Trabalho 335
CARACTERIZAÇÃO DAS GESTANTES VIVENDO COM O HIV/AIDS NO
ESTADO DE ALAGOAS
Marcela Alves Pinto Costa
Natália Palmoni Medeiros Dantas
Renata Karina Reis
Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal com abordagem quantitativa
que teve como objetivo estabelecer o perfil sociodemográfico, epidemiológico e
clínico das gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas no período de
janeiro de 1994 a dezembro de 2009. A população escolhida foram as gestantes
vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas notificadas no Sistema de Informação
de Agravos de Notificação (SINAN), por meio das fichas de investigação e
notificação de gestantes HIV positivas. O local onde se desenvolveu a pesquisa foi o
núcleo de Vigilância Epidemiológica do Estado, sendo os dados obtidos analisados
utilizando a estatística descritiva. Foram notificadas 397 gestantes,
predominantemente na faixa etária de 20 a 34 anos (73,8%), da raça negra (75,6%),
com ensino fundamental incompleto (52,2%), residentes na capital do Estado
(63,5%), que descobriram seu diagnóstico durante o pré-natal (61,3%), com alto
índice da realização do mesmo (77%), sendo a via de parto mais frequente a
cesariana (58,7%), 18% das gestantes iniciaram a terapia anti-retroviral no terceiro
trimestre e 69,3% das crianças receberam o anti-retroviral nas primeiras 24 horas de
vida. Ao estabelecer esse perfil constatou-se a necessidade de medidas para a maior
cobertura da detecção precoce da infecção do HIV/aids na gestação. Nesse sentido,
estratégias conjuntas entre os programas do Programa Nacional de Doenças
Sexualmente Transmissíveis/aids (PN-DST/aids), os programas de saúde da mulher,
e os de saúde da família (PSF) devem ser estabelecidas, visando melhorar a
cobertura, o acesso e a qualidade do atendimento pré-natal. Além disso, é
fundamental que os serviços de saúde tenham como eixo a integralidade da atenção,
compreendendo o ser humano enquanto um ser biopsicossocial e espiritual, com
ações que permitam transcender o aspecto biológico, com a utilização dos
medicamentos, mas que ofereçam ações que contribuam para a qualidade de vida
desta população.
Palavras-chaves: Gestantes; HIV; Enfermagem.
3061
Trabalho 335
CHARACTERIZATION OF PREGNANT WOMEN LIVING WITH HIV /
AIDS IN THE STATE OF ALAGOAS.
Marcela Alves Pinto Costa
Natália Palmoni Medeiros Dantas
Renata Karina Reis
This is a cross sectional study with a quantitative approach that aimed to establish the
sociodemographic, clinical and epidemiologic of pregnant women living with HIV /
AIDS in the state of Alagoas in the period from January 1994 to December 2009. The
population chosen was the pregnant women living with HIV / AIDS in the State of
Alagoas reported in the Information System for Notifiable Diseases (SINAN), through
investigation forms and notification of HIV positive pregnant women. The site was
developed to research the core of Epidemiological Surveillance State, and the data
was analyzed using descriptive statistics. 397 pregnancies were reported, mostly
aged 20 to 34 years (73.8%), black race (75.6%) with incomplete primary education
(52.2%) residing in the state capital (63, 5%), who found their diagnosis during
prenatal care (61.3%), with high level of achievement of the same (77%) being the
most frequent mode of delivery cesarean section (58.7%), 18% of pregnant women
started antiretroviral therapy in the third quarter and 69.3% of children received antiretroviral therapy within 24 hours of life. By setting this profile was found the need for
measures for greater coverage of early detection of HIV infection and AIDS in
pregnancy. In this sense, joint strategies among the programs of the National STD /
AIDS Programme (NAP), programs for women's health, and family health (PSF)
should be established to improve the coverage, access and quality of prenatal care.
Furthermore, it is essential that health services have an axis integrated care,
understanding the human being as a biopsychosocial and spiritual being, with actions
that allow transcend the biological aspect, with the use of drugs but that offer
activities
that
contribute
the
quality
of
life
in
this
population.
Keywords: Pregnancy, HIV, Nursing.
3062
Trabalho 335
Introdução
Desde o seu surgimento, em 1980, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids)
tornou-se uma das mais comentadas doenças do mundo. Por seu caráter pandêmico e sua
gravidade, ao longo desses anos, a epidemia do Vírus da Imunodeficiência Humana
(HIV)/aids no Brasil emergiu como um dos mais sérios problemas de saúde pública. Desde a
identificação do primeiro caso no Brasil, em 1980, até junho de 2008, já foram identificados
506 mil casos da doença e estima-se que, atualmente, aproximadamente 630 mil pessoas
vivam com HIV/aids em nosso país.1
De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 80% do total de notificações estão
concentrados nas regiões Sudeste e Sul, particularmente nos Estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. No entanto, nesses Estados, observa-se um lento
processo de estabilização desde 1998. Já nas regiões Norte e Nordeste a tendência é de
crescimento no número de casos. Logo, a taxa de incidência de aids no Brasil mantém-se
estabilizada, como resultado dessa dinâmica regional da epidemia, ainda que em patamares
elevados.1
No Estado de Alagoas as primeiras ocorrências de aids foram identificadas a partir de
1986, em quatro municípios, perfazendo um total de sete casos. De acordo com o Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN), até julho de 2009, foram diagnosticados e
notificados 2.645 casos de aids no Estado. O município de Maceió concentra atualmente a
maioria dos casos, 1.823, o que equivale a 69% das ocorrências. O município de Arapiraca,
assume o segundo lugar com 112 casos absolutos de aids, seguido de Rio Largo com 54 casos
e Palmeira dos Índios com 40.2
3063
Trabalho 335
Acreditava-se que, no início, a infecção pelo HIV estava restrita a determinados
“grupos de riscos” em que estavam inclusos os homossexuais, usuários de drogas e
hemofílicos. No decorrer do tempo a epidemia assumiu outro perfil e a transmissão
heterossexual passou a ser a principal via de transmissão do HIV, atingindo desta forma as
mulheres, iniciando a feminização da epidemia.
Diante dessa problemática, podemos identificar que, com a expansão da epidemia na
população heterossexual, as mulheres têm sido acentuadamente afetadas, acarretando, por sua
vez, o aumento dos casos de crianças infectadas por Transmissão Vertical (TV). A TV pode
ocorrer durante a gestação, o parto e a amamentação, sendo que cerca de 65% dos casos
ocorrem durante o trabalho de parto.3
Tendo em vista a feminização da infecção pelo HIV/aids, é importante a realização do
diagnóstico precoce das mulheres em idade fértil, pois, quando identificadas com maior
antecedência as gestantes infectadas pelo HIV/aids, torna-se possível a adoção das medidas
profiláticas de prevenção da TV, como também ações que possibilitem uma assistência de
qualidade à mulher.
Logo, um dos principais objetivos das Recomendações para Profilaxia da Transmissão
Vertical do HIV e Terapia Anti-retroviral em Gestantes é a redução da transmissão vertical do
vírus, sendo o pré-natal uma oportunidade para o diagnóstico dessas mulheres. Portanto
oferecer a sorologia anti-HIV a essas mulheres é dever do profissional e direito da mulher,
conforme determinado pelas recomendações do Projeto Nascer e do Programa de
Humanização no Pré-natal e Nascimento.4
3064
Trabalho 335
É fato que a identificação precoce da mulher vivendo com o HIV/aids, a aplicação
oportuna da TARV, com conseqüente queda dos níveis de carga viral materna e a menor
exposição do recém-nascido ao HIV, leva à melhores resultados.
Levando em consideração a problemática abordada até então, temos como objetivo
estabelecer o perfil sociodemográfico, epidemiológico e clínico das gestantes vivendo com o
HIV/aids no Estado de Alagoas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2009. Para isso
buscamos artigos nos sites da Scielo, Bireme, selecionando as Revistas: de Saúde Pública,
Brasileira de Epidemiologia, Latino Americana de Enfermagem e Brasileira de Saúde
Materno-Infantil, não tendo encontrado nenhum artigo relacionado ao nosso objeto de estudo.
Foi nesse momento que constatamos a inexistência de publicações sobre o referido tema no
Estado de Alagoas, e isto nos estimulou ainda mais em prosseguir na busca de dados que nos
proporcionassem conhecimento mais preciso sobre o assunto.
Portanto, consideramos o desenvolvimento desse estudo de suma relevância, pois uma
vez estabelecido o perfil dessas gestantes, teremos subsídios para sugerir formas de intervir na
prevenção e promoção da saúde da mulher e da criança, buscando proporcionar uma melhor
qualidade de vida.
Métodos
Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal com abordagem quantitativa. A
pesquisa é quantitativa porque a coleta de informações e o tratamento da mesma serão através
de técnicas estatísticas, objetivando resultados que evitem possíveis distorções de análise e
interpretação, possibilitando uma maior margem de segurança.5
3065
Trabalho 335
O local de estudo onde se desenvolveu a pesquisa foi o núcleo de Vigilância
Epidemiológica do Estado de Alagoas. Este núcleo tem como objetivo possibilitar o
conhecimento e a análise do processo saúde-doença nas populações, contribuindo para o
planejamento e a avaliação do impacto de medidas destinadas a interromper a ocorrência de
doenças e agravos.
Quanto à população escolhida para o estudo, optamos pelas gestantes vivendo com o
HIV/aids no Estado de Alagoas notificadas no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN), através das fichas de investigação e notificação de gestantes HIV
positivas, desde o primeiro caso registrado no SINAN até dezembro de 2009.
A coleta de dados desta pesquisa foi realizada mediante os dados secundários
notificados no SINAN/WINDONS/NET, sendo estes dados, o instrumento de coleta, que são
baseados nas variáveis sociodemográficas, epidemiológica e clínica. As variáveis que foram
utilizadas na coleta de dados são idade, raça/cor, ano de notificação, município de residência,
escolaridade, evidência laboratorial do HIV, realização de pré-natal, trimestre de inicio da
profilaxia antirretroviral na gestante, tipo de parto, inicio da profilaxia antirretroviral na
criança.
Os dados dessa pesquisa foram analisados usando a estatística descritiva, sendo
comparados com a literatura nacional, para que se possa estabelecer o perfil das gestantes
vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas. Sendo então elaborado um banco de dados,
utilizando uma planilha do Excel, onde os dados foram apresentados em forma de tabelas.
Quanto aos aspectos éticos, a realização da pesquisa foi autorizada pela Coordenação
Estadual do Programa de DST/aids e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Alagoas, com protocolo de nº 027661/2009-70. Sendo aceita a
3066
Trabalho 335
solicitação de dispensa do uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tendo
em vista que a pesquisa dar-se-á com dados secundários.
Resultados e Discussão
Os dados coletados no SINAN foram analisados com o intuito de caracterizar as
gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas e discutir acerca do perfil
sociodemográfico, epidemiológico e clínico das gestantes acometidas pela epidemia.
O SINAN é composto por dois programas: o SINAN WINDONS, responsável pelo
registro dos agravos de notificação compulsória até o ano de 2007; e o SINAN NET que
substituiu o primeiro e permanece notificando os agravos até os dias atuais.
A notificação de gestantes vivendo com o HIV/aids e crianças expostas ao HIV tornouse compulsória em todo território nacional quando o Ministério da Saúde, através da Portaria
nº 0993, de 4 de setembro de 2000, implantou esse sistema de vigilância do HIV na gestação.
A partir dessa data foi implantado o instrumento de notificação e investigação de casos dessa
população em todo o país.6
Sabe-se que antes do referido ano a notificação destes casos não era compulsória,
porém, ao analisar os dados obtidos no SINAN, constatamos que existem nove casos
notificados de gestantes vivendo com o HIV/aids e crianças expostas ao HIV entre os anos de
1994 a 1998. Tal fato é explicado pela equipe de vigilância epidemiológica do Estado de
Alagoas, ao afirmar que os serviços de saúde registravam tais casos nos prontuários, sendo
estes posteriormente incluídos no sistema.
Ao realizar uma retrospectiva da epidemia da aids, constatamos que no Brasil, os casos
notificados de aids entre mulheres apresentam um quantitativo crescente, e este fenômeno, que
3067
Trabalho 335
se revela também mundialmente, vem ocorrendo em razão da disseminação do vírus por
transmissão heterossexual, uma vez que a transmissão homem-mulher é mais efetiva. Deste
modo, a mulher tornou-se a principal vítima de contaminação, levando ao possível agravante
da transmissão vertical.7
Do ponto de vista biológico, da situação das mulheres vivendo com o HIV/aids emerge
a possibilidade de gestação.8 De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da
Saúde, foram notificados 47.705 casos de gestantes HIV positivas no Brasil, no período de
2000 a junho de 2009.9 O primeiro caso de gestante HIV positiva notificada no Estado de
Alagoas pelo SINAN/WINDONS/NET ocorreu em 1994, tendo um total de 397 gestantes
vivendo com o HIV/aids no Estado até o ano de 2009, demonstrando, então, que a feminização
da epidemia já é uma característica e que há de se considerar, ainda, que o aumento do número
de casos em mulheres traz, como conseqüência, o aumento no número de crianças com aids
pela TV.6
Com relação à faixa etária, os dados revelam que as gestantes dos 20 aos 34 anos são
as mais acometidas pela epidemia em Alagoas, com um total de 293 casos (73,8%). A faixa
etária de 15 a 19 anos encontra-se como a segunda mais acometida pela epidemia do HIV,
com 69 casos, revelando um percentual de 17,4%. Já a faixa etária de 35 a 49 anos apresentou
30 casos (7,6%). (Tabela 1)
3068
Trabalho 335
Tabela 1. Caracterização sociodemográfica das gestantes (n = 397) vivendo com o HIV/aids
no Estado de Alagoas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2009.
Variável
Idade
Idade incorreta
15 – 19 anos
20 – 34 anos
35 – 49 anos
Raça
Ignorado/branco
Branca
Amarela
Negra*
Escolaridade
Ignorado/branco
Analfabeto
De 1 a 3
De 4 a 7
De 8 a 11
De 12 e mais
Município de Residência
Ignorado/branco
Maceió
Arapiraca
Outros Municípios
N
%
05
69
293
30
1,2
17,4
73,8
7,6
24
71
02
300
6,0
17,9
0,5
75,6
59
52
65
142
64
15
14,8
13,1
16,4
35,8
16,1
3,8
02
252
27
116
0,5
63,5
6,8
29,2
Fonte: SESAU-AL/DIVEP/SINAN – Dados coletados em 14.07.2010, sujeitos à alteração.
No Brasil, no período de 2000 a Junho de 2009, foram notificados em média 55% de
casos entre as gestantes de 20 a 29 anos.9 Esses dados demonstram que Alagoas está seguindo
o mesmo perfil epidemiológico nacional, ou seja, está ocorrendo uma juvenilização da
epidemia. Isto nos leva a refletir sobre a importância do diagnóstico precoce de mulheres em
idade fértil, pois alguns estudos revelam que muitas mulheres só passam a conhecer o seu
diagnóstico durante o pré-natal.8
Como exposto anteriormente, a faixa etária de 15 a 19 anos, período este, que
compreende a adolescência, apresenta-se como a segunda faixa etária mais acometida. Tal fato
3069
Trabalho 335
nos coloca em estado de alerta, pois ser adolescente, gestante e viver com o HIV/aids é
preocupante, já que a adolescência é uma das fases do ciclo da vida marcado por
ambivalências e contradições. Ora, o jovem que vive com o HIV/aids, além das dificuldades
que normalmente encontrará, ainda enfrentará aquelas adicionais que irão interferir na maneira
como eles se relacionarão com o mundo exterior.10,11
Ao associar a juvenilização da epidemia e a gravidez precoce, percebe-se a dimensão
dos problemas atuais que interferem na saúde do adolescente e materno-infantil, pois a
adolescência, muitas vezes, é rotulada pela sociedade e até mesmo pela família como uma fase
complicada, cheia de contradições, ainda mais quando a adolescente vivendo com o HIV/aids
torna-se gestante. Nesse caso a gestação passa a ser duplamente de risco, estando a gestante
em situação de vulnerabilidade social, psicológica e biológica.12
Dados do Ministério da Saúde evidenciam que mais da metade das novas infecções por
HIV que ocorrem na atualidade afetam jovens de 15 a 24 anos de idade; estima-se que 11,8
milhões desses jovens vivem com HIV/aids em todo o mundo. Uma das possíveis explicações
para a vulnerabilidade desses jovens frente à infecção do HIV/aids é o início precoce da vida
sexual, somado ao aumento da ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e à
intensificação do consumo de drogas.13 Portanto se faz necessário a implementação de mais
políticas públicas de saúde e educação voltadas para o adolescente, com forte ênfase na
sexualidade, métodos contraceptivos, DST, HIV/aids e gravidez na adolescência,
contemplando as necessidades desse grupo populacional de forma mais participativa e
integral.13,14
Além disso, os dados obtidos também revelam que há erros de notificação, pois quatro
casos foram notificados em gestantes menores de um ano, e um caso em gestante na faixa
3070
Trabalho 335
etária de cinco a nove anos, denotando uma deficiência na capacitação de profissionais
responsáveis pelo preenchimento das fichas de notificação e investigação de gestantes vivendo
com o HIV/aids. (Tabela 1) Tal fato torna-se muito agravante, pois o preenchimento adequado
destas fichas de investigação e notificação possibilita o conhecimento da situação
epidemiológica, permitindo a elaboração de medidas para a redução da TV. Além disso, a
informação é um importante indicador da infecção entre as mulheres, possibilitando o
planejamento de ações voltadas para o controle da doença.6
Quanto à variável raça, a notificação e análise são necessárias, pois é um indicador da
vulnerabilidade de diferentes grupos étnicos, devendo ser adotada nos estudos e dados
epidemiológicos sobre as DST/aids. Embora a medida, para alguns críticos, pareça 'racismo',
ela possibilita a adoção de políticas públicas preventivas específicas e, portanto, mais
eficazes.6
É neste sentindo, que ao analisar os dados quanto à raça/cor de gestantes vivendo com
HIV/aids notificadas no Estado de Alagoas, percebe-se que a raça negra (pretas e pardas)
obteve o maior número de casos com um total de 300 casos (75,6%). Em seguida encontra-se
a raça branca, sendo notificados 71 casos, representando 17,9% e a raça amarela aparece em
último lugar, totalizando apenas 2 casos (0,5%). (Tabela 1) No Brasil, a situação se inverte,
pois em primeiro lugar estão as gestantes da raça branca, com um percentual de 46%, seguida
da raça negra com 42% dos casos notificados no período de 2000 a junho de 2009.9
No passado, a distribuição por cor da população brasileira refletia as características
históricas dos modos de colonização do país. No entanto, nos últimos anos, como a questão
racial assumiu uma importante dimensão cultural, política e ideológica, a autoclassificação
vem progressivamente apresentando contornos de autopercepção. Ao comparar a distribuição
3071
Trabalho 335
por cor ou raça da população brasileira no período de 1998 a 2008, verifica-se uma mudança
significativa na distribuição da população, ocorrendo uma redução da população que se
declara branca e um crescimento da proporção da que se declara preta e parda (raça negra).15
Um estudo realizado com as mulheres negras que vivem com o HIV/aids no Estado de
São Paulo, pode evidenciar a existência de desigualdade social desta população, observada
pelas diferentes oportunidades de escolaridade, de acesso aos serviços de saúde, implicando
em menores índices de conhecimento sobre a infecção pelo HIV o que conferem desvantagens
as mesmas produzindo ameaças à sua saúde e restringindo o uso adequado de recurso ao seu
cuidado, consequentemente implicando em maior vulnerabilidade. Neste sentido, é
fundamental a adoção de medidas de prevenção e cuidado relacionadas às desigualdades
raciais e de gênero, portanto esta variável, raça/cor, pode indicar caminhos para melhor
compreensão das interações sociais e condições socioeconômicas destas mulheres.16
Referente à escolaridade, sabe-se que a mesma tem sido usada como marcador das
condições sócio-econômicas das gestantes vivendo com o HIV/aids. Os dados mostram que as
gestantes com o ensino fundamental incompleto são as mais acometidas pela epidemia, com
207 casos (52,2%), aquelas que concluíram ou não o ensino superior são as menos acometidas,
totalizando 15 casos (3,8%), e 52 gestantes foram notificadas como analfabetas, com 13,1%.
(Tabela 1)
Comparando estes dados a nível nacional, pode-se perceber que o perfil destas
gestantes segue o mesmo padrão, pois, no Brasil, observa-se que 50% do total de casos têm
entre um e sete anos de estudos concluídos, 27% são aquelas com oito anos ou mais e 3% não
possuem escolaridade.14 Evidenciando um acometimento das gestantes que possui baixa
escolaridade e menor poder aquisitivo, consequentemente, agravando tanto o acesso à escrita
3072
Trabalho 335
quanto a informações sobre o HIV, expondo a mulher e sua família à disseminação da
doença.17
Como podemos perceber, o HIV aparece em todas as camadas sociais, sendo que
alguns estudos demonstram que ao longo dos anos tem havido um aumento do número de
casos entre pacientes com escolaridade mais baixa e ocupações menos qualificadas. Esta
diminuição do grau de instrução das gestantes vivendo com o HIV/aids tem sido largamente
citada como indicador de pauperização da epidemia,6 que constitui hoje uma conclusão
relativamente consensual de diversos pesquisadores e profissionais envolvidos no dia-a-dia da
epidemia nas diferentes regiões do nosso país.18
Ao analisar os dados relacionados ao município de residência, percebe-se que a grande
maioria das gestantes vivendo com HIV/aids em nosso estado, reside em Maceió, totalizando
252 casos (63,5%), sendo seguido pelo município de Arapiraca com 27 casos (6,8%). (Tabela
1)
Com relação às gestantes que vivem com o HIV/aids em Alagoas, verificou-se 47
municípios notificantes deste agravo, correspondendo a 46% do total de municípios. Este dado
indica que pode estar ocorrendo a subnotificação dessas gestantes, pois existem 88 municípios
notificantes de aids e apenas 47 municípios notificantes de gestante vivendo com HIV/aids.
Esta provável subnotificação e a qualidade das informações disponíveis, evidenciam as
inúmeras falhas, tanto no processo de vigilância quanto na operacionalização das intervenções
para a redução da TV do HIV.19,20
No Estado de Alagoas, a epidemia da aids se desconcentrou da capital e de seus
municípios de grande porte, disseminando-se em direção a outros municípios de pequeno e
médio porte. É importante salientar que nosso Estado, apesar de ser pequeno, possui um total
3073
Trabalho 335
de 102 municípios.2 Desta forma, torna-se evidente a interiorização da epidemia em nosso
Estado, atingindo fortemente aqueles que vivem em comunidades menos assistidas.21
Quando comparamos esses dados ao nacional, percebemos que o perfil epidemiológico
da epidemia do HIV/aids no estado de Alagoas segue o mesmo perfil brasileiro, pois embora o
número de casos absolutos de gestantes vivendo com o HIV/aids, registrados no boletim
epidemiológico de 2009, seja maior nas duas cidades brasileiras, São Paulo e Rio Grande do
Sul, as taxas de incidência revelam importante disseminação geográfica da epidemia.9,21
A interiorização da epidemia se confronta com a centralização das unidades
prestadoras de serviços em HIV/aids, pois os atendimentos especializados, concentram-se nos
grandes centros urbanos. Fato este que dificulta o acesso das gestantes residentes em
municípios de pequeno porte, pois precisam se deslocar para serviços de referência do Sistema
Único de Saúde (SUS). Ocorrendo um comprometimento do tratamento, constituindo um
desafio para a universalização dos avanços terapêuticos alcançados na luta contra a epidemia.
Nesse sentido, viver em um município menor e mais distante acrescenta maior vulnerabilidade
a gestante.21
Com relação à evidência laboratorial do HIV, ao observar as tabelas disponíveis no
SINAN WINDONS de 1994 a 2006 podemos evidenciar a multiplicidade dos dados, pois,
acredita-se que a mesma gestante aparece notificada nos quatro momentos (antes do pré-natal,
durante o pré-natal, antes do parto e durante o parto). Desta forma não foi possível analisar
essas tabelas devido às discordâncias dos dados apresentados nas mesmas. Logo, a equipe de
vigilância epidemiológica do Estado de Alagoas afirma que estes dados estão frequentemente
sujeitos a revisão devido às inconsistências do SINAN.
3074
Trabalho 335
No entanto, referente às notificações de gestantes quanto à evidência laboratorial do
HIV durante os anos de 2007 a 2009 pelo SINAN NET, podemos identificar o maior numero
de diagnósticos laboratoriais do HIV nas gestantes durante o pré-natal, com 119 casos
(61,3%). Tal fato comprova a tamanha importância da realização do pré-natal por todas as
gestantes, uma vez que a testagem anti-HIV é um dos exames de rotina, preconizados pelo
Manual do pré-natal e puerpério do Ministério da Saúde.
No Brasil, recomenda-se oferecer o teste anti-HIV para todas as gestantes, mediante seu
consentimento, com aconselhamento pré e pós-teste, independente de apresentar situação de
risco para a infecção pelo HIV. Quando, por qualquer razão, o teste anti-HIV não for realizado
durante o período pré-natal, este deve ser feito no momento da admissão na maternidade, com
o aconselhamento e testagem específicas para essa condição.22
Logo, as gestantes que obtiveram conhecimento da infecção durante o pré-natal têm
indicação de tratamento com os medicamentos para prevenir a transmissão para o feto,
recebendo, também, o acompanhamento necessário durante a gestação, o parto e
amamentação. No entanto, quando a gestante não tem acesso ao pré-natal adequado, o
diagnóstico geralmente ocorre no 3º trimestre ou na hora do parto,1 este evidenciado pelos
dados obtidos, com o segundo maior numero de casos, 37 (19,1%).
Os dados demonstraram também que 36 gestantes (18,6%) que vivem com o HIV/aids
tiveram conhecimento do seu diagnóstico antes da realização do pré-natal, indicando que a
gravidez planejada ou não, ocorreu mediante o conhecimento prévio do diagnóstico,
possibilitando desta forma a adoção das medidas de prevenção da TV.
A mulher que vive com o HIV/aids também tem direito a sexualidade e ao
planejamento familiar, contudo os profissionais de saúde têm o dever de informar a população
3075
Trabalho 335
seus direitos e possibilidades de como evitar a gravidez e a transmissão do vírus para o
parceiro, como também a possibilidade de engravidar com o HIV e não transmitir o vírus para
o concepto.13,23
Desta forma, o desejo de ter filhos por casais HIV positivos, sejam sorodiscordante ou
não, deve suscitar por parte daqueles que os assistem atenção especial, a fim de lhes
proporcionar o aconselhamento adequado, aliado a informação quanto ao melhor momento
para a concepção, quando a carga viral apresenta valor aproximado a zero, além de incentivar
a adoção das medidas de prevenção da TV.13
A gravidez e a maternidade para a mulher refletem expectativas sociais e culturais
muito amplas que surgem no imaginário social, ligadas à saúde, à felicidade, à continuidade de
sua vida, de sua família e da espécie.24 Contudo, estas mulheres se deparam com um conflito
interno, pois de um lado está a vontade de gerar um filho e dar continuidade a sua vida, e do
outro, o medo da criança tornar-se soropositiva podendo vir a sofrer preconceito e
discriminação.25,26,27
Em contrapartida, ter de abrir mão da amamentação, com o intuito de diminuir a
probabilidade de contaminação da criança é um fato que frustra as expectativas das gestantes
que vivem com o HIV/aids quanto ao papel materno idealizado para si, pois o aleitamento
materno deixa de ser vantajoso e passa a representar risco adicional, representando a essas
mães a falta de oportunidade de exercer a maternidade em sua integralidade.22,25,27
Quanto à realização do pré-natal, os dados evidenciam um alto índice de gestantes o
realizaram, totalizando 304 casos notificados (77%). Fato este muito importante, pois permite
a implementação de medidas durante o pré-natal, contribuindo com a redução dos riscos de
TV e o acompanhamento adequado da mulher. (Tabela 2)
3076
Trabalho 335
Tabela 2. Caracterização clínica das gestantes (n = 397) vivendo com o HIV/aids no Estado de
Alagoas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2009.
Variável
Fez pré-natal
Ignorado/branco
Sim
Não
Início do anti-retroviral na gestante
Ignorado
1º trimestre
2º trimestre
3º trimestre
4º trimestre
Tipo de parto
Ignorado/branco
Parto Vaginal
Parto Cesárea
Aborto/ Não se aplica
Início do anti-retroviral na criança
Ignorado/branco
Nas primeiras 24h
Após 24h do nascimento
Não se aplica
Não realizado
N
%
71
304
22
18,0
77,0
5,0
202
35
58
72
30
51,0
9,0
15,0
18,0
7,0
93
69
233
02
23,4
17,4
58,7
0,50
102
275
03
13
04
25,7
69,3
0,7
3,3
1,0
Fonte: SESAU-AL/DIVEP/SINAN – Dados coletados em 14.07.2010, sujeitos à alteração.
Entre essas medidas, têm-se o aconselhamento e a realização de sorologia para HIV no
pré-natal; a administração da zidovudina (AZT) oral na dose de 600mg/dia, combinada a
outros anti-retrovirais para as gestantes infectadas pelo HIV; a administração de AZT por via
endovenosa numa dose de ataque de 2mg/Kg na 1ª hora, seguida da infusão contínua de
1mg/Kg/hora até o clampeamento do cordão umbilical durante o trabalho de parto;
administração de AZT por via oral (2mg/Kg) para os recém-nascidos no pós-parto; e a
substituição do aleitamento materno.3,7,28
No entanto, apesar das intervenções preconizadas terem, reconhecidamente, grande
impacto na redução da TV do HIV, ainda é baixa a cobertura das ações recomendadas. Fato
3077
Trabalho 335
este evidenciado pelo índice de notificações ignorado/branco e de não realização do pré-natal,
que totalizaram 71 (18%) e 22 (5%) notificações, respectivamente.
Embora a terapia anti-retroviral seja de oferta universal no Brasil, ainda é grande a
proporção de gestantes infectadas pelo HIV que não são sujeitas às ações profiláticas
recomendadas pelo PN-DST/aids, pois ocorrem falhas na detecção precoce da infecção pelo
HIV durante a gestação. Essas falhas acarretam em um início tardio da terapia anti-retroviral
limitando as possibilidades de redução da infecção do vírus na criança por TV.3,28
Quanto ao início da terapia anti-retroviral, observou-se 202 casos notificados na
categoria ignorado/branco (51%), evidenciando mais uma vez uma deficiência de capacitação
dos profissionais que preenchem as fichas de notificação e investigação de gestantes vivendo
com o HIV/aids. Outro dado muito relevante, é de que apenas 35 gestantes (9%) vivendo com
o HIV/aids iniciaram a terapia no primeiro trimestre, e 58 casos (15%) no segundo trimestre,
acarretando no maior risco de TV. (Tabela 2) Fato este comprovado pelo Ministério da Saúde,
que recomenda o inicio da terapia anti-retroviral, a partir da 14a semana de gestação, que
corresponde ao segundo trimestre.24
Com relação ao tipo de parto, o mais frequente entre estas gestantes foi o parto cesáreo,
que contempla 233 casos (58,7%), em segundo lugar observa-se a categoria ignorado/branco,
com 93 casos (23,4%), enquanto que em 69 casos (17,4%) a via de nascimento foi o parto
vaginal, seguido da categoria aborto e não se aplica, com apenas 1 caso (0,25%) cada uma.
(Tabela 2)
De acordo com as Recomendações para Profilaxia da Transmissão Vertical do HIV e
Terapia Anti-retroviral em Gestantes do Ministério da Saúde, a definição da via de parto
deverá ser baseada no resultado da carga viral materna, realizada a partir da 34ª semana de
3078
Trabalho 335
gestação, em associação com a avaliação obstétrica. Em mulheres com carga viral menor que
1.000 cópias/ml, o tipo de parto poderá ser discutido entre a gestante e seu obstetra, pois
nessas condições o parto pode ser por via vaginal ou cesárea, não alterando o risco de TV do
HIV.29
Entretanto, a CCE está indicada para as gestantes soropositivas para o HIV que, no
final da gestação apresentem carga viral desconhecida ou superior a 1.000 cópias/ml. Este,
quando indicado, deverá ser realizada entre a 38ª e 39ª semana de gestação, evitando, assim, a
ruptura das membranas, a dilatação cervical maior que 3 a 4 cm, o inicio do trabalho de parto,
o nascimento de recém-nascidos prematuros, diminuindo a troca sanguínea entre mãe e feto.29
Tendo como base estas recomendações, mesmo não dispondo da carga viral das
gestantes em estudo, foi possível identificar que a via de parto predominante foi a cesárea, no
entanto, não foi possível estabelecer se a cirurgia cesariana foi eletiva ou de urgência.
Diante dos dados obtidos quanto ao início da TARV na criança, ressalta-se o início
desta terapia nas primeiras 24 horas de vida em 275 crianças (69,3%), acompanhado da
categoria ignorado/branco com 102 casos (25,7%), evidenciando mais uma vez a ausência de
qualificação dos profissionais responsáveis pelo preenchimento das fichas de notificação, o
que dificulta a definição da tendência atual, já que este apresenta um percentual bastante
elevado, logo, não se tem a certeza de que essas crianças terão menos chances de
contaminação. Na seqüência observamos a categoria não se aplica com 13 casos (3,3%),
seguido da não realização da profilaxia na criança e do inicio da terapia após 24h do
nascimento, respectivamente, com 4 casos (1%) e 3 casos (0,7%). (Tabela 2)
A profilaxia da transmissão vertical do HIV requer a utilização da Zidovudina em
solução oral para todos os recém nascidos expostos, procedimento adotado no PACTG 076.
3079
Trabalho 335
De acordo com as Recomendações do Ministério da Saúde, o recém-nascido deve receber a
zidovudina, solução oral (10mg/ml), preferencialmente ainda na sala de parto, logo após os
cuidados imediatos, ou nas primeiras 2 horas após o nascimento, na dose de 2mg/kg a cada
seis horas, devendo ser mantido o tratamento durante as primeiras seis semanas de vida.29
Tal fato foi possível identificar no estudo realizado, comprovando em mais da metade
dos casos notificados, o inicio da terapia anti-retroviral na criança nas primeiras 24 horas de
vida, correspondendo ao preconizado na literatura.
Conclusão
Os dados analisados permitiram estabelecer o perfil das gestantes que vivem com o
HIV/aids no Estado de Alagoas, assim como compará-los a nível nacional. Por meio desta
comparação foi possível evidenciar que as gestantes alagoanas apresentam um perfil de
mulheres jovens, predominantemente da raça negra, com baixa escolaridade, em que a grande
maioria reside em Maceió, no entanto, podemos constatar que o índice de gestantes que
residem no interior do estado vem aumentando ao longo dos anos.
Ao analisar os dados com relação ao perfil clínico dessas gestantes, podemos
estabelecer que a maioria delas descobriu seu diagnóstico durante o pré-natal. Constatamos
também um alto índice de realização do pré-natal e que a via de parto mais frequente foi à
cesárea. Todos esses dados apontam para a possibilidade do acompanhamento adequado a
essas mulheres, facilitando a adoção de medidas profiláticas precocemente, e reduzindo os
riscos da TV.
Quanto ao inicio da TARV na gestante, não foi possível estabelecer o perfil clínico,
pois mais da metade dos dados obtidos estavam classificados como ignorado ou em branco.
3080
Trabalho 335
Com relação ao inicio da TARV na criança, a situação torna-se oposta, pois mais da metade
das crianças receberam a terapia nas primeiras 24 horas de vida, apesar de ainda ser alto o
índice de ignorado ou em branco.
Esses resultados apontam, para a necessidade de proporcionar capacitação visando uma
melhor qualificação do profissional responsável pelo preenchimento das fichas de investigação
e notificação, pois o preenchimento adequado possibilita o conhecimento exato da situação
epidemiológica, permitindo a elaboração de medidas que visem reduzir a TV e aperfeiçoar o
planejamento de ações voltadas para o controle da doença materna.
Ao estabelecer esse perfil constatamos a necessidade de medidas para a maior
cobertura da detecção precoce da infecção do HIV/aids na gestação. Nesse sentido, estratégias
conjuntas entre os programas do PN-DST/aids, os programas de saúde da mulher, e os de
saúde da família (PSF) devem ser estabelecidas, visando melhorar a cobertura, o acesso e a
qualidade do atendimento pré-natal, principalmente no Estado de Alagoas, visto que os
municípios do interior são de pequeno porte, e que tem portanto, a responsabilidade de ações
efetivas na atenção básica.
Além disso, acredita-se que a educação em saúde seja o melhor meio para estabelecer
uma relação de confiança entre os profissionais de saúde e a gestante, permitindo o
desenvolvimento de atividades voltadas à saúde da mulher, dando maior ênfase à
vulnerabilidade dela e de sua família ao HIV, além de discutir temas relacionados à
sexualidade, procurando envolver os parceiros nessas atividades.
Logo, os serviços de saúde devem ter como eixo a integralidade da atenção,
compreendendo o ser humano enquanto um ser biopsicossocial e espiritual, com ações que
3081
Trabalho 335
permitam transcender o aspecto biológico, com a utilização dos medicamentos, mas que
ofereçam ações que contribuam para a qualidade de vida desta população.
Portanto, o enfermeiro, pela sua formação, está capacitado para atuar nesse processo,
pela sua função de educador e de cuidador, sendo ele o multiplicador de estratégias educativas
eficazes. Para tanto, se faz necessário um trabalho contínuo realizado por toda a equipe
multidisciplinar, visando à promoção da saúde e a implementação de ações educativas
particularizadas pertinentes às necessidades da mulher em busca da qualificação da
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Download

caracterização das gestantes vivendo com o hiv