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ESPECIAL
Texto e foto: Filipe Cerolim
A maior vitória de Jorge Ricardo
Foram quatro meses longe ‘do que mais gosta de fazer na vida’. Após tornar público, no dia 13 de julho, na Argentina,
o linfoma a que estava acometido, Jorge Ricardo finalmente voltou ao dorso de um cavalo puro sangue na última quinta-feira,
dia 19 de novembro.
O campeoníssimo Ricardinho trabalhou dois animais do treinador Luciano Tonini Holanda, a tordilha Embraceful e o castanho
Desejado Talk (3° colocado no GP Costa Ferraz em 2008), ambos do Stud Alvarenga, no palco onde iniciou sua trajetória campeã:
o Hipódromo da Gávea. Na oportunidade, com a alegria de um garoto, Ricardinho falou sobre o retorno e os planos para o futuro.
Ao se preparar para o matinal, o bridão confessou um certo nervosismo. “Estava ansioso, mas também muito nervoso.
Parecia até que estava montando um cavalo pela primeira vez. Cheguei até a brincar com a minha mulher em desistir hoje e voltar
para casa, mas não tinha como, a saudade de montar falava mais alto. Ainda mais aqui na Gávea, onde conquistei grandes vitórias.
Graças a Deus deu tudo certo!”
Sobre o trabalho com os animais, Ricardinho não escondeu que teve uma pequena dificuldade. “Os cavalos fizeram força,
tentaram disparar e eu consegui manter os mesmos. Depois de quase cinco meses sem montar, me senti muito bem com essa volta.
É claro que o corpo ficará um pouco doido, mas faz parte. Estou muito feliz por essa volta.”
Jorge Ricardo falou sobre o planejamento dos treinos. “Domingo, dia 22, retorno para a Argentina e lá planejo começar os
treinamentos. No início acredito que devo trabalhar um ou dois animais por dia, e assim, gradativamente ir aumentando para conseguir
um melhor ritmo de corrida, não pela doença que tive, mas por ter ficado muito tempo parado. Durante esse tempo continuei fazendo
musculação e caminhando, por isso o peso não é problema. Tenho que ter paciência agora. Não é hora de fazer loucura.”
Sobre as ‘loucuras’, Jorge Ricardo disse que só irá participar do festival internacional do GP Carlos Pellegrini se tiver em
perfeitas condições.
“Não adianta entrar em um páreo desses sem condições. Não tem como forçar a barra, mas quero muito participar. Uma
prova como esta você tem que estar preparado. Acredito muito no Flymetothemoon e conversando com o Venâncio dá para ver
que ele tem muita fé nos animais (Flymetothemoon e Jeune-Turc). Mas ganhar, já são outros quinhentos; porque conta a viagem e
como o animal vai se comportar. Ano passado foram 24 animais, ou seja, normalmente muitos competidores de alto nível disputam
essa prova. Vou fazer o possível para somar mais essa conquista”, garantiu.
Ricardinho não deixou de falar sobre a busca do recorde mundial, que atualmente pertence ao canadense Russel Baze. Quando
parou de montar, o brasileiro estava com 10.569 vitórias.
“É uma meta! Tentarei reconquistar o recorde mundial. Sei que o Baze abriu uma grande
vantagem sendo que ele é um pouco mais velho e deve parar de montar antes de mim; até
mesmo diminuir o ritmo. Sendo que tudo isso dependerá de como eu vou voltar. O meu
grande proveito é poder montar todo dia na Argentina. Se conseguir a frequência de
vitórias como estava antes, acredito que posso retomar
o primeiro posto, até porque ele não abriu tanto assim
nesses quatro meses que fiquei parado. Mas estou
tranquilo quanto a isso”, disse.
Sobre esse tempo que ficou afastado das
pistas, J. Ricardo mostrou que foi a principal
vitória da carreira. “Sem dúvida, é uma das
minhas maiores vitórias: poder voltar a fazer
aquilo que mais amo na vida. Aprendi muita
coisa nesse tempo, como aproveitar mais a
vida, dar mais valor a ela e valorizar a família,
meus filhos, que foram muito importantes nesse período. É
claro que sempre sou obstinado naquilo que faço, que
conquistei, mas estou pensando um pouco mais no Jorge Ricardo
homem e dando mais valor a ele”, finalizou o novo Ricardinho.
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