Clipping Nacional
de
Educação
Quarta-feira, 11 de Setembro de 2013
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Valor Econômico
11/09/13
00
Escolas do Mais Educação
terão repasse
Por Agência Brasil, de Brasília
As escolas públicas de Estados,
municípios e do Distrito Federal que
aderiram ao Programa Mais Educação vão
receber de R$ 3 mil a R$ 9 mil, em cota
única, para investir nas atividades da
jornada ampliada e da educação integral,
segundo o Ministério da Educação.
Atualmente, 49.581 escolas estão
vinculadas ao programa. Das unidades,
29.896 localizam-se em área urbana e
19.684, no campo.
O programa garante aos alunos do
ensino fundamental a participação em
atividades orientadas no turno oposto ao
matriculado, além de reforço escolar. Os
valores repassados variam segundo o
número de estudantes registrados no Censo
Escolar e as atividades culturais, esportivas
e de acompanhamento pedagógico
escolhidas. As unidades escolares com até
500 estudantes receberão R$ 3 mil; de 501
a mil, R$ 6 mil; com mais de mil, R$ 9 mil.
Os recursos são destinados à compra de
material permanente e de consumo e à
contratação de serviços necessários ao
desenvolvimento das atividades.
BRASIL
Valor Econômico
11/09/13
OPINIÃO
00
A capacitação para
um novo tempo
Por Jose Graziano da Silva
Uma pequena revolução
nutricional está acontecendo nesse
momento na América Latina.
O foco: a alimentação escolar. O
alvo: 18 milhões de estudantes
matriculados nas escolas da Bolívia,
Colômbia, El Salvador, Guatemala,
Honduras, Nicarágua, Paraguai e
Peru. O custo: US$ 25 por criança/
ano. O potencial: fortalecer a
segurança alimentar e o
desenvolvimento local aliando
alimentação escolar e agricultura
familiar.
É o que revela o "Panorama da
Alimentação Escolar e as
Possibilidades de Compra Direta da
Agricultura Familiar - Estudo de
Caso em Oito Países", produzido no
marco de projeto de cooperação
Sul-Sul na América Latina
envolvendo a FAO, Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação
do Ministério da Educação e a
Agência Brasileira de Cooperação.
Em 2012, o conjunto dos oito
países destinou a essa finalidade
US$ 938,51 milhões.
O valor é irrisório: significa um
gasto anual pouco superior a 1% dos
US$ 85 bilhões despejados
mensalmente no mercado financeiro
americano pelo Fed.
No entanto, a abrangência e a
profundidade
dos
seus
desdobramentos são inestimáveis.
Incluem-se aí o reforço à
segurança alimentar de toda a família;
o incentivo à frequência escolar; um
melhor desempenho no aprendizado;
dieta mais saudável e a ampliação da
demanda potencial à agricultura
familiar.
A América Latina, a duras penas,
aprendeu que a luta contra a fome
nunca é um problema só dos
famintos
O traço mais importante que a
experiência revela, porém, é de
natureza política.
A alimentação escolar, aos
poucos, se torna um consenso em
uma América Latina que, a duras
penas, aprendeu que a luta contra a
fome nunca é um problema só dos
famintos. Sobretudo quando se trata
da desnutrição infantil, ela é um
desafio de toda sociedade.
Erradicá-la, ademais, representa
um dos mais promissores eixos da
saúde pública nos países em
desenvolvimento.
não acudidos a tempo, podem
pavimentar a transmissão da pobreza
entre gerações.
A alimentação escolar também
ataca a outra face da má nutrição: o
sobrepeso e a obesidade. Programas
de alimentação escolar contribuem
para a adoção de hábitos e dietas
saudáveis, valorizando comidas
frescas, bem como a produção e a
diversidade dos alimentos locais.
Um governo que tenha margem
fiscal estreita para as demandas do
desenvolvimento, não errará se der
prioridade à segurança alimentar das
crianças.
Foi o que fez o Brasil, em 2003,
no âmbito do nascente Fome Zero,
ao promover a atualização dos
valores repassados à alimentação
escolar.
Parecia algo menor diante dos
desafios superlativos enfrentados
então. Hoje, o Brasil tem um dos
maiores programas de alimentação
escolar do planeta, atendendo a 47
milhões de crianças e adolescentes.
Mais de 30% da mortalidade
infantil nos primeiros cinco anos de
vida, nestas sociedades, tem origem
na fome.
O orçamento da área triplicou em
uma década. Com uma singularidade
importante: desde 2009, 30% dele
destinam-se, obrigatoriamente, à
aquisição de produtos da agricultura
familiar.
Não só. Os danos que ela
acarreta ao organismo humano, se
Uma receita cativa da ordem de
R$ 1 bilhão de reais ao ano passou
Continua
Continuação
a irrigar os campos e as pequenas
cidades do interior do país, com
encadeamentos previsíveis na renda
da agricultura familiar e no consumo
local.
A dinâmica dessa engrenagem,
que hoje envolve 400 mil agricultores
familiares, faz brilhar a esperança nos
olhos de governantes de outras
nações.
A FAO e o governo brasileiro têm
somado esforços para adaptar essa
experiência às condições concretas
da regionalidade latino-americana.
Onze países participam atualmente
desse mutirão no âmbito do
Programa de Cooperação
Internacional Brasil-FAO.
O ponto de partida requer uma
decisão política ao mesmo tempo
simples e divisória: canalizar o poder
de compra do Estado - muitas vezes
vazado para importações agrícolas
- para o elo mais fraco da corrente
rural, aquele formado pela agricultura
familiar. Um programa bem
estruturado de alimentação escolar
pode ser também o pulo do gato em
sociedades onde a pobreza
predomina nas áreas rurais e acossa
a infância pela desnutrição.
11/09/13
Não é só o caso da América
Latina. A descrição se aplica
também, em larga medida, ao
continente africano, onde o
programa brasileiro de aquisição da
agricultura familiar está sendo
adaptado pelos governos de Etiópia,
Maláui, Moçambique, Níger e
Senegal, em projeto de cooperação
Sul-Sul envolvendo FAO e a
Coordenação-Geral de Ações
Internacionais de Combate à Fome
do Ministério das Relações
Exteriores.
As possibilidades de cooperação
são promissoras, podendo envolver
parceiros como o Programa Mundial
de Alimentos e seu Centro de
Excelência contra a Fome, sediado
em Brasília.
Em recente encontro na Etiópia
organizado pela União Africana,
FAO e Instituto Lula no qual os países
africanos lançaram o compromisso
- histórico - de erradicar a fome na
região até 2025, coube ao expresidente da Nigéria, Olusegun
Obasanjo, ilustrar a urgência de uma
nova sintonia entre padrões de
crescimento e as potencialidades
locais.
Na última década o crescimento
do PIB africano foi de 5,7%; seis
nações do continente lideram a lista
das 10 economias com maior
expansão entre 2001/2010.
E, no entanto, conforme disse
Obasanjo, se chegasse à sua aldeia
e anunciasse aos moradores que eles
estavam 6% mais ricos, seria
chamado de louco, e possivelmente
a população iria às ruas protestar por
não ter recebido seu aumento.
Dotar o crescimento da
qualidade requerida para que a aldeia
do ex-presidente Obasanjo não
estranhe seus números implica um
novo centro de gravidade local,
implica fazer o crescimento chegar a
cada povoado na forma de melhor
alimentação, educação, saúde, luz,
água e infraestrutura.
Uma importante etapa de
capacitação para esse novo tempo
pode ser uma política de alimentação
escolar que erga pontes entre as
carências e as potencialidades locais
de cada nação.
José Graziano da Silva é diretorgeral da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e
Alimentação (FAO)
11/09/13
00
FUNDO SOCIAL GARANTE RENDA DE
EDUCAÇÃO E SAÚDE
Quase 75% da renda de royalties e participação
especial que serão desti-à educação e saúde, ainda este
ano, virão do Fundo So-ciai. Anteontem, quando a
presidente Dilma sancionou a Lei 12.858/2013, o Palácio
do Planalto estimou em R$ 770 milhões o total de
repasses já em 2013. É dinheiro que chega com o Fundo
Social, incluído no projeto de lei pelos parlamentares.
Na origem, apenas a renda dos campos de óleo e
gás com declaração de comercialidade e contratos
assinados a partir de 3 de dezembro de 2012 estaria
vinculada a investimentos em educação e saúde. Em todo
o ano passado, o Fundo Social recebeu cerca de R$
479,5 milhões, segundo dados oficiais da Agência
Nacional do Petróleo (ANP). Este ano, até julho,
entraram mais R$ 665,3 milhões. Como metade dos
recursos do Fundo, agora, estão atrelados à educação e
saúde, a verba disponível passa de R$ 572 milhões. É a
parcela restante, menos de R$ 200 milhões, que virá
dos novos contratos de exploração de óleo e gás. Nas
contas do governo, em 2014, educação e saúde terão
R$ 1,8 bilhão de renda adicional oriunda do setor de
óleo e gás. Em 2020, os recursos passarão de R$ 20
bilhões.
NEGÓCIOS & CIA
11/09/13
00
O PAÍS
MEC: estímulo para a carreira de professor
Programa cria parceria entre
escolas e universidades; alunos terão
bolsa
para a área das exatas. Ou vai ser
um professor ou pode ser um físico,
um químico — disse Mercadante.
-Brasília- O Ministério da
Educação (MEC) lançará nos
próximos dias um programa para
tentar estimular alunos do ensino
médio a seguir a carreira de
professor de Matemática, Física,
Química e Biologia. Batizado de
Quero Ser Cientista, Quero Ser
Professor, o programa pagará bolsa
de R$ 150 por mês a estudantes de
escolas públicas que participarem de
projetos de iniciação científica nas
quatro disciplinas, com apoio de
universidades. O anúncio foi feito
ontem pelo ministro Aloizio
Mercadante, após a abertura do 2º
Congresso Todos pela Educação —
- Educação: Agenda de Todos,
Prioridade Nacional.
Segundo o ministro, o pagamento
das bolsas terá início nos próximos
meses, podendo ficar para o ano que
vem. A data vai depender da adesão
dos governos estaduais, que são os
responsáveis pela maioria das
escolas de ensino médio no país, já
que a participação no programa será
voluntária. De início, serão
selecionados 30 mil estudantes de
escolas públicas. A meta é elevar
esse número para cem mil, o que
eqüivale a menos de 2% do total de
alunos da rede pública de ensino
médio. Mercadante afirmou que o
déficit de professores da área de
exatas nas escolas do país é de 170
mil profissionais.
— Precisamos pegar estudantes
que tenham grande talento e
vocação. À medida que você
estimula, que você fomenta, que
você dá condições de ele (aluno) ter
cada vez mais interesse, ele vai de
alguma forma, na nossa avaliação,
O ministro disse que o programa
seguirá a lógica de projetos de
iniciação científica já existentes no
ensino superior. O objetivo é
aproximar escolas de nível médio e
universidades. Os alunos terão que
desenvolver projetos, sob tutoria de
professores das próprias escolas e
de universitários que participam de
outro programa de bolsas federal, o
Pibid, destinado a alunos dos cursos
de licenciatura.
A pedadoga Paula Louzano, que
é professora da Universidade de São
Paulo (USP), elogiou a inciativa de
integrar escolas de ensino médio
com as universidades. Mas lembrou
que o ponto crucial de qualquer
política pública é a sua
implementação.
O Congresso continua hoje. O
empresário Jorge Gerdau, que
preside o Conselho de Governança
do Todos pela Educação, classificou
como histórica a última segundafeira, quando a presidente Dilma
Rousseff sancionou o projeto de lei
que destinará 75% dos royalties do
petróleo para a Educação:
— É o investimento mais
importante em qualquer país. A
eficiência econômica e a
produtividade passam pela
Educação.
RIVALDO BARBOSA
11/09/13
A3
TENDÊNCIAS
& DEBATES
A educação, além dos royalties
Antonio Jacinto Matias
O trabalho das ONGs deve ser
potencializado para que o projeto de
ampliar a oferta de educação integral
prospere, o que requer equipes
preparadas
A lei nº 12.858, sancionada
anteontem pela presidente Dilma
Rousseff, que destina parte dos
royalties do petróleo para a educação,
embora seja louvável, não dará conta,
sozinha, de garantir a oferta de ensino
público de qualidade, fundamental
para o país.
Mais recursos para educação são
necessários, mas não suficientes. A
qualidade da gestão educacional é
também essencial para avançarmos.
O debate público tem se
concentrado em dois pontos: a
fixação de uma porcentagem de
recursos do PIB para a educação, por
meio da aprovação do Plano Nacional
da Educação (PNE), que deve
ocorrer neste segundo semestre, e a
chegada dos royalties, que, de acordo
com a presidente Dilma, devem
destinar ao ensino público R$ 112
bilhões em dez anos, permitindo
atingir 10% do PIB para o setor em
15 anos.
As duas questões merecem um
exame mais detalhado se não
quisermos
ver
recursos
desperdiçados.
O Brasil gasta US$ 2.416
anualmente por estudante do ensino
fundamental ao superior, ao passo que
a média da OCDE (Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico) é de US$ 8.354. No
Chile, o gasto é de US$ 3.521 e na
Argentina, US$ 3.204.
Como estamos em um sistema
federativo, a aprovação do PNE não
será o fim, mas sim o ponto de partida
para desdobramentos decisivos. As
cidades precisarão se esforçar para
elaborar ou rever seus planos de
educação e adequar-se às metas.
De acordo com a pesquisa do
IBGE, dos 5.565 municípios
brasileiros, 2.181 não têm plano
municipal de educação. O PNE será
um catalisador importante para
reversão desse quadro. A construção
dos planos municipais abre a
oportunidade para se definir
prioridades e estratégias em nível
local, com aprimoramento da gestão
dos recursos.
Experiências bem-sucedidas
realizadas em outros países e já em
curso em algumas redes brasileiras
apontam medidas prioritárias para
promover o salto de qualidade. Entre
elas, atrair, apoiar e reter professores
de qualidade e investir nos recursos
humanos das escolas e secretarias
possibilitaria aprimorar a seleção,
formação e apoio de lideranças e
quadros técnicos.
Outros pontos essenciais são o
investimento em políticas que
estimulem e apoiem as escolas no
fortalecimento de suas relações com
as famílias e comunidade e nos
sistemas de avaliação e
monitoramento, garantindo seu uso
pedagógico e o controle social dos
resultados de ensino e aprendizagem.
A ampliação da jornada escolar e
diversificação dos currículos por meio
de educação integral proposta pelo
PNE será um desafio. As redes de
ensino deverão adequar-se ao
cumprimento da meta 6, que prevê a
extensão da oferta de educação
integral a 25% dos alunos e 50% das
escolas de educação básica.
Contudo, o poder público terá
imensa dificuldade de atender essa
demanda apenas com escolas de
tempo integral. A possível expansão
física e a do quadro de funcionários,
bem como a formação necessária
desses profissionais, serão
insuficientes para oferecer a jornada
ampliada no prazo de dez anos.
O esforço para colocar o Brasil na
rota da educação integral tende,
portanto, a considerar diversas
modalidades de oferta e envolver
outras instâncias e arranjos da
sociedade civil. Importante colocar na
agenda as parcerias público-privadas
e alianças com organizações não
governamentais que já vêm
executando esse trabalho. O trabalho
das ONGs deve ser potencializado
para que o projeto de ampliar a oferta
de educação integral prospere, o que
requer equipes gestoras mais
preparadas.
O dinheiro dos royalties e o
aumento do orçamento destinado à
educação são fundamentais para
avançarmos. Mas precisamos
preparar o terreno para ampliar os
investimentos de forma eficiente. Sem
um planejamento rigoroso, corremos
o risco de jogar uma oportunidade de
ouro pela janela.
ANTONIO JACINTO MATIAS,
66, é vice-presidente da Fundação Itaú
Social e membro do Conselho de
Governança do movimento Todos pela
Educação
11/09/13
00
PODER
Professores acampam
em palácio de Minas
Protesto pacífico na residência do
governador reivindica pagamento do
piso nacional
DE BELO HORIZONTE
Professores da rede estadual de
ensino de Minas Gerais completam
hoje 12 dias acampados em frente
ao Palácio das Mangabeiras,
residência oficial do governador
Antonio Anastasia (PSDB).
Instalados em barracas, os
professores se revezam em grupos
de 25 pessoas no acampamento do
Sind-UTE, o sindicato dos
trabalhadores em educação.
A categoria cobra do Executivo
o pagamento do piso nacional dos
professores, que é de R$ 1.567 para
40 horas semanais, e a aplicação de
25% das receitas do Estado em
educação, como prevê a legislação.
O acampamento é pacífico e não
houve nenhuma intervenção da
polícia até o momento. A guarda do
palácio monitora o protesto à
distância, da guarita de segurança.
As reivindicações do movimento
são antigas e já resultaram na maior
greve da categoria, em 2011, quando
os professores pararam 112 dias.
A coordenadora do Sind-UTE,
Beatriz Cerqueira, diz que o setor
decidiu evitar uma nova greve e
montou o acampamento para manter
a pauta de pé.
O governo de Minas contesta o
sindicato e diz que que paga um valor
47,4% maior do que o piso nacional,
mas proporcional a 24 horas.
O valor inclui o salário básico e
os benefícios, que são chamados
conjuntamente de subsídio pelo
Estado. Os professores dizem que
"piso não é subsídio".
O investimento de 25% das
receitas em educação é cumprido,
diz o governo. O Tribunal de Contas
do Estado, porém, já apontou a
irregularidade do Executivo e deu
prazo até 2014 para ajustes.
Sobre o acampamento, o
governo diz, em nota, que
"reconhece e defende o direito à livre
manifestação", mas que "não vê
motivos" para o protesto.
(PAULO PEIXOTO)
11/09/13
00
COTIDIANO
Professores fazem greve
na USP Leste contra terreno contaminado
Campus, que abriga 4.800
alunos, foi erguido em área com gás
metano, que pode causar explosão
Agência ambiental autuou
universidade por descumprir acordo
para sanar problema; aulas são
canceladas
EDUARDO
GERAQUE
FELIPE SOUZA DE SÃO PAULO
Os professores da USP Leste
decretaram greve ontem alegando
preocupação com os riscos de
trabalharem em uma área
contaminada.
O estopim da crise foi uma placa,
com símbolo da Cetesb (agência
ambiental paulista), instalada nesta
semana dentro do campus da
universidade paulista aberto em
2005.
A informação contida nela é que
a "área está interditada por conter
contaminantes com risco à saúde".
A Cetesb nega que tenha
instalado a placa, mas confirma a
ameaça e afirma que autuou a USP
Leste no dia 2 de agosto por não
cumprir exigências ambientais feitas
em novembro.
A direção da USP Leste nega
que esteja descumprindo o acordo
(leia texto ao lado).
A greve afeta cerca de 4.800
alunos de 10 cursos, entre eles o de
Gestão Ambiental. As aulas foram
suspensas ontem e não devem voltar
ao menos até a próxima segundafeira.
investigações mais profundas do
problema, construir dutos de
extração de gases em vários locais e
enviar ao órgão relatórios técnicos
com o monitoramento de toda a
situação.
Os prédios da USP Leste foram
erguidos sobre uma área que contém
lixo orgânico removido do rio Tietê.
Por isso não ter sido feito,
segundo a Cetesb, é que a
advertência ocorreu.
Com o passar do tempo, o
material começa a emitir gás metano,
sem cheiro, que é tóxico e pode
causar explosões.
A USP Leste nasceu em uma área
problemática. A contaminação do
solo atrasou, por exemplo, a licença
de operação do local.
O risco de acidentes dentro de
ambientes fechados, onde o gás
pode ficar armazenado, é real,
segundo os técnicos ambientais que
visitaram o local em 2012.
Os prédios funcionaram sem
licença de operação ambiental entre
2005 e 2012.
Os professores dizem que
ficaram alarmados após o
surgimento da placa, porque, até
então, a informação vinda da direção
era de que tudo estava sob controle.
Dizem que a greve foi decretada
para saber qual é a situação real da
área.
Amanhã, um grupo irá à Cetesb
para obter informações oficiais do
problema de contaminação do solo.
Segundo a agência paulista, a
direção da USP deveria ter feito
Se o órgão ambiental entender
que as providências exigidas não
estão sendo tomadas, poderá haver
uma multa e, até, no futuro, uma
interdição dos prédios.
Episódio semelhante, por causa
também do risco de explosão do gás
metano, ocorreu no shopping Center
Norte, em 2011. O centro comercial
chegou a ser fechado.
Para o professor de gestão de
políticas públicas Pablo Ortellado, a
suspensão das aulas foi necessária
para garantir a segurança dos
funcionários: "A comunidade corre
riscos graves de saúde."
11/09/13
00
COTIDIANO
Outro lado
Universidade diz ter
tomado providências
DE SÃO PAULO
Em nota, a USP reconheceu o
problema no campus leste e disse
que está tomando medidas para
minimizar os seus efeitos e punir os
responsáveis pela contaminação do
terreno.
A universidade disse que todas
as exigências da Cetesb (agência
ambiental paulista) para amenizar o
problema do terreno "estão sendo
cumpridas na medida do possível,
levando em consideração os
mecanismos de contratação de
serviços por meio de processos
licitatórios".
Afirmou ainda que toda a
documentação referente às análises
de monitoramento, mapeamento e
relatórios técnicos, solicitada pela
companhia, foi entregue nos prazos
estipulados.
A USP Leste informou que
instaurou uma sindicância para
identificar os funcionários
autorizaram o aterramento da área,
agravando a contaminação. E que
está avaliando quais medidas serão
aplicadas aos responsáveis pela
contaminação.
Na nota, a universidade informou
que vai contratar uma empresa
especializada para diminuir os
impactos ambientais na área afetada.
'PROBLEMÁTICA'
A universidade reconheceu que o
campus --sede da Escola de Artes,
Ciências e Humanidades-- foi
construído em uma "área
ambientalmente problemática".
Disse que, ainda assim, o local foi
escolhido como o mais adequado
para a construção do campus na
época --a inauguração foi em 2005.
A USP afirmou que foram
despejadas terras de origem
desconhecida em alguns locais do
campus e que, após análise em
laboratório, foi constatado que elas
estavam contaminadas.
Mas não informou que empresas
realizaram o trabalho.
11/09/13
COTIDIANO
00
RUF 2013
Cursos novatos estão
em 'top 10' de ranking
Escolas fundadas há menos de
dez anos aparecem entre as mais
bem avaliadas em suas áreas
Todas elas têm um ponto em
comum: estão em instituições
tradicionais, como USP, Unicamp e
PUC-Rio
DE SÃO PAULO
Mesmo novatos, alguns cursos se
destacaram entre os melhores do
país no RUF (Ranking Universitário
Folha) 2013, lançado anteontem.
Entre os cursos com menos de
dez anos que figuram no top 10 em
suas áreas está, por exemplo, o de
farmácia da UnB (Universidade de
Brasília). Fundado em 2008, ele é
um dos com o ensino mais bem
avaliado, ao lado de cinco escolas
centenárias.
Apesar da grande diversidade de
áreas (veja quadro), todos têm um
ponto em comum: estão em
instituições tradicionais, como PUCRio, USP, Unicamp e a já citada
UnB.
Para Romário Davel, consultor
de educação, essa característica
transfere
"credibilidade
automaticamente" ao curso, atraindo
bons estudantes, algo "fundamental
para alcançar bons resultados".
Os novatos também partilham
práticas pedagógicas que colocam o
aluno no centro do processo de
aprendizado, afirma o consultor
Carlos Monteiro. "O professor passa
a ser mais um tutor do que dono da
verdade."
No curso de direito da FGV-SP,
fundado em 2005, por exemplo, as
aulas são baseadas na solução de
problemas.
"Começo, por exemplo, com o
aborto. Um garoto de 18 anos pode
não saber teoria constitucional, mas
tem concepções sobre o aborto.
Você começa por fatos relevantes e
se debruça sobre eles até concluir
como podem ser resolvidos do ponto
de vista jurídico", explica Oscar
Vilhena, diretor do curso e professor
de direito constitucional.
"Aqui, a ideia de aula expositiva
é quase proibida. Quem fala é o
aluno."
MERCADO
Um curso novo já nasce atual e,
portanto, prepara melhor o aluno
para enfrentar o mercado de
trabalho, avaliam os especialistas.
A escola de jornalismo da
ESPM-SP, criada em 2011 e caçula
do grupo, oferece aos alunos a
possibilidade de participar de uma
agência de notícias multiplataforma.
"Os alunos podem experimentar
e ganhar vivência no jornalismo
online", diz a coordenadora do curso
Maria Antonioli.
(BRUNO LEE)
11/09/13
00
COTIDIANO
Para pesquisador, internacionalização
baixa é problema
DE SÃO PAULO
A baixa internacionalização das
universidades brasileiras é falha
gritante, afirmam pesquisadores.
A posição, trazida pelo
pesquisador da Unicamp Renato
Pedrosa, foi consenso entre
participantes de debate sobre ensino
superior promovido anteontem pela
Folha.
Além de Pedrosa, participaram
Carolina da Costa, do Insper
(Instituto de Ensino e Pesquisa) e
Rogério Meneghini, docente
aposentado da USP e responsável
pela medição de produção científica
da segunda edição do RUF
(Ranking Universitário Folha).
Como exemplo, Pedrosa
comparou os números nacionais aos
da China. "Eles têm gente em todas
as instituições internacionais de alto
nível e, agora, querem trazer 10 mil
acadêmicos de volta para o país",
diz. "Não temos nem mil pessoas
nessas posições."
O país também não se sai bem
na tarefa de atrair docentes e alunos
estrangeiros, afirma, por causa do
idioma, "barreira difícil de ser
transposta".
Sobre o Ciência sem Fronteiras,
principal programa governamental
para promover essa troca de
experiências, Meneghini acredita
faltar "rigor na escolha dos destinos".
E, mais uma vez, os chineses
surgiram no debate. "Eles criaram o
ARWU [ranking mundial de
universidades] com o intuito de
escolher as melhores instituições do
mundo para enviar os bolsistas."
Outro erro é a exclusão das
ciências sociais e humanas, acredita
Pedrosa. Ele argumenta que as áreas
mantidas no Ciência sem Fronteiras
--ciência e tecnologia-- são
justamente as mais maduras no
quesito internacionalização.
11/09/13
00
Sul e Sudeste têm escolas de
medicina mais bem avaliadas
DE SÃO PAULO
As faculdades de medicina mais bem
avaliadas são majoritariamente públicas e
estão no Sul e no Sudeste.
Entre as 172 escolas listadas no RUF
(Ranking Universitário Folha), a USP ficou
em primeiro lugar em mercado, mas, por
uma diferença mínima (0,1%), perdeu a
liderança em ensino para a Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo).
A perda de pontos se deve à não
participação no Enade (Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes). "É algo
esperado, mas que deve mudar agora que
a USP decidiu aderir ao Enade", diz José
Otavio Auler Junior, vice-diretor da
faculdade.
COTIDIANO
11/09/13
00
METRÓPOLE
Reitor da USP é alvo de ação por improbidade
Promotoria de SP cobra R$ 3,3
milhões de João Grandino Rodas
por supostos prejuízos causados
com contratos sem licitação e
impressão de boletins
Fabio Leite Luciano Bottini Filho
O Ministério Público Esta-dual
(MPE) moveu uma ação de
improbidade administrati-va contra
o reitor da USP, João Grandino
Rodas, pelo su-posto prejuízo de R$
1,1 mi-lhão que ele teria causado ao
cofre do Estado com atos
pra-ticados na universidade en-tre
2009 e 2011, e considera-dos ilegais
pela Promotoria.
Proposta pelo promotor Sil-vio
Marques, do Patrimônio Pú-blico e
Social da capital, a ação questiona
dois contratos cele-brados sem
consulta prévia por Rodas entre
2009 e 2010, quan-do era diretor
da Faculdade de Direito do Largo
São Francisco, e a publicação de
boletins institucionais para promoção
pes-soal, em 2011, quando já era
rei-tor da universidade.
No primeiro caso, Rodas
assi-nou, em 2009, um acordo com
a família do banqueiro Pedro Conde,
ex-aluno de Direito da USP, no qual
vinculava a doa-ção para a
construção de um au-ditório para 90
pessoas ao batis-mo da sala com o
nome de Con-de. Negócio
semelhante foi fe-chado com o
escritório de advocacia Pinheiro
Neto, outro ex- aluno, que também
reformaria uma sala em troca da
honraria.
Em janeiro de 2010, em seu
último dia à frente da Faculda-de de
Direito, Rodas publicou portaria com
as nomeações. A medida causou
polêmica por-que, pela tradição, as
salas são batizadas só com nomes
de pro-fessores da São Francisco.
Em maio, contudo, após a
des-coberta dos acordos sigilosos de
encargos, a faculdade revo-gou a
portaria e o sucessor de Rodas,
Antonio Magalhães Go-mes Filho,
solicitou uma inves-tigação do MPE,
tornando-se um grande desafeto do
reitor.
Sentindo-se lesada, a família
Conde acionou a USP na Justi-ça e,
em abril de 2012, conse-guiu a
devolução de R$ 1 milhão
que havia doado para a
Faculda-de de Direito, além de R$
40 mil dos custos advocatícios. A
quan-tia compreende parte do valor
da ação de R$ 3,3 milhões que o
MPE cobra de Rodas.
Boletins. O reitor também é
acionado por ter determinado, em
2011, a impressão com verba
pública de boletins internos pa-ra
ataques ao diretor Gomes Fi-lho.
Segundo o MPE, foram 6 mil
exemplares, a R$ 5.319,61.
Para a promotoria, "Rodas
frustrou a licitude de processo
licitatório, infringiu princípios
administrativos que regem a
ad-ministração pública e utilizou a
publicação do boletim com des-vio
de finalidade, para realizar promoção
pessoal, causando prejuízo ao erário
estadual".
11/09/13
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METRÓPOLE
Rodas nega má-fé ou
prejuízo aos cofres públicos
Reitor afirma que doação e
nomeação das salas foram
aprovadas por órgãos da USP e
defende impressão de boletins
obrigação de en-viar aos órgãos
competentes a sugestão de aposição
do nome e não a obrigação fazê-lo",
disse.
O reitor da Universidade de São
Paulo (USP), João Grandino
Ro-das, afirmou em nota que anão
houve nem má-fé nem qual-quer
dano ao erário público" com seus
atos praticados à fren-te da
Faculdade de Direito e da própria
universidade. "Muito pelo contrário,
só houve benefí-cios para a USP",
afirmou.
"A doação foi analisada pela
Comissão de Orçamento e
Pa-trimônio, instância do Conse-lho
Universitário (órgão máxi-mo da
USP), que convalidou o processo",
completou.
Segundo o reitor, a portaria
assinada por ele em janeiro de 2010,
que deu às salas reforma-das o nome
dos respectivos doa-dores "foi feita
em atenção à so-licitação da
Associação dos Antigos Alunos,
corroborada por mais da metade dos
membros da Congregação da
Faculdade de Direito".
Rodas afirma que a indicação do
nome do Escritório Pinheiro Neto foi
solicitada pela entida-de que
representa ex-alunos e que só havia
um acordo assina-do entre a
Faculdade de Direito e a família de
Pedro Conde.
"Nesse documento, que teve por
testemunhas a então presi-dente do
Centro Acadêmico XI de Agosto,
Talita Nascimento, e o diretor da
Associação Atléti-ca XI de Agosto,
Thiago Gerbasi, há apenas a
Sobre a impressão de 6 mil
bo-letins em 20 de setembro de
2011, Rodas diz que a publicação
USP Destaques é voltada as cer-ca
de 110 mil pessoas da comuni-dade
universitária, enquanto que assuntos
referentes a deter-minado câmpus
ou unidade são divulgados por
edições espe-ciais do boletim.
Segundo ele, essa edição teve como
público- alvo a Faculdade de Direito.
"A motivação desse boletim foi
relembrar, com base em
do-cumentos da época, justamen-te
quando a aula programada pa-ra o
dia 21 pretendia iniciar a discussão
do estado em que se encontra a
infraestrutura da Fa-culdade de
Direito, com o pro-pósito claro de
se debitar a inér-cia dos últimos dois
anos à anti-ga diretoria e atual
reitoria. Na-da mais apropriado,
pois cerca de metade dos alunos
entrou nos dois últimos anos e tem o
direito de formar seu próprio juízo
sobre a questão."/F.L
11/09/13
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METRÓPOLE
USP Leste é autuada
e professores fazem greve
A USP Leste não cumpriu 11
exigências de controle e despoluição
do solo e foi autua-da pela
Companhia cie Tecnologia de
Saneamento Ambiental (CETESB).
Localizado na zona leste da capital,
o câmpus tem solo contaminado
com gás metano, inflamável. Depois
de parte de ser interditada com
placas, que informam haver
"contaminantes com riscos à saúde",
os professores decidiram entrar em
greve.
Por estar na várzea do Rio Tietê,
toda a área ocupada pela unidade
apresenta problemasde poluição de
solo. "A fração orgânica desses
resíduos, com o tem-po, passou a
produzir gasescujo acúmulo em
ambientes fe-chados pode causar
acidentes", informou a CETESB, em
nota.
Entre as exigências não
aten-didas estão a instalação de
sistemas de gases dos prédios,
avaliações de risco à saúde, além de
investigação ambiental detalhada. A
CETESB deu 60 dias para a USP
atender às medidas, Os pontos a
serem cumpridos fazem parte da
Licença Ambiental de Operação,
obtida pela unidade em novembro
passado, oito anos depois de ter
iniciado as atividades.
Greve. Em assembleia realizada
no início da tarde de ontem, os
docentes do câmpus que abriga a
Escola de Artes, Ciências e
Humanidades (EACH), decidiram
que vão manter as atividades
interrompidas até que haja a
informação da. real extensão dos
problemas. Os professores não
descartam, interromper as aulas até
que os passivos ambientais sejam,
sanados.
A direção da USP Leste
defendeu que não há risco à saúde,
mas que o atendimento às exigências
da
CETESB
cabem
à
Superintendência do Espaço Físico
(SEF), ligada, à reitoria. A SEF
instalou as placas de interdição, o que
não é exigido pela Cetesb.
A USP informou que encontra-se
em processo de contratação de
empresa especializada. As
exigências, segundo nota, estão sedo
cumpridas "na medida do possível",
levando em conta os mecanismos de
licitação. A documentação referente
às análises efetuadas teriam sido
entregues à CETESB. A universidade
não detalhou quais das onze
exigências citadas pela autuação
foram efetuadas.
Continua
Continuação
11/09/13
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CORREIO BRAZILIENSE
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POLÍTICA
GOVERNO » Bolsa para aprender exatas
MEC anuncia benefício de R$
150 para estimular o aluno do ensino
médio a seguir carreira de professor
em disciplinas com deficit de pessoal
GRASIELLE CASTRO
Estudantes em dia de vestibular
da UnB: bolsa servirá para estimular
a docência na universidade
O Ministério da Educação vai dar
uma bolsa de R$ 150 por mês para
estudantes do ensino médio da rede
pública que queiram seguir carreira
em exatas. O benefício faz parte do
Programa Quero ser cientista, Quero
ser professor, a ser lançado
oficialmente até sexta-feira. De
acordo com o ministro Aloizio
Mercadante, a proposta visa a
estimular o estudante que gosta de
matemática, física e química a manter
o interesse e investir na carreira de
professor. A pasta oferecerá 30 mil
bolsas, mas o objetivo é chegar a
100 mil.
No programa, o aluno terá um
orientador, uma tutoria e a estrutura
de uma universidade para fomentar
o interesse por matemática, física,
biologia e química. Os universitários
beneficiados pelo Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência (Pibid) também estarão
envolvidos na iniciativa, no apoio aos
estudantes. “O objetivo é despertar
o interesse que já existe em alguns
estudantes, que têm excelentes
desempenhos”, avalia.
Mercadante justifica que o
benefício é para o estudante ter
condições de participar do
programa. “O aluno vai ter uma
jornada a mais, com tarefas a fazer e
acompanhamento de professor. Ele
precisará se dedicar plenamente ao
programa. É uma bolsa de estímulo,
como é a bolsa de iniciação científica.
É uma iniciação júnior, que começa
no ensino médio”, argumenta.
"O aluno vai ter uma jornada
a mais, com tarefas a fazer e
acompanhamento de professor.
Ele precisará se dedicar
plenamente ao programa",
Aloizio Mercadante, ministro
da Educação
Além do estudante, o professor
orientador e o supervisor na
universidade receberão um auxílio.
O ministro explica que o papel dos
docentes será motivar os alunos. “Em
física, por exemplo, você precisa
levar esses meninos ao laboratório
de física, à universidade, ver um
curso para despertar o interesse e a
vocação desde cedo. Os medalhistas
só recebem bolsa quando entram na
universidade. Nós vamos antecipar
e dar desde o ensino médico”,
destaca o ministro.
A área escolhida é considerada
prioritária pela pasta. O ministro frisa
que há um deficit de
aproximadamente 170 mil
professores nessas disciplinas. “É
uma área para qual o Brasil precisa
olhar com mais atenção”, continua.
Mercadante destaca que as
matrículas de engenharias cresceram
e já superam as de direito. “Mas
matemática, física e química não
crescem”, alerta. Em abril, o Correio
mostrou que, de acordo com o
Censo do Ensino Superior 2011,
estudantes de exatas estão entre os
que mais abrem mão da licenciatura.
Física está no topo da lista, com 31%
de desistência. Matemática registra
21,6%.
Astronomia
Os estudantes do ensino médio
terão ainda acesso ao kit Aventuras
da Ciência. O material, distribuído
pelo ministério e desenvolvido por
cientistas brasileiros, visa a aproximar
os alunos de disciplinas como
astronomia, matemática, biologia,
física e química.
As ações fazem parte de um
pacote de medidas que o ministério
planeja para impulsionar o ensino
médio no país (leia Para saber mais).
Continua
Continuação
11/09/13
A especialista em políticas públicas
Viviane Mosé destaca que é preciso
redefinir o ensino médio e criar
políticas de incentivo para a
formação de professores. “O ensino
médio não tem identidade. É uma
repetição do fundamental. O
currículo precisa ser adaptado e os
estudantes, estimulados”, argumenta.
Na opinião dela, o problema também
se reflete na universidade. Ela diz que
se forma mal o professor, que forma
mal o estudante.
A carreira dos professores levanta
outra questão, a do piso salarial.
Nem todos os estados pagam,
embora a regra esteja estabelecida
em lei. Na opinião do ministro, esse
é um problema que pode se agravar
no ano que vem porque o reajuste
será maior. Para equacionar o
problema, o MEC está negociando
uma proposta, que será encaminhada
ao Congresso para ser aprovada até
o fim do ano. “Para ter um reajuste
que garanta o crescimento real, mas
que seja sustentável”, explica o
ministro.
Para saber mais
Problemas detectados
Desde o ano passado, o governo
anuncia que redesenhará o ensino
médio para atrair os estudantes. O
alerta com relação a essa etapa da
educação acendeu quando foi
divulgado o resultado do Índice de
Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb), em agosto de 2012.
O indicador mostrou que o ensino
está estagnado. De 2009 para 2011,
praticamente não houve evolução. A
nota subiu apenas 0,1 ponto e
passou de 3,6 para 3,7, em uma
escala de 0 a 10.
No mês seguinte, foram
divulgados os dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) de 2011. O resultado
apontou que aumentou a quantidade
de jovens com idade entre 15 e 17
anos fora da escola. Eles eram 1,479
milhão em 2009, o equivalente a
14,8% da população nessa faixa
etária, e passaram para 1,772 milhão
em 2011 — o que representa 16,3%
dos jovens. Os números soaram
como mais um sinal de que o ensino
médio precisa mudar.
O levantamento De olho nas
metas 2012, elaborado pelo
Movimento Todos pela Educação,
também mostra que o país está longe
de alcançar o objetivo de ter 95%
dos estudantes de 19 anos com
ensino médio concluído até 2022. A
meta para 2011 era de 53,6% e o
Brasil registrou 51,1%.
CORREIO BRAZILIENSE
11/09/13
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CIDADES
Temporada de aula particular
A proximidade do fim do ano
letivo é uma boa chance para
professores incrementarem os
rendimentos. Na tentativa dos
pais em melhorar o desempenho
dos filhos na escola, a procura pelo
serviço aumenta até 50%.
Docentes cobram de R$ 20 a R$
100 por hora/aula
» LARISSA GARCIA
"Nesta época do ano, chego a
faturar R$ 4 mil com o reforço. Para
as mães que me procuram em cima
da hora, sou bem franca: não faço
milagres. Mas não deixo de ajudar
o aluno só porque está na reta final"
Karla Souza, 44 anos, servidora
pública, graduada em letras e
professora particular de português
O quarto bimestre escolar se
aproxima e as preocupações
relacionadas ao desempenho dos
alunos começam a se intensificar. O
fantasma da recuperação e da
reprovação leva muitos pais a
recorrerem às aulas de reforço. Ao
fim do ano letivo, a procura pelo
serviço aumenta até 50% na capital
federal, segundo estimativa do
Sindicato dos Professores em
Estabelecimentos Particulares de
Ensino do Distrito Federal
(Sinproep-DF), e, com isso, o
faturamento dos profissionais
também é elevado. O valor da hora/
aula varia entre R$ 20 e
R$ 100 em Brasília, dependendo
das necessidades do aluno e da
qualificação do professor.
O presidente do Sinproep-DF,
Rodrigo de Paula, explicou que não
há uma regulação específica para
licenciados que dão aulas de reforço.
“Nesse caso, o próprio trabalhador
determina quanto é cobrado, porque
ele é considerado autônomo.
Geralmente, fecham pacotes, para
que fique mais em conta para os pais,
mas o valor varia de acordo com
diversos fatores. Se o profissional é
muito recomendado, pode embolsar
um pouco mais”, esclareceu.
que o aluno com dificuldades na
escola tenha acompanhamento
desde o primeiro bimestre. “A aula
particular ajuda muito nesses casos,
mas não é uma garantia se feita em
cima da hora. Ainda assim, os
responsáveis preferem desembolsar
um pouco mais do que desperdiçar
as mensalidades pagas durante todo
o ano”, justificou.
Procura maior
Rodrigo frisou que apenas
docentes com nível superior em sua
área de atuação podem dar aulas
particulares. “Acontece muito de
alunos desses cursos superiores ou
de outros que têm facilidade em
determinada matéria oferecerem o
serviço, mas, na verdade, eles podem
apenas atuar como monitores. É um
mercado bem informal, tanto que a
maior parte dos profissionais têm
outros empregos e dão o reforço nos
horários vagos”, destacou o
presidente da entidade.
A servidora pública Karla Souza,
44 anos, moradora do Jardim
Botânico, é graduada em letras e
pós-graduada em leitura e produção
de texto. Apesar de trabalhar oito
horas por dia em um órgão público,
ela aproveita os fins de semana e as
horas vagas para dar aulas
particulares de língua portuguesa. Ela
confirmou que, nos últimos meses do
ano, a procura aumenta muito. “Em
Brasília, o mercado é ótimo para
quem trabalha com reforço escolar.
No quarto bimestre, os pais ficam
preocupados com a recuperação e
acabam optando pelo serviço. Em
período de prova, o número de
alunos aumenta também”, lembrou.
Para ele, o fim do ano é sempre
um período de grandes
oportunidades para quem trabalha
nessa área. “É nesta época que os
pais percebem o desempenho dos
filhos e avaliam se ele precisa ou não
de reforço. Por isso, a procura
aumenta tanto”, ponderou Rodrigo.
No entanto, segundo ele, o ideal é
Karla cobra R$ 40 por hora/aula.
“Nesta época do ano, chego a faturar
R$ 4 mil com o reforço. Para as mães
que me procuram em cima da hora,
sou bem franca: não faço milagres.
Mas não deixo de ajudar o aluno só
porque está na reta final. A melhor
opção é que os pais busquem ajuda
para os filhos logo que notarem a
Continua
Continuação
11/09/13
dificuldade, porque, assim,
conseguimos acompanhar melhor”,
afirmou a professora. Ela relatou que,
na área dela, os alunos têm baixo
rendimento em interpretação, escrita
e gramática. “Questões relacionadas
ao texto são as maiores
reclamações.”
A servidora pública Danielle Diniz,
36 anos, é mãe de Camila, 16, e,
preocupada com o desempenho da
filha, teve de recorrer às aulas de
reforço no fim de 2012. Deu certo.
“Ela sente muita dificuldade em
português e, na época, fiquei com
medo que reprovasse, porque ela
estava indo muito mal. Paguei cerca
de R$ 500 em 10 aulas e valeu a
pena. Como estuda em colégio
particular, ficaria bem mais caro se
tivesse de desembolsar tudo de
novo. Além disso, perderia um ano
inteiro”, disse. “Neste bimestre, ainda
não achei que precisa, mas, se
perceber que as notas estão ruins,
com certeza vou colocá-la na aula
particular novamente. Só tirei porque
ela mesmo achou que não precisava
mais.”
JORNAL DE BRASÍLIA
11/09/13
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EM TEMPO
JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF
11/09/13
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BRASÍLIA
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