COIMBRA
&
VISEU
2012 - PORTUGAL
ID=56
Rótulos terapêuticos do vinho do porto
BORGES Inês
CEAUCP/CAM-GEMA; Centro de Investigação Joaquim Veríssimo Serrão (CIJVS – PT
[email protected]
É no domínio das Ciências Biomédicas, medicina e farmácia e no mundo Oitocentista e Novecentista
português que os rótulos terapêuticos do vinho do Porto encontraram legitimação/fundamentação, e
contribuíram para a construção duma imagem de marca, vocacionada ao consumo nacional, de África e
Brasil.
A prescrição do vinho do Porto como meio terapêutico foi uma forma de expressão do pensamento
médico-farmaceutico. O álcool e o vinho, especialmente o do Porto, como medicamento estavam
contemplados na Pharmacopêa Portugueza (3.ª Farmacopeia oficial), na sua edição oficial de 1876, assim
como na Farmacopeia oficial de 1935, e na 2.ª edição da mesma, que foi impressa em 1946 na Imprensa
Nacional em Lisboa.
Outra obra Oitocentista, como a de 1873, “Elementos de Pharmacologia Geral ou Princípios Gerais de
Matéria Medica e de Therapeutica”, de Bernardino Antonio Gomes enumera o álcool e as bebidas/vinhos
como substancias utilizadas como diuréticos.
A Dissertação Inaugural, escrita por um médico Oitocentista, Francisco Fernando Godinho de Faria,
intitulada “Vinhos Portuguezes considerados Hygienica e Therapeuticamente”, apresentada, defendida e
aprovada perante a Escola Médico-Cirúrgica do Porto em Julho de 1879, instalada ainda à época no
Hospital Geral de Santo António, uma das grandes referências na cidade, e no Norte fazia a apologia do
vinho e as Applicações à Therapeutica – O vinho considerado como medicamento, estabelecendo as
indicações e contra-indicações do emprego deste nas diversas modalidades do estado patológico.
Assim a partir destas fundamentações a retórica gráfica dos rótulos do vinho do Porto adquire um
texto explicativo das qualidades terapêuticas, de tónicos e nutritivos, reconstituintes, digestivos,
antipiréticos, anti-neurastenico, recomendados às pessoas de organismo débil, e para convalescentes.
Surgem por isso rótulos de vinho do Porto de Farmácia, da Cruz Vermelha, dando
credibilidade/validação incontestável aos mesmos, e lançando-os no mercado dos produtos
especificamente farmacêuticos. Casas produtoras tradicionais como Rodrigues Pinho, Morgado & Silva
(Porto), José Pereira da Costa (casa fundada em 1848), J. H. Andresen (estabelecido em 1845, Porto),
Companhia Mercantil do Alto Douro (Porto), António da Rocha Leão (casa fundada em 1870, Vila Nova de
Gaia), A. G. da Silva Barrosa Lda., (Vila Nova de Gaia), Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto
Douro (fundada em 1756 pelo Marques de Pombal), Corrêa Ribeiro, Filhos (Vila Nova de Gaia) lançam no
mercado inúmeros rótulos que conferem uma importante identidade visual da marca do vinho do Porto, e
se assumem como veículos por excelência de informação, neste caso terapêutica. Outras casas produtoras
como Amadeu Martins Pinto, Lda., de Vila Nova de Gaia, e a Sociedade dos Vinhos do Porto Lda.,
apresentam rótulos de vinhos quinados, e tónicos para exportação.
©www.vdqs.net/2012Coimbra
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