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UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
RACHEL FERNANDA GUARIENTI
ACESSO A MATERIAL DE USO RESTRITO DO PSICÓLOGO ANTES DO
PROCESSO DE OBTENÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO EM
CANDIDATOS APROVADOS NO EXAME PSICOLÓGICO REALIZADO NA
REGIÃO EXTREMO OESTE DE SANTA CATARINA
MACEIÓ - AL
2013
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RACHEL FERNANDA GUARIENTI
ACESSO A MATERIAL DE USO RESTRITO DO PSICÓLOGO ANTES DO
PROCESSO DE OBTENÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO EM
CANDIDATOS APROVADOS NO EXAME PSICOLÓGICO REALIZADO NA
REGIÃO EXTREMO OESTE DE SANTA CATARINA.
Monografia apresentada à Universidade
Paulista/UNIP, como parte dos requisitos
necessários para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Psicologia do Trânsito.
Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do
Nascimento Filho
MACEIÓ - AL
2013
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RACHEL FERNANDA GUARIENTI
ACESSO A MATERIAL DE USO RESTRITO DO PSICÓLOGO ANTES DO
PROCESSO DE OBTENÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO EM
CANDIDATOS APROVADOS NO EXAME PSICOLÓGICO REALIZADO NA
REGIÃO EXTREMO OESTE DE SANTA CATARINA.
Monografia apresentada à Universidade
Paulista/UNIP, como parte dos requisitos
necessários para a conclusão do Curso
de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Psicologia do Trânsito.
APROVADO EM ____/____/____
_________________________________________
PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO
ORIENTADOR
_________________________________________
PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
PROF. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA
BANCA EXAMINADORA
4
“Conheça todas as teorias, domine
todas as técnicas, mas ao tocar uma
alma humana, seja apenas outra alma
humana.”
Carl Jung
5
RESUMO
Os testes psicológicos constituem uma ferramentaimportante utilizada pelos
psicólogos para auxiliar na compreensão do comportamento humano e suas funções
mentais. A avaliação é parte integrante de um processo para motoristas que
requerem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou a mudança de categoria. Os
teste são de acesso restrito aos psicólogos, sendo esta uma medida que visa
garantir a validade e confiabilidade dos mesmos, além de ser uma forma de impedir
a falsificação das respostasfornecidas pelos candidatos. Este estudo teve como
objetivo verificar o índice de candidatos que tiveram acesso a material de uso restrito
antes do processo de avaliação psicológica para obtenção da CNH na região do
Extremo Oeste de Santa Catarina,em decorrência de registros de acesso de
pessoas não autorizadas a estematerial. Outros objetivos do estudo foram identificar
a fonte de fornecimento do material e se o material fornecido foi o mesmo que o
usado pelo psicólogo no momento da avaliação psicológica. Os dados foram
coletados durante 15 dias do mês de outubro de 2012 no DETRAN de São Miguel
do Oeste, através da aplicação de um questionário. Entre os 139 sujeitos que
participaram do estudo respondendo o questionário, 92 afirmaram o acesso ao
material da avaliação antes de realizaram o teste, e apenas 47responderam não
teremprévio conhecimento do conteúdo da avaliação. Os candidatos que
participaram do estudo realizaram a avaliação psicológica em seis diferentes
municípios da Região Oeste Catarinense, sendo que em todas as cidades os
candidatos foram instruídos sobre como proceder na avaliação. A fonte de
fornecimento do material foram outras psicólogas, em 38% dos casos e as autoescolas em 62% dos registros. Em relação ao tipo de material fornecido, 77
candidatos afirmam que o material acessado foi o mesmo que o usado na avaliação
feita pelo psicólogo, enquanto 15 indivíduos acessaram material diferente do usado
no teste. O resultado deste estudo é muito preocupante, por mostrar falhas de
fiscalização por parte do Conselho Federal de Psicologia, a quebra do código de
ética por profissionais psicólogos ea aprovação de candidatos inaptos para conduzir
veículos, o queprovoca a baixa na credibilidade das avaliações psicológicas e do
trabalho dos psicólogos.
Palavras-chave: Avaliação psicológica. Material de acesso restrito.Trânsito.
6
ABSTRACT
A psychological assessment is a tool used by psychologists that assists in
understanding human behavior and mental functions. The assessment is part of a
process for drivers who require Driver's License or change of category. Access to
these tests is restricted to psychologists, this being a measure to ensure the validity
and reliability of the tests, besides being a way to prevent counterfeiting of the
answers provided by the candidates. This study aimed to determine the rate of
candidates who had access to restricted materials before the process of obtaining a
psychological evaluation for CNH in the Far West region of Santa Catarina, due to
records access of unauthorized persons to this materials. Other objectives of the
study were to identify the source of supply of the materials and the delivery was the
same as that used by the psychologist at the time of psychological assessment. Data
were collected for 15 days in October 2012 in DETRAN Sao Miguel do Oeste,
through a questionnaire. Among the 139 subjects who participated in the study by
answering the questionnaire, 92 said access to material evaluation conducted before
the test, and only 47 reported not having prior knowledge of the content of the
assessment. Candidates who participated in the study underwent a psychological
evaluation in six different cities in the West Region of Santa Catarina, and in all
towns candidates were instructed on how to proceed in the evaluation. The power
supply of the materials were other psychologists, in 38% of cases and the schools in
62% of records. Regarding the type of materials supplied to claim 77 candidates was
accessed material the same as that used in the evaluation by psychologist, while 15
individuals accessed different materials used in the test. The result of this study is
very worrying because it shows supervision failures by the Federal Council of
Psychology, breaking the code of ethics for professional psychologists and approval
of candidates unfit to drive, resulting in the low credibility of psychological
assessments and the work of psychologists.
Keywords: Psychological assessment. Materials restricted. Transit.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 2
Mapa de Santa Catarina com a região Oeste ampliada,
destacando através de marcadores a localização dos
municípios em que candidatos a obtenção de CNH realizaram
a avaliação psicológica e participaram do estudo respondendo
o questionário………………......................................................... 21
Candidatos por cidade que participaram do estudo
23
respondendo o questionário…………………………….................
Acesso ao material restrito……………………………................... 25
Gráfico 3
Candidatos por cidade que tiveram ou não acesso ao material
Mapa 1
Gráfico 1
restrito..........................................................................................
Gráfico 4
Gráfico 5
Gráfico 6
Gráfico 7
26
Fornecedores de material sobre avaliações psicológicas para
27
candidatos a CNH ……………………………………...............…..
Fornecedores de material de acesso restrito para candidatos a
28
CNH por cidade…………………………………………………...…
Material fornecido e o usado na avaliação psicológica foi o
mesmo?....................................................................................... 31
Quantidade de candidatos que tiveram acesso ao mesmo
32
material que o usado na avaliação psicológica….................……
8
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO...................................................................................................
9
2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................
11
2.1 História da Avaliação Psicológica no Mundo................................................
11
2.2 História da Avaliação Psicológica do Trânsito no Brasil.............................
14
2.3 Validação da Avaliação Psicológica...............................................................
15
2.4 Importância da Avaliação Psicológica para Obtenção da CNH...................
17
2.5 Uso Privativo das Avaliações Psicológicas................................................... 18
3
MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................
20
3.1 Ética ..................................................................................................................
20
3.2 Tipo de Pesquisa .............................................................................................
20
3.3 Universo ...........................................................................................................
20
3.4 Sujeito e Amostra.............................................................................................
21
3.5 Instrumento de Coleta de dados.....................................................................
21
3.6 Procedimentos para Coleta de dados ...........................................................
21
3.7 Procedimentos para Análise de dados .......................................................... 22
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................
23
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................
33
REFERÊNCIAS..................................................................................................
34
APÊNDICE.........................................................................................................
38
ANEXO ..............................................................................................................
39
9
1 INTRODUÇÃO
A testagem psicológica é um instrumento da Psicologia que tem por objetivo
avaliar características e habilidades dos indivíduos a partir dos escores fornecidos
no processo de testagem. Com estas informações, o psicólogo pode monitorar,
orientar e encaminhar ações e intervenções de acordo com a necessidade. Para que
o processo de avaliação tenha êxito e atinja o objetivo, o responsável em aplicar as
avaliações deve ser uma pessoa preparada para interpretar e manejar os resultados,
principalmente para preservar a integridadedo avaliado.
No contexto do trânsito, a avaliação psicológica é parte integrante de um
processo para que os candidatos obtenham a Carteira Nacional de Habilitação
(CNH) ou para aqueles que desejam mudar de categoria, sendo esta uma exigência
do Código Brasileiro de Trânsito. A testagem psicológica, parte integrante do
processo de avaliação psicológica, constitui um instrumento fundamental para
determinar se o candidato está apto ou não para conduzir um veículo, garantindo a
própria segurança e a dos demais envolvidos no trânsito.
O Conselho Federal de Psicologia instituiu que os testes psicológicos devem
ser de acesso e uso exclusivo de psicólogos. É necessário destacar a importância
do uso privativo destes testes por constituírem uma ferramenta indispensável no
processo de avaliação psicológica, pois o conhecimento prévio do material
compromete o processo de avaliação e torna os escores fornecidos pelos avaliados
nulos.
Em decorrência de registros de acesso de pessoas não autorizadas ao
material de uso exclusivo de psicólogos, constatado inclusive pela pesquisadora em
sua rotina de trabalho como psicóloga credenciada no DETRAN, este estudo teve
como objetivo verificar o índice de candidatos que tiveram acesso a material de uso
restrito antes do processo de avaliação psicológica para obtenção da CNH na região
do Extremo Oeste de Santa Catarina. Este estudo apuroutambém,entre os
candidatos que tiveram acesso a este material, quantos tiveram acesso ao material
efetivamente usado na testagem; identificando a fonte de informação do material de
uso restrito e analisandoa impacto do conhecimento prévio do material de testagem
no trabalho do psicólogo. Estes dados foram coletados através da aplicação de um
questionário nos candidatos a CNH quando estes se dirigiam até o DETRAN no
município de São Miguel do Oeste, para realizar a prova de conhecimento
10
obrigatória para a obtenção da habilitação.
Desta forma, os candidatos que
integraram o estudo foram selecionadosao acaso, ou seja, não foram previamente
escolhidos nem informados da coleta de dados.
11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 História da Avaliação Psicológica no Mundo
A história humana está repleta de códigos de conduta por meio dos quais as
pessoas e a sociedade julgam o comportamento dos seus semelhantes,
(PASQUALI, 2003) buscando organizar a vida dos cidadãos e procurando
estabelecer e diferenciar comportamentos adequados ou inadequados (MARIUZA e
GARCIA, 2010). O ser humano avalia esses valores pessoais ou impostos pela
sociedade, sempre com a suposição de que respeito e conformidade com tais
valores é algo positivo, sendo sua violação algo errado e condenável e que portanto,
deve ser reparado e tratado (PASQUALI, 2003)
Os instrumentos psicológicos ou avaliaçõesrepresentam um procedimento
científico e sistemático onde qualquer organismo, biológico ou social, pode ser
avaliado em diferentes situações em que precisa tomar decisões que garantam a
sobrevivência do próprio organismo, bem como seu autodesenvolvimento.
(PASQUALI, 2003)
Por intermédio da avaliação, espera-se que o material do teste se apresente
como uma “tela”, onde o sujeito “projeta” os conteúdos latentes de sua subjetividade,
na maioria das vezes, inconscientes. Acredita-se quede acordo com as respostas
fornecidas pelo avaliado, quanto mais desestruturado ou ambíguo o estímulo,
menores serão as possibilidades de reações defensivas (TORRES, 2010).
A origem das avaliações psicológicos atuais pode ser traçada desde o
interesse dos estudiosos com a questão do número, a partir da Idade Média, tendo
continuidade nos psicólogos do fim do século XIX na Alemanha, Inglaterra, França e
Estados Unidos,(PASQUALI, 2003)onde estes profissionais exerciam intensa
atividade nas áreas de aconselhamento vocacional e na seleção de pessoal para a
indústria e para as forças armadas,contribuindo significativamente para impulsionar
a aplicação dos testes de aptidões diferenciais (TORRES, 2010).
Os testes psicológicos que surgiram entre o final do século XIX e o início do
século XX representam o período de surgimento e maior desenvolvimento da
psicometria (PASQUALI, 2003). A psicometria representa uma extensão da
psicologia, podendo ser definida como uma maneira de medir o comportamento do
organismo por meio de processos mentais, ou seja, a lei do julgamento comparativo
12
(PASQUALI, 2008).Os precursores da psicometria eram por formação estatísticos,
sendo a estatística decisiva na elaboração da psicometria, pois era entendido que
por intermédio dela se podiam avaliar adequadamente as diferenças individuais,
objeto específico de qualquer avaliação (PASQUALI, 2003).
No século XIXtambém foi registrado o interesse pela classificação, tratamento
e treinamento das pessoas mentalmente retardadas e insanas, sendo necessário
para tanto, a adoção de critérios para identificar esses casos (ANASTASI; URBINA,
2000). A psicometria preocupou-se com a questão de como identificar o nível de
retardo mental, para posteriormente, fornecer um tratamento mais humano a ser
dado a essas pessoas, que eram separadas por retardos mentais mais ou menos
graves (PASQUALI, 2003).
A história da avaliação psicológica tem sido dominada por alguns psicólogos
expoentes em diferentes épocas (PASQUALI, 2003).O biólogo inglês Francis Galton
foi um dos primeiros pesquisadores a testar a inteligência humana, em meados de
1880 (DAVIDOFF, 2001). Seus trabalhos visavam à avaliação das aptidões
humanas por meio da medida sensorial, pois conforme ele, toda informação do
homem chega pelos sentidos, e quanto melhor o estado destes, melhores seriam as
operações intelectuais (PASQUALI, 2003). Pelo fato de as medições sensório-motor
não apresentarem uma boa correlação com resultados de outros testes, como notas
escolares, este método acabou sendo abandonado por um determinado período
(DAVIDOFF, 2001).
A primeira medição prática da inteligência foi criada por Alfred Binet,
psicólogo francês da década de 1900. Binet e seus colaboradores tinham como
parâmetros para medir a inteligência habilidades cognitivas como a duração da
atenção, memória, julgamentos estéticos e morais, pensamento lógico e
compreensão de sentenças (DAVIDOFF, 2001). Em uma década em que
predominaram os interessesda avaliação das aptidões humanas visandoà predição
na área acadêmica ena área da saúde, este pesquisador criouexercícios para avaliar
o desenvolvimentomental de crianças (PASQUALI, 2003), atribuindo após um teste
individual, um nível ou idade mental conforme as respostas concedidas. Entretanto,
o próprio Binet considerava seus testes imperfeitos, acreditando que as tarefas das
avaliações não eram importantes, que seria mais necessário identificar alunos com
necessidades educacionais similares, sem atribuir números aos examinados para
descrever seu desempenho. (DAVIDOFF, 2001).
13
Outro importante pesquisador que auxiliou no desenvolvimento das
avaliações psicológicas foi Lewis Terman. Ele fez uma ampla revisão do teste de
Binet, que depois de reformulado, ficou conhecido como Escala Stanford-Binet.
Terman também adotou o termo quociente de inteligência ou QI, desenvolvido por
cientistas alemães, que se baseia no uso de um número para descrever o
desempenho relativo em um teste, sendo o resultado obtido comparado entre
indivíduos da mesma idade. Sendo que, as idéias de Terman referentes aos testes
psicológicos, foram amplamente utilizadas no mundo todo, pois em um sentido
prático, o modelo funcionava, atribuindo um número à inteligência que parecia
razoável, além da facilidade da computação dos resultados (DAVIDOFF, 2001).
Com o impacto da Primeira Guerra Mundial, vários psicólogos tais como
Yerkes, Thorndike, Seashore, Angell, entre outros, desenvolveram diversos testes
de seleção parasoldadosdevido a imposição da necessidade de seleção rápida,
eficiente e universal de recrutas para o exército (PASQUALI, 2003).
A Primeira Guerra Mundial, além de impulsionar a criação de novas
avaliações, também influenciou na implantação da testagem em grupo, que até
então, era aplicada individualmente. Quando os Estados Unidos entraram na guerra
em 1917, necessitavam selecionar um milhão e meio de recrutas em relação ao
nível intelectual (ANASTASI; URBINA, 2000), necessitando uma triagem psicológica
para empregados em perspectiva, alguns dos quais seriam designados para
operações secretas e outros para o enfadonho serviço de escritório (CRONBACH,
1996). Sob a influência desta situação,foi desenvolvido o primeiro teste de
inteligência para aplicação em grupo. Os testes desenvolvidos pelo exército ficaram
conhecidos como Army Alpha e Army Beta. O primeiro era planejado para testagem
geral de rotinae o segundo era uma escala não-verbal empregada com analfabetos
e recrutas estrangeiros que não podiam fazer um teste em inglês (ANASTASI;
URBINA, 2000).
As contribuições desses autores são exemplos da relação indissociável entre
o estabelecimento da Psicologia como ciência e profissão,criação de testeseoutros
procedimentos de
avaliação
psicológica.
O
desenvolvimento
da
avaliação
psicológica sempre foi um empreendimento cientificamente fundamentado e com a
evolução dos conhecimentos nesta área, a Psicologia e o psicólogo passaram a ser
identificados com a atividade da avaliação psicológica, do psicodiagnóstico e da
14
construção e validação de testes, instrumentos e procedimentos para esses fins
(TAVARES, 2010).
2.2 História da Avaliação Psicológica do Trânsito no Brasil
No Brasil, o desenvolvimento da psicologia está associado a sistematização
de conhecimentos sobre processose experimentos psicológicos básicos para a
verificação de estágios de desenvolvimento e aprendizagem humana (ALCHIERI;
CRUZ; 2003). O início da psicologia do trânsito no Brasil, que acompanhou a
tendências mundiais, pode ser identificada pela emergência da instalação das vias
férreas com a necessidade de selecionar maquinistas responsáveis pela condução
das locomotivas e como uma forma de diminuir acidentes de trânsito envolvendo
automóveis (RUEDA, 2011).
O uso de avaliações psicológicas em motoristas foi uma estratégia utilizada
no Brasil para restringir o acesso de pessoas propensas a se envolver com
acidentes de trânsito por estarem conduzindo algum veículo. O marco inicial desta
atividade no âmbito rodoviário foi o Decreto-lei n° 9.545, de 5 de agosto de 1946, em
vigor em 1951, que caracterizou o exame psicotécnico para a aquisição da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), sendo aplicado àcritério de uma junta médica e sem
caráter eliminatório (SILVA E ALCHIERI, 2010).
O Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP), em 1951, começou a
examinar candidatos para obtenção da CNH através de entrevistas, provas de
aptidão e personalidade (ALCHIERI; CRUZ; 2003). Algumas características-alvo
aserem observadas nos motoristas estavam determinadas, mas ainda não estavam
estabelecidos critérios
de
comportamento
para
que
estes pudessem
ser
considerados aptos ou não para conduzir um veículo. (ALCHIERI; STROEHER,
2002).Mesmo assim, em 1962, o Conselho Nacional do Trânsito (CONTRAN)
estendeu o exame psicotécnico a todos os candidatos que desejavam obter a CNH
do país (ALCHIERI; CRUZ; 2003).
Por falta de definição dos indicadores que deviam ser avaliados, havia uma
grande preocupação sobre qual teste seria o mais adequado. Os primeiros exames
psicológicos eram constituídos de uma entrevista, provas de aptidão com avaliação
da atenção difusa, o uso do tacodômetro para medir a capacidade de avaliar
distâncias, a inibição retroativa para avaliar a capacidade de adaptações a novas
15
condições de direção de veículos, capacidade visão noturna ou ofuscamento e o
volante dinamógrafo, que media a força muscular dos braços. E, os exames
psicológicos para condutores de veículos no Brasil foram regulamentados em 1966,
quando as avaliações psicológicas foram re-examinadas, definidas e dirigidas para
avaliações de personalidade, que passaram a ser mais perceptivas, avaliando o
nível mental, a personalidade e coordenação bimanual (ALCHIERI; STROEHER,
2002).
A instituição do Código de Trânsito Brasileiro, por meio da Lei n° 9.503 de 23
de setembro de 1951, que passou a vigorar em 22 de janeiro de 1998, tinha como
foco principal atingir o comportamento dos motoristas (TONGLET, 2007).Com a
grande expansão econômica que ocorreu no Brasil em meados de 1957/1961,
período que correspondeu com a industrialização pesada no país, articulada durante
o governo Kubitschek com seu Plano de Metas,o número de automóveis em
circulação teve grande acréscimo, juntamente com a quantidade de acidentes
(BUENO, 2010).Como até então não existia uma legislação rigorosa ou formas
eficazes de fiscalização, os condutores estavam acostumados com a impunidade no
trânsito. Com a instituição desta nova lei, os condutores passaram a prestar atenção
e respeitar a sinalização viária, pois o desrespeito as regras constitui uma infração,
que é passível de penalidade (TONGLET, 2007).
As avaliações psicológicas no Brasil são reguladas por resoluções do
Denatran (Departamento Nacional do Trânsito), do CONTRAN (Conselho Nacional
do Trânsito) e dos Detrans (Departamento Estadual do Trânsito). A avaliação
psicológica é um pré-requisito obrigatório no país para quem deseja obter a CNH ou
fazer mudança de categoria, entretanto, a forma e os testes utilizados variam de um
estado brasileiro para outro (LAMOURIER; RUEDA, 2005).
2.3 Validação da Avaliação Psicológica
A estruturação de uma avaliação psicológica é conduzidade acordo com os
avanços metodológicos, tecnológicos e teóricos, com a qualificação e normatização
dos instrumentos disponíveis, com a necessidade de contextualização dos
resultados obtidos, com avalidade consequencial e clínica dos testes e com a
relevância socialdas avaliações realizadas (REPOLD, 2011). O desenvolvido de uma
avaliação também deve ser baseadaem princípios científicos, ou seja, é necessária
16
uma teoria organizadora, pois pressupõe-se que quanto mais elaborada a
fundamentação teórica, maior será a probabilidade de o instrumento fornecer
pontuações confiáveis (FERNANDES, 2008).
As avaliações psicológicas padronizadas apresentam objetividade noprocesso
da testagem, caráter de uniformidade de procedimentos na administração,avaliação
e interpretação dos resultados, reduzindo assim, variáveis no resultado.Os testes
psicológicos padronizados possuem requisitos como:fidedignidade e validade, que
atestam sua qualidade técnico-científica e acontecem a partir de estudos realizadas
com amostras brasileiras (MARIUZA; GARCIA, 2010).
A utilização de avaliações psicológicas no Brasil somente é permitida se estas
forem reconhecidas pelo Conselho Federal de Psicologia. O reconhecimento destes
testessegueregramentoestabelecido pela Resolução CFP nº 002/2003, que definee
regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos.Os
requisitos mínimos que os instrumentos devem possuir para serem reconhecidos
como testes psicológicos e para que possam ser utilizados pelos profissionais da
psicologia são os previstos nesta Resolução. No Art. 4, incisos I, II e III, estão
especificadas algumas normas importantes:
I- apresentação da fundamentação teórica do instrumento, com especial
ênfase na definição do construto, sendo o instrumento descrito em seu
aspecto constitutivo e operacional,incluindo a definição dos seus possíveis
propósitos e os contextos principais para os quais ele foidesenvolvido;
II- apresentação de evidências empíricas de validade e precisão das
interpretações propostas para os escores do teste, justificando os
procedimentos específicos adotados na investigação;
III - apresentação de dados empíricos sobre as propriedades psicométricas
dos itens do instrumento.
Os critérios de verificação da qualidade dos instrumentos psicológicos
operacionalizam princípiosconsensuais divulgados pela comunidade científica
internacional sobreo que deve caracterizar um instrumental cientificamente
fundamentado.Este procedimento informa os profissionais sobre a qualidade
científicados instrumentos disponíveis. O uso competente dessas informações
favorece a práticamais eficaz, pois reduz a possibilidade de erros decorrentes do
uso detécnicas cuja adequação aos propósitos pretendidos não é conhecida(PRIMI,
2011).
O Conselho Federal de Psicologia, por meio da Resolução CFP nº 002/2003,
criou a Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica, formada por especialistas na
17
área da avaliação psicológica que é incumbida de analisar e emitir pareceres sobre
os testes psicológicos encaminhados ao CFP, com base nos parâmetros definidos
na resolução. O Conselho também criou o Sistema de Avaliação dos Testes
Psicológicos (SATEPSI) com a finalidade de divulgar informações atualizadas sobre
as etapas de cada teste psicológico em análise e a relação de testes aprovados
(ANACHE; CORRÊA, 2010).
O SATEPSI é uma ferramenta que eleva a qualidade dos instrumentos de
avaliaçãopsicológica utilizados pelos profissionais da área e prima pela atençãoaos
Direitos Humanos, uma vez que baseia os critérios de avaliação daqualidade dos
testes em estudos que comprovem seus fundamentos científicos (REPOLD, 2011).
2.4 Importância da Avaliação Psicológica para Obtenção da CNH
Ao descumprir uma lei de trânsito, o indivíduo, além de praticar uma violação
legal, pratica um atentado contra a cidadania. Ao adotar uma conduta que coloca em
risco sua própria vida e a dos demais, o sujeito fortalece uma cultura oposta à
preservação e respeito à vida (MARIUZA e GARCIA, 2010).
Conforme Tonglet (2001):
O indivíduo que exerce a função de motorista é antes de tudo um cidadão,
portador de direitos e deveres, que estabelece diversos tipos de
relacionamento em diversas esferas dentro do contexto do trânsito. Em
primeiro lugar relaciona-se consigo mesmo através de seus pensamentos,
emoções, juízos de valor, funções mentais e dentre elas, o raciocínio lógico e
também a sua consciência que está ligada ao seu auto-conhecimento (…).
Em segundo lugar, relaciona-se em movimento com outros participantes do
trânsito, respeitando o espaço que cabe a cada um e buscando o objetivo que
é o de alcançar o destino com segurança, evitando o envolvimento com
acidentes. Em terceiro lugar, relaciona-se com as leis de trânsito, que são
constituídas pelo conhecimento sobre a legislação e informações transmitidas
pelas sinalizações (…). Em quarto lugar, estabelece uma relação com o
veículo exercendo um domínio sobre os comandos, ao mesmo tempo em que
avalia de maneira constante, as condições da via que está utilizando no
momento do deslocamento.
A avaliação psicológica é uma parte integrante do processo de formação do
candidato a obtenção da CNH, quando suas funções mentais são revisadas
(TONGLET, 2007). Através da avaliação realizada pelos psicólogos do trânsito,
sãoavaliados sujeitos que se encontramem diferentes fases da vida, com diferentes
características e culturas, valores próprios e introjetados.O profissional possui a
18
tarefa de contextualizar esta realidade, levando aindaem consideração o próprio ato
de dirigir, o tipo de veículo, além de todas situaçõesexternas possíveis de serem
consideradas neste candidato. Cabe também ao psicólogo, a responsabilidade em
reconhecer no individuo suacapacidade de identificar os riscos e responder
adequadamente as regras dalegislação de trânsito. (MARIUZA e GARCIA, 2010).
A necessidade da aplicação de um teste de raciocínio lógico na avaliação
psicológica é destacada pela importância de investigar se as operações lógicas do
indivíduo estão sendo processadas de forma de adequada, extraindo da avaliação
escores que indiquema capacidade do uso da lógica para dirigir de forma defensiva,
respeitando as normas e trânsito e a habilidade do motorista emconduzir o veículo
de forma adequada e segura (TONGLET, 2001).
Desta forma, as avaliações psicológicas passam a ser consideradas não
apenas do ponto de vista de seleção ou exclusão, mas como tarefas integrantes de
um estágio preparatório na formação do condutor e parte de uma etapa preventiva
na reciclagem de motoristas (TONGLET, 2007).
2.5 Uso Privativo das Avaliações Psicológicas
As avaliações psicológicas são instrumentos técnicos e seu manejo é de uso
exclusivo da profissão dos psicólogos, ou seja, os testes requerem uma série de
regras para a sua aplicação, sendo necessário desta forma, pessoal treinado e
conhecedor para aplicar, administrar e interpretar as avaliações (PASQUALI,
2003).A realização de avaliaçõespressupõe o domínio de teorias e o uso
adequadode instrumentos de coleta de dados (NORONHA; FREITAS, 2005).
De acordo com a resolução n.º 002/2003 do Conselho Federal dePsicologia,
[...] os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação e
registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o
objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos,
compreendidostradicionalmente nas áreas emoção-afeto, cogniçãointeligência, motivação, personalidade, psicomotricidade, atenção, memória,
percepção, dentre outras, nas suas mais diversas formas de expressão,
segundo padrões definidos pela construção dos instrumentos.
A necessidade de um examinador qualificado fica evidente em
consequência de três aspectos principais das avaliações psicológicas, que variam
de acordo com a situação: seleção do teste, aplicação e pontuação, e interpretação
19
dos escores (ANASTASI; URBINA, 2000).Nas mãos de pessoas com treinamento
inadequado, os testes podem não atingir os objetivos esperados, pois o aplicador
pode entender mal o que o teste está medindo e chegar a conclusões errôneas
(CRONBACH, 1996).Para que o teste cumpra sua função, é essencial uma
avaliação de seus méritos técnicos em termos de características como validade,
fidedignidade, nível de dificuldade e normas. Sendo o uso inadequado ou
interpretações errôneas dos testes psicológicos os tornam sem valor. As principais
razões para restringir o uso dos testes são para garantir que o teste será aplicado
por um examinador qualificado e para evitar uma familiaridade com o conteúdo do
teste, o que o invalidaria. Portanto, o conteúdo dos testes deve ser restrito, a fim de
impedir tentativas de falsificar escores (ANASTASI; URBINA, 2000).
A formação em psicologia não habilita um psicólogo como um profissional
capacitado para aplicar as avaliações psicológicas do trânsito. Para que um
psicólogo seja credenciado para aplicar os testes em candidatos à obtenção da
CNH, deve preencher alguns requisitos, tais como: ter no mínimo um ano de
formado; estar com o registro de psicólogo atualizado no respectivo Conselho
Regional de Psicologia; ter experiência de um ano na área de avaliação psicológica
e ter noções básicas de metodologia de pesquisa na área. Os psicólogos já
credenciados têm prazo de doisanos para a realização de um cursode capacitação
para psicólogos responsáveis pelas avaliações psicológicas e como peritos
examinadoresdo trânsito, além da necessidade de reciclarem-se periodicamente
(DAMIAN, 2008).
20
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 – Ética
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais
conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº
93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos:
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa
a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao
responder o questionário. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
3.2 - Naturezas da Pesquisa
Pesquisa de natureza Qualitativa, de caráter descritivo, com amostragem
independente. Na concepção de Godoy (1995) a abordagem qualitativa enquanto
um estudo voltado a pesquisa não indica uma proposta rígida estruturada, haja a
possibilidade de haver permissão de que a imaginação e a criatividade conduzam
os investigadores a propor trabalhos que explorem novos enfoques.
3.3 - Universo
A área de abrangência do estudo está localizada na região Oeste de Santa
Catarina. O questionário (Apêndice A) foi aplicado no DETRAN (Departamento
Estadual de Trânsito) de São Miguel do Oeste, que atende as demais cidades desta
região, sendo que os municípios que tiveram candidatos que responderam o
questionário foram Dionísio Cerqueira, Itapiranga, Iporã do Oeste, Maravilha,
Mondaíe São Miguel do Oeste, distribuídos conforme o Mapa 1.
21
Mapa 1: Mapa de Santa Catarina com a região Oeste ampliada, destacando através de
marcadores a localização dos municípios em que candidatos a obtenção de CNH realizaram a
avaliação psicológica e participaram do estudo respondendo o questionário.
Municípios com candidatos a CNH que responderam o questionário
Fontes: Martins (2009) e SINDIMOTOR (2004)
3.4 - Sujeitos da Amostra
Participaram desta pesquisa os candidatos que realizavam a avaliação
psicológica em seis diferentes municípios da Região Oeste Catarinense, sendo que
em todas as cidades os candidatos foram instruídos sobre como proceder na
avaliação.
3. 5 – Instrumentos de Coleta de Dados
O instrumento utilizado foi um questionário com três questões objetivas, para
facilitar e agilizar a coleta de dados (apêndice I).
3. 6 - Procedimentos para Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada com a população de alunos candidatos a
obtenção da CNH antes da realização da prova técnica de conhecimento específico
do DETRAN, durante 15dias do mês de outubro de 2012. Em decorrência de alguns
alunos realizarem a avaliação psicológica fora do município em que residem, nem
22
todas as cidades tiveram candidatos amostrados, enquanto outras, tiveram uma
proporção maior de participantes no estudo.
3. 7 – Procedimentos para Análise dos Dados
Os dados foram posteriormente tabulados em planilhas do Excel, para análise
estatística, discussão e comparações com as informações retiradas da revisão
bibliográfica.
23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O questionário foi aplicado em 139 candidatos que compareceram no
DETRAN para realizar a prova de conhecimentos específicos aplicada por este
órgão, durante os primeiros 15 dias do mês de outubrode 2012. Os participantes do
estudo pertenciam a seis diferentes cidades do Oeste de Santa Catarina. O
município que mais teve candidatos que responderam ao questionário foi São Miguel
do Oeste, com 59 participantes, enquanto Iporã do Oeste teve apenas 10
participantes. O gráfico 1 detalha a quantidade de candidatos por cidade que
participaram do estudo respondendo o questionário.
Gráfico 1: Candidatos por cidade da Região Oeste de Santa Catarina que participaram do
estudo respondendo ao questionário aplicado antes da prova de conhecimento específico do
DETRAN.
Fonte: Dados da Pesquisa. Santa Catarina/SC. 2012.
Em Santa Catarina, para o exercício profissional do psicólogo na avaliação
dascondições psicológicas para dirigir, existem duas modalidades de vínculos
institucionais: uma formada por psicólogos policiais, que são funcionários públicos
estaduais e a outra estabelecida por credenciamento de profissionais autônomos de
psicologia. As atividades executadas são as mesmas, porém os psicólogos
autônomos atuam em clínicas exclusivas, denominadas de Centro de Avaliação de
Condutores (CAC), e os psicólogos policiais atuam nas Circunscrições Regionais de
24
Trânsito (CIRETRANs) (DAGOSTIN, 2006). No Oeste de Santa Catarina, região
onde o estudo foi desenvolvido, os candidatos a CNH são atendidos por psicólogos
autônomos credenciados ao DETRAN.
O DETRAN, em Santa Catarina, possui um sistema concentrado de
funcionamento, podendo atender junto a outras entidades. No Oeste do estado, o
DETRAN atende junto a Delegacia Regional de São Miguel do Oeste, prestando
serviços também para outras cidades da região que não possuem este órgão. A
avaliação psicológica exigida para candidatos a CNH não está vinculada as autoescolas, mas estas encaminham os candidatos a uma psicóloga credenciada. Desta
forma, nem sempre o postulante a CNH da região Oeste de Santa Catarina é
encaminhado para efetuar a avaliação na cidade em que reside, mas realiza a prova
de conhecimentos específicos do DETRAN na cidade de São Miguel do Oeste.
A avaliação psicológica é uma atividade profissional que tem o poder de expor
demasiadamente a intimidade de uma pessoa, conforme foi citado por Tavares
(2010). Algumas situações socialmente delicadas envolvem importantes decisões
sobre as pessoas e têm potencial de impedir a obtenção de bens que estasdesejam,
como a busca por uma vaga de emprego em processos seletivos, o exame
psicotécnico para obter permissão de dirigir e em alguns processos jurídicos. Nessas
situações, o psicólogo realiza uma avaliação psicológica com auxílio de algum
instrumento com a finalidade de auxiliar a compreensão do funcionamento
psicológico da pessoa, para depois, emitir um parecer sobre o avaliado (PRIMI,
2011).
A complexidade de algumas situações torna as avaliações suscetíveis a
erros, com potencial para excessos, equívocos e danos por parte de profissionais,
seja por falta de preparo ou interesses de pessoas, grupos ou organizações
envolvidos nas avaliações (TAVARES 2010). Para não ferir os direitos do cidadão, é
necessário que o profissional mantenha cuidados éticos e técnicos no que tange aos
processos deavaliação e aos documentos deles decorrentes. (CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2011)
Apesar de todas as restrições de publicação impostas pelo CFP, com o intuito
de preservar os direitos individuais, muitos testes utilizados em avaliações
psicológicas chegam ao conhecimento de pessoas sem autorização de consultar o
material antes da aplicação da avaliação. Isso foi constatado no questionário
aplicado em postulantes a CNH da Região Oeste de Santa Catarina. Entre os 139
25
candidatos que participaram do estudo, 92 (66%) confirmaram ter tido algum contato
com o material de acesso restrito antes de realizarem o exame psicotécnico,
enquanto apenas 47 pessoas (34%) negaram prévio conhecimento da avaliação,
conforme demonstra os resultados apresentados no gráfico 2.
Gráfico 2: Porcentagem de candidatos a CNH que tiveram acesso a material restrito a
psicólogos antes da avaliação psicológica na Região Oeste de Santa Catarina.
Fonte: Dados da Pesquisa. Santa Catarina/SC. 2012.
O acesso ao material das avaliações psicológicas na Região Oeste de Santa
Catarina é uma prática difundida e antiga em grande parte das cidades.
De acordo com o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (2012), a
divulgação de testes psicológicos prejudica toda a categoria de psicólogos em um de
seus mais importantes e eficazes instrumentos profissionais. A divulgação e o
acesso a este material também gera dúvidas sobre a imagem social da psicologia,
principalmente em relação à competência dos psicólogos, da eficácia e do
diferencial de seus serviços em contraste com o senso comum. Em decorrência de a
avaliação ser uma atividade profissional que tem o poder de expor demasiadamente
a intimidade de uma pessoa e ameaçar seus direitos, o CFP regula e fiscaliza o
exercício da profissão, além de esclarecer a sociedade sobre a natureza, o valor e a
legitimidade de suas atividades (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010).
O gráfico 3 detalha a quantidade de candidatos da Região que tiveram acesso
ao material de uso exclusivo de psicólogos antes de realizarem a avaliação
psicológica para obterem a permissão de conduzir veículos.
26
Gráfico 3: Quantidade de candidatos por cidade da Região Oeste de Santa Catarina que
tiveram acesso ou não ao material restrito a psicólogos antes da avaliação psicológica para
obtenção da CNH.
38
Acessou material restrito
Não acessou material restrito
23
21
18
10
9
7
0
Dionísio
Cerqueira
1
Itapiranga
8
3
Iporã do Oeste
1
Maravilha
Mondaí
São Miguel do
Oeste
Fonte: Dados da Pesquisa. Santa Catarina/SC. 2012.
Ao receber alguma instrução de como proceder em uma avaliação
psicológica, o maior prejudicado pode ser o próprio candidato, pois nem todas
orientações de respostas são válidas para todas as avaliações. Um problema ainda
pior é que inúmeras vezes essas “orientações” contém erros graves. Dessa forma,
não tem como distinguir em que medida as informações vão prejudicarao invés de
ajudar (FAIAD; CUNHA; SANT´ANA, 2012).
O Conselho Federal de Psicologia, por intermédio resoluções,instituiu que a
avaliação psicológica deve seruma prática exclusiva do profissional de psicologia,
sendo o acessoao material limitado. A edição, a distribuição e a comercialização dos
testes psicológicos também é restrita e fiscalizada pelo Conselho Federal de
Psicologia (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010).
Entretanto, este estudo revelou que a maioria dos candidatos a CNH tem
acesso ao material da testagem psicológica antes de realizar a avaliação. De acordo
com os resultados apresentados anteriormente (Gráfico 2), demonstrou-se que 66%
tinham prévio conhecimento da avaliação. No entanto, verifica-se que o material
pode ser fornecido aos alunos pelas auto-escolas e/ou por outra psicóloga, conforme
fora constatado nesta pesquisa (Gráfico 4).
27
Gráfico 4: Fornecedores de material de uso restrito de psicólogos para candidatos a CNH
antes da avaliação psicológica na Região Oeste de Santa Catarina.
Fonte: Dados da Pesquisa. Santa Catarina/SC. 2012.
Sendo que 38% dos candidatos a CNH afirmaram que tiveram acesso ao
material da avaliação psicológica antes de realizarem o teste por intermédio de outra
psicóloga. Esse registro é muito grave, pois a divulgação ou fornecimento do
material de avaliações psicológicas caracteriza a quebra do código de ética deste
profissional.
Um profissional competente utilizará os testes de forma apropriada, com
profissionalismoe respeito pela ética, dando a devida atenção às necessidades e
direitos de todas aspartes envolvidas no processo de avaliação, às razões que
determinaram a aplicaçãodos testes e ao contexto alargado em que a avaliação tem
lugar (BARTRAM, 2000).
De acordo com Bartram (2000), é de responsabilidade do psicólogo manter os
materiais de teste em segurança e controlar o acesso aos mesmos, além de:
- Respeitar os direitos de autor e de propriedade e os acordos existentes
relativamente a qualquer teste, incluindo a proibição de reprodução ou de
transmissão de materiais a terceiros, qualificados ou não, por viaeletrônica
ou outra;
- Proteger a integridade do teste, evitando que as pessoas se
familiarizemantecipadamente com o respectivo material, ou com outros
materiais de treino,de um modo que possa favorecer injustamente o seu
desempenho no teste;
28
- Assegurar-se de que as técnicas de avaliação não são descritas
publicamente,de um modo que possa pôr em causa a sua utilidade.
Outro dado preocupante revelado pelo estudo foi o alto índice de material de
avaliações psicológicas sendo fornecidas aos candidatos a CNH por auto-escolas.
Em todas as cidades que tiveram postulantes a CNH participando do estudo, houve
registros de casos de acesso ao material por intermédio das auto-escolas(Gráfico 5).
Gráfico5: Quantidade de candidatos a CNH que tiveram contato com material de acesso
restrito aos psicólogos antes da avaliação psicológica, fornecido por auto-escolas ou outra
psicóloga, separados por cidade em que realizaram a avaliação psicológica no Oeste de Santa
Catarina.
Fonte: Dados da Pesquisa. Santa Catarina/SC. 2012.
No momento da aplicação do questionário, a pesquisadora informou sobre as
restrições de acessoas avaliações psicológicas, sendo que a maioria dos indivíduos
mostrou-se surpresa, por não saberda restrição.
As pesquisas sobre este tema são escassas no país, não havendo
informações sobre o acesso dos candidatos ao material da avaliação psicológica em
outras regiões, nem quem seriam os possíveis fornecedores dos testes.
O provável motivo que leva as auto-escolas a fornecerem os testes antes da
avaliação psicológica é financeiro. Em caso de reprovação de um candidato, não é
possível dar continuidade ao processo de obtenção da habilitação, em consequência
da avaliação ser uma etapa obrigatória. Desta maneira, configura-se uma perda
financeira para a auto-escola.
29
No questionário preenchido pelos postulantes a CNH, na questão sobre quem
forneceu o material usado em avaliações psicológicas, também havia os itens
Internet e/ou outra fonte, entretanto, nenhum candidato assinalou uma destas
alternativas como sendo a fonte de informações.
A criação das páginas de divulgação de testes psicológicos na internet está
configurada como crime, por recorrerem em problemas técnicos implicados nas
normas da profissão de psicologia (FAIAD; CUNHA; SANT´ANA, 2012), além de
caracterizar violação os direitos de propriedade intelectual e a falta de precaução no
que diz respeito à proteção dos materiais (BARTRAM, 2000).
Conforme Faiad, Cunha e Sant´ana (2012), no ano de 2008 a área de
avaliação psicológica foi surpreendida com a publicação de uma série de sites
postados na internet, com o objetivo de orientar candidatos sobre como devem ser
respondidos alguns testes psicológicos. Muitas avaliações foram digitalizadas na
íntegra, algumas atéacrescidas de orientações sobre como proceder na sua
execução.
Em contrapartida, o Conselho Federal de Psicologia tomou medidas para
eliminar a divulgação indevida de testes psicológicos na internet, notificando os
principais sítios de busca, informando sobre a legislação federal e pedindo a retirada
de material indevido da rede mundial de computadores.Outra medida foi buscar o
apoio da Polícia Federal para retirar da internet material privativo de psicólogos em
sítios hospedados em provedores estrangeiros, uma vez que outros países não
estão submetidos à legislação brasileira (UnB AGÊNCIA, 2012).
As medidas adotadas pelo CFP reduziram a divulgação desses materiais via
internet. Um indício da eficácia dessas medidas é que nenhum dos candidatos a
CNH que participaram deste estudo respondendo o questionário tiveram acesso ao
material restrito aos psicólogos por intermédio da internet.
A promoção da divulgação das avaliações psicológicas, não apenas pela
internet, mas através de qualquer outro meio, incorre comocrime, pois infringe leis e
normas do Conselho Federal de Psicologia. Divulgar material sem autorização do
autor contraria os artigos 28 e 29 da Lei n° 9.610 de 1998, abaixo transcritos:
Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra
literária, artística ou científica.
Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da
obra (…)
30
Outra infração ao divulgar ou utilizar material de uso restrito aos psicólogos é
cometida por estar em desacordo com a Lei 4.119 de 27.08.1962, que afirma no Art.
13 §1º que “Constitui função privativa do Psicólogo a utilização de métodos e
técnicas psicológicas com os seguintes objetivos: diagnóstico psicológico,
orientação e seleção profissional, orientação psicopedagógica e solução de
problemas de ajustamento”. A Resolução do CFP n.º 002/2003 também
regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos.
Conforme seuArt. 1.º “Os Testes Psicológicos são instrumentos de avaliação ou
mensuração de características psicológicas, constituindo-se um método ou uma
técnica de uso privativo do psicólogo (…)”. O Art. 18, III, da mesma resolução
ressalta que todos os testes psicológicos estão sujeitos a“ter sua comercialização
e uso restrito a psicólogos regularmente inscritos em Conselho Regional de
Psicologia”, reforçado pelo §1.º do mesmo artigo afirma que“Os manuais de testes
psicológicos devem conter a informação, com destaque, que sua comercialização
e seu uso são restritos a psicólogos regularmente inscritos em Conselho Regional
de Psicologia” e pelo § 2°“Na comercialização de testes psicológicos, as editoras,
por meio de seus responsáveis técnicos, manterão procedimento de controle onde
conste o nome do psicólogo que os adquiriu, o seu número de inscrição no CRP e
o(s) número(s) de série dos testes adquiridos”.
O processo de criação e validação de um teste psicológico é muito custoso,
exigindo amostras representativas da população a ser avaliada e de inúmeros
procedimentos para assegurar a fidedignidade do instrumento. Considerando estes
aspectos, seria impossível elaborar um novo teste a cada situação de testagem.
Dessa maneira, os testes devem ser resguardados para manter a sua capacidade
de medir (ANASTASI; URBINA, 2000).
No questionário aplicado nos candidatos a CNH também havia uma pergunta
referente ao tipo de material que sujeito teve acesso, ou seja, se este era o mesmo
usado pelo psicólogo no momento da avaliação psicológica. Entre os 92 candidatos
que afirmaram ter tido acesso ao material, 77 indivíduos (84%) confirmaram que
aavaliação era a mesma, enquanto os outros 15 candidatos (16%), tiveram acesso
ao material, mas o teste aplicado foi diferente daquele que havia sido consultado
(Gráfico 6).
31
Gráfico 6: Porcentagem de indivíduos candidatos a CNH com acesso ao mesmo material de
uso exclusivo aos psicólogos e acesso a material restrito diferente do usado pela psicóloga
antes de realizarem a avaliação psicológica, na Região Oeste de Santa Catarina.
Fonte: Dados da Pesquisa. Santa Catarina/SC. 2012.
No caso de um candidato ter acesso ao material, o tempo levado para
concluir a avalição, as respostas fornecidas eo número de acertos/erros,provocam a
mensuração de escores diferentes daqueles que seriam fornecidas caso não
houvesse consulta prévia. Em decorrência da rotina de trabalho, a pesquisadora
normalmente distingue os candidatos a CNH que tiveram acesso ou não ao material
de acesso exclusivo antes de realizarem a avaliação psicológica. Alguns indivíduos,
mesmo tendo baixa instrução escolar, realizam a avaliação rapidamente,
gabaritando os resultados. Quando questionados se tiveram alguma instrução de
como proceder na avaliação ou se tiveram acesso ao material, respondem
afirmativamente em muitos casos, sem saber das restrições impostas ao acesso.
O Gráfico 7 apresenta a quantidade de candidatos que tiveram acesso ao
material, igual ou não, àquele usado na avaliação psicológica, por cidade da Região
Oeste Catarinense. Em cinco cidades integrantes do estudo, o índice de igualdade
entre o material acessado e o usado na avaliação foi maior do que índice de
candidatos que consultaram materiais diferentes do utilizado pelo psicólogo no
momento da avaliação psicológica.
32
Gráfico 7: Quantidade de candidatos separados por cidade da Região Oeste de Santa Catarina
que tiveram acesso ao material antes de realizarem e avaliação psicológica, igual ou não
àquele usado na testagem.
Fonte: Dados da Pesquisa. Santa Catarina/SC. 2012.
A gravidade deste resultado está difusão em toda região de uma prática
ilegal, ou seja, o fornecimento do material de uso exclusivo de psicólogos a pessoas
não autorizadas. Os problemas que esta prática acarreta, além de ser considerada
um crime, são diversas, tais como a aprovação irregular de candidatos, muitos dos
quais talvez não estejam aptos para conduzir um veículo, quebra do código de ética
do profissional de psicologia e a invalidação de instrumentos e de processos
psicológicos.
33
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação psicológica é uma importante ferramenta de trabalho para os
psicólogos, quando corretamente utilizada. Entretanto, o estudo revelou uma
realidade preocupante: a divulgação irregular do material, permitindo que qualquer
pessoa tenha acesso ao conteúdo de uma avaliação psicológica, antes de realizar
os testes.
Tão grave quanto divulgar ou permitir o acessoao material de uso restrito por
parte dos psicólogos, é a conivência do profissional que percebe que os alunos
gabaritam nas avaliações e continuam usando o mesmo material.
O resultado deste estudo também mostra uma falha no processo de
fiscalização por parte do Conselho Federal de Psicologia, pois cabe a este órgão
limitar o acesso e a divulgação dos materiais de uso restrito aos profissionais da
psicologia.
As avaliações psicológicas usadas na área do trânsito são apenas uma faceta
deste dilema, pois o problema incorre também em outras áreas, como nas
avaliações aplicadas em candidatos a vagas de empregos privados ou públicos.
Certamente nem todas as avaliações são passíves de burlação, mas muitas vezes,
estes apresentam alguma limitação de uso, comoum valor elevado de aquisição e
dificuldade na aplicação.
A providência mais indicada para resolver ou amenizar a situação seria a
identificação das fontes fornecedoras do material, com posterior recolha das
avaliações psicológicas que estão de posse de pessoas não autorizadas e penalizar
os psicólogos que utilizaram indevidamente os testes. A conscientização do uso e
acesso, tanto para profissionais da área psicológica como para as demais pessoas
que se envolvem no processo, é uma medida preventiva de extrema importância,
principalmente para que psicólogos e a avaliação psicológica não percam sua
credibilidade.
34
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38
APÊNDICE
Formulário usado na coleta de dados da pesquisa
Formulário
Aplicadora do formulário: Rachel Fernanda Guarienti, Psicóloga registrada no
Conselho Regional de Psicologia, sob o nº 12/7509.
Este formulário tem por objetivo a coleta de informações sobre o acesso ao material
de uso restrito de psicólogos antes do processo de avaliação psicológica para
motoristas que desejam obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). As
respostas obtidas serão usadas para conhecer a realidade local dos exames
psicotécnicos, sem prejuízo aos entrevistados.
Cidade em que realizou o exame psicotécnico: _________________
1) Você teve acesso ao material de uso restrito de psicólogos antes do processo de
avaliação psicológica para a obtenção da CNH?
( ) sim
( ) não
Para quem teve acesso ao material ou alguma orientação:
2) Quem forneceu o acesso ao material
( ) outra psicóloga
( ) auto-escola
( ) internet
( ) outros (explique) _____________________
3) O material utilizado no processo de avaliação psicológica para a obtenção da
CNH foi o mesmo que você teve acesso?
( ) sim
( ) não
39
ANEXO
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UNIVERSIDADE PAULISTA MACEIÓ