A “JIHAD” global – fatos significativos e sua relação
com os grandes eventos no Brasil
A organização terrorista Al-Qaeda foi criada por Osama
Bin Laden para combater os inimigos do Islã, que eram, segundo Bin
Laden os Estados Unidos da América (EUA) e Israel. Desde a década
de 1990, esse grupo passou a executar atentados extremistas. A sua
estrutura baseia-se em células operacionais clandestinas presentes
em diversos países e com infra-estrutura econômica que inclui um
sistema de empresas comerciais e financeiras, que banca a atividade
operacional e, às vezes, também serve-lhe de cobertura.
Essa organização apresenta um modelo particular para
criação do que chama “estado islâmico”: eliminar a presença e
influência ocidental nos países muçulmanos; eliminar regimes
apóstatas; instaurar regimes islâmicos; e criar o califado.
Em se tratando da estratégia para suas ações, a Al-Qaeda
julga que existem duas partes em conflito: o cristianismo mundial
aliado com o judaísmo sionista, liderado pelos EUA, compreendida
como a que organiza ataques, profana as terras do Islã e seus
lugares sagrados e saqueia o petróleo dos muçulmanos; e o mundo
muçulmano (Umma), que tem o dever religioso de resistir à
corrupção que ameaçaria seus princípios.
Os métodos considerados necessários pela “jihad” —
palavra árabe que originalmente significa luta interior para se
autoaperfeiçoar, mas que os grupos extremistas islâmicos utilizam
para tratar como se fosse uma guerra santa — para alcançar seus
objetivos consistem em trabalho de conscientização no Umma sobre a
ameaça ocidental e em pegar armas para fazer frente a essa ameaça,
inclusive com resistência física. Por isso, os ideólogos da Al-Qaeda
defendem a unificação de todos os grupos terroristas islâmicos para
resistir ao inimigo.
Baseados nesses conceitos, podemos perceber que existe
uma predisposição natural, nos países de maioria muçulmana, a
entrar em conflito, seja no campo das ideias ou na ação armada ou
ainda em mobilizações no seio da população civil para combater
qualquer coisa que possa estar relacionada com o ocidente, sua
forma de vida, pensamentos, entre outros, tornando-se, assim, em
um pavio que pode ser aceso a qualquer momento por uma faísca.
É o que estamos vendo acontecer agora, quando da
divulgação de um filme que ofenderia o islã, por meio de seu profeta,
Maomé. Nesse momento, não importa se o mesmo foi produzido com
a intenção de provocar ou não, ou se foi patrocinado pelo governo
norte-americano ou não. O que importa é a hostilização pela
hostilização.
O assassinato do embaixador americano na Líbia,
sincronizado com manifestações anti-EUA na Tunísia, no Iêmen, no
Irã e no Egito, só contribui para esse raciocínio.
Também nessa linha, está o posicionamento do governo
francês de fechar temporariamente, pelo menos oficialmente, várias
embaixadas, consulados, escolas, entre outros, decisão essa que
pode ser seguida por outros países.
É óbvio que organizações extremistas como a Al-Qaeda
vão procurar se beneficiar desse tipo de reação das sociedades
muçulmanas, visando capitalizar a seu favor o antagonismo
provocado por esse tipo de manifestação espontânea.
Associado a isso, ainda existem outros fatores a serem
considerados, tais como: a crise mundial de 2008, que até hoje vem
provocando o desgaste e enfraquecimento dos EUA — a sua posição
relativa no cenário internacional, corroída com cortes no orçamento
militar e o favorecimento inicialmente discreto, depois explícito, às
forças que se levantavam contra governos aliados ou neutros — e da
Europa; o atual processo eleitoral nos EUA; a chamada primavera
árabe: movimento popular que se alastrou por vários países, que tem
como seu maior exemplo, a crise na Síria, e que tem como pano de
fundo o embate de vários interesses, não só políticos ou religiosos,
mas sim estratégicos (interesses da Rússia e da China, em
contraponto aos EUA).
Portanto, é de se acreditar que, de agora em diante, os
observadores internacionais fiquem cada vez mais atentos aos sinais
que estão aparecendo a todo momento no cenário mundial, de
acirramento de ânimos entre diversos atores (países) e do
aproveitamento desse quadro pelas organizações terroristas.
Nesse âmbito, cabe lembrar que o Brasil, por conta da
realização de grandes eventos nos próximos anos e do papel que
cada vez mais assume no cenário internacional, torna-se um alvo
muito interessante de grupos como a Al-Qaeda.
Em que pese no País não haver conflitos declarados entre
grupos religiosos, é importante que os organismos de segurança
preparem-se cada vez mais para o que está por vir, seja capacitandose ou mesmo adquirindo equipamentos que garantam um mínimo de
tranquilidade tanto para os cidadãos nacionais quanto para os turistas
que, com certeza, visitarão o Brasil com cada vez mais frequência a
partir de agora.
Paulo de Tarso Resende Paniago.
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