PLC/BPL: Uma Tecnologia Poluidora
Este tutorial apresenta uma visão do autor sobre o uso da tecnologia PLC – Power Line Communications
(também chamado de BPL, Broadband over Power Line ou PLT Power Line Telecommunications) para o
fornecimento de serviços de banda larga, e os problemas decorrentes das interferências eletromagnéticas que
essa tecnologia provoca.
Flávio Archangelo
Doutor em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo, mestre em Ciências da Comunicação
pela Universidade de São Paulo, jornalista pela Faculdades Integradas Alcântara Machado.
Pesquisador na área de rádio com trabalhos sobre radiodifusão internacional e radiodifusão digital. Foi
monitor da International Amateur Radio Union no Brasil, editor da revista QTC Magazine e colunista da
revista técnica alemã DUBUS.
Categoria: Banda Larga
Nível: Introdutório
Enfoque: Regulatório
Duração: 20 minutos
Publicado em: 04/05/2009
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PLC/BPL: Introdução
A ANATEL convocou a sociedade em setembro de 2008 para avaliar a Consulta Pública n.38 sobre a
regulamentação do PLC, Power Line Communications (também chamado de BPL, Broadband over Power
Line ouPLT Power Line Telecommunications). No início de abril de 2009, mesmo desconsiderando a
maioria de posições contrárias à sua implementação, o Conselho Diretor da ANATEL cometeu o grave
equívoco de previamente aprovar o PLC, tecnologia hoje questionada no judiciário brasileiro.
A principal motivação alegada pela agência é a promessa de oferecer internet de banda larga pela rede de
energia elétrica. Assim, promover-se-ia a democratização no acesso a comunicação digital através da rede
convencional idealmente presente em pontos onde não há acesso à internet, especialmente em áreas mais
afastadas. Outra razão alegada é o smart grid.
Na prática a idéia do PLC não tem nada de novo, é considerado no Brasil há mais de dez anos e sempre tem
enfrentado um desafio gravíssimo: a notória, importante e destrutiva geração de interferências no espectro
de rádio (1).
As redes de energia elétrica na maior parte do país não foram concebidas para transmitir dados da maneira
proposta, não atuam como a comunicação de cabos coaxiais ou fibras óticas. As fiações são vulneráveis, as
redes são antigas, mal conservadas, apresentam grandes atenuadores de sinais e diferenças de impedância,
sem dizer as conexões piratas.
Os fios de energia elétrica (inclusive em instalações caseiras) em um ambiente PLC se comportam como
antenas, irradiando uma sujeira de rádio freqüência com enorme ocupação espectral. Resultado final: um
sistema que representa atualmente, em termos conceituais de engenharia espectral, o que de mais retrógrado
e poluidor pode ser encontrado como proposta de comunicação digital.
A figura 1 apresenta um diagrama de irradiação cujos lóbulos obtidos na rede convencional de energia
elétrica quando em operação PLC demonstram que essa rede atua de fato como uma antena com ganho de
1,3 dBi em 5 MHz. A tendência é aumentar o ganho e a interferência com aumento de freqüência na mesma
fiação (2).
Figura 1: Lóbulos de irradiação da rede energia elétrica com PLC.
Os defensores do PLC esquecem – ou omitem – as informações que os agentes dessa proposta são atores
empresariais num modelo de negócio indireto, com a internet ainda oferecida pelos mesmos provedores
privados, que a proposta digitalização demandará um custo ao consumidor sequer especificado, e que há
outras alternativas espectrais e financeiras de comunicações digitais muito mais razoáveis e menos
polêmicas. O smart grid também não é sinônimo de PLC em HF (3).
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Como a tecnologia PLC inviabiliza o efetivo uso das freqüências por ela interferidas, se trata na prática de
uma apropriação indireta não-onerosa pelas empresas do setor elétrico de imensas porções do
espectro eletromagnético já em utilização por outros serviços de comunicações.
A proposta original contempla uso do PLC na imensa maioria do espectro entre 1,705 MHz e 50 MHz, ou
seja, cobre parte das MF (Medium Frequencies), todo HF (High Frequencies) e parte do VHF (Very High
Frequencies).
A figura 2 apresenta uma imagem de uma parcela do espectro de HF demonstrando suas múltiplas
atribuições e diferentes serviços a serem interferidos pelo PLC (tabela NTIA).
Figura 2: Parcela do espectro de HF interferido pela tecnologia PLC (tabela NTIA).
Como é de se imaginar, há um imenso volume de serviços prioritários, protegidos e de uso primário nestas
faixas, inclusive mediante acordos internacionais no qual o Brasil é signatário na esfera da UIT (União
Internacional de Telecomunicações) e CITEL (Comissão Interamericana de Telecomunicações).
Em outras palavras: as interferências PLC colocam em questão a manutenção e desenvolvimento em
nosso país de 20 serviços de telecomunicações dispostos neste espectro, entre eles as comunicações da
marinha, aeronáutica, rádio faróis de navegação aérea a marítima, exército, radiodifusão e seus serviços
auxiliares, radioamadorismo, faixa do cidadão, sinais padrões da ITU, equipamentos de radiação restrita,
babás eletrônicas, rádio táxi, telefones sem fio, radioastronomia, operação especial e demais serviços
experimentais e científicos.
Deve-se ainda acrescentar as características únicas da propagação nestas faixas. Os sinais de rádio ali
emitidos são influenciados pelas camadas mais altas da ionosfera, obtendo uma área de cobertura nacional e
mesmo internacional com sistemas relativamente modestos e baixa potência.
Isso permite que uma estação de rádio atinja uma comunidade distante ou uma área enorme sem a
necessidade de uma retransmissora, de um canal via satélite, e muito menos de uma conexão de internet via
PLC.
O mapa 1 apresenta uma previsão computadorizada de propagação internacional para um sinal de rádio
emitido de São Paulo na faixa dos 90 metros em período de baixa atividade solar durante o gray-line
(HFProp).
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Mapa 1: Propagação para um sinal de rádio emitido de São Paulo (faixa dos 90 m).
A faixa alta de MF e o HF também oferecem aos pilotos de aviões que sobrevoem regiões onde a rede de
VHF não alcança a comunicação direta com as autoridades aeronáuticas e com as centrais de rádio das
empresas aeronáuticas em solo.
Habilita também que embarcações, mesmo milhares de quilômetros distantes de suas bases, navegando pelos
oceanos ou atracados nos portos nacionais, se comuniquem diretamente pelo rádio, sem intermediários,
obtendo inclusive cartas meteorológicas em HF do Brasil e exterior.
Tal perspectiva vale tanto para as comunicações civis como as militares e governamentais, em unidades fixas
ou em movimento nos campos, rios, mares e cidades.
Essa característica fantástica tão bem aproveitada pelos serviços de rádio agrava o potencial de dispersão
das interferências PLC/BPL em níveis, distâncias e áreas não avaliadas diante das condições específicas e
sazonais de propagação no Brasil, incluindo a presença da Anomalia Magnética do Atlântico Sul.
David Summer, CEO da ARRL (American Radio Relay League), caracterizou conceitualmente muito bem a
situação: “Há um óbvio paralelo entre poluição atmosférica e a poluição no espectro de rádio. Como a
atmosfera, o espectro de rádio é um recurso natural precioso compartilhado por todos. Como a poluição,
as ondas de rádio não respeitam fronteiras (...). Supostamente as redes de energia elétrica não deveriam
emitir energia RF. Se o fazem é porque há algo de muito errado (...). E a poluição eletromagnética
também pode ser resultado de uma RF que está onde não deveria existir. Ela será emitida a partir do
momento que qualquer condutor for induzido a isso, a menos que o condutor esteja protegido e
balanceado. Portanto qual a razão de alguém deliberadamente colocar RF em um condutor que não é nem
isolado e nem balanceado, se não há desejo de irradiar? (4)”
Willian Blair, do Instituto de Pesquisa em Energia Elétrica em Palo Alto, Califórnia, declarou na revista
Scientific American: “Nós desenvolvemos um sistema eficiente para transmitir energia elétrica em 60
hertz. Mas se você utilizar as mesmas linhas para tentar colocar sinais de comunicações, isso será um
desastre. (5)”
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PLC/BPL: Filtros
Filtros que não Protegem Todo Espectro de Rádio
Atualmente a ANATEL tem adotado o argumento da indústria elétrica que os filtros nos equipamentos de
segunda geração PLC (com notchs dinâmicos) protegem o espectro de rádio, relativizando a esculhambação
que o PLC/BPL provocará no espectro radioelétrico.
No entanto devemos perguntar: seriam todas as faixas protegidas? A resposta é não. De acordo com a
controversa Consulta Pública e conivência da ANATEL, apenas 10,13% do espectro (4,894 MHz de banda)
estão previstos com ruídos reduzidos, permitindo pesadas interferências e inutilizando mais de 48 MHz de
espectro já ocupados por outros serviços.
Das 14 faixas atribuídas a radiodifusão pública e gratuita, nenhuma será protegida pelas autoridades da
ANATEL e ANEEL. Das 7 faixas destinadas a equipamentos de recepção e radiação restrita, nenhuma
esteve incluída entre as “protegidas”. Das 12 faixas atribuídas a pesquisa especial, radioastronomia,
operações especiais de identificação de satélites e auxílio a meteorologia, todas estariam a disposição do
setor elétrico para emitir ruídos PLC (6).
A figura 4 apresenta em amarelo as faixas teoricamente protegidas e em vermelho as faixas a serem
severamente interferias e ocupadas pelo PLC no Brasil, com as freqüências abaixo em MHz. É notória e a
invasão espectral e privilégios concedidos para as empresas de distribuição de energia elétrica em detrimento
dos demais usuários de rádio já alocados em MF, HF e VHF.
Figura 4: Faixas protegidas (amarelo) e severamente interferidas (vermelho)
ocupadas pelo PLC no Brasil (MHz).
Como pode um serviço – que a princípio seria de comunicações restritas por cabo – ter permissão por parte
de uma agência federal em causar uma interferência tão marcante de ampla faixa-passante a ponto de
inviabilizar serviços públicos e gratuitos de uso primário e prioritário no espectro de rádio?
Mesmo com propalados filtros, as emissoras de radiodifusão terão graves problemas para manter seus
serviços e atingir suas audiências como exercem hoje, pois seus segmentos estariam à mercê da poluição
PLC. Os ouvintes de rádio perderão acesso a preciosas fontes de informações nacionais e
internacionais disponibilizadas gratuitamente no espectro de Ondas Tropicais e Curtas.
Estudos e monitoramentos constantes dos testes realizados no exterior atestam a total inviabilidade do
prosseguimento das comunicações de rádio nestas freqüências, tal o potencial destrutivo das interferências
PLC.
Técnicos e professores ligados aos testes no Brasil já expuseram a gravidade das interferências PLC, um
problema inerente ao sistema cuja resposta física, tecnológica e de rede não foi apresentada para todos os
segmentos de rádio comunicação a serem prejudicados.
5
Sebastião Nascimento, da Brasil Telecom, chegou a declarar explicitamente na Computer World: “ Não há
como eliminar 100% das interferências”, enquanto o Prof. Cirano Ioshpe dimensionou o problema as
interferências do PLC no Brasil como “ enormes” (7) (8).
O gráfico 1 apresenta medidas de intensidade de campo x freqüência tomadas em um teste do PLC no
Canadá. As interferências PLC são as linhas amarela e vermelha, atuando acima dos sinais convencionais de
ondas médias, tropicais e curtas (linha azul), medidos quando o PLC foi desligado. É evidente a intromissão
do PLC nas faixas de radiodifusão, com dispersão interferente para o espectro de Ondas Médias (9).
Gráfico 1: Medidas de intensidade de campo x freqüência em teste PLC no Canadá.
Sérgio Neiva comentou acerca dos testes da CELG, já utilizando o PSD (Power Spectral Density) e Chipset
DS2: “Os resultados experimentais obtidos fornecem indícios suficientes para identificar interferência
destrutiva nas portadoras de rádio do serviço de radiodifusão sonora em Amplitude Modulada, nas
proximidades das linhas de tensão, que trafegam os sinais PLC (...). O receptor utilizado nos testes não
conseguiu sintonizar nitidamente nenhuma emissora na faixa de freqüência de operação PLC, colocando
em xeque a inteligibilidade do som, sendo que, em algumas circunstâncias, não foi possível escutar
nenhuma emissora na faixa (...). Além do mais, a intensidade dos níveis de radiação não-intencionais,
decorrente do funcionamento do PLC, ultrapassou os níveis de segurança estabelecidos pela ITU (11).”
O gráfico 2 apresenta as interferências PLC de testes no Brasil (linha amarela) encobrindo sinais de rádio
(linha azul) em HF (10).
Gráfico 2: Interferências PLC de testes no Brasil.
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Os filtros, atuando em parcelas do espectro de ajuste crítico, podem ainda provocar intermodulações e
interferências em um espectro muito além do alegado para o uso PLC.
É o que considera Tim Willians, autor do livro “EMC for Product Designers” e do artigo“Porque a banda
larga pelo PLC é ruim para a Compatibilidade Eletromagnética”: “Quando múltiplos sinais de rádio
freqüências são aplicados em um sistema não linear – e as redes de energia elétrica com todos os
equipamentos eletrônicos lá conectados certamente incluem não lineares – eles intermodulam para
produzir freqüências que não estão presentes no espectro original emitido. Mesmo que o PLC confine suas
interferências a certas partes do espectro e evitem outras, os efeitos de intermodulações criarão sinais
interferentes dentro e além das supostas bandas protegidas (12).”
A foto 1 apresenta o PLC interferindo em radiodifusão quando em testes no Brasil, em vídeo disponibilizado
pela ABERT (13).
Foto 1: PLC interferindo em radiodifusão (testes no Brasil).
Fonte: Vídeo disponibilizado pela ABERT.
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PLC/BPL: Comunicações Emergenciais
Interferências em Comunicações Emergenciais
Afinal, se o “PLC/BPL não interfere”, por que a ANATEL sugeriu “faixas de exclusão”, “zonas de
proteção” e “zonas de exclusão”?
As denominadas “faixas de exclusão” – de acordo com a Consulta Pública – na verdade não excluem o PLC
e sim “amortizam” os sinais interferentes em algumas – e não todas – as faixas de rádio, destacadamente da
aeronáutica e radioamadores. As chamadas “zonas de proteção” idealmente teriam as interferências
reduzidas em algumas freqüências da marinha em estações costeiras, enquanto as “zonas de exclusão”, de
PLC zero, ficariam em apenas 3 pontos geográficos no Distrito Federal.
O problema é que – se considerarmos as “zonas de proteção ou exclusão” como eficientes - são em número
extremamente incipiente diante do universo de serviços, aeroportos, centros de comunicações,
instalações-chave do executivo como ministérios, secretarias do governo, instalações de monitoramento e
inteligência, sedes diplomáticas como embaixadas e consulados, localizações que utilizam HF, posições das
forças armadas que não se restringem apenas em quartéis, mas atuam como forças táticas em ações móveis,
treinamentos e atuação fora das “zonas de proteção ou exclusão”.
Até mesmo as sedes regionais da ANATEL foram esquecidas na Consulta Pública da “proteção” contra as
interferências PLC/BPL.
Tomando as estações costeiras, sequer foram incluídos os principais portos do Brasil: Santos e Paranaguá.
Procurou-se “proteger” os pontos utilizados pelo Salvamar, mas se esquecem que as comunicações
são bilaterais. Não basta apenas teoricamente proteger um lado da comunicação: os navios também se
comunicam em HF, são estações móveis marítimas de rádio, trafegam perto da orla, estão atracados em
portos tantos principais como secundários (marinas), onde as interferências PLC/BPL – a considerar as
propostas da ANATEL – poderão inviabilizar suas comunicações emergenciais, de localização e captação
das cartas sinóticas e meteorológicas transmitidas por estações de rádio nacionais e internacionais em MF e
HF.
O mapa 2 apresenta a carta meteorológica emitida pela Armada Chilena na faixa de 17 MHz captada em São
Paulo por meio de HF-FAX. As Interferências PLC afetarão não apenas a recepção de serviços nacionais,
bem como os oferecidos pelas marinhas do exterior (14).
Neste panorama, as embarcações terão dificuldades para receber sinais emitidos pelo próprio governo
brasileiro, através dos Serviços Rádio Meteorológicos da Marinha, pelo Centro de Hidrografia, dos boletins
de condições de tempo, difusões especiais de tempestades, informações transmitidas a todas as embarcações
pela estação PWZ-33 (Rio Rádio), bem como das demais emissoras regionais e internacionais.
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Mapa 2: Carta meteorológica emitida pela Armada Chilena em 17 MHz captada em São.
Os navegadores inclusive podem contribuir ativamente para o sistema via rádio através do programa
“Navios de Observação Voluntária” (Mensagem SHIP), em acordo com a OMM (Organização
Meteorológica Mundial). Ou seja, há outros pontos tanto de geração como de recepção de informações
relevantes por rádio cujas localizações não podem ser totalmente e previamente determinadas. As
comunicações bilaterais por rádio não podem ser ameaçadas por interferências como o PLC, sob pena
de fragilizar a defesa e segurança envolvida nesses meios de transporte.
No mapa 3 os pontos em verde representam as embarcações atracadas em portos ou móveis ao longo do
Oceano Pacífico que se comunicam pelo rádio em várias faixas de HF em PACTOR e GMFSK. No caso
ilustrado foi recebida uma mensagem transmitida em HF pelo navegador VK4BSQ. O sistema é de
abrangência internacional.
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Mapa 3: Embarcações atracadas em portos ou móveis (pontos verdes) no Oceano Pacífico
que se comunicam pelo rádio em faixas de HF em PACTOR e GMFSK.
Para as comunicações aeronáuticas civis e militares, também vários aeroportos e corredores aéreos foram
ignorados de qualquer idealizada “proteção” pelos promotores do PLC/BPL.
As faixas e localizações utilizadas para comunicações de controle entre empresa aérea – aeronave (CCO) no
HF, aplicados especialmente nos longos trajetos onde a cobertura do VHF não é atendida, foram totalmente
negligenciados na Consulta Pública. (15)
Os promotores do PLC sinalizaram que novas áreas de proibição poderiam ser acrescidas posteriormente. E
se a região a ser proibida já estiver sendo atendida com um parque PLC? Todos os dispositivos serão
inutilizados? Qual o tempo seguro entre uma transmissão emergencial ser interferida e o desligamento total
do PLC na planta interferente? Cabe a responsabilidade de gerenciamento de RF as empresas de energia
elétrica? E as atribuições legais exclusivas da ANATEL?
Como equacionar a mobilidade das forças armadas – que não se restringem as zonas militares - frente às
restrições que empresas de energia elétrica imporão às suas comunicações móveis e portáteis?
Não bastassem as problemáticas das pouquíssimas áreas e faixas teóricas de exclusão, há a séria questão da
propagação em HF unida aos efeitos de uso cumulativo, cuja potencia irradiada total vinda de uma ampla
área PLC aumenta o nível de ruído (noise floor), com suas interferências sendo propagadas para dentro e
além das “zonas de proteção e exclusão”, bem como em propagação vertical da RFI.
A York EMC Service, comparando diferentes serviços de comunicação, especificou que: a única tecnologia
que parece aumentar significativamente o nível de ruído (noise floor) através do efeito cumulativo de
propagação por camadas ionosféricas é o PLT. (16)
Isso porque, diferente das comunicações por cabo, o sinal PLC é de banda larga e não discreto. Ele interfere
no segmento todo e não em freqüências pontuais de fuga com respectivos harmônicos.
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Os aviões ao se aproximarem de uma planta densamente ocupada pelo PLC poderão ter a rádio recepção em
HF prejudicada, com a perda de sensibilidade final em seu sistema, especialmente para os sinais mais fracos
tornando-se imperceptíveis frente ao aumento do nível de ruído.
Até mesmo a OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte) identificou o risco das interferências PLC e
indicou atenção a questão, enquanto empresas como a Boeing também manifestaram suas preocupações.
(17) (18)
Barry Malowanchuck avaliou que: Para uma implementação do BPL com a densidade de 1 sistema por
quilômetro quadrado, teremos interferências na recepção de rádio nos aviões de um nível moderado a alta
intensidade a uma altitude menor que 6 quilômetros dentro de um raio de 12 km de implementação do
sistema BPL. (19)
A foto 2 apresenta a antena multibanda para HF utilizada pela FAB no Aeroporto de Anápolis/GO. As
forças armadas utilizam ativamente o HF para manterem suas comunicações com unidades dispersas
geograficamente, inclusive em áreas não previstas de “proteção” PLC (Foto: Gustavo Maia, 2007).
Foto 2: Antena multibanda para HF utilizada pela FAB no Aeroporto de Anápolis/GO.
Foto: Gustavo Maia, 2007.
Notem: num período ainda grave da aviação nacional, onde todas as formas de proteção ao vôo e
comunicações entre aeronaves estão sendo empreendidas na esfera pública e privada para que acidentes
aéreos sejam evitados e as comunicações sejam ao máximo eficientes, um momento de grande batalha
contra emissoras clandestinas que interferem em comunicações com as torres dos aeroportos, de
remanejamento de rotas, de novos métodos de treinamento em profissionais de comunicação aeronáutica, a
tecnocracia de Brasília teve o disparate de previamente autorizar interferências PLC em segmentos de
Ondas Médias ocupados por NDBs acima dos 1700 kHz, Non Directional Beacons, sinais de rádio
localizados em aeroportos que servem de balizas para os aviões, mesmo quando a razoável distancia do
visado parque aeronáutico. Um serviço fundamental inclusive para aeronaves de pequeno porte. (20)
11
Mais do que freqüências e sinais pontuais, o espectro em sua totalidade é importante pois ele prevê
ocupações atuais ou futuras. Não se trata de defender localizações específicas, como desejam os empresários
do setor elétrico, mas de atuais e futuros licenciamentos. O PDFF não se resume à ocupação presente, mas a
segurança do planejamento na utilização futura por aquele serviço.
O espectro está a disposição do serviço e não apenas das emissoras singulares. Não cabe ao setor elétrico
decidir sobre o que “filtrar” e nem a ANATEL enquanto poder público submeter o seu gerenciamento
espectral às limitações técnicas de um único serviço de comunicação comercial, especialmente secundário
como o PLC.
Tais amnésias e distorções do modelo PLC são sintomáticas: escancaram como um setor que não é
estritamente de radiocomunicação, pretende avançar de maneira beligerante sobre um espaço que lhe é
estranho, diverso, adverso, que contempla uma variedade de serviços e tipologias de propagação que são
tratados como um mero detalhe a ponto de ser ignorado.
A celeridade no trato da questão demonstra a total liquidação dos questionamentos para que com a
disponibilidade de mais banda possam livremente promover seu serviço, independente que isso cause
interferências significativas e represente um retrocesso em engenharia espectral em detrimento do bem
público e do planejamento de fato abrangente e coerente da democratização digital.
Fica pois a questão: Será que os membros do Ministério das Comunicações, da Casa Civil, da ANATEL, se
responsabilizariam pela decisiva contribuição em degradar o ambiente radioelétrico, ameaçando a eficiência
de comunicações emergenciais pelo rádio em HF?
A foto 3 apresenta os equipamentos de comunicação em HF-ALE num Super Tucano Embraer A-29B da
FAB no Aeroporto Pinto Martins (SBFZ). O PLC em escala poderá aumentar o noise floor em HF,
prejudicando a captação especialmente de sinais débeis em comunicações emergenciais.
Foto 3: Equipamentos de comunicação em HF-ALE num Super Tucano
Embraer A-29B da FAB no Aeroporto Pinto Martins.
Foto: Davi Ribeiro, JetPhotos.
12
Não custa lembrar que o primeiro aviso do acidente aéreo da Gol como jato Legacy em 2006 – que vitimou
mais de uma centena de brasileiros - não veio por qualquer meio convencional como celular ou satélite, mas
sim através de uma testemunha que utilizou um transceptor de HF localizado em uma fazenda próxima do
local do acidente no Estado do Mato Grosso, se comunicando com um radioamador na cidade de Goiânia.
(21)
Se as interferências PLC estivessem em atuação naquele momento, será que o aviso de emergência advindo
da fazenda via rádio seria ouvido?
Portanto fora das idealizadas “zonas de exclusão e proteção” ou das “faixas de exclusão”, restaria aos
demais serviços, especialmente ao cidadão brasileiro que escuta rádio como um meio de informação
democrática e gratuita, a prévia condenação para conviver com a poluição PLC.
A engenharia espectral neste caso significa compartilhamento da sujeira RFI com a população civil. A boa
relação sinal/ruído se torna um privilégio vetado aos demais serviços de telecomunicações em benefício dos
ruídos promovidos pelas empresas de distribuição elétrica num negócio de telecomunicações pago e privado.
Na figura 4 o HF é utilizado para serviços utilitários, seja em faixas exclusivas como compartilhadas. Neste
caso são mostrados sinais digitais em SDR ao redor de 6,4 MHz, Serviço Móvel Marítimo, captados no Brasil
em março de 2009. Essa banda também está fora da “proteção” dos ruídos PLC.
Figura 4: Sinais digitais em SDR ao redor de 6,4 MHz (Serviço Móvel Marítimo)
captados no Brasil em Março/2009.
Em termos espectrais - entre as Forças Armadas - será a Marinha do Brasil que mais perderá espectro
para as empresas distribuidoras de eletricidade se o PLC for instituído nos moldes propostos. De 4,4
MHz de espectro, apenas 0,042 MHz estariam teoricamente com interferências reduzidas! Do que eram
freqüências da Marinha, apenas 0,95% permanecerá teoricamente com ela.
Ao analisar a canalização proposta pela ANATEL, a maioria dos segmentos da Marinha estará
vergonhosamente dividido em canais de 1 kHz, insuficiente mesmo para uma comunicação convencional em
SSB, quanto muito uma filtragem eficiente dos dispositivos PLC. Em porções específicas como em 12,2
13
MHz, o setor elétrico invadirá 99,18% do que era antes destinado exclusivamente ao Serviço Móvel
Marítimo.
Outra curiosidade: entre os logs de monitores especializados e aficionados de rádio utilitário, de 30
freqüências utilizadas pela FAB, Exército Brasileiro e Marinha em 9 faixas do MW/HF; 28 delas estariam
totalmente fora de qualquer pretensa proteção PLC, inclusive utilizadas pelo SIVAM e o Centro
Amazônico.
A própria diversidade de modos monitorada (inclusive criptografados) demonstra a grande utilidade do HF
para as comunicações de segurança nacional de natureza militar: USB, Packet, Serial Modem 300 L,
MIL-STD, SITOR-B, PACTOR-FEC, RTTY, G-TOR. (22)
O esquema 1 apresenta um sistema de comunicação militar digital (wireless e-mail) entre tropas e comando
proposto pela Harris Corporation. Como em outros sistemas semelhantes, há interoperabilidade com o HF,
um segmento fundamental para unidades distantes em formação de links ALE em HF (Automatic Link
Establishment) e mesmo formação de HFGCS (HF Global Communication System) (23).
Esquema 1: Sistema de comunicação militar digital (wireless e-mail) proposto pela Harris Corporation.
Entre os outros serviços e usuários a serem interferidos constam mais de 60.000 estações de faixa do
cidadão e tantos outros milhares de caminhoneiros que operam tanto na configuração fixa ou móvel nas
principais vias do país; e mais de 33.000 estações de radioamador que estarão 5 de suas 9 faixas de MF/HF
obtidas em acordos internacionais invadidas pelo setor elétrico. Todos são agentes ativos de
telecomunicações que pagam pelo uso de espectro e terão agora suas faixas invadidas pelo PLC. Tais
serviços oferecem em várias posições geográficas a única forma de comunicação efetiva com o resto do país.
14
PLC/BPL: Interferências 1
Interferências na Radiodifusão Sonora Pública e Gratuita
Todas as faixas de radiodifusão em Ondas Curtas e Tropicais estarão ameaçadas se a ANATEL e ANEEL
seguirem com a atual proposta PLC.
Como tais segmentos permitem que os sinais de rádio atinjam grandes distâncias, eles são utilizados tanto
para comunicações regionais, nacionais ou além fronteiras, permitindo ao brasileiro o livre acesso a
programação de estações internacionais em diversos idiomas – inclusive em português – como da Rádio
Exterior de Espanha, Rádio Nederland (Holanda), RDP (Portugal), BBC (Reino Unido), Voz da América
(EUA) , Rádio França Internacional, NHK Japão, Deutsch Welle (Alemanha), Rádio Canadá Internacional,
Rádio China Internacional, Rádio Vaticano, Rádio Havana Cuba, Rádio Nacional da Venezuela, Rádio
Argentina Exterior, apenas para citar algumas, todas recebidas no Brasil sem retransmissoras locais, rede
intermediária, modem, mensalidades, apenas por ondas diretamente captadas por simples receptores de
rádio.
A figura 5 apresenta a composição espectral da Rádio Internacional da China emitindo para a América do
Sul em 13,7 MHz, faixa de rádio dos 22 metros, captada em São Paulo.
Figura 5: Espectro da Rádio Internacional da China captada em São Paulo.
As Ondas Curtas e Tropicais são também são utilizadas dentro do Brasil para comunicações regionais: a
Rádio Senado, por exemplo, oferece seu serviço em Ondas Curtas para sua audiência dispersa pelo nordeste.
O mesmo acontece com a Rádio Nacional da Amazônia, emissora da Radiobrás que há anos presta serviços
inestimáveis a todos os estados da região norte em Ondas Curtas nas faixas de 6 e 11 MHz com 250
kW atingindo mais de 50% do território nacional.
Estações como Rádio Cultura de São Paulo, Rádio Bandeirantes, Rádio Globo Rio, CBN, Rádio Record,
Rádio Inconfidência, Rádio Gaúcha, Rádio Aparecida, Canção Nova, Rádio Nacional do Brasil, Rádio
Mundial, entre muitas outras estão com suas licenças conquistas há anos em concorrências públicas, com
investimentos efetivados e em pleno desenvolvimento nestas faixas, sendo escutadas em vários pontos do
país e no exterior.
A figura 6 apresente o sinal da Rádio Inconfidência de Minas Gerais na faixa de rádio dos 49 metros,
captada em São Paulo. Na parte superior é apresentada a análise espectral imediata convencional e na parte
de baixo a perspectiva temporal em gráfico FFT. Este sinal será sumariamente interferido em locais que o
PLC estiver em atuação.
15
Figura 6: Sinal da Rádio Inconfidência (MG) captada em São Paulo.
Apenas no Brasil são 100 concessões de radiodifusão em Ondas Tropicais e Ondas Curtas em 20
estados brasileiros. No entanto os ouvintes terão dificuldades de recepção com a imposição de
interferências altamente destrutivas que praticamente inviabilizarão os serviços.
Tratamos, portanto de um caso de censura eletrônica ocasionada por uma tecnologia poluidora de ampla
ocupação espectral, um enorme malefício para quaisquer condições mínimas de recepção para ouvinte em
região afetada pelo PLC.
A tabela 1 apresenta as faixas de radiodifusão no Brasil, sendo que todas foram liberadas para interferências
PLC, segundo a Consulta Pública.
Tabela 1: Faixas de radiodifusão no Brasil.
MHz
Denominação
2,3 – 2,495
Radiodifusão banda dos 120 metros
3,2 – 3,4
Radiodifusão banda dos 90 metros
3,9 – 4
Radiodifusão banda dos 75 metros
4,75 – 5,060
Radiodifusão banda dos 60 metros
5,730 – 6,295
Radiodifusão banda dos 49 metros
6,895 – 6,99
Radiodifusão banda dos 41 metros
7,1 – 7,6
Radiodifusão banda dos 41 metros
9,4 – 9,99
Radiodifusão banda dos 31 metros
11,5 – 12,16
Radiodifusão banda dos 25 metros
13,57 – 13,87
Radiodifusão banda dos 22 metros
15,030 – 15,8
Radiodifusão banda dos 19 metros
17,48 – 17,9
Radiodifusão banda dos 16 metros
16
18,9 – 19,02
Radiodifusão banda dos 15 metros
21,45 – 21,85
Radiodifusão banda dos 13 metros
25,67 – 26,1
Radiodifusão banda dos 11 metros
De acordo com as edições do boletim DX Listening Digest, durante o primeiro semestre de 2009, 41
freqüências de Ondas Tropicais e Ondas Curtas ocupadas por estações brasileiras foram escutadas em 14
diferentes países apenas no primeiro trimestre de 2009, entre os mais distantes na Austrália, Rússia e
Suécia.
O ouvinte Paul Brouillete, da cidade de Geneve, Illinois, Estados Unidos, comentou sobre a Rádio Brasil
Central em Ondas Curtas, em 31 de janeiro de 2009: “Ótimo programa local musical, em sua maior parte
com material acústico, acordeons, guitarras e maravilhosos vocais harmônicos, seguidos de jingles e
identificações da estação com chamadas ao programa recordação ou – em nosso idioma – nostalgia (...). E
o sinal continuou forte às 01:15 após nova checagem, bem agradável para audiência musical! Foi
uma local saturday nite” (24).
Dentro do Brasil há também comentários contundentes sobre a programação de rádio diferenciada
encontrada nas Ondas Tropicais e Curtas, sem precisar pagar contas de provedor para dispor do conteúdo.
Foi o caso de Jorge Freitas, de Feira de Santana, Bahia, ao comentar a programação da Rádio Nacional da
Amazônia em 11780 kHz: “Uma coisa é certa: o pessoal da região norte tem uma rádio com uma
programação de excelente qualidade, escuto agora às 0230 UTC o programa Madrugada Nacional (...).
Uma excelente voz, com poesias, dicas de saúde, frases entusiastas, notícias e acima de tudo música
nacional de qualidade, espero que a propagação não leve para lá o lixo de programação que paira na
maior parte das rádios (...)” (25).
A figura 7 apresenta Parte do espetro correspondente a faixa de rádio de 31 metros, um dos segmentos
destinados a radiodifusão. Cada traço representa uma estação de rádio captada às 21:10 LT em São Paulo.
As interferências PLC são tão amplas que ocuparão todo esse espectro e as laterais simultaneamente,
impossibilitando as escutas de todas essas estações hoje disponíveis ao ouvinte brasileiro.
Figura 7: Parte do espetro da faixa de rádio de 31 metros.
A ANATEL, por meio da consulta pública, indicou a necessidade de prévio aviso e identificação dos
usuários de rádio se o PLC for implementado em suas vizinhanças. O que nos faz pensar: de que adianta
avisar o engenheiro da possível implementação do PLC nas cercanias da sua estação de radiodifusão, se o
ente efetivamente interferido, e não apenas o objeto de interferência, está difuso entre milhões de ouvintes,
localizados dentro de milhares de quilômetros quadrados, ao redor e distantes do parque difusor? O ouvinte,
que é um usuário passivo do espectro de rádio, que pode estar em cada casa, fazenda ou automóvel, todos
serão avisados das interferências que o PLC causará? E como eles defenderão seus direitos de escutar suas
estações de rádio?
A radiodifusão brasileira em geral necessita atualizar seu parque emissor. Isso já está em curso algumas
estações nas Ondas Curtas, como a Rádio Cultura de São Paulo. José Carlos Moreno Escribano,
17
Coordenador de Manutenção de RF: “Estamos passando por obras junto à nossa estação de ondas curtas, e
houveram mudanças radicais nas características do solo, acreditamos que isso tenha resultado na perda
de eficiência de nossas antenas de transmissão. Um novo projeto com novos transmissores e novas antenas
e até um novo local está em andamento, e com isso poderemos substituir os transmissores que são muito
antigos e de difícil manutenção e aumentar a qualidade de nosso sinal (...) atualmente nosso transmissor
de 16 metros é um Philips de 1 KW. O Projeto prevê um transmissor de 10 KW. Particularmente, esta
freqüência tem características de propagação peculiares, e atingem outros continentes (...). Atualmente os
transmissores de 31 e 49 metros são de 7,5 KW, portanto não haverá aumento significativo de nível em dB,
mas acreditamos que com novas antenas, mais eficientes, obtenhamos melhor desempenho” (26).
Como ficarão os investimentos já feitos e planejados do setor de radiodifusão frente à inviabilização de suas
faixas pelo PLC? Não seria justa uma ação judicial de ressarcimento de gastos ao governo e as empresas
promotoras do PLC frente à degradação do ambiente radioelétrico das Ondas Curtas e Tropicais?
A figura 8 apresenta os fortes sinais da Rádio Voz da América (esq) e Rádio França Internacional (dir)
captadas em São Paulo nas faixas de rádio de 16 metros e 13 metros, emissoras que serão censuradas
eletronicamente pelo PLC, uma restrição ao ouvinte brasileiro em seu acesso a informação pública e
gratuita.
Figura 8: Sinais da Rádio Voz da América (esq) e Rádio França Internacional (dir)
captadas em São Paulo.
Outro agravante do PLC/BPL é seu avanço no espectro do VHF-baixo. Isso significa que até mesmo as
comunicações auxiliares de radiodifusão e correlatos (SARC) em 42 MHz estarão susceptíveis às
interferências.
Essas e outras inusitadas questões são praticamente insolúveis, pois os promotores do modelo PLC nunca
consideram o lado mais fraco, dos ouvintes de rádio, como parte fundamental dessa história de imposição de
uma tecnologia interferente.
Interferências Contra Novas Formas de Comunicação Digital
Curiosamente o argumento de democratização do acesso às comunicações digitais por fios PLC inviabiliza
outras tecnologias gratuitas de comunicação sem fios.
O espectro de radiodifusão a ser bloqueado pelo PLC é campo de desenvolvimento do interessante
Consórcio DRM, Digital Radio Mondiale, modelo de radiodifusão digital em escala mundial, multimídia,
18
que serve tanto a grandes empresas de comunicação social como emissoras de baixa potência universitárias
na Europa. Oferece múltipla programação na mesma freqüência, boa qualidade de áudio, transmissão de
imagens e texto simultaneamente aos serviços de áudio. É um sistema em desenvolvimento por várias
emissoras internacionais de rádio já citadas, além da indústria de equipamentos e codificadores como a
Dolby, Fraunhofer, Harris, Hitachi, Nec, Nautel, Panasonic, Riz, Bosh, Sony, Thomson, Transradio.
A foto 3 apresenta o novo receptor digital DRM lançado na França em 2009 que utiliza as Ondas Tropicais e
Curtas digitais. Esses avanços tecnológicos em radiodifusão que poderão ser inócuos no Brasil devido às
interferências PLC (27).
Foto 3: Novo receptor digital DRM lançado na França em 2009.
O espectro de HF ainda oferece canais de difusão ao nosso país. Se bem organizado, poderia atender ao
menos parte da demanda por emissoras comunitárias de baixa potência, bem como oferecer mais
comunicações regionais e nacionais com qualidade digital.
Diariamente ocorrem mais de 100 transmissões DRM com audiência global em Ondas Curtas com uso de
receptores experimentais e free-softwares. O sistema inclusive já foi testado no Brasil pela Faculdade de
Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília e pela Rádio Nacional de Brasília (28).
A figura 9 apresenta a formação espectral da rádio CVC de Santiago, Chile em DRM com áudio digital pleno
pelas Ondas Curtas, captada em São Paulo.
Figura 9: Formação espectral da rádio CVC de Santiago (Chile) captada em São Paulo.
Ouvintes brasileiros também monitoram os sinais internacionais DRM. Um exemplo é o radioamador e
engenheiro Roland Zumerley que captou no início de 2009, além das mais potentes emissoras de DRM em
Ondas Curtas, o sinal da IRTE em 26,010 MHz a 13,06 kbit/s EEP AAC, emitindo com apenas 100 watts da
cidade de Andrate, Itália; e a All India Radio em 9,950 MHz com 13,96 kbit/s EEP AAC, com SNR maior
19
que 20 dB, transmitindo com 50 kW de Khampur, Índia. Embora as transmissões fossem direcionadas a
Europa, elas foram bem captadas no Brasil: “Impressionante qualidade de áudio. Uma pena que estão
falando híndi”, comentou Roland (29).
A figura 10 apresenta a chamada da Rádio Exterior de España/Rádio Nacional para sua emissão em DRM.
Apenas esta emissora emite em 13 diferentes freqüências para toda América do Sul em 18 serviços e 6
idiomas (português, espanhol, catalão, basco, galego, sefardí). Para toda a América são 27 freqüências
incluindo os idiomas inglês e francês. Ela ainda emite o ponto de vista da sociedade espanhola para mais 5
targets: Europa, Oriente Médio, África, Austrália e Ásia, todos em Ondas Curtas e Tropicais. Estratégias
semelhantes são utilizadas por várias estações internacionais (30).
Figura 10: Chamada da Rádio Exterior de España/Rádio Nacional para emissão DRM.
A Faculdade de Engenharia Mackenzie, diante da questão da digitalização do rádio brasileiro, já manifestou
desejo de seguir com pesquisas envolvendo os diferentes modelos de digitalização do rádio. O DRM é a
única proposta de digitalização multibanda que envolve as Ondas Tropicais e Curtas, facilitando decisões
governamentais por digitalização híbrida, tal como considerado no Brasil unido ao IBOC. Empresas de
receptores e mesmo transmissores já oferecem hardwares comuns para vários modelos digitais. Nações em
desenvolvimento como Índia e Rússia deram fortes indicações no início de 2009 para adotar oficialmente o
DRM (31).
Independente da decisão que o nosso país seguir, é evidente que entregar o espectro de radiodifusão em
MF/HF para os empresários do setor elétrico e inviabilizar a radiodifusão nessas faixas caracteriza um
descaso com um bem público valioso de integração nacional por meio da comunicação social.
A figura 11 apresenta o serviço experimental de texto “Journaline” transmitido junto com o sinal de rádio
DRM da Voz da Alemanha. As manchetes são clicáveis em hierarquias de informações mais detalhadas. (32)
20
Figura 11: Serviço experimental de texto “Journaline” transmitido
pela rádio DRM da Voz da Alemanha.
Por que privar os radiodifusores atuais e potenciais, bem como o povo brasileiro ao acesso de uma nova
tecnologia de difusão digital gratuita sem fios, de abrangência internacional, com um viés de livre
experimentação técnica e de pesquisa aplicada universitária, podendo atender várias demandas de
comunicação social, de maneira integrada com outros sistemas de digitalização? Devido a um serviço por
fios cuja característica indelével e marcante é a sua imensa geração de interferências, um sistema que
inclusive não é a única opção de integração e democratização digital pela popularização da banda larga?
O gráfico 3 mostra a representação da direta relação Sinal/Ruído para recepção do áudio digital de boa
qualidade. Infelizmente o PLC gera tanto ruído em largo espectro que a relação é extremamente reduzida,
impossibilitando qualquer desenvolvimento da radiodifusão digital nessas faixas. Neste caso se trata dos
momentos finais da captação no Brasil da CVC de Santiago do Chile, sem a presença do PLC.
Gráfico 3: Relação Sinal/Ruído para recepção do áudio digital de boa qualidade.
21
PLC/BPL: Interferências 2
Interferências nas ciências do rádio
O HF apresenta uma propagação de rádio que é reflexo direto do comportamento geomagnético na sua
interação com as radiações solares. Matriz de vários estudos clássicos de telecomunicações, é no espectro de
HF que ocorrem as mensurações de meteorologia especial (space weather), dinâmico campo de pesquisa da
aeronomia, geofísica e astrofísica.
No Brasil há ionosondas de MF/HF localizadas em Cachoeira Paulista, Fortaleza, São Luiz e Santa Maria
para prover informações sobre as alturas das camadas ionosféricas, MUF, foF2, foEs, toda uma sorte de
dados fundamentais para a compreensão dos fenômenos físicos e das condições que afetam, por exemplo, o
comportamento de satélites durantes tempestades solares, inclusive da constelação GPS.
O gráfico 4 apresenta os ionogramas recebidos de digisondas em MF/HF localizadas Cachoeira Paulista e
Fortaleza pelo DAE/INPE em março de 2009 (33).
Gráfico 4: Ionogramas em MF/HF de Cachoeira Paulista (SP) e Fortaleza (CE).
Pelo HF também ocorrem observações radioastrômicas, tanto que a NASA há anos promove com sucesso
em todo o mundo o projeto Rádio JOVE, a distribuição de kits receptores, antenas para monitoramento de
Júpiter em HF (bandas decamétricas). Considerando a facilidade na aquisição dos kits e equipamentos gerais
estas faxias, a atividade se tornou pioneira para projetos educacionais em radioastronomia, para fomento e
divulgação científica, com formação de uma rede de observadores estudantis, futuros profissionais de
comunicação e da ciência do rádio. A NASA destinou mais de 10 receptores ao Brasil, segundo o
coordenador do programa, o físico James Thieman. Por meio de oscilador local comum dos receptores,
foram desenvolvidos interferômetros de baixo custo em HF apenas utilizando dipolos em fase (34).
A foto 4 apresenta estudantes no México, Porto Rico e Estados Unidos montando kits de receptores HF e
antenas Radio JOVE (NASA).
22
Foto 4: Estudantes montando kits de receptores HF e antenas Rádio JOVE.
Com o apoio de instituições científicas internacionais, algumas faixas de Ondas Curtas (13 MHz, 25 MHz,
38 MHz) foram selecionadas pela ITU para o uso da radioastronomia. Obviamente qualquer aumento no
nível de ruído nesses segmentos significa comprometimento no trabalho de pesquisa.
O Comitê Especializado da Fundação Européia para Ciência (ESF), por meio do Comitê de Freqüências em
Radioastronomia (CRAF) lembra que as freqüências de HF: (...) são muito importantes para pesquisa de
radiação vinda de Júpiter (...) Júpiter é o único rádio-planeta observável do solo terrestre e seu estudo é
uma maneira única de desenvolver modelos teóricos de rádio emissões de todos os outros planetas. As 3
bandas também são utilizadas para observações solares (...) O Sol é a estrela mais próxima e seu estudo
nos habilita a um entendimento aprofundado dos mecanismos de rádio emissão de todas outras estrelas
(35).
Os cientistas também utilizam radares de pesquisa geofísica no VHF baixo. Esse é o caso do INPE com
equipamentos próximos dos 50 MHz, a exemplo do Rádio Observatório Jicamarca, captado no Brasil em 49
MHz. (36)
Gráfico 5: Júpiter captado no final de 2008 em HF com equipamentos do Rádio JOVE (NASA).
No entanto, todas essas faixas estão na mira das interferências PLC. O radioastrônomo John Fielding
escreveu acerca da atual Consulta Pública no Brasil: “(...) Os níveis propostos [pela ANATEL]
são desastrosos para todos os modos de comunicação que envolvem sinais débeis, como a
radioastronomia. Os níveis propostos irão causar interrupção geral em quaisquer comunicações nessas
bandas para sinais com níveis menores que S7. Os níveis são dados em uV/metro e são geralmente
mensurados com antena com 1 metro de comprimento para calibração do receptor na distância requerida
da fonte interferente PLC que gerará 30uV de sinal no receptor. Se a antena mudar para o comprimento
de 2 metros o sinal esperado é de 60 uV, S9+10dB. Com 3 metros o sinal será aproximadamente de 90 uV.
Com uma antena com um quarto de onda para a banda de 40 metros, o sinal esperado a 30 metros da fonte
interferente PLC será de 600uV ou ao redor de 30 dB sobre 9!”
23
A figura 11 apresenta o sinal horário do Observatório Nacional transmitido no Rio de Janeiro no início de
2009, freqüência aproximada de 10 MHz.
Figura 11: Sinal horário do Observatório Nacional transmitido no Rio de Janeiro.
Acrescentam-se ainda serviços de operação espacial, auxílios meteorológicos e freqüências-padrão da ITU.
No total são 12 bandas a serem expostas ao PLC, em plena utilização pelas estações-baliza horárias,
inclusive do Observatório Nacional em 10 MHz que reativou seus serviços no final de 2008 (37).
O PLC Interfere e é Interferido
Assim como as redes de energia elétrica com PLC atuam como “antenas” gerando RF interferente, elas
também são receptoras e todo sistema é suscetível a interferências “externas”. Qualquer emissão de RF nas
proximidades de uma conexão PLC/BPL vai diminuir a velocidade de conexão e causar instabilidades.
Como a mesma rede está conectada a outros dispositivos, eles poderão atuar como reprodutores de
interferência e desestabilizar o PLC. Isso inclui as lâmpadas, eletrodomésticos, fontes chaveadas,
carregadores de celular, secadores de cabelo, toda sorte de conexão elétrica, dimmers, interferentes por
ruído impulsivo síncrono e motores, enquanto aspiradores de pó e barbeadores como ruídos impulsivos de
alta freqüência.
A situação deplorável na manutenção de algumas redes e a clandestinidade com o roubo de energia elétrica
pública com perigosas conexões piratas também são elementos depreciativos que afetarão o funcionamento
real e não de propaganda do PLC no Brasil.
Já em 2009 a Revista Info realizou teste com um dos dispositivos PLC da Siemens (custo de 699 reais) que é
diretamente conectado a tomada (outra vulnerabilidade física do produto: a exposição direta a raios,
variações e picos de tensão). Além de atingir menos de 1/4 da velocidade teórica, o PLC interferiu em outros
equipamentos elétricos como telefone sem fio, segundo o autor: “...algo comum quando juntamos um
equipamento desse tipo com outros eletrônicos que usam radiofreqüência” (38).
O gráfico 6 apresenta os níveis médios de ruídos em zona industrial (linha vermelha superior), zona
residencial (rosa) e rural ruidosa (pontilhada amarela). Os níveis de intensidade de campo PLC a 30 dBuV/m
excedem todos os ruídos esperados e superam a escala do gráfico, degradando o espectro e alterando
consideravelmente o ambiente radioelétrico (39).
24
Gráfico 6: Ruídos em zona industrial (vermelho), residencial (rosa) e rural ruidosa (amarelo).
Quando engenheiros da ANATEL, em reunião no dia 07 de novembro de 2008, foram questionados pela
LABRE sobre a disponibilização pública dos estudos técnicos do PLC a resposta foi: “os documentos
produzidos possuem informações específicas dos equipamentos que estariam cobertas por sigilo
(comercial), motivo pelo qual não estão, em princípio, à disposição”(40).
Ora, para imposição de um sistema interferente é advogado o interesse e demanda pública, no entanto na
divulgação de resultados dos testes prevalece o interesse privado e o cerceamento ao acesso de informações.
25
PLC/BPL: Consumidor e Democratização
Os Direitos do Consumidor
Os press relases espalhados na internet e geralmente reproduzidos acriticamente por blogs e sites de
tecnologia, advogam a possibilidade da internet por banda larga via rede de energia elétrica e assim a
democratização do acesso, como se um novo player estivesse se consolidando.
Mas qual será o preço que o consumidor final irá pagar? Qual o modelo de negócios a ser proposto? Qual a
velocidade vendida e a velocidade real para o consumidor final?
As respostas – quando existentes – são vagas, revestidas de caráter político, criando uma falsa expectativa
diante da imensa demanda no Brasil por banda larga.
Nos Estados Unidos, seguidos governos municipais e estaduais estão abandonando o PLC/BPL. Em 2008
eram apenas 27 cidades comprovadamente em testes para uma potência comercial como os EUA, ainda
antes da recessão, em uma rede pública de energia elétrica infinitamente melhor preservada que a brasileira.
No entanto dessas iniciativas, 13 serviços estavam sob investigação da FCC por interferirem em faixas
teoricamente consideradas protegidas.
Outros 37 testes foram realizados e definitivamente encerrados nas cidades americanas, 20 deles
com problemas insolúveis de interferências. Há ainda outras 16 cidades que inicialmente chegaram a
planejar o PLC em seus horizontes de digitalização, mas consideraram o sistema caro e gerador de
interferências; redirecionando seus recursos a outras tecnologias de comunicação digitais mais eficientes
(41).
A administração da pequena cidade de Mannassas, no interior rural dos EUA, um dos primeiros focos da
indústria elétrica, da FCC e da FERC, reassumiu no último semestre de 2008 o controle de sua rede
experimental PLC para manter temporariamente apenas as medições smart grid, em vista de ser substituída
por sistema wireless. Para tanto a comunidade teve que realocar mais de 100 mil dólares de seu fundo
municipal, além dos 640 mil dólares já investidos nas empresas que testaram até então a rede local PLC. Foi
o preço pago por um early adopter público ao investir inadvertidamente em induções de mercado e
modismos comercias (42).
No meio das incertezas e segredos industriais no Brasil, começaram as indicações do viés comercial do
negócio PLC ao invés da plena democratização digital.
Vinícius Cherobino abordou a questão em seu artigo Por que o PLC não vai revolucionar o acesso à
internet: “(...) a banda larga pela rede elétrica não vai alterar drasticamente o panorama do acesso a
internet. E o grande culpado disso é o modelo de negócios escolhido pelas concessionárias de energia. As
duas empresas que revelaram seus planos indicaram, com clareza, que não vão oferecer o acesso a
internet diretamente para consumidores ou empresas. Tudo indica que esta será a tônica de todas as
companhias. Com isso, o PLC será apenas mais uma tecnologia de acesso oferecida aos provedores de
internet. As mesmas empresas que hoje dominam o mercado atuando com cabo ou ADSL. Na prática, isso
significa que a vantagem de preço, a velocidade maior e taxas iguais de upload e download serão
oferecidos conforme o interesse do provedor de acesso. Quem esperava que o PLC nascesse derrubando
os preços e trazendo mais competição a esse mercado, se enganou” (43).
26
Outro ponto crítico: como o consumidor será devidamente informado das instabilidades do sistema e suas
limitações? Como explicar ao consumidor que seu único e aparentemente inofensivo dispositivo PLC,
quando em escala, criará um nível de ruído suficiente a prejudicar outros serviços de telecomunicações?
Qual qualidade de serviço será contratada? Qual a confiabilidade do sistema? Uma rede no estado X ou
cidade Y atuará da mesma maneira do que na região Y, a ponto de considerar-se padrões uniformes de
funcionamento?
Como o governo pode autorizar um sistema tão incerto ao consumidor e associá-lo a democratização?
Apenas devido a capilaridade da rede, que por sinal é imprópria para o serviço nessas faixas de freqüências?
O Jornal da Globo exibido na madrugada de 15 de novembro de 2008 noticiou as quedas no fornecimento
público de energia elétrica em Belo Horizonte, cujo restabelecimento do serviço levou 18 horas para ser
concluído. Isso em uma capital de um importante estado. O que dizer do interior, em zonas rurais ou estados
periféricos tão citados pelos defensores do PLC?
Já na noite de 16 de março de 2009, o Jornal da Band noticiou sobre as quedas diárias de energia elétrica em
Inhumas, Goiás, que chegou a prejudicar a tradicional produção econômica nas granjas da região.
No total a ANEEL recebeu mais de 100.000 denúncias a respeito de grandes atrasos abusivos no
restabelecimento de energia apenas entre janeiro e outubro de 2008.
Como pode um sistema que é questionado no que basicamente se propõe a fazer, distribuir adequadamente
energia, avançar em outra atribuição tão séria de telecomunicação? Como ficariam usuários de banda larga
após 18 horas sem internet? Quem pagará pela conta e retornará o dinheiro ao consumidor brasileiro pela
ausência de serviço?
Democratização?
Uma das promessas do PLC/BPL é levar banda larga em áreas carentes onde a princípio sequer há
disponibilidade de internet. O exemplo mais dramático dessa realidade social está nas comunidades isoladas
da Amazônia, com mais de 1 milhão de domicílios e ao redor de 4 milhões de brasileiros que vivem sem rede
de energia elétrica convencional.
Apenas 0,7% das comunidades isoladas do Estado do Amazonas têm energia elétrica via concessionária. Na
maioria destas residências as poucas horas de energia são providas por geradores de diesel ou gasolina, além
de pilhas. Com uma renda familiar oscilando entre 85 reais e 302 reais, há comunidades onde quase metade
do pouco que ganham são despendidos para custear a energia por pilhas, baterias e geradores. Imagina-se o
estado deplorável da fiação de distribuição, quando existente.
Situação semelhante ocorre no semi-árido nordestino. O estudo de campo realizado por Heitor Scalambrini
Costa e Ricardo Bezerra Pimentel (UFPE) identificou em 70% de residências nas áreas rurais não
eletrificadas de 12 municípios pelo interior pernambucano, uma renda familiar menor ou igual a 1 salário
mínimo.
Se a razão é democratizar a comunicação digital, o modelo proposto do PLC contempla tais comunidades
isoladas com populações em condições paupérrimas, onde até a promoção da comunicação analógica e da
tradicional educação, sem computadores, é recebida de bom grado?
27
Quais os testes brasileiros que foram feitos com fazendas afastadas, pontos de conexão realmente isolados
entre si, ou seria o custo tão alto a ponto de inviabilizar tal rede?
Vale ressaltar que para tais casos a disponibilidade racional de energia elétrica pode ser mais eficiente e
barata por meio de fontes limpas e autônomas, de baixo impacto ambiental, com unidades de energização
solar fotovoltaica, como aplicada nos vários países em desenvolvimento (44).
Como ficaria pois a formação de uma rede de comunicação centralizada PLC se o próprio modelo de rede
de energia elétrica pode ser um conceito ultrapassado, ineficiente e não ecológico para áreas carentes?
Várias pesquisas atestam a importância da rádio comunicação para a população rural, eletrificada ou não. É
uma questão cultural, de hábito de comunicação e de serviço público.
No exemplo pernambucano, entre as posses de eletrodomésticos, mais de 60% das famílias tinham
receptores de rádio e pouco mais de 15% televisão, sendo o uso de pilhas e baterias fatores para a
popularização do rádio em sua portabilidade (45).
Carlos Alexandre do Santos Nogueira, do Núcleo de Eficiência Energética da UFAM, em estudo de campo
sobre as comunidades do Alto Solimões, percebeu a necessidade do desenvolvimento do rádio – e não seu
enfraquecimento – em áreas afastadas dos grandes centros: “O isolamento e dificuldade de comunicação
com a cidade e outras comunidades foi outro item de necessidade [identificado]. Com a implantação de
um sistema de rádio para comunicação, será possível avisar de qualquer problema de saúde com
comunitários (...). A rádio-comunicação terá grande importância na superação das barreiras naturais que
envolvem a região compreendida pelas comunidades, destacadamente direcionando sua utilização para os
processos de comercialização, saúde e intercâmbio comunitário” (46).
Mesmo nas grandes cidades do sudeste, onde há maior densidade de PCs, redes, e mesmo de maior renda
relativa, há dificuldades para que novas tecnologias sejam implementadas adequadamente, uma realidade
social e financeira muito além da idealização de inclusão digital e da propaganda empresarial, que se nutre
da carência para condicionar novos negócios com tecnologia questionável e custos incertos.
O texto de Luciana Benatti no jornal Diário de Comércio demonstra o problema em São Paulo, na instalação
de um teste PLC no CDHU da Mooca:
“Desde agosto, quando mudou com a família para um apartamento no conjunto habitacional
da Mooca, Andréa Barbosa mantém a expectativa de poder navegar na internet até pela
tomada do banheiro como foi prometido na inauguração da obra. O computador comprado
depois da mudança se encontra hoje desligado, sobre a mesa da sala. A CDHU atribuiu aos
próprios moradores, que não teriam se organizado para contratar um provedor de acesso, o
ônus da falta de acesso à internet nas tomadas dos apartamentos.
Outra iniciativa anunciada como parte do pacote de inclusão digital dos moradores do
conjunto, cujos moradores são famílias com renda mensal de um a três salários mínimos,
também não vingou. Uma sala, na parte térrea do conjunto, foi equipada com 16
computadores para livre acesso à internet. Os moradores alegam que só chegaram perto das
máquinas, doadas pela Siemens, durante a festa de inauguração. Depois a porta da sala foi
trancada com cadeado e assim continua até hoje.
‘A sala vai permanecer fechada enquanto eles não se organizarem para receber aquilo em
28
doação. Eles não têm nem CNPJ’, diz Raphael Pileggi, secretário executivo do Programa
Qualihab da CDHU. De acordo com Pileggi, é preciso que os moradores primeiro constituam
legalmente um condomínio para só depois receber os computadores em doação. Para
desapontamento, principalmente das crianças do prédio, usuárias em potencial dos
computadores doados. Uma suposta tentativa de furto dos equipamentos, negada pelos
moradores, também é alegada por Pileggi como outro motivo para que a sala permaneça
trancada. ´Se tem alguma coisa de errado não é com a gente, é com eles, que prometem e não
estão cumprindo´, diz o síndico Paulo Molina.” (47).
29
PLC/BPL: Inclusão Digital e Visão Jurídica
A Inclusão Digital Sem Fios
Enquanto a ANATEL, na defesa do polêmico PLC, entra em conflito com os legítimos usuários de rádio que
prestam serviços públicos de informação, o acesso a internet avança sem fios, wireless, Wi-Fi, ambientes
WiMAX, com portabilidade ao usuário, com amplo potencial de incremento tecnológico, cujo objetivo não
se traduz em “agregar valor” ou desenvolver um novo campo de negócios para os empresários do setor
elétrico por meio de uma tecnologia espectral beligerante, mas uma racional implementação de comunicação
digital sem fios, com custos e taxas extremamente reduzidas, de uso abrangente, com um risco muito menor
de investimento frente as inadequações do PLC proposto.
Entre os vários exemplos, a cidade paulista de Sud Menucci atende mais de 1500 pontos de acesso
simultaneamente dispersos em todo o município com custos reduzidos. O sistema inclusive superou a
barreira da ausência de provedor local, cabendo a própria prefeitura disponibilizar o serviço.
O Jornal da Globo de 10 de março de 2009 mostrou a internet gratuita e sem fios em uma das áreas mais
carentes da cidade do Rio de Janeiro: o morro da Dona Marta. Mais de 10.000 moradores, mesmo em
terreno acidentado, acessam a internet em um dos exemplos experimentais mais emblemáticos de
universalização da internet sem fios. São casos de comunicação digital popular onde não foi necessária a
interferência PLC para democratizar a banda larga (48).
Investir milhões em comunicação baseada numa infra-estrutura não configurada à transmissão de dados e
insegura em termos jurídicos e comerciais, é uma ação pública de alto risco diante da oferta de outras
tecnologias mais eficientes de integração digital, aplicações mais fundamentadas pelo interesse público, que
inclusive podem ser geridos pelo poder público em nível local, dentro da vocação municipalista brasileira,
serviços capazes de expansão no oferecimento de atividades convergentes e portáteis em velocidade com
redes descentralizadas, não baseadas em grandes empresas intermediárias, ampliando a cadeia de custo
justamente para o usuário carente.
Em pleno século XXI faz-se necessário privilegiar processos tecnológicos limpos e que sejam mais
harmônicos com outros serviços, comunicações que não sejam interferentes a ponto de cercear o direito do
cidadão de acessar os canais de comunicação social pública gratuita.
A digitalização deve vir para compor e não destruir formas de comunicação devido as suas impropriedades
tecnológicas, contaminando o espectro eletromagnético, um bem público que deveria ser protegido e não
vilipendiado pelo atual Conselho da ANATEL.
Neste sentido o PLC não compõe um ambiente convergente e muito menos complementar. Não basta
combinar o PLC com wireless e outras tecnologias; não é a formação sistêmica que garante a legitimidade
técnica, política, social ou econômica. O proposto PLC já é conflituoso em seu fundamento tecnológico.
A insegurança jurídica do sistema PLC
Devido a todos esses fatores na implementação de uma polêmica tecnologia interferente, as primeiras ações
judiciais surgiram em vários estados brasileiros em defesa da ordem institucional, observando os serviços
primários de rádio, cujos direitos estão assegurados legalmente.
30
As empresas distribuidoras de eletricidade dos EUA e seus defensores na FCC receberam um duro golpe em
2008 com a vitória da ARRL, Liga Americana de Rádio, na Suprema Corte Federal contra a condução da
Agência no processo de provação do PLC/BPL, ao desconsiderar as advertências referentes às
interferências no espectro de HF, inclusive já com a recente tecnologia que teoricamente protege bolsões
reduzidos de espectro. O governo dos EUA e sua agência tiveram que vergonhosamente recuar e ainda
revisam muitos dos termos sobre o PLC/BPL, por sinal com quesitos praticamente idênticos aos propostos
pela ANATEL.
Os termos e informações desse processo já são considerados um precedente internacional e nada impede que
outras associações, empresas e usuários de outros serviços de rádio que serão afetados pelo PLC/BPL
também atuem judicialmente, inclusive para reaver seus investimentos de anos em parque difusor instalado.
Há ainda sérias questões levantadas durante o curso da Consulta Pública sobre os prováveis efeitos nocivos
a saúde pública das modulações PLC como radiações não-ionizantes. Não há qualquer previsão divulgada
sobre o tema se o PLC instalado em escala.
A recusa das empresas em divulgar publicamente e explicitamente os resultados dos testes no tocante a RFI,
bem como de compartilhar os recentes testes autorizados com outros setores de telecomunicações a serem
afetados pelo PLC, especialmente sobre nível de degradação na relação sinal/ruído em todo espectro, é
naturalmente um novo objeto de natureza e indagação judicial, senão sinal da fraqueza argumentativa do
setor elétrico frente a outros legítimos campos de rádio comunicação não protegidos.
O cerceamento dos ouvintes no acesso a radiodifusão pública e gratuita em Ondas Tropicais e Ondas Curtas
também são temas relacionados com a censura eletrônica e as liberdades de imprensa, que não equivalem
apenas no direito de difundir, mas também no direito da população de acessar os conteúdos radiofônicos nas
formas que forem legalmente produzidos, inclusive no HF em escala internacional, como demonstram os
precedentes em relação a jammings em debates travados na UNESCO.
As apressadas decisões da ANATEL nesse tema apresentam outras impropriedades até mesmo dentro da
esfera legal de telecomunicações no Brasil.
Na Resolução n.365 de 10 de maio de 2004, referente aos equipamentos de Radiações Restritas, com níveis
de intensidade de campo semelhantes ao PLC, certos segmentos de MF/HF foram protegidos, geralmente
pertencentes às Forças Armadas. Porém para o PLC a complacência foi tanta que a Consulta Pública
indicou PLC nas faixas antes proibidas para Radiação Restrita! Ou seja, a mesma lógica é aplicada de
maneira não igualitária para diferentes serviços.
A mesma complacência, no entanto, acaba por estabelecer atribuições espectrais contrárias a outros setores
até mesmo do governo federal.
A atual proposta de PLC contempla interferências destrutivas nas estações fixas e móveis das Forças
Armadas e autoriza interferências significativas que impossibilitarão a escuta de estações do sistema
Radiobrás e empresas públicas de comunicação social como a Rádio Nacional do Brasil, Rádio Nacional da
Amazônia, Rádio Senado, Rádio Cultura, estações que há anos utilizam as Ondas Curtas e Tropicais para
adequadamente se comunicar regionalmente pelo país.
Ainda vai contra Portaria n. 447 de 28 de junho de 2002 do Ministério da Integração Nacional, que destaca
os segmentos de rádio voltados para as comunicações auxiliares da Defesa Civil (especialmente em 3,5
31
MHz) no âmbito da RENER, Rede Nacional de Emergência Radioamadora, criada pela Portaria
Interministerial MI-302 de 24 de outubro de 2001, uma equipe que prestou recentemente serviços
inestimáveis de comunicação emergencial durante as enchentes catarinenses de 2008.
32
PLC/BPL: Considerações Finais
Tecnologias limpas para uso de bens públicos
O modelo proposto de PLC é uma das mais poluidoras tecnologias de comunicação da atualidade.
Transforma o Brasil num depositário de dispositivos eletrônicos inaceitáveis em muitos países, um reserva de
mercado internacional de tecnologia suja. Demonstra uma tendência contrária ao acesso portátil, ubíquo,
convergente e abrangente sem fios em redes descentralizadas e de administração local. Reproduz um
esquema antiquado de conexão fechada com intermediários comerciais cujos objetivos econômicos não são
congruentes com promessas de plena democratização, sem um modelo de negócio claro para o mercado e
sem padronização na qualidade de infra-estrutura.
O PLC está em sentido contrário ao state of art das pesquisas de tecnologias digitais que utilizam o espectro
com baixas potências não interferentes. Ao provocar interferências em HF, desconsidera campos científicos
de pesquisa em HF e ignora os demais serviços já presentes em rádio.
Ao espalhar interferências nas faixas de radiodifusão, o PLC frontalmente desrespeita o cidadão brasileiro,
prejudicando o acesso a serviços públicos e gratuitos de comunicação, induzindo o setor público a um
contexto de desorganização espectral, uma inversão de princípios em engenharia e atribuição de freqüências,
negando perigosamente princípios constitucionais em manter o espectro adequadamente gerido, com
resguardo aos serviços primários de comunicação, o dever de manter o rádio um bem público organizado e
inalienável, o rádio como um ambiente adequado para atender pluralmente demandas sociais de forma
harmônica entre diferentes serviços de telecomunicações, analógicos ou digitais, bem como de preservar de
fato as comunicações emergenciais e das forças armadas, não tornando parcela valiosa do espectro brasileiro
numa cacofonia de potentes interferências comerciais PLC de larga ocupação espectral.
O Conselho Diretor da ANATEL agiu irresponsavelmente ao aprovar uma tecnologia inconclusa que põe em
risco várias formas de comunicação em um espectro tão amplo. Tal decisão demonstrou que algo está muito
errado na determinação de políticas públicas de comunicação de longo prazo no Brasil, especialmente na
implementação de novas tecnologias.
Com isso abre-se espaço para a insegurança jurídica em telecomunicações, desperta a dúvida sobre a
capacidade da tecnocracia em gerenciar o espectro radioelétrico diante do interesse público, promove o
conflito desnecessário com agentes de comunicação social e indica a falta de planejamento do governo
federal que - ao invés de eleger políticas tecnológicas limpas para uso de bens públicos - se mostra
excessivamente adesista à manobra de setores econômicos com propostas tecnológicas ainda polêmicas,
poluidoras e de concepção questionável.
Referências
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33
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13. On-line em http://tinyurl.com/plc-interfere-brasil ou para download em http://www.abert.org.br
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14. Captação por Luiz Tresso. Vídeos de HF FAX, na Alemanha: http://tinyurl.com/hf-fax-ger e no
Brasil: http://tinyurl.com/hf-fax-br.
15. Cidades brasileiras estão incluídas em 3 das 5 rotas de comunicação HF sul-americanas e nas 2 rotas
de comunicação HF do Atlântico sul, chamadas de MWARA (Major World Air Route Areas). (World
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18. HARE, Ed. Test Procedures to Measure BPL Interference. http://tinyurl.com/bpl-interferences
19. MALOWANCHUCK, loc.cit.
20. Alexis Maldonado explica que: “rádio faróis tanto em onda longa quanto ondas médias possuem as
mesmas características de freqüência e potência; o uso de NDBs aeronáuticos e marítimos no
segmento de ondas médias acima de 1620 kHz deve-se a problemas de plano de terra inadequado
para freqüências compreendidas de 200 a 535 kHz tanto de solo quanto de estrutura”. Atividade
DX. n. 262, Outubro 2008. Ano 27.
21. G1. RADIOAMADOR DE ALEXÂNIA AVISOU SOBRE ACIDENTE COM AVIÃO DA GOL.
Setembro 2006. Disponível em: http://tinyurl.com/radioamador-aero.
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30. Serviço aqui significa a diferente composição de freqüências, horários, idiomas e periodicidade de uma
emissão. http://tinyurl.com/rtve-2009.
31. Digital Radio Mondiale: http://tinyurl.com/drm-russia.
32. UK DRM Radio: http://www.drmradio.co.uk.
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/fotoarquivos.
48. Disponível na internet em: http://www.tinyurl.com/internet-gratis-e-limpa.
35
PLC/BPL: Teste seu Entendimento
1. No contexto deste tutorial, qual é a motivação da Anatel para o uso da tecnologia PLC?
Oferecer internet banda larga, promovendo o acesso à comunicação digital especialmente em áreas
mais afastadas.
Oferecer internet banda larga, promovendo o acesso à comunicação digital especialmente em áreas
metropolitanas.
Oferecer TV por assinatura, promovendo o acesso à comunicação digital especialmente em áreas mais
afastadas.
A Anatel não tem nenhuma motivação para o uso da tecnologia PLC.
2. No contexto do tutorial, qual das alternativas abaixo representa um tipo de interferência que ocorre
com o uso da tecnologia PLC?
Interferências na Radiodifusão Sonora Pública e Gratuita.
Interferências Contra Novas Formas de Comunicação Digital.
Interferências nas ciências do rádio.
Todas as anteriores.
3. No contexto deste tutorial, qual das alternativas abaixo não representa um tipo de interferência
externa que ocorrem na tecnologia PLC?
Interferências de RF, provocadas por elementos externos sobre a rede de energia elétrica, que
funciona como antena receptora.
Interferências provocadas por exposição à raios ultravioleta.
Interferências na rede, provocadas por equipamentos tais como lâmpadas, eletrodomésticos, fontes
chaveadas, entre outros.
Interferências por ruído impulsivo síncrono e motores, enquanto aspiradores de pó e barbeadores como
ruídos impulsivos de alta freqüência.
36
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PLC/BPL: Uma Tecnologia Poluidora Este tutorial