Impresso fechado,
pode ser aberto pela ECT
Impresso
Especial
9912285067/2011-DR/CE
FIEC
Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Ano VI n No 60 n MAIO/2012
CORREIOS
3
ATRAINDO O
DESENVOLVIMENTO
O estado do Ceará continua um dos principais alvos de investimentos
industriais do país. Trinta e duas indústrias entregaram propostas de
protocolos de intenções ao Conselho Estadual de Desenvolvimento
Industrial, nas quais pleiteiam a instalação de unidades fabris. Outras nove,
já implantadas, esperam apenas definir a data de inauguração
Jogos
do SESI
2012
Os Jogos do SESI representam uma das maiores organizações esportivas do Brasil,
fundamentado na participação e na ação socioeducativa, contribuindo para promoção social e
melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores das indústrias.
Mais de 3.200 trabalhadores/atletas das diversas indústrias Cearenses
participam anualmente dos Jogos do SESI, os quais são disputados em 10 modalidades.
Contamos com o incentivo da sua indústria para o sucesso dos Jogos do SESI 2012.
C
M
Y
CM
Publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Ceará
MAIO 2012 | No 60
........................................................................................
Competitividade
12
Destaque Empresarial
Programa de Desenvolvimento de
Fornecedores (PDF) da Construção
Civil promove capacitação para
empresas fornecedoras do setor
Sustentabilidade
16
Qualidade no trabalho
Prêmio realizado pelo SESI
reconhece boas práticas e incentiva
empresas industriais a adotarem a
responsabilidade social
20
CAPA
Novo laboratório
SENAI inaugurou um moderno
laboratório de tintas, que atenderá
ao setor da construção civil
cearense e da Região Nordeste
SISTEMA FIEC | CEDIP | EDITORAÇÃO
Solidariedade
28
Foco na primeira infância
Revista FIEC realiza ação
de responsabilidade social e
doa leite em pó às crianças
atendidas pelo Iprede
brasileiro, a aguardente
de cana-de-açúcar
acompanha a história
cultural do Brasil desde
seu descobrimento
Sobral
35
Unidade Integrada SESI-SENAI
Região Norte do Ceará vai
ganhar ainda este ano uma nova
unidade do SESI e do SENAI
para incentivar mais ainda a
indústria dessa área
Seções
Trigo
32
da cachaça
36 Importância
Produto genuinamente
de exportar contam, em
nosso estado, com CIN e
Apex-Brasil para ajudá-las
em seus negócios
Tintas
26
História
E PEQUENAS
08 MICRO
Empresas que têm vontade
CY
K
Estado tem dez indústrias em processo de
implantação e mais 106 empresas pleiteiam
estabelecer seus negócios na 'terra do sol'
Mercado externo
MY
CMY
Novas indústrias para o Ceará
Câmara Setorial
Nova câmara implantada pela
Adece vai ajudar nas políticas
em prol do desenvolvimento da
cadeia produtiva do trigo
MensagemdaPresidência........5
Notas&Fatos..............................6
Inovações&Descobertas.........19
Atletismo | Tênis | Tênis de Mesa | Natação | Xadrez | Futsal | Futebol de Campo | Futebol Soçaite | Voleibol | Volei de Praia
Núcleo de Assessoria Técnica em Lazer
3421.5848 | 3421.5809
www.sfiec.org.br/sesi
no link do SESI Esporte
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
3
Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José
Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos
Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros.
CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando
Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando
Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho
Serviço Social da Indústria — sesi
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro,
Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius,
Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo
Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula
Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço
Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior
Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard
Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula
Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima
Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves
Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos
Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima
Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães
Instituto Euvaldo Lodi — IEL
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira (gdoliveira@sfiec.
org.br), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni
Santos Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP
60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de
Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Gerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão
Marcograf Publicidade (85) 3421-5434, 9187-5063, 8857-1594 e 8786-2422 — [email protected] e [email protected]
Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec
Revista da FIEC. – Ano 6, n 60 (mai. 2012) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm.
Mensal.
ISSN 1983-344X
1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do
Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.
MensagemdaPresidência
Roberto Proença de Macêdo
Desafios do Pacto pelo Pecém
A iniciativa do governador Cid Gomes de propor
Pecém, para mecânica geral, eletroeletrônica, petróleo e gás,
que a Assembleia Legislativa, por meio do seu Conselho de Altos soldagem, calderaria, logística, construção civil, informática
Estudos Estratégicos, assumisse a mediação do processo de enga- industrial e siderurgia.
jamento da sociedade na implantação do Complexo Industrial e
2. “A cadeia de suprimentos: desde matérias-primas, passanPortuário do Pecém (CIPP) gerou a ideia da construção compar- do pelos alimentos, até os serviços técnicos”.
tilhada de um Pacto pelo Pecém.
Nesse desafio, temos acumulado uma experiência de mais de dois
Esta ação liderada pelo deputado Roberto Cláudio, presidente da anos em um trabalho do IEL, no âmbito do Promimp, Programa
Assembleia, dá oportunidade de se criar um Plano de Estado para de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural,
o CIPP, capaz de atender à magnitude e à importância desse projeto do Ministério de Minas e Energia (MME). Os empresários do separa o desenvolvimento do Ceará, em uma visão de longo prazo.
tor industrial vêm sendo conscientizados e preparados para invesA articulação entre os mais diversos setores interessados leva tir na qualidade e em processos, de forma a atender com padrão
à possibilidade de uma grande abraninternacional à grande demanda de
gência na abordagem do tema, que
produtos e serviços.
Na
busca
do
sucesso
do
possibilita contemplar todos os deta3. “O ambiente de negócios para a
lhes envolvidos, discutir amplamente
atração
dos investimentos privados”.
Pacto pelo Pecém, coloco
os desafios postos e assegurar que o
O compartilhamento de informações
projeto tenha começo, meio e fim, e em discussão a necessidade de
entre os setores públicos e privados
sirva como plataforma de progresso uma autoridade local para a gestão para a integração das grandes cadeias
para esta e para as próximas gerações.
produtivas é fundamental para a sudo
CIPP,
capaz
de
articular
o
Nós que integramos o setor produperação desse desafio. A FIEC está
tivo temos todo o interesse em estar conjunto dos agentes participantes pronta para interagir no que estiver ao
juntos e em dar nossas contribuições
seu alcance para atuar nas áreas onde
para aumentar a velocidade de monta- e de assegurar a unidade e a
a demanda industrial ocorrer.
gem dessa ação articulada e de imple- agilidade de ação.
4. “Governança do Complexo”.
mentação do que precisa ser feito para
Reforçamos as colocações feitas ansuperar os desafios identificados.
teriormente pelo setor empresarial
Observando os desafios listados pelo documento Iniciando o sobre a necessidade de uma coordenação institucionalizada do
Diálogo (página 67), que dá a partida no processo de discussão CIPP, com a participação efetiva dos municípios de Caucaia e São
para a construção do Pacto pelo Pecém, verifico o quanto o Gonçalo no conjunto de agentes públicos e privados interessaSistema FIEC pode contribuir efetivamente para o sucesso de, dos, tendo em vista a multiplicidade dos problemas que podem
pelo menos, quatro deles:
ocorrer, tais como a explosão populacional, os efeitos ambientais
1. “A mão de obra, tanto a do canteiro de obras quanto a que vai negativos e as dificuldades logísticas e de mobilidade, garantindo
ocupar os postos oferecidos na operação dos empreendimentos”.
a boa qualidade de vida da população.
Para atender a esse ponto de prioridade absoluta, o SENAI está
Na busca do sucesso do Pacto pelo Pecém, coloco em discussão
ampliando sua estrutura existente e seu quadro docente para a necessidade de uma autoridade local para a gestão do CIPP, que
atuar nas suas instalações atuais e vai construir em regime de seja capaz de articular o conjunto dos agentes participantes e de
urgência o Centro de Formação Profissional e Tecnológica do assegurar a unidade e a agilidade de ação.
“
“
Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge
Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo
Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha
Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa
CDU: 67(051)
4 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
5
q u e
a c o n t e c e
n o
Si s t e ma
F I EC ,
n a
Po l í t i c a
e
n a
E c o n omia
Importados
CIN
Estágio
Participação
bate novo
recorde
Cearenses participam de
missão na Alemanha
empresas
finalistas do
Prêmio IEL
>> Cartas à redação contendo
comentários ou sugestões de
reportagens podem ser enviadas para a
Assessoria de Imprensa e Relações com
a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart,
1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434.
E-mail: [email protected]
O
Centro Internacional de
Negócios (CIN/CE),
ligado à FIEC, articulou
a participação de 20
empresários cearenses
dos setores de energia,
alimentos, fármacoquímico e metal-mecânico
em missão empresarial
brasileira à Feira Hannover
2012, líder no segmento
industrial internacional. A
feira ocorreu de 23 a 27
de abril. Além da visitação
à feira, os participantes
tomaram parte de rodadas
de negócio e realizaram
visitas técnicas a indústrias
da área de automóveis,
maquinários agrícolas
e torneiras, bem como
ao Instituto Fraunhofer
de Energia Eólica e
Tecnologia de Sistemas
Energéticos (IWES). A
Fraunhofer é a maior
instituição de pesquisa
aplicada da Europa. A
articulação nacional da
missão foi do CIN/RS.
Foto: ARQUIVO CIN
A participação dos
produtos importados no
mercado brasileiro de
bens industriais continua
crescendo e bate novo
recorde. O coeficiente de
penetração de importações,
que considera tanto o
consumo final das pessoas
quanto o de insumos
pela indústria, atingiu
22,2% no acumulado dos
últimos quatro trimestres
encerrados em março. Foi o
maior valor da série iniciada
em 1996. As informações
são do estudo Coeficientes
de Abertura Comercial,
divulgado pela CNI. O
coeficiente de penetração
das importações está 0,3
ponto percentual acima
do recorde anterior, de
21,9%, registrado no último
trimestre de 2011. Segundo
a pesquisa, realizada em
parceria com a Fundação
Centro de Estudos
do Comércio Exterior
(Funcex), com exceção
do ano de 2009, o índice
de participação de
produtos importados no
mercado brasileiro sobe
desde 2003 e acumula
crescimento superior a 10
pontos percentuais.
A Armtec Tecnologia e a
Nufarm, empresas clientes
do IEL/CE, são finalistas da
etapa nacional do Prêmio
IEL Melhores Práticas de
Estágio 2011. A premiação
busca identificar e divulgar
as melhores práticas
de estágio de modo a
estimular diferenciais de
mercado e a consequente
geração de negócios. Na
categoria micro e pequena
empresa, a Armtec
Tecnologia em Robótica
foi a vencedora da etapa
estadual do prêmio com o
caso do estagiário Alisson
Patrick Oliveira Callou,
estudante de Engenharia
Mecânica da Unifor. A
Nufarm, empresa do
setor agrícola, foi a
vencedora estadual na
categoria média empresa,
destacando a estagiária
Daiane da Silva, do curso
de Engenharia Química
da Universidade Federal
do Ceará (UFC).
Sindroupas
Nova diretoria assume para o quadriênio 2012-1016
O Sindicato das Indústrias de Confecções
de Roupas de Homem e Vestuário do Estado
do Ceará (Sindroupas) tem nova diretoria
para o quadriênio 2012-2016. O presidente
Adriano Monteiro Costa Lima, da Maresia, e
os demais oito membros da diretoria foram
empossados em solenidade realizada em
6 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
16 de abril, na FIEC. Adriano Lima assume
o Sindroupas com o desafio de estimular
os negócios das empresas cearenses, que
vêm caminhando, ao lado de outros do setor
têxtil, para se recuperar da crise em 2011,
que ainda repercute. O Sindroupas possui
atualmente 25 empresas associadas.
Indicadores industriais
Indústria cearense
cresce em ritmo
superior ao país
Em março de 2012,
a indústria cearense
apresentou crescimento
de 21,58% em seu
faturamento, no
comparativo com o mês
anterior. O acréscimo é
superior ao da indústria
nacional, cuja variação
alcançou 17,3% na mesma
base de comparação.
No primeiro trimestre
de 2012, a indústria de
transformação cearense
apresentou resultados
positivos. A variável vendas
totais acumulou expansão
de 7,22%, enquanto as
exportações industriais
cresceram 8,10% e a massa
salarial real apresentou
variação de 2,9%. Os
dados, publicados em 9
de maio, são da pesquisa
Indicadores Industriais,
realizada pelo Instituto de
Desenvolvimento Industrial
(INDI), da FIEC, em
parceria com a CNI.
AGENDA
...................................................
A CNI recebe inscrições
para o Prêmio CNI de Economia 2012 de 1º de julho
a 31 de agosto. O objetivo
da 5ª edição do prêmio
é estimular a pesquisa
econômica aplicada de alta
qualidade sobre a indústria
e temas relevantes para o
crescimento da indústria
brasileira. São duas categorias: Economia Industrial
e Inovação e Produtividade.
A premiação é de 20 000
reais para o 1º lugar e de
10 000 reais para o 2º
lugar, nas duas categorias.
Mais informações: www.cni.
org.br/premiocnideeconomia.
n
Responsabilidade social
CURTAS
---------------------
Ação Global realiza
45 000 atendimentos
Foto: GIOVANNI SANTOS
O
Notas&Fatos
Notas&Fatos
A
Ação Global de 2012, realizada em 5 de maio nas
dependências do SESI da Barra do Ceará, promoveu
45 674 atendimentos para um público total de 16 225
pessoas. Por meio de parceria entre o SESI e a TV Verdes
Mares, afiliada da Rede Globo, o evento realiza ações de
cidadania, saúde, cultura, esporte e lazer para pessoas que
nem sempre têm oportunidade de serem providas dessas
demandas. Os serviços de saúde, com 8 631 procedimentos
efetuados, foram os mais procurados. As atividades de
esporte, lazer e cultura receberam 5 597 visitas. O serviço
de corte de cabelo atendeu a 3 255 pessoas. As demandas
por ações de cidadania promoveram 2 625 atendimentos,
enquanto 1 430 pessoas passaram pelas ações de educação.
O casamento coletivo realizou o sonho de 76 casais. Este
ano, para coroar o encontro, estiveram presentes os atores
globais Alexandre Borges, padrinho do projeto, Ricardo
Pereira e Fernanda Souza. Esta foi a 19ª edição da Ação
Global no Ceará, que contou com a colaboração de 980
voluntários e 62 instituições parceiras.
Combustíveis
Uso do GNV cresce no primeiro
trimestre de 2012
N
o mês de março, os
veículos automotivos
consumiram, em média,
5,4 milhões de metros
cúbicos de gás natural
veicular (GNV) por dia
em todo o país. Depois de
um período de estagnação
no volume consumido,
a comercialização do
GNV cresceu e o volume
do primeiro trimestre de
2012 superou o de 2011 em
1,28%. Comparando março
de 2012 com o mês anterior,
o crescimento foi de 2,72%;
já com o mesmo mês do
ano anterior, de 3,79%. Os
dados são de levantamento
da Associação Brasileira das
Empresas Distribuidoras de
Gás Canalizado (Abegás).
n O Instituto de
Desenvolvimento Industrial
(INDI), organismo do Sistema
FIEC, está cadastrando
indústrias cearenses para
a edição 2012 do Guia
Industrial. A publicação é
uma fonte de consulta sobre
as empresas industriais
cearenses para empresários
locais e investidores nacionais
e internacionais, objetivando
facilitar a realização de
negócios. Mais informações
para cadastro, orientações
e anúncios pelo telefone
(85) 3194 1212 ou pelo
e-mail [email protected].
n A Assembleia Legislativa
do Estado do Ceará
realizou sessão especial de
lançamento do Pacto pelo
Pecém em 4 de maio. O pacto
é uma mobilização estadual
promovida pelo Conselho
de Altos Estudos e Assuntos
Estratégicos da AL, para
discutir os empreendimentos a
serem instalados no Complexo
Industrial e Portuário do
Pecém (CIPP), na região
metropolitana de Fortaleza.
n Na ocasião do
lançamento do Pacto pelo
Pecém, o governador Cid
Gomes anunciou a intenção
de comprar um navio para
transporte de até 5 000
veículos automotivos,
investindo em cabotagem, isto
é, na navegação costeira entre
os portos brasileiros. Segundo
o governador, a Cearáportos
será a responsável pela
operação do serviço.
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
7
Brasil Trade
Para preencher o hiato entre interesse e vontade de competir no
mercado externo, empresas dispõem no CE do CIN e da Apex-Brasil
M
uitas empresas têm vontade de exportar, mas poucas
possuem capacidade para competir no mercado externo. Dentre os pré-requisitos para ingressar e, principalmente, se manter no comércio exterior é indispensável
dispor de caixa para financiar todo o processo de internacionalização, superar barreiras culturais e de idiomas, bem como
adequar produtos e embalagens às demandas dos respectivos
mercados-destino.
Para preencher o hiato entre o interesse e a experiência em
comércio exterior as empresas cearenses dispõem do Centro
Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias
do Estado do Ceará (FIEC) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Em
parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI),
promoveram em maio, na FIEC, a 3ª Rodada de Negócios
Brasil Trade. Durante o encontro, cujo objetivo é promover
8 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
as exportações de produtos brasileiros por meio do fomento
a parcerias entre trading companies (TC) e empresas comerciais exportadoras (ECE), com foco nas micro e pequenas,
ocorreram 75 reuniões de prospecção de negócios.
De acordo com a unidade da Apex-Brasil no Ceará, o
evento contou com a participação de 20 empresas, sendo sete
tradings e 13 dos segmentos de alimentos e bebidas, construção, confecção, artesanato, produtos de higiene e limpeza, casa e construção (decoração) e metal-mecânico. Em
comum, cada participante revelou o desejo de ingressar no
mercado internacional ou de atingir novos mercados.
Fabricante de um sistema patenteado de isolamento térmico metálico com ar estratificado para tubulação – uma
tecnologia genuinamente cearense pioneira mundialmente
–, a Isotermas Isolantes Térmicos e Conservação de Energia
Ltda. fornece para empresas de todo o país. Tem obras em
gôndolas abertas, que não permitem manter a
qualidade do produto.
“Como nossas polpas são 100% naturais, sem
conservantes, elas precisam ser mantidas em
freezers fechados. O prazo de validade do nosso
produto, nessas condições de congelamento, é
de seis meses”, explica Pereira Neto. No Ceará,
a empresa abastece os mercados de Fortaleza,
Aracati, Juazeiro, Sobral e Tianguá. “Mas nosso
interesse agora é atingir novos e exigentes mercados, como o mundial”, diz Luiz Almeida. Ele
afirma que a empresa já foi procurada por turistas estrangeiros para fornecer a outros países. A
presença na rodada de negócios, explica, é para
exportar sem amadorismos: “Queremos ajuda
profissional para captar lá fora, e com segurança,
compradores para nossas polpas, que não deixam a desejar na qualidade.”
“
3ª Rodada de
Negócios Brasil Trade
Estamos
tentando
firmar parcerias com
empresas de logística
para facilitar nossa
entrada nesses
mercados.
“
Impulso ao
mercado externo
andamento em empresas de âmbito nacional
como Natura e White Martins (Pará), Schincariol e Ambev (Maranhão), BRF – Brasil Foods
(Pernambuco), Tec Lav – Tecnologia e Lavagem
Industrial Ltda. e JBS S/A (Ceará), dentre outras.
Conforme o sócio-proprietário e diretor executivo da Isotermas, Raimundo Lima Júnior, o
próximo passo é chegar ao mercado externo.
“Temos contatos para exportar aos Estados
Unidos e a Portugal, a empresas da área de petróleo e a petroquímica. Estamos tentando firmar parcerias com empresas de logística para
facilitar nossa entrada nesses mercados”, explica.
Segundo o empresário, a tecnologia desenvolvida pela Isotermas é aprovada pela Fundação
Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e é referendada por
investidores coreanos, além de figurar no seleto
cadastro de fornecedores da Petrobras. “Vamos
mudar para uma nova sede com a intenção de
atender às demandas da refinaria e da siderúrgica”, reforça o diretor executivo da Isotermas,
que é ligada à Associação Nacional de Pesquisa
e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras
(Anpei) e ao Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do Estado do Ceará (Simec).
Localizada no bairro de Vila União, numa
área de mil metros quadrados (m²), a empresa
está migrando para Horizonte, onde ocupará
um terreno de 5 000 m². A perspectiva, segundo Lima Júnior, é “multiplicar” a capacidade de
produção da empresa, que hoje é de oito quilômetros de tubos por mês, com apenas um turno
de funcionamento da unidade fabril. “Com os
contatos que iniciamos nessa edição da Rodada
de Negócios Brasil Trade, vamos conseguir levar
a tecnologia da Isotermas a outros países.”
O sonho de exportar é compartilhado pela Polpas Frute – fabricante de polpas de frutas naturais,
situada no quilômetro 12 da Via Estruturante, em
Caucaia. A empresa, que está no mercado desde
1985, produz aproximadamente 300 000 quilos de
polpa/mês e destina praticamente metade de sua
produção a comerciantes do Mercado São Sebastião, em Fortaleza. O empresário Luiz Almeida Pereira Neto, sócio-proprietário da Disfrute
– braço comercial da Polpas Frute –, afirma que
a fábrica também atende à demanda de cozinhas
industriais, restaurantes, hotéis e lanchonetes,
além da Marinha Mercante do Brasil. A empresa
só não fornece a supermercados. É que, nesses
estabelecimentos, as polpas são expostas em
Raimundo Lima Júnior,
sócio-proprietário e diretor
executivo da Isotermas
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
9
Também no ramo alimentício, atuando com suplementos alimentares voltados principalmente a dietas clínicas e/
ou hospitalares, a Nutrimed, que possui hoje 80 funcionários
atuando exclusivamente no mercado interno, planeja ultrapassar as divisas desse mercado. Segundo o representante
comercial, nutricionista Lincoln Viana Rodrigues, a empresa
possui um programa de exportação, mas nenhum negócio
foi concretizado. “Não tinha ideia do alcance deste encontro.
Conversamos com as tradings e vamos levar para a Nutrimed
o amplo leque de oportunidades que surgiram a partir dessa
rodada de negócios”, antecipa Lincoln Viana.
A Néctar Floral é outra empresa cearense que espera ganhar
mercado a partir de parcerias com as trading companies participantes da rodada de negócios realizada na FIEC. Localizada
no município de Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza,
numa área de 10 000 m², a empresa produz mel, própole, extratos vegetais e pastilhas. E já exporta para os Estados Unidos desde 2002, mas, segundo o diretor industrial, Humberto Júnior, a
ideia é atingir outros mercados. “Trabalhamos com uma linha
de exportação e também a granel. Toda a nossa produção de mel
acondicionado em tambores é exportada. Exportamos 15 contêineres/mês, cada um pesando 19 toneladas ou 19 312 quilos”,
observa o diretor industrial. “No mercado interno, a empresa
comercializa mel a granel e pastilhas para grandes redes de farmácias e supermercados que atuam em nível nacional.”
“
Exportamos 15
contêineres/mês,
cada um pesando 19
toneladas ou 19 312
quilos.
Tradings
C
onsultoria e trade, a CT Comex trabalha
desde 2009 estruturando o processo de
internacionalização das empresas. Ajudamos
tanto quem busca insumos mais baratos e tecnologia
mais avançada noutros países, como investidores
interessados em nossas empresas”, afirma o sócioproprietário Carlos Gouveia. A carteira de clientes
engloba desde grandes empresas, como a Petrobras,
a pequenos negócios como a C A Refrigeração. No
primeiro caso, a empresa foi contratada para importar
da Alemanha turbinas para empreendimentos
nacionais de geração de energia. No outro
exemplo, ajudou a empresa a comprar diretamente
ao fornecedor, localizado na China, evitando a
intermediação por São Paulo. “Encontros como este
são muito produtivos para empresas comerciais e
industriais e trades. Eles deveriam ocorrer mais vezes,
de forma sistemática”, sugere Carlos Gouveia.
Aderaldo Gentil da Silva, diretor da Atrios
Consultoria e Negócios Ltda., explica que sua
empresa atua desenvolvendo projetos para viabilizar
negócios e projetos internacionais e também projetos
de viabilidade econômica para obter incentivos fiscais
no Nordeste. “Hoje, atendemos à Sadia e à Jandaia,
dentre outras. O nosso papel como trade é ser um
agente de negócios.”
“
Carlos Gouveia:
"Encontros como este
são muito produtivos
para empresas
comerciais e industriais
e trades"
Humberto Júnior,
diretor industrial da Néctar Floral
Peiex
A
Rodada de Negócios Brasil Trade é uma iniciativa da
Apex-Brasil, que integra o Projeto Extensão Industrial
Exportadora (Peiex). Criado em 2009, o Peiex é voltado
à capacitação de empresas com potencial de exportação. No
Ceará, o trabalho é desenvolvido em conjunto com o Nutec e
já atendeu a mais de 500 empresas.
De acordo com a unidade da Apex-Brasil no Ceará, o núcleo
cearense é o maior do Brasil porque, além de receber recursos
do governo federal, por meio da Apex, o Peiex recebe também
investimentos do governo estadual. O projeto atende, em
média, a 280 empresas cearenses por ano.
10 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
SERVIçO
A Unidade de Atendimento da Apex-Brasil no Ceará funciona no CIN/CE,
localizado no 2° andar da Casa da Indústria, sede do Sistema FIEC. Mais
informações com Laís Di Giovanni Bertozo, pelo telefone (85) 3421 5417.
PDF estimula
competitividade
Cinco empresas fornecedoras do setor da construção civil foram
certificadas com o prêmio Destaque Empresarial
M
ais qualidade, competitividade e, claro, maior faturamento para a cadeia produtiva da construção civil
no Ceará. A equação é simples e reflete os resultados
do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF)
da construção civil realizado no estado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE), em parceria com o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Serviço
Social da Indústria (SESI/CE) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE). Iniciado em novembro de
2010, o programa setorial encerrou seu primeiro ciclo de atividades no último mês de março registrando um volume de
13.430.682,73 reais de negócios efetivados entre 12 empresas-âncora e 28 fornecedoras.
12 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
Com o apoio da Cooperativa da Construção Civil do
Ceará (Coopercon) e do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), o PDF da construção civil promoveu ao longo de 12 meses capacitações em
seis áreas de qualificação e 22 oficinas, num total de 228
horas, envolvendo 392 participantes. Em relação às consultorias, foram 63 diagnósticos e 711 atendimentos, totalizando 1 719 horas. As ações de interação no primeiro
ciclo do referido PDF englobaram nove fóruns de fornecedores, um encontro anual, cinco fóruns de suprimentos,
um seminário de ofertas, dois encontros de negócios – um
deles envolvendo a Vale – e uma reunião de diretoria com
quatro fornecedoras.
“
A qualificação
no PDF, além
de alinhar oferta
e demanda, reduz
a sazonalidade
inerente à atividade
produtiva.
Foto: José sobrinho
Em 2011, as negociações entre fornecedoras e construtoras cooperadas somaram mais
de 2 milhões de reais por mês. As empresas
envolvidas no PDF da construção civil tiveram 22% de evolução na média do grupo.
Concernente aos resultados monitorados, outro destaque foi a obtenção da marca de zero
acidente de trabalho dentre as fornecedoras
participantes do programa.
Criado para gerar negócios sustentáveis entre grandes empresas e fornecedores locais –
majoritariamente micro e pequenas empresas
–, o PDF qualifica as fornecedoras em áreas
demandadas pelas empresas compradoras,
como qualidade, meio ambiente, segurança
e saúde no trabalho, responsabilidade social,
empresarial, produção e macrogestão (estratégica, comercial e financeira). O programa visa
melhorar a eficiência e a qualidade de produtos e serviços das empresas, tornando-as aptas
a atenderem às exigências do mercado.
Depois de o balanço parcial ser apresentado na Federação das Indústrias do Estado do
Ceará (FIEC) por Roberta Reis, gestora executiva do programa no Ceará, no âmbito do
IEL, órgão do Sistema FIEC, foram divulgados os nomes das cinco empresas fornecedoras do setor da construção civil cearense que
mais se destacaram no primeiro ciclo do PDF
da construção, segundo 11 critérios estabelecidos pelas construtoras, que constituem as
empresas-âncora do programa.
SV Elétrica, Loquicenter, Carmal Madeiras,
Alpha Metalúrgica e MG Porto foram certificadas com o prêmio Destaque Empresarial. As
cinco obtiveram as melhores pontuações dentre as 28 fornecedoras integrantes do PDF da
construção civil. “Além do impacto positivo
para a imagem dessas empresas, o reconhecimento é resultado de ganhos para as fornecedoras que mais avançaram com o programa”,
observa Roberta Reis.
De acordo com a superintendente do IEL/CE,
Vera Ilka Meirelles Sales, esse momento de
aquecimento da indústria da construção civil
requer ações que promovam a qualificação
não só dos operários, mas também das empresas fornecedoras. “Elas devem estar adequadamente preparadas para atender às exigências
num padrão internacional de qualidade. Esse
objetivo vem sendo alcançado por meio do
Vínculos, que capacita os pequenos negócios
de acordo com as necessidades das corporações que lideram o mercado.”
“
IEL, Coopercon e Sebrae com os vencedores do Prêmio Destaque Empresarial
Foto: José sobrinho
Construção civil
Marcos Novaes,
presidente da Coopercon/CE
Marcos Novaes, presidente da Coopercon/CE,
ratificou que o PDF da construção civil está
sendo realizado em um momento histórico
para o setor. Segundo ele, a fim de suprir de
maneira eficaz a grande demanda, é indispensável qualificar as fornecedoras que já estão
atuando no mercado local. “Hoje, a cooperativa tem um pacote de 30 fornecedoras, selecionadas pelas nossas associadas. Toda essa iniciativa intenciona que os parceiros tenham
melhor condição de assistir as construtoras,
fazendo o mercado crescer sem perder o melhor momento da história da construção civil.” A qualificação no PDF, segundo Novais,
além de alinhar oferta e demanda, reduz a
sazonalidade inerente à atividade produtiva. “Normalmente, na conclusão das obras,
existem demissões periódicas. Porém, dessa
forma, as fornecedoras preparam-se melhor
para migrar de uma obra para outra.”
Na lista das fornecedoras que participam
do programa estão a Alunobre, Ar Temp, Rochetec, Fortcolor, Coopercon-Belgo, Proserv,
Constrgesso, Tok Gesso Construções Ltda.,
Dutogás, Geobrasil, Prestserv, ABC dos Extintores, Pinte Pinturas, RL Mármores e Granitos, Atual Engenharia, Aço-Bras, Madeireira Rio Branco, SK Bombas, SIG Construções,
Osterno Móveis, LAC UP Engenharia, Metal
Leste e OCS. As âncoras integrantes do PDF
são as construtoras Colmeia, Diagonal, C.
Rolim, CRD Engenharia, Magis, Mota Machado, Porto Freire, Cameron, Integral, J. Simões, Manhattan e Bspar.
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
13
Criando parcerias. Construindo negócios de valor.
E
mpresa associada ao Sindicato da Indústria
Metal-Mecânica e de Material Elétrico do
Estado do Ceará (Simec) e à Associação
Nacional de Fabricantes de Esquadrias de
Alumínio (Afeal), a Alpha Metalúgica conquistou
simultaneamente duas vitórias importantes na
mesma data, conforme seu diretor presidente,
José Sampaio de Sousa Filho: “Além do Destaque
Empresarial no PDF, nossa empresa foi indicada
para receber a certificação na norma de qualidade
ISO 9001:2008”. Segundo o empresário, a
Alpha Metalúrgica é a primeira empresa do
Ceará e a segunda do Norte/Nordeste, no
segmento de esquadrias de alumínio, a obter a
certificação ISO 9001:2008 e a ser habilitada
pelo Programa Brasileiro de Qualificação e
Produtividade do Habitat (PBQP-H).
“
“
Foto: José sobrinho
Além do
Destaque
Empresarial no PDF,
nossa empresa foi
indicada para receber a
certificação na norma
de qualidade ISO
9001:2008.
José Sampaio de Sousa Filho,
presidente da Alpha Metalúrgica
Localizada em posição estratégica entre
a capital cearense, Fortaleza, e o Complexo
Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), a Alpha
Metalúrgica gera 82 empregos diretos na região e
tem capacidade produtiva de 15 toneladas/mês
na fabricação de esquadrias de alumínio – brises,
fachadas pele de vidro e revestimento metálico.
Em dezembro, a empresa foi contemplada em
dois editais (Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Funcap
e Financiadora de Estudos e Projetos – Finep)
de inovação tecnológica, sendo um na área de
tecnologia da informação (TI) e outro na área
de energias renováveis – projetos que serão
desenvolvidos ao longo de 2012/2013.
Mesmo assim, o empresário afirma ter ficado
surpreso com a premiação. “Iniciamos no PDF
em maio de 2011. O programa já estava em
andamento há cerca de dois meses. Ficamos
preocupados, pois as demais empresas estavam
trabalhando há algum tempo e poderíamos
não acompanhar o ritmo, já que o projeto é
bastante intenso.”
Segundo o empresário, a participação no
programa ajudou a divulgar a Alpha Metalúrgica
para organizações pertencentes à indústria da
construção civil, como Coopercon, Sinduscon
e empresas-âncora, inclusive favorecendo o
fechamento de negócios. “Nossa expectativa
para o segundo ciclo é aprofundar os processos
organizacionais. Esperamos também que as
relações com fornecedores e clientes sejam
ampliadas cada vez mais, não só para a região de
Fortaleza, mas difundidas para outros estados.”
Competitividade
D
e acordo com o empresário Geider
Alcântara, sócio-proprietário do Grupo
Carmal Madeiras, desde que a empresa
entrou no PDF da construção civil foram
impulsionados o aumento da competitividade
e o crescimento interno da empresa. “É
bastante expressiva a melhoria da qualidade
de nossos serviços e produtos.” Para ele, o
reconhecimento da Carmal como Destaque
Empresarial na primeira fase do projeto é uma
grande conquista, que motiva ainda mais sócios
e colaboradores. “Esperamos que esta segunda
etapa supere ainda mais as expectativas,
14 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
ampliando o envolvimento dos colaboradores
no programa e tornando o nosso processo de
qualificação ainda mais consistente.”
Criada em 1981 pelo fundador e sócio,
Agostinho Alcântara, presidente do Sindicato
das Indústrias de Serrarias, Carpintarias e
Tanoarias de Fortaleza (Sindserrarias), a
Carmal exerce como principal atividade a
industrialização e o fornecimento de produtos
e derivados de madeira para setores produtivos
do Ceará e de estados vizinhos. A empresa
possui em seu quadro de funcionários 42
colaboradores, que estão divididos entre a
matriz e o depósito de atacado localizados no
bairro Cambeba e nas três lojas de venda no varejo
na região metropolitana de Fortaleza.
Para a SV Elétrica, participar do programa
estimulou a superação, a inovação, a ousadia e
a busca da melhoria contínua. A empresa entrou
no PDF da construção civil no fim de 2010. Desde
então, tem alcançado resultados que fazem a
diferença na busca da excelência e no atendimento
aos seus clientes. Na era da informação e do
conhecimento, a palavra-chave é competitividade.
E é essa a expectativa da empresa em relação ao
segundo ciclo do programa.
Localizado na Avenida Bezerra de Menezes,
o Grupo SV conta com uma equipe de 105
colaboradores liderados pela empresária
Elza Moreira. Com um grupo de técnicos,
engenheiros e profissionais preparados, a
empresa atua desde 1990 no ramo de material
elétrico, e possui, dentre seus clientes, grandes
empresas petrolíferas, construtoras e redes
supermercadistas. Ao receber a premiação, o
gerente de Logística, Júnior Frota, antecipou: “O
próximo passo é caminharmos rumo à ISO 9000”.
ÁREA DE ATUAÇÃO
ESCOPO DE TRABALHO
INDÚSTRIAS
OBRAS CIVIS
CENTROS COMERCIAIS
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
E HIDRO-SANITÁRIAS
INSTALAÇÕES ESPECIAIS
SUPERMERCADOS
LOJAS E ESCRITÓRIOS
COMERCIAIS
BANCOS
CLÍNICAS E HOSPITAIS
Av. Santos Dumont, 3060 Sala 405 • Edifício Casa Blanca
Tel 55 85 3244.2278 / 9997.8744 / 9912.6674
Site: contractengenharia.com.br
E-mail: [email protected]
Melhorias
E
mpresa que atua no ramo de locação de máquinas
e equipamentos e serviços para a construção civil,
como guindastes, tratores e escavadeiras, a MG
Porto iniciou sua participação no PDF da construção
civil por meio da âncora Integral Engenharia. “Está sendo
de importância única, pois, mediante as consultorias,
descobrimos que devemos sempre estar em busca de
melhorar nossos processos, visando à satisfação de
nossos clientes e colaboradores”, declara Patrícia Sabino,
analista de processos do Departamento de Gestão &
Qualidade da MG Porto.
Segundo ela, muitos fatores mudaram com a
participação da empresa no programa, como a
valorização e a interação entre os colaboradores, a
organização da empresa e a criação e a documentação
de procedimentos. “Foram criados um programa
de gestão ambiental e um sistema de verificação e
manutenção de qualidade e passamos a ter uma sala
de treinamento, dentre outras melhorias.” Patrícia afirma
que a expectativa para o segundo ciclo do PDF é que a
empresa possa acompanhar a evolução do programa
com méritos e destaques, sem esquecer que tudo isso
começa com os colaboradores. “Temos a expectativa de
qualificarmos cada vez mais.”
Atuando em diversas áreas com foco na construção
civil, como locação de máquinas, ferramentas e
suportes; venda de equipamentos, peças, acessórios de
segurança e equipamento de proteção individual (EPI),
bem como na prestação de serviços de manutenção,
assistência e treinamentos técnicos, a Loquicenter
também foi Destaque Empresarial no primeiro ciclo
do PDF da construção civil. O empresário Fábio
Gaspar Barreto Cavalcante recebeu a comenda da
superintendente do IEL, Vera Ilka Meireles.
“
Descobrimos que devemos
sempre estar em busca
de melhorar nossos processos,
visando à satisfação de nossos
clientes e colaboradores.
Patrícia Sabino,
analista de processos da MG Porto
“
Conquista
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
15
Mundo melhor
“
empresariais, mediante o reconhecimento e a
difusão de boas práticas, é que o SESI realiza
em todo o país a 15ª edição do Prêmio SESI
Qualidade no Trabalho (PSQT), cujas inscrições podem ser feitas até 31 de julho próximo.
De acordo com Magalhães, o PSQT compõe
o calendário prioritário do SESI e a cada ano
ganha mais alargamento e musculatura. “É o
único prêmio dirigido exclusivamente à indústria e na, sua 15ª edição, vem comprovar a
sua significância para introduzir no ambiente
e gestão da empresa o componente da responsabilidade socioempresarial.”
Não se pode mais
imaginar, que as
empresas não tenham
em seus modelos de
gestão e desenvolvimento
a questão da
responsabilidade social.
“
Francisco das Chagas Magalhães,
superintendente do SESI/CE
Foto: José sobrinho
Lançamento
D
Atuação
sustentável
Prêmio SESI Qualidade no Trabalho estimula empresas industriais brasileiras a
incorporem a responsabilidade social em suas estratégias empresariais
urante a solenidade de lançamento, realizada
em 18 de abril, na FIEC, o diretor da John
Snow Brasil, Miguel Fontes, ministrou a
palestra PSQT 2012 no contexto da responsabilidade
social. O foco do trabalho da John Snow Brasil é
a gestão estratégica do processo de adoção de
conhecimentos, atitudes e práticas voltados à
transformação social, por meio de investimentos no
mercado socioambiental. Miguel Fontes falou para
uma plateia de empresários, gestores e trabalhadores
industriais sobre a importância da adoção de práticas
sustentáveis nos diversos setores da empresa.
Para quem quer começar, diz ele, o maior
investimento social que uma empresa pode fazer,
num primeiro momento, é aprender. “É conhecer os
conceitos sociais, o lado social e que é a empresa
que precisa tomar suas próprias decisões. É muito
mais uma questão de internalização dos conceitos
do que de aparecer bem na foto.” Conforme Miguel
Fontes, o PSQT também tem esse papel: “Quando
uma empresa é premiada, não é para aparecer
bem na foto. Significa que o SESI está dando uma
chancela com 'parabéns', atestando que a empresa
internalizou o que é desenvolvimento humano e
sustentável. Isso tem uma força muito grande. O
prêmio traz uma perspectiva de incorporação do lado
social e reconhecimento da importância que isso tem
para o desenvolvimento da sua própria empresa, da
sua família, da sua comunidade”.
O diretor da John Snow Brasil lembra
que antigamente as empresas entendiam
responsabilidade social como caridade, filantropia
corporativa. O investimento geralmente era realizado
a partir de sobras financeiras, não era uma política.
Miguel Fontes: Ações
sociais não são gastos, são
investimentos"
A
ntigamente – e ainda hoje – era comum ver nas empresas, sejam públicas ou privadas, a figura do funcionário padrão, aquele trabalhador que cumpria sem
atrasos o seu horário de trabalho, não faltava, tinha comportamento exemplar, seguindo determinação dos seus superiores e atuando para o crescimento da empresa na sua
função, dentre outras qualidades. Atualmente, muito mais
do que o desenvolvimento econômico e funcionários padrões, as empresas estão buscando a sustentabilidade humana e ambiental. Tal fenômeno está relacionado ao papel que
as empresas têm de exercer sua cidadania e responsabilidade
social intramuros e fora deles.
16 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
“Não se pode mais imaginar, como preconiza a ISO
26 000, que as empresas não tenham em seus modelos de
gestão e desenvolvimento a questão da responsabilidade
social”, diz Francisco das Chagas Magalhães, superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), instituição
componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado
do Ceará (Sistema FIEC) que atua para garantir a saúde e
promover a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores da indústria, além de fomentar a responsabilidade social
nas empresas industriais.
Justamente para estimulá-las a incorporem a responsabilidade social como parte integrante de suas estratégias
Foto: GIOVANNI SANTOS
Paola Vasconcelos
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
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17
No entanto, num segundo momento, questionou-se esse modo de
agir porque as empresas começaram a ser bombardeadas pelos seus
stakeholders, que são os seus grupos de interesse, e o cliente passou a
perguntar: “Por que a empresa não paga impostos; por que explora o
trabalhador infantil? O próprio funcionário, que era padrão, disse: 'eu sou
padrão, mas estou morrendo. Eu preciso dar mais condições à minha
família'. E também o governo passou a buscar parcerias porque ele não
pode resolver tudo sozinho”.
Desde o início da década passada, segundo Miguel Fontes, existe
um modelo que se encaixa melhor na perspectiva que o SESI vem
trazendo – a cidadania corporativa estratégica. “Não é caridade, não
é apenas ter um bom relacionamento com as partes interessadas,
mas é a incorporação de entender que a sustentabilidade humana e
ambiental foi feita para a própria sustentabilidade do negócio.” Hoje,
já se percebem resultados claros em empresas que investem em
cidadania corporativa. Ele cita uma pesquisa recente na qual é mostrado
que as empresas no topo do ranking em responsabilidade social e
cidadania corporativa produzem em média 47 produtos novos por ano,
comparados com apenas 12 de empresas que estão abaixo.
“Ações sociais não são gastos, são investimentos. Isso muda
completamente o raciocínio de como pensamos o social. Antigamente
era a ideia de crescer o bolo para depois dividir. Agora, nessa divisão, a
gente consegue fazer um bolo muito maior porque as pessoas pensam
melhor e estão mais atentas à melhor forma de produção do trabalho”,
finaliza Miguel Fontes.
Sobre o prêmio
O
PSQT é um reconhecimento público
às empresas industriais brasileiras
por ações diferenciadas de gestão e
valorização de seus colaboradores. Pioneira no
setor, a premiação visa despertar empregados
e empregadores para o exercício da cidadania
nas relações de trabalho. A coordenadora
estadual do prêmio, Helane Chaves, afirma
que as práticas inscritas serão avaliadas nas
categorias Cultura Organizacional, Gestão
de Pessoas, Ambiente de Trabalho Seguro
e Saudável, Educação e Desenvolvimento,
Desenvolvimento Socioambiental e Inovação. No
Ceará, podem concorrer ao prêmio as empresas
industriais contribuintes do Sistema FIEC e
empresas industriais optantes pelo Simples.
São três modalidades de participação: micro
e pequena empresa (até 99 colaboradores),
média empresa (de cem a 499 colaboradores) e
grande empresa (500 ou mais colaboradores).
Helane Chaves explica que o prêmio é
realizado em duas etapas, sendo uma estadual
e outra nacional. O processo de julgamento
da etapa estadual ocorre em agosto, com
visitas técnicas de 10 de setembro a 12 de
outubro. A avaliação da etapa nacional será de
15 a 31 de outubro e a premiação estadual
em outubro. No mês seguinte, os vencedores
nacionais serão conhecidos.
“
“
Foto: José sobrinho
O PSQT é
realizado
em duas etapas,
sendo uma
estadual e outra
nacional.
Helane Chaves,
coordenadora estadual
do prêmio
SERVIçO
As empresas interessadas em se inscrever podem
obter mais informações pelo site www.sesi.
org.br/psqt.
Inovaçoes
&Descobertas
Celular enxerga através
das paredes
Papel impermeável, magnético e antibacteriano
Pesquisadores do Centro
de Excelência Analógico
da Universidade do Texas
anunciaram o desenvolvimento
de um chip de imagem que
tornará dispositivos móveis em
aparelhos capazes de enxergar
através de paredes, madeira,
plásticos, papel e outros objetos.
Para conseguir criar o chip de
raio-X, os cientistas uniram
faixas não utilizadas do espectro
eletromagnético e tecnologia
de microchips. Espectros
eletromagnéticos já são utilizados
em alguns produtos, como
micro-ondas, para cozinhar
alimentos, ou transmitir ondas
AM e FM, entretanto, nesse
caso, os pesquisadores usaram
frequências no campo de terahertz. A radiação na frequência
tera-hertz (THz) é apreciada
pela área médica por ser não
ionizante, ou seja, não produz
danos aos tecidos vivos. Além de
todo o potencial de “espionagem”,
os criadores apostam que a
tecnologia poderá servir para
diversos outros fins, como, por
exemplo, encontrar vigas em
paredes, autenticar documentos e
identificar notas falsas. No campo
médico, a tecnologia poderá ser
usada para detectar tumores
malignos, diagnosticar doenças
mediante rápidas análises e
monitorar a toxicidade do ar. As
ondas tera-hertz também podem
ter aplicações na comunicação,
já que permitem que as
informações sejam transmitidas e
compartilhadas mais rapidamente.
Cientistas do Instituto Italiano di Tecnologia (IIT),
sediado em Gênova, na Itália, apresentaram no
final de abril uma experiência com potencial para
revolucionar diversas áreas da indústria. Eles criaram
uma maneira de dar propriedades extras ao papel,
dentre elas o magnetismo, impermeabilização,
fluorescência e a capacidade de combater bactérias. A
equipe chegou a esses resultados ao desenvolver um
polímero formado por monômeros que consistem em
nanopartículas de papel sintetizadas em laboratório.
De acordo com a revista Forbes, o polímero pode ser
aplicado ao papel por injeção, rolamento, imersão,
revestimento ou pulverização. Após serem aplicadas,
as nanopartículas mudam instantaneamente as
propriedades do papel. O efeito físico sobre o
papel depende das nanopartículas utilizadas: se
adicionar óxido de ferro, a solução de polímero irá
Verniz feito a partir de
garrafas de plástico
O químico brasileiro Eduardo Alves da Silva,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
inventou um processo que transforma garrafas de
plástico PET em matéria-prima para a produção
de verniz em pó a ser utilizado na fabricação de
utensílios domésticos, eletrônicos ou em peças
para automóveis. Segundo o cientista, antes de se
tornar verniz, as garrafas são trituradas e passam
por um processo de degradação que altera o
peso molecular. O material passa ainda por outros
processos até ser incorporado à fórmula que
forma o verniz sustentável. O resultado dos testes
mostrou que o material é viável para diversos usos
e aderiu bem às superfícies em que foi testado.
A inovação, que impede que os resíduos sejam
descartados e substitui compostos derivados do
petróleo, foi patenteada e levou a última edição
do prêmio de pesquisa da Associação Brasileira
da Indústria do PET (Abripet).
se tornar magnética; já as nanopartículas de prata
farão com que as fibras tornem-se antibióticas. Para
Roberto Cingolani, que lidera a equipe, o papel com
propriedades antibacterianas poderá ser usado na
área de saúde e indústria alimentar e o magnético
e fluorescente em documentos oficiais e dinheiro.
O papel impermeável poderá proteger documentos
importantes e também ser usado em produtos
acabados, tais como bancos, painéis, paredes etc.
Células solares orgânicas
Pesquisadores da Universidade de
Campinas (Unicamp) estão desenvolvendo
uma nova técnica para a fabricação de células
solares fotoeletroquímicas orgânicas, que são
potencialmente muito mais baratas e flexíveis e
podem ser aplicadas sobre qualquer superfície.
O resultado foi obtido quando os cientistas
adaptaram uma técnica de fabricação sequencial,
chamada deposição camada por camada, para
a fabricação das células solares orgânicas. Os
resultados parciais da pesquisa indicam que os
filmes finos de multicamadas são candidatos
promissores como camadas ativas para células
fotovoltaicas orgânicas. Segundo o pesquisador
Luiz Carlos Pimentel Almeida, a técnica de
fabricação sequencial empregada “imita” o processo
de conversão de energia existente na natureza: a
fotossíntese. “Ao realizar procedimento análogo ao
dos seres clorofilados – em que cada componente
básico ocupa uma posição específica numa
organização espacial
– conseguimos ter
maior controle sobre
a camada ativa
dos dispositivos
fotovoltaicos”, diz
Luiz Carlos Almeida.
Além de dez empresas recém-chegadas, outras 106 pleiteiam a
oportunidade de implantar seus empreendimentos na 'terra do sol'
ÂNGELA CAVALCANTE
S
egundo o governo do estado, dez novas indústrias estão
instaladas e prestes a ser inauguradas no Ceará. [Uma
delas, a Fita Elásticas Estrela S.A., foi inaugurada em 15
de maio]. Juntas, elas somam investimentos da ordem 534,25
milhões de reais e irão gerar 4 405 empregos diretos. Embora, por si só, tais números já sejam animadores para qualquer
setor, isso é apenas a 'ponta do iceberg', pois representa uma
ínfima parte do desenvolvimento que o segmento industrial
proporcionará ao estado e aos cearenses nos próximos anos.
20 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
Além das dez empresas recém-chegadas, outras 106
pleiteiam a oportunidade de edificar suas plantas fabris na 'terra do sol'. Dentre elas, 32 já apresentaram
propostas de protocolos de intenções, que aguardam a
deliberação do Conselho Estadual de Desenvolvimento
Industrial (Cedin), presidido pelo governador do estado, Cid Gomes. Os 32 empreendimentos somam aproximadamente 2,6 bilhões de reais. Se todas forem efetivamente implementadas, essas empresas terão impacto
isso a demanda é muito grande, ampliando a
cadeia de fornecimento no Ceará. E as empresas estão vindo para atender a tal demanda.”
De acordo com o presidente do Cede,
passou o tempo em que o Ceará e o Nordeste eram considerados ‘terras de perspectiva
dura’. “Hoje, nós temos um novo Nordeste e
um novo Ceará.” Não fosse isso, por que um
grupo como a Vulcabras sairia de um estado
tão próspero, como o Rio Grande do Sul, para
se implantar totalmente no Ceará?, pergunta.
Ele lembra que no momento a Vulcabras emprega 16 000 funcionários em nosso estado.
“
Hoje, nós
temos um
novo Nordeste
e um novo
Ceará.
“
Um novo Ceará
direto no mercado de trabalho local, com a
criação de mais 5 130 empregos.
De acordo com o presidente do Conselho
Estadual de Desenvolvimento Econômico do
Ceará (Cede), Ivan Bezerra – industrial de
tradição no estado no ramo têxtil que exerce também o cargo de 1º vice-presidente da
Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) –, na pauta do Cedin, onde ele
também tem assento, constam ainda nove
aditivos a protocolos de intenções, que são
modificações e melhorias nos protocolos originais, e mais 19 propostas de protocolos em
execução. “No total, temos 28 empresas com
propostas de resoluções para serem aprovadas. São empresas que já deram início à construção de suas fábricas, gerando 765 empregos, e que somam investimentos em torno de
54,3 milhões de reais”, estima Ivan Bezerra.
Os dados fornecidos pelo Cede indicam,
segundo seu titular, a ocorrência de um inédito fenômeno vivenciado pelo Ceará: a migração em massa de parques fabris e grandes
grupos empresariais do Sul do país para o
semiárido nordestino, mais especificamente
para o nosso estado. Esses empreendimentos estariam sendo atraídos por causa dos
benefícios oferecidos pelo governo, incluindo os incentivos fiscais, somados a outras
vantagens competitivas, como localização e
infraestrutura portuária e logística, e a perspectiva promissora que se instalou por aqui
com a chegada de empreendimentos estruturantes como refinaria, siderúrgica e termelétrica, além da transposição da bacia do Rio
São Francisco e da Transnordestina, dentre
outras promessas.
“Nós temos benefícios ótimos; temos a
posição logística favorável na qual o Ceará se
encontra. Além disso, temos um porto com
navios constantemente indo para Europa e
Estados Unidos, que gastam apenas seis a
sete dias de viagem até o destino. Enquanto que do Sul do Brasil para a América ou
a Europa são gastos de dez a 12 dias. Então,
já temos uma economia de três a quatro dias
em relação a estados da região Sul”, calcula o
presidente do Cede.
Outro fator apontado por Ivan Bezerra
para explicar a busca das indústrias pelo Ceará é o crescimento do poder de consumo da
população nordestina. “De três anos para cá,
a região se encontra em um momento no qual
o poder aquisitivo está cada vez mais alto. Por
Foto: José sobrinho
Atração de indústrias
Ivan Bezerra,
presidente do Cede
A Vulcabras emprega hoje 16 000 funcionários no Ceará
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
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21
Fato semelhante ocorreu com a Grendene, que emprega
aqui 22 000 funcionários e também deixou o Rio Grande do
Sul. “Outra empresa de calçados – a Paquetá – se transferiu
para o Ceará há oito anos e tem hoje quatro indústrias instaladas que empregam 4 500 pessoas. E olha que ela está dobrando
para 9 000 o número de funcionários”, anuncia Ivan Bezerra,
para quem estamos em outro Ceará: “No Ceará que tem o
Porto do Pecém, que possui uma logística para o mundo todo
muito fácil e barata. Nós temos dois portos muito bons, com
custo muito pequeno. É outro Ceará e, consequentemente, outro Nordeste. Atualmente, o crescimento nordestino é maior
do que o crescimento brasileiro”.
As experiências bem sucedidas de grandes empresas no
estado também são atrativos irrefutáveis, na opinião do secretário. “O presidente do Grupo Marisol, Vicente Donini, por
exemplo, se deu muito bem aqui e agora está trazendo uma fábrica de calçados do Rio Grande do Sul. Ele já avisou que logo
trará boas novidades.”
Segundo Ivan Bezerra, quem já veio para o Ceará dá informações a outros empresários. “Tem industrial que garante que não quebrou porque veio para cá. Alguns dizem
que os benefícios fiscais e o mercado deram condições de
sobrevivência a suas empresas.” Essas experiências de uns
para outros formam uma corrente que gera muitos frutos
para o estado. “Sou também empresário e tenho empresas
subsidiadas, que recebem benefícios do governo do estado.
A Grendene possui 22 000 funcionários no Ceará
Então, sei o quanto a empresa pode se desenvolver em função desse subsídio”, atesta.
Vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) há 14 anos e há 30 anos no mercado nacional com a
Têxtil Bezerra de Menezes (TBM), o presidente do Cede possui
articulação nacional no setor industrial, transitando com natural facilidade nos negócios e na política do governo Cid Gomes.
Isso lhe possibilita saber em primeira mão das intenções de empresas que planejam se transferir para o Ceará.
Empresários de Santa Catarina já confidenciaram a Ivan
Bezerra que pretendem migrar para o Ceará, a fim de fugir
dos impactos negativos causados pelas constantes cheias e
pela falta de mão de obra. “Eles dizem que existe semana de
passar três dias sem ter como os funcionários irem para a fábrica por causa das enchentes. Há empresário com empresas
no Ceará e em Santa Catarina que pretende vir de vez para
nosso estado porque a mão de obra é farta e a produtividade
do cearense é muito maior”, confidencia. Com a vinda de boa
parte do parque fabril catarinense para o Ceará, ele estima
que nos próximos dois anos o estado poderá chegar à posição
de segundo ou primeiro polo têxtil do Brasil.
Defensor dos incentivos fiscais, Ivan Bezerra planeja torná-los
mais atraentes no Ceará em relação a outros estados nordestinos.
“Já estou com um pleito para levar ao governador, mostrando o
que os outros estados oferecem e o que nós estamos ofertando.
Nós estamos aquém. Então, estou levando uma proposta de aumentarmos e nunca ficarmos abaixo dos demais”, adianta.
Para ele, ao conceder incentivos fiscais, o estado ganha de maneira indireta – o que compensa a redução na arrecadação de impostos. “Se a empresa não está aqui, não tem imposto. O estado
não arrecada nada, não há emprego. Ora, se a empresa oferece
empregos, já é muita coisa. E existe a arrecadação indireta. Uma
empresa que emprega mil pessoas, propiciará cerca de 3 000 refeições por dia aos funcionários. Quanto circularia em dinheiro, gerando novos empregos e injetando recursos no mercado?
E quanto de imposto o estado estaria recebendo? E esses funcionários todos ganhando dinheiro, quanto gastariam? Dessa
forma, o estado recebe indiretamente”, defende Ivan Bezerra.
Filho de Juazeiro do Norte, no Cariri, o empresário tem se
empenhado pessoalmente em melhorar o perfil industrial daquela região. “Em Juazeiro, existia um distrito industrial nominal. Sem indústria. Porque não tinha sequer o acesso. Na gestão do Cid Gomes, nós asfaltamos e criamos acesso e hoje são
aproximadamente 300 hectares, todos loteados, cedidos para
indústrias de calçados, de alumínio, de móveis e de confecção.
Ou seja, 100% já comprometidos. Já estamos pensando em aumentar essa área do Distrito Industrial (DI).”
Além da ampliação anunciada para o DI de Juazeiro, está
nos planos do governo criar outros distritos industriais, além
dos existentes em Maracanaú (três), Jaguaribe, Juazeiro do
Norte e Sobral. O de Acopiara, em andamento, tem previstas 31
indústrias, que vão gerar em torno de 1 700 empregos diretos.
Outros municípios cotados para ganhar distritos industriais,
segundo o secretário, são Iguatu e Tauá. “Iguatu é uma região
muito central e Tauá irá puxar a região dos Inhamuns para esse
distrito, pois o município sozinho não avança. É preciso haver
um aglomerado de localidades que se abasteça nele”, justifica
Ivan Bezerra. Além das ações locais e da articulação nacional
para ampliar o parque fabril cearense, o estado prospecta internacionalmente. “Estamos vendo a possibilidade de trazer uma
fábrica de automóveis coreana para cá.”
www.bnb.gov.br
Com o nosso apoio,
tem outra coisa que a sua
indústria não vai parar de
produzir: desenvolvimento.
Para quem quer investir na
Indústria, não faltam oportunidades
nem o apoio do Banco do Nordeste.
Com o Banco do Nordeste, empreendedores de diversos setores têm
crédito com as melhores condições do mercado. São juros mais baixos,
prazos mais longos e apoio técnico para implantar, ampliar ou modernizar
negócios de todos os portes. E se o investimento for no semiárido,
as condições são ainda melhores. Então, fique atento. No Nordeste,
as oportunidades estão por todos os lados.
SAC Banco do Nordeste • Ouvidoria: 0800 728 3030
EVOLUÇÃO DA ATRAÇÃO DE INDÚSTRIAS AO CEARÁ
Política industrial
B
ase da política industrial do estado do Ceará, o Fundo
de Desenvolvimento Industrial (FDI), criado em 1979,
mantém um sistema de incentivos fiscais que, além
de promover a atração de indústrias ao estado, estimula as
empresas a se instalarem no interior cearense. Dentre os critérios
para conceder benefícios, o FDI prevê que quanto mais longe a
empresa se instalar da capital, Fortaleza, maior será a redução
do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
que pode chegar a 75% do total do imposto a ser pago.
Também há outros requisitos como número de empregos
gerados e o Produto Interno Bruto (PIB) do município onde
a indústria irá se instalar. Quanto maior o número de postos
de trabalho oferecidos pela empresa e quanto menor o PIB
municipal da planta fabril maior será a isenção de impostos.
Indústrias implantadas 15
Empregos gerados
N
Perfil da indústria
cearense
ENTENDA MELHOR:
O Conselho Estadual de Desenvolvimento Industrial (Cedin) é
presidido pelo governador e tem como conselheiros os presidentes
do Cede e da Adece, além dos secretários da Fazenda, de
Planejamento e Gestão e Desenvolvimento Agrário.
34.000.000
336
Maracanaú
Abl Indústria Têxtil Ltda.
Fabricação de artigos têxteis,
tecidos de malhas e confecções
13.414.243
1 502
Maracanaú
Fitas Elásticas Estrela S/A
Fabricação de fitas elásticas, (inaugurada em 15/5)
fios, etiquetas e bojos
Morada NovaCoopershoes - Cooperativa de
Fabricação de calçados e
Calçados e Componentes
componentes
Joanetense Ltda.
Itaitinga Cbl Colchões Brasileiro
Fabricação de colchões de
Leite Ltda espuma e de molas
300.000.000
308
28.641.409
766
C
M
5.590.798,18
200
Y
CM
Fortaleza Companhia Industrial de
Vidros - CIV Fabricação de embalagens de
vidro (garrafas)
15.572.626
141
Pindoretama
Companhia Brasileira de
Bebidas Premium Produção e envase de bebidas
(cerveja e refrigerantes)
34.034.000
210
Pacajus Malwee Malharias Ltda.
tecidos de malhas e confecções
Fabricação de artigos têxteis, 20.000.000
500
Maracanaú
Globalpack Indústria e Comércio Ltda. Fabricação de embalagens
plásticas, frascos, tampas, etc.
3.000.000
102
80.000.000
340
MY
CY
CMY
K
Caucaia (Cipp)
Aeris Energia S/A Fabricação de pás, turbinas para geração de energia eólicas
FoNTE: CEDE
24 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
2011
Total de 2007 a 2011
14
20
37
24
110
1 445
1 897
4 662
4 010
13 723
154,46
244,47
457,17
102,48
1,05 bi
Estrutura econômica e industrial do Ceará - 2009
Economia cearense
Indústria cearense
Estrutura industrial
Fonte: IBGE – Contas Regionais
Nº EMPREGO
(PROTOCOLO)
Fabricação de elásticos
2010
R
VALOR DO INVESTIMENTO (PROTOCOLO)
Zanotti Pacatuba S/A 2009
espondendo por 24,5% da economia
do estado e com 73,9% das empresas
concentradas na região metropolitana
de Fortaleza, a indústria gera 334 000
empregos no Ceará e é responsável por 64,5%
das suas exportações. Os segmentos têxtil
e vestuário, calçados, alimentos e bebidas,
mais a construção civil, concentram 75% dos
empregos gerados pela indústria cearense.
Os cinco principais setores exportadores são
calçados, couros, castanha de caju, ceras
vegetais e fruticultura, que respondem por mais
de 75% do total exportado.
Indústrias instaladas
Pacatuba 99,8
2008
FoNTE: ADECE
2007 e 2011, foram criados 13 723 empregos no Ceará
por empresas atraídas pela política industrial do estado, que
geraram um volume de investimentos estimados em 1,05
bilhão de reais.
MUNICÍPIO
RAZÃO SOCIAL SETOR 1 709
Volume de investimento (R$ milhões)
Balanço
o ano passado (2011), foram analisados pelo Cedin 255
pleitos referentes ao FDI. Dentre eles, foram aprovados
92 novos empreendimentos, com protocolos de intenções
firmados, somando investimento da ordem de 3,99 bilhões de
reais no Ceará, com perspectiva de geração de 9 629 empregos
diretos, beneficiando 29 municípios cearenses.
Os projetos mais expressivos, considerando o volume de
investimentos privados atraídos, concentram-se nos segmentos
de geração de energia, produção de biocombustível, cimento e
louças sanitárias, além de uma montadora de veículos. Entre
2007
Elaboração: SFIEC / INDI / UEE
Foto: GIOVANNI SANTOS
De fato, a reputação do SENAI é fator de atração em muitos ramos de negócio. E, no setor de tintas, não seria diferente. É o que atesta o proprietário das Tintas Fênix, Alexandre
Santana. Ele veio da Bahia para conferir in loco o empreendimento. “Somos usuários do SENAI em Salvador e conhecemos a excelência dos seus serviços. Depois de ver os equipamentos do laboratório, afirmo que usaremos seus serviços,
em vez de enviar os testes para São Paulo.”
O laboratório será estratégico para o desenvolvimento da indústria de tintas da região Nordeste
SENAI inaugura laboratório
Obra possui equipamentos únicos no Ceará e atenderá a
indústrias de toda a região Nordeste
O
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do
Ceará (SENAI/CE), entidade componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(Sistema FIEC), inaugurou no final de abril o Laboratório
de Ensaios em Tintas Imobiliárias do Centro de Formação
Profissional Antônio Urbano de Almeida, unidade no bairro
Jacarecanga. O espaço é uma parceria do SENAI/CE, SENAI
Nacional e Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação de Petróleo do Estado do
Ceará (Sindquímica). Segundo o gerente do centro, Sebastião Feitosa, foram investidos na obra 850 000 reais, valor
compartilhado com as três entidades. “O laboratório, voltado para a construção civil, é mais um aliado das empresas
no cumprimento das exigências do Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) e também atende às normas da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati).”
O projeto, iniciado em 2009, contempla equipamentos
únicos no Ceará e será estratégico para o desenvolvimento
da indústria de tintas da região Nordeste. Segundo Ailton
26 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
Grande, diretor Setorial de Tintas do Sindquímica, a região
é um importante polo produtor e consumidor de tintas. São
87 indústrias: 32 localizadas no Ceará, a maioria na grande
Fortaleza. “O laboratório vem ao encontro das necessidades
do setor no tocante à realização de testes de qualidade. Até
agora, quando as empresas locais necessitavam examinar
os produtos desenvolvidos nas fábricas, precisavam enviar
as amostras para o SENAI de São Bernardo dos Campos,
em São Paulo”, diz Ailton. “O laboratório do SENAI/CE foi
equipado para ser capaz de fazer os mesmos testes. Dessa
forma, as empresas vão economizar tempo e dinheiro.”
Segundo Lea Pereira, diretora de Gente e Gestão da
Hidracor, uma das maiores indústrias de tintas do país,
os resultados dos testes levam mais de 30 dias para ficar prontos. Mas, com o novo laboratório, ela prevê que
o prazo cairá pela metade. “Tem também a questão do
custo, que se acredita terá redução de 50%, sem perder
a qualidade dos exames, uma vez que os equipamentos
são de última geração e levam a chancela do SENAI, cuja
qualidade é internacionalmente conhecida.”
Foto: GIOVANNI SANTOS
Lea Pereira, diretora de Gente e
Gestão da Hidracor
Alexandre Santana:
"Depois de ver os
equipamentos, vamos usar
os serviços do laboratório,
em vez de enviar os testes
para São Paulo”
Foto: GIOVANNI SANTOS
“
Os equipamentos
são de última
geração e levam a
chancela do SENAI,
cuja qualidade é
internacionalmente
conhecida.
“
Indústria de tintas
Segundo o diretor regional do SENAI/CE, Francisco das
Chagas Magalhães, o empreendimento, que contará com a certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), é mais uma ação da entidade visando atender às exigências do setor produtivo da construção civil: “Nossa
missão é ir ao encontro das demandas da classe empresarial. No
caso do laboratório, contamos com as orientações do Sindquímica para nortear nossas ações, a fim de cumprirmos rigorosamente as normas e as exigências que nos mantêm como promotores de produtos e serviços com alto valor agregado e eficiência”.
Serviços técnicos e tecnológicos do Laboratório de Ensaios em
Tintas Imobiliárias do SENAI Jacarecanga
Tintas econômicas
Determinação de resistência à abrasão úmida sem pasta abrasiva
– NBR 15078
Determinação do poder de cobertura de tinta úmida – NBR 14943
Determinação do poder de cobertura de tinta seca – NBR 14942
Tintas standard e premium
Determinação de resistência a abrasão úmida – NBR 14940
Determinação do poder de cobertura de tinta úmida – NBR 14943
Determinação do poder de cobertura de tinta seca – NBR 14942
Tintas: outros ensaios
Determinação da porosidade em película de tinta – NBR 14944
Determinação de massa específica – NBR 5829
Massas niveladoras
Determinação de resistência a abrasão de massa niveladora – NBR 15312
Determinação de absorção de água da massa niveladora – NBR 15303
Esmalte sintético
Determinação de brilho – NBR 15299
Determinação do poder de cobertura em película de tinta seca obtida por
extensão – NBR 15314
Determinação de teor sólido – NBR 15315
Determinação de tempo de secagem de tintas e vernizes por medida instrumental – NBR 15311
O Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de
Almeida está localizada na Avenida Padre Ibiapina, 1280, Jacarecanga.
Telefone: (85) 3421 5300; e-mail: [email protected]
O Sindbebidas reconhece o valoroso trabalho realizado pela indústria
cearense e presta sua homenagem a todos os que fazem o setor,
contribuindo para o desenvolvimento sustentável do nosso Ceará.
Juntos, é possível construir um estado cada vez mais forte.
25 de maio. Dia da Indústria.
Solidariedade
A
Foto: GIOVANNI SANTOS
Instituição filantrópica, recebeu da Revista da FIEC doação de leite em pó.
Trata-se de uma ação de responsabilidade social do veículo de comunicação
28 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
“
Fizemos a
ampliação
para o Iprede que
também atua de
forma integrada para
desenvolver a primeira
infância, período de
zero a seis anos.
Sulivan Mota, médico
“
Iprede muda foco
de atendimento
Revista FIEC, veículo de comunicação institucional do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(FIEC), fez a doação de 70 quilos de leite em
pó ao Instituto de Promoção da Nutrição e
do Desenvolvimento Humano (Iprede), instituição que há 26 anos assiste crianças em
Fortaleza. A doação é uma ação de responsabilidade social levada a efeito pela publicação, que destinou parte da arrecadação
mensal em publicidade para o instituto.
O presidente do Iprede, Sulivan Mota, e
a diretora-secretária, Glória Marinho, receberam o produto, distribuído às famílias das
crianças atendidas pela entidade. Conforme o
médico pediatra Sulivan Mota, o Iprede atende a cerca de mil crianças por mês e, desde
2006, passou a incluir também a família nos
seus programas e projetos, o que representou
a mudança do seu foco de atuação.
“Fizemos a ampliação daquele Iprede que
dava assistência a crianças com desnutrição
para o Iprede que também atua de forma integrada para desenvolver a primeira infância, período de zero a seis anos”, explica Sulivan. No último mês de março, a instituição
anunciou sua transformação no Iprede-Instituto da Primeira Infância. A mudança tem
a ver com a diminuição dos índices de desnutrição infantil no estado. Ele explica que
no cenário da criação do Iprede, em 1986,
apenas cem crianças em cada mil nascidas
no Ceará tinham possibilidade de alcançar
um ano de idade e 30% das crianças desnutridas tinham sequelas de crescimento.
Depois de mais de 20 anos, Sulivan destaca
que a desnutrição ainda está presente, mas
de forma residual, atingindo de 6% a 7%
das crianças, além de taxa de mortalidade
infantil abaixo de 20 por cada mil nascidos.
O foco na primeira infância não exclui
o tratamento de crianças desnutridas, mas
amplia para o desenvolvimento das estruturas física e psíquica e das habilidades sociais
da criança. O presidente do Iprede explica
que a primeira infância é a base para todas
as aprendizagens humanas e que pode determinar as contribuições que a criança trará à sociedade quando adulta. A questão da
nutrição é considerada fundamental para o
Foto: GIOVANNI SANTOS
período, por isso a instituição continua realizando o tratamento dos distúrbios nutricionais, como a desnutrição e a obesidade. Vem
daí a importância de incentivar o crescimento
cognitivo, o desenvolvimento da linguagem,
habilidades motoras e adaptativas e aspectos
socioemocionais. “Para que tudo isso ocorra,
existe uma figura de fundamental importância na vida da criança – a mãe.”
Além da média de mil crianças atendidas
mensalmente, cerca de 800 mães são assistidas pelo Iprede. Na criançada, são realizados
o acompanhamento do peso e o tratamento do
nível de desnutrição, como também dados suportes de saúde, psicológico e social por uma
equipe multidisciplinar. Serviços especializados, como mediação, psicomotricidade, psicoterapia em grupo e assistência social, dentre
outros, são oferecidos às crianças e às mães.
O trabalho realizado com mães tem conseguido progresso no desenvolvimento infantil
e uma mudança de realidade social de muitas
famílias. Isso porque a instituição, além de capacitá-las a cuidar dos filhos, as orienta sobre
alimentação, higiene e segurança e estimula o
vínculo afetivo entre eles.
E mais: capacita a mãe profissionalmente para o mercado de trabalho. São 30 cursos, que vão da alfabetização à informática.
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
29
Primeira infância
H
Foto: GIOVANNI SANTOS
“
á um crescente reconhecimento internacional de que
os primeiros anos de vida de uma criança são de
fundamental importância para toda a sua vida. Um
dos maiores especialistas em efeitos da educação na vida
econômica dos países, James Heckman, prêmio Nobel de
Economia em 2000, defende que as nações invistam na
primeira infância. Segundo ele, situações de vulnerabilidade
nessa fase, quando não tratadas, conduzem a dificuldades
futuras de aprendizagem e na esfera social.
Por meio de estudos iniciados nos anos 60, Heckman,
com um programa de educação com crianças e que envolveu
também os seus pais, chegou à relação impactante de que
cada dólar investido no programa deu um retorno de nove
dólares para a sociedade. Segundo ele, o investimento
Como resultado de outro
curso que fiz no Iprede,
comecei a vender bolo aos meus
vizinhos e agora estou fazendo
este de sobremesa.
Cozinha pedagógica
As crianças e suas famílias são assistidas por uma equipe de médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes
sociais, pedagogos, psicomotricistas e psicólogos, dentre outros. O Iprede também é escola para alunos de
diversas universidades.
Além de conhecer as características de uma alimentação saudável para os filhos, as mães também têm oportunidade de aprender e se capacitar para gerar renda
em cursos na área de culinária na cozinha pedagógica.
Como ajudar o Iprede
O
Aprendendo e brincando
SERVIçO
Iprede: Rua Professor Carlos Lobo, 15
Cidade dos Funcionários
Telefone: (85) 3218 4000; www.iprede.org.br
FotoS: GIOVANNI SANTOS
Foto: GIOVANNI SANTOS
30 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
Atendimento especializado
Carmélia Fernandes Chagas, dona de casa
s recursos do Iprede, que é uma
instituição filantrópica, têm origem
em doações da sociedade e também
em atividades autossustentáveis. Leite em
pó é uma de suas maiores necessidades,
já que o instituto distribui, por dia, cerca
de 250 latas às crianças em tratamento.
A instituição possui um centro de eventos
para locação, realiza cursos à comunidade
em geral, é prestadora de serviços ao
Sistema Único de Saúde (SUS) e recebe
doações de alimentos não perecíveis e de
objetos novos e usados.
Joana D'arc Alves: "O
Iprede é uma mãe para a
minha família"
na primeira infância – zelando pela saúde das crianças e
educando os pais a serem pais de verdade – é o meio mais
eficiente para garantir êxito na escola, reduzir a criminalidade
e os gastos com medidas socioeducativas para remediar
deficiências na juventude e na vida adulta.
Outros estudos demonstram que é durante a primeira
infância que o cérebro humano desenvolve a maioria das
ligações entre os neurônios. Até os três anos de idade, as
cerca de cem bilhões de células cerebrais com as quais
uma criança nasce desenvolvem um quatrilhão de ligações,
o que diz respeito à alta capacidade de aprendizagem e
desenvolvimento. O número é o dobro de conexões que um
adulto possui. Aos quatro anos, estima-se que a criança
tenha atingido metade do seu potencial intelectual.
Veja algumas ações realizadas pelo Iprede
“
A dona de casa Carmélia Fernandes Chagas,
cujo filho de 11 anos é atendido pelo ambulatório de obesidade infantil, é uma das senhoras que estão tendo a oportunidade de
se capacitar em atividades que geram renda, como o curso de tortas e sobremesas, na
cozinha pedagógica do Iprede. “Porque não
trabalho, tenho de encontrar uma forma de
ajudar à família com mais recursos. Como
resultado de outro curso que fiz no Iprede,
comecei a vender bolo aos meus vizinhos e
agora estou fazendo este de sobremesa.”
O Iprede também realiza projetos como o
Mãe Colaboradora, no qual as mães são profissionalizadas e prestam serviços ao próprio
Iprede, gerando ocupação e renda. Elas recebem cerca de 80 reais mensais para trabalhar
uma vez por semana, além de vale-transporte e cesta básica. A jovem Joana D'arc Alves,
28 anos, é uma das mães colaboradoras do
Iprede. No momento, monitora a brinquedoteca. Sua filha, Ana Lívia Alves, três anos,
ainda é atendida na instituição por conta
do baixo peso e da intolerância à lactose.
“O Iprede é uma mãe para a minha família.
Aqui, Ana Lívia está bem acompanhada e eu
aprendo muito. Fiz curso de corte e costura,
relaciono-me melhor com as pessoas, e fico
mais perto da minha filha. O que faço aqui
levo também para a minha casa.”
Com atividades lúdicas, como desenho, leitura, teatro,
contação de histórias, além de brinquedos, as crianças
têm a oportunidade de aprender enquanto aguardam o
atendimento. Na mediação, a afetividade entre mães e
filhos é estimulada.
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
31
Câmara Setorial do Trigo
“
A gente precisa
melhorar
a percepção do
consumidor em relação
à qualidade dos nossos
produtos.
“
Cláudio Fontenele,
presidente da CS Trigo
Foto: GIOVANNI SANTOS
Com o intuito de melhorar a percepção dos
consumidores e garantir a competitividade de
quem produz com qualidade, uma das ações
da CS Trigo será criar um selo de qualidade
para atestar as boas práticas de fabricação de
produtos panificados. Mas o maior dentre todos os desafios, diz Fontenele, será aumentar
o consumo de derivados do trigo, a fim de
alcançar o crescimento sustentável do setor:
“Hoje, o consumo per capita no Nordeste está
em torno de 27 quilos por ano. No Sudeste, é
consumido o dobro”.
Integrantes do CS Trigo,
instalada em abril durante
solenidade na FIEC
Foto: GIOVANNI SANTOS
Instrumento para
desenvolver setor
na economia do Ceará. Segundo levantamento do Instituto de Desenvolvimento
Industrial (INDI), instituição do Sistema
FIEC, com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE), cerca de 13 000
empregos com carteira assinada são gerados
por 741 estabelecimentos formais do setor
que atuam na moagem e fabricação de derivados e na produção industrial de pães,
biscoitos, bolachas e massas alimentícias.
De acordo com o Sindicato da Indústria de
Panificação e Confeitaria do Estado do Ceará (Sindpan), que também integra a Câmara
Setorial do Trigo, entre as panificadoras a
geração de postos de trabalho é ainda maior:
o setor emprega atualmente cerca de 32 000
pessoas. São em torno de 2 500 padarias.
De acordo com o presidente da Câmara
Setorial do Trigo (CS Trigo), Cláudio Fontenele, é papel da entidade proporcionar
maior competitividade à cadeia produtiva, por meio da integração das empresas
e da busca conjunta de soluções para superar os gargalos que afetam o segmento.
“A gente precisa melhorar a percepção do
consumidor em relação à qualidade dos
nossos produtos, incorporar novas tecnologias, treinar para capacitar cada vez
mais nossa mão de obra e também fabricar
produtos diferenciados.”
Com a nova entidade representativa da cadeia do trigo, o
Ceará passa a contar com 19 câmaras setoriais
S
egundo maior importador de trigo do país, em
torno de 950 000 toneladas/ano – sede dos dois
maiores grupos industriais do segmento em todo o
Brasil: J. Macêdo e M. Dias Branco –, o estado do Ceará acaba de ganhar uma nova ferramenta para articular
o desenvolvimento da cadeia produtiva do trigo e, por
conseguinte, impulsionar mais sua economia. Trata-se da
Câmara Setorial do Trigo, instalada oficialmente na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) em 10 de
abril último. É a 19ª câmara setorial implantada pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece). O
organismo é o novo braço operacional a integrar a política
de desenvolvimento cearense.
32 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
Dados do Centro Internacional de Negócios (CIN)
indicam que, em 2011, as importações de trigo e mistura de trigo com centeio somaram 260,4 milhões de dólares, correspondendo a 10,8% do total das importações
cearenses naquele ano (2,4 bilhões de dólares). Até março
de 2012, as compras externas do insumo para os moinhos
do estado totalizaram 52,6 milhões de dólares, ou 8,7%
do montante importado pelo Ceará (607,6 milhões de
dólares) no acumulado dos três primeiros meses do ano.
Toda essa matéria-prima ajudou a movimentar o setor moageiro, impulsionando a fabricação de massas e
biscoitos e a produção de panificadoras e confeitarias,
gerando emprego e renda e impactando positivamente
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
|
33
O presidente da FIEC e vice-presidente do
Grupo J. Macêdo, Roberto Proença de Macêdo, aponta também outros entraves que
precisam ser superados, apesar da grandeza
do setor moageiro cearense: “O Ceará, no momento, é o segundo maior polo moageiro brasileiro, atrás apenas de São Paulo. E essa posição faz com que nós mereçamos uma atenção
maior. No Rio Grande do Sul, por exemplo,
existem em torno de 90 moinhos, mas a quantidade moída é bem menor em comparação
ao Ceará, pois são moinhos pequenos”.
Sobre os principais gargalos do setor de
trigo, cita a burocracia, impostos elevados e
o modelo de substituição tributária fixado ao
setor produtivo no país. “Quando o trigo entra no porto, já paga tributos antes mesmo de
ser moído. Então, o panificador, ao comprar
o produto, paga antecipadamente os impostos do pão que ele ainda vai fazer. Enquanto
isso, nos outros países, o imposto é cobrado
sobre o produto final.”
A influência do preço internacional é outro problema que o setor enfrenta, segundo
Luís Eugênio Pontes, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo nos Estados do
Pará, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte
(Sindtrigo) e do Sindicato da Indústria de
Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado
do Ceará (Sindmassas). Segundo ele, os segmentos cearenses de trigo, massa e panificação precisam se modernizar para assegurar a competitividade, já que o consumidor
assumiu novos perfis, os quais precisam ser
acompanhados. “A exigência por qualidade
de vida e a segmentação de consumo são
exemplos da mudança no perfil de consumo”, afirma o executivo, para quem a CS
Trigo cumprirá o “importante papel” de revitalizar a cadeia produtiva.
O presidente da Adece, Roberto Smith,
concorda: “Esse será um instrumento de discussão e ação. O nosso intuito é que seus integrantes façam um planejamento coerente, estabeleçam metas e tomem decisões objetivas.
Dessa forma, os principais empecilhos serão
removidos, enriquecendo sobremaneira os
setores representativos do produto”.
Instituições participantes
I
ntegram a Câmara Setorial do Trigo, as seguintes
instituições: Adece, Associação Brasileira das
Indústrias de Massas Alimentícias (Abima),
Associação Brasileira da Indústria de Panificação e
Confeitaria (Abip), Associação Nacional das Indústrias
de Biscoitos (Anib), Associação Brasileira da
Indústria do Trigo (Abitrigo), Associação dos Moinhos
de Trigo do Norte e Nordeste do Brasil, Centro
Regional de Treinamento em Moagem e Panificação
(Certrem), Conselho Regional de Nutricionistas 6ª
Região, INDI, Serviço de Apoio às Micros e Pequenas
Empresas do Ceará (Sebrae), Sindtrigo, Sindmassas,
Sindpan, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias
de Panificação, Confeitaria, Massas Alimentícias e
Biscoitos do Estado do Ceará (Sindpan) e Universidade
Federal do Ceará (UFC).
Foto: LUIZ GONZAGA
Indústria
SESI e SENAI ampliam
atuação na Região Norte
Comitiva da FIEC visita as obras do Centro Integrado SESI/SENAI de
Sobral, que está com cerca de 90% dos trabalhos concluídos
A
região Norte, cujo principal expoente é o município
de Sobral, é uma das que mais crescem economicamente no estado. Dados do Centro Internacional de
Negócios (CIN), da Federação das Indústrias do Estado
Ceará (FIEC), mostram que Sobral exportou no ano passado 157,7 milhões de dólares, sendo calçados e suas derivações os principais produtos. O desenvolvimento da região
fez com que as exportações de Sobral ultrapassassem a capital Fortaleza algumas vezes, uma das quais em janeiro de
2012, quando foram responsáveis pelo montante de 29,3
milhões de dólares em produtos, representando 24,2% das
exportações nesse período, segundo o Instituto de Pesquisa
e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). No acumulado
de janeiro a março deste ano, Sobral foi responsável por
8,9% das exportações cearenses, enquanto que 10% são de
Fortaleza, ambos abaixo de Caucaia, com 49%.
Visando dar suporte a essa potência industrial do estado,
as instituições do Sistema FIEC Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE) e Serviço Social da Indústria
(SESI/CE) estão construindo um centro integrado em Sobral,
com inauguração prevista para os próximos 60 dias. No último
dia 4 de maio, uma comitiva da FIEC, liderada pelo presidente
Roberto Proença de Macêdo, visitou as futuras instalações da
unidade, que vai ampliar o atendimento às demandas das empresas instaladas no Norte e ainda no Noroeste do estado, ampliando sua atuação em prol do desenvolvimento industrial.
Em fase final construção, o centro será um dos mais modernos do país e a unidade cearense mais bem equipada do
SENAI. Acima de 15 milhões de reais estão sendo investidos pelo SESI/SENAI em sua construção. Na visita, além
da diretoria executiva da FIEC, o prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, acompanhado de secretários e autoridades
municipais, constatou a evolução da obra.
Segundo o diretor regional do SENAI e superintendente
do SESI, Francisco das Chagas Magalhães, o prédio está bem
avançado, cerca de 90% concluídos. O equipamento, localizado à rua Plácido Castelo, 1701, bairro do Junco, vai beneficiar
indústrias de diversos setores, como calçadista, confecção,
metal-mecânico e construção civil, em especial a partir da
atuação do SENAI e do SESI.
De acordo com Magalhães, o centro fortalecerá o atendimento a 160 indústrias e outros 540 estabelecimentos existentes em 36 municípios. Em relação ao SENAI, a unidade
vai atuar nas áreas de educação profissional, formando mão
de obra capacitada para atuar nas empresas, e serviços técnicos e tecnológicos para auxiliar as indústrias em suas necessidades de inovação, além de responder às demandas de
formação de pequenos aprendizes. O SESI oferecerá serviços
voltados à melhoria da qualidade de vida do industriário e
de sua família nas áreas de saúde, educação, lazer, cultura e
responsabilidade social.
A estrutura física do novo prédio inclui pátio para abrigar unidades móveis, salas polivalentes para oficinas móveis,
laboratórios, salas de aula, oficinas especializadas, auditório
com 240 lugares, biblioteca, consultórios, academia de ginástica, ginásio poliesportivo etc.
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
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Foto: GIOVANNI SANTOS
Cachaça
Legado cultural
Aguardente de cana-de-açúcar, a velha pinga é uma bebida genuinamente
brasileira, criação do colonizador Martim Afonso de Souza e quatro sócios
GEVAN OLIVEIRA
D
iz uma estória que escravos das lavouras açucareiras misturaram, certa ocasião, um caldo de cana velho (melaço) com outro fabricado no dia seguinte. Com a mistura
levada ao fogo, o álcool presente no melaço velho evaporou,
formando gotículas no teto do engenho. Ao pingar, os escravos experimentaram o líquido, que imediatamente passou a ser
apreciado, ganhando o nome de “pinga”. Aos poucos, eles perceberam que a bebida os deixava com vontade de dançar e passaram a repetir a dose sempre que queriam ficar alegres. Mas,
de vez em quando, a bebida atingia ferimentos nas costas dos
escravos, resultados dos açoites físicos que lhes eram infligidos.
O ardor causado pelo contato com os ferimentos teria inspirado
o nome "água ardente", ou "aguardente".
36 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
Outra narrativa sobre a origem da cachaça diz que ela teria sido descoberta por acaso, como subproduto da produção
de açúcar mascavo e da rapadura, no início do século 16. Durante o processo, o caldo de cana era fervido em tachos para
ser limpo e concentrado em uma massa espessa. Do processo,
era retirada uma borra espumante. Acumulada em cochos de
madeira, fermentava, transformando-se em uma garapa azeda,
ou vinho de cana, que era servida como complemento da alimentação dos animais e até dos escravos. A essa espuma, que
teria sido destilada em alambiques de barro, deram o nome de
"cagaça"; daí se derivou a palavra "cachaça".
Essas são duas das muitas “teorias” que tentam explicar a
origem da aguardente de cana-de-açúcar, a cachaça, conhecida
e reconhecida hoje mundialmente como uma bebida descoberta no Brasil há quase 500 anos (veja texto na página 42). Mas essas explicações são tidas como fantasiosas (sobretudo a primeira) por quem estuda o tema. Um deles é o jornalista e escritor
Marcelo Nóbrega da Câmara, autor do livro Cachaças Bebendo
e Aprendendo – guia prático de degustação.
Segundo ele, a bebida foi inventada intencionalmente no Brasil entre 1533 e 1534 pelo colonizador Martim
Afonso de Souza e seus quatro sócios (três portugueses e
um holandês), nas instalações dos três primeiros engenhos
de açúcar que juntos construíram no Brasil – as primeiras
indústrias do país – em São Vicente, hoje litoral de Santos,
no estado de São Paulo. Foi Martim Afonso quem trouxe o primeiro alambique para a terra recém-descoberta,
artefato já utilizado na Península Ibérica desde o início
da Idade Média, e destilou a cana-de-açúcar, trazida por
Gonçalo Coelho em 1502.
Para a origem do nome “cachaça”, a explicação mais aceita pelos estudiosos é a descrita no livro Cultura e Opulência
do Brasil, de André João Antonil. Conta-se que os colonizadores e brasileiros da época importaram a palavra e sua
semântica do espanhol “cachaza”, que designava uma “bagaceira popular ou de baixa qualidade”, para empregá-la
à escuma (espuma) da primeira fervura (da cana) que era
dada aos animais como alimento. Portanto, a palavra “cachaça”, nos seus primórdios, serviu para chamar apenas o
lixo da fervura na produção do açúcar. “Cachaza nasceu e
era usada no Velho Mundo, e depois foi aplicada aqui para
designar um produto inferior, pobre, subalternizado na cadeia industrial e na escala de valoração cultural. Eis uma das
raízes, uma das causas histórico-culturais de discriminação,
pré-conceituação, criminalização e patologização da cachaça
na nossa sociedade”, enfatiza Marcelo Câmara.
Vale ressaltar que mesmo não destilada, esse “escuma”
(caldo) produzia certa embriaguez devido à fermentação
natural, e, por essas e outras razões, foi usada para “animar”
os escravos no trabalho. Além disso, foi considerada, pelos
senhores de engenho, uma bebida limpa, em comparação
com o cauim – vinho produzido pelos índios –, no qual todos cospem num enorme caldeirão de barro para ajudar na
fermentação do milho…
Há registros de que antes do emprego do nome “cachaça” para designar o destilado da cana-de-açúcar, a bebida
era chamada de mel de cana, vinho de cana, vinho de mel,
vinho de mel de cana. Quanto à origem das expressões “pinga” e “aguardente”, segundo Marcelo dizia-se “pinga” porque
pingava, gotejava, na ponta do alambique, “e não do telhado, das ripas de senzala alguma, pois em senzala nunca se
fabricou melado, açúcar, muito menos cachaça”. Já o composto “aguardente” ou “água ardente” é palavra usada antes
mesmo do surgimento da cachaça, porque já existiam outras
aguardentes (ou seja, destilados), como a bagaceira, o korn,
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H
IMAGEM: Marcelo Weber
á registros
de que o
último pedido de
Tiradentes, antes
do martírio, foi:
“Molhem a minha
goela com cachaça
da terra”.
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a destilação da cereja dá origem ao kirsch. Na
Escócia, a cevada é destilada para a produção
do whisky. Na Rússia, a vodka, de centeio. Na
China e Japão, o sakê, de arroz. Ao chegar a
Portugal, os lusitanos destilam o bagaço de uva
para produzir a ba­gaceira.
Ao certo, quanto à designação do termo
cachaça como indicação do destilado de cana,
tem-se, dentre os primeiros, o do viajante inglês Henry Koster. Em 1816, depois de percorrer o estado do Ceará, registrou em seu livro
Traverl in Brazil, publicado em Londres, que
os primeiros alambiques fabricados no Brasil
Colônia eram de barro. Dos meados do século
16, até metade do século 17, as "casas de cozer méis", como eram chamados os locais que
fabricavam a bebida, se multiplicam nos engenhos. A essa altura, a cachaça se torna moeda
para a compra de escravos na África. Alguns
engenhos passam a ter tanto lucro com a pinga quanto com o açúcar. Vale registrar, ainda,
que um outro termo a esse destilado ganhou
muita popularidade nos séculos 16 e 17: a jeribita e suas variações: jiribita, jurubita, geribita,
giribita, geriba, piripita. Ainda hoje, em alguns
locais do Brasil, fala-se uma dessas formas.
Nessa época, a cachaça já era utilizada em
toda a colônia até para amenizar o frio da população dos garimpos, nas serras mineiras, de onde
se extraía ouro para Portugal. Seu consumo passou a ser tão popular que afetou drasticamente o
comércio de vinhos finos e da bagaceira, o destilado português de baixa qualidade, importado
desde as primeiras décadas de exploração. Incomodada, a corte portuguesa proibiu várias vezes
a produção, comercialização e até o consumo da
cachaça. A alegação mor era a de que prejudicava a retirada do ouro das minas.
Mas, sem sucesso, Portugal resolve taxar o
destilado. Em 1756, a aguardente de cana foi
um dos gêneros que mais contribuíram com
impostos voltados à reconstrução de Lisboa,
abatida por um grande terremoto em 1755.
Em 1772, foi estipulado o subsídio literário,
imposto destinado à manutenção das faculdades da corte. A retaliação à cachaça alvoroçou
o nacionalismo brasileiro, levando o povo a
boicotar de vez o vinho português.
Dessa forma, a cachaça passa de bebida de
escravos para símbolo dos ideais de liberdade,
percorrendo as bocas dos inconfidentes e da
população que apoiava a Conjuração Mineira,
tornando-se um dos símbolos de resistência à
dominação portuguesa. Há registros de que o último pedido de Tiradentes, antes do martírio, foi:
“Molhem a minha goela com cachaça da terra”.
No Ceará
S
egundo o historiador Raimundo Girão, no livro
História Econômica do Ceará, as primeiras
mudas de cana chegaram ao Ceará no início
de 1600, trazidas por Martins Soares Moreno e o
capitão-mor da província, Pero Coelho de Souza.
Em pouco tempo, a planta vingou, garantindo bons
lucros à coroa, com a produção concomitante de
açúcar, rapadura e cachaça – apesar de não haver
registros de quem primeiro (e quando) produziu a
bebida nas terras cearenses.
No Ceará colonial, a produção da cachaça
se espalhou, inicialmente (século 16), de forma
artesanal pelas regiões da Ibiapaba, Serra de
Baturité e Cariri. Mas, segundo Tomaz Pompeu
de Souza Brasil, já no século 17, se produzia em
escala considerável, a ponto de exportar para
outras capitanias e à metrópole. Esse fato foi
registrado em livro pelo historiador Raimundo
Girão, que utilizou documento de 31 de outubro de
1801. Na publicação, ele cita uma carta do rei de
Portugal ao governo da Província, com o seguinte
texto: “Prende-se o assunto à decisão da Junta,
lançando o imposto de 6$000 sobre a pipa (barril
de madeira usado para armazenagem e transporte)
de aguardente da terra (cachaça) que, por mar,
entrasse na capitania, com aplicação especial à
construção de estradas e de um cais no Mucuripe”.
No século 19, a produção de cachaça no
Ceará adquire certa notoriedade e se consolida,
com a rapadura, em um dos ramos da indústria
da província. Os principais produtores eram os
engenhos do Cariri, Chapada da Ibiapaba, Serra de
Baturité e no Vale do Acarape. Por volta de 1860,
as estatísticas do Senador Pompeu davam conta de
Rapadura artesanal
Primeiro
processo de
engarrafamento
artesanal
FotoS: GIOVANNI SANTOS
o schnapps, a vodca, o gim, a genebra, a aquavita, o quirche, a cidra, o poteen, o arac, o uísque
e as aguardentes vinícolas como o conhaque,
o armanhaque, o brandy, o ouzo, a mastika, o
pisco e outras, antes da bebida brasileira. “Portanto, a origem da palavra “aguardente” nada
tem a ver com açoite de escravos com lombo
molhado de cachaça. Pura fantasia inverossímil, implausível”, atesta Marcelo Câmara.
De fato, a aglutinação aguardente tem sua
origem muito distante, no tempo e no espaço.
Credita-se aos gregos, dezenas de anos antes de
Cristo, um processo rudimentar de obtenção
da acqua ardens (al kuhu), a partir da cana-de-açúcar. A água que pega fogo – água ardente.
Nos anos seguintes, essa água ardente passa a ser
usada pelos alquimistas, os quais lhe atribuem
propriedades místico-medicinais. Pela força da
expansão do Império Romano, o destilado chega
ao Oriente Médio. São os árabes que descobrem
os equipamentos para a destilação semelhantes
aos que conhecemos hoje. Eles usam a palavra
al raga, em vez de al kuhu, dando origem à mais
popular aguardente da Península Sul da Ásia:
arak – uma aguardente misturada com licores
de anis e degustada com água.
O processo de destilação descoberto pelos árabes se espalha, então, pelo velho e novo
continente. Na Itália, o destilado de uva fica conhecido como grappa. Em terras germânicas,
que em 21 dos 34 municípios do Ceará havia 1 200
engenhos, “alguns puxados a braço”.
Falar de cachaça no Ceará, onde sua gente se
destaca pela humorragia viral, ou seja, o cearense
já nasce mangando até de si mesmo, virou
sinônimo de termos engraçados e marketing, claro.
Inicialmente, algumas marcas eram engarrafadas
com nomes não muito apropriados, mas que
serviam para chamar a atenção. Dentre os rótulos
produzidos em escala industrial e registrados no
livro A Indústria de Bebidas do Ceará, História e
Diagnóstico, publicado pelo Sindicato das Indústrias
de Águas Minerais, Cervejas e Bebidas em Geral do
Estado do Ceará (Sindbebidas), estão “Nabunda”,
“Amansa Corno” e “Amansa Sogra”. Hoje, esses
nomes criativos ainda podem ser encontrados em
cachaças artesanais, vendidas em feiras por todo o
estado e que fazem a alegria dos turistas.
Caninha da terra roxa
A
história dessa aguardente de cana-de-açúcar
no Ceará – popularmente apelidada de
caninha – confunde-se com o crescimento,
principalmente, de duas empresas: a Ypióca e a
Colonial. Fundada em 1846, a Ypióca, cujo mentor,
o português Dario Telles de Menezes, deu início
com apenas um alambique de cerâmica trazido
de Portugal, é hoje a maior fabricante de cachaça
premium do Brasil, com produção de 126 milhões
de litros. A atividade começou quando a família
Telles de Menezes desembarca no Ceará em 1843
e adquire uma propriedade a 38 quilômetros da
capital do estado, Fortaleza, e a seis quilômetros da
Vila de Maranguape, entre as serras da Aratanha e
de Maranguape. O lugar já era conhecido pelo nome
de Ypióca, que em tupi-guarani significa terra roxa.
Depois de três anos do cultivo da cana-de-açúcar, foi
produzido o primeiro litro de cachaça.
Em 1885, os escravos foram substituídos por
trabalhadores livres, três anos antes da abolição da
escravatura. O filho, Dario Borges Telles, assume a
propriedade em 1895 com apenas 16 anos. Sua
primeira providência foi adquirir uma moenda de
ferro fundido, em substituição à vertical de madeira.
Em seguida, inicia o envasamento da bebida em
garrafas de vidro de 600 mililitros, tornando-se
pioneiro no Brasil nesse processo. Dario se casa
em 1903 com Eugênia Menescal Campos. Vindo
a falecer em 1911, a esposa assume a direção da
empresa e desenvolve o primeiro rótulo da Ypióca.
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
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40 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
Foto: GIOVANNI SANTOS
De volta aos negócios da cachaça, compra, em 1956,
o sítio Jaçanaú, em Maracanaú, e faz do local uma
grande plantação de cana-de-açúcar. Ali constrói mais
uma fábrica da Colonial. Com o apoio dos filhos Cláudio,
Alberto e Maurício, que passaram a compor a empresa
a partir de 1968, Alberto Targino introduz a nova geração
da família no processo de modernização da Colonial
com a compra de novas moendas para as instalações da
empresa em Aquiraz e Jaçanaú.
Em 1976, monta na Maraponga uma unidade
engarrafadora totalmente automatizada, com capacidade
para envasar e rotular a cachaça produzida nas duas
fazendas. Em 2001, com a necessidade de novamente
modernizar as instalações da empresa, a unidade
industrial no Sítio Colégio foi transferida para a localidade
de Patacas, também em Aquiraz, caracterizada pela boa
qualidade de terra para o plantio da matéria-prima. O
antigo sítio abriga hoje o Engenhoca Parque Ecoeducativo
e o Espaço Engenho Colonial, duas áreas voltadas ao
entretenimento e lazer, e que preserva a história da
empresa e da própria cultura da cachaça no Brasil.
Primeiro engenho da Colonial
Alberto Targino é responsável pela
criação da empresa, há 85 anos
Foto: GIOVANNI SANTOS
Foto: GIOVANNI SANTOS
Maior tonel do
mundo é da Ypióca
N
o dia 24 de janeiro de 1912 nascia um dos mais
prósperos e longínquos empreendedores do Ceará:
Alberto Targino. Com cem anos de muitas histórias,
e ainda na ativa, o filho de Aquiraz – município sede da
primeira capital do Ceará – é responsável pela criação, há 85
anos, de uma das maiores empresas de aguardente de canade-açúcar do Brasil: a Colonial. Alberto é filho de Tibúrcio e
Maroca Targino, ambos também nascidos em Aquiraz.
Aos 21 anos de idade, em 1923, Alberto comprou o Sítio
Colégio, área que pertencera aos jesuítas no período de 1727
a 1759, e onde trabalhou, com o pai, a partir dos 12 anos.
Em 1935, Alberto dá o nome Colonial à cachaça produzida
no sítio, antes conhecida como “Cachaça do seu Tibúrcio”.
O nome é uma alusão às ruínas jesuíticas que existem
pelo sítio até hoje. Daí em diante, a empresa só cresce. Em
1939, moderniza-se, comprando, no Rio de Janeiro, um novo
engenho. No início da década de 50, a Colonial passa por
outra etapa de modernização com a aquisição, no Maranhão,
do terceiro engenho, o maior do Ceará até então. Nessa
época, sua veia política, o leva ao cargo de prefeito de Aquiraz,
função que exerceu por mais duas vezes.
Foto: José sobrinho
Primeiro rótulo
desenvolvido por
Dona Eugênia
Colonial
Tonéis que foram utilizados pela
indústria estão expostos no museu
Foto: José sobrinho
Foto: GIOVANNI SANTOS
Foto: GIOVANNI SANTOS
Paulo Campos Telles 3ª geração
A terceira geração começa com Paulo Campos
Telles, em 1924. Dentre as inúmeras inovações que
consegue implementar destaca-se a exportação para
a Alemanha, em 1968, também com exclusividade
no Brasil. São ainda de sua lavra o engarrafamento
em litros, o uso de conta-gotas e o envelhecimento
em tonéis de bálsamo que permitiram a estocagem
da bebida por mais tempo.
A partir da década de 70, tem início a quarta
geração, com Everardo Ferreira Telles. Sob sua
administração, a empresa logra forte expansão.
Conta hoje com sete empresas atuando em
diferentes segmentos que transcendem a produção
de aguardente. Em um bem sucedido processo de
integração lavoura-pecuária, cada hectare de terra
é longamente aproveitado. Os restos da cana, por
exemplo, são reutilizados e parte desse material se
transforma em uma ração especial, que alimenta
o gado e ajuda a impulsionar uma espécie de
hotel para gado, o "boitel". Um confinamento com
capacidade para 3 000 cabeças de gado em que
Everardo Telles recebe animais de várias partes do
país para fazer a engorda.
A cana que não vira ração se torna parte da
matéria-prima da fábrica de papelão mantida na
unidade de Pindoretama (CE), onde são produzidas
mais de 500 000 toneladas por dia. Nos lagos
artificiais das fazendas, há criação de peixes para
a venda de carne, alevinos, matrizes e até o couro
dos animais. Das fontes naturais que irrigam as
fazendas, surgiu uma das principais engarrafadoras
de água mineral da região.
Aproveitando um grande acervo de máquinas e
antigos registros do século 19, Everardo Telles teve
a ideia de montar, no antigo sitio de Maranguape,
o Museu da Cachaça. O local conta a saga de sua
família, além da história da bebida brasileira ao longo
dos séculos. Para montar toda a estrutura, foram
contratados profissionais responsáveis por estruturar
alguns dos museus mais modernos de São Paulo.
Atualmente, ao lado das dezenas de atrações, dentre
elas o maior tonel de cachaça do mundo, confirmado
pelo Guinnes Book, foi construído um parque com
atrações radicais, como tirolesas, escaladas e
outras atividades. O resultado de tudo isso é um
grupo empresarial com geração de mais de 3 000
empregos diretos e mais de 20 000 indiretos.
Dos sete filhos de Everardo, cinco atuam no grupo
em cargos estratégicos e todos são preparados para
o momento da passagem do bastão. A Ypióca é um
caso raríssimo na história empresarial brasileira,
perto de chegar à quinta geração. Segundo estudo
da consultoria societária Höft- Bernhoeft, Passos
& Teixeira, somente 17% das empresas familiares
conseguem chegar à terceira geração. E apenas
4% sobrevivem tempo suficiente para que a quarta
geração assuma o controle.
Maio de 2012 | RevistadaFIEC
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41
É do Brasil
O
destilado da cana-de-açúcar é uma
bebida genuinamente brasileira que se
fez presente em todos os momentos
da sua história. Hoje, com quase 500 anos, a
pinga é um legado da nossa cultura, apreciada
em dezenas de países, sobretudo por meio
da caipirinha – mistura de cachaça, limão não
descascado, açúcar e gelo. No entanto, ainda
se recente da necessidade de reconhecimento
da Organização Mundial do Comércio (OMC),
como símbolo de uma nação, da mesma forma
como o whisky é escocês, a tequila é mexicana, o
champanhe é francês e a vodka é russa.
No entanto, após 40 anos de negociação
entre os governos brasileiro e americano, há
motivos para se abrir uma branquinha (ou
amarelinha, características da bebida no Ceará)
em comemoração a um acordo que pode mudar
tal quadro. Em meados de abril, o titular do
Ministério de Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior do Brasil (MDIC), Fernando
Pimentel, e o representante de comércio dos
Estados Unidos, Ron Kirk, assinaram um pacto por
meio do qual a cachaça brasileira e o bourbon
norte-americano serão mutuamente reconhecidos
como "produtos distintos".
Ou seja, Washington considerará a cachaça
como um “produto representativo” do Brasil
e Brasília reconhecerá os uísques Bourbon e
Tennesse como “produtos representativos” dos
Estados Unidos. O pacto das aguardentes fez
parte de uma série de acordos assinados por
“
Ser
reconhecida
como bebida
única representa
uma conquista de
identidade para a
cachaça.
“
Cláudio Targino, presidente
do Sindbebidas e da Colonial
Foto: José sobrinho
42 | RevistadaFIEC | Maio de 2012
No Ceará, as exportações de cachaça em 2011
atingiram 1,17 milhão de dólares,
expansão de 8,7% em relação a 2010. Atualmente,
o Ceará ocupa a quinta colocação no
ranking dos 14 estados brasileiros que exportam
a cachaça, respondendo por 6,8% do total
exportado pelo país.
ocasião da visita da presidente Dilma Rousseff,
em abril de 2012, à Casa Branca para reforçar as
relações entre os dois países.
Com a mudança, avalia o MDIC, a promoção
da cachaça no mercado norte-americano poderá
levar em conta seu "caráter típico, tradicional"
e também fica proibido o uso da denominação
"cachaça" por empresas de outros países. Na
prática, o reconhecimento dá certificação fiscal
para a cachaça como bebida de produção
exclusivamente brasileira, e permitirá, sobretudo,
que as empresas brasileiras vendam o destilado
nos Estados Unidos apenas com o nome de
cachaça. Até então, o destilado brasileiro só
podia ser vendido com o rótulo de “Brazilian rum”,
isso porque a classificação por lá se baseia na
matéria-prima de origem (cana-de-açúcar).
O presidente do Sindbebidas e da Colonial
Indústria de Bebidas, Cláudio Targino, explica que a
medida foi positiva por se tratar de uma conquista
da identidade brasileira. "O governo americano
tratava a cachaça como rum, por ser derivada da
cana-de-açúcar, mas quimicamente são diferentes.
Portanto, ser reconhecida como bebida única
representa uma conquista de identidade. Assim
como o México possui a tequila, a Rússia a vodca
etc., o Brasil é o criador da cachaça.”
Segundo números do MDIC, os Estados Unidos
são o segundo maior consumidor mundial da
cachaça, ficando, em 2011, com 10,5% do total
exportado pelo Brasil, atrás apenas da Alemanha
(18,8%). Ao todo, as exportações de cachaça do
Brasil somaram 17,29 milhões de dólares em 2011,
um incremento de 8,4% sobre o ano de 2010.
No Ceará, as exportações de cachaça em 2011
atingiram 1,17 milhão de dólares, expansão
de 8,7% em relação a 2010. Atualmente, o
Ceará ocupa a quinta colocação no ranking dos
14 estados brasileiros que exportam cachaça,
respondendo por 6,8% do total exportado pelo
país. A cachaça cearense é vendida em 16 países,
especialmente França (26,4%), Espanha (25%),
Estados Unidos (15,3%) e Alemanha (5,4%).
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ATRAINDO O DESENVOLVIMENTO