Clipping Nacional de Educação Quarta-feira, 11 de Setembro de 2013 Capitare Assessoria de Imprensa SHN, Quadra 2 Bloco F Edifício Executive Tower - Brasília Telefones: (61) 3547-3060 (61) 3522-6090 www.capitare.com.br Valor Econômico 11/09/13 00 Escolas do Mais Educação terão repasse Por Agência Brasil, de Brasília As escolas públicas de Estados, municípios e do Distrito Federal que aderiram ao Programa Mais Educação vão receber de R$ 3 mil a R$ 9 mil, em cota única, para investir nas atividades da jornada ampliada e da educação integral, segundo o Ministério da Educação. Atualmente, 49.581 escolas estão vinculadas ao programa. Das unidades, 29.896 localizam-se em área urbana e 19.684, no campo. O programa garante aos alunos do ensino fundamental a participação em atividades orientadas no turno oposto ao matriculado, além de reforço escolar. Os valores repassados variam segundo o número de estudantes registrados no Censo Escolar e as atividades culturais, esportivas e de acompanhamento pedagógico escolhidas. As unidades escolares com até 500 estudantes receberão R$ 3 mil; de 501 a mil, R$ 6 mil; com mais de mil, R$ 9 mil. Os recursos são destinados à compra de material permanente e de consumo e à contratação de serviços necessários ao desenvolvimento das atividades. BRASIL Valor Econômico 11/09/13 OPINIÃO 00 A capacitação para um novo tempo Por Jose Graziano da Silva Uma pequena revolução nutricional está acontecendo nesse momento na América Latina. O foco: a alimentação escolar. O alvo: 18 milhões de estudantes matriculados nas escolas da Bolívia, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Paraguai e Peru. O custo: US$ 25 por criança/ ano. O potencial: fortalecer a segurança alimentar e o desenvolvimento local aliando alimentação escolar e agricultura familiar. É o que revela o "Panorama da Alimentação Escolar e as Possibilidades de Compra Direta da Agricultura Familiar - Estudo de Caso em Oito Países", produzido no marco de projeto de cooperação Sul-Sul na América Latina envolvendo a FAO, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação e a Agência Brasileira de Cooperação. Em 2012, o conjunto dos oito países destinou a essa finalidade US$ 938,51 milhões. O valor é irrisório: significa um gasto anual pouco superior a 1% dos US$ 85 bilhões despejados mensalmente no mercado financeiro americano pelo Fed. No entanto, a abrangência e a profundidade dos seus desdobramentos são inestimáveis. Incluem-se aí o reforço à segurança alimentar de toda a família; o incentivo à frequência escolar; um melhor desempenho no aprendizado; dieta mais saudável e a ampliação da demanda potencial à agricultura familiar. A América Latina, a duras penas, aprendeu que a luta contra a fome nunca é um problema só dos famintos O traço mais importante que a experiência revela, porém, é de natureza política. A alimentação escolar, aos poucos, se torna um consenso em uma América Latina que, a duras penas, aprendeu que a luta contra a fome nunca é um problema só dos famintos. Sobretudo quando se trata da desnutrição infantil, ela é um desafio de toda sociedade. Erradicá-la, ademais, representa um dos mais promissores eixos da saúde pública nos países em desenvolvimento. não acudidos a tempo, podem pavimentar a transmissão da pobreza entre gerações. A alimentação escolar também ataca a outra face da má nutrição: o sobrepeso e a obesidade. Programas de alimentação escolar contribuem para a adoção de hábitos e dietas saudáveis, valorizando comidas frescas, bem como a produção e a diversidade dos alimentos locais. Um governo que tenha margem fiscal estreita para as demandas do desenvolvimento, não errará se der prioridade à segurança alimentar das crianças. Foi o que fez o Brasil, em 2003, no âmbito do nascente Fome Zero, ao promover a atualização dos valores repassados à alimentação escolar. Parecia algo menor diante dos desafios superlativos enfrentados então. Hoje, o Brasil tem um dos maiores programas de alimentação escolar do planeta, atendendo a 47 milhões de crianças e adolescentes. Mais de 30% da mortalidade infantil nos primeiros cinco anos de vida, nestas sociedades, tem origem na fome. O orçamento da área triplicou em uma década. Com uma singularidade importante: desde 2009, 30% dele destinam-se, obrigatoriamente, à aquisição de produtos da agricultura familiar. Não só. Os danos que ela acarreta ao organismo humano, se Uma receita cativa da ordem de R$ 1 bilhão de reais ao ano passou Continua Continuação a irrigar os campos e as pequenas cidades do interior do país, com encadeamentos previsíveis na renda da agricultura familiar e no consumo local. A dinâmica dessa engrenagem, que hoje envolve 400 mil agricultores familiares, faz brilhar a esperança nos olhos de governantes de outras nações. A FAO e o governo brasileiro têm somado esforços para adaptar essa experiência às condições concretas da regionalidade latino-americana. Onze países participam atualmente desse mutirão no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. O ponto de partida requer uma decisão política ao mesmo tempo simples e divisória: canalizar o poder de compra do Estado - muitas vezes vazado para importações agrícolas - para o elo mais fraco da corrente rural, aquele formado pela agricultura familiar. Um programa bem estruturado de alimentação escolar pode ser também o pulo do gato em sociedades onde a pobreza predomina nas áreas rurais e acossa a infância pela desnutrição. 11/09/13 Não é só o caso da América Latina. A descrição se aplica também, em larga medida, ao continente africano, onde o programa brasileiro de aquisição da agricultura familiar está sendo adaptado pelos governos de Etiópia, Maláui, Moçambique, Níger e Senegal, em projeto de cooperação Sul-Sul envolvendo FAO e a Coordenação-Geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do Ministério das Relações Exteriores. As possibilidades de cooperação são promissoras, podendo envolver parceiros como o Programa Mundial de Alimentos e seu Centro de Excelência contra a Fome, sediado em Brasília. Em recente encontro na Etiópia organizado pela União Africana, FAO e Instituto Lula no qual os países africanos lançaram o compromisso - histórico - de erradicar a fome na região até 2025, coube ao expresidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, ilustrar a urgência de uma nova sintonia entre padrões de crescimento e as potencialidades locais. Na última década o crescimento do PIB africano foi de 5,7%; seis nações do continente lideram a lista das 10 economias com maior expansão entre 2001/2010. E, no entanto, conforme disse Obasanjo, se chegasse à sua aldeia e anunciasse aos moradores que eles estavam 6% mais ricos, seria chamado de louco, e possivelmente a população iria às ruas protestar por não ter recebido seu aumento. Dotar o crescimento da qualidade requerida para que a aldeia do ex-presidente Obasanjo não estranhe seus números implica um novo centro de gravidade local, implica fazer o crescimento chegar a cada povoado na forma de melhor alimentação, educação, saúde, luz, água e infraestrutura. Uma importante etapa de capacitação para esse novo tempo pode ser uma política de alimentação escolar que erga pontes entre as carências e as potencialidades locais de cada nação. José Graziano da Silva é diretorgeral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) 11/09/13 00 FUNDO SOCIAL GARANTE RENDA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE Quase 75% da renda de royalties e participação especial que serão desti-à educação e saúde, ainda este ano, virão do Fundo So-ciai. Anteontem, quando a presidente Dilma sancionou a Lei 12.858/2013, o Palácio do Planalto estimou em R$ 770 milhões o total de repasses já em 2013. É dinheiro que chega com o Fundo Social, incluído no projeto de lei pelos parlamentares. Na origem, apenas a renda dos campos de óleo e gás com declaração de comercialidade e contratos assinados a partir de 3 de dezembro de 2012 estaria vinculada a investimentos em educação e saúde. Em todo o ano passado, o Fundo Social recebeu cerca de R$ 479,5 milhões, segundo dados oficiais da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Este ano, até julho, entraram mais R$ 665,3 milhões. Como metade dos recursos do Fundo, agora, estão atrelados à educação e saúde, a verba disponível passa de R$ 572 milhões. É a parcela restante, menos de R$ 200 milhões, que virá dos novos contratos de exploração de óleo e gás. Nas contas do governo, em 2014, educação e saúde terão R$ 1,8 bilhão de renda adicional oriunda do setor de óleo e gás. Em 2020, os recursos passarão de R$ 20 bilhões. NEGÓCIOS & CIA 11/09/13 00 O PAÍS MEC: estímulo para a carreira de professor Programa cria parceria entre escolas e universidades; alunos terão bolsa para a área das exatas. Ou vai ser um professor ou pode ser um físico, um químico — disse Mercadante. -Brasília- O Ministério da Educação (MEC) lançará nos próximos dias um programa para tentar estimular alunos do ensino médio a seguir a carreira de professor de Matemática, Física, Química e Biologia. Batizado de Quero Ser Cientista, Quero Ser Professor, o programa pagará bolsa de R$ 150 por mês a estudantes de escolas públicas que participarem de projetos de iniciação científica nas quatro disciplinas, com apoio de universidades. O anúncio foi feito ontem pelo ministro Aloizio Mercadante, após a abertura do 2º Congresso Todos pela Educação — - Educação: Agenda de Todos, Prioridade Nacional. Segundo o ministro, o pagamento das bolsas terá início nos próximos meses, podendo ficar para o ano que vem. A data vai depender da adesão dos governos estaduais, que são os responsáveis pela maioria das escolas de ensino médio no país, já que a participação no programa será voluntária. De início, serão selecionados 30 mil estudantes de escolas públicas. A meta é elevar esse número para cem mil, o que eqüivale a menos de 2% do total de alunos da rede pública de ensino médio. Mercadante afirmou que o déficit de professores da área de exatas nas escolas do país é de 170 mil profissionais. — Precisamos pegar estudantes que tenham grande talento e vocação. À medida que você estimula, que você fomenta, que você dá condições de ele (aluno) ter cada vez mais interesse, ele vai de alguma forma, na nossa avaliação, O ministro disse que o programa seguirá a lógica de projetos de iniciação científica já existentes no ensino superior. O objetivo é aproximar escolas de nível médio e universidades. Os alunos terão que desenvolver projetos, sob tutoria de professores das próprias escolas e de universitários que participam de outro programa de bolsas federal, o Pibid, destinado a alunos dos cursos de licenciatura. A pedadoga Paula Louzano, que é professora da Universidade de São Paulo (USP), elogiou a inciativa de integrar escolas de ensino médio com as universidades. Mas lembrou que o ponto crucial de qualquer política pública é a sua implementação. O Congresso continua hoje. O empresário Jorge Gerdau, que preside o Conselho de Governança do Todos pela Educação, classificou como histórica a última segundafeira, quando a presidente Dilma Rousseff sancionou o projeto de lei que destinará 75% dos royalties do petróleo para a Educação: — É o investimento mais importante em qualquer país. A eficiência econômica e a produtividade passam pela Educação. RIVALDO BARBOSA 11/09/13 A3 TENDÊNCIAS & DEBATES A educação, além dos royalties Antonio Jacinto Matias O trabalho das ONGs deve ser potencializado para que o projeto de ampliar a oferta de educação integral prospere, o que requer equipes preparadas A lei nº 12.858, sancionada anteontem pela presidente Dilma Rousseff, que destina parte dos royalties do petróleo para a educação, embora seja louvável, não dará conta, sozinha, de garantir a oferta de ensino público de qualidade, fundamental para o país. Mais recursos para educação são necessários, mas não suficientes. A qualidade da gestão educacional é também essencial para avançarmos. O debate público tem se concentrado em dois pontos: a fixação de uma porcentagem de recursos do PIB para a educação, por meio da aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE), que deve ocorrer neste segundo semestre, e a chegada dos royalties, que, de acordo com a presidente Dilma, devem destinar ao ensino público R$ 112 bilhões em dez anos, permitindo atingir 10% do PIB para o setor em 15 anos. As duas questões merecem um exame mais detalhado se não quisermos ver recursos desperdiçados. O Brasil gasta US$ 2.416 anualmente por estudante do ensino fundamental ao superior, ao passo que a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é de US$ 8.354. No Chile, o gasto é de US$ 3.521 e na Argentina, US$ 3.204. Como estamos em um sistema federativo, a aprovação do PNE não será o fim, mas sim o ponto de partida para desdobramentos decisivos. As cidades precisarão se esforçar para elaborar ou rever seus planos de educação e adequar-se às metas. De acordo com a pesquisa do IBGE, dos 5.565 municípios brasileiros, 2.181 não têm plano municipal de educação. O PNE será um catalisador importante para reversão desse quadro. A construção dos planos municipais abre a oportunidade para se definir prioridades e estratégias em nível local, com aprimoramento da gestão dos recursos. Experiências bem-sucedidas realizadas em outros países e já em curso em algumas redes brasileiras apontam medidas prioritárias para promover o salto de qualidade. Entre elas, atrair, apoiar e reter professores de qualidade e investir nos recursos humanos das escolas e secretarias possibilitaria aprimorar a seleção, formação e apoio de lideranças e quadros técnicos. Outros pontos essenciais são o investimento em políticas que estimulem e apoiem as escolas no fortalecimento de suas relações com as famílias e comunidade e nos sistemas de avaliação e monitoramento, garantindo seu uso pedagógico e o controle social dos resultados de ensino e aprendizagem. A ampliação da jornada escolar e diversificação dos currículos por meio de educação integral proposta pelo PNE será um desafio. As redes de ensino deverão adequar-se ao cumprimento da meta 6, que prevê a extensão da oferta de educação integral a 25% dos alunos e 50% das escolas de educação básica. Contudo, o poder público terá imensa dificuldade de atender essa demanda apenas com escolas de tempo integral. A possível expansão física e a do quadro de funcionários, bem como a formação necessária desses profissionais, serão insuficientes para oferecer a jornada ampliada no prazo de dez anos. O esforço para colocar o Brasil na rota da educação integral tende, portanto, a considerar diversas modalidades de oferta e envolver outras instâncias e arranjos da sociedade civil. Importante colocar na agenda as parcerias público-privadas e alianças com organizações não governamentais que já vêm executando esse trabalho. O trabalho das ONGs deve ser potencializado para que o projeto de ampliar a oferta de educação integral prospere, o que requer equipes gestoras mais preparadas. O dinheiro dos royalties e o aumento do orçamento destinado à educação são fundamentais para avançarmos. Mas precisamos preparar o terreno para ampliar os investimentos de forma eficiente. Sem um planejamento rigoroso, corremos o risco de jogar uma oportunidade de ouro pela janela. ANTONIO JACINTO MATIAS, 66, é vice-presidente da Fundação Itaú Social e membro do Conselho de Governança do movimento Todos pela Educação 11/09/13 00 PODER Professores acampam em palácio de Minas Protesto pacífico na residência do governador reivindica pagamento do piso nacional DE BELO HORIZONTE Professores da rede estadual de ensino de Minas Gerais completam hoje 12 dias acampados em frente ao Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador Antonio Anastasia (PSDB). Instalados em barracas, os professores se revezam em grupos de 25 pessoas no acampamento do Sind-UTE, o sindicato dos trabalhadores em educação. A categoria cobra do Executivo o pagamento do piso nacional dos professores, que é de R$ 1.567 para 40 horas semanais, e a aplicação de 25% das receitas do Estado em educação, como prevê a legislação. O acampamento é pacífico e não houve nenhuma intervenção da polícia até o momento. A guarda do palácio monitora o protesto à distância, da guarita de segurança. As reivindicações do movimento são antigas e já resultaram na maior greve da categoria, em 2011, quando os professores pararam 112 dias. A coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, diz que o setor decidiu evitar uma nova greve e montou o acampamento para manter a pauta de pé. O governo de Minas contesta o sindicato e diz que que paga um valor 47,4% maior do que o piso nacional, mas proporcional a 24 horas. O valor inclui o salário básico e os benefícios, que são chamados conjuntamente de subsídio pelo Estado. Os professores dizem que "piso não é subsídio". O investimento de 25% das receitas em educação é cumprido, diz o governo. O Tribunal de Contas do Estado, porém, já apontou a irregularidade do Executivo e deu prazo até 2014 para ajustes. Sobre o acampamento, o governo diz, em nota, que "reconhece e defende o direito à livre manifestação", mas que "não vê motivos" para o protesto. (PAULO PEIXOTO) 11/09/13 00 COTIDIANO Professores fazem greve na USP Leste contra terreno contaminado Campus, que abriga 4.800 alunos, foi erguido em área com gás metano, que pode causar explosão Agência ambiental autuou universidade por descumprir acordo para sanar problema; aulas são canceladas EDUARDO GERAQUE FELIPE SOUZA DE SÃO PAULO Os professores da USP Leste decretaram greve ontem alegando preocupação com os riscos de trabalharem em uma área contaminada. O estopim da crise foi uma placa, com símbolo da Cetesb (agência ambiental paulista), instalada nesta semana dentro do campus da universidade paulista aberto em 2005. A informação contida nela é que a "área está interditada por conter contaminantes com risco à saúde". A Cetesb nega que tenha instalado a placa, mas confirma a ameaça e afirma que autuou a USP Leste no dia 2 de agosto por não cumprir exigências ambientais feitas em novembro. A direção da USP Leste nega que esteja descumprindo o acordo (leia texto ao lado). A greve afeta cerca de 4.800 alunos de 10 cursos, entre eles o de Gestão Ambiental. As aulas foram suspensas ontem e não devem voltar ao menos até a próxima segundafeira. investigações mais profundas do problema, construir dutos de extração de gases em vários locais e enviar ao órgão relatórios técnicos com o monitoramento de toda a situação. Os prédios da USP Leste foram erguidos sobre uma área que contém lixo orgânico removido do rio Tietê. Por isso não ter sido feito, segundo a Cetesb, é que a advertência ocorreu. Com o passar do tempo, o material começa a emitir gás metano, sem cheiro, que é tóxico e pode causar explosões. A USP Leste nasceu em uma área problemática. A contaminação do solo atrasou, por exemplo, a licença de operação do local. O risco de acidentes dentro de ambientes fechados, onde o gás pode ficar armazenado, é real, segundo os técnicos ambientais que visitaram o local em 2012. Os prédios funcionaram sem licença de operação ambiental entre 2005 e 2012. Os professores dizem que ficaram alarmados após o surgimento da placa, porque, até então, a informação vinda da direção era de que tudo estava sob controle. Dizem que a greve foi decretada para saber qual é a situação real da área. Amanhã, um grupo irá à Cetesb para obter informações oficiais do problema de contaminação do solo. Segundo a agência paulista, a direção da USP deveria ter feito Se o órgão ambiental entender que as providências exigidas não estão sendo tomadas, poderá haver uma multa e, até, no futuro, uma interdição dos prédios. Episódio semelhante, por causa também do risco de explosão do gás metano, ocorreu no shopping Center Norte, em 2011. O centro comercial chegou a ser fechado. Para o professor de gestão de políticas públicas Pablo Ortellado, a suspensão das aulas foi necessária para garantir a segurança dos funcionários: "A comunidade corre riscos graves de saúde." 11/09/13 00 COTIDIANO Outro lado Universidade diz ter tomado providências DE SÃO PAULO Em nota, a USP reconheceu o problema no campus leste e disse que está tomando medidas para minimizar os seus efeitos e punir os responsáveis pela contaminação do terreno. A universidade disse que todas as exigências da Cetesb (agência ambiental paulista) para amenizar o problema do terreno "estão sendo cumpridas na medida do possível, levando em consideração os mecanismos de contratação de serviços por meio de processos licitatórios". Afirmou ainda que toda a documentação referente às análises de monitoramento, mapeamento e relatórios técnicos, solicitada pela companhia, foi entregue nos prazos estipulados. A USP Leste informou que instaurou uma sindicância para identificar os funcionários autorizaram o aterramento da área, agravando a contaminação. E que está avaliando quais medidas serão aplicadas aos responsáveis pela contaminação. Na nota, a universidade informou que vai contratar uma empresa especializada para diminuir os impactos ambientais na área afetada. 'PROBLEMÁTICA' A universidade reconheceu que o campus --sede da Escola de Artes, Ciências e Humanidades-- foi construído em uma "área ambientalmente problemática". Disse que, ainda assim, o local foi escolhido como o mais adequado para a construção do campus na época --a inauguração foi em 2005. A USP afirmou que foram despejadas terras de origem desconhecida em alguns locais do campus e que, após análise em laboratório, foi constatado que elas estavam contaminadas. Mas não informou que empresas realizaram o trabalho. 11/09/13 COTIDIANO 00 RUF 2013 Cursos novatos estão em 'top 10' de ranking Escolas fundadas há menos de dez anos aparecem entre as mais bem avaliadas em suas áreas Todas elas têm um ponto em comum: estão em instituições tradicionais, como USP, Unicamp e PUC-Rio DE SÃO PAULO Mesmo novatos, alguns cursos se destacaram entre os melhores do país no RUF (Ranking Universitário Folha) 2013, lançado anteontem. Entre os cursos com menos de dez anos que figuram no top 10 em suas áreas está, por exemplo, o de farmácia da UnB (Universidade de Brasília). Fundado em 2008, ele é um dos com o ensino mais bem avaliado, ao lado de cinco escolas centenárias. Apesar da grande diversidade de áreas (veja quadro), todos têm um ponto em comum: estão em instituições tradicionais, como PUCRio, USP, Unicamp e a já citada UnB. Para Romário Davel, consultor de educação, essa característica transfere "credibilidade automaticamente" ao curso, atraindo bons estudantes, algo "fundamental para alcançar bons resultados". Os novatos também partilham práticas pedagógicas que colocam o aluno no centro do processo de aprendizado, afirma o consultor Carlos Monteiro. "O professor passa a ser mais um tutor do que dono da verdade." No curso de direito da FGV-SP, fundado em 2005, por exemplo, as aulas são baseadas na solução de problemas. "Começo, por exemplo, com o aborto. Um garoto de 18 anos pode não saber teoria constitucional, mas tem concepções sobre o aborto. Você começa por fatos relevantes e se debruça sobre eles até concluir como podem ser resolvidos do ponto de vista jurídico", explica Oscar Vilhena, diretor do curso e professor de direito constitucional. "Aqui, a ideia de aula expositiva é quase proibida. Quem fala é o aluno." MERCADO Um curso novo já nasce atual e, portanto, prepara melhor o aluno para enfrentar o mercado de trabalho, avaliam os especialistas. A escola de jornalismo da ESPM-SP, criada em 2011 e caçula do grupo, oferece aos alunos a possibilidade de participar de uma agência de notícias multiplataforma. "Os alunos podem experimentar e ganhar vivência no jornalismo online", diz a coordenadora do curso Maria Antonioli. (BRUNO LEE) 11/09/13 00 COTIDIANO Para pesquisador, internacionalização baixa é problema DE SÃO PAULO A baixa internacionalização das universidades brasileiras é falha gritante, afirmam pesquisadores. A posição, trazida pelo pesquisador da Unicamp Renato Pedrosa, foi consenso entre participantes de debate sobre ensino superior promovido anteontem pela Folha. Além de Pedrosa, participaram Carolina da Costa, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) e Rogério Meneghini, docente aposentado da USP e responsável pela medição de produção científica da segunda edição do RUF (Ranking Universitário Folha). Como exemplo, Pedrosa comparou os números nacionais aos da China. "Eles têm gente em todas as instituições internacionais de alto nível e, agora, querem trazer 10 mil acadêmicos de volta para o país", diz. "Não temos nem mil pessoas nessas posições." O país também não se sai bem na tarefa de atrair docentes e alunos estrangeiros, afirma, por causa do idioma, "barreira difícil de ser transposta". Sobre o Ciência sem Fronteiras, principal programa governamental para promover essa troca de experiências, Meneghini acredita faltar "rigor na escolha dos destinos". E, mais uma vez, os chineses surgiram no debate. "Eles criaram o ARWU [ranking mundial de universidades] com o intuito de escolher as melhores instituições do mundo para enviar os bolsistas." Outro erro é a exclusão das ciências sociais e humanas, acredita Pedrosa. Ele argumenta que as áreas mantidas no Ciência sem Fronteiras --ciência e tecnologia-- são justamente as mais maduras no quesito internacionalização. 11/09/13 00 Sul e Sudeste têm escolas de medicina mais bem avaliadas DE SÃO PAULO As faculdades de medicina mais bem avaliadas são majoritariamente públicas e estão no Sul e no Sudeste. Entre as 172 escolas listadas no RUF (Ranking Universitário Folha), a USP ficou em primeiro lugar em mercado, mas, por uma diferença mínima (0,1%), perdeu a liderança em ensino para a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A perda de pontos se deve à não participação no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes). "É algo esperado, mas que deve mudar agora que a USP decidiu aderir ao Enade", diz José Otavio Auler Junior, vice-diretor da faculdade. COTIDIANO 11/09/13 00 METRÓPOLE Reitor da USP é alvo de ação por improbidade Promotoria de SP cobra R$ 3,3 milhões de João Grandino Rodas por supostos prejuízos causados com contratos sem licitação e impressão de boletins Fabio Leite Luciano Bottini Filho O Ministério Público Esta-dual (MPE) moveu uma ação de improbidade administrati-va contra o reitor da USP, João Grandino Rodas, pelo su-posto prejuízo de R$ 1,1 mi-lhão que ele teria causado ao cofre do Estado com atos pra-ticados na universidade en-tre 2009 e 2011, e considera-dos ilegais pela Promotoria. Proposta pelo promotor Sil-vio Marques, do Patrimônio Pú-blico e Social da capital, a ação questiona dois contratos cele-brados sem consulta prévia por Rodas entre 2009 e 2010, quan-do era diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e a publicação de boletins institucionais para promoção pes-soal, em 2011, quando já era rei-tor da universidade. No primeiro caso, Rodas assi-nou, em 2009, um acordo com a família do banqueiro Pedro Conde, ex-aluno de Direito da USP, no qual vinculava a doa-ção para a construção de um au-ditório para 90 pessoas ao batis-mo da sala com o nome de Con-de. Negócio semelhante foi fe-chado com o escritório de advocacia Pinheiro Neto, outro ex- aluno, que também reformaria uma sala em troca da honraria. Em janeiro de 2010, em seu último dia à frente da Faculda-de de Direito, Rodas publicou portaria com as nomeações. A medida causou polêmica por-que, pela tradição, as salas são batizadas só com nomes de pro-fessores da São Francisco. Em maio, contudo, após a des-coberta dos acordos sigilosos de encargos, a faculdade revo-gou a portaria e o sucessor de Rodas, Antonio Magalhães Go-mes Filho, solicitou uma inves-tigação do MPE, tornando-se um grande desafeto do reitor. Sentindo-se lesada, a família Conde acionou a USP na Justi-ça e, em abril de 2012, conse-guiu a devolução de R$ 1 milhão que havia doado para a Faculda-de de Direito, além de R$ 40 mil dos custos advocatícios. A quan-tia compreende parte do valor da ação de R$ 3,3 milhões que o MPE cobra de Rodas. Boletins. O reitor também é acionado por ter determinado, em 2011, a impressão com verba pública de boletins internos pa-ra ataques ao diretor Gomes Fi-lho. Segundo o MPE, foram 6 mil exemplares, a R$ 5.319,61. Para a promotoria, "Rodas frustrou a licitude de processo licitatório, infringiu princípios administrativos que regem a ad-ministração pública e utilizou a publicação do boletim com des-vio de finalidade, para realizar promoção pessoal, causando prejuízo ao erário estadual". 11/09/13 00 METRÓPOLE Rodas nega má-fé ou prejuízo aos cofres públicos Reitor afirma que doação e nomeação das salas foram aprovadas por órgãos da USP e defende impressão de boletins obrigação de en-viar aos órgãos competentes a sugestão de aposição do nome e não a obrigação fazê-lo", disse. O reitor da Universidade de São Paulo (USP), João Grandino Ro-das, afirmou em nota que anão houve nem má-fé nem qual-quer dano ao erário público" com seus atos praticados à fren-te da Faculdade de Direito e da própria universidade. "Muito pelo contrário, só houve benefí-cios para a USP", afirmou. "A doação foi analisada pela Comissão de Orçamento e Pa-trimônio, instância do Conse-lho Universitário (órgão máxi-mo da USP), que convalidou o processo", completou. Segundo o reitor, a portaria assinada por ele em janeiro de 2010, que deu às salas reforma-das o nome dos respectivos doa-dores "foi feita em atenção à so-licitação da Associação dos Antigos Alunos, corroborada por mais da metade dos membros da Congregação da Faculdade de Direito". Rodas afirma que a indicação do nome do Escritório Pinheiro Neto foi solicitada pela entida-de que representa ex-alunos e que só havia um acordo assina-do entre a Faculdade de Direito e a família de Pedro Conde. "Nesse documento, que teve por testemunhas a então presi-dente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Talita Nascimento, e o diretor da Associação Atléti-ca XI de Agosto, Thiago Gerbasi, há apenas a Sobre a impressão de 6 mil bo-letins em 20 de setembro de 2011, Rodas diz que a publicação USP Destaques é voltada as cer-ca de 110 mil pessoas da comuni-dade universitária, enquanto que assuntos referentes a deter-minado câmpus ou unidade são divulgados por edições espe-ciais do boletim. Segundo ele, essa edição teve como público- alvo a Faculdade de Direito. "A motivação desse boletim foi relembrar, com base em do-cumentos da época, justamen-te quando a aula programada pa-ra o dia 21 pretendia iniciar a discussão do estado em que se encontra a infraestrutura da Fa-culdade de Direito, com o pro-pósito claro de se debitar a inér-cia dos últimos dois anos à anti-ga diretoria e atual reitoria. Na-da mais apropriado, pois cerca de metade dos alunos entrou nos dois últimos anos e tem o direito de formar seu próprio juízo sobre a questão."/F.L 11/09/13 00 METRÓPOLE USP Leste é autuada e professores fazem greve A USP Leste não cumpriu 11 exigências de controle e despoluição do solo e foi autua-da pela Companhia cie Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). Localizado na zona leste da capital, o câmpus tem solo contaminado com gás metano, inflamável. Depois de parte de ser interditada com placas, que informam haver "contaminantes com riscos à saúde", os professores decidiram entrar em greve. Por estar na várzea do Rio Tietê, toda a área ocupada pela unidade apresenta problemasde poluição de solo. "A fração orgânica desses resíduos, com o tem-po, passou a produzir gasescujo acúmulo em ambientes fe-chados pode causar acidentes", informou a CETESB, em nota. Entre as exigências não aten-didas estão a instalação de sistemas de gases dos prédios, avaliações de risco à saúde, além de investigação ambiental detalhada. A CETESB deu 60 dias para a USP atender às medidas, Os pontos a serem cumpridos fazem parte da Licença Ambiental de Operação, obtida pela unidade em novembro passado, oito anos depois de ter iniciado as atividades. Greve. Em assembleia realizada no início da tarde de ontem, os docentes do câmpus que abriga a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), decidiram que vão manter as atividades interrompidas até que haja a informação da. real extensão dos problemas. Os professores não descartam, interromper as aulas até que os passivos ambientais sejam, sanados. A direção da USP Leste defendeu que não há risco à saúde, mas que o atendimento às exigências da CETESB cabem à Superintendência do Espaço Físico (SEF), ligada, à reitoria. A SEF instalou as placas de interdição, o que não é exigido pela Cetesb. A USP informou que encontra-se em processo de contratação de empresa especializada. As exigências, segundo nota, estão sedo cumpridas "na medida do possível", levando em conta os mecanismos de licitação. A documentação referente às análises efetuadas teriam sido entregues à CETESB. A universidade não detalhou quais das onze exigências citadas pela autuação foram efetuadas. Continua Continuação 11/09/13 11/09/13 00 METRÓPOLE 11/09/13 00 METRÓPOLE 11/09/13 00 METRÓPOLE CORREIO BRAZILIENSE 11/09/13 00 POLÍTICA GOVERNO » Bolsa para aprender exatas MEC anuncia benefício de R$ 150 para estimular o aluno do ensino médio a seguir carreira de professor em disciplinas com deficit de pessoal GRASIELLE CASTRO Estudantes em dia de vestibular da UnB: bolsa servirá para estimular a docência na universidade O Ministério da Educação vai dar uma bolsa de R$ 150 por mês para estudantes do ensino médio da rede pública que queiram seguir carreira em exatas. O benefício faz parte do Programa Quero ser cientista, Quero ser professor, a ser lançado oficialmente até sexta-feira. De acordo com o ministro Aloizio Mercadante, a proposta visa a estimular o estudante que gosta de matemática, física e química a manter o interesse e investir na carreira de professor. A pasta oferecerá 30 mil bolsas, mas o objetivo é chegar a 100 mil. No programa, o aluno terá um orientador, uma tutoria e a estrutura de uma universidade para fomentar o interesse por matemática, física, biologia e química. Os universitários beneficiados pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) também estarão envolvidos na iniciativa, no apoio aos estudantes. “O objetivo é despertar o interesse que já existe em alguns estudantes, que têm excelentes desempenhos”, avalia. Mercadante justifica que o benefício é para o estudante ter condições de participar do programa. “O aluno vai ter uma jornada a mais, com tarefas a fazer e acompanhamento de professor. Ele precisará se dedicar plenamente ao programa. É uma bolsa de estímulo, como é a bolsa de iniciação científica. É uma iniciação júnior, que começa no ensino médio”, argumenta. "O aluno vai ter uma jornada a mais, com tarefas a fazer e acompanhamento de professor. Ele precisará se dedicar plenamente ao programa", Aloizio Mercadante, ministro da Educação Além do estudante, o professor orientador e o supervisor na universidade receberão um auxílio. O ministro explica que o papel dos docentes será motivar os alunos. “Em física, por exemplo, você precisa levar esses meninos ao laboratório de física, à universidade, ver um curso para despertar o interesse e a vocação desde cedo. Os medalhistas só recebem bolsa quando entram na universidade. Nós vamos antecipar e dar desde o ensino médico”, destaca o ministro. A área escolhida é considerada prioritária pela pasta. O ministro frisa que há um deficit de aproximadamente 170 mil professores nessas disciplinas. “É uma área para qual o Brasil precisa olhar com mais atenção”, continua. Mercadante destaca que as matrículas de engenharias cresceram e já superam as de direito. “Mas matemática, física e química não crescem”, alerta. Em abril, o Correio mostrou que, de acordo com o Censo do Ensino Superior 2011, estudantes de exatas estão entre os que mais abrem mão da licenciatura. Física está no topo da lista, com 31% de desistência. Matemática registra 21,6%. Astronomia Os estudantes do ensino médio terão ainda acesso ao kit Aventuras da Ciência. O material, distribuído pelo ministério e desenvolvido por cientistas brasileiros, visa a aproximar os alunos de disciplinas como astronomia, matemática, biologia, física e química. As ações fazem parte de um pacote de medidas que o ministério planeja para impulsionar o ensino médio no país (leia Para saber mais). Continua Continuação 11/09/13 A especialista em políticas públicas Viviane Mosé destaca que é preciso redefinir o ensino médio e criar políticas de incentivo para a formação de professores. “O ensino médio não tem identidade. É uma repetição do fundamental. O currículo precisa ser adaptado e os estudantes, estimulados”, argumenta. Na opinião dela, o problema também se reflete na universidade. Ela diz que se forma mal o professor, que forma mal o estudante. A carreira dos professores levanta outra questão, a do piso salarial. Nem todos os estados pagam, embora a regra esteja estabelecida em lei. Na opinião do ministro, esse é um problema que pode se agravar no ano que vem porque o reajuste será maior. Para equacionar o problema, o MEC está negociando uma proposta, que será encaminhada ao Congresso para ser aprovada até o fim do ano. “Para ter um reajuste que garanta o crescimento real, mas que seja sustentável”, explica o ministro. Para saber mais Problemas detectados Desde o ano passado, o governo anuncia que redesenhará o ensino médio para atrair os estudantes. O alerta com relação a essa etapa da educação acendeu quando foi divulgado o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em agosto de 2012. O indicador mostrou que o ensino está estagnado. De 2009 para 2011, praticamente não houve evolução. A nota subiu apenas 0,1 ponto e passou de 3,6 para 3,7, em uma escala de 0 a 10. No mês seguinte, foram divulgados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011. O resultado apontou que aumentou a quantidade de jovens com idade entre 15 e 17 anos fora da escola. Eles eram 1,479 milhão em 2009, o equivalente a 14,8% da população nessa faixa etária, e passaram para 1,772 milhão em 2011 — o que representa 16,3% dos jovens. Os números soaram como mais um sinal de que o ensino médio precisa mudar. O levantamento De olho nas metas 2012, elaborado pelo Movimento Todos pela Educação, também mostra que o país está longe de alcançar o objetivo de ter 95% dos estudantes de 19 anos com ensino médio concluído até 2022. A meta para 2011 era de 53,6% e o Brasil registrou 51,1%. CORREIO BRAZILIENSE 11/09/13 00 CIDADES Temporada de aula particular A proximidade do fim do ano letivo é uma boa chance para professores incrementarem os rendimentos. Na tentativa dos pais em melhorar o desempenho dos filhos na escola, a procura pelo serviço aumenta até 50%. Docentes cobram de R$ 20 a R$ 100 por hora/aula » LARISSA GARCIA "Nesta época do ano, chego a faturar R$ 4 mil com o reforço. Para as mães que me procuram em cima da hora, sou bem franca: não faço milagres. Mas não deixo de ajudar o aluno só porque está na reta final" Karla Souza, 44 anos, servidora pública, graduada em letras e professora particular de português O quarto bimestre escolar se aproxima e as preocupações relacionadas ao desempenho dos alunos começam a se intensificar. O fantasma da recuperação e da reprovação leva muitos pais a recorrerem às aulas de reforço. Ao fim do ano letivo, a procura pelo serviço aumenta até 50% na capital federal, segundo estimativa do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinproep-DF), e, com isso, o faturamento dos profissionais também é elevado. O valor da hora/ aula varia entre R$ 20 e R$ 100 em Brasília, dependendo das necessidades do aluno e da qualificação do professor. O presidente do Sinproep-DF, Rodrigo de Paula, explicou que não há uma regulação específica para licenciados que dão aulas de reforço. “Nesse caso, o próprio trabalhador determina quanto é cobrado, porque ele é considerado autônomo. Geralmente, fecham pacotes, para que fique mais em conta para os pais, mas o valor varia de acordo com diversos fatores. Se o profissional é muito recomendado, pode embolsar um pouco mais”, esclareceu. que o aluno com dificuldades na escola tenha acompanhamento desde o primeiro bimestre. “A aula particular ajuda muito nesses casos, mas não é uma garantia se feita em cima da hora. Ainda assim, os responsáveis preferem desembolsar um pouco mais do que desperdiçar as mensalidades pagas durante todo o ano”, justificou. Procura maior Rodrigo frisou que apenas docentes com nível superior em sua área de atuação podem dar aulas particulares. “Acontece muito de alunos desses cursos superiores ou de outros que têm facilidade em determinada matéria oferecerem o serviço, mas, na verdade, eles podem apenas atuar como monitores. É um mercado bem informal, tanto que a maior parte dos profissionais têm outros empregos e dão o reforço nos horários vagos”, destacou o presidente da entidade. A servidora pública Karla Souza, 44 anos, moradora do Jardim Botânico, é graduada em letras e pós-graduada em leitura e produção de texto. Apesar de trabalhar oito horas por dia em um órgão público, ela aproveita os fins de semana e as horas vagas para dar aulas particulares de língua portuguesa. Ela confirmou que, nos últimos meses do ano, a procura aumenta muito. “Em Brasília, o mercado é ótimo para quem trabalha com reforço escolar. No quarto bimestre, os pais ficam preocupados com a recuperação e acabam optando pelo serviço. Em período de prova, o número de alunos aumenta também”, lembrou. Para ele, o fim do ano é sempre um período de grandes oportunidades para quem trabalha nessa área. “É nesta época que os pais percebem o desempenho dos filhos e avaliam se ele precisa ou não de reforço. Por isso, a procura aumenta tanto”, ponderou Rodrigo. No entanto, segundo ele, o ideal é Karla cobra R$ 40 por hora/aula. “Nesta época do ano, chego a faturar R$ 4 mil com o reforço. Para as mães que me procuram em cima da hora, sou bem franca: não faço milagres. Mas não deixo de ajudar o aluno só porque está na reta final. A melhor opção é que os pais busquem ajuda para os filhos logo que notarem a Continua Continuação 11/09/13 dificuldade, porque, assim, conseguimos acompanhar melhor”, afirmou a professora. Ela relatou que, na área dela, os alunos têm baixo rendimento em interpretação, escrita e gramática. “Questões relacionadas ao texto são as maiores reclamações.” A servidora pública Danielle Diniz, 36 anos, é mãe de Camila, 16, e, preocupada com o desempenho da filha, teve de recorrer às aulas de reforço no fim de 2012. Deu certo. “Ela sente muita dificuldade em português e, na época, fiquei com medo que reprovasse, porque ela estava indo muito mal. Paguei cerca de R$ 500 em 10 aulas e valeu a pena. Como estuda em colégio particular, ficaria bem mais caro se tivesse de desembolsar tudo de novo. Além disso, perderia um ano inteiro”, disse. “Neste bimestre, ainda não achei que precisa, mas, se perceber que as notas estão ruins, com certeza vou colocá-la na aula particular novamente. Só tirei porque ela mesmo achou que não precisava mais.” JORNAL DE BRASÍLIA 11/09/13 00 EM TEMPO JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF 11/09/13 00 BRASÍLIA