PROJETO DE PESQUISA
01- IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Intelectuais negros no campo da educação no século XIX: a
inédita trajetória de Felippe José Alberto Júnior – de aluno
da Escola Normal da Bahia a diretor da Escola Normal da
província fluminense
- Área de concentração: (CNPq): 708.01.02-9 História da Educação
- Três palavras-chave: relações raciais, intelectuais negros, educação
- Local de realização do Projeto na UFF: Faculdade de Educação/Departamento de
Fundamentos Pedagógicos (SFP)– Grupo de Pesquisa História e Educação: saberes e práticas.
Sala 446. TEL. 2629-2683
02- RESUMO
Essa pesquisa constitui a primeira etapa de um projeto mais amplo que pretende resgatar a
presença e a contribuição dos intelectuais negros na construção do campo da educação no século
XIX e primeiras décadas do século XX. Nesse primeiro segmento elegeu-se como objeto de
estudo a trajetória original de um professor negro, Felippe José Alberto Júnior (1834- 1887) que,
formado pela Escola Normal da Bahia, chegou a ser o diretor da Escola Normal da província
fluminense entre 1862 e 1868, ano em que foi exonerado do cargo de diretor e professor “a bem
do serviço público”. Criador e incentivador de clubes abolicionistas, liderou também o primeiro
1
órgão de classe do magistério fluminense, o Instituto Pedagógico, criado em 1873. Para
contextualizar historicamente a atuação desse professor, a investigação se orienta pelas novas
contribuições teóricas dos estudos recentes sobre o negro que questionam vertentes anteriores –
como as teorias raciais, de final do século XIX e início do XX, justificadoras da superioridade do
branco (cientificismo, evolucionismo de Spencer, antropologia criminal de Lombroso) e ouras,
construídas entre os anos de 1930 e 60 como o “mito da democracia racial” freiriano, a “anomia”
e “marginalização” como “herança direta do escravismo”, presente nas obras de Florestan
Fernandes o Otávio Ianni – e lança um novo olhar sobre a participação dos negros como
construtores de suas próprias histórias e da história do país (Chalhoub, L.Schwarcz, K.Mattoso,
H. Mattos, dentre outros) No caso específico da atividade intelectual dos negros esses estudos,
contrariando a tese da “anomia”, mostram uma organização política intensa que se manifestou na
fundação de jornais, organizações e associações. O recorte temporal situa-se entre as primeiras
décadas do século XIX e seu último quartel, angulando-se a trajetória individual de Felippe
Alberto com o momento de ascensão e consolidação da monarquia brasileira e o seu conseqüente
declínio, atravessado pelo recrudescimento das lutas abolicionistas. Metodologicamente, o
trabalho de reconstrução biográfica se pauta pelas contribuições da história cultual, destacandose as contribuições de Viñao (2004) quando sugere a importância da retomada dos sujeitos nos
estudos sobre a história da educação e a história cultural e propõe a redução da escala de
observação e análise intensiva do material documental. Para tal o estudo elege como fontes
principais para a análise um disperso e incompleto material biográfico sobre Felippe Alberto, os
atos administrativos que confirmam a sua trajetória enquanto aluno e professor, sua produção
acadêmica, a correspondência da Presidência da Província, documentos oficiais, almanaques,
jornais pedagógicos e imprensa comum da época. O estudo pretende contribuir com as lacunas
existentes na historiografia da educação sobre as trajetórias de intelectuais negros no campo da
educação. Pretende, também, aprofundar as análises sobre a escravidão, abolição, liberdade,
cidadania dentro de uma vertente teórica que resgata o negro como sujeito de sua história.
03- Coordenadora do Projeto
2
- Nome: Heloisa de Oliveira Santos Villela
- Matrícula SIAPE: 310754-9
- Unidade: Faculdade de Educação
- Departamento: Fundamentos da Educação (SFP)
- Categoria Funcional: Professora Adjunto IV
- Regime de Trabalho: DE
- Titulação: Doutora em Educação
04- EQUIPE ENVOLVIDA
Pesquisadores do Grupo de Pesquisa História e Educação: saberes e práticas:
Ubiratan Rocha
- Matrícula SIAPE: 0311379
- Unidade: Faculdade de Educação
- Departamento: Sociedade, Educação e Conhecimento (SSE)
- Categoria Funcional: Professor Adjunto II
- Regime de Trabalho: DE
- Titulação: Doutor em Educação
2. Arlette Medeiros Gasparello
- Matrícula SIAPE:
- Unidade: Faculdade de Educação
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- Departamento: Sociedade, Educação e Conhecimento (SSE)
- Categoria Funcional: Professor Adjunto III
- Regime de Trabalho: DE
- Titulação: Doutora em Educação
3. Daisy Guimarães SFP/UFF
- Instituição: Universidade Federal Fluminense
-
Matrícula SIAPE: 03110754
-
Unidade: Faculdade de Educação
-
Departamento: Fundamentos Pedagógicos (SFP)
-
Categoria Funcional: Professor Adjunto IV
-
Regime de Trabalho: DE
-
Titulação: Mestre em Educação
05- INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
A pesquisa em questão integra o Grupo de Pesquisa História e Educação: Saberes e
Práticas da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense e ocupa a sala 446 do
Bloco D com 5 mesas tipo escritório e 1 mesa grande para reuniões, 8 cadeiras, 3 armários, 2
estantes, 2 arquivos. A aquisição de computador, impressora e material de consumo básico foi
possível com o apoio financeiro da FAPERJ, do Programa APQ1/2003, com recursos liberados
em março de 2004
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06- COMPOSIÇÃO DO PROJETO
Título:
Intelectuais negros no campo da educação no século XIX: a inédita trajetória de Felippe
José Alberto Júnior, de aluno da Escola Normal da Bahia a diretor da Escola Normal da
província fluminense
- Objetivos
O estudo pretende contribuir com as lacunas existentes na historiografia da educação sobre as
trajetórias de intelectuais negros no campo da educação. Pretende, também, aprofundar as
análises sobre a escravidão, abolição, liberdade, cidadania dentro de uma vertente teórica que
resgata o negro como sujeito de sua história.
- Viabilidade técnica
Destaca-se que a investigação possui viabilidade técnica devida principalmente à
proximidade da Cidade do Rio de Janeiro, onde se localizam os principais arquivos do país
necessários ao presente estudo. Dentre estes, serão consultados, principalmente: os do Núcleo de
Documentação e Memória (NUDOM) do Colégio Pedro II, onde encontra-se a tese do concurso
para professor substituto de Felippe Alberto; a Biblioteca Nacional, o Arquivo Nacional, o Real
Gabinete Português de Leitura, o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro.
- Fundamentação teórica
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Pesquisadores do campo têm destacado que a história da educação, nos últimos decênios,
conheceu um período de transformações teóricas e metodológicas em vários países, um
fenômeno associado a uma reestruturação do espaço científico e dos sistemas nacionais de
ensino, que deram uma nova pertinência social e acadêmica ao trabalho histórico em educação
(Nóvoa, 1997). Nesse novo ambiente de pesquisa é cada vez maior a confluência com as novas
perspectivas de investigação historiográfica, principalmente com as contribuições da história
cultural ou história social da cultura. 1 A partir das trocas da história da educação com o campo
da história cultural abriu-se um novo horizonte de possibilidades. A nova historiografia
educacional desprendeu-se da antiga história das idéias pedagógicas e passou a enfatizar as
práticas educacionais. A perspectiva cultural contribuiu também para resignificar a importância
das biografias, não mais vistas apenas como testemunhos de trajetórias individuais mas no que
podem contribuir para o entendimento de uma determinada formação social histórica.
A partir dessas contribuições, os pesquisadores do GRUPHESP, vem desenvolvendo uma
linha de pesquisa que partiu das trajetórias individuais de professores secundários no século XIX
e início do XX, entendidos como intelectuais e autores, na hipótese de que suas práticas e
representações construíram saberes que se corporificaram em pedagogias escolares. Nesse
processo, se autoconstituíram como grupo socioprofissional, na medida em que uma profissão
resulta, sobretudo, de uma construção social e de uma representação desse grupo no mundo
social (BOURDIEU, 1989; CERUTTI, 1998).
As formas de pensar e agir dos intelectuais/professores com base em um contexto
histórico e cultural específico insere-se numa nova concepção de história intelectual (Lopes,
2003). Destacando-se da tradicional história das idéias, o caráter pluridisciplinar do novo campo
possibilita diferentes enfoques, como o dos contextos de produção de idéias, dos agentes
socioprofissionais e das correntes de pensamento. Tais perspectivas possibilitam construir
interfaces com a história cultural, a história das idéias e a história dos intelectuais.
- Professores como intelectuais
1
Sobre a construção de uma história da educação brasileira, ver Warde, 1984; 1990; Vidal e Faria Filho,
2003, Carvalho, 1997.
6
Como questão histórica relativa ao tema, nos interessamos por estudos que tratam da
emergência da figura do intelectual na sociedade moderna2 e sobre a formação da identidade
social do grupo de letrados. Tais estudos permitiram a compreensão da gênese e
desenvolvimento de diferentes expressões associadas à formação do grupo de letrados e
intelectuais.
De acordo com a significativa contribuição de Burke (2003), na segunda metade do
século XVII a identidade de grupo dos letrados se tornava cada vez mais forte, embora com
diferenciações e conflitos no seu interior. O autor esclarece que desde meados do século XVIII
foi marcante o aparecimento, em muitas partes da Europa, de um grupo de homens de letras que
se distinguiam por serem “mais ou menos independentes, com idéias políticas próprias,
concentrados em algumas cidades importantes, sobretudo Paris, Londres, Amsterdã e Berlim, e
em contato regular entre si” (Burke, 2003, p. 34, grifos nossos).
A publicação de algumas obras e um número crescente de revistas eruditas ou culturais
construiu uma identidade ao seu público leitor.
3
É interessante destacar aqui que no início do
século XVIII, a imprensa gerou o aparecimento de novas profissões: o termo “jornalista” passou
a ser usado em francês, inglês e italiano para nomear os que escreviam em revistas cultas ou
literárias, enquanto a expressão “gazetiers”, de menor status, designava os que relatavam as
notícias diárias ou semanais (Burke, 2003). Outros indícios do desenvolvimento de uma
autoconsciência coletiva estariam nas publicações como as coleções de biografias de homens de
saber4 e em afirmações como “os estudiosos em ação eram tão livres quanto os governantes”, de
um crítico alemão da época (Burke, 2003, p. 33). Na Enciclopédia, um verbete sobre Gens de
lettres afirmava que o grupo dos letrados não era formado por especialistas estritos, mas pessoas
“capazes de abordar diferentes campos ainda que não possam cultivá-los em sua totalidade”.
2
Principalmente em Burke (2003); Sirinelli (1996); Lopes (2003) e Marletti (1993).
Como o Journal des Savants (1665), as Philosophical Transactions ( 1665), da Royal Society, o Giornale
de’letterati (1668), de Roma, além de outras. (Burke, 2003). Dentre as obras, constam O homem de letras (1645,
muito reeditado e traduzido), do jesuíta italiano Daniele Bártoli, ou o “ensaio” do Marquês d’Alembert sobre o
mesmo tema (1752) (Burke, 2003).
3
4
Uma das coleções foi Dicionário dos homens de saber, publicada em 1715, do professor Johann Burchard
Menckem (Burke, 2003).
7
Uma expressão que remonta ao século XV e que passou a ser cada vez mais utilizada de meados
do século XVII em diante para autodefinição dos homens de saber foi a de “cidadãos da
República das Letras”.
Na França, o termo intellectuel, provavelmente em uso em círculos literários e políticos
só teve sua oficialização de nascimento em 1898, no célebre Manifeste des intellectuels, tendo
em vista o caso Dreyfus. Uma característica ligada ao perfil do intelectual que se fortaleceu daí
em diante foi o uso da retórica e seu prestígio social para tomadas de posição sobre as questões
sociais do seu tempo e na defesa de valores universais como a verdade e a justiça
Sobre o aparecimento dos intelectuais como grupo, as pesquisas no campo têm indicado
que os principais fundamentos que caracterizam o intelectual contemporâneo já estariam
presentes no século XVIII, em oposição à tradicional ênfase na gênese do intelectual datando de
fins do século XIX. Um significado mais recente em relação ao intelectual, o de intervir na
realidade política e social de seu tempo, já se encontraria, por exemplo, na atuação de Voltaire,
embora a palavra “intelectual” ainda não existisse nesse sentido (Lopes, 2003).5
De qualquer forma, no decorrer da segunda metade do século XIX era visível a existência
de um grupo com atividades diversificadas, mas próprias aos homens de letras - escritores,
críticos, historiadores, jornalistas, bibliotecários, professores – que formavam redes de
sociabilidade em bibliotecas, livrarias, associações científicas, culturais e literárias, intercâmbio
de idéias na imprensa e por correspondências – construíam, em comum, certas características
indissoluvelmente ligadas à identidade do grupo e que serviram para reforçar as solidariedades e
vínculos sociais. Além disso, eram estreitamente associados a uma certa independência na
realização das suas atividades e à noção de liberdade na expressão de suas posições intelectuais e
políticas, como letrados e homens de saber.
- Uma identidade social em formação: os professores secundários
5
De acordo com o Dicionário de Política de Bobbio (1993) e o Novo Aurélio século XXI (1999), o adjetivo latino
intellectualle teve sua primeira forma de substantivação na metade do século XIX, na língua russa, com o termo
inteligentcija, que em seguida for traduzido para várias línguas européias (Um aprofundamento sobre essa temática
pode ser encontrado em Marletti, 1993; Sirinelli, 1996, Lopes, 2003).
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Em pesquisa desenvolvida entre 2004-20056 problematizamos o processo de formação da
identidade social do grupo de professores secundários na segunda metade do século XIX na
Corte e na província fluminense a partir de análise referenciada aos dados socioculturais dos
autores de livros didáticos do período. A perspectiva adotada pretendeu acompanhar a autoconstituição de um grupo a partir de suas experiências sociais como professores secundários, ou
seja, de suas atividades docentes no magistério secundário e superior.
Os dados reunidos sobre a carreira docente, produção e atividades desses professores
permitiram construir algumas indicações sobre a formação desse grupo. A maior parte dos
professores secundários investigados no período era formada por médicos, juristas e Bacharéis
em Letras, título obtido pelos diplomados no curso secundário completo no Colégio Pedro II ou
equiparado. 7
Dentre os que exerciam o magistério no Colégio de Pedro II no período, encontra-se
maior concentração de formados em Medicina, seguindo-se os de formação jurídica, os bacharéis
em ciências físicas e naturais e bacharéis em matemáticas e ciências físicas - que atuavam no
quadro de formação científica do currículo. No entanto, devemos ressaltar a predominância da
formação humanística, uma vez que a maioria dos diplomados em cursos superior possuía
também o título de Bacharel em Letras.
Alguns professores do Colégio de Pedro II e da Escola Normal exerciam o magistério em
ambas instituições e muitos atuavam ainda em outras, particulares ou oficiais de ensino
secundário ou superior como, por exemplo, Academia Militar, Mosteiro de São Bento, Faculdade
de Medicina, Escola Normal da Corte, Escola Nacional de Belas Artes, Faculdade Livre de
Ciências Sociais e Jurídicas, Ginásio Brasileiro e Instituto Comercial, Liceu de Campos, Liceu
de Artes e Ofícios e Colégio Abílio.
6
As conclusões da primeira fase da pesquisa foram apresentadas no III Congresso de História da Educação,
realizado em Curitiba entre os dias 7 e 10 de novembro de 2004, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUVPR), sob o título Uma identidade social em formação: os professores secundários no século XIX brasileiro
(Gasparello & Villela, 2004).
7
O título de Bacharel em Letras dava direito ao ingresso nos cursos superiores sem exigência de exame.
Inicialmente tal privilégio (como era considerado) era exclusivo dos alunos aprovados após os sete anos do curso
secundário do Colégio de Pedro II, mais tarde estendido a outros estabelecimentos e liceus provinciais equiparados
ao Colégio (cf em Haidar, 1972; Gasparello, 2004).
9
Outra característica do grupo estudado consiste na pluralidade de lugares de inserção
social de suas atividades, seja na política, na imprensa, na educação e outras funções em
estabelecimentos de ensino públicos, particulares e religiosos. Assim, tais professores/autores
foram deputados provinciais, governadores, Ministros; membros do Conselho Superior de
Instrução pública; promotores, delegados, juízes.
Quanto à origem social e às redes de relacionamentos dos professores das duas
instituições focalizadas, foi possível perceber um pertencimento a uma rede de sociabilidades
que de alguma forma facilitou a trajetória profissional, por exemplo, ser ex-aluno do Colégio e
da Escola Normal, filho de desembargador, sobrinho de clérigo importante, filho de políticos, de
titular de nobreza, de professor do Colégio de Pedro II, de funcionário público, de família de
educadores donos de colégio, genro de político de destaque etc. Essa rede de sociabilidades era
ainda mais visível, com professores (e alunos) ligados a membros em posições privilegiadas e
pertencentes à alta administração educacional e política, além do reconhecimento social por suas
atividades intelectuais, literárias ou científicas.
Os resultados dessa primeira etapa da pesquisa serviram, portanto, para identificar o
processo inicial de formação de uma identidade social, a dos professores secundários. Um grupo
cuja procedência social de seus membros encontra-se vinculada à cultura letrada e que teve sua
trajetória construída no interior de uma rede de vínculos sociais e experiências
socioprofissionais. Esse grupo passou a se definir e se reconhecer como professores, uma
profissão intelectual que não os afastava do grupo de letrados, mas agregava uma conotação
específica - o ofício de ensinar - com suas funções correlatas: produzir livros didáticos,
relatórios, participar de bancas de exames, respondendo ao desafio constituído por demandas
institucionais, burocráticas e sociais referentes ao campo do ensino.
Problematização: O intelectual negro no Brasil do século XIX
O aprofundamento da pesquisa sobre os intelectuais-professores no século XIX e
primeiras décadas do século XX despertou a atenção para um recorte específico dentro do grupo
investigado – a considerável presença de professores negros e mestiços que atuavam nas escolas
da Corte e da província, escreviam livros, participavam da vida cultural e associativa do seu
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tempo. Essa constatação instigou-me a privilegiar essas trajetórias de vida no intuito de entender
as estratégias e táticas (Certeau) que permitiram, dentro de uma sociedade escravista e
excludente como a brasileira, - com leis restritivas ao acesso dos negros, mesmo que libertos, aos
bancos escolares – que alguns indivíduos superassem extremas dificuldades e conseguissem
exercer profissões (intelectuais!) sobressaindo-se no cenário nacional.
Decidi iniciar essa nova linha de pesquisa a investigando a trajetória de Felippe José
Alberto Júnior por duas razões. A primeira, de ordem pessoal, por fazer ele parte do elenco de
diretores da Escola Normal da Província fluminense, instituição que venho estudando há muitos
anos, objeto das minhas produções de mestrado e doutorado e que parece já fazer parte da minha
estrutura mental e psicológica. Foi ainda durante o curso de mestrado que cruzei, pela primeira
vez, com a figura de Felippe Alberto a partir de uma foto existente no livro de Lacerda Nogueira
(1936), comemorativo do centenário daquela escola. Sua postura altiva, seu olhar penetrante me
atraíram desde então. Pensei várias vezes em buscar mais dados sobre sua vida pessoal e
profissional mas outras atividades foram me distanciando desse tema. Cheguei a sugeri-lo para
alguns orientandos que trabalhavam a questão do negro na educação, mas acabaram seguindo
também para outras direções. E o olhar de Felippe Alberto, continuava a me acompanhar...
A outra razão segue uma lógica diferente já que é de interesse acadêmico. O campo da
história e da sociologia, nos últimos anos vem desenvolvendo estudos importantes sobre o negro
no Brasil, questionando antigas vertentes teóricas e produzindo novas interpretações. Entretanto,
pode-se constatar que no campo da história da educação, com algumas exceções8, poucas
pesquisas tem aprofundado esse tema deixando uma lacuna teórica que precisa ser enfrentada.
Portanto, analisar a trajetória de professores negros do ponto de vista da história cultural poderá
permitir captar a realidade a partir de diferentes lugares subjetivos nos quais cada sujeito revela
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É importante ressaltar que. apesar de reduzido o número, é significativa a produção que vem aparecendo sobre o
negro na educação. Podemos citar , por exemplo, Adriana Paulo, Aprender com perfeição; Maria L. Müller,
Professoras negras na primeira República e Hemetério José dos Santos; Perses Canelas, Da senzala á sala de
aula e Educação como forma de resistência, dentre outras. É preciso ressaltar ainda a importante produção oriunda
do PENESB /UFF, de onde se pode destacar : Iolanda de Oliveira e PetronilhaSilva (orgs), Negro e educação;
Iolanda Oliveira (org) Relações raciais e educação.
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histórias diferentes ao mesmo tempo que produz silêncios e ocultamentos no interior de sistemas
prescritivos e normativos como o do campo educacional.
Como ponto de partida dessa pesquisa temos reunido alguns dados biográficos sobre o
professor Felippe Alberto em alguma obras esparsas9. Sabe-se que nasceu na Bahia,em 1824 e
foi aluno destacado no curso da Escola Normal daquela província, destacando-se sobretudo no
campo das ciências naturais. Já formado, assumiu uma escola pública e se notabilizou no
magistério a ponto do governo baiano patrocinar sua viagem ao Rio de Janeiro para participar
das conferências de Antônio Feliciano de Castilho sobre o seu método de leitura de base
fononímica. Segundo conta a tradição, o Imperador, também presente àquelas palestras
pedagógicas, surpreendeu-se com a erudição do jovem baiano e não teria permitido que
retornasse a Salvador. Foi, então, recomendado para dar aulas no Mosteiro de São Bento pela
“vastidão do seu preparo”(Nogueira,1936).
Em 1862, a Escola Normal da Província fluminense, era reinaugurada, após mais de uma
década de extinção. Felippe Alberto prestou concurso sendo aprovado com distinção. Logo em
seguida foi indicado para ser o diretor da instituição, permanecendo no cargo por sei anos até que
foi afastado da direção e do magistério fluminense. Essa é uma fase ainda obscura da vida de
Felippe Alberto pois em seguidos relatórios os presidentes da província elogiavam o seu trabalho
quando, repentinamente, em 1868, foi exonerado a bem do serviço público pelo recémempossado presidente Américo Brasiliense. Este fato escapa aos seus biógrafos que registraram
o ocorrido mas não encontraram mais indícios das causas para tão severa punição.
Estudando mais profundamente a conjuntura do período e “reduzindo a escala” para
captar melhor a dinâmica dos acontecimentos que poderiam estar relacionados ao fato,
percebemos indícios de uma de uma disputa política que pode explicar o que ocorreu. Felippe
Alberto contrariou interesses políticos poderosos quando se colocou contra a admissão da filha
de João Caetano no cargo de professora da Escola. Sabe-se que João Caetano era muito bem
9
Lacerda Nogueira. A primeira Escola Normal do Brasil; Jornal O Prelo; Primitivo Moacyr, A instrução e as
províncias , Alípio Franca, Escola Normal da Bahia: memória histórica, dentre outras,
12
relacionado e protegido da elite da Corte e sua filha, Joaquina Rosa, era casada com Joaquim
Vieira Souto, detentor de cargos importantes na província.
Nesse momento Felippe Alberto já era um abolicionista e pregava abertamente suas
opiniões, inclusive, estimulando a criação de escolas profissionalizantes que ensinassem aos
libertos e alforriados uma profissão. Podemos supor que essa tenha sido a maior razão para a tal
exoneração o que nos leva a pensar sobre as táticas de sobrevivência dos negros na sociedade do
século XIX. Parece que havia um espaço possível nessa sociedade para negros e mestiços
desenvolverem algumas de suas potencialidades, contanto que não afrontassem os interesses
constituídos pela lógica hegemônica dos brancos. Podemos lembrar de negros que se destacaram
e contaram com a aceitação social, como Antônio Rebouças, evitaram áreas de confronto com os
interesses da elite branca (Grinberg, 1999). Outras táticas...
Mas, voltemos a Felippe Alberto. Banido do serviço público, abriu uma escola em sua
própria residência, no bairro do Ingá. Dava aula para os meninos e sua mulher, Augusta, para
meninas. Ali, desenvolveu-se uma atividade intensa pela luta abolicionista tornando-se a casa um
quartel general do abolicionismo, liderado pelo seu filho, Carlos Alberto, e seus colegas da
Escola Politécnica (O prelo, 1988).
Sobre o ano de 1872, localizei um surpreendente documento no Arquivo do Estado do
Rio de Janeiro. Trata-se de uma carta escrita de próprio punho por Felippe Alberto ao Imperador
solicitando um cargo de professora pública para sua filha Izabel. Nela o professor se dizia não
merecedor da generosidade do Imperador, mas se justificava explicando que o pedido não era
para ele e sim para sua filha que acabara de se formar pela Escola Normal, num momento de
dificuldades financeiras da família. Logo em seguida, na mesma série documental, encontram-se
os atos de admissão ao magistério público não só da filha Izabel Alberto, mas o do próprio
Felippe Alberto. Ou seja, pela interseção do Imperador ele fôra reconduzido novamente ao cargo
de professor, dessa vez de uma escola primária pública em Niterói.
Em 1873, Felippe Alberto fundou o primeiro órgão de classe do magistério fluminense, o
Instituto Pedagógico. Em estudo anteriormente realizado (Villela, 2001), demonstrei como o
magistério da Corte fundara no ano anterior o seu “sindicato” - o Instituto dos Professores da
Corte - e como esse momento foi rico para a consolidação de um sentimento corporativo de
13
pertencimento a uma categoria profissional. Na província, o Instituto Pedagógico também
conquistou um grande número de associados e organizou iniciativas culturais, dentre elas a
criação de uma biblioteca pública, tendo sempre à frente a figura de Felippe Alberto, o fluente
orador da corporação.
Ao mesmo tempo em que cuidava dos interesses do magistério público esteve à frente de
vários clubes abolicionistas cuja criação incentivava entre os jovens alunos. Mas não veria as
comemorações da Abolição. Morreu em 1887, cercado pelas reverências de representantes da
Escola Normal e do Instituto Pedagógico, deixando à posteridade duas obras publicadas –
Gramática eclético-rudimentar da língua portuguesa e Archaismos e neologismos da língua
portuguesa – e uma bem cuidada biblioteca que a família venderia em leilão em 1889, para
amenizar problemas financeiros.
O apagamento da memória do negro na educação
Os dados encontrados sobre a vida de Felippe Alberto nos mostram uma história de
superação de obstáculos à apropriação dos códigos da cultura erudita por parte de um jovem
negro na sociedade escravocrata brasileira, que chega a professor, diretor de importante
instituição educadora da província e fundador de um “sindicato” de classe Em meio às
determinações econômicas e sócio-culturais como foi possível utilizar esse capital cultural em
seu benefício, de sua classe enquanto professor e de seus companheiros na luta abolicionista?Por
que trajetórias como essa ficaram esquecidas nas gerações seguintes?
Maria Lúcia Müller (2003), em interessante pesquisa, identificou o gradual
desaparecimento das professoras negras no decorrer das primeiras décadas do século XX.
Trabalhando com fotografias de escolas desse período percebeu um fenômeno que chamou de
“branqueamento” do magistério. Ou seja, à medida que os anos avançavam para a década de 30
as professoras negras, que antes evidenciavam-se em número significativo, foram paulatinamente
desaparecendo das fotos. Seu olhar perspicaz flagrou ainda um contraste significativo na postura
corporal das fotos que mostravam professoras negras ou mestiças, no decorrer dos anos. Na
primeira década, elas apareciam bem vestidas, em posição de destaque, sentadas ou eretas no
centro da foto, muitas vezes ao lado de autoridades que visitavam a escola. Já a partir da década
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de 20, além de irem sumindo das fotos, quando apareciam posicionavam-se no fundo da cena,
muitas vezes escondidas entre, ou atrás, de outras pessoas. Finalmente, na década de 30,
sobretudo, a partir da criação do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, em 32, não se
encontram normalistas negras nas fotos de formatura.
Que interpretação se pode dar para tais fatos? Segundo Müller, com as teorias raciais
difundidas no século XIX, as elites passaram a defender uma hierarquia entre as raças, colocando
nos patamares mais baixos os povos orientais e negros. No final do século, o Brasil aspirava ao
progresso ‘branqueando’ sua população através da imigração estrangeira. Abolida a escravatura
não se cogitou de políticas que integrassem os ex-escravos à sociedade nacional chegando-se ao
período republicano com intensos debates sobre a necessidade de o país trilhar os caminhos da
modernidade e do progresso. A escola, aos poucos, passa a ser “o espaço preconizado para a
criação do povo brasileiro”, que as elites viam como um aglomerado de populações. A autora
conclui mencionando que o processo de “formatação da escola” para cumprir a nova tarefa acaba
por desencadear outro, qual seja, o branqueamento de seus professores e do alunado dos cursos
de formação. Vários mecanismos serão acionados nesse sentido sem, entretanto uma
manifestação formal, escrita, como, por exemplo, a alocação de professoras negras e mestiças
fora dos centros, nas chamadas escolas suburbanas, localizadas nas periferias; ou, ainda, a
extinção dos cursos noturnos que favoreciam a formação de professores e professoras pobres que
atuavam como adjuntos (dentre eles muitos negros e mestiços). Mas também através dos testes
de eugenia, quando o discurso médico da época, como o de Afrânio Peixoto, médico, diretor da
Escola Normal e da Instrução Pública, influenciavam a mentalidade da época afirmando que a
mestiçagem era a causa da degeneração e da promiscuidade da sociedade brasileira.
Dessa forma, à escola caberia a missão de formar o povo brasileiro, mas consciente ‘de
nossos vícios de raça’ e, portanto incutindo nas novas gerações uma identidade nacional que
confirmasse a hierarquia das três raças formadoras da população brasileira: “ brancos no ápice,
superiores, inteligentes, corajosos; índios valentes mas preguiçosos e, finalmente, na posição
mais inferior, negros, dotados de disposição para o trabalho físico e pouca inteligência” (p 103)
Voltando a nossa questão sobre o porquê de trajetórias como a de Fellipe Alberto ficarem
esquecidas para as gerações seguintes, não é difícil imaginar a resistência que as manifestações
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de resgate dessas memórias tiveram ao contrariar o ideal eugênico traçado para o futuro nacional.
Não espanta que tenham enfraquecido e se perdido nos cantos dos arquivos, em jornais
amarelecidos, em fotografias descontextualizadas. Fragmentos de um passado indesejado (assim
já pensava Rui Barbosa!).
Entretanto, é preciso lembrar! É preciso recontar nossa história com outros argumentos
sem o que corremos o risco de interpretações grosseiras presentes na maioria dos livros didáticos
que repetem clichês onde os negros são vistos sempre ligados a aspectos negativos: vitimados ou
culpabilizados10. Ainda há uma imensa lacuna acerca da história do negro pré e pós-abolição
que, entretanto, vai recebendo contribuições importantes.
Na década de sessenta as produções de Florestan Fernandes (apud Hasenbalg, 1979) e
Octávio Ianni (1966) tiveram por mérito colocar por terra o mito freiriano da “democracia racial”
existente no Brasil onde, diferentemente dos Estados Unidos, havia uma convivialidade entre as
raças. Demonstraram que existia, na verdade, um estado de discriminação efetiva contra negros e
mulatos. Entretanto, algumas de suas explicações acabaram por produzir um efeito negativo pois
ao justificarem a situação de pouca mobilidade social dos negros pelo seu passado de escravidão
os enxergaram como sujeitos anômicos e marginalizados, portanto sem condições de competirem
numa sociedade de classes.
Mais recentemente uma série de estudos vem lançando um novo olhar sobre o processo
que levou à abolição, revelando a participação ativa dos negros como indivíduos construtores de
suas próprias histórias. Podemos situar nessa categoria o trabalho de Carlos Hasenbalg (1971),
Discriminação e desigualdades raciais no Brasil, quando aponta que os níveis de persistência da
discriminação e do preconceito no período pós-abolição devem ser investigados nos variados
interesses dos grupos brancos que obtém vantagens da estratificação social.
10
Álvaro Pereira do Nascimento (2005) num interessante artigo comenta as visões negativas que os alunos
apresentam sobre o negro nas respostas da prova de História do Vestibular Nacional da UNICAMP (em especial à
pergunta: qual a condição social dos negros no Brasil depois do fim da escravidão?). Atribui tal situação à
ignorância por parte dos professores e livros didáticos sobre a historiografia recente e os responsabiliza
pelo senso comum e clichês apresentados nas respostas dos alunos.
16
A produção sociológica da década de 60 também foi questionada por historiadores da
década de 80 como, por exemplo, Sidney Chalhoub, em Trabalho, lar e botequim (1986),
quando discorda da visão do negro em estado de “anomia” ou “patologia social” causadas pelo
passado escravo. Ao contrário, analisando a trajetória de homens pobres no trabalho urbano
percebe a participação ativa desses indivíduos. Confirma a mesma hipótese quando trabalha o
período anterior à abolição, em Visões da liberdade (1990) Ao analisar processos criminais,
documentação policial, periódicos, debates parlamentares percebe a presença de sujeitos ativos,
que viviam uma vida própria e suas práticas denotavam as diferenciadas visões de liberdade com
as quais operavam.
Essas produções mostram que é possível entender a trajetória de Felippe Alberto dentro
desse conjunto de homens negros e mestiços que antes de serem “anômicos” ou “vitimas” do
sistema, participaram ativamente dele, compreendendo o leque de possibilidades existente,
procurando tirar o melhor partido para si e para os seus.
- Metodologia
O presente trabalho pretende analisar a trajetória sócio-profissional do professor Felippe
José Alberto Júnior, incluindo sua formação, o ingresso no magistério, a atuação profissional
ainda na Bahia, a mudança para o Rio de Janeiro, sua ascensão e queda no magistério fluminense
e finalmente sua estabilização, nos últimos anos de vida, como líder da classe e de movimentos
abolicionistas. Para reconstituir essa experiência de vida pretendemos nos guiar pela experiência
de pesquisadores que já acumularam uma certa reflexão sobre a reconstituição biográfica.
Para Viñao (2004)11 a retomada dos sujeitos nos estudos sobre a história da educação e a
história cultural partem de alguns pressupostos teóricos, tais como: perspectiva de que a
realidade é construída a partir de múltiplas referências e diferentes dimensões, recorrendo-se nos
processos de investigação, ao “olho móvel”, ou seja, à consideração de que uma realidade,
11
Apud Schueler e Teixeira, Experiências profissionais e produção intelectual de professores primários na Corte
Imperial (1860-1889), impressão. s.d.
17
observada por diferentes sujeitos, ou a partir de diferentes posições, nunca será a mesma.
Portanto, há a necessidade de observar a realidade a partir de diferentes lugares subjetivos, nos
quais cada sujeito revela histórias diferentes, silêncios, ocultamentos. Para tal, torna-se
importante o recurso a metodologias como aquelas utilizadas, por exemplo, pela micro-história,
com redução da escala de observação e análise intensiva do material documental, a qual permite
captar aspectos não visíveis, como as contradições, os interstícios, as fissuras pelas quais os seres
humanos operam no seio de sistemas prescritivos e normativos tornando-se possível trabalhar
as diferenças culturais existentes nas representações sobre e nas práticas de homens e mulheres
em determinado contexto histórico.
Dessa forma, pretendo reduzir a escala para captar melhor a trajetória de Felippe Alberto
por diferentes angulações que me permitam entendê-lo como uma pessoa inserida num contexto
histórico datado, no caso , o Brasil escravista do século XIX, mas, ao mesmo, tempo
relativamente autônomo no que diz respeito às determinações econômicas e sócio-culturais, que
dentre as várias possibilidades que o seu tempo e seu espaço geográfico apresentavam, permitiu
que construísse sua trajetória de forma singular. Assim me interessa tanto penetrar no contexto
histórico do seu período de existência, quanto analisar a lógica da conduta de sua ação.
Quanto ao contexto histórico será realizada uma revisão da literatura sobre o Brasil do
século XIX e sobre a questão do negro, as lutas abolicionistas, suas várias formas de inserção
social e as várias representações sobre a liberdade. Quanto á experiência de vida de Felippe
Alberto a perquisa utilizará diferentes corpus documentais:
- Correspondência oficial da Província do Rio de Janeiro -Arquivo do Estado do Rio de
Janeiro –Fundo PP
- Relatórios de presidentes da província do Rio de Janeiro C –Fundo PP
- Jornais do século XIX: Jornal do Comércio e Diário do Rio de Janeiro – Biblioteca
Nacional –Seção de Obras raras
- Almanak Laemert - Internet Site crlamp
-Coleção de Leis Decretos e Regulamentos da Província do Rio de Janeiro CLDR18
Arquivo do Estado do Rio de Janeiro
-Jornal O Prelo ; Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro
Jornal Pedagógico “ A Instrucção Pública” – Biblioteca Nacional – Seção de Obras
Raras
19
- Bibliografia
BESSONE, Tânia Maria. Palácios de destinos cruzados: bibliotecas, homens e livros no Rio de
Janeiro, 1870-1920. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1999.
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Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
BOURDIEU, Pierre. 1989. O poder simbólico. Tradução: Fernando Tomaz. Lisboa: Difel
(Coleção Memória e Sociedade).
CERUTTI, Simona. “A construção das categorias sociais”. In: BOUTIER, Jean; JULIA,
Dominique (orgs.). Passados recompostos: campos e canteiros da História. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ/Editora FGV, 1998, pp. 233-242.
CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim. O cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro
da belle époque (2ed) Campinas: Ed Unicamp, 2001
______ Visões da liberdade. Uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. Sâo
Paulo: Cia das Letras, 1990
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Tradução: Manuela
Galhardo. Lisboa: DIFEL; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.
GRINBERG. Keila. Liberata. A lei da ambigüidade: as ações de libredade na Corte de Apelação
do Rio de Janeiro no século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998,
HALSENBALG. Carlos. Discriminação e desigualdadee raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Graal,
1979.
IANNI, Octavio. Raças e Classes sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.
LOPES, Marcos Antônio (org.). Grandes nomes da história intelectual. São Paulo: Contexto,
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brasileiro. III Congresso Brasileiro de História da Educação: A Educação Escolar em
Perspectiva Histórica. Anais. CDROM. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do
Paraná/Sociedade Brasileira de História da Educação, 2004. ISBN 85-7292-130-3.
21
- Cronograma: ano de 2008
1o. trimestre
2o. trimestre
3o. trimestre
Leitura e análise de textos
X
X
X
levantamento de acervo
X
X
X
Coleta de dados
X
X
X
X
X
X
Elaboração de textos
X
X
X
Relatório parcial
X
X
Atividades/
Trimestres
4o. trimestre
I. Atividades de Pesquisa
Análise de dados
X
II. Produção
Apresentação em Seminário de
INI e/ou outros
Relatório Final
X
X
Niterói, 3 de agosto de 2007
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22
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Intelectuais negros no campo da educação no século XIX: a inédita