40 - 41.pdf 1 02/07/2012 19:58:02
Profª Leila Vilela Alegrio
A história dos grandes cafeicultores fluminenses tem, na
maioria dos casos, como desbravadores das terras do
estado, imigrantes portugueses que aportaram no Brasil,
inicialmente, com o objetivo de se estabelecer como
comerciantes na praça do Rio de Janeiro. Com Joaquim José
Pereira de Faro não foi diferente. Nascido em 7 de março
de 1768 e natural da cidade de Braga, chegou ao país em
1793, desposando no mesmo ano d. Ana Rita do Amor
Divino Darrigue. O casal teve nove filhos, que se tornaram
eminentes fazendeiros e grandes políticos.
Joaquim José Pereira de Faro não foi um
homem comum e alcançou notoriedade
na sociedade da época.
Atuou
como
professor
na
Ordem de Cristo em 1808 e retornou ao cargo, desta vez
como efetivo, em 1819. Em 1828, tornou-se Cavaleiro
Imperial da Ordem do Cruzeiro, Fidalgo Cavaleiro da Casa
Imperial, coronel de infantaria reformado e membro da
junta administrativa da Caixa de Amortização. Integrou a
Corte de d. João VI e d. Pedro I. Fundador e conselheiro do
Montepio Geral, em 1841, foi agraciado naquele ano com
o título de barão do Rio Bonito. Morreu em 10 de fevereiro
de 1843. Talvez essa trajetória explique a presença de
quadros representando d. João VI em sua fazenda de São
Joaquim de Ipiabas.
Assim que chegou ao Brasil, Joaquim José logo se
estabeleceu nas terras que lhe foram concedidas, em
sesmaria, na região dos municípios de Valença e Vassouras,
onde fundou as fazendas Santa Anna da Parahyba, São
Joaquim de Ipiabas, Boa Esperança e União; os sítios Boa
Vista e Durasio, adquiridos por compra; as duas
sesmarias, denominadas Ypiranga, que
C
M
Y
40
CM
MY
CY
CMY
K
A Fazenda São Jo a
40 - 41.pdf 2 02/07/2012 19:58:07
formavam a fazenda do Pocinho, em Vassouras; e duas
casas na Corte, situadas na rua do Regente, nº 44 e na rua
de São Clemente, nº 80. Além dessas propriedades, o
barão do Rio Bonito possuía outros bens, que foram
descritos no inventário de sua esposa.
Com a morte da baronesa, em 1854, os bens que
somavam a extraordinária cifra de 1.130.202$333 contos
de réis foram repartidos entre os herdeiros.
A fazenda São Joaquim de Ipiabas ficou com o herdeiro dr.
Luiz Pereira Ferreira de Faro, formado em medicina. Como
poderíamos descrever esta propriedade em 1854? A partir
da leitura do inventário post-mortem de sua mãe, a
primeira baronesa do Rio Bonito, as terras onde se
encontrava a fazenda recebida pelo dr. Luiz correspondiam
à meia légua em quadro (ou seja, de 225 alqueires
geométricos) que outrora pertencera à fazenda Santa Cruz,
dos jesuítas, mas acabaram sendo confiscadas pela Coroa
portuguesa após a expulsão destes padres do Brasil pelo
marquês do Pombal. Porém, o que mais chama a atenção
é o rico mobiliário da casa de morada, saltando aos olhos
os móveis do quarto de dormir do barão, marchetados
com as iniciais J.J.P.F. (Joaquim José Pereira de Faro).
A casa de morada da São Joaquim de Ipiabas tinha louças
importadas da Índia e da Europa (Inglaterra e França),
além de uma rica capela, ali descrita como oratório, que
guardava imagens de São Joaquim, em madeira (que
permanece na propriedade) e com resplendor de prata
dourada; de São José e de Nossa Senhora (não
especificada no inventário), as duas com resplendor de
prata; de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Rita,
ambas com coroa de prata; pia batismal de mármore,
vaso de prata com os santos óleos, vaso de prata dourado,
um par de galetas e um prato de prata.
A lavoura possuía cerca de 280 mil pés de café e mais de
duas centenas de cativos.
Poucos anos mais tarde, o dr. Luiz vende a fazenda, e esta
passa, então, por vários donos até chegar aos atuais
proprietários, d. Anália Fortes da Silva e seu marido, dr.
Paulo Tadeu Fortes da Silva.
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
o aquim de Ipiabas
41
Download

A Fazenda São Joaquim de Ipiabas