Avaliação de projectos: Tipos de avaliação Avaliação em acção Avaliação tradicional na sala de aulas Na turma de química do Joel, é realizado apenas um tipo de avaliação: um teste ou um projecto final no fim de uma unidade de estudo. Quando o tema é ligações químicas, por exemplo, ele lê o capítulo que lhe é atribuído, ouve outras leituras, vê gravações de vídeo relevantes, responde a perguntas e realiza experiências laboratoriais, tudo em preparação para o exame. O teste não pode conter perguntas sobre tudo e por isso mesmo serão colocadas apenas questões que exemplificam o seu conhecimento, mas o Joel tem de estudar ou memorizar tudo o que poderá sair no teste. Infelizmente, apesar de a professora do Joel querer melhorar o raciocínio de nível mais elevado dos alunos, é provável que menos de 10 por cento do teste “irá avaliar o desempenho dos alunos acima do nível da simples memorização” (Beyer, 1987, pág. 218). Os alunos da turma do Joel têm todos diferentes experiências com o tópico. Alguns já compreendem a maior parte da matéria e estão prontos para um estudo mais aprofundado. Alguns podem nunca ter ouvido falar sobre o tópico e fazem um esforço desesperado durante a maior parte da unidade para conseguirem acompanhar o ensino. Todavia, para além de alguma interacção superficial com a professora, todos os alunos recebem o mesmo ensino. Os alunos da turma encaram um teste que se aproxima de várias perspectivas. Alguns alunos são óptimos a realizar testes ou excelentes a memorizar e sabem que não é necessário fazerem grandes preparações. Outros sofrem severos ataques de ansiedade antes dos testes, mesmo quando sabem toda a matéria. Normalmente, o Joel estuda bastante, mas mesmo assim fica ansioso e mantém-se na expectativa de ter boas notas no testes. No dia do exame, o teste, que foi mantido em segredo, é apresentado e os alunos dão as respostas em silêncio absoluto. A professora observa atentamente para garantir que nenhum aluno recorre às suas notas ou pede ajuda aos colegas. Alguns dias após o exame, quando a turma já avançou para a conservação da matéria que depende do entendimento dos tópicos anteriores, o Joel recebe o seu teste, com as respostas marcadas como certas ou erradas, a sua composição avaliada e uma nota atribuída. O Joel vê que teve um 4+, solta um suspiro de alívio e coloca o teste na parte de trás do seu caderno sem nunca mais olhar para ele. Poucos alunos discutem itens controversos com a professora. Nenhum dos colegas do Joel utiliza o exame como uma oportunidade para reflectir sobre a sua aprendizagem, para procurar falhas no entendimento ou para estabelecer objectivos para a aprendizagem futura, mesmo que a professora tenha sido suficientemente cuidadosa para fazer comentários construtivos ao longo do teste. Além disso, a professora do Joel não examina sistematicamente os resultados dos testes para recolher informações para ensino futuro, porque agora está ocupada a trabalhar na unidade actual. Este método de avaliação demasiado comum é eficaz e conhecido da maioria dos alunos, professores, pais e administradores, mas não é suficiente para fornecer aos professores e alunos as informações de que necessitam para promoverem um entendimento mais profundo sobre o assunto. Considere, por outro lado, as experiências de um aluno numa sala de aulas na qual a avaliação ocorre frequentemente tendo em vista uma diversidade de objectivos. Avaliação formativa na sala de aulas Quando a Marta entra na turma de química, a sua professora orienta uma discussão de turma sobre ligações químicas para determinar os conhecimentos que os seus alunos já possuem sobre o tópico. De seguida, atribui uma investigação laboratorial e observa os alunos enquanto realizam as suas experiências, tirando notas sobre as suas perguntas e discussões. A professora apercebe-se de que muitos dos alunos não estão a utilizar as competências de raciocínio de nível superior, de análise e generalização quando tiram conclusões da experiência e, por isso, planifica uma aula na qual ensinará directamente essas competências. Ela observa as interacções dos alunos após o ensino das competências para determinar se os alunos as entenderam e se estão a utilizá-las de forma eficaz. Quando os alunos escrevem nos seus diários no final de cada dia, a professora lê-os, à procura de áreas de entendimento (ou de falta dele) comuns, assim como de conceitos que demonstrem ser particularmente difíceis para cada aluno ou para os grupos de alunos. A professora utiliza as suas descobertas para planificar actividades que estejam de acordo com as necessidades de todos os seus alunos. À medida que os alunos avançam na unidade, a professora proporciona continuamente oportunidades para que eles possam pensar na sua aprendizagem e colocar questões. Ela cria uma tarefa de desempenho que requer que os alunos demonstrem que compreenderam os conceitos associados à unidade. Juntamente com um pequeno grupo, a Marta irá construir um modelo tridimensional no computador para ilustrar as ligações químicas. A professora fornece ao grupo uma lista de verificação para ajudar os alunos a gerirem o seu tempo. Ela também faz questão de tomar notas sobre as suas observações relativamente às competências de colaboração dos alunos. A Marta e o seu grupo utilizam uma rubrica onde descrevem a qualidade esperada do projecto final, para acompanharem a qualidade do seu trabalho. Quando recebem uma avaliação e uma classificação final para o seu projecto, reflectem no que aprenderam e utilizam essa informação para estabelecer objectivos para a aprendizagem futura. Nesta sala de aulas, a avaliação é parte integrante do ensino e da aprendizagem. A professora avalia os alunos enquanto os alunos se avaliam uns aos outros e a si próprios. O ponto fulcral desta sala de aulas não é a obtenção de classificações, apesar de estas serem atribuídas; é, sim, a aprendizagem e a melhoria do raciocínio.