Prefeitura de São José do Rio Preto, 22 de Fevereiro de 2014. Ano XI – nº 3061 – DHOJE SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO Resolução SME Nº 01, de 14/02/2014 Estabelece as diretrizes para organização curricular das escolas municipais de Ensino Fundamental em Tempo Integral. A SECRETÁRIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO, considerando a necessidade de adequar as matrizes curriculares do Ensino Fundamental, com atendimento de alunos em Tempo Integral às diretrizes curriculares nacionais e às metas da política educacional, resolve: Artigo 1º - Esta resolução define as Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental em Tempo Integral, em consonância com a Resolução Nº 4, de 13 de Julho de 2010, do Conselho Nacional de Educação, e o Decreto Municipal Nº 14.594, de 18 de fevereiro de 2009. Artigo 2º - A matriz curricular de Unidades Escolares de Ensino Fundamental em Tempo Integral, será organizada com base em 3 (três) campos do conhecimento: Linguagem e Comunicação, Ciências e Matemática, e Ciências Humanas. Parágrafo Único – A matriz curricular será organizada em 2 (dois) campos: a Base Comum com 25 (vinte e cinco) horas/aula semanais, e a Parte Diversificada com 20 (vinte) horas/aula semanais. Artigo 3º - A cada campo do conhecimento foram agrupados componentes curriculares da Base Comum a ele diretamente relacionados, tendo como novo desdobramento a Parte Diversificada dessa matriz, composta de 34 (trinta e quatro) Atividades Educativas Complementares. §1º - A Parte Diversificada será constituída de Atividades Educativas Complementares obrigatórias e opcionais. §2º - As Atividades Educativas Complementares obrigatórias, comuns a todas as Unidades Escolares, são constituídas de 9 (nove) atividades, com carga horária semanal de 13 (treze) horas/aula. §3º - As Atividades Educativas Complementares opcionais serão selecionadas pela Unidade Escolar dentre as outras 25 (vinte e cinco) atividades relacionadas, com carga horária semanal de 7 (sete) horas/aula. Artigo 4º - Integram esta resolução os anexos: Anexo I – Organização e Currículo da Escola Integral, Anexo II – Matriz Curricular Complementar para Educação Integral (Parte Diversificada) e Anexo III – Matriz Curricular. Artigo 5º - As escolas que atendem alunos de Ensino Fundamental em Tempo Integral deverão anualmente encaminhar a matriz curricular para homologação, nos termos desta resolução. Artigo 6º - Essa resolução entrará em vigor na data de sua publicação, retroagindo seus efeitos a 04/02/2014. São José do Rio Preto, 21 de Fevereiro de 2014. Telma Antonia Marques Vieira Secretária Municipal da Educação ANEXO I Organização e Currículo da Escola Integral Para pensarmos a Educação Integral, podemos partir do conceito de "educação como reconstrução da experiência", que visualiza a construção do conhecimento como resultado de atividades práticas. Nela encontramos uma base teórica para a elaboração de uma proposta de educação fundamental que possa corresponder às novas necessidades e problemas que hoje, as Unidades Escolares que compõem os Complexos Educacionais Núcleos da Esperança, apresentam na operacionalização do atendimento a esse segmento. Com as transformações nas estruturas sociais e familiares, os Sistemas de Ensino vem sendo instigados a assumir responsabilidades e compromissos educacionais bem mais amplos do que a tradição da escola pública brasileira sempre o fez. Dentro de um contexto histórico, enquanto se destinava efetivamente a poucos, alcançando pequena parcela da população, a educação pública tinha a função precípua da instrução escolar, sua ação social era modesta e acontecia de forma linear aos processos integradores da comunidade sociocultural que a ela tinha acesso. O advento do ciclo de urbanização (com coroamento entre os anos 70 e 80) associado às políticas públicas erráticas e inadequadas (Cunha, 1995), a retirada da classe média urbana da escola pública, consolidaram a baixa qualidade prática e simbólica do sistema de educação fundamental pública. Hoje, em meio a essa realidade, se esboça um processo reativo, ainda carente de elaboração de política coletiva, voltado para um atendimento escolar que abarque outras demandas na formação integral de nossos alunos. São atividades relacionadas à higiene, saúde, alimentação, cuidados e hábitos primários. Além disso, observase grande carência ou dependência afetiva de parcela importante do alunado que, muitas vezes, tem na escola e em seus profissionais a referência e experiências de vida. Na prática, o novo caminho proposto aumenta as ações com sentido educacional preliminar e pouco específico, principalmente nos primeiros anos do ensino fundamental, mas não menos presente nos anos finais do ensino fundamental. A proposta de atendimento em tempo integral tem também como objetivo garantir a permanência das crianças por um período maior nas escolas, reduzindo o período de ociosidade e exposição a situações de vulnerabilidade e risco social, e para tal, propõe a construção de uma nova identidade para a educação básica, especialmente para as escolas de ensino fundamental, tendo como condição sine qua non, a integração efetiva de todas as crianças à vida escolar. A ampliação das funções da escola, de forma a melhor cumprir um papel sócio-integrador, vem ocorrendo por urgente imposição dessa realidade social, e não por uma escolha políticoeducacional unicamente. O entendimento da educação como vida, e não como preparação para a vida, foi à base dos diversos movimentos que a formaram entre as décadas de 60, 70, e que tem ressurgido com bastante significado entre os educadores atuais. Olhando a educação como vida, o trabalho tem como foco um “ser que é”, que pensa e tem um conhecimento acumulado, e não alguém que precisa ser preparado, e nele inserido conteúdos e conceitos para que possa vir a ser no futuro. Nessa perspectiva a escola é um espaço propício às experiências que possam constituir-se como "modelos vivos" de uma sociedade almejada; vislumbra a vivência de relações democráticas ao longo do percurso escolar com experiências coletivas, de resultados assertivos sobre cada indivíduo, que contribuirá para vida social. Entretanto, é preciso ter a escola como um ambiente intencionalmente instituído, no qual as atividades e aprendizagens são planejadas e selecionadas, sem, contudo, deixar de valorizar o interesse individual como forma "natural" e necessária à aprendizagem. Ao pensar a proposta nessa concepção, o processo educacional será intencionalmente caracterizado pela integração entre ação, interesse, compartilhamento e interação coletiva, favorecendo experiências significativas. Enfim, ao pensarmos a Educação Integral, vemos a necessidade de abandonarmos algumas concepções muito próprias de uma educação seletiva e conteudista, que oferecendo educação de qualidade, dentro dessa concepção, não atende a demanda atual, nem tão pouco os princípios constitucionais de educação como um direito de todos. Com isso, é preciso reelaborar a ideia de educação onde a escola assuma responsabilidades amplas, seja no processo de criação de disposições permanentes para o pensamento reflexivo, seja no cultivo do gosto estético, do desenvolvimento moral, ou da formação de atitudes práticas. É preciso que os gestores criem condições para o estabelecimento de um convívio intenso, autêntico e criativo entre todos os elementos da comunidade escolar. Que o espaço escolar seja um ambiente onde crianças e adultos vivenciem experiências democráticas, de construção coletiva dessa nova identidade, o que não significaria, exatamente, uma tranquila e natural fusão entre as diferenças/desigualdades. Ao trilharmos esse caminho, não desejamos apostar numa ilusória unificação social. Seria, antes, uma oportunidade de expressão de conflitos num contexto privilegiado, propício à conscientização e reelaboração por meio de novas formas de se fazer e oferecer educação de qualidade e significativa para todos. Ao apresentarmos uma matriz curricular destinada à Educação Integral, temos o objetivo de oportunizar a cada unidade a possibilidade de trabalhar com uma proposta pedagógica que atendendo as especificidades de sua comunidade escolar, não perca a unidade da rede de ensino em que está inserida. Ressaltamos ainda que a ampliação da jornada escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral, requer uma ação intersetorial entre as políticas públicas educacionais e sociais, contribuindo, desse modo, tanto para a diminuição das desigualdades educacionais, quanto para a valorização da diversidade cultural brasileira. Essa estratégia promove a ampliação de tempos, espaços, oportunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de educar entre os profissionais da educação e de outras áreas, as famílias e diferentes atores sociais, sob a coordenação da escola e dos professores. Lembrando que a Educação Integral, associada ao processo de escolarização, pressupõe a aprendizagem conectada à vida e ao universo de interesses e de possibilidades das crianças, adolescentes e jovens. Em consonância com o conceito de educação, anteriormente mencionado, o Decreto n° 7.083/2010, os princípios da Educação Integral são traduzidos pela compreensão do direito de aprender como inerente ao direito à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade e à convivência familiar e comunitária e como condição para o próprio desenvolvimento de uma sociedade republicana e democrática, reconhecendo as múltiplas dimensões do ser humano e a peculiaridade do desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens. A Educação Integral está presente na legislação educacional brasileira e pode ser apreendida em nossa Constituição Federal, nos artigos 205, 206 e 227; no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n° 9089/1990); na Lei de Diretrizes e Bases (Lei n° 9394/1996), nos artigos 34 e 87; no Plano Nacional de Educação (Lei n° 10.179/01) e no Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico e de Valorização do Magistério (Lei n° 11.494/2007). Por sua vez, a Lei n° 10.172, de 9 de janeiro de 2001, que instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE), retoma e valoriza a Educação Integral como possibilidade de formação integral da pessoa. O PNE avança para além do texto da LDB, ao apresentar a educação em tempo integral como objetivo do Ensino Fundamental e, também, da Educação Infantil. O PNE apresenta, como meta, a ampliação progressiva da jornada escolar para um período de, pelo menos, 7 horas diárias, (sendo adotado em nosso município 9 horas no ensino fundamental), além de promover a participação das comunidades na gestão das escolas, incentivando o fortalecimento e a instituição de Conselhos Escolares. Referências Bibliográficas SEB/MEC.Manual Operacional de Educação Integral. Brasília, 2013 CAVALIERE, Ana Maria Villela, Educação Integral: Uma Nova Identidade Para A Escola Brasileira, Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 81, p. 247-270, dez. 2002. Disponível em <http://www.cedes.unicamp.br>. GOMES, Aurélia Lopes ; Bisognin, Graciele. O Oferecimento de tempo Integral nas Escolas da Região Oeste de Santa Catarina, 2011 MOLL, Jaqueline. Educação Integral/ educação Integrada e(m) tempo integral: concepções e práticas na educação brasileira – mapeamento das experiências de jornada escolar ampliada no Brasil. Brasília, 2009 AZANHA, José Mario Pires, Proposta Pedagógica e Autonomia da Escola, 1993 BARROS ARRUDA, Maria Rita, Pensando nas Propostas de Atividades no Contraturno da Escola de Tempo Integral, 2010 GADOTTI, Moacir, Escola Cidadã: uma aula sobre a autonomia da escola, 1992. ANEXO II MATRIZ CURRICULAR COMPLEMENTAR PARA EDUCAÇÃO INTEGRAL CAMPOS BASE COMUM Língua Portuguesa LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO Língua Estrangeira Arte Educação Física Ciências CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Matemática História Geografia CIÊNCIAS HUMANAS Ensino Religioso PARTE DIVERSIFICADA Literatura Infanto Juvenil / Leitura em Foco * Mídia e suas Linguagens Oficina de Produção Textual * Linguagens e Códigos – Libras Orientações de Aprendizagem e Estudo * Língua e Cultura Inglesa Língua e Cultura Italiana Língua e Cultura Espanhola Língua e Cultura Francesa Educação Musical * Artes Plásticas – Pintura e Desenho Artes Cênicas Artes Manuais e Culinária Iniciação Esportiva Natação Jogos Cooperativos Lutas, Cultura e Movimento (danças, jogos e brincadeiras) Consciência Corporal – Relaxamento * Educação Ambiental * Atividades Experimentais / Iniciação Científica Saúde / Alimentação saudável Refeição * Astronomia Matemática Financeira / Empreendedorismo Jogos de Raciocínio/Matemáticos (jogos de tabuleiro, xadrez)* Educação Tecnológica Desafios Matemáticos Turismo Iniciação ao Pensar Filosófico Identidade, Juventude e Sociedade Espaços e Cultura Local PROFISSIONAL PEB I/PEB II L. Port. PEB I/PEB II L. Port. PEB I/PEB II L. Port. PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II com Hab. PEB I tec./PEB II Hab. PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II técnico PEB II Ed. Física PEB II Ed. Física PEB II Ed. Física PEB II Ed. Física 1º 1 Ciclo I 2º 1 3º 1 Ciclo II 4º 5º 1 1 Ciclo III 6º 7º 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 PEB II Ed. Física PEB I/PEB II com Hab. PEB II Ciências PEB I / PEB II PEB I / PEB II PEB II com Hab. PEB II Habilitado PEB II Habilitado 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 5 5 5 5 5 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 13 7 13 7 13 7 13 7 13 7 13 7 13 7 PEB II Habilitado PEB II Habilitado PEB I/PEB II PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II com Hab. PEB I/PEB II Regionalismo PEB I/PEB II Educação em Valores/Cultura de Paz PEB I/PEB II Mediação PEB I/PEB II CARGA HORÁRIA SEMANAL OBRIGATÓRIA CARGA HORÁRIA SEMANAL ATIVIDADES U.E. * Base Diversificada Obrigatória OBRIGATÓRIA OPTATIVA COMUM PARTE DIVERSIFICADA PARTE DIVERSIFICADA BASE ANEXO III OBS: De acordo com as normas do Sistema Municipal de Ensino, o Ensino Religioso, com ênfase na formação em Valores, será ministrado ESCOLA: MUNICÍPIO: São José do Rio Preto ANO: 2014 FUNDAMENTO LEGAL: MÓDULO: 40 Semanas CARGA HORÁRIA ANUAL: 1800 CARGA HORÁRIA SEMANAL: 45 horas CARGA HORÁRIA DIA: 9 horas/dia COM PO NENTES CURRICULARES Língua Portuguesa Matemática História Geografia Ciências Arte (*) Educação Física Ensino Religioso/Educação em Valores Língua Estrangeira Moderna (Inglês) Total de Aulas - Base Comum Literat. Inf. Juvenil/Leitura em Foco Oficina de Produção Textual Orientações de Aprendizagem e Estudo Educação Musical Consciência Corporal - Relaxamento Educação Ambiental Refeição Jogos de Raciocínio/Matemáticos Educação em Valores/Cultura de Paz Total de Aulas Mídia e suas Linguagens Linguagens e Códigos - Libras Língua e Cultura Inglesa Língua e Cultura Italiana Língua e Cultura Espanhola Língua e Cultura Francesa Artes Plásticas - Pintura e Desenho Artes Cênicas Artes Manuais e Culinária Iniciação Esportiva Natação Jogos Cooperativos Lutas, Cultura e Movimento Atividades Experimentais/Iniciação Científica Saúde/Alimentação Saudável Astronomia Matemática Financeira/Empreendedorismo Educação Tecnológica Desafios Matemáticos Turismo Iniciação ao Pensar Filosófico Identidade, Juventude e Sociedade Espaços e Cultura Local Regionalismo Mediação Total de Aulas Total de Aulas - Parte Diversificada 1° Ano 6 4 2 2 2 4 4 1 25 1 1 1 1 1 1 5 1 1 13 CICLO I 2° Ano 7 6 2 2 3 2 2 1 25 1 1 1 1 1 1 5 1 1 13 3° Ano 7 6 2 2 3 2 2 1 25 1 1 1 1 1 1 5 1 1 13 7 20 7 20 7 20 CICLO II 4° Ano 5° Ano 7 7 6 6 2 2 2 2 3 3 2 2 2 2 1 1 25 25 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 5 1 1 1 1 13 13 7 20 7 20 CICLO III 6° Ano 7° Ano 6 6 5 5 2 2 2 2 4 4 2 2 2 2 2 2 25 25 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 5 5 1 1 1 1 13 13 7 20 7 20 TOTAL DE AULAS TOTAL DE AULAS SEMANAIS 45 45 45 45 45 45 45 CARGA HORÁRIA ANUAL 1.800 1.800 1.800 1.800 1.800 1.800 1.800 pelo professor polivalente da classe nos Ciclos I e II, e no Ciclo III, será ministrado pelos professores de todas as disciplinas como tema transversal. No Ciclo IV, a ênfase será nos estudos das Culturas e Tradições Religiosas, será ministrado conforme Resolução SME 16/03 publicada em 19/12/2003.