Trabalho 335 CARACTERIZAÇÃO DAS GESTANTES VIVENDO COM O HIV/AIDS NO ESTADO DE ALAGOAS Marcela Alves Pinto Costa Natália Palmoni Medeiros Dantas Renata Karina Reis Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal com abordagem quantitativa que teve como objetivo estabelecer o perfil sociodemográfico, epidemiológico e clínico das gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2009. A população escolhida foram as gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas notificadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), por meio das fichas de investigação e notificação de gestantes HIV positivas. O local onde se desenvolveu a pesquisa foi o núcleo de Vigilância Epidemiológica do Estado, sendo os dados obtidos analisados utilizando a estatística descritiva. Foram notificadas 397 gestantes, predominantemente na faixa etária de 20 a 34 anos (73,8%), da raça negra (75,6%), com ensino fundamental incompleto (52,2%), residentes na capital do Estado (63,5%), que descobriram seu diagnóstico durante o pré-natal (61,3%), com alto índice da realização do mesmo (77%), sendo a via de parto mais frequente a cesariana (58,7%), 18% das gestantes iniciaram a terapia anti-retroviral no terceiro trimestre e 69,3% das crianças receberam o anti-retroviral nas primeiras 24 horas de vida. Ao estabelecer esse perfil constatou-se a necessidade de medidas para a maior cobertura da detecção precoce da infecção do HIV/aids na gestação. Nesse sentido, estratégias conjuntas entre os programas do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis/aids (PN-DST/aids), os programas de saúde da mulher, e os de saúde da família (PSF) devem ser estabelecidas, visando melhorar a cobertura, o acesso e a qualidade do atendimento pré-natal. Além disso, é fundamental que os serviços de saúde tenham como eixo a integralidade da atenção, compreendendo o ser humano enquanto um ser biopsicossocial e espiritual, com ações que permitam transcender o aspecto biológico, com a utilização dos medicamentos, mas que ofereçam ações que contribuam para a qualidade de vida desta população. Palavras-chaves: Gestantes; HIV; Enfermagem. 3061 Trabalho 335 CHARACTERIZATION OF PREGNANT WOMEN LIVING WITH HIV / AIDS IN THE STATE OF ALAGOAS. Marcela Alves Pinto Costa Natália Palmoni Medeiros Dantas Renata Karina Reis This is a cross sectional study with a quantitative approach that aimed to establish the sociodemographic, clinical and epidemiologic of pregnant women living with HIV / AIDS in the state of Alagoas in the period from January 1994 to December 2009. The population chosen was the pregnant women living with HIV / AIDS in the State of Alagoas reported in the Information System for Notifiable Diseases (SINAN), through investigation forms and notification of HIV positive pregnant women. The site was developed to research the core of Epidemiological Surveillance State, and the data was analyzed using descriptive statistics. 397 pregnancies were reported, mostly aged 20 to 34 years (73.8%), black race (75.6%) with incomplete primary education (52.2%) residing in the state capital (63, 5%), who found their diagnosis during prenatal care (61.3%), with high level of achievement of the same (77%) being the most frequent mode of delivery cesarean section (58.7%), 18% of pregnant women started antiretroviral therapy in the third quarter and 69.3% of children received antiretroviral therapy within 24 hours of life. By setting this profile was found the need for measures for greater coverage of early detection of HIV infection and AIDS in pregnancy. In this sense, joint strategies among the programs of the National STD / AIDS Programme (NAP), programs for women's health, and family health (PSF) should be established to improve the coverage, access and quality of prenatal care. Furthermore, it is essential that health services have an axis integrated care, understanding the human being as a biopsychosocial and spiritual being, with actions that allow transcend the biological aspect, with the use of drugs but that offer activities that contribute the quality of life in this population. Keywords: Pregnancy, HIV, Nursing. 3062 Trabalho 335 Introdução Desde o seu surgimento, em 1980, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) tornou-se uma das mais comentadas doenças do mundo. Por seu caráter pandêmico e sua gravidade, ao longo desses anos, a epidemia do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)/aids no Brasil emergiu como um dos mais sérios problemas de saúde pública. Desde a identificação do primeiro caso no Brasil, em 1980, até junho de 2008, já foram identificados 506 mil casos da doença e estima-se que, atualmente, aproximadamente 630 mil pessoas vivam com HIV/aids em nosso país.1 De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 80% do total de notificações estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul, particularmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. No entanto, nesses Estados, observa-se um lento processo de estabilização desde 1998. Já nas regiões Norte e Nordeste a tendência é de crescimento no número de casos. Logo, a taxa de incidência de aids no Brasil mantém-se estabilizada, como resultado dessa dinâmica regional da epidemia, ainda que em patamares elevados.1 No Estado de Alagoas as primeiras ocorrências de aids foram identificadas a partir de 1986, em quatro municípios, perfazendo um total de sete casos. De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), até julho de 2009, foram diagnosticados e notificados 2.645 casos de aids no Estado. O município de Maceió concentra atualmente a maioria dos casos, 1.823, o que equivale a 69% das ocorrências. O município de Arapiraca, assume o segundo lugar com 112 casos absolutos de aids, seguido de Rio Largo com 54 casos e Palmeira dos Índios com 40.2 3063 Trabalho 335 Acreditava-se que, no início, a infecção pelo HIV estava restrita a determinados “grupos de riscos” em que estavam inclusos os homossexuais, usuários de drogas e hemofílicos. No decorrer do tempo a epidemia assumiu outro perfil e a transmissão heterossexual passou a ser a principal via de transmissão do HIV, atingindo desta forma as mulheres, iniciando a feminização da epidemia. Diante dessa problemática, podemos identificar que, com a expansão da epidemia na população heterossexual, as mulheres têm sido acentuadamente afetadas, acarretando, por sua vez, o aumento dos casos de crianças infectadas por Transmissão Vertical (TV). A TV pode ocorrer durante a gestação, o parto e a amamentação, sendo que cerca de 65% dos casos ocorrem durante o trabalho de parto.3 Tendo em vista a feminização da infecção pelo HIV/aids, é importante a realização do diagnóstico precoce das mulheres em idade fértil, pois, quando identificadas com maior antecedência as gestantes infectadas pelo HIV/aids, torna-se possível a adoção das medidas profiláticas de prevenção da TV, como também ações que possibilitem uma assistência de qualidade à mulher. Logo, um dos principais objetivos das Recomendações para Profilaxia da Transmissão Vertical do HIV e Terapia Anti-retroviral em Gestantes é a redução da transmissão vertical do vírus, sendo o pré-natal uma oportunidade para o diagnóstico dessas mulheres. Portanto oferecer a sorologia anti-HIV a essas mulheres é dever do profissional e direito da mulher, conforme determinado pelas recomendações do Projeto Nascer e do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento.4 3064 Trabalho 335 É fato que a identificação precoce da mulher vivendo com o HIV/aids, a aplicação oportuna da TARV, com conseqüente queda dos níveis de carga viral materna e a menor exposição do recém-nascido ao HIV, leva à melhores resultados. Levando em consideração a problemática abordada até então, temos como objetivo estabelecer o perfil sociodemográfico, epidemiológico e clínico das gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2009. Para isso buscamos artigos nos sites da Scielo, Bireme, selecionando as Revistas: de Saúde Pública, Brasileira de Epidemiologia, Latino Americana de Enfermagem e Brasileira de Saúde Materno-Infantil, não tendo encontrado nenhum artigo relacionado ao nosso objeto de estudo. Foi nesse momento que constatamos a inexistência de publicações sobre o referido tema no Estado de Alagoas, e isto nos estimulou ainda mais em prosseguir na busca de dados que nos proporcionassem conhecimento mais preciso sobre o assunto. Portanto, consideramos o desenvolvimento desse estudo de suma relevância, pois uma vez estabelecido o perfil dessas gestantes, teremos subsídios para sugerir formas de intervir na prevenção e promoção da saúde da mulher e da criança, buscando proporcionar uma melhor qualidade de vida. Métodos Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal com abordagem quantitativa. A pesquisa é quantitativa porque a coleta de informações e o tratamento da mesma serão através de técnicas estatísticas, objetivando resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação, possibilitando uma maior margem de segurança.5 3065 Trabalho 335 O local de estudo onde se desenvolveu a pesquisa foi o núcleo de Vigilância Epidemiológica do Estado de Alagoas. Este núcleo tem como objetivo possibilitar o conhecimento e a análise do processo saúde-doença nas populações, contribuindo para o planejamento e a avaliação do impacto de medidas destinadas a interromper a ocorrência de doenças e agravos. Quanto à população escolhida para o estudo, optamos pelas gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas notificadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), através das fichas de investigação e notificação de gestantes HIV positivas, desde o primeiro caso registrado no SINAN até dezembro de 2009. A coleta de dados desta pesquisa foi realizada mediante os dados secundários notificados no SINAN/WINDONS/NET, sendo estes dados, o instrumento de coleta, que são baseados nas variáveis sociodemográficas, epidemiológica e clínica. As variáveis que foram utilizadas na coleta de dados são idade, raça/cor, ano de notificação, município de residência, escolaridade, evidência laboratorial do HIV, realização de pré-natal, trimestre de inicio da profilaxia antirretroviral na gestante, tipo de parto, inicio da profilaxia antirretroviral na criança. Os dados dessa pesquisa foram analisados usando a estatística descritiva, sendo comparados com a literatura nacional, para que se possa estabelecer o perfil das gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas. Sendo então elaborado um banco de dados, utilizando uma planilha do Excel, onde os dados foram apresentados em forma de tabelas. Quanto aos aspectos éticos, a realização da pesquisa foi autorizada pela Coordenação Estadual do Programa de DST/aids e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas, com protocolo de nº 027661/2009-70. Sendo aceita a 3066 Trabalho 335 solicitação de dispensa do uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tendo em vista que a pesquisa dar-se-á com dados secundários. Resultados e Discussão Os dados coletados no SINAN foram analisados com o intuito de caracterizar as gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas e discutir acerca do perfil sociodemográfico, epidemiológico e clínico das gestantes acometidas pela epidemia. O SINAN é composto por dois programas: o SINAN WINDONS, responsável pelo registro dos agravos de notificação compulsória até o ano de 2007; e o SINAN NET que substituiu o primeiro e permanece notificando os agravos até os dias atuais. A notificação de gestantes vivendo com o HIV/aids e crianças expostas ao HIV tornouse compulsória em todo território nacional quando o Ministério da Saúde, através da Portaria nº 0993, de 4 de setembro de 2000, implantou esse sistema de vigilância do HIV na gestação. A partir dessa data foi implantado o instrumento de notificação e investigação de casos dessa população em todo o país.6 Sabe-se que antes do referido ano a notificação destes casos não era compulsória, porém, ao analisar os dados obtidos no SINAN, constatamos que existem nove casos notificados de gestantes vivendo com o HIV/aids e crianças expostas ao HIV entre os anos de 1994 a 1998. Tal fato é explicado pela equipe de vigilância epidemiológica do Estado de Alagoas, ao afirmar que os serviços de saúde registravam tais casos nos prontuários, sendo estes posteriormente incluídos no sistema. Ao realizar uma retrospectiva da epidemia da aids, constatamos que no Brasil, os casos notificados de aids entre mulheres apresentam um quantitativo crescente, e este fenômeno, que 3067 Trabalho 335 se revela também mundialmente, vem ocorrendo em razão da disseminação do vírus por transmissão heterossexual, uma vez que a transmissão homem-mulher é mais efetiva. Deste modo, a mulher tornou-se a principal vítima de contaminação, levando ao possível agravante da transmissão vertical.7 Do ponto de vista biológico, da situação das mulheres vivendo com o HIV/aids emerge a possibilidade de gestação.8 De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, foram notificados 47.705 casos de gestantes HIV positivas no Brasil, no período de 2000 a junho de 2009.9 O primeiro caso de gestante HIV positiva notificada no Estado de Alagoas pelo SINAN/WINDONS/NET ocorreu em 1994, tendo um total de 397 gestantes vivendo com o HIV/aids no Estado até o ano de 2009, demonstrando, então, que a feminização da epidemia já é uma característica e que há de se considerar, ainda, que o aumento do número de casos em mulheres traz, como conseqüência, o aumento no número de crianças com aids pela TV.6 Com relação à faixa etária, os dados revelam que as gestantes dos 20 aos 34 anos são as mais acometidas pela epidemia em Alagoas, com um total de 293 casos (73,8%). A faixa etária de 15 a 19 anos encontra-se como a segunda mais acometida pela epidemia do HIV, com 69 casos, revelando um percentual de 17,4%. Já a faixa etária de 35 a 49 anos apresentou 30 casos (7,6%). (Tabela 1) 3068 Trabalho 335 Tabela 1. Caracterização sociodemográfica das gestantes (n = 397) vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2009. Variável Idade Idade incorreta 15 – 19 anos 20 – 34 anos 35 – 49 anos Raça Ignorado/branco Branca Amarela Negra* Escolaridade Ignorado/branco Analfabeto De 1 a 3 De 4 a 7 De 8 a 11 De 12 e mais Município de Residência Ignorado/branco Maceió Arapiraca Outros Municípios N % 05 69 293 30 1,2 17,4 73,8 7,6 24 71 02 300 6,0 17,9 0,5 75,6 59 52 65 142 64 15 14,8 13,1 16,4 35,8 16,1 3,8 02 252 27 116 0,5 63,5 6,8 29,2 Fonte: SESAU-AL/DIVEP/SINAN – Dados coletados em 14.07.2010, sujeitos à alteração. No Brasil, no período de 2000 a Junho de 2009, foram notificados em média 55% de casos entre as gestantes de 20 a 29 anos.9 Esses dados demonstram que Alagoas está seguindo o mesmo perfil epidemiológico nacional, ou seja, está ocorrendo uma juvenilização da epidemia. Isto nos leva a refletir sobre a importância do diagnóstico precoce de mulheres em idade fértil, pois alguns estudos revelam que muitas mulheres só passam a conhecer o seu diagnóstico durante o pré-natal.8 Como exposto anteriormente, a faixa etária de 15 a 19 anos, período este, que compreende a adolescência, apresenta-se como a segunda faixa etária mais acometida. Tal fato 3069 Trabalho 335 nos coloca em estado de alerta, pois ser adolescente, gestante e viver com o HIV/aids é preocupante, já que a adolescência é uma das fases do ciclo da vida marcado por ambivalências e contradições. Ora, o jovem que vive com o HIV/aids, além das dificuldades que normalmente encontrará, ainda enfrentará aquelas adicionais que irão interferir na maneira como eles se relacionarão com o mundo exterior.10,11 Ao associar a juvenilização da epidemia e a gravidez precoce, percebe-se a dimensão dos problemas atuais que interferem na saúde do adolescente e materno-infantil, pois a adolescência, muitas vezes, é rotulada pela sociedade e até mesmo pela família como uma fase complicada, cheia de contradições, ainda mais quando a adolescente vivendo com o HIV/aids torna-se gestante. Nesse caso a gestação passa a ser duplamente de risco, estando a gestante em situação de vulnerabilidade social, psicológica e biológica.12 Dados do Ministério da Saúde evidenciam que mais da metade das novas infecções por HIV que ocorrem na atualidade afetam jovens de 15 a 24 anos de idade; estima-se que 11,8 milhões desses jovens vivem com HIV/aids em todo o mundo. Uma das possíveis explicações para a vulnerabilidade desses jovens frente à infecção do HIV/aids é o início precoce da vida sexual, somado ao aumento da ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e à intensificação do consumo de drogas.13 Portanto se faz necessário a implementação de mais políticas públicas de saúde e educação voltadas para o adolescente, com forte ênfase na sexualidade, métodos contraceptivos, DST, HIV/aids e gravidez na adolescência, contemplando as necessidades desse grupo populacional de forma mais participativa e integral.13,14 Além disso, os dados obtidos também revelam que há erros de notificação, pois quatro casos foram notificados em gestantes menores de um ano, e um caso em gestante na faixa 3070 Trabalho 335 etária de cinco a nove anos, denotando uma deficiência na capacitação de profissionais responsáveis pelo preenchimento das fichas de notificação e investigação de gestantes vivendo com o HIV/aids. (Tabela 1) Tal fato torna-se muito agravante, pois o preenchimento adequado destas fichas de investigação e notificação possibilita o conhecimento da situação epidemiológica, permitindo a elaboração de medidas para a redução da TV. Além disso, a informação é um importante indicador da infecção entre as mulheres, possibilitando o planejamento de ações voltadas para o controle da doença.6 Quanto à variável raça, a notificação e análise são necessárias, pois é um indicador da vulnerabilidade de diferentes grupos étnicos, devendo ser adotada nos estudos e dados epidemiológicos sobre as DST/aids. Embora a medida, para alguns críticos, pareça 'racismo', ela possibilita a adoção de políticas públicas preventivas específicas e, portanto, mais eficazes.6 É neste sentindo, que ao analisar os dados quanto à raça/cor de gestantes vivendo com HIV/aids notificadas no Estado de Alagoas, percebe-se que a raça negra (pretas e pardas) obteve o maior número de casos com um total de 300 casos (75,6%). Em seguida encontra-se a raça branca, sendo notificados 71 casos, representando 17,9% e a raça amarela aparece em último lugar, totalizando apenas 2 casos (0,5%). (Tabela 1) No Brasil, a situação se inverte, pois em primeiro lugar estão as gestantes da raça branca, com um percentual de 46%, seguida da raça negra com 42% dos casos notificados no período de 2000 a junho de 2009.9 No passado, a distribuição por cor da população brasileira refletia as características históricas dos modos de colonização do país. No entanto, nos últimos anos, como a questão racial assumiu uma importante dimensão cultural, política e ideológica, a autoclassificação vem progressivamente apresentando contornos de autopercepção. Ao comparar a distribuição 3071 Trabalho 335 por cor ou raça da população brasileira no período de 1998 a 2008, verifica-se uma mudança significativa na distribuição da população, ocorrendo uma redução da população que se declara branca e um crescimento da proporção da que se declara preta e parda (raça negra).15 Um estudo realizado com as mulheres negras que vivem com o HIV/aids no Estado de São Paulo, pode evidenciar a existência de desigualdade social desta população, observada pelas diferentes oportunidades de escolaridade, de acesso aos serviços de saúde, implicando em menores índices de conhecimento sobre a infecção pelo HIV o que conferem desvantagens as mesmas produzindo ameaças à sua saúde e restringindo o uso adequado de recurso ao seu cuidado, consequentemente implicando em maior vulnerabilidade. Neste sentido, é fundamental a adoção de medidas de prevenção e cuidado relacionadas às desigualdades raciais e de gênero, portanto esta variável, raça/cor, pode indicar caminhos para melhor compreensão das interações sociais e condições socioeconômicas destas mulheres.16 Referente à escolaridade, sabe-se que a mesma tem sido usada como marcador das condições sócio-econômicas das gestantes vivendo com o HIV/aids. Os dados mostram que as gestantes com o ensino fundamental incompleto são as mais acometidas pela epidemia, com 207 casos (52,2%), aquelas que concluíram ou não o ensino superior são as menos acometidas, totalizando 15 casos (3,8%), e 52 gestantes foram notificadas como analfabetas, com 13,1%. (Tabela 1) Comparando estes dados a nível nacional, pode-se perceber que o perfil destas gestantes segue o mesmo padrão, pois, no Brasil, observa-se que 50% do total de casos têm entre um e sete anos de estudos concluídos, 27% são aquelas com oito anos ou mais e 3% não possuem escolaridade.14 Evidenciando um acometimento das gestantes que possui baixa escolaridade e menor poder aquisitivo, consequentemente, agravando tanto o acesso à escrita 3072 Trabalho 335 quanto a informações sobre o HIV, expondo a mulher e sua família à disseminação da doença.17 Como podemos perceber, o HIV aparece em todas as camadas sociais, sendo que alguns estudos demonstram que ao longo dos anos tem havido um aumento do número de casos entre pacientes com escolaridade mais baixa e ocupações menos qualificadas. Esta diminuição do grau de instrução das gestantes vivendo com o HIV/aids tem sido largamente citada como indicador de pauperização da epidemia,6 que constitui hoje uma conclusão relativamente consensual de diversos pesquisadores e profissionais envolvidos no dia-a-dia da epidemia nas diferentes regiões do nosso país.18 Ao analisar os dados relacionados ao município de residência, percebe-se que a grande maioria das gestantes vivendo com HIV/aids em nosso estado, reside em Maceió, totalizando 252 casos (63,5%), sendo seguido pelo município de Arapiraca com 27 casos (6,8%). (Tabela 1) Com relação às gestantes que vivem com o HIV/aids em Alagoas, verificou-se 47 municípios notificantes deste agravo, correspondendo a 46% do total de municípios. Este dado indica que pode estar ocorrendo a subnotificação dessas gestantes, pois existem 88 municípios notificantes de aids e apenas 47 municípios notificantes de gestante vivendo com HIV/aids. Esta provável subnotificação e a qualidade das informações disponíveis, evidenciam as inúmeras falhas, tanto no processo de vigilância quanto na operacionalização das intervenções para a redução da TV do HIV.19,20 No Estado de Alagoas, a epidemia da aids se desconcentrou da capital e de seus municípios de grande porte, disseminando-se em direção a outros municípios de pequeno e médio porte. É importante salientar que nosso Estado, apesar de ser pequeno, possui um total 3073 Trabalho 335 de 102 municípios.2 Desta forma, torna-se evidente a interiorização da epidemia em nosso Estado, atingindo fortemente aqueles que vivem em comunidades menos assistidas.21 Quando comparamos esses dados ao nacional, percebemos que o perfil epidemiológico da epidemia do HIV/aids no estado de Alagoas segue o mesmo perfil brasileiro, pois embora o número de casos absolutos de gestantes vivendo com o HIV/aids, registrados no boletim epidemiológico de 2009, seja maior nas duas cidades brasileiras, São Paulo e Rio Grande do Sul, as taxas de incidência revelam importante disseminação geográfica da epidemia.9,21 A interiorização da epidemia se confronta com a centralização das unidades prestadoras de serviços em HIV/aids, pois os atendimentos especializados, concentram-se nos grandes centros urbanos. Fato este que dificulta o acesso das gestantes residentes em municípios de pequeno porte, pois precisam se deslocar para serviços de referência do Sistema Único de Saúde (SUS). Ocorrendo um comprometimento do tratamento, constituindo um desafio para a universalização dos avanços terapêuticos alcançados na luta contra a epidemia. Nesse sentido, viver em um município menor e mais distante acrescenta maior vulnerabilidade a gestante.21 Com relação à evidência laboratorial do HIV, ao observar as tabelas disponíveis no SINAN WINDONS de 1994 a 2006 podemos evidenciar a multiplicidade dos dados, pois, acredita-se que a mesma gestante aparece notificada nos quatro momentos (antes do pré-natal, durante o pré-natal, antes do parto e durante o parto). Desta forma não foi possível analisar essas tabelas devido às discordâncias dos dados apresentados nas mesmas. Logo, a equipe de vigilância epidemiológica do Estado de Alagoas afirma que estes dados estão frequentemente sujeitos a revisão devido às inconsistências do SINAN. 3074 Trabalho 335 No entanto, referente às notificações de gestantes quanto à evidência laboratorial do HIV durante os anos de 2007 a 2009 pelo SINAN NET, podemos identificar o maior numero de diagnósticos laboratoriais do HIV nas gestantes durante o pré-natal, com 119 casos (61,3%). Tal fato comprova a tamanha importância da realização do pré-natal por todas as gestantes, uma vez que a testagem anti-HIV é um dos exames de rotina, preconizados pelo Manual do pré-natal e puerpério do Ministério da Saúde. No Brasil, recomenda-se oferecer o teste anti-HIV para todas as gestantes, mediante seu consentimento, com aconselhamento pré e pós-teste, independente de apresentar situação de risco para a infecção pelo HIV. Quando, por qualquer razão, o teste anti-HIV não for realizado durante o período pré-natal, este deve ser feito no momento da admissão na maternidade, com o aconselhamento e testagem específicas para essa condição.22 Logo, as gestantes que obtiveram conhecimento da infecção durante o pré-natal têm indicação de tratamento com os medicamentos para prevenir a transmissão para o feto, recebendo, também, o acompanhamento necessário durante a gestação, o parto e amamentação. No entanto, quando a gestante não tem acesso ao pré-natal adequado, o diagnóstico geralmente ocorre no 3º trimestre ou na hora do parto,1 este evidenciado pelos dados obtidos, com o segundo maior numero de casos, 37 (19,1%). Os dados demonstraram também que 36 gestantes (18,6%) que vivem com o HIV/aids tiveram conhecimento do seu diagnóstico antes da realização do pré-natal, indicando que a gravidez planejada ou não, ocorreu mediante o conhecimento prévio do diagnóstico, possibilitando desta forma a adoção das medidas de prevenção da TV. A mulher que vive com o HIV/aids também tem direito a sexualidade e ao planejamento familiar, contudo os profissionais de saúde têm o dever de informar a população 3075 Trabalho 335 seus direitos e possibilidades de como evitar a gravidez e a transmissão do vírus para o parceiro, como também a possibilidade de engravidar com o HIV e não transmitir o vírus para o concepto.13,23 Desta forma, o desejo de ter filhos por casais HIV positivos, sejam sorodiscordante ou não, deve suscitar por parte daqueles que os assistem atenção especial, a fim de lhes proporcionar o aconselhamento adequado, aliado a informação quanto ao melhor momento para a concepção, quando a carga viral apresenta valor aproximado a zero, além de incentivar a adoção das medidas de prevenção da TV.13 A gravidez e a maternidade para a mulher refletem expectativas sociais e culturais muito amplas que surgem no imaginário social, ligadas à saúde, à felicidade, à continuidade de sua vida, de sua família e da espécie.24 Contudo, estas mulheres se deparam com um conflito interno, pois de um lado está a vontade de gerar um filho e dar continuidade a sua vida, e do outro, o medo da criança tornar-se soropositiva podendo vir a sofrer preconceito e discriminação.25,26,27 Em contrapartida, ter de abrir mão da amamentação, com o intuito de diminuir a probabilidade de contaminação da criança é um fato que frustra as expectativas das gestantes que vivem com o HIV/aids quanto ao papel materno idealizado para si, pois o aleitamento materno deixa de ser vantajoso e passa a representar risco adicional, representando a essas mães a falta de oportunidade de exercer a maternidade em sua integralidade.22,25,27 Quanto à realização do pré-natal, os dados evidenciam um alto índice de gestantes o realizaram, totalizando 304 casos notificados (77%). Fato este muito importante, pois permite a implementação de medidas durante o pré-natal, contribuindo com a redução dos riscos de TV e o acompanhamento adequado da mulher. (Tabela 2) 3076 Trabalho 335 Tabela 2. Caracterização clínica das gestantes (n = 397) vivendo com o HIV/aids no Estado de Alagoas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 2009. Variável Fez pré-natal Ignorado/branco Sim Não Início do anti-retroviral na gestante Ignorado 1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre 4º trimestre Tipo de parto Ignorado/branco Parto Vaginal Parto Cesárea Aborto/ Não se aplica Início do anti-retroviral na criança Ignorado/branco Nas primeiras 24h Após 24h do nascimento Não se aplica Não realizado N % 71 304 22 18,0 77,0 5,0 202 35 58 72 30 51,0 9,0 15,0 18,0 7,0 93 69 233 02 23,4 17,4 58,7 0,50 102 275 03 13 04 25,7 69,3 0,7 3,3 1,0 Fonte: SESAU-AL/DIVEP/SINAN – Dados coletados em 14.07.2010, sujeitos à alteração. Entre essas medidas, têm-se o aconselhamento e a realização de sorologia para HIV no pré-natal; a administração da zidovudina (AZT) oral na dose de 600mg/dia, combinada a outros anti-retrovirais para as gestantes infectadas pelo HIV; a administração de AZT por via endovenosa numa dose de ataque de 2mg/Kg na 1ª hora, seguida da infusão contínua de 1mg/Kg/hora até o clampeamento do cordão umbilical durante o trabalho de parto; administração de AZT por via oral (2mg/Kg) para os recém-nascidos no pós-parto; e a substituição do aleitamento materno.3,7,28 No entanto, apesar das intervenções preconizadas terem, reconhecidamente, grande impacto na redução da TV do HIV, ainda é baixa a cobertura das ações recomendadas. Fato 3077 Trabalho 335 este evidenciado pelo índice de notificações ignorado/branco e de não realização do pré-natal, que totalizaram 71 (18%) e 22 (5%) notificações, respectivamente. Embora a terapia anti-retroviral seja de oferta universal no Brasil, ainda é grande a proporção de gestantes infectadas pelo HIV que não são sujeitas às ações profiláticas recomendadas pelo PN-DST/aids, pois ocorrem falhas na detecção precoce da infecção pelo HIV durante a gestação. Essas falhas acarretam em um início tardio da terapia anti-retroviral limitando as possibilidades de redução da infecção do vírus na criança por TV.3,28 Quanto ao início da terapia anti-retroviral, observou-se 202 casos notificados na categoria ignorado/branco (51%), evidenciando mais uma vez uma deficiência de capacitação dos profissionais que preenchem as fichas de notificação e investigação de gestantes vivendo com o HIV/aids. Outro dado muito relevante, é de que apenas 35 gestantes (9%) vivendo com o HIV/aids iniciaram a terapia no primeiro trimestre, e 58 casos (15%) no segundo trimestre, acarretando no maior risco de TV. (Tabela 2) Fato este comprovado pelo Ministério da Saúde, que recomenda o inicio da terapia anti-retroviral, a partir da 14a semana de gestação, que corresponde ao segundo trimestre.24 Com relação ao tipo de parto, o mais frequente entre estas gestantes foi o parto cesáreo, que contempla 233 casos (58,7%), em segundo lugar observa-se a categoria ignorado/branco, com 93 casos (23,4%), enquanto que em 69 casos (17,4%) a via de nascimento foi o parto vaginal, seguido da categoria aborto e não se aplica, com apenas 1 caso (0,25%) cada uma. (Tabela 2) De acordo com as Recomendações para Profilaxia da Transmissão Vertical do HIV e Terapia Anti-retroviral em Gestantes do Ministério da Saúde, a definição da via de parto deverá ser baseada no resultado da carga viral materna, realizada a partir da 34ª semana de 3078 Trabalho 335 gestação, em associação com a avaliação obstétrica. Em mulheres com carga viral menor que 1.000 cópias/ml, o tipo de parto poderá ser discutido entre a gestante e seu obstetra, pois nessas condições o parto pode ser por via vaginal ou cesárea, não alterando o risco de TV do HIV.29 Entretanto, a CCE está indicada para as gestantes soropositivas para o HIV que, no final da gestação apresentem carga viral desconhecida ou superior a 1.000 cópias/ml. Este, quando indicado, deverá ser realizada entre a 38ª e 39ª semana de gestação, evitando, assim, a ruptura das membranas, a dilatação cervical maior que 3 a 4 cm, o inicio do trabalho de parto, o nascimento de recém-nascidos prematuros, diminuindo a troca sanguínea entre mãe e feto.29 Tendo como base estas recomendações, mesmo não dispondo da carga viral das gestantes em estudo, foi possível identificar que a via de parto predominante foi a cesárea, no entanto, não foi possível estabelecer se a cirurgia cesariana foi eletiva ou de urgência. Diante dos dados obtidos quanto ao início da TARV na criança, ressalta-se o início desta terapia nas primeiras 24 horas de vida em 275 crianças (69,3%), acompanhado da categoria ignorado/branco com 102 casos (25,7%), evidenciando mais uma vez a ausência de qualificação dos profissionais responsáveis pelo preenchimento das fichas de notificação, o que dificulta a definição da tendência atual, já que este apresenta um percentual bastante elevado, logo, não se tem a certeza de que essas crianças terão menos chances de contaminação. Na seqüência observamos a categoria não se aplica com 13 casos (3,3%), seguido da não realização da profilaxia na criança e do inicio da terapia após 24h do nascimento, respectivamente, com 4 casos (1%) e 3 casos (0,7%). (Tabela 2) A profilaxia da transmissão vertical do HIV requer a utilização da Zidovudina em solução oral para todos os recém nascidos expostos, procedimento adotado no PACTG 076. 3079 Trabalho 335 De acordo com as Recomendações do Ministério da Saúde, o recém-nascido deve receber a zidovudina, solução oral (10mg/ml), preferencialmente ainda na sala de parto, logo após os cuidados imediatos, ou nas primeiras 2 horas após o nascimento, na dose de 2mg/kg a cada seis horas, devendo ser mantido o tratamento durante as primeiras seis semanas de vida.29 Tal fato foi possível identificar no estudo realizado, comprovando em mais da metade dos casos notificados, o inicio da terapia anti-retroviral na criança nas primeiras 24 horas de vida, correspondendo ao preconizado na literatura. Conclusão Os dados analisados permitiram estabelecer o perfil das gestantes que vivem com o HIV/aids no Estado de Alagoas, assim como compará-los a nível nacional. Por meio desta comparação foi possível evidenciar que as gestantes alagoanas apresentam um perfil de mulheres jovens, predominantemente da raça negra, com baixa escolaridade, em que a grande maioria reside em Maceió, no entanto, podemos constatar que o índice de gestantes que residem no interior do estado vem aumentando ao longo dos anos. Ao analisar os dados com relação ao perfil clínico dessas gestantes, podemos estabelecer que a maioria delas descobriu seu diagnóstico durante o pré-natal. Constatamos também um alto índice de realização do pré-natal e que a via de parto mais frequente foi à cesárea. Todos esses dados apontam para a possibilidade do acompanhamento adequado a essas mulheres, facilitando a adoção de medidas profiláticas precocemente, e reduzindo os riscos da TV. Quanto ao inicio da TARV na gestante, não foi possível estabelecer o perfil clínico, pois mais da metade dos dados obtidos estavam classificados como ignorado ou em branco. 3080 Trabalho 335 Com relação ao inicio da TARV na criança, a situação torna-se oposta, pois mais da metade das crianças receberam a terapia nas primeiras 24 horas de vida, apesar de ainda ser alto o índice de ignorado ou em branco. Esses resultados apontam, para a necessidade de proporcionar capacitação visando uma melhor qualificação do profissional responsável pelo preenchimento das fichas de investigação e notificação, pois o preenchimento adequado possibilita o conhecimento exato da situação epidemiológica, permitindo a elaboração de medidas que visem reduzir a TV e aperfeiçoar o planejamento de ações voltadas para o controle da doença materna. Ao estabelecer esse perfil constatamos a necessidade de medidas para a maior cobertura da detecção precoce da infecção do HIV/aids na gestação. Nesse sentido, estratégias conjuntas entre os programas do PN-DST/aids, os programas de saúde da mulher, e os de saúde da família (PSF) devem ser estabelecidas, visando melhorar a cobertura, o acesso e a qualidade do atendimento pré-natal, principalmente no Estado de Alagoas, visto que os municípios do interior são de pequeno porte, e que tem portanto, a responsabilidade de ações efetivas na atenção básica. Além disso, acredita-se que a educação em saúde seja o melhor meio para estabelecer uma relação de confiança entre os profissionais de saúde e a gestante, permitindo o desenvolvimento de atividades voltadas à saúde da mulher, dando maior ênfase à vulnerabilidade dela e de sua família ao HIV, além de discutir temas relacionados à sexualidade, procurando envolver os parceiros nessas atividades. Logo, os serviços de saúde devem ter como eixo a integralidade da atenção, compreendendo o ser humano enquanto um ser biopsicossocial e espiritual, com ações que 3081 Trabalho 335 permitam transcender o aspecto biológico, com a utilização dos medicamentos, mas que ofereçam ações que contribuam para a qualidade de vida desta população. Portanto, o enfermeiro, pela sua formação, está capacitado para atuar nesse processo, pela sua função de educador e de cuidador, sendo ele o multiplicador de estratégias educativas eficazes. Para tanto, se faz necessário um trabalho contínuo realizado por toda a equipe multidisciplinar, visando à promoção da saúde e a implementação de ações educativas particularizadas pertinentes às necessidades da mulher em busca da qualificação da assistência. Referências 1. Brasil MS. Departamento de DST, aids e hepatites virais Epidemiologia: Aids. Disponível em: www.aids.gov.br, acessado em 12/08/2010. 2. Saúde Coordenação Estadual de DST/AIDS. 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