SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA
FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA – FAVIP
COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
FRANCIS BEZERRA FERREIRA
JOELMA MARIA BEZERRA DA SILVA SPENCER DE HOLANDA
A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO COM O IDOSO NO CONTEXTO
FAMILIAR PARA O SEU BEM-ESTAR
CARUARU – PE
2012
FRANCIS BEZERRA FERREIRA
JOELMA MARIA BEZERRA DA SILVA SPENCER DE HOLANDA
A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO COM O IDOSO NO CONTEXTO
FAMILIAR PARA O SEU BEM-ESTAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade do Vale do Ipojuca, como requisito
parcial para obtenção da formação em Psicologia.
Orientadora: Profª.Geórgia Mônica Menezes
CARUARU– PE
2012
Catalogação na fonte Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE
F383iFerreira,
Francis
Bezerra.
A importância do cuidado com o idoso no contexto familiar
para o seu bem-estar. / Francis Bezerra Ferreira e Joelma Maria
Bezerra da Silva Spencer de Holanda. – Caruaru: FAVIP, 2012.
44 f.
Orientador(a) : Geórgia Mônica Marques Menezes.
Trabalho de Conclusão de Curso (Psicologia) -- Faculdade do
Vale do Ipojuca.
1. Idoso. 2. Família. 3. Cuidado. 4. Afeto. I. Holanda,
Joelma Maria Bezerra da Silva Spencer de. II. Título
CDU 159.9 [13.1]
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367
2012
Aos nossos queridos avôs Sebastião Ferreira da
Silva, que muito nos ensinaram sobre os valores da
vida, nossa referência de sabedoria, nosso apoio nos
momentos difíceis com seus conselhos e o
compartilhar sorrisos nos momentos alegres,
Dedicamos.
AGRADECIMENTOS
Não poucas pessoas foram importantes para que mais essa etapa se realizasse. Sem o
auxílio deles, nada teria sido possível. Assim, nosso muito obrigado:
A Deus, presença constante e essencial em nossas vidas, por nos presentear com
grandes vitórias;
Aos nossos amados esposos Ernandes Albuquerque Bezerra e Nilson Sá Perreira
Spencer de Holanda e aos nossos amados (as) filhos (as) Heitor B. Ferreira Albuquerque, e
Júlia Spencer de Holanda pela compreensão das nossas ausências e incentivos;
A todos os nossos colegas de curso, pelo convívio, por partilhar momentos de dúvidas
e de descontração e pela amizade;
A todos os professores do curso de Psicologia, que foram tão importantes em nossas
vidas acadêmicas e no desenvolvimento de nossas visões profissionais, especialmente, a nossa
Orientadora Geórgia Mônica Menezes, pela paciência e dedicação;
Por fim agradecemos a todos que de alguma forma contribuíram para a elaboração
deste trabalho monográfico.
Gostariamos de dizer:
“Há uns que nos falam e não ouvimos;
Há outros que nos tocam e não
sentimos; Há alguns que nos ferem e
nem cicatrizes deixam, mas há aqueles
que simplesmente vivem, e nos marcam
por toda a vida.”
“O idoso se renova a cada dia que começa, o velho
se acaba em cada dia que termina, pois o idoso tem
seus olhos postos para o horizonte e o velho tem seu
olhar voltado para as sombras do passado. O idoso
faz plano e o velho só tem saudades e assim o idoso
tem muita idade e o velho perdeu a jovialidade.”
(Autor Desconhecido)
RESUMO
Contextualização temática deste trabalho versa sobre a importância dos cuidados e do afeto da
família na garantia da qualidade de vida do parente idoso. Este TCC segue com a A
contribuição de muitos autores, entre eles: Anita L. Neri (2008) sobre a importância do
cuidar; a Organização Mundial de Saúde (OMS); o Estatuto do Idoso, a visão
biogerontológica de Papaléo Netto (2002); o estudo de família de Simionato e Oliveira
(2003); etc. O objetivo desta pesquisa é o de analisar a relação família x idoso a partir da
perspectiva do cuidado e laços de afetividade, percebendo a influência dos mesmos na
garantia do bem-estar do parente idoso. Suas justificativas se devem aos fatos pessoais das
pesquisadoras se identificarem com o tema por possuírem parentes idosos e perceberem como
é fundamental o papel da família na sua recuperação física e psicológica. A fundamentação
teórica segue a seguinte estrutura: no primeiro capítulo: Conceito de família; Conceito de
idoso; Família e o Idoso na História Brasileira; A Dependência do Idoso no Seio Familiar e o
Cuidador; A Importância da Afetividade e do Cuidado na Garantia da Qualidade de Vida do
Idoso. O segundo capítulo trará a abordagem metodológica e o terceiro aborda as
considerações finais. Os procedimentos metodológicos se caracterizam por ser uma pesquisa
qualitativa e bibliográfica na qual foram consultadas diversas fontes: livros, artigos
científicos, revistas, leis e artigos via internet sobre o tema. Diante dos resultados
encontrados, conclui-se que é imprescindível que a família tome consciência do seu papel na
segurança afetiva da vida do idoso, mudando a visão de que o mesmo é inútil e tratando-o
como ele de fato merece, como alguém que muito já contribuiu e agora tem um direito a um
retorno afetivo através do cuidado, do respeito e do amor.
Palavras-chave: Idoso. Família. Cuidado. Afeto. Psicologia.
ABSTRACT
Context of this thematic work focuses on the importance of family affection and care in
ensuring the quality of life of elderly relative. This TCC follows with the contributions of The
many authors, among them: Anita l. Neri (2008) about the importance of caring; the World
Health Organization (who); the status of the elderly, biogerontológica vision of Papaléo Netto
(2002); the study of family of Simionato and Oliveira (2003); etc. The goal of this research is
to analyze the relationship family x elderly from the perspective of care and ties of affection,
realizing the influence of them on welfare assurance of elderly relative. Its justification is
because staff of the researcher to identify with the theme by owning an elderly relative and
realize how crucial the role of the family in their physical and psychological recovery. The
theoretical reasoning follows the following structure: in the first chapter: concept of the
family; Concept of elderly; Family and the elderly in Brazilian history. The second chapter
will bring the methodological approach and the third discusses the final considerations. The
methodological procedures are characterized by a qualitative research and literature on which
have been consulted several sources: books, scientific articles, magazines, internet laws and
articles on the topic. Before the results, it is concluded that it is essential that the family
becomes aware of their role in life of elderly affective security, changing the view that it is
useless and treating it as it actually deserves, as someone who has already contributed and
now has a right to an emotional return through the care, respect and love.
Keywords: elderly. Family. Care. Affection. Psychology.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................
10
1. Capítulo 1.........................................................................................................................
15
1.1 Conceito de Família.........................................................................................
15
1.2 Conceito de Idoso (Velhice) ...........................................................................
17
1.3 Família e o Idoso ao Longo da História Brasileira..........................................
21
1.4 A Dependência do Idoso no Seio Familiar e o Cuidador................................. 26
1.5 A Importância da Afetividade e do Cuidado na Garantia da Qualidade de
Vida do Idoso.......................................................................................................................
31
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 37
REFERÊNCIAS...................................................................................................................
39
10
INTRODUÇÃO
Esta monografia faz uma reflexão teórica sobre a importância dos cuidados e da
demonstração de afeto da família na garantia da qualidade de vida do parente idoso.
No Brasil, o percentual de pessoas com mais de 60 anos duplicou nos últimos 50 anos.
Estima-se que, daqui a 20 anos, a população idosa exceda a cifra de 30 milhões de pessoas, o
equivalente a uma percentagem de mais de 13% da população brasileira (IBGE, 2011).
O conceito de velhice está em processo de desenvolvimento e expansão; a
Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU) adotam o
critério biológico e consideram idosos os indivíduos com 60 anos ou mais. Eles são uma
grande parte da população. Essa parcela da população vem crescendo consideravelmente em
virtude do aumento da expectativa de vida e do acelerado envelhecimento populacional do
país nas últimas décadas.
Os referenciais para designação do discernimento de velhice alteram de uma sociedade
para outra, podendo relacionar-se com o cessar das atividades produtivas ou questões
vinculadas à saúde física e mental (in Dicionário Houaiss, 2012).
O envelhecimento é um processo natural, contínuo a todos os seres vivos. Um
processo biológico cujas alterações determinam mudanças estruturais no corpo e em
decorrência se modificam suas funções. Devemos levar em consideração que na espécie
humana o envelhecimento é mais complexo manifestando-se em todas as múltiplas
dimensões: fisiológicas, emocionais, cognitivas, sociológicas, econômicas e interpessoais, que
influenciam o funcionamento e o bem-estar social (CORTELLETTI, 2002).
Destaca-se como sendo primordial para garantia do bem-estar do idoso o apoio da
família visto que a mesma pode garantir a estabilização física e afetiva desse parente.
Este trabalho parte do pressuposto segundo o qual a desestrutura e a fragilização dos
vínculos familiares tem consequências vitais no bem-estar do idoso, ocorrendo quando o
mesmo torna-se um “peso” para as famílias, somado muitas vezes as doenças próprias dessa
fase da vida. Tudo isso ocasiona algumas repercussões psíquicas, como preocupações ou
estados depressivos, angústias, inseguranças, alterações na autoimagem e dependência.
Tal fato tem alertado os psicólogos para as fragilidades e os problemas enfrentados
pelos idosos, revelado a necessidade de se garantir aos mesmos, condições que possibilitem o
envelhecimento com dignidade, pois geralmente a pessoa idosa passará por um estado de
11
dependência devido às características de cronicidade do adoecimento, o que requer cuidado de
um parente por longos períodos, sendo, portanto, nestas ocasiões, a família e fundamental
fonte de cuidados, responsabilidade e vínculo afetivo.
Segundo Goldfarb e Lopes (2009, p. 145), na nossa cultura, a função de transmissão
psíquica é preferencialmente exercida pela família. O cuidado com o idoso é, portanto, de
fundamental importância nesse processo.
O verbo cuidar, de acordo com Grandi (1998), significa assistir, ter atenção e cuidados
com alguém ou consigo mesmo, ou ainda, significa dar amparo, assistência, proteção e
representação, uma vez que o cuidador torna-se mediador e o executor das atividades entre o
paciente e a realidade que o cerca.
O cuidar significa zelar, dar atenção, desvelo. O cuidado somente surge quando a
existência de alguém tem importância para o cuidador (BOFF, 2008). “Cuidar é estimular e
incentivar a maior autonomia e independência possível do paciente, permitindo a superação
de obstáculos” (GRANDI, 1998; p. 72).
Para Waldow (2007), o ato de cuidar inclui afeto e consideração, significa agir no
sentido de promover o bem-estar do outro. Anita Liberalesso Neri (2008) adverte para a
importância do cuidar:
Cuidar na meia idade e na velhice é uma tarefa normativa que, se por um lado pode
acarretar ônus de natureza física, social e psicológica, por outro pode trazer ganhos
afetivos sociais. Numa perspectiva de interdependência, cuidar é um processo de dar
e receber, um caminho de mão dupla. Implica responsabilidade, palavra que remete
a ideia de responder pelo outro. Implica respeito, que significa olhar para o outro, ou
seja, de conhecê-lo e levar em conta as seus desejos. (...) Quanto mais frequentes os
afetos positivos, maior a capacidade dos idosos de acionar recursos psicológicos
para enfrentar emoções negativas e para diminuir a intensidade das respostas
fisiológicas automáticas associativas a afetos negativos (NERI, 2008, p. 103 e 107).
Nesse sentido, cabe à família a responsabilidade de cuidar do idoso. Geralmente a
função do cuidador é assumida por uma única pessoa, denominada cuidador principal, seja
por vontade, disponibilidade ou capacidade. Este assume tarefas de cuidado atendendo às
necessidades do idoso e responsabilizando-se por elas. Mas toda a família precisa ter
consciência da responsabilidade perante o idoso. Afinal, a família é importante instituição na
construção de valores morais, éticos e espirituais. E cuidar do parente idoso é um dever moral.
No que se refere ao cuidar do idoso, o próprio Estado também garante essa
responsabilidade. O Estatuto do Idoso foi uma importante conquista nesse sentido e
prescreveu, no artigo 2.º, que:
12
O idoso deve gozar de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-se-lhe, por lei ou
por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua
saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em
condições de liberdade e dignidade (BRASIL, 1994).
Cabe à instituição familiar cumprir seu dever de cuidar do idoso. Esse cuidar torna-se
mais efetivo quando efetuado não por pura obrigação, mas por amor, afetividade e
solidariedade.
Esse trabalho se situa no contexto da Psicologia Clínica e apresenta como objeto de
pesquisa a importância dos cuidados e afetos da família para com o parente idoso no lar.
Diante disso, essa investigação levanta o seguinte Problema de Pesquisa: Qual a
importância da afetividade e do cuidado familiar na qualidade de vida do idoso?
Embora de natureza descritiva, o embasamento teórico e o objeto mencionado
possibilitaram elaborar a seguinte hipótese:
“O cuidado familiar é determinante na saúde física e psíquica do idoso”.
Nessa perspectiva, a presente monografia aborda os objetivos de, de maneira geral, “Analisar
a relação família x idoso a partir da perspectiva do cuidado e laços de afetividade, percebendo
a influência dos mesmos na garantia do bem-estar do parente idoso, para a realização dessa
análise será efetuada uma pesquisa bibliográfica.” e, de maneira mais específica,
“Compreender o significado dos cuidados da família para idosos”; “Analisar como a
afetividade familiar interfere na saúde e qualidade de vida do idoso”; “Identificar as principais
causas da fragilização e rompimento de vínculos familiares dos idosos”; e “Perceber qual é a
visão do idoso para a família.”
A motivação que levou a realização desse trabalho e a escolha do tema se deu pelo
fato pessoal das pesquisadoras se identificarem com o tema por possuírem parentes idosos e
perceberem como é fundamental o papel da família na sua recuperação física e psicológica.
O processo de envelhecimento neste país precisa ser alvo de nova postura da
sociedade, e traça o perfil de uma realidade que precisa ser estudada e divulgada por estudos
psicológicos sérios. É de extrema importância que se efetivem estudos sobre o valor da
afetividade familiar na vida do idoso, mostrando as positivas consequências que essa
afetividade acarreta na qualidade de vida do mesmo.
Por outro lado, é preciso conscientizar as famílias sobre a importância do idoso em
suas vidas, rompendo preconceitos quanto à visão de que o mesmo é um fardo.
13
Assim, a evidência da importância da família para o idoso surge, para esta pesquisa, do
contato das pesquisadoras com idosos, seja no seu próprio lar, nas visitas aos asilos ou nas
visitas domiciliares onde o idoso ainda se encontra, por vezes, como provedor da renda
familiar.
Esse trabalho proporcionará uma grande contribuição teórica e social enquanto estudo
da importância das nossas famílias tratarem com zelo, cuidado e amor, os frágeis idosos. Por
isso, é de suma importância que o tema em questão seja alvo de análise e reflexão no campo
da psicologia.
Acompanhando esta linha de organização, para a elaboração e concretização deste
estudo em forma de Monografia, este trabalho apresenta a seguinte estrutura organizada em
capítulos originados do levantamento teórico, a partir da seguinte composição: Capítulo I,
referente à Fundamentação Teórica, na qual serão abordados os seguintes subtemas: 1º.
Conceito de família; Conceito de idoso; Família e o Idoso ao Longo da História Brasileira; A
Dependência do Idoso no Seio Familiar e o Cuidador; A Importância da Afetividade e do
Cuidado na Garantia da Qualidade de Vida do Idoso; e as Considerações Finais que abordará
as indicações futuras e limitações, como resultado desse trabalho.
Com o intuito de levantar informações sobre a importância do cuidado e da afetividade
familiar na vida do idoso, realizou-se uma análise de obras científicas recentes que deram
embasamento teórico e metodológico para a elaboração desse relatório monográfico.
A metodologia escolhida para este estudo é a revisão integrativa da literatura que é
definida como aquela em que estudos realizados anteriormente podem ser
sumarizados a fim de se formular inferências sobre um determinado assunto. A
partir de sua realização abrem-se novos subsídios para a implementação de
modificações que possibilitem a discussão de novos conhecimentos e condutas
assistenciais de enfermagem (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2008, p.759).
O presente estudo partiu de uma estrutura qualitativa, que, segundo Chizzoti (1995, p.
79) parte do fundamento de que há uma relação dinâmica ente o mundo real e o sujeito, uma
interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados,
conectados por uma teoria explicativa. Foram seguidas as seguintes etapas de pesquisa:
3.1 Desenvolvimento do Estudo: A presente monografia se caracteriza por ser uma
pesquisa bibliográfica;
3.2 Período de Estudo: O levantamento da pesquisa ocorreu no período de Março à
Outubro de 2012;
14
3.3 Coleta de Dados: As pesquisas foram realizadas nas bases de dados LILACS e
SCIELO, para artigos que abordassem textos psicológicos sobre velhice, cuidado, afetividade
e família do idoso, além de consultas em livros, sites do Ministério da Saúde, revistas de
psicologia, artigos científicos, monografias;
3.4 Organização de Resultados: após o levantamento e a leitura dos dados, iniciou-se a
disposição de informações, em tópicos, de forma sistemática, a fim de melhor compreender o
assunto trabalhado;
3.5 Organização de Referências: as referências desta monografia estão formatadas de
acordo com as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR: 14724).
15
Capítulo 1
1.1 Conceito de Família
Profissionais de variadas áreas do conhecimento têm pesquisado a família enquanto
objeto de estudo a partir da verificação de que ela exerce papel fundamental na garantia da
saúde e no equilíbrio emocional de seus membros.
Quando se pensa no termo “família” geralmente se faz a relação com os laços de
parentesco e de consanguinidade que unem as pessoas entre si.
Mas o termo família origina-se do latim “familiae”, significando grupos de pessoas
que vivem em um ambiente comum sob a liderança de um chefe. Ela baseia-se na vida em
comum revela-se como principal unidade social, sendo de grande significado para o
desenvolvimento da sociedade (ALVES, 1997).
O dicionário da Língua Portuguesa, descreve a seguinte definição para o termo
família:
Pessoas aparentadas, que vivem em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a
mãe e os filhos, ou ainda, pessoas do mesmo sangue, e grupo formado por
indivíduos que são ou se consideram consanguíneos uns dos outros, ou por
descendentes dum tronco ancestral comum (filiação natural) e estranhos admitidos
por adoção (FERREIRA, 1986, p. 609).
Osório (1996) considera que as funções da família são: biológica, psicológicas e
sociais, sendo intrinsecamente relacionadas, às vezes se confundindo entre si:
A função biológica, segundo a concepção deste autor, seria o dever de assegurar a
sobrevivência da espécie, oferecendo os cuidados básicos para o desenvolvimento dos
indivíduos e não compreenderia a função reprodutiva.
As funções psicológicas seriam o afeto, o suporte familiar para a superação de crises
individuais que ocorrem no ciclo de vida, a transmissão de experiências de vida para os
descendentes, a atuação facilitadora da aprendizagem empírica e, também, a intermediação de
informações com o universo extrafamiliar.
Como funções sociais pode - se destacar a transmissão de valores culturais e a
preparação para o exercício da cidadania.
O autor concebe a família como um grupo no qual se desdobram três tipos de relações: a
aliança - relativa ao casal, à filiação — entre pais e filhos e a consanguinidade —entre irmãos.
16
Segundo Osório (1996), a família, com os objetivos de preservação, proteção e alimentação
de seus membros e ainda com a atribuição de propiciar a construção da identidade pessoal,
desenvolveu em sua história atribuições diferenciadas de transmissão de valores éticos,
culturais, morais, religiosos.
Para Elsen (2002) a família é um sistema no qual se conjugam valores, crenças,
conhecimentos e práticas, formando um modelo explicativo de saúde/doença, através do qual
a família desenvolve sua dinâmica de funcionamento, promovendo a saúde, prevenindo e
tratando a doença de seus membros.
Família também pode ser conceituada como uma unidade de pessoas em interação, um
sistema semiaberto, com uma história natural composta por vários estágios, sendo que a cada
um deles correspondem tarefas específicas por parte da família (BURGENS; ROGERS apud
ELSEN, 2002).
Em termos mais atuais e contemporâneos, Szymanski (2002) afirma que a família é
constituída por um grupo de indivíduos que, devido à existência de laços afetivos, optam por
conviverem juntos, com o acordo do cuidado mútuo entre seus membros. Este significado
acolhe em seu seio numerosos tipos de possibilidades que há vários anos coexistem na
sociedade e que nunca puderam ser oficialmente reconhecidos como uma família.
Mioto (1997), ao abordar o tema família, também aponta que a família contemporânea
abrange uma heterogeneidade de arranjos familiares presentes atualmente na sociedade
brasileira, não se podendo falar em um único conceito de família, mas sim de ‘famílias’, a
família pode ser definida como um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar,
durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acham unidas (ou não) por laços
consanguíneos. Ela tem como tarefa primordial o cuidado e a proteção de seus membros, e se
encontra dialeticamente articulada com a estrutura na qual está inserida (MIOTO, 1997,
p.120).
Com base nas afirmações modernas das últimas autoras, considera-se que o conceito
de família suplanta os parâmetros da consanguinidade e do parentesco e oferece um sentido
mais amplo, baseado na convivência e nas relações recíprocas de cuidado e proteção entre
indivíduos que construíram laços afetivos entre si.
A Constituição Federal de 1988 representou um marco na evolução do conceito de
família, ao corporificar o conceito de Lévy-Brul, de que o traço dominante da evolução da
família é sua tendência a se tornar um grupo cada vez menos organizado e hierarquizado e
que cada vez mais se funda na afeição mútua (GENOFRE, 1997).
17
A partir dessas definições, percebe-se a importância fundamental do bom funcionamento da
estrutura familiar para a garantia de bem-estar de seus membros. O cuidado com o membro
idoso é, portanto, fundamental no seio familiar.
1.2 Conceito de Idoso (Velhice)
Das diversas formas de categorização – sociais, culturais, psicológicas que tentam
definir os limites entre as idades, nenhuma delas é capaz de descrever o experienciar da
velhice, tornando-se vagas arbitrárias generalizações (DOURADO e LEIBING, 2002).
Portanto, não há consenso entre os diversos autores a respeito do conceito de velhice. Aqui
serão abordados alguns desses consensos.
Muitos são os termos usados, idoso, velhice, terceira idade, quarta idade, etc. Embora os
termos variem, pode-se dizer que as idades correspondentes a cada termo se identificam.
Assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) classifica o envelhecimento em quatro
estágios:
Meia-idade: 45 a 59 anos;
Idoso (a): 60 a 74 anos;
Ancião: 75 a 90 anos;
Velhice extrema: 90 anos em diante.
Sabe-se que na atualidade, a expectativa de vida das pessoas aumentou e é mais
frequente que atinjam o grau de velhice extrema no país.
Ferreira (1999, p.79) apresenta palavras ligadas ao envelhecimento no qual a palavra
Velho é originada do latim Vetulu. Como adjetivo quer dizer muito idoso; de época remota;
antigo; que tem muito tempo de existência; gasto pelo uso; usadíssimo; que há muito possui
certa qualidade ou exerce certa profissão; desusado; antiquado, obsoleto. Como substantivo
velhice apresenta as seguintes conotações: estado ou condição de velho; idade avançada; as
pessoas velhas, etc. Ainda com Ferreira, diversos autores utilizam uma variabilidade de
expressões para o termo velhice.
O Estatuto do Idoso, criado no Brasil em 2003, também legitima como idosa a pessoa
com mais de 65 anos. As políticas públicas voltadas para essa população se expandiram e a
18
sociedade começa a olhar de outra forma seus idosos. Porém, ainda há muito que ser
conquistado para que se torne digna a vida de nossos velhos.
Levi (1999) defende que o conceito de velhice distingue-se do conceito de terceira
idade. Para o autor, a velhice se inicia por volta dos 70/80 anos e esta representa a
denominada quarta idade. No que diz respeito à terceira idade, esta se inicia um pouco mais
cedo, por volta dos 60 anos, período este que, normalmente, coincide com o início da reforma.
Robledo (1994), explica que o envelhecimento é um processo inexorável, que,
considerando-se os fatores genéticos, ambientais e psicológicos, isto é, as condições a que
uma pessoa está exposta, pode ocorrer de variadas formas. O envelhecimento para o autor
pode ser analisado a partir dos pontos de vista cronológico, biológico, psíquico, social,
fenomenológico e funcional, cada qual com suas especificidades e respondendo
diferentemente aos questionamentos em relação ao processo de envelhecer.
Tomando como referencial a Psicologia, o envelhecimento orgânico estimula
investigações sobre as alterações cognitivas e comportamentais, as quais vêm contribuindo
para a caracterização dos estágios da vida e gerando uma espécie de compreensão ordinária
dos processos psíquicos que decorreriam da utilização de uma causalidade mecânica, supondo
que exista uma forma de sentir e entender o mundo que é decorrente do envelhecimento e
universal. Com isso, a Psicologia vem sustentando significações que, ao longo dos anos, vêm
contribuindo como material para a construção e manutenção dos estereótipos e da crença na
existência de um “envelhecimento psíquico”, que sacrificam o lugar do velho na família e na
sociedade (EIZIRINK, et.al., 1998).
Dentro de uma visão biogerontológica, Papaléo Netto elaborou o seguinte conceito de
envelhecimento:
O envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o velho ou idoso (resultado
final) constituem um conjunto cujos componentes estão intimamente relacionados.
[...] o envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo, no
qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que
determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente,
ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que
terminam por levá-lo à morte. [...] Às manifestações somáticas da velhice, que é a
última fase do ciclo da vida, as quais são caracterizadas por redução da capacidade
funcional, calvície e redução da capacidade de trabalho e da resistência, entre outras,
associam-se a perda dos papéis sociais, solidão e perdas psicológicas, motoras e
afetivas (PAPALÉO NETTO, 2002, p. 10).
Percebe-se que envelhecer nas palavras do autor, é um processo humano natural e
irreversível que é composto por diversos fatores que se relacionam ao longo do ciclo da vida.
Nesse sentido, todo ser humano passará por um processo de envelhecimento orgânico, físico e
19
psíquico. A família terá um papel importante para que ele tenha qualidade de vida nesse
processo.
A principal característica da velhice é o declínio, comumente físico, que acarreta em
alterações sociais e psicológicas. Os teóricos classificam tal declínio de duas maneiras: a
senescência e a senilidade.
A senescência é um fenômeno fisiológico e universal, arbitrariamente identificada pela
idade cronológica, pode ser considerada um envelhecimento sadio, onde o declínio físico e
mental é lento, e compensado, de certa forma, pelo organismo (PIKUNAS, 1979).
A senilidade caracteriza-se pelo declínio físico associado à desorganização mental
(PIKUNAS, 1979).
Vale ressaltar que a senilidade também pode ocorrer prematuramente, pois,
identificam-se com uma perda do funcionamento físico e cognitivo, observável pelas
alterações na coordenação motora, a alta irritabilidade, além de uma considerável perda de
memória.
Para os autores (FEATHERMAN, SMITH & PETERSON, 1991; NERI, 2000), o
processo de envelhecimento tem sido visto como um conjunto de transformações ocorridas
após a maturação sexual, que culmina nos anos finais da vida e acarreta alterações funcionais
e comportamentais. Costuma ser classificado da seguinte forma:
a) Normal ou primário – afeta gradual e cumulativamente todo o organismo, mas
de forma diferenciada para cada parte ou função, variando mesmo entre os indivíduos. Resulta
em diminuição na capacidade de adaptação e está sujeito à influência de fatores internos e
externos ao organismo;
b) Ótimo ou bem-sucedido – no qual a plasticidade comportamental está preservada
e são mantidas as características e funcionalidade do idoso em níveis comparáveis aos de
indivíduos mais jovens, excedendo os da maioria de seus contemporâneos. Secundário ou
patológico — neste se observa muitas alterações ocasionadas por doenças que têm a
probabilidade de ocorrência aumentada devido ao aumento da idade (como a demência senil);
c) Terciário ou terminal — relacionado com o padrão de declínio terminal,
caracterizado pelo grande aumento nas perdas físicas e cognitivas em período relativamente
curto, mais provável de ocorrer na velhice avançada.
Nessa concepção a velhice é um processo contínuo desde o nascimento. As formas de
vivenciá-la vão se diferenciar de acordo com as condições de vida de cada indivíduo, porém,
todos culminarão com o momento final da vida, indistintivamente. Essa é a única realidade e
certeza de todo ser humano. De fato, como explica Simões:
20
O uso de certos meios para retardar o envelhecimento pode impedir ou até inverter
tal processo, sem alterar, porém, a data final da morte. E se o limite da vida humana
é a morte, a velhice é a fase da existência que está mais próxima deste horizonte.
Porém, deve-se lembrar de que a morte não é um privilégio da velhice (SIMÕES,
1999, p. 34).
De acordo com Featherman, Smith e Peterson (1991), o envelhecimento bem sucedido
é uma competência adaptativa do indivíduo e é fenômeno de natureza multidimensional. Suas
dimensões mais representativas são:
a) A emocional, envolvendo, por exemplo, a presença de estratégias e habilidades para lidar
com eventos estressantes;
b) A cognitiva, expressa na capacidade para resolução de problemas;
c) A comportamental, em termos de desempenho e competência social.
Marques (1998) lembra que a própria família tende a ter certas expectativas em relação
ao comportamento adequado e esperado para um velhinho. Dessa forma, os familiares podem
não incentivar e até punir o comportamento social e a prática de atividades do idoso,
contribuindo para a visão a respeito de sua autoeficácia.
Neri (2001), em relação ao idoso faz notar que, embora se saiba que o estudo
científico do envelhecimento humano está ainda engatinhando, há acordo entre os
especialistas do envelhecimento quanto aos seguintes pontos: A natureza de envelhecimento e
da velhice é mais complexa e diferenciada do que normalmente se pensa; e A questão
essencial do desenvolvimento integral na velhice é a busca do equilíbrio entre as
potencialidades e limitações - se por um lado o envelhecimento implica declínio, fragilização
e incapacidade, a cultura e o próprio indivíduo podem gerar condições que promovam
progresso psicológico, a despeito ou por causa mesmo dessas limitações.
Portanto, são muitos os fatores que têm influência sobre o processo de
envelhecimento, não dependendo somente do indivíduo a obtenção de um envelhecimento
saudável. Dentre os fatores mais relevantes destacam-se a herança genética, a alimentação
saudável ao longo da vida, o meio ambiente, a educação, a habitação, o trabalho, a seguridade
social, a cultura e o lazer, os hábitos de higiene, os cuidados com a saúde e prevenção de
doenças desde a infância através das vacinações, a ausência de vícios como álcool e
tabagismo, etc., pois se eles forem bem conduzidos durante toda a vida, produzirão um
constante padrão de alta qualidade de vida que certamente persistirá na velhice.
21
O ser humano quando está bem física e psicologicamente pode vir a ter uma velhice bem
sucedida (autoaceitação, relações positivas com os outros, autonomia, objetivos na vida etc.).
Torna-se conexa à afirmativa que Neri (1993) apud Andrade (1996) faz ao expor que:
A promoção da qualidade de vida do ser humano na idade madura e na velhice
excede limites da responsabilidade pessoal e dever ser vista como um
empreendimento de caráter sociocultural; a velhice satisfatória não reúne só
atributos pessoais em níveis biológico, psicológico e social, mas resulta da interação
entre pessoas em mudança, vivendo numa sociedade também em mudança (NERI,
1993, p. 16).
Por isso, é muito importante que os familiares tenham informação sobre o processo de
mudanças que ocorre na vida em geral da pessoa idosa, para que possa lidar com suas
limitações, dependências e até irritabilidade com mais compreensão e afeto.
1.3 Família e o Idoso ao Longo da História Brasileira
A história da família brasileira é permeada por transformações nos panoramas social,
político, cultural, econômico e biológico que influenciaram os conceitos da mesma e as
tendências de conduta e comportamento e atitudes para com o membro idoso.
Expressivas mudanças aconteceram na sociedade brasileira. Sua transformação de
sociedade rural — na qual predominava a família patriarcal e fechada em si mesma, na qual o
chefe de família era o homem mais velho e provedor das despesas do lar, o mandante e a
quem todos deviam obediência e total respeito — para uma sociedade de bases industriais
com as suas implicações de mobilidade social, geográfica e cultural acarretou transformações
igualmente marcantes na estrutura do modelo tradicional de família.
O século XX foi cenário de grandes transformações na estrutura da família. Ainda
hoje, porém, observamos algumas marcas deixadas pelas suas origens. Da família
romana, por exemplo, temos a autoridade do chefe da família, onde a submissão da
esposa e dos filhos ao pai confere ao homem o papel de chefe. Da família medieval
perpetua-se o caráter sacramental do casamento originado no século XVI. Da cultura
portuguesa, temos a solidariedade, o sentimento de sensível ligação afetiva,
abnegação e desprendimento (RIGONATTI, 2003, p. 47).
Em todo o mundo, o conceito de família nuclear e a instituição casamento
profundamente ligada à família, passaram por modificações. A expressão mais acentuada
22
dessas transformações aconteceu no final da década de 60: cresceu o número de separações e
divórcios, a religião foi perdendo sua força, não mais segurando casamentos com relações
insatisfatórias.
A igualdade entre os sexos passou a ser um pressuposto em muitas relações
matrimoniais. A partir daí, surgem organizações familiares alternativas: casamentos
sucessivos com parceiros distintos e filhos de diferentes uniões; casais homossexuais
adotando filhos legalmente; casais com filhos ou parceiros isolados ou mesmo cada um
vivendo com uma das famílias de origem; as chamadas “produções independentes” tornam-se
mais frequentes; e mais ultimamente, duplas de mães solteiras ou já separadas compartilham a
criação de seus filhos. Chegamos ao século XXI com a família pós-moderna ou pluralista,
como tem sido chamada, pelos tipos alternativos de convivência que apresenta.
(SIMIONATO e OLIVEIRA, 2003).
Peixoto e Cicchelli (2000) assinalam que nas últimas décadas falou-se muito a respeito
da crise da família, numa alusão à baixa taxa de fecundidade, ao aumento da expectativa de
vida e à crescente proporção da população com mais de 60 anos. Além disso, os autores
também aludem ao declínio do casamento e da banalização das separações como fatores
constituintes da tal “crise”.
Os autores afirmam que o que caracteriza esse processo a que se chama de crise, não é
o enfraquecimento da instituição família, mas o surgimento de novos modelos familiares, de
novas relações entre os sexos, mediante maior controle da natalidade, e a inserção da mulher
no mercado de trabalho, entre outros aspectos (SIMIONATO e OLIVEIRA, 2003).
Senna e Antunes (2003) apontam que a composição das famílias brasileiras, nas
últimas três décadas, vem passando por várias alterações, do ponto de vista demográfico, e
embora tais alterações ocorram de forma diferenciada nas diversas regiões do país, algumas
ocorrem de forma mais ou menos similar, como a redução da natalidade e o aumento da
longevidade das pessoas. As autoras assinalam que as famílias vêm se tornando menores, e
com um número maior de idosos em sua composição, com prevalência de doenças crônicas e
de problemas decorrentes do processo de envelhecimento.
De acordo com Cortelletti, Casara & Herédia (2004, p. 16) “o envelhecimento da
população brasileira se deu em três décadas, a partir de 1970, e a rapidez com que esse
processo ocorreu, dificulta à sociedade, ao Estado, à família e ao próprio indivíduo o devido
preparo e as providências para enfrentar a velhice de forma digna”. Isso significa que a
população idosa aumentou e que, portanto é preciso aumentar e melhorar os recursos de
assistência aos mesmos.
23
A preocupação com a população idosa no final deste século surge pela constatação de
que uma das maiores conquistas sociais do século XX foi o aumento da longevidade. Jamais
uma vida adulta tão longa foi experienciada de forma tão massiva pela população de quase
todo o mundo. É sabido que durante a maior parte da História da humanidade somente uma
em cada 10 pessoas teria sobrevivido ao 65º aniversário. Hoje, nos países desenvolvidos oito
em cada 10 pessoas ultrapassam os 65 anos. No Brasil, isto ocorre entre seis de cada 10
homens e sete de cada 10 mulheres. O fenômeno da longevidade provocou verdadeira
revolução no curso de vida das pessoas, redefinindo relações de gênero, arranjos e
responsabilidades familiares e alterando o perfil das políticas públicas. Os idosos são hoje
14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do Brasil e constitui a classe que mais
cresce, devendo apresentar um crescimento de 91,7% em 2020, com relação a 1960.
(MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, 1999).
Essa mudança no perfil epidemiológico gera amplas despesas com tratamentos
médicos e hospitalares. O idoso consome mais serviços de saúde, as internações são
constantes e o tempo de ocupação do leito é maior do que o de outras faixas etárias. Em geral,
as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, persistem por incertos anos e demandam
acompanhamento médico e de equipes multidisciplinares permanentes, além de intervenções
contínuas. A família pobre é a que mais sofre com essa realidade porque nem sempre pode
suprir as necessidades do parente idoso e a Saúde Pública ainda deixa muito a desejar para
atendimento médico e psicológico dos nossos idosos.
Nesse novo panorama, percebe-se que não existe um único modelo de família, porém
vários e que em geral, todos terão que cuidar de seus velhinhos que conseguem sobreviver por
mais tempo e requerem dos familiares cuidados, tempo, recursos humanos, físicos e
psicológicos.
A imagem da velhice está ainda associada a seus aspectos negativos, como a
dependência, a doença, a debilidade física e mental, a incapacidade produtiva (MINAYO e Jr.
2002; MOTTA, 2002; LIMA, 1998), embora, muitas vezes ele ofereça contribuições
financeiras e/ou assistenciais para a família.
No entanto essa imagem aos poucos vem se modificando na sociedade atual, pois
embora o preconceito seja uma realidade, percebe-se que o idoso está mais integrado a
atividades sociais e fazendo cada vez mais parte de variados grupos de terceira idade que
instigam o papel do idoso como ser atuante e dinâmico. Esses grupos oferecem ao idoso a
possibilidade de autorrealização através de práticas de lazer, práticas esportivas, relações de
amizade com outros idosos, trocas de experiências de vida, danças, etc.; possibilitando uma
24
qualidade de vida mais saudável e prazerosa, através de expectativas positivas para o futuro.
Os idosos que aderem a esses grupos fazem parte de uma categoria participativa e ativa, onde
cada componente é respeitado uma pessoa socialmente atuante de acordo com as suas
limitações. Com esta nova visão, o idoso deixa de ser visto como a tradicional visão de um ser
que não tem mais serventia, dependente, improdutivo, um empecilho pra sociedade,
simplesmente pelo fato de já ter vivido muitas décadas.
Toda essa reintegração do idoso à sociedade está proporcionando um processo de
envelhecimento bem-sucedido e saudável para os participantes dos grupos. As famílias
contemporâneas que percebem a importância de colocar seus idosos não acamados em grupos
de terceira idade melhoram a qualidade de vida dos mesmos.
Em 4 de janeiro de 1994, foi criada a Política Nacional do Idoso (PNI) através da Lei n
º 8842. Contudo, somente em 3 de julho de 1996 ela foi regulamentada através do Decreto nº
1948 (KUNRATH, 2001; SIQUEIRA, 2001). A PNI define cinco princípios e nove diretrizes
que garantem os direitos sociais do idoso e as condições para a promoção de sua autonomia,
integração e participação efetiva na sociedade. Citados por SCHONS & PALMA (2000), os
princípios são:
1. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os
direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade,
bem-estar e o direito à vida;
2. O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto
de conhecimento e informação para todos;
3. O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;
4. O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem
efetivadas através dessa política;
5. As diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições
entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela
sociedade em geral na aplicação dessa lei. (p. 69).
Na sociedade contemporânea do século XXI, após muitos anos de embate político, em
que as organizações sociais dos idosos (associações, federações e confederação nacional dos
aposentados e pensionistas, Associação Nacional de Gerontologia e outras) reivindicavam a
aglutinação em uma só norma das diversas postulações legais acerca de seus direitos, em 1º
de Outubro de 2003 foi sancionada a Lei 10.741, denominada de Estatuto do Idoso, que tem
25
como objetivo assegurar os direitos sociais dos idosos. Como essas leis passaram a ser
regulamentadas com status de estatuto, permitem ao Ministério Público uma atuação mais
rápida, já que está tudo concentrado num só documento (BRASIL, 2003).
Em seus 118 artigos, o Estatuto do Idoso versa sobre várias áreas dos direitos básicos e
das precisões de proteção dos idosos. Designa que os idosos não poderão ser vítimas de
negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão. Prevê também que, para a
pessoa a partir de sessenta anos, há prioridade no atendimento prestado pelo Sistema Único de
Saúde, o SUS e o acesso a medicamentos sem custos. Rezam os dois primeiros artigos do
Estatuto:
Art. 2º O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei
ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua
saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em
condições de liberdade e dignidade.
Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público
assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Assim, o idoso passa a ter direitos e ser inserido na sociedade, e a família passa a ter o
dever legal de cuidar de seus velhos com dignidade. Cabe ao poder público ampliar na prática,
essas garantias de forma a toda família ter maior acesso à melhor qualidade de saúde
hospitalar e psicológica para seus membros da terceira e quarta idade.
Ideologicamente, de acordo com Medeiros (2004), em algumas sociedades antigas, o
velho era tradicionalmente respeitado como àquele possuidor de experiência e sabedoria.
Porém atualmente na sociedade capitalista, a juventude torna-se um valor, onde o desafio é se
manter jovem o maior tempo possível. Essa preocupação é influenciada pela mídia, com o
apoio da indústria de cosméticos, contando com a ajuda de parte da ciência.
A significativa mudança que a chegada da informática produziu no cotidiano das
pessoas atingiu os velhos de maneira incontestável. Apesar de sua extensa
experiência de vida, de seu conhecimento acumulado durante anos, muitos passaram
a serem “analfabetos funcionais”. Os netos “sabem” mais que os avós (MEDEIROS,
2004, p. 188).
É preciso buscar revalorizar o antigo respeito por nossos idosos, que tanto tem a nos
ensinar. Resgatar valores pressupõe respeitar neles seus pontos positivos, fazendo-os se sentir
importantes, dignos e úteis no seio familiar e na sociedade.
26
1.4 A Dependência do Idoso no Seio Familiar e o Cuidador
Na velhice a dependência é muito intensa e se configura como perda de autonomia, de
espaço, de valores e de autodeterminação, como consequência da impossibilidade de
conduzirem suas próprias vidas.
Os Idosos são mais vulneráveis a doenças que indivíduos jovens. A fragilidade da
saúde, devido ao cansaço do organismo, leva-os a adquirirem diversas patologias, já admitidas
como corriqueiras a essa fase da vida. Nesse sentido, o papel da família e do parente
designado para ser o cuidador do idoso é primordial no amparo físico e psicológico do velho.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA apud Pinheiro
(2006), 27% dos idosos brasileiros precisam de ajuda diária. Entre os que passaram dos 80
anos, cerca de 90.000 mulheres e 184.000 homens são incapazes de andar ou subir poucos
degraus de uma escada. A consequência disso é que cada vez mais famílias terão de lidar com
a difícil tarefa de assumir seus doentes. E, sobretudo, de escolher quem irá fazê-lo.
Baltes e Silverberg (1995) comentam que a dependência, na velhice, é resultado de mudanças
ocorridas ao longo do curso de vida e acrescentam que elas englobam desde as mudanças
biológicas até as transformações exigidas pelos meios sociais. As autoras discriminam a
dependência em três níveis: A dependência estruturada, resultante da circunstância cultural
que atribui valor ao homem em função do que e enquanto produz; A dependência física que
decorre da incapacidade funcional, ou seja, falta de condições para realizar as tarefas da vida
diária; e A dependência comportamental, que é socialmente induzida, pois advém do
julgamento e das ações de outrem. Referimo-nos à circunstância em que uma pessoa é
considerada incompetente para realizar suas tarefas. Diante dessa avaliação, alguém sempre
assume a função de fazê-lo em seu lugar, mesmo que não haja necessidade ou que a própria
pessoa não o deseje (BALTES & SILVERBERG, 1995).
Múltiplos fatores são identificados como proeminentes à depressão na fase tardia da
vida. Entre eles estão à fragilidade na saúde, pobreza, viuvez, institucionalização e solidão.
São situações que o idoso passa e que podem ser amenizados pelo carinho do cuidador
familiar.
Sigmund Freud (1930) nos fala que o sofrimento nos ameaça a partir de três direções:
Do nosso corpo, condenado à decadência, pois o adiamento do processo não elimina a
promessa de dissolução nem a angústia que se origina na premência dos sinais de advertência
que acompanham o envelhecimento; Do mundo externo, a natureza, que pode surpreender-nos
27
com sua força devastadora; e Do outro, tanto do social quanto dos nossos relacionamentos
mais íntimos, e que, talvez, seja o mais penoso.
Na velhice, o sofrimento e a dependência ganham intensidades que causam uma
progressiva fragilização, pressionando os sujeitos a serem menos exigentes nas suas
reivindicações de felicidade, contentando-se mais com a simples evitação do sofrimento, e
com ter um ente da família que o cuide e não o abandone num asilo, ficando a tarefa de obter
prazer em segundo plano.
Nesse sentido toda família costuma designar um membro da mesma para se tornar o
cuidador do idoso, embora em geral, todos colaborem, cabe ao cuidador a maior
responsabilidade sobre o parente velhinho.
Mendes (1995) explica que o processo de tornar-se cuidador pode ser mais imediato
ou gradual. As decisões para assumir os cuidados são mais ou menos conscientes e as
pesquisas revelam que, embora a designação do cuidador seja informal e decorrente de uma
dinâmica específica, o processo parece obedecer a certas regras refletidas em quatro fatores
que estão relacionados com o “parentesco, com frequência maior para os cônjuges
antecedendo sempre a presença de algum filho; o gênero, com predominância para a mulher; a
proximidade física, considerando quem vive com a pessoa que requer os cuidados e a
proximidade afetiva, destacando a relação conjugal e a relação entre pais e filhos”.
Segundo Karsch (1998), outro fator determinante para o familiar tornar-se o cuidador
é a obrigação e/ou dever que o mesmo tem para com o idoso. Isto pode ser entendido como
um sentimento natural e subjetivo ligado a um compromisso que foi sendo construído ao
longo da convivência familiar. “Os cuidadores atribuem sua vontade e seu compromisso à
solidariedade com o companheiro (a) de vida, ao desejo de retribuir os cuidados recebidos na
infância, ao seu horror ao isolamento e à ausência de alternativas” (KARSCH, 1998).
Este trabalho parte do pressuposto de que o bem-estar e a qualidade de vida do idoso
envolvem valores como: cuidado familiar, transmissão de afeto, capacidade de se adaptar a
mudanças, saúde física e psíquica, respeito, relações sociais e bom convívio familiar.
Em pesquisas com idosos de 70 a 105 anos, Baltes e Mayer (1999) relataram que os
sentimentos de solidão emocional aumentam com a idade. Dentre as conclusões gerais dos
estudos sobre integração social e bem-estar na velhice, destaca-se que: a manutenção de
relações sociais com o conjugue, com os familiares e amigos da mesma geração favorece o
bem-estar psicológico e social do idoso (NERI e CAPITANINI, 2005, p. 75).
28
O cuidado familiar faz parte da cultura. Quando não cumpre esta função
adequadamente, a família sofre sanções sociais, pois é considerada negligente, e irresponsável
(CALDAS, 2004).
Segundo Neri (2002), os cuidadores familiares criam várias estruturas de cuidado que
diferem de acordo com o tipo e a combinação de apoios oferecidos. Os idosos mais
dependentes e os mais pobres provavelmente são cuidados por estruturas mais complexas, que
envolvem filhas, noras, netos, sobrinhos, vizinhança e amigos; não em virtude das
características dos idosos ou dos cuidados prestados, mas por causa da coresidência, das
necessidades de sobrevivência, que dificilmente permitem que uma só pessoa se dedique em
tempo integral ao cuidado.
A abundância de sobrecarga do cuidador vai depender dos graus de dificuldades do
idoso na vida diária. As incumbências mais custosas para o cuidador, do ponto de vista físico
e emocional, são os que compreendem a sobrevivência física e os que envolvem o manejo de
déficits comportamentais e de distúrbios cognitivos. É muito natural que o cuidador se veja
em variados estados de estresse devido às tensões, sobrecarga de natureza física e estado
cansaço por que passam, gerando insônia e problemas de saúde.
Segundo Sommerharlder e Néri (2001, p. 31), os aspectos mais comumente citados
numa pesquisa sobre o estresse e a sobrecarga do cuidador são os seguintes: As tarefas
acarretam ônus físico e financeiro, que tende a se agravar com a evolução da doença do idoso;
Os cuidadores não possuem informações suficientes para exercer o cuidado, há poucos
recursos sociais de apoio, há escassez de pessoas especializadas que possam lhes dar suporte e
há poucas fontes de apoio emocional; A tarefa de cuidar rivaliza com o trabalho profissional
ou mesmo com o papel familiar desempenhado pelos cuidadores; A dinâmica cuidar e ser
cuidado pode fazer aflorar sentimentos negativos antigos e a situação pode ficar de difícil
manejo, tanto para o cuidador quanto para o idoso; A atividade de cuidar geralmente é um
trabalho exercido por um membro da família, sem ajuda ou reconhecimento dos outros
integrantes; Os efeitos negativos do cuidado são potencializados pela presença de déficits
cognitivos e de problemas de comportamento que são típicos nas demências; A situação de
cuidar faz aflorar inversão de papéis, compaixão pelo idoso, medo da morte e da dependência
por parte do cuidador, que tornam a situação mais delicada; Quando e enquanto o idoso é
consciente do que se passa, a submissão ao cuidado pode acarretar-lhe baixa autoestima,
vergonha e ressentimento e dificultar o cuidado.
Em outros, poder falar com o idoso pode funcionar como fonte de conforto e de
significado existencial para ele e para o seu cuidador.
29
Estudos revelam que a maioria dessas pessoas sofre da síndrome do cuidador, que
tem como principais sintomas, a depressão e o estresse em alto grau. Nos casos mais
extremos a ideia de suicídio se torna mais constante. Segundo o geriatra Norton
Sayeg, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, enquanto
os pacientes, muitas vezes, nem se dão conta de sua doença, os cuidadores se sentem
cansados e deprimidos na maior parte do tempo. São batalhadores invisíveis de uma
tarefa árdua e muito pesada (PINHEIRO, 2006, p. 98).
As pessoas que exercem papel de cuidador devem ter cuidado com a sobrecarga da
tarefa do cuidar. O desgaste físico e emocional leva ao estresse e em consequência a
problemas de saúde. A literatura sobre o bem-estar do cuidador familiar tem sido uma
literatura sobre esse estresse do cuidador. Dentre alguns modelos existentes, há o modelo de
Selye (1956), sobre o estresse, no qual a reação de estresse é uma resposta adaptativa a
exigências externas e internas impostas às capacidades físicas e psicológicas do indivíduo.
Em reportagem concedida a Sandoval (2006) na revista VEJA, a professora de
Gerontologia Social da Pontifícia Universidade Católica – PUC de São Paulo, Úrsula Karsch,
falou sobre o tema A Idade Vai Chegar, no qual alertava sobre a importância que se deve dar
ao processo de envelhecimento e divulgou estudo por ela realizado, no qual constatou que
40% dos brasileiros com mais de 65 anos precisam de algum tipo de ajuda para realizar
tarefas do cotidiano, e que os 40% das pessoas que têm de cuidar de idosos dependentes se
sentem “usadas” e “injustiçadas“ e que 70% se desentendem com o cônjuge e os filhos devido
à constante dedicação que a situação exige.
O supramencionado autor, descreveu outro estudo do IPEA ainda inédito e em fase
final de preparação, mostrando que apenas 100.000 dos 2 milhões de idosos dependentes
estão em instituições especializadas. A sociedade não está preparada para cuidar do parente
que envelhece, afirma a pesquisadora Ana Amélia Camarano, do IPEA. Muitos lares não têm
sequer espaço físico, muito menos estrutura emocional e financeira para lidar com esse tipo de
situação. A pesquisa enfatiza o problema de quem vai cuidar do idoso. O idoso acaba
perdendo o direito a um endereço fixo, morando ora com um filho, ora com outro, sentindo-se
um peso para todos (SANDOVAL, 2006, p.124).
O maior problema do cuidador familiar de um doente é a falta de orientação adequada.
Lidar com os sintomas como: ataques de agressividade, mudanças de personalidade e perda
da memória é uma situação dificílima sobre a qual pouco se fala. A falta de orientação do
cuidador pode originar situações conflitantes, desgastantes, tanto para o cuidador como para
30
paciente idoso que também é vitima de toda essa estória, pois o cuidador não saberá agir no
momento em que o paciente apresentar uma crise, como ataques de agressividade.
Médicos revelam ser comum os cuidadores abandonarem a própria vida. A confusão
de sentimentos vividos nesse período é intensa. Ao mesmo tempo em que a pessoa se sente
satisfeita por tratar o doente com carinho, a culpa por querer ver-se livre ou dar fim àquela
situação é recorrente.
Às vezes a carga de estresse é tão ampla que o cuidador chega a agredir fisicamente o
idoso sem intuito de machucá-lo, como por exemplo, ao gritar ou apertar o braço do idoso
para lhe chamar a atenção de algo errado que esteja fazendo. Esse é um momento de total
desequilíbrio psicológico para o cuidador, pois além de não resolver o problema, só vai piorar
a situação. Querer cuidar do idoso sem orientação de algum profissional habilitado, com
certeza se tornará uma tarefa muito difícil.
Com as modificações sofridas na composição familiar, é comum existir idosos
residindo em famílias muitigeracionais, bem como idosos residindo sós ou com o cônjuge
(também idoso), o que não corresponde ao abandono pelos familiares ou à inexistência de
uma relação de afeto com sua família.
Cuidar nem sempre é escolha, muitas vezes impõe-se pelas circunstâncias. Por isso, os
especialistas advertem: quem toma conta de um doente, precisa de um sólido suporte
emocional. Um alto índice de estresse pode refletir de maneira negativa nos cuidados
prestados ao próprio doente.
Alguns especialistas asseguram que o afeto, carinho, amor e atenção, têm uma
importância essencial para que o idoso se perceba como um ser existente, que está presente,
que tem o seu lugar na família, e continua fazendo parte da relação familiar.
A Constituição Brasileira apud SCHONS & PALMA (2000, p.105) possui dois artigos
que salientam a importância do papel da família no processo de envelhecimento:
Art. 229 – ‘... Os filhos maiores têm o dever de ajudar a amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade’.
Art. 230 – ‘A família, a sociedade e o Estado têm o dever de aparar as pessoas
idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida’.
E, ainda sobre a família, as autoras citam a publicação de França ao pressupor os dez
mandamentos para a família do idoso:
31
1) Amar e respeitar o idoso;
2) Aceitá-lo com seus defeitos e qualidades;
3) Preservar sua dignidade;
4) Dar-lhe autonomia enquanto puder responder por si;
5) Incentivá-lo a viver e a aproveitar a vida;
6) Integrá-lo à comunidade;
7) Ouvi-lo atentamente;
8) Acolhê-lo nos momentos difíceis;
9) Tratá-lo nos momentos de enfermidade;
10) Partilhar com ele a fé e os sentimentos. (p. 107)
Portanto percebe-se que o elo entre família e idoso é muito estreito e fundamental para
uma convivência saudável.
1.5 A Importância da Afetividade e do Cuidado na Garantia da Qualidade de Vida do Idoso
A velhice é uma época de forte fragilidade afetiva no ser humano. Às mudanças
neurobiológicas que acompanham o envelhecimento cerebral se somam a perdas, que afetam
as emoções, a condição física e a situação social da pessoa idosa. Entre essas perdas
destacam-se: a perda do trabalho (com a aposentadoria), mudanças na estrutura familiar que
os faz passar de pais e cabeças da família ao papel de avós, com menor participação na
familiar, morte do cônjuge ou ente querido, enfermidade médica ou cirúrgica, depressão,
incapacidade, perda de funcionalidade e suporte social. Assim, a carência de afeto é muito
acentuada na idade madura.
Nesse sentido, o afeto representa importante elemento para a realização da dignidade
humana do idoso, pois o mesmo precisa dele para estruturar sua vida, sendo essencialmente
obtido, no seio familiar.
O termo afeto1 é oriundo do latim ad (= para) e fectum (= feito), significando “feito
um para o outro”.
1
Fonte: BARROS, Sérgio Resende de. A ideologia do afeto. Disponível em:
http://www. srbarros.com.br/artigos. php?TextID=40> Acesso em 12 abr. 2012.
32
No dicionário virtual Wikipédia (2012), afetividade é a relação de carinho ou cuidado
que se tem com alguém íntimo ou querido. É o estado psicológico que permite ao ser humano
demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser. Pode também ser considerado o laço
criado entre humanos, que, mesmo sem características sexuais, continua a ter uma parte de
“amizade” mais aprofundada.
A origem etimológica da palavra afeto é o verbo latino afficere, que significa ser
afetado, estar comovido, ter disposição da alma. Numa expressão poética, afeto é
tudo aquilo que nos faz oscilar entre a entrega e o espanto. Nesse sentido, vivenciar
o mundo dos afetos torna os seres humanos criativos, envolvidos, amantes, tanto
quanto passionais, ciumentos e irados. Portanto, falar de afetividade é falar da alma,
da psique, do coração, do amor (MARTINS, 2004, p. 59).
Verifica-se, portanto, que a afetividade é a característica fundante da família
estruturada e saudável. A falta de afeto faz dos idosos seres tristes e revoltados e com
sentimento de rejeição; além de mostrarem-se rebeldes, depressivos, ou simplesmente
incapazes de agir com segurança e serenidade.
Cuidar do idoso não só por obrigação, mas principalmente por afeto cria laços e
vínculos mais duradouros e sustentáveis da relação e maior paciência para com o paciente.
A afetividade é considerada a essência, elemento definidor do grupo familiar, ou
seja, esse sentimento que dá vida à família, sendo a criação e o desenvolvimento do
afeto funções da família, porquanto através desse sentimento proporciona-se ao ser
humano “respeito, liberdade e a igualdade” (NOGUEIRA, 2001, p. 54).
O idoso que não recebe afeto de ninguém tende a piorar seu quadro depressivo porque
a rejeição lhe pesa muito, punindo-o por estar velho. Os familiares precisam compreender que
além de cuidados físicos e médicos, o idoso precisa de afeto.
Há uma desvalorização das necessidades do idoso, por se acreditar que elas se limitam
a certas prioridades fisiológicas (alimentação, vestuário, moradia, cuidados de saúde e
higiene), remetendo ao esquecimento as de nível social, afetivo e sexual. O idoso tem
dificuldade em assumir aspectos da sua vivência, enquanto pessoa plena, isolando-se afetiva e
socialmente, negando ou desvalorizando as suas capacidades (PIMENTEL, 2001).
A convivência com a solidão, a perda de sentido de vida, a desinteresse, a desistência
são desafios corriqueiros no processo de envelhecimento, que devem ser levados em
consideração quando do diagnóstico da depressão em idosos. Assim Cuidar por afeto é muito
melhor.
33
O afeto, sentimento esse que invadiu e passou a fazer parte da vida dos seres
humanos, nada mais é do que uma troca recíproca entre os sujeitos de cuidados e de
atenção, buscando apenas o bem da outra pessoa, ou seja, é a forma de expressar
sentimentos e emoções (ROSSOT, 2009, p. 08).
Para que o idoso possa enfrentar suas dificuldades que variam de pessoa pra pessoa
(condição econômica, demência, neorroses e psicoses, depressão, mal de Alzheimer, doença
de Parkinson, doenças crônicas, etc.), é imprescindível que o afeto ande junto com os
cuidados dos familiares gerando bem-estar psicológico.
Para Lee e Ishi-Kuntz (1988, apud DEPS, 1993), o bem-estar psicológico refere-se ao
estado da mente, incluindo sentimentos de felicidade, contentamento e satisfação com as
condições da própria vida.
Assim, o idoso que por muito foi visto pela sociedade como um fardo, um problema
social em razão da sua condição de vulnerabilidade decorrente da idade avançada passa a ser
entendido como um ser humano digno de respeito, afeto e cuidados especiais, possuidor de
direitos legais. A família que abandona seus idosos em asilos ou o despreza num cantinho da
casa, está agindo de forma desumana.
A necessidade de afeto aumenta com a chegada de tanta fragilidade física e emocional
e cabe a família a sensibilidade de entender e suprir essa necessidade. Tanto o idoso que ainda
administra as contas do lar e é um chefe de família participativo na sociedade, quanto o idoso
acamado e dependente dos cuidados dos familiares necessitam de carinho, afeto e amor para
ter uma mente saudável. O abandono afetivo traz consequências sérias na vida emocional da
pessoa idosa.
Afeto é uma atitude, e não somente um sentimento. O cuidado e o afeto andam de
mãos dadas. Waldow (2001) em “Cuidado humano: o resgate necessário”, explica que:
O cuidado, portanto, é o fenômeno resultante do processo dinâmico de cuidar que
requer capacidade de modificar o próprio comportamento frente às necessidades do
outro e atitudes de honestidade, humildade, esperança e coragem. Tais requisitos são
considerados qualidades essenciais para o cuidar/cuidado e devem permear o
cuidado, porém, nunca criar dependência no ser cuidado, pois o cuidador tem o
dever de possibilitar ao outro o conhecimento, para que ele possa utilizar suas
próprias capacidades (WALDOW, 2001, p. 57).
Cuidar do idoso com afeto não é fácil. Requer muita disposição, paciência e doação.
Porém, a dimensão afetivo-expressiva faz parte da ação terapêutica do cuidado e pode ser
explicitada pela relação de confiança, no trato com carinho, no ser gentil, no demonstrar
34
compreensão, conversar, tocar, falar, escutar, olhar, dar força, interessar-se, aconselhar e
outros.
O ser humano é um ser que tem sentimentos e é a sua capacidade de envolver-se, de
afetar e de ser afetado pelo outro, que o torna humano. É esse sentimento, que se chama
cuidado e se situa na lógica do afeto. O cuidado pressupõe uma relação, e essa relação não
deve ser de domínio sobre o outro, mas de convivência. O cuidado se dá na interação e
comunhão. É a partir do cuidado com o outro, que o ser humano desenvolve a dimensão de
alteridade, de respeito, valores fundamentais da experiência humana. Assim, o cuidado se dá
numa relação afetiva, e engloba o modo de ser do ser humano, em seus laços afetivos (BOFF,
2008).
O estado afetivo gera acolhimento e alivia o sofrimento, a solidão e a dor de quem está
velho, doente e acamado. Esse tratamento não é fácil porque é comum que o paciente de
muita idade se torne intransigente, resmungão e até que passe a delirar, algo que requer muita
dedicação, paciência e amor de quem cuida.
O cuidar se apresenta como uma manifestação de afeto, pois como diria o poeta,
“quem ama, cuida”, e a concepção popular de amar remete a essa forma de
compromisso com o outro. Na língua portuguesa cuidar denota “aplicar a atenção; o
pensamento; ter cuidado com os outros e consigo mesmo; tratar de assistir”, dentre
outros sinônimos (FERREIRA, 1999, p. 589).
A entidade familiar deve ser percebida como grupo social fundado, fundamentalmente,
por laços de afetividade e obrigação de condutas éticas. O intuito da família é o de amparo,
proteção e assistência à pessoa física e psíquica idosa, aquele que, no passado, criou e educou
seus filhos.
O benefício maior do afeto familiar em relação com o idoso é a possibilidade da
realização da ternura na vida do mesmo, promovendo momentos de paz e ausências de
conflitos. Portanto, a afetividade é o elemento definidor da união familiar, consolidado na
solidariedade com outro. A função afetiva unifica e estabiliza, onde o respeito, a liberdade e a
igualdade são práticas constantes para com o idoso, acamado e doente.
O sangue e os afetos são razões autônomas de justificação para o momento
constitutivo da família, mas o perfil consensual e o afeto constante e espontâneo
exercem cada vez mais o papel de denominador comum de qualquer núcleo familiar.
O merecimento de tutela da família não diz respeito exclusivamente às relações de
sangue, mas, sobretudo, àquelas afetivas que se traduzem em uma comunhão
espiritual e de vida (PERLINGIERI, 2007, p. 244).
35
Uma dica importante é a de que os próprios familiares também podem procurar ajuda
na psicoterapia para trabalhar suas questões pessoais de envelhecimento e/ou para descobrir
uma maneira de lidar melhor com o processo de envelhecimento na vida de seu familiar, pois
está comprovado que um convívio conflituoso dos idosos com seus parentes contribuem para
prolongar ou piorar o estado de saúde dos mesmos, descontrolando a pressão arterial e os
deixando mais nervosos e angustiados.
Os idosos são pessoas carentes de atenção, carinho e afeto. Mas além de receber afeto
dos parentes e amigos é muito importante que o idoso desenvolva também sua autoestima.
Para Beauvoir, Velhice é um destino, e quando ela se apodera da nossa própria vida, deixanos estupefatos [...] quando adultos, não pensamos na idade: parece que essa noção não se
aplica a nós [...] a velhice é particularmente difícil de assumir, porque sempre a consideramos
uma espécie estranha: será que me tornei, então, uma outra pessoa, enquanto permaneço eu
mesma? (BEAUVOIR, 1970, p. 348).
A autoestima, conforme Brander (2000) é a valorização de si mesmo. Amor próprio.
É a opinião e o sentimento que cada pessoa tem por si mesma. É ser capaz de respeitar,
confiar e gostar de si. A autoestima é a vivência de sermos apropriados à vida, de sentirmos a
vida, estando de bem com ela. Para este autor, autoestima é:
1. A confiança em nossa capacidade para pensar e enfrentar os desafios da vida.
2. A confiança em nosso direito de ser feliz, a sensação de sermos merecedores,
dignos, qualificados a expressar nossas necessidades e desejos de desfrutar os resultados de
nossos esforços.
Os aspectos inter-relacionados da autoestima são:
1. A noção da eficiência pessoal (autoeficiência).
2. A noção do valor pessoal (autorrespeito).
Na qualidade de uma vivência psicológica plenamente realizada, a autoestima é a
soma integrada desses dois aspectos.
O Idoso já em idade avançada, hospitalizado, ou acamado em casa, muitas vezes se
encontra com sua autoestima muito baixa, uma vez que o preconceito acerca do
envelhecimento ocasiona por si só um impacto negativo na sua autoimagem. Por isso que
trabalhar na mente do idoso o amor próprio, o autoperdão, a autoestima, e a afetividade é
muito importante.
36
A partir do momento em que grande número de pessoas espera gozar de uma longa
velhice, o bem-estar psicológico passa a ter um significado de fundamental importância na
vida do idoso.
A afetividade é um fator muito importante na vida do idoso. É importante enfatizar
que a afetividade é a capacidade de experimentar sentimentos e emoções, como um estado de
ânimo que proporciona a tonalidade do relacionamento do indivíduo com o mundo e consigo
próprio (MARTINS, 2004, p. 59).
O bem-estar psicológico, segundo Diener e Suh (1997), refletirá em uma avaliação que
o doente faz de sua vida que foi influenciada por valores pessoais, padrões sociais e aspectos
históricos que possuem componentes cognitivos (saúde, relações sociais e espiritualidade) e
afetivos (afetos positivos, felicidade e alegria, e afetos negativos, tristeza, infelicidade).
Nesse sentido, a assistência psicológica é muito importante para proporcionar o alívio
emocional para idoso e sua família. Por outro lado, sentimentos de compaixão, amor, afeto,
respeito devem permear o lar de toda família, inclusive daquela que possui um idoso sadio ou
doente.
Os psicólogos, preocupados com a qualidade de vida na velhice devem ter como meta
a conservação da autonomia dos idosos até onde for possível, e a permanente promoção do
bem-estar psicológico dos mesmos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A discussão apresentada nesse trabalho foi extremamente importante e esclarecedora
para se entender as características biológicas, sociais e psicológicas que passa o ser humano
em seu processo de envelhecimento. O estado físico e emocional do mesmo traz dificuldades
que para serem auxiliadas precisam ser compreendidas. Nesse panorama, mostrou-se como a
família do idoso possui um papel fundamental e como o cuidado e a afetividade são essenciais
para a garantia de qualidade de vida da pessoa idosa.
Este estudo nos permitiu identificar os principais aspectos emocionais do idoso. Além
disso, observou-se o quanto o apoio da família é relevante na vida do idoso, principalmente o
idoso dependente, doente e acamado. Junto com a idade e as doenças degenerativas próprias
desse estado, surgem sentimentos de solidão, desamparo, desmotivação, sentimento de
inutilidade, estados depressivos. É na família, em especial a pessoa designada para ser o
cuidador do idoso, que o mesmo irá encontrar o suporte emocional, afetivo, cuidado, amparo
e segurança física e psicológica. Porém, a família e o cuidador também devem estar
preparados para enfrentar as mudanças e dificuldades que acompanham o processo de
envelhecimento e adoecimento, pois só assim, poderá haver compreensão, zelo e afetividade
no ambiente familiar.
Contanto, o estudo nos mostrou que é necessário haver também preocupação com as
consequências que o cuidador possa adquirir diante dessas dificuldades, ressaltando a
sobrecarga, o estresse e o desgaste físico e emocional que atinge diretamente a pessoa que
cuida do idoso e a repercussão disso tudo no idoso.
Nesse sentido, o apoio do profissional de psicologia é muito importante tanto para a
família, especialmente o cuidador, quanto para o idoso.
Assim, os valores humanísticos de solidariedade, respeito, afeto e compaixão devem
fazer parte da comunicação empática entre o psicólogo, o paciente e a família, o que
só pode ocorrer em uma dinâmica terapêutica afetiva, peculiar, em cuja construção
relacional do psicólogo com o idoso e sua família está inserida a equipe de saúde
num atendimento multidisciplinar integrativo (MARTINS, 2004, p. 70).
É imprescindível, portanto que a família tome consciência do seu verdadeiro papel na
segurança afetiva da vida do idoso, mudando a visão de que o mesmo é inútil, um fardo e
38
tratando-o como ele de fato merece ser tratado, como alguém que muito já contribuiu e que
agora tem um direito a um retorno afetivo através da gratidão, do cuidado, do respeito e do
amor.
Envelhecer implica perdas, mas também implica ganhos. Mediante atuações
embasadas em solidez teórica e discernimento, na análise das condições de contexto,
os psicólogos podem apoiar os idosos, na sua justa busca por continuidade no
desenvolvimento do bem-estar. Podem ajudar a sociedade a construir as condições
necessárias ao desenvolvimento e ao envelhecimento bem sucedidos de todos os
seus membros (NERI, 2008, p. 109).
É necessário que se aprenda a cuidar da saúde física e mental, obter informações para
que se possa envelhecer de uma forma saudável e preparando a sociedade para uma melhor
aceitação da velhice, pois não é possível rejuvenescer a velhice, mas proporcionar condições
psicológicas, físicas e sociais para se viver com satisfação, bem-estar e equilíbrio durante esse
período da vida e também provando que o idoso tem importante papel social, quebrando as
discriminações e os preconceitos para com os mesmos.
No entanto os dados aqui apresentados pressupõem uma ampliação do estudo, visando
oportunizar aos profissionais da área de psicologia para despertarem para novas descobertas,
uma vez que um estudo não esgota um assunto tão complexo, principalmente os afetos, as
emoções e comportamentos que permeiam a vida de todo idoso e sua família.
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