................................ 6 Fig. 2.5. Pinça de Amarração ..................................................................................................... 7 Fig. 2.6. Pinça de Suspensão ...................................................................................................... 7 Fig. 2.7. Distância entre vãos ..................................................................................................... 8 Fig. 2.8. Colocação de cabos diretamente no solo...................................................................... 9 Fig. 2.9. Condutores Subterrâneos.............................................................................................. 9 Fig. 2.10. Armário de Distribuição Tipo X .............................................................................. 10 Fig. 2.11. Instalação de utilização com poste encostado ou intercalado .................................. 13 Fig. 2.12. Instalação de utilização e fachada confinante com a via pública ............................. 14 Fig. 2.13. Instalação em edifícios colectivos ............................................................................ 15 Fig. 3.2. Seccionador e Interruptor-Seccionador ...................................................................... 23 Fig. 3.1. Posto de Transformação Aéreo variante AS e AI ...................................................... 23 Fig. 3.3. Posto de Transformação em cabine alta ..................................................................... 24 Fig. 3.4. Posto de Transformação do Tipo CBU e CBL........................................................... 25 Fig. 3.5. Piquetagem para colocação de apoios betão de MT .................................................. 27 Fig. 3.6. Funções dos apoios..................................................................................................... 29 Fig. 3.7. Pórtico ........................................................................................................................ 29 Fig. 3.8. Cadeia de suspensão ................................................................................................... 31 Fig. 3.9. Cadeia de Amarração ................................................................................................. 31 Fig. 3.10. Armação tipo esteira horizontal (HPT4) .................................................................. 32 Fig. 3.11. Armação tipo esteira horizontal (HRSFC) ............................................................... 32 Fig. 3.12. Armação tipo triângulo para alinhamento (TAN) .................................................... 33 Fig. 3.13. Armação tipo galhardete para alinhamento (GAN) ................................................. 33 Fig. 3.14. Ligação dos eléctrodos de terra ................................................................................ 35 Fig. 3.15. Execução de terra de proteção .................................................................................. 35 Fig. 3.16. Ligação de poste com Seccionador horizontal à terra .............................................. 36 Fig. 3.17. a) Seccionador Horizontal e b) Seccionador Vertical .............................................. 38 Fig. 3. 18. Abertura de vala e colocação de Passadeira de Acesso .......................................... 40 Fig. 3. 19. Compactação e Reposição de Pavimento ................................................................ 43 Fig. 4.1. Ficha técnica de remodelação de rede ........................................................................ 46 Fig. 4.2. Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia (PFE) .................................... 46 Fig. 4.3. Ficha Técnica de modificação de rede ....................................................................... 47 Fig. 4.4. Aplicação de Gestão de Obras ................................................................................... 48 Fig. 4.5. Aplicação de Controlo de Fornecimento de Materiais ............................................... 48 Fig. 4.6. Aplicação de gestão de Stock ..................................................................................... 49 Fig. 4.7. Seccionador com Isolador danificado ........................................................................ 52 Fig. 4.8. Posto de Transformação sem Terra de Protecção ...................................................... 52 Fig. 4.9. Armário danificado .................................................................................................... 53 xiii Fig. 4.10. Anomalias detectadas PT 50 Águeda ...................................................................... 53 Fig. 4.11. Anomalias detectadas na inspecção ao PT 19 Anadia ............................................. 54 Fig. 4.12. Placa de travessia MT danificada ............................................................................ 54 Fig. 4.13. Sistema de Gestão de Equipas (GME)..................................................................... 60 Fig. 4.14. Distribuição por tipo de Avaria ............................................................................... 62 Fig. 4.15. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 63 Fig. 4.17. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 64 Fig. 4.16. Distribuição por tipo de avaria concelho de Águeda ............................................... 63 Fig. 4.18. Tempos de resolução por tipo de Incidente ............................................................. 64 Fig. 4.19. Tempos de Resolução por tipo de Incidente ............................................................ 65 Fig. 4.20. Comparação de tempos entre os Concelhos da AO Aveiro ..................................... 66 Fig. 4.21. Colocação de Apoios, Cadeias de Isoladores e linhas de MT ................................. 68 xiv Lista de Tabelas Tabela 2.1.Tipos de Portinholas ............................................................................................... 12 Tabela 2.2. Diâmetro mínimo dos tubos................................................................................... 14 Tabela 2.3. Condutores e respectivas proteções ....................................................................... 16 Tabela 2.4. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos enterrados no solo .................. 17 Tabela 2.5. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos com tubo................................. 18 Tabela 2.6. Comprimentos máximos para cabos aéreos........................................................... 18 Tabela 2.7. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes subterrâneas em função do fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) .................................. 19 Tabela 2.8. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes aéreas em torçada em função do fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) ................. 19 Tabela 2.9. Armaduras utilizadas na rede de iluminação pública ............................................ 20 Tabela 3.1. Dimensões interiores da cabine em função da Potência Instalada ........................ 24 Tabela 4.1. Padrões para a Rede de Baixa e Média Tensão ..................................................... 57 Tabela 4.2. Distribuição dos Incidentes por Concelhos ........................................................... 66 xv Nomenclatura Abreviaturas AO- Área Operacional AT- Alta Tensão BT - Baixa Tensão CENELEC- Comité Europeu de Normalização Eletrotécnica EDP- Energias de Portugal IEC-Comissão Eletrotécnica Internacional IP- Iluminação Pública MAT- Muito Alta Tensão MT - Média Tensão PEAD- Polietileno de Alta Densidade PEX- Polietileno Reticulado PFE- Ponto de Fornecimento de Energia PT- Posto de Transformação PT AI- Posto de Transformação Aéreo com Interruptor PT AS- Posto de Transformação Aéreo com Seccionador QGBT- Quadro Geral Baixa Tensão RSRDEEBT- Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Elétrica de Baixa tensão RSSPTS-Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de Transformação e Seccionamento SIT- Sistema Informação Técnica TET-Trabalho em Tensão xvii 1 Introdução 1.1 Enquadramento do Trabalho O aumento do número de consumidores e do consumo de energia elétrica, a integração do crescente número de unidades de produção dispersa, a necessidade da redução das emissões de gases de efeito de estufa, exigem uma contínua expansão e manutenção da rede elétrica, de modo a garantir um serviço com os níveis de segurança e de qualidade exigidos. A garantia de um fornecimento contínuo de energia, seguro e com elevados padrões de qualidade impõe um aumento significativo dos níveis de exigência no desempenho das empresas que prestam serviços na rede elétrica. A expansão e manutenção da rede elétrica devem acompanhar a evolução tecnológica, tendo em consideração os novos materiais que surgem no mercado, bem como os novos equipamentos que podem ser utilizados. A exploração das redes elétricas de energia é um processo que exige, da parte da entidade responsável, ações de planeamento, projeto e licenciamento de novas instalações elétricas. De facto, com a evolução socioeconómica, é cada vez mais uma exigência que os serviços prestados sejam de qualidade, regra à qual não foge o setor energético. Assim, com as atividades descritas, o explorador da rede elétrica deve ser capaz de elevar a qualidade com que distribui energia, garantindo que nenhuma carga fica por alimentar, mesmo quando é necessário, por diversas razões, retirar de serviço algum troço de linha. A utilização de linhas aéreas é a forma mais económica para se fazer o transporte e distribuição de energia elétrica, sendo que a sua construção envolve diversas áreas de engenharia, como electrotecnia, civil, mecânica e de estruturas. Há ainda a necessidade das linhas serem estabelecidas para operarem em condições de variação de temperatura, podendo, inclusive, estar sujeitas à formação de gelo nos condutores e apoios. As redes elétricas aéreas apresentam-se, desde há longos anos, como um elemento fundamental no sistema de transmissão de energia. Não constituindo, ainda assim, a solução ótima, trata-se de uma garantia de equilíbrio entre as melhores características económicas e técnicas para transporte e distribuição de energia elétrica desde os sistemas de produção até aos consumidores. Em Portugal, pode afirmar-se que existem quatro níveis de redes aéreas, sendo estas as linhas de Muito Alta Tensão (MAT) (400 kV, 220 kV, 150 kV), Alta Tensão (AT) (100 kV, 60 kV), Média Tensão (MT) (30 kV, 15kV, 6 kV) e Baixa Tensão (BT) (400 V/230 V). Estando as primeiras associadas a ligações muito extensas, que no fundo 1 constituem os principais elos da rede elétrica de um país, são estabelecidas a uma tensão mais elevada, com todas as vantagens técnicas conhecidas. Relativamente às linhas de AT, estas estabelecem a ligação elétrica entre os pontos de MAT e algumas centrais de produção até às subestações. 1.2 Objectivos do Trabalho O Estágio realizado na Empresa Bragalux, que presta serviços na área da instalação e manutenção de Redes de Baixa e Média Tensão e Iluminação Pública para a Distribuidora de Eletricidade na Área Operacional de Aveiro, envolve os seguintes objetivos: - Receção das obras; - Distribuição das obras, de acordo com o grau de urgência da sua execução; - Seleção dos materiais e equipamentos a utilizar em cada obra a executar; - Acompanhamento da execução das obras; - Reuniões mensais com a Distribuidora. O trabalho de estágio envolverá ainda o levantamento dos novos materiais e equipamentos existentes no mercado, que podem ser utilizados nas redes elétricas e a definição dos procedimentos a efetuar em cada uma das fases de execução das obras. 1.3 Estrutura do Documento Este documento encontra-se dividido em cinco capítulos. No presente capítulo, ―Introdução‖, são apresentados o enquadramento e os objetivos do trabalho, bem como um pequeno resumo de cada um dos capítulos que constituem o documento. No segundo capítulo, é feita uma abordagem às redes de Baixa Tensão e aos elementos que as constituem. No capítulo terceiro, é abordado o tema das redes de Média Tensão, desde a sua construção, passando pelos materiais utilizados, até à entrega nos postos de transformação. No capítulo quarto, são descriminadas as várias atividades realizadas durante o estágio e feito o enquadramento das mesmas a nível da distribuição de energia. No quinto e último capítulo ―Conclusões‖, são apresentadas as principais conclusões deste trabalho. 2 2 Rede Baixa Tensão As redes elétricas de baixa tensão, normalmente designadas por redes de distribuição em BT, são os elementos do sistema elétrico que mais frequentemente estão sujeitos a modificações. A constante atualização das redes de distribuição em BT é justificada não só pela necessidade de alimentação de novos clientes particulares, mas também pelas linhas de orientação do planeamento a curto prazo da rede ou ainda pelo melhoramento da qualidade de serviço. A distribuição de energia elétrica em baixa tensão inicia-se na saída do quadro geral de baixa tensão (QGBT) dos Postos de Transformação (PT). As redes BT podem ser de dois tipos: aéreas ou subterrâneas. As linhas aéreas podem ser em condutores não isolados (cobre) ou isolados em feixe, designados por cabos torçada (alumínio). As linhas em condutor sem isolamento estão fixas sobre isoladores e apoiados em postes de betão, ou sobre postaletes metálicos fixos na fachada. Os condutores elétricos de distribuição em baixa tensão são normalmente constituídos por cinco condutores, sendo um destinado à iluminação pública e os restantes usados para a distribuição de energia. As tensões nas redes são de 230 Volts para a tensão simples e de 400 Volts para a tensão composta. 2.1 Características da Rede Baixa Tensão A rede de baixa tensão segue atualmente uma topologia radial, como ilustrado na Fig.2.1. Esta topologia garante correntes de curto-circuito menores e uma elevada economia em condutores, devido às menores secções utilizadas e, por conseguinte, a aparelhagem utilizada terá um menor poder de corte. A menor fiabilidade desta topologia deve-se ao facto de não existir a possibilidade de uma alimentação alternativa para reconfiguração da topologia. Fig. 2.1.Topologia Radial [Santos e Ferreira, 2004] 3 2.1.1 Características das Redes Aéreas As redes de distribuição aéreas, tipicamente instaladas em apoios de betão ou madeira em zonas rurais, são estabelecidas em condutores não isolados ou condutores isolados (cabo torçada). 2.1.1.1 Redes Aéreas estabelecidas em condutores não isolados Atualmente, o número de redes aéreas estabelecidas em condutores não isolados é reduzido. A utilização destes condutores tem vindo a ser progressivamente abandonada, devido à remodelação da rede. Presentemente, nas redes de baixa tensão apenas são instalados condutores isolados, nomeadamente rede torçada. Este tipo de topologia, usada nas primeiras redes para distribuição de energia, assenta sobre isoladores fixos nos apoios e tem grande vantagem na detecção de avarias. Pode ser constituída por condutores de cobre, alumínio ou liga de alumínio e os condutores podem apresentar uma disposição em ―Quincôncio‖ ou ―Esteira Vertical‖ como ilustrado na Fig. 2.2. Para ambas as disposições existe duas variantes relativamente à posição do condutor de neutro: neutro em posição inferior ou neutro em posição superior. A disposição em esteira vertical é a mais recomendada, uma vez que a disposição dos condutores facilita a realização dos trabalhos em tensão. Fig. 2.2.Disposição da Rede Aérea em condutores não isolados [Santos e Ferreira, 2004] Presentemente ainda existem alguns ramais constituídos por condutores em cobre não isolado de secções 6 e 10 mm2. 4 As razões pelas quais a distribuidora opta pela utilização do cabo torçada, como alternativa aos condutores não isolados, são várias: o facto de o cobre ter vindo a atingir valores de custo bastante elevados (o que tem originado um aumento dos furtos nestas linhas); o facto de ser mais fácil e rápida a instalação e manutenção de uma rede constituída por este tipo de condutores; o número elevado de avarias nas redes constituídas por condutores não isolados na presença de condições climatéricas adversas. A única desvantagem das redes em cabo torçada é a deteção de defeitos, no caso de perfuração do isolamento. Nesta situação, não é fácil a deteção do defeito através de uma rápida inspeção visual à rede, contrariamente ao que se verifica nas redes com condutores não isolados. 2.1.1.2 Redes Aéreas em cabo torçada Atualmente, estas são as redes aéreas mais comuns, utilizam condutores isolados de alumínio. São redes utilizadas em zonas rurais, bairros suburbanos, zonas arborizadas e outras situações específicas. Uma rede aérea de cabo torçada é constituída, basicamente, pelo condutor isolado, a ferragem e a pinça de amarração ou suspensão (dependente da situação), para segurar e regular o cabo, como ilustrado na Fig. 2.3. As vantagens destas redes residem no facto de serem uma alternativa às redes subterrâneas, de custo significativamente mais elevado, de possibilitarem a instalação em postes e fachadas de edifícios e de apresentarem uma maior fiabilidade. Fig. 2.3. Rede Torçada 5 Os cabos torçada são constituídos por condutores multifilares de alumínio e o isolamento é de polietileno reticulado (PEX). As secções adoptadas pela EDP Distribuição no uso deste tipo de cabos são: 16 mm2, 25 mm2, 50 mm2, 70mm2 e 95 mm2. 2.1.1.2.1 Acessórios da rede torçada 1. Caixa de Proteção de Rede Sempre que existe uma mudança de secção dos condutores, estes devem ser protegidos através da colocação de uma caixa com os respetivos triblocos e fusíveis, dimensionados para a secção de derivação como ilustrado na Fig. 2.4. A transição de condutores de rede aérea para rede subterrânea, ou vice-versa, é feita através da caixa de proteção, secção máxima na transição é de 95 mm2. Fig. 2.4. Caixa de proteção de rede 2. Alongador Elemento de ligação entre a pinça e o gancho olhal, utilizado para secções superiores a 50 mm2 3. Rabo de porco roscado Elemento que liga a rede ao apoio. 4. Pinças Amarração - utilizadas como elemento de ligação entre o cabo torçada e a ferragem da rede, ilustrado na Fig. 2.5. 6 Fig. 2.5. Pinça de Amarração Suspensão - utilizadas como elementos de ligação entre o cabo torçada e a ferragem da rede, tendo com principal função regular o cabo (ver Fig. 2.6). Fig. 2.6. Pinça de Suspensão 5. Condutores Os condutores das redes estabelecidas em cabo torçada podem ter alma condutora em alumínio, com a designação de ―LXS‖, ou em cobre isolado a polietileno reticulado, com a designação de ―XS‖. A identificação dos vários condutores é feita segundo a normalização, sendo os condutores de fase marcados com ‗fase 1‘, ‗fase 2‘ e ‗fase 3‘, respetivamente. Os condutores de iluminação pública são marcados com ‗IP 1‘, ‗IP 2‘ e o condutor de neutro tem a inscrição da norma de fabrico. 6. Outros Acessórios • Ligadores; • Uniões; • Manga termoretrátil; • Terminais. 2.1.1.2.2 Dimensões da Rede As redes aéreas em cabo torçada são instaladas, atualmente, segundo o esquema mostrado na Fig. 2.7, sendo a distância do vão dependente do local de instalação da rede. Quando a rede está localizada em zonas com consumidores pouco dispersos, a distância do vão não deve ser superior a quarenta metros, devido ao esforço a que os apoios ficam sujeitos e devido à tração feita pelos cabos de secção elevada. Em zonas com consumidores dispersos ou para troços de iluminação pública, essa distância pode chegar aos sessenta metros. 7 A altura a que são colocados os condutores varia com os locais de instalação. Geralmente, a altura de colocação é de cinco metros, sendo de seis metros na travessia de estradas e no mínimo de sete metros na travessia de auto-estradas. Fig. 2.7. Distância entre vãos [Santos e Ferreira, 2004] Onde: h: Altura mínima ao solo [m]; H: Altura dos apoios (não considerando fundação) [m]; d: Flecha a meio vão [m]; L: Vão [m]. 2.1.2 Características das Redes Subterrâneas As redes subterrâneas são atualmente a forma mais consensual de instalação das redes elétricas, visto que são redes esteticamente mais apreciadas, do que as redes aéreas, uma vez que estão colocadas em valas e armários. No entanto, têm a grande desvantagem de a sua instalação ser muito mais dispendiosa do que a instalação de redes aéreas. A instalação das redes subterrâneas pode ser efetuada de duas formas: os condutores da rede podem ser instalados diretamente no solo das valas, ou podem ser instalados em tubos colocados nas valas. 2.1.2.1 Condutores enterrados diretamente no solo A instalação destas redes deve respeitar os locais de instalação, devendo respeitar, em casos gerais, uma profundidade de setenta centímetros do solo e, no mínimo, uma profundidade de um metro na travessia de estradas. Estas redes devem ser sempre sinalizadas, como ilustrado na Fig. 2.8. A instalação deste tipo de redes, sempre que possível, deve ser feita em passeios públicos e deve-se ter em atenção as distâncias de cruzamento ou vizinhança com outras instalações 8 enterradas: cabos de eletricidade BT ou MT; cabos de telecomunicações; canalizações de gás, água e saneamento. A travessia de vias públicas não é permitida neste tipo de instalação, uma vez que ficaria sujeita a maiores esforços mecânicos e a resolução de avarias tornar-se-ia inviável. Os condutores utilizados devem ser dotados de uma bainha resistente à corrosão provocada pelo terreno e devem possuir resistência mecânica (cabos com armadura), para prevenir possíveis avarias, por compressão, contacto com corpos rígidos ou ferramentas metálicas. Fig. 2.8. Colocação de cabos diretamente no solo [Baseado Redes Distribuição BT, Santos e Ferreira] 2.1.2.2 Condutores entubados Nos condutores entubados, é utilizado tubo em Policloreto de Vinilo (PVC) ou tubo Corrugado (PEAD). Em casos especiais, quando o risco de esforços mecânicos for bastante elevado, utilizam-se tubos de aço ou ferro fundido. É dispensado o uso de cabos com armadura, quando os cabos utilizados forem monopolares e devem ser utilizadas canalizações independentes. Os condutores colocados em instalações subterrâneas devem obrigatoriamente ser condutores rígidos, com duas bainhas ou uma bainha reforçada, como ilustrado na Fig. 2.9. Legenda: 1- Alma condutora da classe 2 (LVAV, LXAV) ou classe 1 (LSVAV, LSXAV); 2- Isolamento a PVC (LVAV, LSVAV) ou a PEX (LXAV, LSXAV); 3- Fita de cintagem (Poliéster); 4- Bainha interior de PVC; 5- Armadura de fitas de aço; 6- Bainha exterior de PVC Fig. 2.9. Condutores Subterrâneos 9 2.1.3 Armários de Distribuição Os armários de distribuição são utilizados como ponto de saída de alimentação das redes subterrâneas e servem para proteção e alimentação dos circuitos. São constituídos por barramentos em cobre onde estão fixos os triblocos, onde estão colocados os fusíveis para proteção. A Fig. 2.10 representa um armário de distribuição. Fig. 2.10. Armário de Distribuição Tipo X 2.2 Ligações à Rede de Baixa Tensão Na sequência de um pedido de ligação à rede, a Distribuidora apresenta, no prazo máximo de 15 dias úteis, um orçamento dos encargos para a construção dos elementos de ligação. As novas instalações de utilização devem ser concebidas de forma a não causarem perturbações ao normal funcionamento da rede. Quando existe um pedido de fornecimento de energia ou aumento da potência contratada, o técnico desloca-se ao local para proceder ao levantamento da rede de baixa tensão, verificando se existe viabilidade no pedido do cliente, verificando as condições do local e da instalação do cliente e a potência máxima instalada para aquela localidade. 2.2.1 Construção dos Elementos de Ligação Os elementos de ligação, para uso exclusivo, podem ser construídos pelo cliente. Devem respeitar o estudo que serviu de base ao orçamento facultado pela Distribuidora, observar as normas construtivas aplicáveis e utilizar materiais aprovados pela Distribuidora, de acordo com as características dos materiais e equipamentos a que se referem. 2.2.2 Encargos com a Ligação A ligação à rede implica o pagamento de um ou vários dos seguintes encargos: 10 Custo inerente aos elementos de ligação para uso exclusivo; Encargos relativos aos elementos de ligação de uso partilhado; Custos com o reforço das redes (se necessário); Encargos com a expansão das redes (se necessária). 2.2.3 Reforço das Redes No caso da ―Potência Requisitada‖ da ligação exceder a ―Potência Instalada‖ estabelecida para a localidade em causa, são imputadas ao cliente comparticipações nos custos das ações imediatas ou futuras, necessárias ao reforço da rede. Os materiais e os equipamentos a usar nas ligações dos clientes à rede baixa tensão devem obedecer às especificações em vigor na Distribuidora e às normas em vigor: Normas Portuguesas, Norma Europeias e Documentos de Harmonização da CENELEC e normas da IEC. Devem, ainda, possuir as características adequadas ao local onde forem instalados e ao fim a que se destinam. 2.2.4 Portinholas Considera-se como fronteira entre a rede de baixa tensão e a instalação do cliente a entrada do corta corrente fusível existente na portinhola. As portinholas devem obedecer ao estipulado no DMA-C62-807/N nomeadamente: Possuírem características de acordo com o estabelecido na norma IEC 60439, nas suas partes 1 e 5; assegurar a proteção das pessoas contra contactos indiretos por meio da proteção por isolamento total (esta medida de proteção, aplicável aos conjuntos de equipamentos elétricos construídos em fábrica, é equivalente à classe II de isolamento definida para os equipamentos elétricos); Terem um sistema de fecho normalizado de acordo com as indicações da Distribuidora e em conformidade com as normas acima referidas; Serem normalizados, de acordo com a Tabela 2.1; Garantirem os graus de proteção mínimos IP45 e IK10 para as portinholas dos tipos P50, P100 e P400, e IP 32D e IK09 para a portinhola P25. 11 Tabela 2.1.Tipos de Portinholas [EDP, 2007] 2.2.5 Fusíveis e bases As bases que equipam as portinholas P25, P50 e P100 devem ser adequadas à colocação de fusíveis cilíndricos. As bases que equipam a portinhola P400 devem ser adequadas à colocação de fusíveis de faca. O dispositivo de neutro das portinholas P50, P100 e P400 deve ser constituído por uma barra amovível de cobre electrolítico, assente sobre uma base isolante. Esta barra deve dispor de terminais concebidos de forma a permitir a ligação de condutores não preparados, no caso das portinholas P50 e P100, e a ligação de condutores preparados (com terminais) para o caso da portinhola P400. A barra de neutro só deve poder ser manobrada por meio de uma ferramenta. Na portinhola P25, o seccionamento do neutro é feito na própria base de fusíveis e em simultâneo com a fase. O pólo de neutro desta base deve ser equipado com um shunt tubular de cobre. 2.2.6 Caixas de contagem As caixas de contagem destinam-se aos edifícios dotados de uma única instalação de utilização (vivendas unifamiliares, edifícios comerciais isolados, etc.) e são previstas para colocação encastrada no muro exterior ou, na ausência destes, nas fachadas das construções. 12 As caixas de contagem devem ter invólucros adequados que satisfaçam as características seguintes: Serem construídas de modo a garantir a classe II de isolamento (equivalente à proteção por isolamento total), de acordo com o estipulado na especificação da Distribuidora, DMA-C62-805/N; Devem ter como dimensões interiores mínimas 400 mm de altura, 230 mm de largura e 180 mm de profundidade, a fim de comportarem e permitirem a ligação de um qualquer contador trifásico de ligação direta, disponibilizado no mercado [EDP, DIT-C14-100\N]. 2.2.7 Colocação de Equipamentos de Contagem 1) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios com uma instalação de utilização com poste encostado ou intercalado, como ilustrado na Fig. 2.11. Fig. 2.11. Instalação de utilização com poste encostado ou intercalado [EDP, 2007] Esta solução aplica-se nos casos em que os edifícios dispõem de muros sem pilar, ou com pilar sem altura suficiente para que o ramal seja montado nas condições indicadas. O condutor é fixo através de uma pinça de suspensão, desce ao longo do poste, protegido por um tubo, e entra na portinhola (B) através do tubo que, por estar à vista e acessível, deve ter resistência mecânica adequada (PN 10). A utilização do tubo de 40 mm de diâmetro (PVC) destina-se a deixar a entrada da portinhola preparada para permitir a execução de ramais com cabo LXS 4x16 mm2, independentemente de ser ou não monofásica a ligação a estabelecer, a fim de permitir, no futuro, uma eventual passagem da ligação de monofásica a trifásica. A ligação entre a portinhola e a caixa de contagem deve ser feita por meio de condutores H07V-R ou H07V-U, com a secção e o número de condutores adequados à potência de dimensionamento 13 da instalação, com um mínimo de 6 mm2 nos ramais monofásicos para potências até 6,90 kVA (1x30 A) ou nos trifásicos até 20,70 kVA (3x30 A). 2) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios com uma instalação de utilização e fachada confinante com a via pública (sem muro), como ilustrado na Fig. 2.12. Fig. 2.12. Instalação de utilização e fachada confinante com a via pública [EDP, 2007] Esta solução poderá passar pela execução de um ramal aéreo, através de uma derivação para a habitação em cabo LXS, ou a execução de um ramal subterrâneo em cabo LSVAV, utilização do tubo PEAD de 63 mm destina-se a deixar a entrada na portinhola preparada para permitir a execução de ramais com cabo LSVAV 4x16 mm 2, independentemente de ser ou não monofásica a ligação a estabelecer, a fim de permitir, no futuro, uma eventual passagem da ligação de monofásica a trifásica, bem como a facilitar o enfiamento deste cabo. Para outras secções de condutores, devem ser usados diâmetros compatíveis com a fórmula (2.1): Ø Tubo [interior] ≥ 1,5 x Ø Cabo [exterior] (2.1) Da aplicação da fórmula aos cabos subterrâneos normalizados na EDP Distribuição, resultam os diâmetros mínimos de tubos indicados na Tabela 2.2: Tabela 2.2. Diâmetro mínimo dos tubos [EDP, 2007] 14 3) Ligação, a partir da rede aérea, de edifícios colectivos Em edifícios coletivos, tendo mais do que uma instalação de utilização, a portinhola deve ser instalada na fachada exterior, em local acessível a partir da via pública, como ilustrado na Fig. 2.13. Esta solução é preconizada com vista a permitir a existência de um local no exterior do edifício, onde se possa estabelecer a fronteira entre a rede de distribuição e a instalação elétrica do cliente. Em situações excecionais, devidamente autorizadas pela EDP, poder-se-á dispensar a instalação da portinhola, por exemplo, em edifícios com posto de transformação próprio, em que se considere que os fusíveis do quadro geral, que protegem a saída em causa, desempenham a função da portinhola, ficando a fronteira localizada nos terminais de saída das bases dos fusíveis. O cabo e respectivos terminais dos condutores são propriedade do cliente. Fig. 2.13. Instalação em edifícios colectivos [EDP, 2007] 4) Ligação, a partir da rede aérea, de instalações inseridas em edifícios com alimentação por ramal próprio No caso de instalações inseridas em edifícios cuja alimentação não seja efetuada a partir do quadro de colunas (quando não existir acesso à instalação de utilização pelas zonas comuns do edifício ou quando, por motivo devidamente justificado, se optar por alimentação autónoma), mas sim diretamente da rede através de um ramal exclusivo, deve ser instalada uma portinhola no exterior, acessível a partir da via pública. 15 5) Ligação, a partir da rede aérea, de condomínios fechados e edifícios funcionalmente interligados Para os condomínios fechados e para as edificações que constituem conjuntos de edifícios funcionalmente interligados, as respetivas regras de ligação são as que se encontram estabelecidas no Guia Técnico das instalações estabelecidas em condomínios fechados, publicado pela Direção Geral de Energia e Geologia e no DIT-C11-030 da EDP. No que respeita ao fornecimento de energia, deve existir um ou vários pontos de entrega de energia, dependendo da dimensão do empreendimento, e uma fronteira estabelecida entre a rede de distribuição pública e a rede de distribuição privada, fronteira essa que deve estar localizada na via pública ou em local permanentemente acessível ao pessoal da EDP a partir da via pública. 2.2.8 Condutores para ramais Os condutores a usar nas ligações entre a rede existente e a portinhola (ramais) são os indicados na Tabela 2.3 e devem obedecer ao indicado nas especificações DMA-C33-200/N (para ramais subterrâneos) e DMA-C33-209 (para ramais aéreos). Uma vez que a entrada dos cabos (ramais) é sempre feita pela parte inferior da portinhola, os condutores desses cabos devem ser ligados aos terminais inferiores do dispositivo de neutro e/ou das bases de fusíveis. Tabela 2.3. Condutores e respectivas proteções [EDP, 2007] 2.2.9 Critérios de Dimensionamento das Redes de Baixa Tensão Uma rede de baixa tensão deve, de acordo com o Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Elétrica em Baixa Tensão (RSRDEEBT), ser dimensionada tendo em consideração os seguintes critérios: 16 Queda de tensão máxima admissível na canalização; Corrente de serviço da canalização; Seletividade entre as proteções colocadas em série; Comprimentos máximos protegidos contra curto-circuitos. Deve usar-se o maior dos valores de secção que resultem da aplicação destes critérios. 2.2.9.1 Queda de Tensão De acordo com as disposições regulamentares, a queda de tensão total, desde o posto de transformação MT/BT até ao final da rede de baixa tensão, isto é, à portinhola ou, quando esta não existir, ao quadro de colunas de um edifício ou aos terminais de entrada do contador, não deve ser superior a 8%, como mencionado no capítulo III, artigo 9.º do RSRDEEBT. Na escolha do elemento de uso exclusivo, este critério pode ser conseguido de duas formas: usando uma canalização de uso exclusivo de secção adequada à queda de tensão admitida (2% da tensão nominal), ou aumentando a secção da canalização de uso partilhado, se tal não for possível. Nas Tabelas 2.4 e 2.5, referentes aos cabos subterrâneos, e na Tabela 2.6, referente aos cabos aéreos do tipo torçada, estão indicados os comprimentos máximos para os cabos existentes no mercado, em função da corrente de serviço (Is) e da queda de tensão entre 1 e 8 %. A secção do condutor a escolher para o elemento de uso exclusivo, deve estar de acordo com este critério. Tabela 2.4. Comprimentos máximos para cabos subterrâneos enterrados no solo [EDP, 2007] 17 Tabela 2.5.Comprimentos máximos para cabos subterrâneos com tubo [EDP, 2007] Tabela 2.6.Comprimentos máximos para cabos aéreos [EDP, 2007] Onde: S - Secções e tipo dos cabos normalizados (*Secções em uso pela EDP Distribuição); R20ºC/R70ºC - Resistência do cabo a 20ºC e a 70ºC (70ºC-temperatura máxima no isolamentoPVC); X - Admitância do cabo; P.L - Momento elétrico(U2/Z); IZ - Corrente máxima admíssivel no cabo, nas condições de instalação; In - Corrente estipulada do fusível para proteger os cabos contra sobreintensidades(I f≤1,45IZ e If=1,6In), que deverá ser superior igual a IS; IS - Corrente de serviço (Corrente de funcionamento do cabo); Lmáx - Comprimento máximo do cabo. 2.2.9.2 Seletividade das proteções Para que exista seletividade entre proteções colocadas em série, é necessário garantir que, em caso de defeito, apenas atue o aparelho de proteção situado imediatamente a montante do defeito permitindo, assim, que continuem a funcionar as canalizações situadas a jusante dessa proteção e que não tenha sido afectado por esse defeito. Quando há fusíveis em série, como é o caso de canalizações derivadas de outras, é obrigatória a colocação de proteções na mudança de secção, em cumprimento do artigo 131.º do capítulo XIII, do RSRDEEBT. De 18 forma a garantir a seletividade na atuação dos fusíveis é necessário usar, nas derivações da rede, fusíveis cuja relação seja de 1:1,6 ou superior, relativamente ao fusível a montante. Esta relação corresponde ao uso de fusíveis de valores não sequenciais à série normalizada. Os valores de In da série normalizada dos fusíveis mais usuais para a gama de secções dos cabos em uso são: 20 – 25 – 32 – 40 – 50 – 63 – 80 – 100 – 125 – 160 – 200 – 250 – 315, Ampere (A). No caso dos cabos torçada, não é possível derivar, por exemplo, de um condutor de 50 mm2 (LXS 4x50 mm2, cujo fusível de proteção é de 125 A) para uma canalização de 70 mm2 (LXS 4x70 mm2, cujo fusível de proteção é de 160 A). Assim, quando da aplicação dos dois critérios anteriores, conduzir a uma situação destas, devem-se usar cabos ou condutores em torçada na canalização derivada, com a mesma secção ou inferior do que na canalização principal, por questões de seletividade. É necessário assegurar, também, que a seletividade não corresponda a um sobredimensionamento da canalização, por se tratar do cumprimento de prescrições regulamentares de segurança das instalações, com indicados nas Tabelas 2.7 e 2.8. Tabela 2.7. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes subterrâneas em função do fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) [EDP, 2007] Tabela 2.8. Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes aéreas em torçada em função do fusível utilizado na proteção da canalização contra curto-circuitos (In) [EDP, 2007] 19 2.2.10 Iluminação Pública A iluminação pública (IP) é hoje, mais do que nunca, uma área de trabalho muito exigente devido a vários fatores, desde a comodidade à segurança. Novas instalações surgem todos os dias, devido ao aumento da densidade populacional e consequente aumento do número de habitações, alargando a rede de iluminação. A manutenção da rede de iluminação pública exige, atualmente, mais meios humanos e materiais, consequência não só da expansão da rede mas também da percepção, por parte dos consumidores e entidades autárquicas, da importância do bom funcionamento da rede pública de iluminação. A criação de novos espaços e vias de comunicação obriga à realização de estudos luminotécnicos para garantir os níveis de iluminância recomendados. A iluminação das vias deve permitir aos utentes uma circulação noturna com uma segurança e um conforto tão elevados quanto possível. Para os peões, a visibilidade clara dos limites dos passeios, com ausência de zonas muito sombrias, é essencial. Para os automobilistas, a iluminação deve permitir distinguir com clareza, e em tempo útil, os pontos singulares da estrada e os eventuais obstáculos, tanto quanto possível sem a utilização de faróis. Para a montagem de uma nova rede de IP, deve-se analisar a rede existente mais próxima, para encontrar a melhor forma de fazer a ligação da nova rede de IP. Deve-se verificar quais os postos de transformação mais próximos que possam ser utilizados para alimentar a nova rede pois é no próprio PT, que será feito o comando da IP, por foto-célula, relógio mecânico ou relógio astronómico. 2.2.10.1 Focos Luminosos Os aparelhos de iluminação e respetivos suportes serão escolhidos de entre os tipos normalizados, apresentados na Tabela 2.9, existentes no mercado e deve ter em consideração a racionalização de energia. Os locais de instalação e a seleção da potência das lâmpadas são da competência da Câmara Municipal, ouvido o concessionário. A iluminação é normalmente instalada nas redes aéreas, normalmente em apoios da rede ou nas redes subterrâneas, em colunas ou consolas. Tabela 2.9. Armaduras utilizadas na rede de Iluminação Pública [EDP, 2007] 20 3 Rede Média Tensão 3.1 Projeto de Postos de Transformação Questões de ordem económica e de segurança, obrigam o sistema de transporte e distribuição de energia elétrica a possuir vários níveis de tensão, escolhidos de entre os normalizados. Entre estes, existem dois que são particularmente importantes a nível europeu: o nível dos 400 kV, na Alta Tensão, valor preferencial para a interligação das diversas redes nacionais, e os 400 V, no domínio da Baixa Tensão, para propiciar a utilização universal. Os vários níveis de tensão, necessários ao bom desempenho do sistema elétrico, são obtidos em instalações de transformação através da utilização de transformadores. De acordo com a legislação nacional, essas instalações de transformação dividem-se em subestações e postos de transformação, dependendo da utilização que se dá à corrente secundária dos transformadores. Noutros países, não se faz esta discriminação. Por exemplo, em França, todas as instalações de transformação têm denominação de postos de transformação enquanto no Brasil, todas as instalações que realizam a alteração dos níveis de tensão são subestações. O Regulamento de Segurança de Subestações, Postos de Transformação e de Seccionamento (RSSPTS) no seu artº 6º define Posto de Transformação como ―Instalação de alta tensão destinada à transformação da corrente elétrica por um ou mais transformadores estáticos, quando a corrente secundária de todos os transformadores for utilizada diretamente nos recetores, podendo incluir condensadores para compensação do fator de potência‖ [Revista O Electricista]. A partir da definição, não é necessário que a tensão secundária caia no nível da BT, mas sim que a corrente secundária alimente diretamente os recetores. Mas a situação mais comum é a da transformação média tensão/baixa tensão, em particular, no nosso país, 15/0,4 kV. O equipamento fundamental de um posto de transformação é o transformador mas, como instalação envolvendo elevados níveis de tensão e energia, necessita naturalmente de um conjunto adicional de aparelhagem tendente a realizar as funções obrigatórias de comando, seccionamento, contagem e proteção quer de pessoas e animais, quer dos próprios equipamentos e outros bens. Os postos de transformação são inseridos nas redes próximos dos centros de consumo, em diferentes áreas geográficas e com exigências diversas: zonas rurais, semiurbanas e urbanas, zonas industriais, loteamentos e urbanizações, zonas de baixa, média ou elevada 21 densidade de carga, com média ou elevada exigência de qualidade de serviço, de domínio público ou privado. Desta variedade de condicionantes resulta uma gama correspondente de soluções possíveis para a arquitetura dos postos de transformação. Deste modo, os postos de transformação podem ser classificados quanto à instalação - de interior, em edifício próprio ou edifício para outros usos, ou de instalação exterior -, quanto ao modo de alimentação - do tipo radial, em anel aberto ou com dupla derivação-, quanto ao serviço prestado - de serviço público (PTD) ou privado (PTC) - e quanto ao modo de exploração - de condução manual ou automática. A abordagem moderna ao projeto de postos de transformação incide essencialmente na opção pela solução pré-fabricada, modular ou compacta, em detrimento de formas mais tradicionais de construir estas instalações. As razões que conduzem à atual tendência para optar por soluções pré-fabricadas, são a economia de mão-de-obra de instalação, tempos de entrada em serviço reduzidos, possibilidade de escolha da arquitetura e equipamento normalizado e fiável. Para a boa realização do projeto é necessário recolher, à partida: o tipo de projeto (de serviço público ou serviço particular), o tipo de posto de transformação (de transformação ou seccionamento-transformação), o tipo de instalação e tipo de alimentação (radial ou anel aberto). Os dados necessários referentes às características elétricas são: a tensão nominal da rede de média tensão, o regime de neutro, a potência de projeto a atribuir ao posto de transformação, a potência de curto-circuito previsível no local de instalação, a corrente de defeito do lado MT, o tempo máximo de corte da corrente de defeito pelas proteções de linhas de MT, o regime de neutro, a resistividade do solo. 3.1.1 Postos de Transformação Aéreos Os postos de transformação de exterior, aéreos, são montados em postes normalizados de betão, como ilustrado na Fig. 3.1 e são identificados pelo modo como é feita a ligação à rede aérea de Média Tensão. No caso de ser feita uma ligação direta, estamos perante um PT do tipo A, se se fizer através de Seccionador, teremos um tipo AS mas caso essa ligação seja estabelecida através de um Interruptor-Seccionador, será um PT AI, como ilustrado na Fig. 3.2. A potência máxima instalada será de 100 kVA para PT AS e 250 kVA para o PT AI. A proteção de pessoas, contra contatos acidentais, é garantida através da execução da terra de proteção, que liga as estruturas metálicas de amarração das linhas de MT, a cuba e suporte do transformador, o seccionador e respectivo comando e plataforma de manobras. 22 A terra de serviço será executada no QGBT para ligação da estrutura metálica e do neutro. Esta será feita também em pelo menos duas saídas em apoios da rede de distribuição. Fig. 3.1. Posto de Transformação Aéreo variante AS e AI Fig. 3.2. Seccionador e Interruptor-Seccionador 3.1.2 Postos de Transformação em Cabine Os postos de transformação em cabine podem ser alimentados através de uma linha aérea ou através de um cabo subterrâneo, existindo, para isso, duas versões de cabine - a cabine alta e a cabine baixa -, adaptadas ao tipo de alimentação do posto de transformação. Embora a função e a estrutura sejam basicamente as mesmas nos dois tipos de postos de transformação em cabine, as diferenças existentes nos valores das potências elétricas em jogo, resultam em diferentes concepções destes postos de transformação. 23 Estes postos de transformação são instalações de interior, que podem assumir uma maior ou menor dimensão, dependendo do tipo de alimentação (linha aérea ou cabo subterrâneo) e da potência instalada, como ilustrado na Tabela 3.1. Tabela 3.1. Dimensões interiores em função da Potência Instalada [Ribeiro da Silva] Posto CA1 CA2 Comprimento (m) 2,5 3 Largura(m) 2,5 3 Altura (m) 8,2 8,2 Potência (kVA) 160 250 400 630 3.1.2.1 Postos de Transformação em Cabine Alta (PTCA) Estes postos de transformação de interior são concebidos para receberem alimentação por linha aérea, até tensões de 30 kV e potências até 630 kVA, como ilustrado na Fig. 3.3. Este tipo de solução pode já não se justificar, pois é muito fácil proceder-se à passagem da linha aérea a cabo subterrâneo e alimentar-se uma cabine baixa com uma arquitetura modular de posto de transformação. Fig. 3.3 Posto de Transformação em Cabine Alta [Ribeiro da Silva] O esquema elétrico do posto de transformação em cabine alta tipo CA2 distingue-se do tipo CA1 por possuir corta-fusíveis no lado da MT. A utilização de seccionador será opcional, excepto quando os pára-raios forem instalados no interior do PT, caso em que o seu uso será obrigatório. O barramento de MT poderá ser do tipo vareta, barra ou tubo, de cobre ou alumínio cobreado, apoiado em isoladores de acordo com a norma NP 1520. As saídas destes postos de transformação serão executadas em condutores do tipo LVS e LXS (torçada), de 50 mm2 de secção, ou uma ou duas de 70 mm2, com uma saída de 16 mm2 para IP, para o PT CA1. No caso do posto de transformação tipo CA2 será possível executar seis saídas, de 50 mm2 ou 70 mm2, com duas saídas de 16 mm2 de IP. 24 3.1.2.2 Postos de Transformação em Cabine Baixa (PTCB) Os edifícios de betão pré-fabricados são concebidos para serem totalmente montados de fábrica e permitem a instalação de toda a aparelhagem e acessórios que compõem o posto, o que garante a qualidade de todo o conjunto, com exceção dos cabos de ligação à rede. Este tipo de postos de transformação, montados em cabines baixas, admite duas variantes, consoante a disposição das suas celas, colocadas em U ou em linha, dando origem aos tipos CBU e CBL. Os dois tipos referidos têm alimentação subterrânea em anel, podendo disponibilizar uma saída radial para alimentação de outro posto de transformação, de potência máxima instalada de 630 kVA, como representado na Fig. 3.4. A estrutura e a composição dos postos de transformação em cabine são similares aos dos postos aéreos. Uma das especificidades dos postos de cabine reside na necessidade de proteção contra contactos diretos, uma vez que a altura a que é feita a montagem dos seus componentes os torna acessíveis a quem estiver no interior da instalação. Outra diferença é a potência instalada, sendo superior no caso dos postos em cabina. Fig. 3.4.Posto de Transformação do Tipo CBU e CBL [Ribeiro da Silva] 3.2 Linhas de Média Tensão Aéreas (LAMT) A construção de novas linhas de média tensão aéreas pode ocorrer por: Pedidos de novos clientes; Modificações do traçado de linhas existentes; Ligação a novos postos de transformação; Novos investimentos. Para a realização de obras de Linhas de Média Tensão Aéreas existem duas fases distintas, a fase de preparação da obra e a fase de execução da obra. 25 3.2.1 Fase da Preparação da Obra É necessário um pedido de autorização, por parte do adjudicatário da obra, aos proprietários dos terrenos, onde será colocada a linha. Por vezes, esta autorização é negociada com os proprietários, uma vez que a colocação dos apoios de MT exige, frequentemente, o desbaste de árvores e a ocupação de terrenos. É ainda necessário analisar os aspetos que ocasionalmente poderão dar origem a indemnizações (Anexo I), pois os terrenos sob as linhas não poderão ser utilizados para cultivo das chamadas ―árvores de crescimento rápido‖. Caso esta situação venha a verificar-se, as árvores serão cortadas sem autorização do proprietário. É realizada, pelo topógrafo que se desloca ao local, uma planta pormenorizada, com a localização do traçado da linha, com a indicação das distâncias e dos ângulos da localização dos apoios, com a descrição do meio ambiente do local (árvores, linhas de água, caminhos e outras linhas aéreas existentes) e identificação da utilização dos terrenos (cultivo, pousio, arborizado, etc.) (Anexo II). O projeto da linha é desenvolvido por um projetista, que pode pertencer ao distribuidor ou pode ser subcontratado, com base na planta fornecida pelo topógrafo. A piquetagem da linha é executada depois de disponibilizado todo o projeto da linha, que deve incluir a memória descritiva da linha, o perfil da linha e o mapa de montagem. A piquetagem baseia-se na marcação, no terreno, dos pontos de implantação dos postes definidos sobre o perfil e deverá ser realizada pela medição e transmissão de alinhamentos e medição de vãos. Deverá ser assegurado que não existem, nos locais previstos pela EDP Distribuição, quaisquer obstáculos naturais ou artificias, susceptíveis de prejudicar a localização dos apoios, que não tenham sido previstos anteriormente. A definição dos alinhamentos é feita a taqueómetro, estação total ou GPS, utilizando marcos ou estacas consolidadas que balizam, sobre o terreno, os diversos vértices e pontos dominantes do traçado, sobre os quais se baseou o levantamento do perfil longitudinal da linha. Os eixos de cada poste e os eixos das covas deverão ser georeferenciados e marcados no terreno, por intermédio de estacas de madeira a fim de assegurar as direções exatas definidas no desenho, como representado na Fig. 3.5. No caso de o terreno não admitir estacas ou marcos, estes serão substituídos por marcas de tinta vermelha. A piquetagem das linhas será conseguida pela colocação no terreno de, pelo menos: No caso de postes de betão: Três estacas ou marcas por cada poste de alinhamento. Uma estaca incluirá o número de ordem assinalado no perfil, representando o eixo do poste e as restantes duas 26 são colocadas a quatro metros para cada lado da estaca central no eixo longitudinal da linha; Cinco estacas ou marcas por cada poste de ângulo. Uma estaca incluirá o número de ordem assinalado no perfil e será colocada no eixo do poste. As restantes estacas serão colocadas com um afastamento de 4 metros em relação à estaca numerada e definindo, duas delas, o eixo longitudinal no ponto de implantação do poste; Sete estacas ou marcas por cada pórtico. Duas estacas incluirão o número de ordem assinalado no perfil e serão colocadas no eixo dos postes e as restantes estacas serão colocadas de modo igual aos casos anteriores. No caso de torres metálicas: A piquetagem dos postes metálicos será conseguida pela colocação, no terreno, de estacas ou marcas indicadas para os postes de betão, acrescida das estacas necessárias para a definição dos vértices dos maciços dos postes metálicos. Fig. 3.5. Piquetagem para colocação de apoios betão de MT 3.2.2 Fase de Execução da obra Nesta fase tem que se atender às considerações teóricas para a construção da linha assim como às características técnicas dos materiais utilizados na obra: Covas para colocação de apoios A marcação de covas de cada apoio é realizada com base na piquetagem, uma vez que é esta que define o local de implantação do poste. A profundidade da cova é obtida com base na altura do apoio, através de (3.1). (3.1) Onde: H: Altura da cova (m); h: Altura do apoio (m). 27 Classificação dos terrenos - Terreno mole: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for menor que 4 daN/cm3, considera-se que a abertura de covas pode exigir entivação; - Terra: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for maior o igual a 4 daN/cm3 e menor que 7 daN/cm3, considera-se que a abertura de covas pode ser feita sem recurso a meios mecânicos; - Rocha branda: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for compreendido entre 7 e 10 daN/cm3, considera-se que a abertura de covas não exige outros meios para além do martelo acionado por compressor; - Rocha dura: se o coeficiente de compressibilidade do terreno for superior a 10 daN/cm3, considera-se que a abertura de covas exige utilização de explosivos. Montagem e colocação de apoios O apoio é o elemento de uma linha aérea que tem como função o suporte dos condutores, dos cabos de guarda, dos isoladores e outros acessórios. Os apoios utilizados em Portugal podem ser metálicos ou de betão, sendo que a escolha de cada um deles depende de fatores como o local de implantação e dos esforços a que vai estar sujeito. Atualmente é incentivada a utilização de apoios de betão, pois são postes mais económicos e, para além disso, a área necessária para as fundações é mais reduzida do que a requerida pelos apoios metálicos. Esta última consideração é reforçada pelo facto de as fundações constituírem uma das rúbricas que mais contribui para o aumento do custo global da obra, devido, essencialmente, à mão-de-obra requerida e à utilização de espaço pelo qual o proprietário tem de ser ressarcido. Outra das vantagens dos apoios de betão reside no facto não necessitarem de muita mão-de-obra para serem erguidos, uma vez que são uma peça maciça. No entanto, e apesar de constituírem um encargo financeiro maior devido ao trabalho que é necessário para elevá-los, os apoios metálicos podem ser colocados por partes, o que constitui uma vantagem quando é impossível transportar um apoio de betão para a zona de implantação (se não existirem acessos, por exemplo). De facto, a avaliação dos acessos ao terreno é das primeiras ações que um fiscal de obra tem de efetuar, para que o projetista possa decidir o tipo de apoio a utilizar. 28 Os apoios podem desempenhar várias funções, como ilustrado na Fig. 3.6: Alinhamento – Apoio colocado num troço rectilíneo da linha; Ângulo – Apoio implantado num ângulo; Derivação – Apoio onde se estabelecem as derivações; Fim de linha – Apoio que suporta a totalidade dos esforços que os acessórios da linha lhe transmitem de um só lado; Reforço – Apoio que suporta esforços longitudinais para reduzir consequências resultantes da rotura de condutores ou cabos de guarda. Fig. 3.6. Funções dos apoios. (a) apoio em rede (b) apoio de ângulo, (c) apoio de reforço em alinhamento, (d) apoio de fim de linha, (e) apoio de derivação em alinhamento, (f) apoio de derivação em ângulo[EDP, EC 2010] Pórticos A montagem de pórticos consistirá na colocação de 2 apoios simples, como ilustrado na Fig. 3.7. A montagem da armação para o pórtico será executada após o arvoramento dos respectivos apoios. Fig. 3.7. Pórtico 29 Constituição dos maciços Os maciços podem integrar-se nas seguintes categorias: De betão moldado; De betão ciclópico. Os maciços de betão são em regra em betão ciclópico, exceto se o projeto indicar a utilização de betão moldado ou se, durante a execução da obra, se constatar a conveniência da sua utilização. O vazamento do betão de um mesmo maciço deverá ser efetuado de uma só vez. Nos casos excepcionais, em que haja necessidade de efetuar o vazamento por duas vezes, serão utilizados pequenos estribos de ligação, com o diâmetro mínimo de 12 cm, em quantidade suficiente e convenientemente repartidas. O vazamento far-se-á até ao nível do solo. Serão tomadas todas as precauções usuais para proteger o betão contra a ação prolongada do gelo, da chuva e dos raios solares, isto é, não são permitidas betonagens quando se prevejam temperaturas inferiores a 4º C ou superiores a 40º C. A parte do maciço, de qualquer tipo de poste saliente do terreno, deverá ficar com as superfícies lisas e desempenadas à colher e deverá ser terminada em pirâmide, com inclinação mínima de 2%, para evitar a acumulação de águas. A base da pirâmide deverá ficar, no mínimo, 25 cm acima do nível do solo, garantindo-se que condições climatéricas desfavoráveis não conduzam à possibilidade de contacto direto das terras com nenhum elemento do poste. Depois de construídos os maciços, executadas as ligações à terra e tapadas as covas, será feita a regularização e adaptação desse terreno às condições de implantação dos maciços e proceder-se-á ao espalhamento das terras sobrantes, quando existirem. O volume de betão dos maciços varia em função das dimensões das covas, do tipo e altura do poste e ainda do coeficiente de compressibilidade do solo. Isoladores Os isoladores têm como função evitar a passagem de corrente do condutor ao apoio, suporte e sustentação mecânica dos cabos. Nas linhas aéreas de média tensão até 30 kV inclusive, podem utilizar-se isoladores rígidos, de eixo vertical ou de eixo horizontal e isoladores de cadeia. Antes da montagem, todos os isoladores serão previamente limpos e nenhum elemento defeituoso poderá ser utilizado. Os isoladores e acessórios a instalar são do tipo indicado no projeto, sendo instalados segundo os respetivos desenhos e especificações. 30 A montagem das cadeias de isoladores será feita com as necessárias precauções, de modo a evitar flexões das cadeias, susceptíveis de deformar os acessórios ou provocar fadigas anormais nos isoladores. Cadeias As cadeias podem ter a função de suspensão ou de amarração. • Cadeias de suspensão Como o nome indica, estas cadeias são utilizadas para passagem dos condutores, sem corte dos mesmos. Nas cadeias de suspensão (ver Fig. 3.8), a fixação dos condutores às pinças de aperto mecânico deverá ser feita com o maior cuidado, sem binário de aperto exagerado dos parafusos, sendo o cabo protegido por meio de varetas de proteção. Fig. 3.8. Cadeia de suspensão • Cadeias de amarração Neste tipo de cadeias, é feita a amarração do condutor através da pinça de amarração e a passagem executada através de um arco. A fixação do condutor à pinça de aperto mecânico deverá ser feita com o maior cuidado, sem binário de aperto exagerado dos parafusos, sendo o cabo protegido por meio de forras (ver Fig. 3.9). A fixação do condutor às pinças de amarração deve ser feita com recurso a prensas e maxilas adequadas. Fig. 3.9. Cadeia de Amarração 31 Armações As armações são os elementos metálicos que se colocam no topo de um apoio para a fixação dos condutores. Existem diversas formas de armações (em maior número do que as que são normalmente utilizadas em Portugal), tendo sido alvo de normalização pela EDP Distribuição. Armação em esteira horizontal (HPT4), representada na Fig. 3.10 Fig. 3.10. Armação tipo esteira horizontal (HPT4) [Linhas de Média Tensão, EC 2010] Armação em esteira Horizontal (HRSFC), representada na Fig. 3.11 Fig. 3.11. Armação tipo esteira horizontal (HRSFC) [Linhas de Média Tensão, EC 2010] 32 Armação em triângulo, adaptada para ângulo (TAN), representada na Fig. 3.12 Fig. 3.12. Armação tipo triângulo para alinhamento (TAN) [Linhas de Média Tensão, EC 2010] Armação em galhardete, adaptada para amarração (GAN), representada na Fig. 3.13. Fig. 3.13. Armação tipo galhardete para alinhamento (GAN) [Linhas de Média Tensão, EC 2010] É de referir que as armações são normalmente constituídas por ligas de ferro, sendo possível fazer com que uma armação suporte uma maior ou menor amplitude das solicitações que lhe são aplicadas aumentando ou reduzindo a espessura dos perfis de ferro. Uma linha aérea inicia-se, normalmente, a partir de um apoio com uma armação em esteira horizontal, mesmo em situações onde se trata de uma derivação. Nesses casos, é colocada uma armação HRSFC cerca de 1 m abaixo da homóloga que nesse mesmo apoio suporta a linha principal, respeitando-se as distâncias mínimas entre condutores. A solução de esteira horizontal permite uma fixação, no mesmo plano, dos condutores, o que leva a que, tanto para descidas como subidas a cabo (transição de subterrâneo a aéreo ou vice versa) não haja uma aproximação perigosa entre os componentes sob tensão. 33 No decorrer da linha, e quando esta possui vãos curtos, as armações com melhor desempenho são as estabelecidas em triângulo. Apesar de uma armação em galhardete permitir um maior distanciamento entre condutores, aquelas têm a vantagem da sua maior elevação no apoio, permitindo maiores distâncias dos condutores ao solo e a utilização de apoios mais baixos. Num projeto onde, à partida, vão existir vãos longos, é de aproveitar ao máximo a utilização de armações em galhardete. De facto, quanto maior for a distância entre apoios, maior é a possibilidade de os condutores se tocarem a meio vão, pelo que a prioridade é afastá-los o máximo possível. A armação em esteira vertical não é normalmente muito utilizada. A sua principal vantagem surge quando dois vãos adjacentes fazem um ângulo muito acentuado num apoio. Evita-se, assim, que os condutores se aproximem perigosamente deste, dado que se encontram amarrados apenas a uma face do mesmo. Ligações à terra Todos os apoios deverão ser ligados à terra, bem como armações, aparelhagem de corte ou de manobra (seccionadores), bainhas metálicas dos condutores, descarregadores de sobretensões (DST), ferragens de suporte e dispositivos anti-nidificação, instalados nos apoios. Os elétrodos de terra a utilizar deverão ser do tipo vareta de aço cobreado, de 2 m de comprimento, diâmetro de 14,3 mm e um revestimento mínimo de 0,25 mm de espessura de cobre. Os locais escolhidos para a instalação dos elétrodos serão os mais indicados para o efeito, depois de efetuadas medições apresentem os melhores resultados. Os elétrodos de terra serão, em regra, enterrados verticalmente no solo, a uma profundidade tal que, entre a superfície do solo e a parte superior do elétrodo, haja uma distância não inferior a 0,80 m e possuirão, se necessário, na sua parte inferior e superior, dispositivos que facilitem o seu enterramento sem os danificar. O valor da resistência de terra de proteção deverá ser inferior a 20 Ohm, em quaisquer condições de tempo ou de medição devendo, para o efeito, serem instalados elétrodos em número e forma suficiente para atingir esse valor. Os postes de betão devem ser ligados à terra, interligando-se o terminal de terra existente na parte inferior do poste (terminal TLT) com o elétrodo de terra, através de cabo de cobre nu de 35 mm2 (ver Fig. 3.14). 34 Os postes metálicos devem ser ligados à terra, interligando-se os terminais de terra existentes em cada uma das bases aos elétrodos de terra, e interligando-os entre si, através de cabo VV 1G35 mm2, com bainha exterior preta e isolamento verde/amarela. Fig. 3.14. Ligação dos elétrodos de terra [Linhas de Média Tensão, EC 2010] As armações em postes de betão de linhas aéreas de MT devem ser ligadas à terra através de fio de cobre de 16 mm2 de secção. O fio de cobre de 16 mm2 deve interligar todas as ferragens constituintes da armação nos pontos de ligação à terra, existentes em todas as ferragens. Depois de interligar todas as ferragens, o fio de cobre de 16 mm 2 deve ligar ao terminal de terra superior do poste, através de um terminal apropriado como representado na Fig. 315. Fig. 3.15. Execução terra de proteção [Linhas de Média Tensão, EC 2010] 35 A armação (HRFSC) e o seccionador devem ser interligados entre si através de fio de cobre nu com 16 mm2, ligando tudo ao terminal de terra superior do poste de betão, como ilustrado na Fig. 3.16. A plataforma de manobras e a parte fixa do punho do comando do seccionador serão ligados ao terminal de terra inferior do poste (ligações independentes), a cabo de cobre nu de 35 mm2, que no seu trajeto para o solo será protegido com tubo de PVC rígido de 25 mm de diâmetro, com extremidade embebida no maciço. A parte móvel do punho de comando do seccionador ligará à parte fixa através de trança de cobre estanhada de 16 mm 2. Fig. 3.16. Ligação de poste com Seccionador horizontal à terra [Linhas de Média Tensão, EC 2010] Condutores Nas linhas aéreas de média tensão podem ser utilizados condutores nus de cobre (16 mm2), alumínio – aço (Al-Aço 30 mm2, 50 mm2, 90 mm2, 160 mm2) ou ligas de alumínio (Áster 20 mm2, 35 mm2, 55 mm2, 75 mm2). Os cabos de cobre apenas são utilizados em linhas onde exista elevada corrosão marítima, ou seja em locais perto da costa. Materiais e colocação dos condutores O tipo, a secção e a tensão de colocação dos condutores são os indicados no projeto. As secções preferencialmente utilizadas pela EDP Distribuição em condutores de alumínio-aço e almelec/áster são as seguintes: - Condutores de alumínio-aço – 50 mm2, 90 mm2, 160 mm2 e 235 mm2; - Condutores de almelec/áster – 55 mm2, 117 mm2, 148 mm2 e 228 mm2. A colocação de condutores de secção diferente das indicadas será considerada como a correspondente ao condutor do mesmo tipo de secção, imediatamente superior. Considera-se o condutor de liga de alumínio equivalente ao de alumínio-aço de secção mais próxima. 36 Manuseamento dos Condutores No armazenamento e no transporte das bobinas tomar-se-ão as precauções necessárias para evitar qualquer deterioração dos condutores, nomeadamente: As bobinas serão armazenadas em locais abrigados e isentos de atmosferas contendo fumos, produtos corrosivos, poeiras de cimento, carvão ou outros corpos susceptíveis de se introduzirem entre os fios dos cabos, deteriorando-os; As bobinas serão cuidadosamente descarregadas dos veículos de transporte. Não deverão se transportadas sobre terrenos cujas irregularidades ou natureza possam deteriorar os cabos. O desenrolamento e a fixação dos condutores devem ser rodeados de todos os cuidados observando-se, nomeadamente os seguintes procedimentos: Todas as operações de desenrolamento, esticamento, regulação e colocação nas pinças serão conduzidas de modo a evitar torções, nós, afastamento ou rotura dos fios, etc. Para a colocação do condutor, durante estas operações, serão utilizados aparelhos cujos mordentes não possam deteriorá-lo; O desenrolamento dos condutores será feito de modo a evitar o seu contato com o solo; O desenrolamento de uma bobina será feito, quanto possível, de uma só vez, tendo em atenção o sentido de desenrolamento indicado pelo fabricante; A passagem dos condutores será feita através de roldanas de alumínio ou de liga de alumínio, com gola profunda de diâmetro no fundo da gola igual a 2,5 vezes o diâmetro do cabo e gola com profundidade não inferior a 1,2 vezes o diâmetro do cabo. Regulação dos condutores O esticamento dos condutores deverá ser feito de modo a evitar que os postes fiquem sujeitos a esforços da torção ou flexão. A regulação dos condutores far-se-á, preferencialmente, pela medida de tensão de colocação, nos vãos constantes do projeto e através de dinamómetro adequado. Seccionadores Existem dois tipos de seccionadores. Os seccionadores horizontais (ver Fig. 3.17), que são utilizados para fazer a interrupção da linha em certos pontos, sendo, por isso colocados sobre certos apoios horizontalmente. Deste modo, consegue-se abrir a linha para que esta fique sem tensão e assim se possa trabalhar nela, em caso de avarias ou mesmo no caso de construção e entrada em funcionamento de derivações de uma linha principal (ramais). Para 37 se colocar a derivação em carga, têm de se fazer as ligações da derivação à linha principal através de um corte de corrente, ou seja, abre-se o seccionador e pode-se trabalhar sem tensão. Assim que as ligações estiverem concluídas, fecha-se de novo o seccionador e fica-se com tensão na linha. Os seccionadores verticais (ver Fig. 3.17) são utilizados nos apoios em que se faz subidas de cabos, ou em apoios onde se coloca os postos de transformação aéreos. a) 3.17. a) Seccionador Horizontal e b) Seccionadorb)Vertical Fig. 3.3 Linhas de Média Tensão Subterrâneas (LMTS) A criação de linhas de média tensão subterrâneas ocorre devido: À colocação em funcionamento de novos postos de transformação em cabine; Ao reforço da rede de alimentação dos postos de transformação; Aos investimentos da EDP; À substituição nos centros urbanos de linhas aéreas de média tensão por redes subterrâneas. A Construção de Linhas Subterrâneas de Média Tensão envolve, em geral, várias fases, que se descrevem em seguida. Abertura de vala A abertura de vala para colocação de cabos subterrâneos, de média tensão ou de tubagens, far-se-á recorrendo a processo manual ou mecânico, respeitando os traçados de projeto e de acordo com o perfil de escavação definido para a colocação de cabos de média tensão. 38 A vala deve ter um perfil com uma largura de 0,50 m e uma profundidade de 1,20 m. Dependendo do projeto ou de acordos com a fiscalização, pode haver necessidade de abrir valas com outros perfis, designadas valas de perfil ―Não Tipo‖. A operação de abertura de vala segundo um perfil tipo ou outro, sempre que executada no âmbito da realização de uma tarefa, deve compreender a globalidade da seguinte sequência de operações: Recolha dos elementos disponíveis que permitam o melhor conhecimento possível das infra-estruturas subterrâneas existentes no local (redes de gás e águas, cabos elétricos existentes, cabos telefónicos, distribuição de sinal TV) e a confirmação do prévio licenciamento das obras a executar, incluindo a manutenção da licença no local da obra, para exibir, sempre que requerido pela fiscalização camarária ou outra; Levantamento do pavimento existente, ou seja, da camada superficial de desgaste e da estrutura de pavimento, quando existam; Escavação da vala propriamente dita, com as dimensões e perfil definidos, de modo a que as suas paredes se apresentem alinhadas e o seu fundo nivelado; Remoção dos produtos de escavação para fora da vala e arrumação dos mesmos de forma diferenciada, consoante a sua natureza, tendo em vista a sua posterior reutilização no aterro da vala; Escoramento de infra-estruturas, eventualmente existentes dentro das valas, como seja canos de água, tubagem de gás, tubos ou caixas de visita de teleserviços, cabos de fibra ótica e telecomunicações, etc. Dependendo do terreno onde se abrir a vala, pode ser necessário escorar toda a vala, se o terreno for arenoso. Arrumação e movimentação de produtos de escavação Durante o processo de abertura de valas, os produtos de escavação não reutilizáveis para o aterro da vala devem ser armazenados para depois serem encaminhados para entidades certificadas para reciclagem. No caso especial de escavações em travessias na via pública, deverão ainda ser arrumados os produtos reutilizáveis em local onde não perturbem o trânsito. O normal acesso de peões e viaturas às zonas residenciais e comerciais deverá ser sempre garantido, no decorrer dos trabalhos de rede na via pública. Serão fornecidas e colocadas passadeiras de natureza e dimensão adequadas ao trânsito, em condições de segurança: O acesso de peões deverá ser garantido através da colocação de passadeiras metálicas ou de madeira, providas de guardas laterais, como ilustrado na Fig. 3.18; 39 O acesso de viaturas deverá ser garantido através da colocação de passadeiras metálicas reforçadas, devidamente imobilizadas e sinalizadas. Fig. 3.18. Abertura de vala e colocação de passadeira de acesso Quando o traçado das valas se desenvolver em zonas urbanas ou semiurbanas e existirem condicionalismos que impeçam a arrumação dos produtos de escavação ao longo da vala, de forma a constituírem uma barreira à aproximação e eventual queda de peões, deve-se avaliar a necessidade de proceder à construção de guardas longitudinais na vala, com altura e resistência adequadas, de forma a garantir a segurança dos peões. Além disto, deve-se recorrer à colocação de barreiras móveis (baias) para sinalizar e barrar pontualmente a passagem de peões em locais estratégicos e particularmente perigosos para a sua permanência. Colocação de cabos na vala O lançamento e colocação de cabos em valas implicam a realização dos seguintes fornecimentos e operações elementares: Colocação de uma camada de areia fina distribuída pela vala, que funcionará como a cama de assentamento do cabo da vala; Verificação da existência de pedras ou quaisquer outros elementos que prejudiquem a passagem do cabo; Colocação de roletes no fundo da vala, distanciados e posicionados segundo regras, face ao tipo de cabo a lançar, ao traçado e aos eventuais obstáculos ao normal lançamento do cabo na vala; 40 Colocação da bobine que contém o cabo sobre mecanismo (cavaletes) adequados que permita, de forma estável, a elevação da bobina e a sua rotação para permitir o desenrolamento do cabo; Colocação de manga de tração adequada à secção e ao tipo de cabo a lançar, assim como do cabo de tração requerido. No caso do desenrolamento com guincho, deverá aplicar-se a tração diretamente sobre a alma condutora; Disponibilização de mão-de-obra para a fase de lançamento do cabo, controlando e repartindo esforços de tração e evitando o contacto do cabo com arestas ou eventuais obstáculos existentes ao longo da vala; O posicionamento final do cabo ao longo da cama de assentamento, no caso de este ser monopolar, depende da posição relativa das fases, e obriga à aplicação de abraçadeiras em intervalos regulares de 5 m em troços rectilíneos, ou de 1,5 m a 2 m nos troços curvilíneos; Colocação de uma segunda camada de areia de 0,10 m de espessura média, de forma a envolver o cabo lançado na vala e a obter uma distribuição da areia com espessura uniforme ao longo do perfil escavado; Colocação de placas de PPC (placa de proteção de cabos enterrados) de 1000x250x2,57 mm para a proteção mecânica dos cabos que não disponham de armadura; Colocação de rede de sinalização ao longo do traçado, a indicar a existência de cabos. Durante o lançamento dos cabos, será ainda constante a observância dos seguintes procedimentos e verificações: Controlo visual das condições da bainha exterior do cabo; Perante o conhecimento do tipo e das características do cabo a manusear, o raio de curvatura mínimo do cabo assim como o esforço máximo de tração a que poderá ser sujeito, não deverão ser ultrapassados; Por fim, quando o cabo é cortado, devem ser aplicados capacetes termoretráteis de selagem das extremidades. Quando se deixa na vala cabo excedentário para trabalhos futuros, dever-se-á colocar o cabo em ―círculo‖ ou em ―oito‖. A colocação de cabos em valas, onde já existam outros cabos, poderá obrigar à manipulação prévia dos cabos existentes, tendo em vista a preparação das condições para lançamento dos novos cabos no perfil escavado, mas deve-se ter o máximo de cuidado no seu manuseamento, pois muitos destes cabos estão em tensão. 41 Depois de a vala estar aberta, deve-se proceder ao reposicionamento dos cabos na vala. Se necessário, dever-se-á proceder à recolocação e ao reposicionamento dos materiais de proteção mecânica dos cabos. Enfiamento de cabo em tubagem Em certas situações, os cabos têm de ser enfiados em tubos por diversas razões, tais como: 1. No caso das travessias da via pública, sendo utilizados tubos de PEAD/PVC, assentes no fundo de uma vala, aberta perpendicularmente à via e com uma profundidade tal que os tubos da camada superior garantam a profundidade mínima regulamentar para o atravessamento da via por cabos de BT ou MT, mas nunca inferior a 0,8 m. Os tubos, na quantidade definida no projeto, serão dispostos numa única ou várias camadas, consoante a disponibilidade do terreno e a prática local de execução, evitando-se, sempre que possível, a proximidade das mesmas com outras infra-estruturas subterrâneas, existentes ou projetadas. Os tubos que vierem a constituir reserva para posterior utilização, deverão ser cuidadosamente tamponados, nos extremos, com tampões apropriados. 2. No caso das travessias para a entrada em garagens ou outras travessias similares, após a abertura da vala à profundidade adequada, serão dispostos em camadas e colocados na vala tubos de PEAD, de 125 mm ou 160 mm de diâmetro exterior. Neste tipo de travessia, a camada de tubos mais profunda assentará sobre uma cama de areia, areão ou pó de pedra de 0,05 m de espessura, depois de regada e batida. O aterro da vala será feito por camadas, sendo a primeira camada de terra cirandada de cerca de 0,20 m e compactada a maço. As camadas seguintes serão também executadas com terra limpa, de 0,20 m de espessura, regadas e mecanicamente compactadas. A sinalização dos tubos será garantida através de rede de sinalização, aplicada a 0,30 m a partir do nível do pavimento em conjunção com fita de sinalização aplicada a 0,15 m acima da última camada de areia de envolvimento dos tubos. 3. Nas travessias de locais especiais, tais como as que ocorrem em terrenos sujeitos a abatimentos ou escorregamentos e a esforços elevados, em itinerários principais e complementares ou ao longo de vias de grande afluência de trânsito, são usados tubos PEAD de 125 mm ou 160 mm de diâmetro exterior, dispostos em camadas na vala de forma análoga 42 à já descrita para as travessias do tipo normal mas envolvidas em betão. Antes do enfiamento do cabo deverá ser cuidadosamente limpo o interior dos tubos. Na entrada e na saída de tubos deverão ser dispostas guias para cabos, a fim de que a bainha dos mesmos não corra o risco de roçar nas arestas. Aterro de vala O aterro das valas deverá ser feito com terra limpa (isto é, terras sem pedras, restos de betuminoso, de produtos de escavação em rocha, restos de tubagem e de materiais biodegradáveis), por camadas de 0,20 m de espessura, regadas e compactadas a partir da segunda camada de areia e da proteção mecânica do cabo, se existir (ver Fig. 3.19), até à altura de execução da caixa apropriada para o tipo de pavimento a repor. A compactação deverá ser feita com meios mecânicos adequados. Em atravessamentos de via pública, tem de se colocar uma camada de ― tout-venant‖ ou betão pobre antes de se pavimentar a via pública. Reposição de pavimentos A reposição de pavimentos, a executar em consequência da abertura de valas para a instalação de redes subterrâneas, deve garantir que, de uma forma geral, o novo pavimento resulte o mais semelhante possível ao existente antes da abertura da vala, garantido o nivelamento entre a reposição a e o pavimento existente, como ilustrado na Fig. 3.19. A sinalização de trabalhos, bem como a manutenção de passadeiras e proteções de peões, deve permanecer, desde o início da abertura da vala até ao final da reposição de pavimentos. Fig. 3.19. Compactação e Reposição de Pavimento 43 Terminações e uniões em cabos de MT Para a ligação ou interligação de cabos de MT, deverão ser executadas caixas de junção e caixas de transição adequadas aos diferentes tipos de cabo existentes nas redes de MT da EDP Distribuição, quer no que respeita ao modo de isolamento quer no que respeita ás tensões de serviço. Com efeito, constam das tarefas descritas a execução: Caixas terminais para cabos de MT com isolamento seco e com isolamento a papel impregnado a óleo; Caixas de junção entre cabos com isolamento seco e entre cabos com isolamento a papel impregnado a óleo; Caixas de junção/transição entre cabos com isolamento a papel impregnado a óleo e um terno de cabos com isolamento seco. Subidas de cabos em postes de rede ou em paredes Nas subidas e descidas de cabos de MT, em postes de rede ou em paredes, serão utilizados tubos de PVC rígido, de 160 mm de diâmetro e 10 kg/cm 2. Estes tubos deverão constituir uma proteção mecânica suplementar dos cabos e a fixação dos tubos aos postes de rede será realizada com fita metálica e respetivas fivelas. Na fixação às paredes serão utilizadas abraçadeiras apropriadas convenientemente espaçadas. 44 4 Tarefas Realizadas 4.1 Projecto/ Orçamentação Os projectos de redes de baixa tensão podem consistir na remodelação da rede, aumento da rede ou no reforço da mesma. Todas estas situações podem ter origem em reclamações provenientes de clientes, dificuldades ao nível técnico e devido a pedidos de fornecimento de energia (PFE‘s), problemas de qualidade de serviço e problemas de ausência/degradação de iluminação pública. Quando existe a necessidade de visitar o local, para avaliar as condições para construção da rede de uso exclusivo e a necessidade de modificação ou mesmo construção de novos troços de rede de uso partilhado, é necessário realizar um levantamento do material e das tarefas a executar. Durante a visita é feito um croqui para as tarefas a executar, para posteriormente se realizar a orçamentação e o respectivo mapa de medições correspondente simultaneamente é executado um levantamento SIT (Sistema de Informação Técnica) a todas as infra-estruturas elétricas dos circuitos em causa. Estas informações são posteriormente inseridas no sistema de gestão da rede de baixa tensão da distribuidora. A viabilidade do estudo é validada pela distribuidora que posteriormente adjudica a obra. 4.1.1 Levantamentos Rede Baixa Tensão Depois de se ter identificado os postos de transformação necessários para realização do estudo, avança-se para uma nova fase do processo que consiste em extrair as plantas dos locais a partir do SIT, sendo de seguida efetuado o levantamento, no terreno, do tipo de canalizações e das potências contratadas, por todos os clientes da saída ou saídas respetivas dos requerentes. Todos os dados da rede, incluindo o traçado e localização dos apoios (redes aéreas) são anotados nas plantas para futura análise (Anexo III). Os levantamentos das redes permitem ganhar sensibilidade para futuras soluções, já que o contacto direto com o ambiente em que estas se inserem é muito importante para compreender quais as zonas com possibilidade de crescimento a nível de cargas. Esta informação pode influenciar de forma significativa a solução final a adoptar. As remodelações de rede são das obras que apresentam maiores dificuldade de levantamento e orçamentação uma vez que implicam a construção ou remodelação de grandes partes da rede, sendo necessárias diversas medições. Esta informação vai permitir realizar o planeamento da rede e a distribuição de cargas. Nesta fase é colocada a hipótese de a rede ser emalhada de modo a existir uma alternativa de alimentação em caso de necessidade. A Fig. 4.1 apresenta a informação associada ao levantamento executado para remodelação de 45 uma rede existente, sendo constituído por uma ficha técnica com a informação da descrição da forma de execução dos trabalhos. Fig. 4.1. Ficha técnica de remodelação de rede Quando existe um pedido de fornecimento de energia ou aumento da potência contratada, é necessário realizar um levantamento no local da rede de baixa tensão. As informações recolhidas permitem verificar se existe viabilidade no pedido do cliente analisando as condições do local, a instalação do cliente e a potência máxima instalada para aquela zona. A Fig. 4.2 apresenta o exemplo de uma Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia. Fig. 4.2. Ficha Técnica de Pedido de Fornecimento de Energia (PFE) A solicitação de remoção/deslocação de apoios, surge usualmente por dois motivos distintos, devido a um pedido de um cliente quando o apoio fica exatamente no acesso à habitação, ou então no caso da necessidade de alargamento de uma via pública. Nesta situação 46 é necessário realizar uma visita técnica ao local, com vista a fazer a análise da viabilidade de mudança do mesmo, e em caso positivo estabelecer e identificar as tarefas que são necessárias. Na Fig. 4.3 é apresentado o exemplo de uma Ficha Técnica de Modificação da Rede onde é possível observar a identificação da situação e onde estão estabelecidas as tarefas a realizar que servem de base para realizar o orçamento. Fig. 4.3. Ficha Técnica de modificação de rede 4.2 Gestão de Obra Atribuídas as obras a executar por parte da Distribuidora de Eletricidade na Área Operacional de Aveiro, torna-se necessário classificá-las de acordo com a prioridade de cada uma delas e proceder à organização dos materiais disponíveis em armazém para a sua execução. A Fig. 4.4 apresenta o exemplo da informação disponibilizada pela aplicação de gestão de obras. Está atribuída ao autor deste trabalho a tarefa de receber a obra e verificar de que tipo de obra se trata: um pedido de fornecimento de energia (novas instalações); uma mudança de local de equipamentos; uma remodelação de rede ou a construção de um novo posto de transformação onde se encontra incluído a parte de Média Tensão e Baixa Tensão. É ainda necessária uma deslocação ao local da obra, acompanhado pelo chefe da equipa, para identificação do local da intervenção e resolução de todas as questões relacionadas com a execução da obra. 47 Fig. 4.4. Aplicação de Gestão de Obras 4.2.1 Gestão de Materiais Com base nas características de cada obra solicitada, através do programa livesolutions, utilizado para gestão das obras e materiais, é possível tratar individualmente cada uma das obras. Este programa permite verificar o stock de material fornecido pela EDP e existente em armazém, sendo necessário fazer, no final de cada mês, um balanço do material em armazém, e respectivas datas de entrega, conforme ilustrado na Fig. 4.5. Fig. 4.5. Aplicação de Controlo de Fornecimento de Materiais 48 4.2.2 Gestão de Stock Através desta aplicação de gestão é feito o controlo das entradas e saídas de material, sendo também possível saber o stock em armazém, o material em que o fornecimento se encontra em falta e o material para fornecimento e respectiva data de entrega. Na Fig. 4.6 apresenta-se um exemplo da informação disponibilizada pela aplicação de gestão de stocks. Fig. 4.6. Aplicação de gestão de Stock 4.3 Manutenção Postos de Transformação O distribuidor tem especial atenção às acções de manutenção preventiva dos seus postos de transformação. São feitas inspeções às instalações elétricas por um técnico responsável pela exploração, pelo menos duas vezes por ano, a fim de proceder às verificações, ensaios e medições regulamentares e elaborar um relatório, sendo uma dessas inspecções feita durante os meses de Verão e outra durante os meses de Inverno. O relatório sobre as inspecções será posteriormente enviado, anualmente, aos serviços externos da Direcção Geral de Energia e Geologia. Existe a necessidade de verificar uma vez por ano, durante os meses, de Junho, Julho, Agosto e Setembro, as resistências de terra de todos os elétrodos de terra que lhes pertençam. Os resultados obtidos deverão ser anotados no mapa de terras para que possa ser consultado, em qualquer ocasião, pela fiscalização da Direcção Geral de Economia. A limpeza das instalações realiza-se com a frequência necessária para impedir a acumulação de poeiras e sujidades, especialmente sobre os isoladores e aparelhagem. Qualquer trabalho de limpeza, conservação e reparação só poderão ser executados por pessoal especializado. 49 Relativamente aos cuidados a ter por parte da rede explorada por esse posto de transformação, é necessário verificar se a ponta máxima (kW) atingida pelo Transformador de Potência, se enquadra nos parâmetros do seu dimensionamento (kVA), controlar a energia reativa, efetuar periodicamente a medição das tensões secundárias e, se necessário adequar a respectiva tomada, operação a ser executada sem tensão e por pessoal habilitado. A Manutenção Preventiva Sistemática (MPS) contempla a realização de dois tipos de acções para os postos de transformação, como podemos ver na Tabela 4.1. Tabela 4.1. Manutenção Preventiva Sistemática [EDP, Guia de Manutenção a PT´s] INSPECÇÃO - Observação visual do estado geral da instalação; - Termovisão sobre todas as ligações elétricas; - Medição da resistência dos elétrodos de terra: - Terra de serviço; - Terra de proteção. MANUTENÇÃO INTEGRADA - Observação dos elementos para manutenção; - Caracterização dos pontos quentes detetados; - Inspecção detalhada a todas as ligações dos circuitos de terra; - Revisão (afinação, lubrificação, ensaio dos dispositivos de manobra) - Verificação e ensaios aos sistemas de protecção. 4.3.1 Inspecção a Postos de Transformação Esta atividade inclui a execução do plano anual de manutenção preventiva sistemática aos postos de transformação e redes de baixa tensão, o plano de realização é entregue para ser executada a programação no final do ano anterior. Na inspeção a realizar deve-se verificar o estado da instalação e equipamentos elétricos, com recurso a binóculos/lanterna quando necessário, preencher as fichas de inspeção das anomalias detetadas (Anexo IV) e identificar o grau de prioridade que deve ser considerado para a correção, baseado em critérios uniformes. A inspeção local da instalação vai permitir verificar a existência de elementos estranhos à rede elétrica, ninhos ou excrementos de aves no transformador ou nos órgãos de corte e seccionamento, devido à entrada destas no posto de transformação, registar e 50 identificar a proximidade de qualquer atividade poluente (pedreiras, salinidade, serrações), que afete de modo significativo a posterior limpeza do posto de transformação. No relatório deve ainda constar informação relacionada com o mau estado ou entupimento de caleiras e tubos do sistema de escoamento, referência a infiltrações de água, registo fotográfico das anomalias detetadas, verificação de eventuais pontos quentes, medição e registo no mapa de terras, dos valores da terra de protecção e terra de serviço, verificação de não existência de interrupção dos circuitos de terra, registo das tensões e do contador totalizador do posto de transformação. 4.3.2 Manutenção Integrada A Manutenção aos postos de transformação inclui as seguintes tarefas e verificações [EDP, Guia de Manutenção a PT´s]: Limpeza geral do posto de transformação; Limpeza geral do barramento MT e respetivos elementos de suporte e isolamento (Postos de transformação com barramento à vista); Limpeza de todos os órgãos de corte e / ou proteção; Limpeza dos Transformadores de Potência; Limpeza do Quadro Geral de Baixa Tensão; Manutenção geral (afinações, lubrificações, etc.) dos órgãos de corte e respetivos comandos; Verificação de ligações e apertos; Verificação e lubrificação de dobradiças, fechaduras e fechos das portas de acesso à instalação; Verificação do bom estado de funcionamento da iluminação do PT, com substituição do material avariado ou danificado; Medição das resistências dos elétrodos de terra do PT; Regulação da tomada do transformador se necessário; Eventual reposição do nível do óleo do transformador; Verificação e ensaios dos sistemas de proteção. A distribuidora, no final de cada ano, elabora uma lista de postos de transformação aos quais é necessário fazer manutenção. Em geral, os que apresentam necessidade de intervenção são os do tipo cabine alta (CA) e além das ações de manutenção preventiva acima referidas, têm de realizar também uma substituição de toda a aparelhagem de corte e reparação das 51 instalações do PT. Este tipo de proteção tem vindo a ser substituída por celas com interruptor seccionador de corte. Análise de anomalias detectadas: Falta de isolador no seccionador: tal como ilustrado na Fig. 4.7, verificou-se a falta de um isolador numa das fases do seccionador do posto de transformação, foi de imediato pedida a substituição devido ao perigo que representava para pessoas e bens. Fig. 4.7. Seccionador com isolador danificado Falta de terra de proteção: Verificou-se durante a inspeção que a terra de proteção tinha sido furtada, como verificado na Fig. 4.8, estando o posto de transformação sem proteção contra descargas atmosféricas, foi elaborada uma nota de avaria para reposição urgente da terra de proteção. Fig. 4.8. Posto de Transformação sem Terra de Protecção 52 Armário e tubos de proteção do posto de transformação do tipo AI danificados: como ilustrado na Fig. 4.9, possivelmente devido a acidente, o armário do posto de transformação encontrava-se fora da base e danificado, originando problemas elétricos, devido aos danos provocados nos triblocos e barramentos do quadro e devido à entrada de água. Foi elaborado um relatório de incidente para averiguação da existência de algum incidente para este local, a fim de identificar a causa dos estragos, anexando a ficha de orçamentação com as atividades e materiais para resolução do problema detetado. Fig. 4.9. Armário danificado Na inspeção a um posto de transformação em cabine alta, foram detetadas anomalias graves a nível da instalação elétrica e da estrutura da instalação. Foi detetado um cabo a servir de shunt de neutro entre dois circuitos distintos, o que possivelmente causou prejuízos aquando da falta de neutro. No interior do posto de transformação verificou-se que uma das saídas do quadro geral de baixa tensão se encontrava ligada com ligadores, como ilustrado na Fig. 4.10. Pelos indícios encontrados esta alteração teve origem numa avaria que terá destruído a saída do quadro geral, o qual foi reposto com recurso a ligadores de forma provisória. Ao nível da estrutura foram detetadas fissuras e faltas de reboco nas paredes. No final foi elaborado uma nota de avaria para orçamentação. Fig. 4.10. Anomalias detectadas PT 50 Águeda 53 Na sequência da inspecção ao posto de transformação apresentado na Fig. 4.11, verificaram-se duas anomalias graves: um dos descarregadores de sobretensões encontrava-se partido e o circuito e contador de iluminação pública encontravam-se queimados. Pelos vestígios encontrados no local estes estragos foram provocados por uma descarga atmosférica, tendo sido elaborada uma nota de avaria para reparação dos estragos. Fig. 4.11. Anomalias detectadas na inspecção ao PT 19 Anadia Na inspecção ao posto de transformação da Fig. 4.12 verificou-se que a placa de travessia (passa-muros) se encontra partida, o que permitiu a entrada de água e aves dentro do posto de transformação. Foi elaborada uma nota de avaria para substituição da placa e dos isoladores de travessia. Fig. 4.12.Placa de travessia MT danificada 54 4.4 Indicadores Qualidade de Serviço Os padrões de qualidade de serviço a garantir pelos operadores das redes de distribuição podem variar de acordo com as zonas geográficas estabelecidas. As zonas são classificadas da seguinte forma [Regulamento de Qualidade de Serviço]: a) Zona A - capitais de distrito e localidades com mais de 25 mil clientes; b) Zona B - localidades com um número de clientes compreendido entre 2500 e 25000; c) Zona C - os restantes locais. O fornecimento de energia elétrica, bem como a prestação do serviço de transporte e de distribuição, podem ser interrompido devido a [Regulamento de Qualidade de Serviço]: a) Casos fortuitos ou de força maior; b) Razões de interesse público; c) Razões de serviço; d) Razões de segurança; e) Facto imputável ao cliente; f) Acordo com o cliente. A quantificação do tempo de não fornecimento de energia que decorrem entre a avaria e a reparação resultante de incidentes provocadas pelas causas referidas anteriormente não são contabilizados para o cálculo dos índices de qualidade de serviço. 4.4.1 SAIDI- Tempo médio das interrupções do sistema Rede MT Este índice representa a duração média das interrupções verificadas por zona geográfica (A, B e C) do operador da rede de distribuição nos pontos de entrega, postos de transformação de serviço público (PTD) ou postos de transformação de uso particular (PTC), num determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.1): (4.1) onde: DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j (PTD OU PTC), em minutos; k — quantidade total de pontos de entrega (PTD OU PTC) na zona geográfica considerada; x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado. 55 Rede BT Este índice representa a duração média das interrupções verificadas por zona geográfica (A, B e C) do operador da rede de distribuição nos pontos de entrega (clientes BT) num determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.2): (4.2) onde: DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j (clientes BT), em minutos; k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT) na zona geográfica considerada; x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado. 4.4.2 SAIFI- Frequência média das interrupções do sistema Rede MT Este índice representa o número médio de interrupções verificadas, por zona geográfica (A, B e C) do distribuidor vinculado, nos pontos de entrega (PTD ou PTC), num determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.3): (4.3) onde, FIjMT — número de interrupções em PTD e PTC, no período considerado; k — quantidade total de pontos de entrega (PTC e PTD), na zona geográfica considerada. Rede BT Este índice representa o número médio de interrupções verificadas, por zona geográfica (A, B e C) do operador da rede de distribuição, nos pontos de entrega (clientes BT), num determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil), dado por (4.4): (4.4) em que, FIjBT — número de interrupções nos pontos de entrega (clientes BT), no período considerado; k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT), na zona geográfica considerada. 56 4.4.3 TIEPI-Tempo de interrupção equivalente da potência instalada Rede MT Este índice representa o tempo de interrupção equivalente da potência instalada por zona geográfica (A, B e C) do operador da rede de distribuição, num determinado período de tempo estabelecido (trimestre ou ano civil) e que é dado pela expressão (4.5): (4.5) onde: DIij — duração da interrupção i no ponto de entrega j, em horas; PIj — potência instalada no ponto de entrega j — posto de transformação de serviço público (PTD) ou particular (PTC), na zona geográfica considerada, em kVA; k — quantidade total de pontos de entrega (clientes BT) na zona geográfica considerada; x — número de interrupções do ponto de entrega j, no período considerado. Os indicadores para as redes de média e de baixa tensão, referentes a interrupções longas não deverão exceder os valores da Tabela 4.1. Tabela 4.1. Padrões para a Rede de Baixa e Média Tensão [Regulamento de Qualidade de Serviço] 57 4.5 Sistema de Gestão de Mobilidade de Equipas Existem equipas de piquete disponíveis 24h por dia, garantindo o fornecimento de energia, devido a defeitos causados pelo envelhecimento dos materiais, condições atmosféricas adversas ou devido a atos de vandalismo, este tipo de casos são os que geralmente colocam maior risco à comunidade. Relativamente à reparação de avarias, quando estas surgem na rede de distribuição baixa tensão, a rede afetada passa a ser explorada num regime designado por regime de exploração em rede perturbada. Se a reparação for realizada com a rede em serviço, os trabalhos são classificados como Trabalhos Em Tensão (TET). Durante a execução deste tipo de trabalhos existem dois objetivos primordiais: o primeiro visa garantir a realização dos mesmos respeitando todas as condições de segurança e o segundo está associado a uma redução do tempo de resolução, para que o cliente afetado fique o menor tempo possível sem energia. A equipa é chamada ao local através de uma ordem de trabalho que lhe chega através de um Equipamento Móvel de Gestão de avarias, onde consta toda a informação sobre a avaria. Se a equipa resolver definitivamente a avaria fica na condição de ―definitiva‖ ou caso contrário fica na condição de ―provisória‖, passando a sua gestão para uma equipa de Redes Baixa Tensão. Após a resolução da avaria a equipa deve dar por concluída a mesma, classificando com o código respectivo a causa da avaria (Anexo V). Quando a avaria fica provisória existe a necessidade de elaboração de uma ficha de orçamentação com as tarefas cumulativas realizadas e material necessário para execução definitiva da mesma (Anexo VI). Nesta actividade existem objetivos e metas a cumprir pelo que a organização das equipas e os tempos de atuação das mesmas são muito importantes. Atualmente os tempos a cumprir na resolução de avarias é facilmente controlado devido aos equipamentos móveis de gestão de avarias, onde as equipas informam a cada momento em que estado se encontra a resolução da avaria (Aceite, Iniciada, No local, Confirmada e Finalizada), o procedimento de execução da avaria é: 1- Chegada da avaria ao equipamento móvel da equipa; 2- Aceitação da avaria; 3- Deslocação para o local da avaria; 4- Pesquisa e resolução da avaria; 5- Finalização da avaria. 58 Equipamento Móvel As principais funcionalidades deste equipamento são: Receção e leitura de incidentes; Visualização dos detalhes dos incidentes; Registo da informação de resolução de incidentes; Envio da informação para o centro de comando; Permite fotografar elementos importantes como prova de causa de avaria (casos fortuitos ou de força maior) (Anexo VII); Reencaminhamento do incidente (caso se trate do coordenador de avarias). O sistema de gestão de avarias tem por objetivo a transmissão e coordenação automática dos incidentes na rede de baixa tensão. A utilização deste equipamento permitiu melhorar de forma significativa o processo de reparação das avarias nos seguintes aspetos: Eficiência da comunicação entre os centros de condução e as equipas no terreno; Da capacidade de intervenção das equipas; Interação das equipas no terreno com o centro de condução; Qualidade da informação recolhida. A quantificação do tempo em cada uma das etapas da resolução da avaria permitem determinar os vários índices utilizados para a avaliação do cumprimento dos objetivos estabelecidos. Os rácios mais importantes são o Tempo de Interrupção Equivalente da Potência Instalada (TIEPI) e o Tempo Médio das Interrupções do Sistema (SAIDI). O cumprimento dos objetivos estabelecidos para a Área Operacional depende dos valores obtidos para estes índices. Atualmente a entidade distribuidora de energia elétrica possui um Sistema de Gestão de Mobilidade de Equipas onde é feita a gestão de todas a equipas no terreno. Através desta plataforma é possível, em tempo real, localizar onde se encontra a equipa e qual o estado da ordem de serviço associada. A plataforma permite realizar a gestão das equipas de Avarias que têm como função responder a problemas decorrentes de incidentes na rede elétrica e garantir a continuidade de serviço, gerir as equipas Comercial que se ocupam das ordens de serviço de contagens de energia e gerir as equipas de Manutenção que estão responsáveis pela manutenção da iluminação pública e resolução definitivas dos incidentes das equipas de avarias que ficaram no estado de provisória (ver Fig. 4.13). Através da informação disponibilizada pelo sistema são controlados os tempos de ocupação das equipas responsáveis pela reparação das avarias e que garantem a continuidade de serviço, permitindo avaliar se os objetivos estão a ser cumpridos e calculados os vários rácios de qualidade de serviço, garantido ainda: Redução do tempo de comunicação de incidentes entre os centros de condução e as equipas no terreno; 59 Aumenta a qualidade da informação trocada, reduzindo erros de transcrição e comunicação oral; Gera automaticamente informação de gestão, como históricos de incidentes e tempos de intervenção; Acrescenta ainda ao antigo sistema a capacidade de levar a informação até às equipas no terreno, possibilitando assim uma cobertura de ponta a ponta do processo de gestão de incidentes num suporte informático. Fig. 4.13. Sistema de Gestão de Equipas (GME) 60 4.6 Assistência a Clientes e Manutenção Corretiva Esta atividade resulta da resposta a um pedido feito pelo centro de Condução/Despacho que obriga a uma deslocação, com carácter de urgência, a qualquer local da área geográfica de intervenção, tendo em vista a pesquisa, localização e resolução de avarias, trabalhos de índole comercial ou verificação de qualidade de serviço/condições de segurança. Nestas situações é necessário estabelecer as tarefas a realizar para que seja garantida a continuidade no fornecimento de energia elétrica assim como a salvaguarda de pessoas e bens. Atualmente as equipas de avarias, mais conhecidas por piquetes de avarias, estão disponíveis 24 horas por dia. Estas equipas têm como objetivo garantir a continuidade de fornecimento de energia, assim como a resolução das anomalias da rede das quais possam ocorrer cortes de energia, são também estas equipas que garantem o bom funcionamento das redes de distribuição. Este processo tem início quando o cliente liga para a operadora a comunicar a falta de energia na sua instalação ou uma anomalia na rede. A partir deste momento a equipa é chamada ao local, através de uma ordem de trabalho que lhe é transmitida para o equipamento móvel, é também a partir deste momento que o tempo associado à reparação da avaria começa a ―contar‖ para o cálculo dos rácios de qualidade de serviço pelos quais a distribuidora é avaliada pelo seu supervisor (ERSE). Os incidentes ocorridos na rede de distribuição são classificados de formas diferentes tendo em conta dois fatores primordiais, e que são o número de clientes afetados e se existiu interrupção do fornecimento de energia. Com esta informação é realizada a classificação da avaria. As avarias podem ser classificadas como Anomalias de Rede, Baixa tensão, de Iluminação Pública, de clientes particulares e Transformador. Nas Anomalias de rede estão englobadas todas as situações em que pode ou não existir corte no fornecimento de energia, e mais de um cliente afetado por este incidente, em resultado de anomalias provocadas por condições climatéricas adversas ou causadas por terceiros (ex: acidentes viação), que impliquem que elementos da rede elétrica tenham sido danificados. Avarias de Baixa Tensão correspondem aos incidentes onde existiu corte no fornecimento de energia e este afetou mais que um cliente, resultante por exemplo de avarias num circuito de alimentação do posto de transformação ou apenas num ramal de derivação. As avarias de Iluminação Pública correspondem a incidentes que impliquem o não funcionamento da iluminação pública ou o seu mau funcionamento, estas avarias resultam de avarias na totalidade dos focos luminosos daquele circuito e não apenas quando existe um foco luminoso avariado. 61 As avarias de Cliente Particular são assim classificadas quando a anomalia afeta apenas um cliente onde pode ter existido ou não corte no fornecimento de energia. As avarias classificadas como Transformador são aquelas que tem maior relevância pois estão associadas a avarias de média tensão ou avarias no posto de transformação, afetando todos os clientes a jusante. Esta classificação define a prioridade da avaria e a sua entrada, ou não, para os cálculos dos índices de qualidade de serviço. As avarias de Transformador são classificadas com prioridade máxima devido ao número de clientes afetados e ao valor das potências contratadas; em seguida na lista de prioridade estão as avarias de Baixa Tensão ou cliente coletivo que afeta diversos clientes de um determinado circuito ou ramal, sendo número de clientes menor que nas avarias de Transformador, seguem-se as avarias de Cliente Particular que afetam apenas um cliente seguidas das anomalias de rede e por último as avarias de Iluminação Pública. Para o cálculo dos índices de qualidade de serviço é necessário ter presente algumas informações. Nas avarias associadas ao tipo de Transformador se se verificar que são resultantes de avarias na rede de média tensão, o tempo de resolução vai ser contabilizado mas para o cálculo dos índices de média tensão, nas avarias de cliente particular não são contabilizados os tempos resultantes de avarias na instalação do cliente (ex: quadro cliente ou portinhola), os tempos das avarias de anomalia de rede sem interrupção de energia ou provocadas por terceiros e avarias de iluminação pública não são contabilizados para este cálculo. 4.6.1 Análise por Concelho - Concelho Anadia (AND) O gráfico da Fig. 4.14 apresenta os valores percentuais associados aos diferentes tipos de avarias ocorridas neste concelho durante o mês de Agosto. O tipo de avarias com maior número de ocorrências está associado aos clientes particulares. Este tipo de avarias está fortemente associada às condições atmosféricas verificadas durante este período. Fig. 4.14.Distribuição por tipo de Avaria 62 No gráfico da Fig. 4.15 apresenta-se a comparação do tempo de resolução médio por tipo de avaria, o tempo médio de resolução apresentado engloba o tempo de chegada ao local (iniciar da avaria) e o tempo de pesquisa e resolução da avaria. Da análise dos dados pode-se verificar que as avarias do tipo cliente particular foram aquelas em que a média do tempo de resolução foi mais elevada, situando-se a média de resolução numa hora e trinta e sete minutos o que é um bom tempo, visto que o tempo máximo teórico atualmente é de quatro horas, para que não exista penalizações, estando também a média do tempo de chegada ao local em cerca de sessenta e sete minutos muito abaixo do máximo teórico de cento e vinte minutos. Fig. 4.15. Tempos de resolução por tipo de incidente - Concelho de Águeda (AGD) O gráfico da Fig. 4.16 apresenta a percentagem de avarias por tipo ocorridas neste concelho durante o mês de Agosto, com uma superioridade para as avarias ocorridas em clientes particulares, seguidas pelas avarias de Anomalia de rede, o que a nível de tempos de resolução têm pouco significado visto que estas anomalias são de resolução fácil e rápida. Fig. 4.16. Distribuição por tipo de avaria concelho de Águeda No gráfico da Fig. 4.17 apresenta-se a comparação dos tempos de resolução médios de cada tipo de avaria, o tempo médio de resolução, que engloba o tempo de chegada ao local e o tempo de pesquisa e resolução da avaria, verifica-se também do tempo de resolução efetiva (Tempo resolução) e o tempo que a equipa demora a chegar ao local (Tempo inicio Avaria). Da análise dos dados pode-se verificar que as avarias do tipo baixa tensão foram aquelas em que o tempo médio de resolução foi mais elevado, pois são incidentes que afetam ramais ou 63 mesmos circuitos inteiros ou parciais do posto de transformação, tendo um tempo de pesquisa e resolução maior devido à sua complexidade, situando-se a média de resolução numa hora e setenta minutos, o que é um bom tempo visto que o tempo máximo atualmente é de quatro horas, estando também o tempo de chegada ao local em cerca de sessenta e sete minutos muito abaixo do máximo de cento e vinte minutos. Fig. 4.17. Tempos de resolução por tipo de incidente - Concelho de Oliveira do Bairro (OBR) No gráfico da Fig. 4.18 do concelho de Oliveira do Bairro verifica-se que a avaria que ocorre mais vezes está associada ao cliente particular, seguida das avarias por anomalias de rede que apresentam um valor significativo. Esta situação é justificada em parte pelo facto de neste concelho existir uma parte significativa em linhas de cobre sem isolamento. Neste concelho verificou-se ainda a ocorrência de um número significativo de avarias de transformador com alguma relevância visto que estas afetam diversos clientes e contribuem, em muito, para o tempo de não fornecimento de energia. Fig. 4.18.Tempos de resolução por tipo de incidente 64 Através da análise do gráfico da Fig. 4.19 verifica-se um tempo elevado na resolução das avarias do tipo iluminação pública o que não é relevante, visto que são as avarias com menor prioridade e por isso são as últimas a ser resolvidas pelas equipas, a existência de algumas avarias de transformador fez aumentar o tempo de resolução das avarias visto que são estas que apresentam o maior grau de complexidade de resolução. Nestes casos são utilizados grupos móveis de socorro (Geradores) para restabelecer a continuidade de serviço, e desta forma atenuar os efeitos associados à interrupção de serviço aos clientes. 1,70 1,80 1,60 1,40 1,48 1,321,35 1,38 1,23 TEMPO MÉDIO RESOLUÇÃO AR-Anomalia de Rede B-Baixa Tensão HORAS 1,20 1,00 0,80 IP-Iluminação Pública 0,77 0,62 0,60 IU-Cliente Particular T-Transformador 0,40 Tempo Resolução 0,20 Tempo Inicio da Avaria 0,00 Fig. 4.19. Tempos de Resolução por tipo de incidente O gráfico da Fig. 4.20 faz a comparação dos tempos de resolução definitiva das avarias por tipo e dos tempos de chegada ao local e resolução das avarias, entre os concelhos onde estou inserido, em que a manutenção é prestada pela equipa 1365 da Bragalux (Anadia, Águeda e Oliveira do Bairro) e todos concelhos da Área Operacional de Aveiro. Através da comparação dos tempos obtidos verifica-se que a equipa que actua nestes três concelhos encontra-se com tempos abaixo da média dos restantes, o que demonstra uma boa organização e gestão na resolução e na prioridade dada a cada avaria. 65 Equipa 1365 Fig. 4.20.Comparação de tempos entre os Concelhos de Anadia, Águeda, Oliveira do Bairro (Equipa 1365) e Todos os Concelhos AO Aveiro A tabela 4.2 apresenta a distribuição percentual de avarias por tipo e por concelho da AO Aveiro. Também é apresentado o número de avarias ocorridas em cada concelho e o respetivo tipo. Pode-se verificar que os concelhos de maior dimensão em número de consumidores como Aveiro e Ílhavo são aqueles que apresentam o maior número de avarias. O que demonstra o que o número de avarias está muito relacionado com as redes instaladas, com as condições atmosféricas e com o número de consumidores (potência instalada). Tabela 4.2. Distribuição dos Incidentes por Concelhos B T IU IP AR % 66 ÁGUEDA ANADIA O.BAIRRO AVEIRO ESTARREJA ALBERGARIA VAGOS SEVER VOUGA ÍLHAVO 6 4 3 18 7 9 13 4 15 1 4 1 9 6 3 1 2 6 54 48 29 112 28 35 70 10 94 22 16 5 17 2 11 17 7 15 12 6 10 28 16 10 21 1 20 11% 9% 6% 22% 7% 8% 15% 3% 18% Total 79 33 480 112 124 828 % 10% 4% 58% 14% 15% 4.7 Construção da Linha de Média Tensão Aérea 15 kV “AE MT AND0234-SGL-AND” No âmbito dos trabalhos de construção de Linhas de Média Tensão Aéreas, acompanhei a construção de uma linha aérea com uma tensão nominal de 15 kV no concelho de Anadia para a ligação de um novo posto de transformação. A obra surgiu por iniciativa da empreitada contínua da EDP, fazendo parte do plano de obras de 2011, inserindo-se no plano de investimento da rede de distribuição no concelho de Anadia. Os trabalhos de remodelação da rede aérea efetuadas neste concelho, tem como objetivo a melhoria da qualidade de serviço. O trabalho de remodelação realizado consistiu em alterar o circuito 2 do PT 139. Este circuito foi seccionado e passou a ser alimentado através de uma nova ligação com origem no PT 234, armário A0144 circuito 1. A nova linha tem origem no apoio 2 da linha principal de 15 kV – Barrô-Bustos II, e através de uma derivação que vai alimentar o novo PT 234 de serviço público, tipo AI. Os procedimentos a realizar para um projeto deste tipo consistem numa primeira fase na: abertura do processo de obra (pasta de obra) em que se inclui o projeto, o perfil da linha, o plano de segurança e saúde, listas de materiais e mapas de medições (Anexo VIII), o preenchimento e anexo das fichas de verificação de conformidade, fichas do meio envolvente e guia de acompanhamento de resíduos (Anexo IX). Este tipo de procedimento é um processo interno da empresa que se aplica a todas as obras. Com o processo da obra já tratado, a confirmação de que os postes já estão encomendados ao fornecedor, e que a autorização dos proprietários dos terrenos por onde passa a linha já foi facultada à EDP Distribuição, inicia-se uma nova etapa que consiste em realizar a piquetagem da linha. Este trabalho é executado por um topógrafo contratado pela empresa e que vai ao local da obra, levando o perfil e a planta de localização do troço, fazendo a piquetagem da linha, utilizando as estacas como já foi explicado atrás. Depois de realizada a piquetagem da linha, os proprietários dos terrenos são informados de que os trabalhos vão ser inicializados. Na Fig. 4.21 são apresentadas algumas das tarefas a executar para a implementação da nova linha. Os isoladores, armações e cadeias de amarração e suspensão utilizados na execução da obra têm de ter as caraterísticas incluídas na memória descritiva do projeto. 67 Com os apoios colocados e as ligações destes à terra já realizadas, procede-se à execução dos maciços de suporte dos apoios nos quais são colocadas espias para garantir que os mesmos possam secar. Após alguns dias, e realizada a verificação de que os apoios já estavam seguros começouse a passar a linha de MT, através de roldanas, como ilustrado na Fig. 4.21. Para esta linha o condutor a utilizar foi o condutor Áster de 55 mm2 de secção. Na passagem do condutor tem que se ter em atenção os vãos de regulação e flechas de montagem, estando estes valores num quadro especificado no projeto. Depois de realizada a colocação dos condutores ao longo da linha começou-se a fazer as amarrações e suspensões da linha de acordo com o que foi estipulado no projeto. No final do processo de implementação da linha a EDP Distribuição é informada e inicializa-se um processo de fiscalização da obra, que culmina com a marcação da ligação do novo ramal à linha principal. Para finalizar a obra é finalmente necessário proceder à ligação do novo posto de transformação à rede. Na conclusão da obra deslocou-se ao local, juntamente com o fiscal da EDP Distribuição que acompanhou a obra em representação do dono da obra e realizou-se a assinatura do auto de recepção provisório. Neste documento declara-se que os trabalhos realizados se encontram executados de acordo com as condições gerais e condições técnicas especiais do caderno de encargos e medições de acordo com as quantidades referidas no mapa de medições (Anexo X). Fig. 4.21. Colocação de Apoios, Cadeias de Isoladores e linhas de MT 68 5 Conclusões Após análise do trabalho apresentado, entende-se que os objectivos propostos foram atingidos. Os temas abordados permitiram adquirir conhecimentos muito importantes na área das redes elétricas de Baixa e Média Tensão. Na construção de novas redes há que destacar que, dada a conjuntura atual, é importante ter em conta os impactos ambientais que o projeto e implementação de redes elétricas podem provocar, assim como os investimentos associados e o processo de licenciamento das mesmas. Conclui-se que, apesar de nem sempre serem necessárias avaliações de impacto ambiental, o projetista necessita de cumprir as mais elementares regras de bom senso e, tentar ao máximo, atingir uma solução que mitigue os efeitos nefastos para um desenvolvimento sustentável. Esta atividade implica a necessidade de haver uma interação de vários profissionais em que todos têm de fazer a sua parte para melhorar a qualidade de serviço e garantir a sua continuidade. Em suma, considero-me bastante satisfeito com o trabalho desenvolvido e com o conhecimento adquirido ao longo do período de estágio, estando também extremamente consciente que o mesmo resultou de um esforço genuíno da minha parte e da entidade acolhedora, que proporcionou uma oportunidade profissional de grande valor e mérito. Posso considerar que este estágio foi produtivo pois, com a orientação dos profissionais que comigo trabalharam, verifiquei que nem sempre as melhores soluções do ponto de vista técnico são as soluções a aplicar, sendo necessário ter sempre em conta os fatores económicos e aspectos ambientais. Na minha opinião, considero que a realização do estágio revelou-se um momento de aprendizagem fundamental, uma vez que todos os dias era confrontado com novos desafios e objetivos a cumprir. O estágio revela-se um momento de aprendizagem fundamental para quem pretende iniciar-se no mundo do trabalho. 69 70 6 Referências Bibliográficas [EDP, 2003] – EDP, ―Guia de Manutenção a Postos de Transformação”, Agosto de 2003. [EDP, 2004] – EDP, “Centralização de Contagens em Edifícios. Regras para concepção dos quadros ou painéis de contagem”- DIT-C14-140\N,2004 [EDP, 2007] – EDP, “Cabos em torçada para linha aéreas de Baixa Tensão”, DMA-C33209\N, Maio 2007 [EDP, 2007] – EDP, “Ligação de Clientes de Baixa Tensão. Soluções técnicas normalizadas” – DIT-C14-100\N, Maio 2007. [EDP, 2007] – EDP, “Relatório de Qualidade de Serviço 2006”, Maio 2007 [EDP, 2009] – EDP, “Construção, reparação e manutenção de Redes de Distribuição, EC 2010”, Agosto 2009. [Ribeiro da Silva, 2010] – H. Ribeiro da Silva, ―Projeto de Postos de Transformação” O Eletricista, vários nºs. [RSRDEEBT] – “Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Elétrica em Baixa Tensão”, Decreto regulamentar nº9/84‖ [Santos e Ferreira, 2004] – J. N. Santos e J. R. Ferreira, “Redes de Distribuição de Energia Elétrica em Baixa Tensão”, FEUP 2004. 71 72 ANEXO I RELATÓRIO DE PREJUÍZOS 73 74 ANEXO II DESENHO LINHA MT 75 76 ANEXO III SIMBOLOGIA TÉCNICA 77 78 ANEXO IV FICHA INSPEÇÃO A POSTOS DE TRANSFORMAÇÃO 79 80 ANEXO V CLASSIFICAÇÃO DE INCIDENTES 81 82 ANEXO VI FICHA DE ORÇAMENTAÇÃO 83 84 ANEXO VII FICHA DE OCORRÊNCIA 85 86 ANEXO VIII MAPA DE MEDIÇÕES 87 88 ANEXO IX FICHAS DE AMBIENTE E SEGURANÇA 89 90 Anexo X AUTO DE RECEPÇÃO 91