Cálculo de Parâmetros de Linhas Aéreas para Redes de Distribuição Hussein Umarji Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electrotécnica e de Computadores Júri Presidente: Prof. Gil Domingos Marques Orientador: Prof. Luis António Fialho Marcelino Ferreira Prof. Pedro Manuel Santos de Carvalho Vogal: Profª. Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro Agradecimentos O autor deseja agradecer aos Professores Marcelino Ferreira e Pedro Carvalho, responsáveis pela orientação científica do trabalho, e especialmente ao Professor Pedro Carvalho, todo o empenho e confiança depositados tanto a nível académico como a nível pessoal. A sua disponibilidade e apoio foram factores de motivação importantes para o sucesso do trabalho realizado. O autor deseja ainda agradecer á Professora Maria Eduarda Pedro, ao Engenheiro Carlos Santos e ao Engenheiro Fernando Carvalho todo o apoio, orientação e disponibilidade prestados ao longo do trabalho. E por fim o autor deseja ainda agradecer á sua família por todo o apoio dado ao longo do curso, apoio esse fundamental para o concretizar dos seus objectivos. 1 Resumo Este trabalho descreve os métodos mais comuns usados no cálculo dos parâmetros de linhas aéreas de alta tensão: método de Carson e de retorno pela terra a uma profundidade complexa (CDER) para o cálculo das impedâncias série e o método dos coeficientes de potencial de Maxwell para as capacidades transversais. Foi criado um programa em linguagem Matlab, no qual são usados estes três métodos referidos anteriormente e os resultados obtidos através deste programa foram comparados com os resultados obtidos através do programa de referência Line Constants do ATP/EMTP, verificando-se que os resultados eram muito próximos para ambos os programas. De seguida, foi levado a cabo um estudo acerca de como a variação da frequência e da condutividade dos materiais que costituem os condutores da linha, afectam a impedância série e a capacidade transversal da linha aérea. Um exemplo ilustrativo de uma linha aérea é usado por forma a observar estas variações, e para a impedância série concluiu-se que ambos os métodos, Carson e CDER apresentam resultados muito próximos, e que a resistência série é o parâmetro que mais é influenciado, tanto pela frequência como pela condutividade. A indutância série não sofre alterações significativas. Os resultados mostraram que o método CDER é muito preciso quando comparado com o método de Carson e sendo mais fácil de implementar poderá substituir o método de Carson. 2 Abstract This paper describes the most common methods used for the calculation of overhead line parameters: Carson’s and Complex Depth of Earth Return (CDER) methods for the series impedance and Maxwell’s potential coefficients for the parallel capacitance. A program developed in Matlab language was created using the three methods stated above and comparisons were made between the results obtained using this program and those obtained using Line Constants program from ATP/EMTP and indicated very similar results for both programs. This is followed by a study on how the variation of frequency and material conductivity of the line conductors affects the series impedance and the parallel capacitance of the overhead line. An illustrative example of a line is used to observe these variations. For the series impedance it is concluded that results for both methods, Carson’s and CDER are very similar and that the series resistance is the parameter that is most influenced by the frequency and by the conductivity. The series inductance does not vary significantly. Results showed that the CDER method is accurate when comparing to Carson’s method and, being easier to use, it can replace Carson’s method. 3 Palavras- chave Parâmetros de Linhas Aéreas de Transmissão Impedância Série da Linha Aérea Capacidade Transversal da Linha Aérea Modelo de Carson Modelo CDER Line Constants do ATP/EMTP 4 Key Words Overhead Power Line Parameters Series Impedance Parallel Capacitance Carson’s Method CDER Method Line Constants of ATP/EMTP 5 Índice 1 Introdução ......................................................................................................................... 10 1.1 Motivação .................................................................................................................... 11 1.2 Objectivo ...................................................................................................................... 12 1.3 Organização do Texto .................................................................................................. 13 1.4 Notação ........................................................................................................................ 14 2 Modelos de Cálculo de Parâmetros de Linhas Aéreas ................................................... 16 2.1 Parâmetros das Linhas Aéreas ...................................................................................... 17 2.1.1 - Impedância Série da Linha ............................................................................... 17 2.1.1.1 - Modelo de Carson ................................................................................. 18 2.1.1.2 – Modelo CDER ...................................................................................... 25 2.1.2 - Capacidade Transversal da Linha .................................................................... 26 2.2 Redução das Matrizes Z e P retirando os Cabos de Guarda ......................................... 28 2.3 Redução das Matrizes Z e P retirando o Bundling ....................................................... 31 2.4 Transposição de Condutores em Linhas de Transmissão ............................................ 35 2.4.1 – Método Geral de Transposições ..................................................................... 35 2.5 Cálculo dos Parâmetros da Linha Aérea em componentes simétricas ........................ 38 3 Implementação Prática dos Modelos .............................................................................. 40 3.1 Definição do caso a estudar ......................................................................................... 41 3.2 Cálculo das Capacidades Transversais dos Condutores da linha ................................. 42 3.3 Aplicação do Modelo de Carson ................................................................................... 43 3.3.1 – Cálculo das impedâncias próprias dos condutores ............................................ 43 3.3.2 – Cálculo das impedâncias mútuas dos condutores ............................................. 44 3.3.3 – Matriz de Impedâncias série da linha ................................................................ 46 6 3.4 Aplicação do Modelo CDER ....................................................................................... 47 3.4.1 – Cálculo das impedâncias próprias dos condutores ........................................... 47 3.4.2 – Cálculo das impedâncias mútuas dos condutores ............................................ 47 3.4.3 – Matriz de Impedâncias série ............................................................................ 47 3.5 Implementação dos Métodos de Redução das matrizes ao caso em estudo ................. 49 3.5.1 – Redução dos cabos de guarda .......................................................................... 49 3.5.2 – Redução do Bundling das fases ....................................................................... 53 3.5.3 – Transposição dos condutores da linha aérea .................................................... 54 3.5.4 – Transformação das matrizes em componentes simétricas ............................... 56 4 Resultados ........................................................................................................................... 59 4.1 – Comparação de resultados entre os dois métodos e o ATP/EMTP ............................ 60 4.2 - Análise da influência da variação dos parâmetros de entrada nos resultados finais ... 66 4.2.1 – Análise dos resultados finais com variação da frequência ............................... 67 4.2.2 – Análise dos resultados finais com a variação da condutividade dos condutores da linha .......................................................................................... 70 4.3 – Análise de Resultados .................................................................................................. 71 5 Conclusões .......................................................................................................................... 73 7 Lista de Figuras 2.1.1 Modelo do Condutor Tubular ..................................................................................... 19 2.1.2 Figura ilustrativa da localização dos condutores i e j e das suas imagens i’ e j’ ........ 22 2.3 Figura que indica como será feita a transformação e redução do sistema ....................... 31 2.4.1 Esquema de transposição completa de uma linha de transmissão ............................. 36 4.2.1.1 Variação da Resistência Directa com a frequência .................................................... 68 4.2.1.2 Variação da Indutância Directa com a frequência ..................................................... 68 4.2.1.3 Variação da Capacidade Directa com a frequência ................................................... 69 8 Lista de Quadros 3.1.1 Características da Linha Aérea de Rio Maior............................................................... 41 3.1.2 Características calculadas da Linha Aérea de Rio Maior............................................. 42 4.1.1 Características dos condutores que constituem a linha 1 ............................................. 61 4.1.2 Informação complementar sobre as características dos condutores que constituem a linha1 ......................................................................................................................... 62 4.1.3 Resultados obtidos para a Impedância Série da linha 1 ............................................... 62 4.1.4 Resultados obtidos para a Capacidade Transversal da linha 1 ..................................... 63 4.1.5 Características dos condutores que constituem a linha 2 ............................................. 64 4.1.6 Informação complementar sobre as características dos condutores que constituem a linha 2 ........................................................................................................................ 64 4.1.7 Resultados obtidos para a Impedância Série da linha 2 ............................................... 64 4.1.8 Resultados obtidos para a Capacidade Transversal da linha 2 ..................................... 64 4.1.9 Características dos condutores que constituem a linha 3 ............................................. 65 4.1.10 Informação complementar sobre as características dos condutores que constituem a linha 3 ...................................................................................................................... 65 4.1.11 Resultados obtidos para a Impedância Série da linha 2 ............................................. 66 4.1.12 Resultados obtidos para a Capacidade Transversal da linha 3 ................................... 66 4.2.2.1 Resultados finais para os parâmetros em função da condutividade dos condutores . 71 9 Capítulo 1 Introdução Este capítulo enquadra o problema do cálculo de Parâmetros de linhas Aéreas para redes de distribuição eléctrica. São mencionados alguns aspectos que demonstram a importância do problema em causa. É também apresentado o objectivo desta Dissertação e referido o seu aspecto inovador. É explicada a organização do texto e os diversos símbolos utilizados por forma a melhor se compreender o mesmo. 10 1.1 Motivação A energia eléctrica é sem dúvida alguma um bem essencial e indispensável para todos hoje em dia. Quase todas as actividades levadas a cabo, seja no mundo industrial, seja nos próprios lares dependem deste bem essencial. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, mudança nos hábitos de vida das populações, informatização generalizada, etc, a energia eléctrica tornou-se quase num bem de primeira necessidade, e como tal há que desenvolver e manter todas as estruturas que permitam a criação da Energia Eléctrica, sua propagação e consumo. A transmissão de Energia Eléctrica pode realizar-se quer seja através de corrente alternada ou através de corrente contínua e pode ainda ser feita usando cabos subterrâneos ou linhas aéreas. Dependendo do nível de tensão à qual se realiza a transmissão de energia eléctrica podemos ter três tipos de linhas aéreas: Linhas de Alta Tensão ou Transporte, Linhas de Média Tensão, e Linhas de Baixa tensão ou Distribuição. As linhas aéreas de transmissão e distribuição de energia têm um papel fundamental nos Sistemas de Energia Eléctrica (SEE), pois elas constituem as artérias através das quais flui a Energia Eléctrica desde os centros de geração até aos centros de consumo. Como tal é necessário desenvolver e projectar linhas aéreas que melhor se adaptem aos novos problemas dos sistemas de distribuição: avaliação em regime normal, perturbado e harmónicas. É neste contexto que surge a necessidade de uma correcta caracterização das linhas aéreas sob o ponto de vista das grandezas eléctricas tais como resistências, reactâncias e capacidades. Alguns modelos matemáticos foram desenvolvidos por forma a permitir o cálculo destas grandezas eléctricas. Carson publicou o seu modelo em 1926 e desde então este é considerado o modelo mais fiável e preciso no cálculo de impedâncias série de linhas aéreas. Contudo uns anos mais tarde foi publicado um outro modelo por C. Gary, modelo que havia sido desenvolvido por C. Dubanton, que é tão fiável e preciso nos cálculos de impedâncias série quanto o de Carson, sendo este segundo modelo mais simples de implementar. A outra grandeza eléctrica por determinar é a capacidade transversal da linha aérea, e este parâmetro é calculado através dos coeficientes de potencial de Maxwell. Assim, desenvolveu-se neste trabalho um programa em Linguagem Matlab, que permite efectuar os cálculos de parâmetros de linhas aéreas trifásicas através dos dois modelos já referenciados para as impedâncias série e dos coeficientes de potencial de Maxwell para as 11 capacidades transversais da linha aérea, para qualquer geometria e tipo de material dos condutores da linha. Este programa permite assim o cálculo das seguintes grandezas eléctricas das linhas aéreas: resistência série, indutância série e capacidade transversal. Outro programa já consagrado que permite o cálculo de todos estes parâmetros das linhas aéreas é o ATP/EMTP, através da rotina Line Constants. Este programa não é de uso fácil, pois funciona com um sistema de cartões em que o mínimo erro na edição do ficheiro de entrada leva a que não seja criado o ficheiro de saída com os resultados que se desejavam. É usado o método de Carson aqui neste programa para o cálculo das impedâncias série e os coeficientes de potencial de Maxwell para o cálculo das capacidades transversais. Para além do facto do programa desenvolvido em Matlab ser de fácil utilização por qualquer utilizador, até o menos experiente, este permite também calcular os parâmetros através de dois métodos diferentes e assim poderem-se comparar resultados entre estes dois métodos. Neste trabalho é feita inicialmente uma abordagem aos métodos usados, método de Carson e método CDER desenvolvido por Dubanton e publicado por C. Gary, para o cálculo das impedâncias série da linha e também ao método que permite o cálculo das capacidades transversais da linha. Depois, faz-se o cálculo dos parâmetros para diferentes linhas aéreas trifásicas, com diferentes geometrias e para frequências diferentes e comparam-se os resultados obtidos com aqueles que se obtêm com o programa de referência Line Constants. É importante também verificar a influência que a variação de certas variáveis de entrada têm nos parâmetros finais a serem calculados. As variáveis que aqui se fazem variar são a frequência e a condutividade dos condutores das linhas aéreas e isso é feito na parte final do trabalho. 1.2 Objectivo O objectivo do trabalho é obter os parâmetros de linhas aéreas trifásicas, para qualquer geometria, tipo de material e outros aspectos construtivos, e comparar os resultados obtidos com aqueles que se obtêm recorrendo a programas consagrados para a determinação de parâmetros de linhas aéreas de transmissão, como por exemplo o Line Constants do ATP/EMTP. 12 No entanto, pretendeu-se aqui fazer um estudo ainda mais aprofundado destes parâmetros e assim fez-se o cálculo dos mesmos variando a frequência e outros parâmetros de entrada, observando-se a influência destas variações nos parâmetros a calcular. Fez-se também uma comparação entre os dois métodos que se usaram para o cálculo destes parâmetros, Método de Carson e Método CDER. Os resultados obtidos no cálculo dos parâmetros através deste programa desenvolvido em Matlab foram sempre comparados com os resultados obtidos através do programa Line Constants que é um programa de referência no cálculo destes parâmetros. Este estudo realizado contempla, como foi dito anteriormente, uma análise do comportamento da Linha Aérea para várias frequências, permitindo assim uma análise harmónica da Linha. 1.3 Organização do Texto Este texto foi dividido em cinco capítulos para uma melhor compreensão do mesmo, nos quais aparecem explicados os diversos aspectos do trabalho realizado. No Capítulo 2 apresenta-se toda a teoria por detrás dos modelos de cálculo dos parâmetros das linhas aéreas. Inicialmente o primeiro parâmetro a ser referido é a impedância série da linha. Faz-se uma introdução às duas grandezas que constituem a impedância série da linha, a resistência série e a indutância série, e de seguida apresentam-se os modelos matemáticos de Carson e CDER que permitem calcular esses mesmos parâmetros. Depois é apresentado o terceiro parâmetro a ser calculado, a capacidade transversal da linha, e refere-se de seguida o modelo matemático que permite o cálculo deste parâmetro. De seguida é explicado o método de redução das linhas aéreas caso estas apresentem cabos de guarda e/ou feixes (bundling). E finalmente, mostra-se de que forma se faz a transposição dos condutores que constituem as linhas aéreas e de que forma se podem obter em componentes simétricas, os parâmetros que se desejam calcular. No capítulo 3 faz-se a implementação prática dos modelos estudados no capítulo anterior. Através de um exemplo de uma linha aérea existente em Rio Maior, aplica-se toda a teoria dos modelos de Carson, CDER e dos coeficientes de potencial de Maxwell a essa mesma linha, com o intuito de obter as grandezas eléctricas da linha, resistência, indutância e capacidade. Esta linha é uma linha aérea trifásica, com dois condutores por fase (feixe), e com 13 dois cabos de guarda, e assim aplica-se todo o método de redução de matrizes explicado no capítulo anterior. Após ter-se reduzido a linha a apenas três condutores (fases), faz-se a transposição dos condutores que constituem a linha e finalmente calculam-se para essa linha os parâmetros em componentes simétricas. O Capítulo 4 é o capítulo em que se apresentam os resultados para vários casos de linhas aéreas trifásicas. Definem-se diferentes tipos de linhas aéreas, com diferentes geometrias e outros aspectos construtivos e calculam-se os parâmetros, R, L e C para essas linhas comparando os resultados obtidos através do método de Carson com os que se obtêm através do método CDER e ainda com aqueles que se podem obter através do programa Line Constants do ATP/EMTP. É feita ainda neste capítulo uma análise da influência que a variação da frequência e da condutividade dos condutores têm nos parâmetros a calcular. No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho referindo que todos os objectivos propostos inicialmente foram alcançados e sublinhando a vantagem que esta nova ferramenta em Matlab apresenta relativamente ao programa de referência Line Constants. 1.4 Notação Ao longo deste texto são utilizados vários símbolos com a intenção de facilitar a sua leitura e compreensão. Esses símbolos são representados sob a forma de uma notação para que o leitor possa mais facilmente saber o que representa cada um dos símbolos quando ao longo do texto for confrontado com eles. As referências bibliográficas são apresentadas em parênteses rectos [ ]. As expressões e equações são numeradas por capítulos e a sua numeração aparece entre parênteses curvos ( ). As figuras e as tabelas também são numeradas por capítulos. Os símbolos representativos de matrizes e a numeração das figuras e dos quadros são escritos a negrito. Escalares, Vectores e Matrizes: R: resistência série da linha 14 L: indutância série da linha C: capacidade transversal da linha Z: impedância série da linha X: reactância série da linha P: coeficiente de potencial de Maxwell 15 Capítulo 2 Modelos de Cálculo de Parâmetros de Linhas Aéreas Neste capítulo é feita a apresentação das grandezas eléctricas (parâmetros) das linhas aéreas que se pretendem calcular e dos três modelos para o cálculo dos mesmos parâmetros. É também apresentado o método que permite obter estes parâmetros em componentes simétricas. Na maior parte dos livros e textos sobre sistemas de energia eléctrica os parâmetros da linha de transmissão são calculados tendo como base o assumir de que se está a trabalhar no modo de Corrente Contínua ou para frequências baixas. Neste trabalho pretendeu-se efectuar os cálculos tanto para baixas frequências como para frequências mais elevadas, sendo que para frequências elevadas há que ter em conta certos efeitos, como o efeito pelicular, que neste estudo foi tido em conta. Tomaremos como exemplo ao longo deste texto o caso de uma linha trifásica com bundling (feixe) de dois condutores por fase e com dois cabos de guarda. 16 2.1 Parâmetros Das Linhas Aéreas 2.1.1 Impedância Série da Linha A impedância série da linha é constituída por uma resistência e uma reactância, [1] (2.1.1) Z = R + jX Resistência da Linha [6]: A resistência nos condutores de uma linha é a causa das perdas por transmissão. Estas perdas devem ser mínimas e para isso há que dimensionar bem a linha, tendo em consideração o número de condutores por fase, o tipo de material, a influência do meio ambiente, entre outros aspectos. O efeito Pelicular também influencía a resistência da linha. Efeito pelicular: O efeito pelicular é o fenómeno responsável pelo aumento da resistência aparente de um condutor eléctrico em função do aumento da frequência da corrente eléctrica que o percorre. Em corrente contínua a corrente eléctrica distribui-se de forma uniforme ao longo de toda a secção recta do condutor eléctrico, já em corrente alternada tal não se verifica. Na realidade à medida que aumenta a frequência da corrente que percorre o condutor, o campo magnético junto ao centro do condutor também aumenta conduzindo ao aumento da reactância local. Este aumento da rectância leva a que a corrente tenda a deslocar-se para a periferia do condutor, o que implica uma diminuição da área efectiva do condutor e logo um aumento da sua resistência aparente. A resistência de um condutor percorrido por uma corrente alternada aumenta à medida que aumenta o valor da frequência da corrente que percorre esse condutor. Reactância da Linha [6]: A Reactância da Linha é a fracção dominante na impedância série da Linha e está directamente relacionada com a capacidade da linha para transmitir energia, já que a resistência apenas representa as perdas na linha. A impedância Série da Linha de transmissão pode ser separada em duas componentes: Impedância Própria e Impedância Mútua da Linha [1]. 17 A linha é normalmente constituída por mais de um condutor, sendo que assim, calcula-se a impedância própria de cada condutor e a impedância mútua entre os vários condutores que constituem a linha. A impedância própria Z ii de cada condutor da linha é a relação entre a tensão por unidade de comprimento e a corrente que circula nesse condutor. A impedância mútua Z ij entre os condutores i e j é a relação entre a tensão induzida no condutor i por unidade de comprimento e a corrente que circula no condutor j. Devido á simetria do circuito o Zij é igual ao Z ji . Ambas, a Impedância Própria e a Impedância Mútua, são influenciadas pela corrente de retorno pela terra. A Impedância série da linha é então caracterizada por uma matriz Z , n × n em que n é o número de condutores do sistema, e em que os termos da diagonal principal são os Z ii e os restantes termos são os Z ij . A terra é simulada através de um condutor fictício de longitude infinita, e com resistividade ( ρ ) uniforme. Influenciada pelos efeitos de proximidade e pelicular, a distribuição da corrente de retorno pela terra é difícil de determinar. Contudo, várias personalidades na área da Engenharia Eléctrica estudaram este problema e conseguiram chegar a alguns métodos que produziram soluções muito precisas e fiáveis para este problema. Exemplos desses métodos são os que se irão apresentar de seguida, modelo de Carson e modelo CDER. 2.1.1.1 Modelo de Carson O modelo de Carson [4] apesar de ter sido publicado em 1926 é ainda hoje o método standard para o cálculo da impedância série dependente da frequência de linhas aéreas considerando o retorno pela terra. Carson supõe que a terra é uma superfície uniforme, plana, sólida e infinita com uma resistividade constante. O método de Carson expressa a impedância série através de um integral impróprio, que tem de ser expandido numa série infinita para ser calculado computacionalmente. Assim, se não for correctamente aplicado poderá causar erros consideráveis a frequências elevadas [1]. Impedância Própria do condutor i: 18 A impedância própria inclui três componentes: a Reactância própria do condutor, X ii assumindo que a linha e a terra são ambas condutores perfeitos, a Impedância interna da linha Z c (Correcção devida ao efeito pelicular nos condutores) e a Impedância da terra Z g (Correcção devida ao efeito pelicular na terra) [1]. A Impedância própria do condutor i é então dada por: Z ii = X ii + Z c + Z g . (2.1.2) A reactância própria do condutor é dada por: X ii = jω Lii . (2.1.3) sendo que a indutância própria Lii é calculada através da seguinte expressão: Lii = µ0 2π ln 2 hi (2.1.4) . ri na qual µ0 é a constante de permeabilidade magnética no vácuo e é igual a µ0 = 4π × 10 −7 (2.1.5) [H/m] . Por definição, ri é o raio externo do condutor e hi é a altura média do condutor relativamente à terra. Os condutores usados normalmente, são na sua generalidade condutores tubulares, Fig. 2.1.1, apresentando dois tipos de materiais na sua constituição. Assim sendo, definem-se dois raios para estes condutores, um raio interno q que delimita um determinado material, normalmente o aço que tem como função suportar o peso do cabo e um raio externo r que delimita o outro material, este sim com as propriedades de condução desejadas, normalmente alumínio ou cobre. Fig. 2.1.1 – Modelo do Condutor Tubular 19 A correcção devido ao efeito pelicular no condutor Z c , é calculada usando essa noção de que os condutores são tubulares e é dada por: ( ber mr + jbei mr ) + φ ( ker mr + jkei mr ) j 2 Z c = Rdc mr(1 - S )× ' ' ' ' 2 ber mr + jbei mr + φ ker mr + jkei mr ( ) ( ) (2.1.6) em que Rdc é a resistência DC do condutor e é calculada pela seguinte expressão: ( ) 2 2 Rdc = 1 πσ r − q (2.1.7) σ é a condutividade do material condutor que constitui a linha, condutividade do alumínio ou do cobre em geral. A condutividade varia com a temperatura, o que por sua vez afecta o Z c e consequentemente o Z ii , mas isto será mais aprofundado no capítulo 4. A variável S é a relação entre raio interno e raio externo do condutor e é dada por: S= q (2.1.8) r e m é uma variável que relaciona a frequência angular ω com a condutividade σ e com a permeabilidade do condutor µ : m = ωµσ . (2.1.9) A variável ϕ na equação (6) é dada por : φ= - ber'mq + jbei'mq (2.1.10) ker'mq + jkei'mq e ber, bei, ker, kei são funções de Kelvin que pertencem á família das funções de Bessel e ber’, bei’, ker’ e kei’ são as suas derivadas respectivamente. As funções de Kelvin são definidas da seguinte forma [3]: ( ) ker x + jkei x = K0 ( x j ) ber x + jbei x = I0 x j (2.1.11) onde I 0 e K 0 são as funções de Bessel modificadas de ordem zero de primeiro e segundo tipo, respectivamente. 20 O Matlab apresenta uma subrotina que permite calcular automaticamente estas funções de Kelvin. As derivadas destas funções são dadas por: ber' x + jbei' x = ker' x + jkei' x = - ( ) jK1 ( x j ) j I1 x j (2.1.12) I1 e K1 são as funções de Bessel modificadas de primeira ordem de primeiro e segundo tipo respectivamente. Quando q for zero, a linha já não é tubular, mas sim sólida e nesse caso ϕ é zero. A Correcção devido ao efeito pelicular na terra é expressa por: Z g = Rg + jX g (2.1.13) Mais á frente será explicado como é calculado o Z g . Impedância Mútua entre os condutores i e j: A impedância mútua entre os dois condutores i e j , ambos paralelos á terra com as suas respectivas alturas médias relativamente á terra hi e h j , apresenta duas componentes: a Reactância Mútua entre os condutores i e j, X ij , e a Impedância do caminho de retorno pela terra Z gm que é comum ás correntes nos condutores i e j. A Impedância Mútua Z ij é então dada por: Z ij = X ij + Z gm (2.1.14) A reactância Mútua entre os condutores i e j é dada por: X ij = jω Lij (2.1.15) sendo que a Indutância Mútua Lij é dada por: D 'ij µ Lij = 0 ln 2π Dij (2.1.16) 21 em que Dij é a distância entre os condutores i e j e D 'ij é a distância entre o condutor i e a imagem do condutor j, Fig.2.1.2 [1]. Fig.2.1.2 – Figura ilustrativa da localização dos condutores i e j e das suas imagens i’ e j’. [1] A impedância do caminho de retorno pela terra é dada por: Z gm = Rgm + jX gm . (2.1.17) Os termos de correcção de Carson para as impedâncias próprias e mútuas, devido ás impedâncias de retorno pela terra Z g e Z gm são dados por [3]: -7 π 2 3 4 - b1k + b2 C2 - lnk k + b3 k - d 4 k - ... , 8 (2.1.18) -7 1 2 3 4 (0.6159315 - lnk ) + b1k - d 2 k + b3 k - b4 C4 - lnk k + ... , 2 (2.1.19) Rg = 4w× 10 X g = 4w× 10 ( ) ( ) π 2 2 3 -7 - b1k m cosθ + b2 C2 - ln k m k m cos2θ + θk m sin2θ + b3 km cos3θ , Rgm = 4w× 10 8 -d k 4 cos4θ - ... 4 m ( ) 22 (2.1.20) X gm = 4w × 10 -7 1 2 3 2 (0.6159315 - lnk m ) + b1 k m cosθ - d 2 k m cos2θ + b3 k m cos3θ , -b ( C - lnk m ) k m 4 cos4θ + θk m 4 sin4θ + ... 4 4 (2.1.21) onde 2 b1 = , 6 (2.1.22) 1 b2 = , 16 (2.1.23) sign bi = bi-2 , i (i + 2) (2.1.24) 1 1 , Ci = Ci-2 + + i i+2 (2.1.25) C2 = 1.3659315 , (2.1.26) π (2.1.27) di = 4 bi . Na equação (2.1.24) o termo sign do coeficiente bi muda a cada quatro termos, ou seja, sign = +1 para i = 1,2,3,4 e depois sign = -1 para i = 5,6,7,8 e assim por diante. As variáveis k e km das equações (2.1.18) a (2.1.21) são variáveis relacionadas com a frequência e são dadas por [3]: k = 4π 5 × 10 -4 k m = 4π 5 × 10 ( 2hi ) f -4 f ρ D'ij , ρ (2.1.28) (2.1.29) onde f é a frequência e ρ é a resistividade da terra. O ângulo θ é o indicado na Fig.2, é o ângulo entre i-i’ e i-j’ e é dado por: θ = sin -1 ( xij D'ij ) (2.1.30) vindo expresso em radianos. 23 Vai-se agora fazer uma explicação de como o código do programa relativo ao Cálculo da Impedância Série através do Método de Carson está estruturado: Passo 1: Definição das Constantes a serem usadas no programa. Passo 2: Especificação das Variáveis de Entrada. - Frequência; Número de condutores do Sistema; Raios Internos e Externos dos Condutores; Relação T/D; Cálculo da Resistência DC dos Condutores; Cálculo da Variável S que relaciona os Raios Interno e Externo dos Condutores; Geometria do Sistema; Cálculo da Frequência ângular; Cálculo da Variável m. Passo 3: Cálculo dos Valores que permitem calcular o Z g e o Z gm que representam as impedâncias de retorno pela terra. - Cálculo do b, C e d, variáveis usadas no cálculo de Rg , X g , Rgm e X gm . Passo 4: Ciclo for no qual se calculam a impedância própria e mútua dos condutores que constituem a linha, Z ii e Z ij respectivamente. - Para a impedância própria - Calcula-se o k, as Funções de Bessel a serem usadas, o φ , o Lii , o X ii , o Z c , o Z g e o Z ii finalmente. - Para a impedância Mútua – Calcula-se o km , o xij que é a distância horizontal entre os condutores i e j, o Dij , o D 'ij , o Lij , o X ij , o θ , o Z gm e finalmente o Zij . Passo 5: Redução da Matriz de Impedâncias Série Total numa Matriz que tenha apenas as fases representadas e seus respectivos feixes, mas incluindo a contribuição dos Cabos de Guarda. (Será explicado este processo de redução mais detalhadamente no Capítulo 2 Secção 2.2) Passo 6: Redução da Matriz Série que se obteve anteriormente numa Matriz 3 × 3 mas com a inclusão da contribuição do Bundling nessa matriz. (Será explicado este processo de redução mais detalhadamente no Capítulo 2 Secção 2.3) 24 Passo 7: Transposição dos Condutores da Linha Aérea. Passo 8: Cálculo da Matriz de Impedâncias Série Final em Componentes Simétricas. FIM A série infinita de Carson para o cálculo de Z g e Z gm converge muito rapidamente para as baixas frequências, não acontecendo o mesmo para as altas frequências [1]. 2.1.1.2 Modelo de retorno pela Terra a uma Profundidade Complexa(CDER) Em 1976, 50 anos após a publicação do método de Carson, C.Gary [5] um investigador francês propôs uma alternativa ao método de Carson na qual a terra poderia ser substituída por um conjunto de imagens localizadas directamente abaixo das linhas aéreas a uma profundidade complexa. Isto é, a distância entre as imagens e os condutores da linha aérea seriam números complexos. Este modelo apresentou resultados bastante bons para toda a gama de frequências e é mais simples de implementar [1]. O modelo CDER assume que a corrente que passa no condutor i retorna pela terra através de um condutor localizado directamente abaixo do condutor i a uma profundidade ( hi + 2 p ) abaixo da terra, como é mostrado na Fig.2.1.2. Nesta figura, i’’ refere-se ao condutor imaginário de retorno pela terra correspondente ao condutor i e p á profundidade da terra imaginária. Por outras palavras, pode-se dizer que a terra original foi substituída por uma terra imaginária abaixo da original a uma profundidade p e que cada condutor tem um caminho de retorno pela terra através de um condutor imaginário colocado a uma distância de 2 ( hi + p ) . Há ainda que ter em conta que esta distância 2 ( hi + p ) é um número complexo, visto a profundidade p ser dada por: p= ρ . (2.1.31) jωµ0 Assim, tem-se que as Impedâncias Própria e Mútua são calculadas da seguinte forma, segundo este método [3], 25 Impedância Própria: ( ) 2 hi + p µ + Zc Z ii = jω 0 ln 2π ri (2.1.32) Impedância Mútua: ( hi + h j + 2p ) + xij 2 = jω µ0 ln Dij'' 2 2π Dij ( hi - h j ) + xij 2 2 µ Z ij = jω 0 ln 2π (2.1.33) sendo que hi , h j , xij , p, Dij e Dij '' aparecem indicados na Fig.2.1.2. Quanto ao código do programa relativo ao Cálculo da Impedância Série através do Método de retorno pela terra a uma profundidade complexa CDER, todos os passos apresentados para o método de Carson são iguais, á excepção do Passo 4, em que se utilizam as expressões (2.1.32) e (2.1.33) para o cálculo das Impedâncias Própria e Mútua dos condutores da linha, dentro do ciclo for, ao contrário do que acontecia segundo o Método de Carson, em que as expressões eram diferentes. 2.1.2 Capacidade Transversal da Linha A Capacidade transversal é o terceiro e último parâmetro a ser calculado aqui neste trabalho [2]. A Capacidade que se tem aqui em consideração é a Capacidade entre os condutores que constituem a linha e a terra. A linha ideal é constituída por condutores e dieléctrico perfeitos. Considera-se a linha de transmissão ideal com n condutores aéreos. Como o campo electromagnético não penetra condutores perfeitos, as suas fronteiras coincidem com as superfícies dos condutores aéreos e da terra. Assim, a geometria dos condutores, em conjunto com o parâmetro do dieléctrico ε, determinam completamente os coeficientes de capacidade da linha. A determinação destes coeficientes faz-se a partir do cálculo dos coeficientes de potencial de Maxwell P. C = P −1 . (2.1.34) 26 A matriz C representa a matriz de capacidades transversais por unidade de comprimento da linha e tem dimensão ( n × n ), em que n é o número de condutores que constituem a linha. Sendo as distâncias entre condutores grandes quando comparadas com o raio dos condutores aéreos, os termos da matriz P são calculados de acordo com as seguintes expressões: Pii = Pij = 1 ln 2πε0 1 2πε0 ln 2hi ri (2.1.35) Dij' (2.1.36) Dij em que Pii corresponde aos termos da diagonal principal e Pij aos termos fora da diagonal principal, e Dij e Dij ' são as distâncias que se podem observar na Fig.2.1.2. Assim, depois de calculada a matriz P, facilmente se obtém a matriz C, cujos elementos podem ser separados em duas componentes a que poderemos chamar a Capacidade Própria e a Capacidade Mútua. A Capacidade dita Própria Cii , corresponde aos elementos da diagonal principal de C e é dada pela soma das capacidades transversais por unidade de comprimento, desde o condutor i a todos os outros condutores assim como á terra. A Capacidade dita Mútua Cij , corresponde aos elementos fora da diagonal principal de C e é o valor negativo da capacidade transversal por unidade de comprimento, entre o condutor i e o condutor k. Novamente, devido á simetria do circuito Cij é igual a C ji . Visto a linha na realidade não ser ideal, como se supôs antes, e os condutores aéreos não estarem suspensos em postes, não se encontrando, portanto, colocados paralelamente ao plano de terra, é introduzido o conceito de altura média para o cálculo dos coeficientes de potencial. Faz-se de seguida uma abordagem á forma como o código do programa relativo ao Cálculo da Capacidade em Paralelo está estruturado: Passo 1: Definição das Constantes a serem usadas no programa. 27 Passo 2: Especificação das Variáveis de Entrada. - Frequência; Número de condutores do Sistema; Raios Internos e Externos dos Condutores; Relação T/D; Geometria do Sistema; Cálculo da Frequência ângular. Passo 3: Ciclo for no qual se calcula a Matriz dos Coeficientes de Potencial de Maxwell Total para os condutores que constituem a linha, calculam-se os Pii e os Pij . - Para os Pij – Calcula-se o Dij e o Dij ' . Passo 4: Inversão da Matriz dos Coeficientes de Potencial de Maxwell Total P e consequente cálculo da Matriz de Capacidades em Paralelo Total C. Passo 5: Redução da Matriz dos Coeficientes de Potencial de Maxwell Total numa Matriz que tenha apenas as fases representadas e seus respectivos feixes, mas incluindo a contribuição dos Cabos de Guarda. (Será explicado este processo de redução mais detalhadamente no Capítulo 2 Secção 2.2) Passo 6: Redução da Matriz que se obteve anteriormente numa Matriz 3 × 3 mas com a inclusão da contribuição do Bundling nessa matriz. (Será explicado este processo de redução mais detalhadamente no Capítulo 2 Secção 2.3) Passo 7: Transposição dos Condutores da Linha Aérea. Passo 8: Cálculo da Matriz de Capacidades transversais Final em Componentes Simétricas. FIM 2.2 Redução das Matrizes Z e P retirando os Cabos de Guarda. Considerando o exemplo de uma linha aérea trifásica com dois feixes por fase e com dois cabos de guarda, vai-se proceder à redução da Matriz de Impedâncias Série Total Z, numa Matriz que contemple apenas as fases, mas que inclua nessas fases a contribuição dos cabos de guarda que fazem parte da linha. 28 Os cabos de guarda são cabos colocados acima dos condutores das fases com o objectivo de proteger a linha contra descargas atmosféricas. Por uma questão de simplificação não se apresentam aqui os feixes, que constituem as fases, aparecendo apenas as três fases, em vez das seis que seriam expectáveis, devido ao Bundling. O mesmo processo foi usado para a redução da Matriz P, que depois no fim por inversão da mesma deu origem à matriz C só com as fases, mas que inclui a contribuição dos cabos de guarda nessas mesmas fases. Considerando o seguinte conjunto de equações [6]: dVa d x dV z '' b aa d x z '' dV ba d c = zca'' x dVv zva z d x wa dV w d x zbb'' zbc'' zbv zbw I b zcb'' zcc'' zcv zcw I c zvb zvc zvv zvw I v z wb z wc z wv z ww I w z ab'' z ac'' z av zaw I a (2.2.1) Assim pode-se dizer que: Va zaa'' z '' Vb ba Vc = zca'' Vv zva Vw z wa z aw I a zbb'' zbc'' zbv zbw I b zcb'' zcc'' zcv zcw I c zvb zvc zvv zvw I v z wb z wc z wv z ww I w zab'' z ac'' z av (2.2.2) em que a, b e c são as três fases da linha e v e w são os cabos de guarda, e as grandezas são agora fasores. 29 Pode-se então compactar cada bloco submatricial da seguinte forma: V abc z A z B I abc = V z z I C D vw vw (2.2.3) Os cabos de guarda estão directamente ligados á terra em ambas as pontas. Assim a tensão nos cabos de guarda é zero. Da equação (2.2.3), resulta então que: V abc = z A I abc + z B I vw (2.2.4) 0 = z C I abc + z D I vw (2.2.5) Resolvendo a equação (2.2.4) para I vw obtém-se: I vw = -z D -1 z C I abc (2.2.6) e substituindo (2.2.6) na expresão (2.2.4) resulta: V abc = z A I abc - z B z D -1 z C I abc (2.2.7) ) (2.2.8) e factorizando a I abc tem-se que: ( V abc = z A - z B z D -1 z C I abc . Esta equação pode ser escrita de forma simplificada: V abc = Z abc I abc (2.2.9) z aa z ab z ac z abc = z A - z B z D z C = z ba z bb z bc . z ca z cb z cc (2.2.10) em que -1 30 Assim pôde reduzir-se o conjunto de equações (2.2.2) passando de cinco equações para três. O efeito dos cabos de guarda é representado aqui pelo termo negativo da expressão (2.2.8) [6]. Este procedimento pode ser aplicado a qualquer linha com qualquer número de Cabos de Guarda, desde que a tensão seja zero para os Cabos de Guarda, como se espera naturalmente. 2.3 Redução das Matrizes Z e P retirando o Bundling Os feixes de condutores, condutores agrupados por fase (Bundling), permitem o transporte de grandes quantidades de energia, reduzindo o efeito coroa e as perdas por transmissão. Para o transporte de grandes quantidades de energia seria impossível a utilização de um só condutor por fase, pois aí esse condutor teria de ter uma secção enorme e o seu peso seria incomportável. Aqui vai-se exemplificar o processo de redução de uma linha trifásica [6] com dois condutores por fase, sem Cabos de Guarda, numa linha trifásica com um condutor por fase. a’ r a Transformação b’ s c’ t b c Fig.2.3 – Figura que indica como será feita a transformação e redução do sistema. Após obtida a Matriz de Impedâncias Série Total Z, sem cabos de guarda, o que se terá é o seguinte conjunto de equações: 31 dVa d x dVb d z''aa z''ab z''ac x dVc z''ba z''bb z''bc d x z''ca z'' cb z''cc dV = r z ra z rb z rc d x z sa z sb z sc dVs z ta z tb z tc d x dVt d x z ar z as z at I a z br z bs z bt I b z cr z cs z rr z rs z sr z ss z rt I r z st I s z tr z ts z tt z ct I c (2.3.1) It Assim tem-se que: Va z''aa z''ab z''ac V z'' b ba z''bb z''bc Vc z''ca z'' cb z''cc = Vr z ra z rb z rc Vs z sa z sb z sc V t z ta z tb z tc z ar z as z at I'a z br z bs z bt I'b z cr z cs z rr z rs z sr z ss z tr z ts z ct I'c z rt I r z st I s z tt I t (2.3.2) em que as grandezas são fasores. Se se considerar a seguinte relação de correntes [6]: I a = I a' + I r (2.3.3) em que a corrente I a é a corrente na fase a e é dada pela soma das correntes que passam no condutor a’ e no condutor r, condutores que formam a fase a. Da mesma forma tem-se que: I b = I b' + I s (2.3.4) I c = I c' + I t (2.3.5) E considerando as seguintes relações de tensões: 32 V r -V a = 0 (2.3.6) V s -Vb = 0 (2.3.7) V t -V c = 0 (2.3.8) Assim, o conjunto de equações (2.3.2) será modificado e poderá ser apresentado da seguinte forma compacta: V abc z A z B I abc 0 = z z I C D rst (2.3.9) z''aa z''ab z''ac z A = z''ba z''bb z''bc z'' ca z''cb z''cc (2.3.10) z ar - z''aa z as - z''ab z at - z''ac z B = z br - z''ba z bs - z''bb z bt - z''bc z cr - z'' ca z cs - z''cb z ct - z''cc (2.3.11) z ra - z''aa z rb - z''ab z rc - z''ac z C = z sa - z''ba z sb - z''bb z sc - z''bc z ta - z'' ca z tb - z''cb z tc - z''cc (2.3.12) D11 D12 D13 z D = D21 D22 D23 D31 D32 D33 (2.3.13) onde: em que cada elemento desta última sub-matriz é calculado segundo a seguinte expressão: D pq = z pq - z iq - z ph + z ih 33 (2.3.14) sendo i,h = a,b,c p,q = r, s,t . Após obtidas estas matrizes aplica-se novamente a expressão (2.2.10) e como resultado obtém-se a matriz de impedâncias série equivalente para o caso trifásico, já sem bundling, mas com a contribuição do bundling implícita nessa mesma matriz. O mesmo processo pode ser usado para reduzir a Matriz P e depois por inversão obter a Matriz C equivalente, também com a contribuição do Bundling, mas sem que os condutores do Bundling apareçam nessa mesma matriz. Tudo isto permitirá obter Matrizes 3 × 3 equivalentes que depois serão usadas para o cálculo das componentes simétricas do Z e do C, que é o que se pretende obter no final, mas isto será melhor explicado no capítulo 2 Secção 2.5. A nível computacional o que se tem é o seguinte: Nas matrizes Z e P, em primeiro lugar aparecem os condutores principais das fases, depois aparecem os condutores do Bundling e no final aparecem os cabos de guarda. Se se tiver em consideração o caso que aqui está em estudo com três fases, com dois condutores por fase e com dois cabos de guarda, o seguimento a nível de cálculo dos parâmetros é o seguinte: 1º - Cálculo das Matrizes Z e P conforme explicado anteriormente. 2º - Redução dos cabos de guarda e cálculo das Matrizes Z e P resultantes. 3º - Redução dos Condutores agrupados, Bundling, das fases e Cálculo das Matrizes Z e P equivalentes. 4º - Transposição dos Condutores da Linha Aérea. 5º - Cálculo das Matrizes Z e C em componentes simétricas. 34 2.4 Transposição de Condutores em Linhas de Transmissão. Até agora haviam-se calculado os parâmetros da linha de transmissão com base nas suas unidades correspondentes por unidade de comprimento. Mas neste capítulo irão obter-se os parâmetros tendo em conta o comprimento da linha, a fim de se observar o efeito das transposições sobre os mesmos [6]. Neste capítulo vai-se observar o efeito da transposição na Impedância Série, pois para a Capacidade em Paralelo actua-se da mesma forma. O esquema equivalente trifásico da Impedância Série que relaciona tensões e correntes é dado pelo seguinte conjunto de equações V a z aa z ab z ac I a V b = z ba z bb z bc I b V c z ca z cb z cc I c (2.4.1) Aqui, é clara a existência de acoplamentos mútuos, de modo que as correntes de qualquer condutor produzirão quedas de tensão nos condutores adjacentes. Estas quedas de tensão podem ser diferentes entre si, pois as impedâncias mútuas dependem da geometria da linha e das características físicas que constituem a linha. Uma forma de equilibrar as Impedâncias Mútuas consiste na realização de transposições dos condutores ao longo da linha. Uma transposição é uma rotação física dos condutores que constituem a linha e pode ser executada em intervalos regulares ou irregulares do comprimento total da linha. 2.4.1 Método Geral de Transposições [6] Este método permite obter parâmetros da linha com qualquer número de transposições e a qualquer distância que se deseje para cada transposição, como se pode ver na Fig.2.4.1, onde se apresenta a transposição completa da linha em duas rotações. 35 Secção 1 Secção 2 Secção 3 S1 S2 S3 S Fig.2.4.1 – Esquema de transposição completa de uma linha de transmissão [6] Matemáticamente as rotações são definidas pelas duas matrizes de rotação seguintes: 0 0 1 Rφ = 1 0 0 0 1 0 (2.4.2) 0 1 0 Rφ = 0 0 1 1 0 0 (2.4.3) e a sua inversa: -1 sendo que Rφ -1 t = Rφ . (2.4.4) Um ciclo completo de transposição é dado pelas transformações lineares definidas como: ( RφVabc = Rφ Z abc Rφ -1 ) Rφ I abc (2.4.5) que é a chamada “Transformação Rφ ”, ou então: ( ) -1 -1 -1 Rφ Vabc = Rφ Z abc Rφ Rϕ I abc 36 (2.4.6) esta por sua vez chamada “Transformação Rφ −1 ”. Se se desejar analizar o efeito da transposição sem ter em conta o comprimento S da linha, que foi o caso usado no programa Matlab aqui em causa, então define-se o seguinte para um ciclo completo: s fk = k ; k=1,2,3 S (2.4.7) ∑ fk = 1 (2.4.8) em que Partindo da Fig.2.4.1, o cálculo de parâmetros com transposições, para cada uma das secções é feito da seguinte forma: Primeira Secção: Z ( 1) ( = Z abc ) ( s1 ) (2.4.9) Segunda Secção: ( ) ( s2 ) (2.4.10) ) ( s3 ) . (2.4.11) (2) -1 = Rφ Z abc Rφ (3) = Rφ Z abc Rφ Z Terceira Secção: Z ( -1 Por último pode-se calcular a Impedância Série Total da linha de Transmissão: Z abc = Z (1) +Z (2) +Z (3) . (2.4.12) Tendo em conta as expressões anteriores, observa-se que com este método podem-se calcular transposições com o comprimento e número que se desejar. A transposição dos condutores da linha torna as impedâncias mútuas mais próximas e equilibradas. 37 2.5 Cálculo dos Parâmetros da Linha Aérea em componentes simétricas Após ter sido realizada a transposição dos condutores da linha aérea, vai-se nesta secção proceder ao cálculo das matrizes Z e C nas suas respectivas componentes simétricas. Para tal vai-se aplicar a transformada de Fortescue. Esta transformada tem como objectivo transformar um sistema trifásico desiquilibrado em três sistemas equilibrados. Tudo isto só pode ser aplicado a matrizes 3 × 3 , daí que só nesta fase final, em que já se reduziu a matriz Z ou a matriz P retirando os cabos de guarda e o bundling, é que se obtêm as componentes simétricas equivalentes da matriz de impedâncias série Z e da matriz de capacidades em paralelo C. Tem-se então na forma matricial o método das componentes siméticas, em que (a,b,c) representa um sistema trifásico desiquilibrado e (d,i,h) representa o sistema em componentes simétricas [7]: Usando aqui o exemplo da tensão, 1 1 V d V b = a2 a 1 Vi Vc 1 Va a2 1 V h a (2.5.1) em que F é a matriz de transformação de componentes simétricas e é dada por: 1 1 1 F = a2 a 1 a (2.5.2) a2 1 e 1 a F -1 = 1 1 a2 3 1 1 a2 a 1 (2.5.3) é a sua inversa, sendo a=(e j120º ) (2.5.4) 38 Podemos então dizer através de (2.5.1) que VP = FVS (2.5.5) O mesmo sucedendo para a corrente em que I P = FIS . (2.5.6) Através das seguintes equações consegue-se chegar ao resultado desejado, que é o de calcular as matrizes Z e C em componentes simétricas: VP = ZI P (2.5.7) FVS = ZFI S (2.5.8) ou seja, multiplicando ambos os termos da equação acima por F − 1 obtemos o seguinte: F -1FVS = F -1ZFI S (2.5.9) VS = F -1ZFIS (2.5.10) Z S = F -1ZF (2.5.11) VS = Z S I S . (2.5.12) então: e assim se conclui que logo tem-se a seguinte expressão Assim se chega ao cálculo das matrizes Z e C em componentes simétricas, usando a expressão (2.5.11). A componente directa e inversa são iguais em módulo e correspondem ao primeiro e segundo elemento respectivamente da diagonal principal da matriz Z que se obteve e a componente homopolar é função do caminho de retorno da corrente. 39 Capítulo 3 Implementação prática dos Modelos Neste capítulo vai ser estudada uma linha aérea existente na zona de Rio Maior, tendo em conta as suas características reais e serão calculados os parâmetros da mesma através dos três métodos apresentados no capítulo anterior. São aplicados também os métodos de redução das matrizes e transposição dos condutores da linha aérea em estudo e são calculadas as grandezas eléctricas que caracterizam a linha nas suas componentes simétricas. 40 3.1 Definição do caso a estudar O exemplo prático que aqui se apresenta é o já referido em capítulos anteriores, o caso de uma linha aérea trifásica com dois feixes por fase e dois cabos de guarda. As caracrterísticas desta linha são as apresentadas no seguinte quadro: Condutores Geometria 2 0,0318 3,409E+7 3 0,0318 4 X metros 0,231 Altura 3,409E+7 Mínima 0,0318 Altura 1 Máxima 1/Ohm.m Feixe m Relação T/D Condutivi dade Diâmetro Condutor m m m 1 21,63 11,8 0 0,231 2 21,63 11,8 12 3,409E+7 0,231 3 21,63 11,8 24 0,0318 3,409E+7 0,231 1 21,63 11,8 0,4 5 0,0318 3,409E+7 0,231 2 21,63 11,8 12,4 6 0,0318 3,409E+7 0,231 3 21,63 11,8 24,2 7 0,0146 1,66E+7 0,5 0 30,5 7,3 4,35 8 0,0146 1,66E+7 0,5 0 30,5 7,3 20,05 A partir dos dados da linha, que aparecem no Quadro 3.1.1, podemos calcular as restantes variáveis que permitirão depois o cálculo dos parâmetros, usando qualquer um dos modelos mencionados anteriormente. Sendo os condutores tubulares como havia sido referido no capítulo 1, apresentam um raio interno e um raio externo. O raio externo de todos os condutores é obtido a partir do diâmetro e o raio interno, por sua vez, é calculado segundo a seguinte expressão: (3.1.1) Rint= Rext 1- 2*T/D A relação T/D (espessura/diâmetro) dos condutores da linha permite calcular o raio interno dos condutores. Também se faz o cálculo da Resistência DC dos condutores e para isso usa-se a expressão (2.1.7) da secção 2.1. 41 Calculam-se depois o S, relação entre raio interno e externo, e a altura média de cada um dos condutores através das expressões (2.1.8) (secção 2.1) e: (3.1.2) Y = 2 3 ymin+1 3 ymax respectivamente. Assim tem-se o seguinte quadro para os condutores da linha aérea em estudo: Quadro 3.1.2 – Características calculadas da Linha Aérea de Rio Maior Condutores Geometria Altura Média Relação S Resistência DC Rinterno(Rint) Condutor m 1/Ohm.m 1 0,0086 5,20E-5 0,538 15,0767 2 0,0086 5,20E-5 0,538 15,0767 3 0,0086 5,20E-5 0,538 15,0767 4 0,0086 5,20E-5 0,538 15,0767 5 0,0086 5,20E-5 0,538 15,0767 6 0,0086 5,20E-5 0,538 15,0767 7 0 3,598E-4 0 15,0333 8 0 3,598E-4 0 15,0333 Já se encontram calculados todos os parâmetros de entrada necessários ao cálculo das capacidades transversais e impedâncias série dos condutores que constituem a linha aérea. 3.2 Cálculo das Capacidades Transversais dos Condutores da linha O procedimento a realizar para o cálculo das capacidades dos condutores da linha aérea em estudo, já foram explicados na secção 2.1, do capítulo 2. 42 Como tal, aplicando as expressões (2.1.35) e (2.1.36), calcula-se a matriz dos coeficientes de potencial de Maxwell, e neste caso em particular resulta na seguinte matriz: 1.3586 0.1791 0.0852 11 0.7781 P = 1 × 10 × 0.1740 0.0834 0.3501 0.1062 0.1791 0.0852 0.7781 0.1740 0.0834 0.3501 1.3586 0.1791 0.1844 0.7781 0.1740 0.2523 0.1791 1.3586 0.0871 0.1844 0.7781 0.1088 0.1844 0.0871 1.3586 0.1791 0.0852 0.3671 0.7781 0.1844 0.1791 1.3586 0.1791 0.2437 0.1740 0.7781 0.0852 0.1791 1.3586 0.1062 0.2523 0.1088 0.3671 0.2437 0.1062 1.4982 0.2437 0.3671 0.1088 0.2523 0.3501 0.1387 0.1062 0.3671 0.1088 0.2523 0.3501 0.1387 [ F / m ]- 1 1.4982 0.2437 (3.2.1) Para se obter depois a matriz C, usa-se a expressão (2.1.34) e obtém-se a matriz que se segue: -10 C =1×10 0.1116 -0.0028 0.1119 -0.0008 -0.0027 0.1124 -0.0603 -0.0030 -0.0008 0.1124 -0.0025 -0.0604 -0.0030 -0.0027 0.1119 -0.0008 -0.0025 -0.0603 -0.0008 -0.0028 0.1116 -0.0102 -0.0067 -0.0014 -0.0123 -0.0058 -0.0013 0.0746 -0.0013 -0.0058 -0.0123 -0.0014 -0.0067 -0.0102 -0.0026 0.0746 [ F / m ]- 1 Assim se obtém a matriz de capacidades transversais C, para a linha aérea que se está a estudar. Na secção 3.5, irá fazer-se a redução da matriz P aqui obtida, por forma a ter uma matriz ( 3 × 3 ) e assim depois transpôr essa matriz e finalmente após inversão desta, calcular a matriz C em componentes simétricas. 3.3 Aplicação do Modelo de Carson Este modelo encontra-se explicado detalhadamente na Secção 2.1 do Capítulo 2. 3.3.1 – Cálculo das impedâncias próprias dos condutores 43 (3.2.2) O objectivo agora é o de calcular a matriz de impedâncias série Z, e para isso começa-se primeiro pelo cálculo das impedâncias próprias Z ii dos condutores da linha. Estas impedâncias são calculadas através da expressão (2.1.2). Por forma a obter-se então as impedâncias próprias dos condutores da linha procede-se da seguinte maneira: Inicialmente faz-se o cálculo da variável m que é dada pela expressão (2.1.9). Como os cabos de guarda podem ser constituídos por materiais diferentes daqueles que constituem os condutores das fases,e assim terem condutividades diferentes, calcula-se o m para os condutores das fases e depois para os cabos de guarda. Neste exemplo: mc o n d u t o r = 1 1 5 . 9 8 (3.3.1.1) mg u a r d a s = 8 0 . 9 3 3 (3.3.1.2) e De seguida calcula-se então a reactância própria X ii dos condutores da linha, através das expressões (2.1.3) e (2.1.4). Agora, calcula-se a impedância interna da linha Z C , que é dada por (2.1.6), e para isso é necessário calcular as funções de Bessel, e isso faz-se através de (2.1.11) e (2.1.12). Calculase também a variável φ que aparece em (2.1.6) através de (2.1.10). Para finalizar o cálculo de Z ii , faltam apenas calcular a correcção devida ao efeito pelicular na terra Z g que é dada por (2.1.13). Assim, tendo já calculado o X ii , o Z C e o Z g , somando todos estes termos, obtém-se a impedância própria de cada um dos condutores da linha, Z ii . 3.3.2 – Cálculo das impedâncias mútuas dos condutores Tendo sido já calculadas as impedâncias próprias dos condutores, resta agora calcular as impedâncias mútuas, e isso faz-se através da expressão (2.1.14). Calculam-se as distâncias entre os condutores, Dij , D 'ij e xij , que aparecem na Fig.2.1.2, e também a variável km e o ângulo θ através das expressão (2.1.29) e (2.1.30) respectivamente. 44 Tendo tudo isto já calculado, vai-se de seguida obter o primeiro termo de (2.1.14), através de (2.1.15) e (2.1.16) e depois então, a impedância de retorno pela terra Z gm através da expressão (2.1.17). Finalmente, têm-se as impedâncias mútuas entre todos os condutores da linha. 45 3.3.3 – Matriz de Impedâncias série Após todos os cálculos efectuados nas sub-secções anteriores, mostra-se agora o resultado da matriz de impedâncias série Z em função do comprimento da linha para a linha em estudo: −3 Z= 1 × 1 0 0. 1001+0. 7007i 0. 0477+0. 2752i 0. 0476+0. 2317i 0. 0477+0. 4888i 0477+0. 2731i 0.0. 0476 2306i 0. 0477++0.0. 3389i 0. 0477+0. 2429i 0. 0477+0. 2752i 0. 0476+0. 2317i 0. 0477+0. 4888i 0. 0477+0. 2731i 0. 0476+0. 2306 i 0. 0477+0. 3389i 0. 1001+0. 7007i 0. 0477+0. 2752i 0. 0477+0. 2773i 0. 0477 +0. 4888i 0. 0477+0. 2731i 0. 0477+0. 3034i 0. 0477+0. 2752i 0. 1001+0. 7007i 0. 0476+0. 2327i 0. 0477+0. 2773i 0. 0477+0. 4888i 0. 0477+0. 2442i 0. 0477+0. 2773i 0. 0476+0. 2327i 0. 1001+0. 7007i 0. 0477+0. 2752i 0. 0476+0. 2317i 0. 0477+0. 3450i 0. 0477+0. 4888i 0. 0477+0. 2773i 0. 0477+0. 2752i 0. 1001+0. 7007i 0. 0477+0. 2752i 0. 0477+0. 3002i 0. 0477+0. 2731i 0. 0477+0. 4888i 0. 0476+0. 2317i 0. 0477+0. 2752i 0. 1001+0. 7007i 0. 0477+0. 2429i 0. 0477+0. 3034i 0. 0477+0. 2442i 0. 0477+0. 3450i 0. 0477+0. 3002i 0. 0477+0. 2429i 0. 4078 +0. 7559i 0. 0477+0. 3002i 0. 0477+0. 3450i 0. 0477+0. 2442i 0. 0477+0. 3034i 0. 0477+0. 3389i 0. 0477 +0. 2583i 46 0. 0477+0. 3002i 0. 0477+0. 3450i 0. 0477+0. 2442i (3.3.3.1) 0. 0477+0. 3034i 0. 0477+0. 3389i 0. 0477 +0. 2583i [Ω/m] 0. 4078+0. 7559i 0. 0477+0. 2429i 3.4 Aplicação do Modelo CDER Este modelo foi descrito detalhadamente na secção 2.1 do capítulo 2. 3.4.1 – Cálculo das impedâncias próprias dos condutores A impedância própria é dada pela equação (2.1.32). Nesta equação o termo Z C é calculado exactamente como foi explicado na secção 3.3.1. Convém apenas lembrar que p , que é dado pela expressão (2.1.31) corresponde á profundidade de penetração da terra. 3.4.2 – Cálculo das impedâncias mútuas dos condutores Para o cálculo das impedâncias mútuas, a expressão a usar é a (2.1.33). Aqui há a necessidade de calcular as distâncias Dij ' e Dij ' ' que aparecem na Fig.2.1.2. 3.4.3 – Matriz de Impedâncias série A matriz que resulta para o caso aqui em estudo, após todos os cálculos efectuados é a seguinte: 47 [Ω/m] 0. 1001 + 0. 7007i 0. 0477 + 0. 2752i 0. 0476 + 0. 2317i 0. 0477 + 0. 4888i 0. 0477 + 0. 2731i 0. 0476 + 0. 2306i 0. 0477 + 0. 3389i 0. 0477 + 0. 2429i 0. 0477 + 0. 2752i 0. 1001 + 0. 7007i 0. 0477 + 0. 2752i 0. 0477 + 0. 2773i 0. 0477 + 0. 4888i 0. 0477 + 0. 2731i 0. 0477 + 0. 3034i 0. 0477 + 0. 3002i 0. 0476 + 0. 2317i 0. 0477 + 0. 2752i 0. 1001 + 0. 7007i 0. 0476 + 0. 2327i 0. 0477 + 0. 2773i 0. 0477 + 0. 4888i 0. 0477 + 0. 2442i 0. 0477 + 0. 3450i - 30 . 0 4 7 7 + 0 . 4 8 8 8 i = 1 × 10 0. 0477 + 0. 2731i 0. 0477 + 0. 2773i 0. 0476 + 0. 2327i 0. 1001 + 0. 7007i 0. 0477 + 0. 2752i 0. 0476 + 0. 2317i 0. 0477 + 0. 3450i 0. 0477 + 0. 2442i 0. 0477 + 0. 4888i 0. 0477 + 0. 2773i 0. 0477 + 0. 2752i 0. 1001 + 0. 7007i 0. 0477 + 0. 2752i 0. 0477 + 0. 3002i 0. 0477 + 0. 3034i 0. 0476 + 0. 2306i 0. 0477 + 0. 2731i 0. 0477 + 0. 4888i 0. 0476 + 0. 2317i 0. 0477 + 0. 2752i 0. 1001 + 0. 7007i 0. 0477 + 0. 2429i 0. 0477 + 0. 3389i Z 0. 0477 + 0. 3389i 0. 0477 + 0. 3034i 0. 0477 + 0. 2442i 0. 0477 + 0. 3450i 0. 0477 + 0. 3002i 0. 0477 + 0. 2429i 0. 4078 + 0. 7559i 0. 0477 + 0. 2583i 0. 0477 + 0. 2429i 0. 0477 + 0. 3002i 0. 0477 + 0. 3450i 0. 0477 + 0. 2442i 0. 0477 + 0. 3034i 0. 0477 + 0. 3389i 0. 0477 + 0. 2583i 0. 4078 + 0. 7559i Na secção seguinte demonstra-se para este exemplo, o processo para a obtenção das matrizes de impedâncias série e de capacidades transversais em componentes simétricas, considerando que existe transposição dos condutores da linha. 48 (3.4.3.1) 3.5 Implementação dos Métodos de Redução das matrizes ao caso em estudo Este método de redução das matrizes, está explicado de forma detalhada no capítulo 2. 3.5.1 – Redução dos cabos de guarda Na secção 2.2 faz-se a redução das matrizes retirando os cabos de guarda. Vai-se agora aplicar este método às matrizes P e Z obtidas anteriormente nas secções 3.2, 3.3.3 e 3.4.3 respectivamente. Começando com a matriz P, equação (3.2.1) da secção 3.2, para o caso em estudo, pode-se dividir esta matriz em quatro sub matrizes segundo as linhas divisórias apresentadas em (3.2.1). Assim tem-se: P A P B PC P D P= (3.5.1.1) o que para este caso corresponde a ter: 1. 3586 0. 1791 0. 0852 11 PA = 1 × 10 0. 7781 0. 1740 0. 0834 0. 1791 0. 0852 0. 7781 0. 1740 1. 3586 0. 1791 0.1844 0. 7781 0. 1791 1. 3586 0. 0871 0. 1844 0. 1844 0. 0871 1. 3586 0. 1791 0. 7781 0. 1844 0. 1791 1.3586 0. 1740 0. 7781 0. 0852 0. 1791 49 0. 0834 0. 1740 0. 7781 0. 0852 [ F / m ]- 1 0. 1791 1. 3586 (3.5.1.2) PB = 1 × 1 01 1 0.3501 0.2523 0.1088 0.3671 0.2437 0.1062 0.1062 0.2437 0.3671 0.1088 -1 [F/m] 0.2523 0 . 3 5 0 1 3.5009 2.5225 1.0875 3.6713 2.4366 1.0622 1.0622 2.4366 3.6713 1.0875 2.5225 3.5009 P = 1 × 1010 C PD = 1.4982 0.1387 0.1387 1.4982 1 × 1 01 1 [ F / m ]- 1 (3.5.1.3) [ F / m ]- 1 (3.5.1.4) (3.5.1.5) Após a subdivisão da matriz (3.2.1) nas quatro matrizes anteriores, aplica-se a expressão (2.2.10) do capítulo 2 secção 2.2, mas neste caso para a matriz P e não para a matriz Z como aparece exemplificado nessa secção. P = P - P P -1P B D C A reduzido 50 (3.5.1.6) O resultado é o seguinte: P reduzido = 1 × 10 11 1.2731 0.1092 0.0421 0.6886 0.1057 0.0417 0.1092 1.2834 0.1078 0.1115 0.7030 0.1057 0.0421 0.1078 1.2649 0.0425 0.1115 0.6886 0.6886 0.1115 0.0425 1.2649 0.1078 0.4021 0.1057 0.7030 0.1115 0.1078 1.2834 0.1092 0.0417 0.1057 0.6886 0.0421 0.1092 1.2731 [ F / m ]- 1 Adopta-se o mesmo procedimento para as matrizes de impedâncias (3.3.3.1) e (3.4.3.1) obtidas segundo os métodos de Carson e CDER e como resultado aparecem as seguintes matrizes: 51 (3.5.1.7) Carson: A partir da matriz (3.3.3.1) obtém-se a seguinte matriz, Z reduzido = 1 × 10-3 0.1197 + 0.5390i 0.0645 + 0.1138i 0.0587 + 0.0806i 0.0680 + 0.3249i 0.0642 + 0.1121i 0.0584 + 0.0811i 0.0645 + 0.1138i 0.1183 + 0.5336i 0.0647 + 0.1122i 0.0650 + 0.1139i 0.0659 + 0.3218i 0.0642 + 0.1121i 0.0587 + 0.0806i 0. 0647 + 0.1122i 0.1211 + 0.5346i 0.0590 + 0.0800i 0.0650 + 0.1139i 0.0680 + 0.3249i 0.0680 + 0.3249i 0.0650 + 0.1139i 0.0590 + 0.0800i 0.1211 + 0.5346i 0.0647 + 0.1122i 0.0587 + 0.0806i 0.0642 + 0.1121i 0.0659 + 0.3218i 0.0650 + 0.1139i 0.0647 + 0.1122i 0.1183 + 0.5336i 0.0645 + 0.1138i 0.0584 + 0.0811i 0.0642 + 0.1121i 0.0680 + 0.3249i 0.0587 + 0.0806i 0.0645 + 0.1138i 0.1197 + 0.5390i [Ω/m] (3.5.1.8) [Ω/m] (3.5.1.9) CDER: A partir da matriz (3.4.3.1) obtém-se a seguinte matriz, Z reduzido = 1 × 10-3 0.1203 + 0.5399i 0.0651 + 0.1146i 0.0594 + 0.0814i 0.0686 + 0.3258i 0.0648 + 0.1130i 0.0591 + 0.0820i 0.0651 + 0.1146i 0.1190 + 0.5345i 0.0654 + 0.1131i 0.0657 + 0.1148i 0.0666 + 0.3226i 0.0648 + 0.1130i 0.0594 + 0.0814i 0. 0654 + 0.1131i 0.1218 + 0.5354i 0.0596 + 0.0809i 0.0657 + 0.1148i 0.0686 + 0.3258i 0.0686 + 0.3258i 0.0657 + 0.1148i 0.0596 + 0.0809i 0.1218 + 0.5354i 0.0654 + 0.1131i 0.0594 + 0.0814i 0.0648 + 0.1130i 0.0666 + 0.3226i 0.0657 + 0.1148i 0.0654 + 0.1131i 0.1190 + 0.5345i 0.0651 + 0.1146i 0.0591 + 0.0820i 0.0648 + 0.1130i 0.0686 + 0.3258i 0.0594 + 0.0814i 0.0651 + 0.1146i 0.1203 + 0.5399i Após obtidas estas matrizes, vai-se continuar a redução das mesmas, até ficar-se com matrizes ( 3 × 3 ). Há ainda que referir que apesar de já não haver cabos de guarda, o efeito dos cabos de guarda que fazem parte da linha original permanecem nestas novas matrizes reduzidas. Agora há que retirar o bundling das fases e isso é feito na sub-secção que se segue. 52 3.5.2 – Redução do Bundling das fases A redução do bundling é um processo que se encontra explicado na secção 2.3 do capítulo 2. As matrizes reduzidas que se obtiveram anteriormente, apresentam subdivisões, que separam as fases do bundling. Assim, usando a matriz (3.5.1.7) como exemplo, vai-se mostrar como se obtém a matriz reduzida sem o bundling, Novamente pode-se separar a matriz (3.5.1.7) em quatro sub-matrizes: P AA Preduzido = PCC P BB P DD (3.5.2.1) Todo este método de obtenção destas matrizes aparece detalhadamente explicado na secção 2.3. Estas sub-matrizes são dadas por: 1.2731 P AA = 1 × 1011 0.1092 0.0421 -5.8453 P BB = 1 × 1010 0.0228 0.0040 -5.8453 PCC = 1 × 1010 -0.0353 -0.0038 1.1608 11 P DD = 1 × 10 -0.0001 -0.0000 0.1092 1.2834 0.1078 -0.0353 -5.8045 0.0366 0.0421 0.1078 [ F / m ]- 1 1.2649 (3.5.2.2) -0.0038 -0.0215 [ F / m ]- 1 -5.7628 (3.5.2.3) 0.0366 [ F / m ]- 1 -5.7628 (3.5.2.4) -0.0000 -0.0001 [ F / m ]- 1 1.1608 (3.5.2.5) 0.0228 0.0040 -5.8045 -0.0215 -0.0001 1.1609 -0.0001 53 Após efectuado o cálculo de todas estas matrizes, aplica-se a seguinte expressão e calcula-se a matriz P equivalente já sem cabos de guarda e sem bundling Pequivalente = P AA − P BB P DD 9.7875 Pequivalente = 1 × 1010 1.0854 0.4211 −1 PCC (3.5.2.6) 1.0854 0.4211 9.9319 1.0854 [ F / m ]- 1 (3.5.2.7) 9.7875 1.0854 O mesmo se faz para as matrizes de impedâncias (3.5.18) e (3.5.19) obtidas pelo método de Carson e CDER respectivamente, o que resulta nas seguintes matrizes equivalentes: Carson: 0.0942+0.4308i Zequivalente = 1 × 10-3 0.0646 +0.1130i 0.0587 +0.0806i 0.0646 +0.1130i 0.0587 +0.0806i 0.0921+0.4277i 0.0646 +0.1130i [Ω/m] 0.0646 +0.1130i 0.0942+0.4308i 0.0652+0.1139i 0.0594 +0.0814i 0.0928 +0.4285i 0.0652+0.1139i [Ω/m] (3.5.2.9) 0.0652+0.1139i 0.0948 +0.4317i (3.5.2.8) CDER: 0.0948 +0.4317i Z equivalente = 1 × 10-3 0.0652+0.1139i 0.0594 +0.0814i Seguidamente vão-se tranpôr os condutores da linha aérea em questão, por forma a equilibrar as matrizes equivalentes, tanto a matriz P como as matrizes Z. 3.5.3 – Transposição dos condutores da linha aérea A transposição dos condutores das linhas aéreas de transmissão encontra-se explicada na secção 2.4 do capítulo 4. Para efectuar a transposição há que definir duas matrizes de rotação, que são as matrizes (2.4.2) e (2.4.3) da seção 2.4. De seguida divide-se o comprimento total da linha em três troços e para cada troço usam-se as expressões (2.4.9), (2.4.10)e (2.4.11) da secção 2.4. 54 Assim tem-se o seguinte para o caso da matriz P: Primeiro Troço: P = (P )(s ) (1) equivalente 1 9.7875 = 1 × 1010 1.0854 P (1) 0.4211 (3.5.3.1) 1.0854 0.4211 9.9319 1.0854 * 9.7875 1.0854 3.2625 P = 1 × 1010 0.3618 (1) 0.1004 ( 1 3 ) [ F / m ]- 1 (3.5.3.2) 0.1404 0.3618 [ F / m ]- 1 3.2625 0.3618 3.3106 0.3618 (3.5.3.3) Segundo Troço: ( ) -1 P(2) = Rφ Pabc Rφ (s2 ) P =1×1010 (2) P (2) 0 0 1 (3.5.3.4) 1 0 9.7875 1.0854 0.4211 0 0 1 0 1 1.0854 9.9319 1.0854 1 0 0 1 0 0 0.4211 0 = 1 × 10 10 9.7875 0 1.0854 3.3106 0.3618 0.3618 0.3618 3.2625 0.1404 0.3618 0.1404 3.2625 1 ( 3) [ F / m ]- 1 [ F / m ]- 1 (3.5.3.5) (3.5.3.6) Terceiro Troço: ( P(3) = Rφ Pabc Rφ P =1×1010 (3) 0 1 0 -1 ) (s3 ) (3.5.3.7) 0 1 9.7875 1.0854 0.4211 0 1 0 0 0 1.0854 9.9319 1.0854 0 0 1 1 0 0.4211 1.0854 9.7875 1 55 0 0 * ( 13 ) [ F / m ]- 1 (3.5.3.8) P (3) = 1 × 10 10 3.2625 0.1404 0.3618 0.1404 3.2625 0.3618 0.3618 0.3618 3.3106 [ F / m ]- 1 (3.5.3.9) Após o cálculo efectuado para os três troços somam-se os resultados obtidos para os mesmos como se apresenta na expressão (2.4.12) e obtém-se assim a matriz P já sem cabos de guarda e sem bundling e com a transposição já efectuada. 9.8356 10 P final_transposta = 1 × 10 0.8639 0.8639 0.8639 9.8356 0.8639 0.8639 0.8639 [ F / m ]- 1 9.8356 (3.5.3.10) Todo este processo é aplicado também para as matrizes de impedâncias equivalentes o que resulta nas seguintes matrizes de impedâncias: Carson: 0.0935+0.4298i -3 Z final_transposta = 1 × 10 0.0626+0.1022i 0.0626+0.1022i 0.0626+0.1022i 0.0626+0.1022i 0.0935+0.4298i 0.0626+0.1022i [Ω/m] 0.0626+0.1022i 0.0935+0.4298i 0.0633+0.1031i 0.0633+0.1031i 0.0941+0.4306i 0.0633+0.1031i [Ω/m] (3.5.3.11) CDER: 0.0941+0.4306i -3 Z final_transposta = 1 × 10 0.0633+0.1031i 0.0633+0.1031i 0.0633+0.1031i (3.5.3.12) 0.0941+0.4306i Após todos estes cálculos já efectuados falta apenas calcular as matrizes nas suas componentes simétricas. 3.5.4 – Transformação das matrizes em componentes simétricas Este processo de transformação das matrizes em componentes simétricas já foi explicado no capítulo 2, secção 2.5. 56 Usando novamente como exemplo a matriz P, é necessário após ter-se obtido a matriz P final_transposta , inverter esta matriz e assim obtém-se a matriz C final_transposta , matriz de capacidades transversais, já sem cabos de guarda, feixe e com a transposição dos condutores da linha efectuada. Para o cálculo desta matriz de capacidades em componentes simétricas há depois que aplicar a expressão (2.5.11) á matriz C final_transposta , e passa-se a ter: Cs i m = F- 1 C f i n a l _ t r a n s p o s t a F (3.5.4.1) em que F é a matriz de fortescue e F− 1 é a sua inversa e estas matrizes são dadas por (2.5.2) e (2.5.3) respectivamente. A matriz de capacidades transversais em componentes simétricas é a seguinte: Csim = ( 1 3 ) Cs i m=1×10 a 1 2 a a 1 1 1 - 1 0 a 2 1 0.1031 -0.0083 -0.0083 -0.0083 0.1031 -0.0083 -0.0083 -0.0083 0.1031 -10 ×1×10 × 1 1 1 2 a a 1 a 0.1115+0.000i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.1115+0.000i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0865 a 2 1 [F/m] (3.5.4.2) (3.5.4.3) Da mesma forma calculam-se as matrizes de impedâncias série, tanto para o método de Carson como para o Método CDER, usando a seguinte expressão: Zsim = F-1 Z final_transposta F (3.5.4.4) como resultado obtêm-se as seguintes matrizes: Carson: Z s i m=1×10 - 3 0.0309+0.3276i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0309+0.3276i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.2188+0.6342i 57 [Ω/m] (3.5.4.5) CDER: Z s i m=1×10 - 3 0.0308+0.3276i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0308+0.3276i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.0000-0.0000i 0.2207+0.6368i [Ω/m] (3.5.4.6) Neste capítulo foi usado o exemplo de uma Linha Aérea de Rio Maior, com as suas características reais, para demonstrar o funcionamento e a forma como o programa desenvolvido em Matlab processa o cálculo dos parâmetros que caracterizam a linha aérea, (R, L e C). Os resultados finais aparecem em coordenadas simétricas, sendo que o primeiro, segundo e terceiro elementos da diagonal principal das três matrizes (3.5.4.3), (3.5.4.5) e (3.5.4.6) correspondem à componente directa, inversa e homopolar respectivamente. 58 Capítulo 4 Resultados Neste capítulo apresentam-se resultados para vários ensaios realizados com o programa desenvolvido em linguagem Matlab e posteriormente comparam-se esses resultados com os obtidos pelo programa Line Constants do ATP/EMTP. Também se realizam simulações para várias frequências e verifica-se a forma como os parâmetros das linhas variam com a frequência e com a condutividade dos materiais condutores. 59 4.1 Comparação de resultados entre os dois métodos e o ATP/EMTP Nesta secção vão-se apresentar resultados obtidos através do programa em Matlab e através do programa Line Constants do ATP/EMTP, para linhas aéreas com bundling e sem bundling, e com geometrias diferentes. Vão-se também fazer ensaios para diferentes frequências e comparar-se todos os resultados obtidos e assim verificar qual dos dois métodos aplicados no programa em Matlab (Carson e CDER) se aproxima mais da referência que é o programa Line Constants do ATP/EMTP. O elemento que interessa comparar aqui, isto em termos de componentes simétricas, é o elemento directo de todas as matrizes que se obtêm, tanto da matriz de impedâncias série como da matriz de capacidades transversais. Consideram-se todos os condutores como sendo de alumínio-aço e estando à temperatura de 40ºC. A condutividade dos condutores é uma característica que tem influência no cálculo dos parâmetros, principalmente na impedância série das linhas e depende do material de que é constituído cada um dos condutores. O cálculo da condutividade dos condutores, depende da temperatura a que estes estão sujeitos e é dada pelo inverso da resistividade. A resistividade é dada por: ρ= ρ (1+ α ∆ T ) 0 (4.1.1) em que α é o coeficiente de temperatura, e assim a condutividade será dada por: σ = 1ρ (4.1.2) Sendo os condutores das linhas aéreas normalmente constituídos por alumínio-aço, mas sendo o alumínio o material responsável pela condução eléctrica, considera-se para o cálculo dos parâmetros que a condutividade dos condutores é dada pela condutividade do alumínio. Para condutores de alumínio α=0 . 0 0 4 2 9 º C - 1 e assim tem-se que σ = 3 . 2 2*1 E+7 [ S m- 1 ] . 60 Linha Aérea 1 Linha aérea em esteira com três fases e dois condutores por fase (bundling). Neste exemplo considerou-se a linha à frequência de 50 Hz. Todos os condutores incluindo os cabos de guarda se consideraram como sendo condutores de alumínio-aço, sendo que a condutividade foi calculada tendo em conta que se tratavam de condutores de alumínio. De seguida apresenta-se uma tabela com as características dos condutores que constituem a linha, e a geometria da mesma. Quadro 4.1.1 – Características dos condutores que constituem a linha 1 Condutores Geometria 2 2,862E-2 3,22E+07 3 2,862E-2 4 X metros 0,231 Altura 3,22E+07 Mínima 2,862E-2 Altura 1 Máxima S/m Feixe m Relação T/D Condutivi ade Diâmetro Condutor m m m 1 21,93 14,47 0 0,231 2 21,93 14,47 7 3,22E+07 0,231 3 21,93 14,47 14 2,862E-2 3,22E+07 0,231 1 21,93 14,47 0,4 5 2,862E-2 3,22E+07 0,231 2 21,93 14,47 7,4 6 2,862E-2 3,22E+07 0,231 3 21,93 14,47 14,4 7 1,46E-2 3,22E+07 0,5 0 29,18 23,6 2,2 8 1,46E-2 3,22E+07 0,5 0 29,18 23,6 11,8 O quadro seguinte complementa a informação sobre a linha após efectuados alguns cálculos já explicados na secção 3.1 do capítulo 3. 61 Quadro 4.1.2 – Informação complementar sobre as características dos condutores que constituem da linha 1 Condutores Geometria m 1/Ohm.m ------- m 1 0,0077 6,79E-05 0,538 16,9567 2 0,0077 6,79E-05 0,538 16,9567 3 0,0077 6,79E-05 0,538 16,9567 4 0,0077 6,79E-05 0,538 16,9567 5 0,0077 6,79E-05 0,538 16,9567 6 0,0077 6,79E-05 0,538 16,9567 7 0 1,855E-04 0 25,4600 8 0 1,855E-04 0 25,4600 Altura Média Relaçã oS Resistê ncia DC Rintern o(Rint) Condutor A partir de todos estes dados que podem ser considerados de entrada, podem-se calcular os parâmetros da linha, através dos três métodos estudados ao longo deste trabalho, Método de Carson e Método CDER para a impedância série e método dos coeficientes de potencial de Maxwell para a capacidade transversal, que são apresentados no Capítulo 2. Assim, apresentam-se de seguida os resultados obtidos, usando os métodos referidos e também o programa Line Constants do ATP/EMTP, para a componente directa da resistência e indutância séries e da capacidade transversal da linha. Quadro 4.1.3 – Resultados obtidos para a Impedâncias Série da linha 1 Rdirecta Ldirecta (Ω/m) (H/m) M.Carson 3,45E-05 9,63E-07 M.CDER 3,45E-05 9,63E-07 ATP/EMTP 3,45E-05 9,63E-07 62 Quadro 4.1.4 – Resultados obtidos para a Capacidade Transversal da linha 1 Cdirecta (F/m) Coef. Pot. Maxwell 1,182E-11 ATP/EMTP 1,19E-11 Pode-se verificar a proximidade nos valores obtidos, tanto através dos dois métodos como relativamente ao Line Constants do ATP/EMTP para a impedância série e para a capacidade transversal também os resultados obtidos pelo programa em Matlab são muito próximos dos resultados obtidos pelo Line Constants. Linha Aérea 2 Linha aérea em esteira com três fases sem cabos de guarda e com dois condutores por fase. A linha está à frequência de 500 Hz. Todos os condutores são de alumínio-aço, sendo que a condutividade foi calculada tendo em conta que se tratavam de condutores de alumínio. De seguida apresenta-se a tabela com as características dos condutores que constituem a linha, e a geometria da mesma. Quadro 4.1.5 – Características dos condutores que constituem a linha 2 Condutores Geometria 2 3,25E-2 3,22E+07 3 3,25E-2 4 X metros 0,231 Altura 3,22E+07 Mínima 3,25E-2 Altura 1 Máxima S/m Feixe m Relação T/D Condutivi dade Diâmetro Condutor m m m 1 21,93 14,47 0 0,231 2 21,93 14,47 9 3,22E+07 0,231 3 21,93 14,47 18 3,25E-2 3,22E+07 0,231 1 21,93 14,47 0,3 5 3,25E-2 3,22E+07 0,231 2 21,93 14,47 9,3 6 3,25E-2 3,22E+07 0,231 3 21,93 14,47 18,3 63 Novamente após se efectuarem alguns cálculos tem-se toda a informação necessária ao cálculo dos parâmetros. O quadro seguinte apresenta a informação que faltava para se iniciar o cálculo dos parâmetros: Quadro 4.1.6 – Informação complementar sobre as características dos condutores que constituem da linha 2 Condutores Geometria m 1/Ohm.m ------- m 1 0,0087 5,269E-05 0,538 16,9567 2 0,0087 5,269E-05 0,538 16,9567 3 0,0087 5,269E-05 0,538 16,9567 4 0,0087 5,269E-05 0,538 16,9567 5 0,0087 5,269E-05 0,538 16,9567 6 0,0087 5,269E-05 0,538 16,9567 Altura Média Relação S Resistênc ia DC Rinterno (Rint) Condutor De seguida apresentam-se os resultados obtidos através dos métodos de Carson, CDER e do programa Line Constants. Estes resultados são para a componente directa. Quadro 4.1.7 - Resultados obtidos para a impedância série da linha 2 Rdirecta Ldirecta (Ω/m) (H/m) M.Carson 4,20E-05 10,29E-07 M.CDER 4,17E-05 10,29E-07 ATP/EMTP 4,199E-05 10,29E-07 Quadro 4.1.8 – Resultados obtidos para a capacidade transversal da linha 2 Cdirecta (F/m) Coef. Pot. Maxwell 1,105E-11 ATP/EMTP 1,115E-11 64 Linha Aérea 3 Linha Aérea com três fases apenas, sem bundling e sem cabos de guarda Esta linha está à frequência de 1000 Hz. Todos os condutores são de alumínio-aço, sendo que a condutividade foi calculada tendo em conta que se tratavam de condutores de alumínio. De seguida apresenta-se a tabela com as características dos condutores que constituem a linha, e a geometria da mesma. Quadro 4.1.9 - Características dos condutores que constituem a linha 3 Condutores Geometria 2 3,25E-2 3,22E+07 3 3,25E-2 3,22E+07 X metros 0,25 Altura 3,22E+07 Mínima 3,25E-2 Altura 1 Máxima S/m Feixe m Relação T/D Condutivid ade Diâmetro Condutor m m m 1 21,93 14,47 0 0,25 2 21,93 14,47 9 0,25 3 21,93 14,47 18 Na tabela a seguir têm-se todos os dados necessários ao cálculo dos parâmetros da linha aérea em questão: Quadro 4.1.10 - Informação complementar sobre as características dos condutores que constituem da linha 3 Condutores Geometria m S/m m 1 0,004 2,059E-05 0,50 18,5 2 0,004 2,059E-05 0,50 18,5 3 0,004 2,059E-05 0,50 18,5 65 Altura Média Relação S Resistê ncia DC Rinterno (Rint) Condutor Os resultados obtidos através dos métodos de Carson, CDER e do programa Line Constants do ATP/EMTP são apresentados de seguida. Os resultados são apresentados apenas para a componente directa. Quadro 4.1.11 – Resultados obtidos para os parâmetros da linha 3 Rdirecta Ldirecta Cdirecta (Ω/m) (H/m) (F/m) M.Carson 2,52E-04 13,99E-07 0,814E-11 M.CDER 2,52E-04 13,99E-07 0,814E-11 ATP/EMTP 2,53E-04 14,00E-07 0,819E-11 Quadro 4.1.12 – Resultados obtidos para as capacidades transversais da linha 3 Cdirecta (F/m) Coef. Pot. Maxwell 0,814E-11 ATP/EMTP 0,819E-11 Observou-se através destes três exemplos, que o programa desenvolvido em Matlab quer através do Método de Carson, quer através do Método CDER, para as impedâncias série apresenta resultados muito próximos daqueles que se obtêm com o programa que é uma referência no cálculo dos parâmetros de linhas aéreas, que é o Line Constants. Também para o cálculo das capacidades transversais se verificaram que os resultados obtidos pelo programa em Matlab eram muito próximos dos obtidos pelo Line Constants. Estes ensaios foram realizados para diferentes frequências, isto para demonstrar que para qualquer frequência os resultados são bastante próximos e que para as altas frequências os métodos funcionam bem, apresentando bons resultados. 4.2 Análise da influência da variação dos parâmetros de entrada nos resultados finais Aqui faz-se uma análise de como ao fazer variar os parâmetros de entrada os resultados finais aparecem afectados. 66 Os parâmetros de entrada que têm uma grande influência nos resultados finais, são principalmente a condutividade do material condutor, que normalmente é o alumínio ou o cobre, e a frequência. Existem outros dados de entrada que também infuencíam os parâmetros de saída, mas fez-se aqui um estudo apenas destes dois, a frequência e a condutividade dos condutores. A linha aérea que se vai usar aqui como padrão, é a linha aérea 1 da secção anterior, linha aérea em esteira horizontal com três fases, com dois condutores por fase e dois cabos de guarda. Os dados de entrada são assim os que aparecem nas tabelas 4.1.1 e 4.1.2. 4.2.1 - Análise dos resultados finais com variação da frequência Nesta sub-secção faz-se variar a frequência da linha aérea começando a partir de 50 Hz até 2000 Hz e verifica-se de que forma os parâmetros finais são afectados. Como dito anteriormente, os Quadros 4.1.1 e 4.1.2 são os que mostram os parâmetros de entrada, com a única excepção de que no Quadro 4.1.2, a resistência DC não será a que lá figura, mas será actualizada para cada frequência. Faz-se também uma comparação entre os resultados obtidos através do Método de Carson, Método CDER e através do programa Line Constants do ATP/EMTP. Os seguintes gráficos mostram a variação da componente directa dos parâmetros a calcular (R,L e C) , com a frequência: A azul tem-se a variação usando o Método de Carson, a vermelho usando o Método CDER e a verde usando o programa Line Constants do ATP/EMTP: 67 -5 11 Rdir(F) x 10 10 Resistência Directa 9 8 7 6 5 4 3 0 500 1000 1500 Frequencia 2000 2500 Fig. 4.2.1.1 – Variação da Resistência Directa com a frequência -7 9.64 Ldir(F) x 10 Indutancia Directa 9.62 9.6 9.58 9.56 9.54 9.52 0 500 1000 1500 Frequência 2000 Fig.4.2.1.2 – Variação da Indutância Directa com a frequência 68 2500 -11 Capacidade Directa 1.195 Cdir(F) x 10 1.19 1.185 1.18 0 500 1000 1500 Frequencia 2000 2500 Fig.4.2.1.3 – Variação da Capacidade Directa com a frequência Observa-se na Fig.4.2.1.1 que a Resistência Directa aumenta com a frequência, quase proporcionalmente, algo que era de esperar devido ao efeito pelicular que com o aumento da frequência faz aumentar a resistência nos condutores. Ainda relativamente á resistência pode-se observar que à medida que se aumenta a frequência, vão-se notando maiores diferenças entre os resultados obtidos pelos dois métodos e também dos dois métodos relativamente aos resultados obtidos pelo programa Line Constants, mas estas diferenças são pequenas e não apresentam erros significativos. A Indutância Directa quase não varia com o aumento da frequência, diminui ligeiramente, mas muito pouco, como se pode observar na Fig.4.2.1.2. Ainda assim se pode observar que a partir dos 750 Hz aproximadamente os resultados para o método de Carson e CDER começam a diferenciar-se mais, continuando mesmo assim a ser muito próximos. A Capacidade Directa não varia com a frequência e apresenta apenas uma pequena diferença entre os valores obtidos pelo programa em Matlab e os obtidos pelo programa Line Constants, contudo é uma diferença muito pequena que se traduz num pequeno erro. 69 Após comparados os resultados, pode-se dizer que o cálculo efectuado pelo programa em Matlab, quer usando o Método de Carson, quer usando o Método CDER, apresenta resultados muito bons e bastante precisos. 4.2.2 - Análise dos resultados finais com a variação da condutividade dos condutores da linha Outra das variáveis de entrada que se fez variar por forma a visualizar a sua influência nos parâmetros a calcular (R,L e C) foi a condutividade dos condutores. Os condutores da linha aérea são normalmente de alumínio-aço, sendo que considerou-se para todos os exemplos estudados anteriormente que os condutores eram de alumínio, pois o aço tem apenas a função de suportar o peso do condutor. A condutividade é um parâmetro que varia com a temperatura e a sua variação é traduzida pelas expressões (4.1.1) e (4.1.2). Á temperatura de 20ºC a condutividade do alumínio é σ = 3.77E7 Sm-1 (4.2.2.1) e através das expressões (4.1.1) e (4.1.2) pode-se calcular a condutividade dos condutores para qualquer outra temperatura. Fez-se o estudo aqui em causa usando a linha aérea 1 como exemplo, para a frequência de 50 Hz. No quadro seguinte têm-se os resultados finais em função da condutividade que por sua vez depende da temperatura: 70 Quadro 4.2.2.1 – Resultados finais para a componente directa para os parâmetros em função da condutividade dos condutores Método de Carson T(ºC) 20 30 40 50 60 70 80 Método CDER σ (S/m) R (Ω/m) L (H/m) C (F/m) R (Ω/m) L (H/m) C(F/m) 3,77E+07 2,96E-5 9,63E-7 1,18E-11 2,96E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,62E+07 3,08E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,08E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,48E+07 3,20E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,20E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,34E+07 3,33E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,33E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,22E+07 3,45E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,45E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,11E+07 3,57E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,57E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,00E+07 3,70E-5 9,63E-7 1,18E-11 3,70E-5 9,63E-7 1,18E-11 Como se pode verificar á medida que se aumenta a temperatura a condutividade diminui e como consequência aumenta a resistência série directa, tanto para o método de Carson como para o método CDER. Verificou-se que os resultados eram sempre iguais para os dois métodos para a mesma temperatura, algo que já se tinha demonstrado antes e também se observou que a variação da temperatura não influencía a indutância série e a capacidade em paralelo como era de esperar. O único parâmetro afectado é a resistência série, o que faz sentido, pois se se diminui a condutividade é porque se está a aumentar a resistência. 4.3 Análise de resultados Através dos resultados obtidos para todos os casos estudados nas secções anteriores pode-se concluir que o programa desenvolvido em Matlab para o cálculo dos Parâmetros de Linhas Aéreas é muito fiável e apresenta resultados muito bons, pois estes são muito semelhantes aos resultados obtidos pelo Line Constants, apresentando percentagens de erro muito baixas. A variação da frequência faz variar os parâmetros, principalmente a resistência série directa que aumenta bastante com o aumento da frequência. Os outros parâmetros também variam com a frequência, mas muito pouco. A indutância série directa, diminui com o aumento da frequência, mas diminui muito pouco, quase não se notando a sua variação e a capacidade transversal directa, por sua vez, não altera o seu valor com o aumento de frequência, pois o seu valor não depende desta. 71 A condutividade é outro parâmetro de entrada que influencía apenas a resistência série, como se pôde observar no Quadro 4.2.2.1. A condutividade dos condutores varia com a temperatura aos quais estes estão sujeitos, sendo que á medida que se aumenta a temperatura a condutividade diminui, como seria de esperar através das expressões (4.1.1) e (4.1.2). Se a condutividade diminui, a resistência série directa aumenta, o que faz todo o sentido, pois se o condutor conduz menos, é porque a sua resistência á passagem da corrente aumentou. Os outros parâmetros, indutância série directa e capacidade transversal directa, não variam com a variação da condutividade, como se pode verificar novamente através do Quadro 4.2.2.1. 72 Capítulo 5 Conclusões O principal objectivo deste trabalho era o de criar um programa que pemitisse efectuar o cálculo dos parâmetros de linhas aéreas de alta tensão. Assim foi desenvolvida uma rotina em Matlab que permite efectuar esses mesmos cálculos de uma forma simples, eficaz e fiável, apresentando resultados muito bons. 73 Sendo o objectivo do trabalho criar um modo fácil de cálculo de parâmetros de linhas aéreas, para um conjunto alargado de geometrias, secções e materiais, e com resultados bons para linhas correntemente em uso, pode-se dizer que o objectivo foi alcançado. Foi criado um programa em linguagem Matlab que permite o cálculo dos parâmetros de linhas aéreas trifásicas e foi testada a validade dos resultados obtidos por este programa, através da comparação com resultados obtidos pelo programa de referência Line Constants do ATP/EMTP. Para a estruturação do programa em Matlab, foi necessário estudar outros programas que também fazem o cálculo das grandezas eléctricas das linhas (resistência série, indutância série e capacidade transversal), e assim estudou-se o funcionamento e metodologia do programa Line Constants. Neste trabalho estudaram-se e implementaram-se dois métodos diferentes para o cálculo da impedância série e compararam-se os valores obtidos por forma a poder-se verificar qual dos dois métodos o mais fiável. Os métodos aqui estudados e que foram implementados no programa em Matlab são, o método de Carson de 1926 [4] e o método CDER (Complex Depth of Earth Return) introduzido por C.Gary em 1976 [5]. Foram depois comparados estes dois métodos entre si e com o Line Constants para linhas trifásicas com diferentes geometrias e materiais no Capítulo 4. O método de Carson é o método clássico para a resolução deste problema e é o único método que permite uma solução analítica completa para o problema em causa. Contudo esta solução é expressa em função de integrais impróprios que têm de ser expandidos em séries infinitas para poderem ser calculados. As séries convergem devagar para frequências elevadas, mas os computadores actuais permitem o cálculo destas séries infinitas com relativa facilidade, algo difícil no passado. O método CDER é na verdade uma forma aproximada do método de Carson. Este método é simples de usar e bastante preciso. Este método pode substituir o método de Carson em quase todos os casos nos quais se querem calcular as impedâncias série de linhas de alta tensão [1]. Há que ter em conta após explicados estes métodos, o caminho histórico percorrido até se chegar aos mesmos. Ao longo dos últimos anos muitos esforços foram feitos no sentido de encontrar novas soluções para este problema do cálculo de parâmetros de linhas aéreas e outros métodos foram encontrados, como por exemplo o Finite Element Method. O que se pode concluir disto é que é sempre possível encontar uma nova e melhor solução para um problema antigo [1]. 74 Foi também estudada ao longo deste texto, a forma de calcular as capacidades transversais das linhas aéreas e isso é feito usando os coeficientes de potencial de Maxwell [2]. Foi explicada, neste trabalho, a teoria que permite a obtenção dos parâmetros a calcular em componentes simétricas e o procedimento usado aquando da transposição dos condutores de uma linha aérea [6]. Por fim, foram calculados os parâmetros de diferentes linhas aéreas com diferentes geometrias, usando os métodos de Carson, CDER e o programa Line Constants e compararam-se os valores obtidos através de cada um deles. Concluiu-se que o programa em Matlab apresentava resultados bastante bons para ambos os métodos, Carson e CDER, quando comparados com o Line Constants. Fizeram-se também ensaios para uma determinada linha aérea, em que se variou a frequência e a temperatura a que os condutores estavam sujeitos, o que faz alterar a condutividade dos condutores e observou-se a forma como os parâmetros variaram. Pode-se dizer após realizados os ensaios, que á medida que a frequência aumenta a resistência série da linha aumenta quase proporcionalmente, a indutância série da linha diminui muito pouco e a capacidade transversal da linha mantém-se constante. Já com a condutividade, pode-se dizer que á medida que a temperatura aumenta, a condutividade diminui, e o único parâmetro que se altera é a resistência série da linha que aumenta o seu valor. O programa desenvolvido apresenta duas vantagens relativamente ao Line Constants, uma é o facto de ser de fácil utilização, pois o programa Line Constants é bastante mais complicado de ser usado devido ao sistema de cartões que utiliza e que pode gerar erros com facilidade. A outra vantagem é que este programa em Matlab permite o cálculo das impedâncias série das linhas através de dois métodos diferentes, Carson e CDER, algo que não acontece com o Line Constants, que só faz o cálculo das impedâncias série através do modelo de Carson. Assim se obteve uma forma simples, precisa e fiável para o cálculo dos parâmetros de linhas aéreas trifásicas. 75 Bibliografia [1] Y. J. Wang and S. J. Liu. A Review of Methods for Calculation of Frequency-dependent Impedance of Overhead Power Transmission Lines. IEEE vol. 25, No. 6, 2001, pp 329338. [2] M. T. Correia de Barros. Distribuição de Sobretensões em Linhas de Transmissão de Energia. Lição de Síntese, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 6 de Dezembro de 1995. [3] T. H. Liu and W. S. Meyer. Electro Magnetic Transients Program Theory Book. Bonneville Power Administration, 10 June 1987. [4] J. R. Carson. Wave Propagation in overhead wires with ground return. Bell System Technical Journal 1996, 5, 539-554. [5] C Gary. Approche complète de la propagation multifilaire en haute fréquence par utilisation des matrices complexes. EDF Bulletin de la Direction des Études et Recherches, Série B-Réseaux Électriques Matériels Électriques 1976, 3/4, 5-20. [6] J. Horácio Tovar Hernandéz e H. F. Ruiz Paredes. Modelado y Análisis de Sistemas Eléctricos de Potencia en Estado Estacionario, Noviembre 2003. [7] C. L. Fortescue. Method of Symmetrical Coordinates Applied to the Solution of Polyphase Networks. AIEE, Atlantic City, N. J. , 28 June 1918. 76