EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA NA GLOBALIZAÇÃO CULTURAL Bruna Busnardi Mariana da Silva Cassemiro O ensino de línguas na contemporaneidade Docente: Profa. Dra. Maria Helena V. Abrahão 10 de junho de 2009 O impacto da globalização no ensino de línguas no Japão Ryuko Kubota Globalização implica em um aumento da diversidade local influenciada por contato humano além das fronteiras culturais, assim como em uma troca rápida de produtos e informações. • Em 1999, mais de 16 milhões de japoneses viajaram para fora do Japão e aproximadamente 5 milhões de estrangeiros imigraram para o Japão. Americanização difusão de valores americanos, produtos para serem consumidos e estilo de vida. outro lado da globalização aumento do nacionalismo Natureza paradoxical da globalização o problema das interações globais de hoje é tensão entre a homogeneização cultural e a heterogeneização cultural. Tensão da globalização no ensino e aprendizagem de línguas no Japão – os três lados do triângulo: Diversidade étnica, linguística e cultural nas comunidades locais A prevalência do Inglês Nacionalismo • O Japão não é uma nação étnica e linguisticamente homogênea; • No final dos anos 80, a globalização atraiu um grande número de trabalhadores estrangeiros e estudantes para o Japão; • A diversidade étnica e linguística dentro do Japão está crescendo; infelizmente, essas diversidades não são suficientemente refletidas na educação de línguas. O discurso de kokusaika (internacionalização) O discurso de kokusaika objetiva entender as pessoas e as culturas nas comunidades internacionais por meio de diversas oportunidades sociais, culturais e educacionais. considera o inglês a língua internacional, influenciando a educação de língua estrangeira. Reforma educacional • O impacto do discurso de kokusaika foi particularmente proeminente na reforma educacional nos anos 1980; Inglês expressar e explicar pontos de vista dos japoneses no mundo e manter a identidade japonesa na comunidade internacional. Kokusaika produziu as seguintes premissas na educação de língua estrangeira: 1- língua estrangeira é inglês; 2- o modelo para inglês deveria ser o padrão norte-americano e variedades britânicas; 3- aprender inglês leva à compreensão internacional/ intercultural; 4- identidade nacional é incentivada por meio da aprendizagem de inglês. o inglês padrão As premissas demonstram convergência com culturas de países falantes de inglês manutenção da identidade nacional Língua estrangeira é inglês • INGLÊS => a língua estrangeira se deve ao conceito de que inglês é a língua internacional e sua aquisição é útil para a COMUNICAÇÃO INTERNACIONAL. • Inglês como língua internacional => valorização do inglês em detrimento de outras línguas. Exemplo: criança bilingue em japonês e inglês é elogiada, enquanto aquela que é bilingue em japonês e português não recebe nenhuma atenção. O modelo para inglês deveria ser o padrão norte-americano ou variedades britânicas • Mito do falante nativo • De acordo com estudantes japoneses, o inglês americano é puro e autêntico. idealização do falante nativo como alguém que tem conhecimento perfeito e inato da língua e da cultura e, portanto, é o melhor professor de inglês. Aprender inglês leva à compreensão internacional e intercultural • O objetivo da compreensão internacional por meio da aprendizagem de inglês é desenvolver atitudes não tendenciosas e habilidades comunicativas “cross-cultural” e não conhecimento sobre culturas do mundo; • Entendimento internacional não implica diminuir as fronteiras nacionais entre indivíduos, mas melhorar o conhecimento entre grupos que seriam fundamentalmente diferentes. Identidade nacional deveria ser incentivada por meio da aprendizagem do inglês Coexistir e interagir sem preconceito entre pessoas que têm culturas e costumes diferentes adotar orgulho, amor e compreensão da história, cultura e tradições do próprio país. Kokusaika => reflete na educação de língua estrangeira no Japão. Kokusaika Anglicanização = ênfase no ensino de inglês – preferência pelo inglês norteamericano e variedades britânicas Nacionalismo – aderência a uma única identidade japonesa na compreensão internacional Aprender inglês para se expressar e explicar a cultura japonesa para o resto do mundo e não simplesmente aprender sobre a cultura de nações que tenham falantes da língua inglesa. Aprendizagem de língua estrangeira como prática comunicativa global Claire Kramsch e Steven L. Thorne • Objetivo: refletir sobre as implicações das tecnologias de comunicação global para o ensino e uso de línguas estrangeiras. Competência comunicativa habilidade de dividir e negociar significados e convenções. Negociação aquelas interações nas quais os aprendizes e seus interlocutores ajustam sua fala fonologicamente, lexicalmente e morfossintaticamente para resolver dificuldades no entendimento mútuo que impede o curso de sua comunicação (PICA, 1995). Duas visões de comunicação COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO transmissão de informações ritual de engajamento confiança precede a verdade objetiva Paradoxo da comunicação global • Incentiva a alienação reduzindo o contato face-a-face; • Senso de conectividade, interação social construção de comunidade. “Este idealismo (...) não é baseado em conhecimento e informação sobre o Outro, mas sim em vagas tentativas de estabelecer confiança baseada em uma suposta cultura jovem comum.” (p. 90) (grifo nosso) Comunicação Para os franceses Para os americanos • transmissão de fatos objetivos, válidos e verificáveis de fontes autênticas. • ritual de engajamento (incentivar a confiança). CHOQUE entre as duas visões de comunicação problema na interpretação das mensagens • Choque cultural –> diferentes visões sobre gêneros “It felt like they were writing essays and sending them to us rather than having an email conversation with us.” (p. 97) • Os alunos franceses acreditavam que a confiança viesse das verdades objetivas de suas frases. • Os alunos americanos, que inicialmente começaram as interações a fim de melhorar o francês e entender melhor as vidas dos franceses, viam a comunicação como um ritual de construção de confiança mútua. • Gênero foi a maior fonte de desentendimento na prática comunicativa global. • Desafio: preparar o professor para transferir o gênero dos seus sistemas educacionais locais para ambientes de aprendizagem globais e preparar os alunos para lidar com práticas comunicativas globais que exigem mais competência comunicativa local. Necessidade de repensar a competência comunicativa no mundo global. “McCommunication” – Um problema no modelo de SLA • negociação pelo significado: central para a compreensão da comunicação como transação de informação ; • Capítulo: trata dos defeitos desse construto como uma maneira de “esquematizar” a comunicação -parte de uma tendência geral global rumo à racionalização e à “tecnologização” do discurso. Globalização e framing • A globalização torna possível a disseminação da cultura de maneira extensiva, intensiva, rápida e impactante. • O termo frame é utilizado de acordo com os trabalhos de Donald Schon (Schon, 1979; Schon e Rein, 1994): o primeiro passo rumo à compreensão do discurso do indivíduo a respeito de quaisquer fenômenos no mundo real é a tentativa de se reconstruir as metáforas básicas em torno das quais tal discurso é organizado. • Relevante para o capítulo: modo pelo qual os “esquemas” (frames) são geralmente transferidos de um domínio da experiência para outro. Processos metafóricos que vêem A como B, dentro de um domínio particular da experiência Domínios inteiros também passam a ser vistos em termos de outros domínios nível subconsciente coletivo - os grupos, repentinamente ou gradualmente, passam a enxergar um domínio da experiência de forma diferente • Eventos, experiências e fenômenos da nossa vida diária estão sempre sujeitos à “estruturação” e à “reestruturação”. compressão temporal e espacial globalização “estruturas”, que poderiam ter continuado locais, circulam rapidamente pelo mundo. Reestruturando a comunicação • disseminação da “tecnologização do discurso” (Fairclough, 1992, 1995): Processo por meio do qual uma esfera particular das práticas discursivas é colonizada por metodologias e práticas que, anteriormente, eram alheias a ela. • tecnologização do discurso: “conversionalização do discurso institucional” - Cameron (2000: 86-86): “styling”, uma vez que essa mudança só se dá aparentemente e não essencialmente. • Ritzer (1996, 1998, 1999): a vida das pessoas ao redor do mundo está se tornando, progressivamente, mais americanizada, altamente racionalizada, e desumanizada; • “McDonaldization” = princípios do restaurante fast-food estão começando a dominar cada vez mais os setores da sociedade americana e também do restante do mundo. mini-burocracias: eficiência, calculabilidade, previsibilidade, controle e padronização. • Comunicação Referencial (Yule 1997: 14-15): utilizar a L2 para cumprir algum objetivo transacional - educacional, de negócios, comunicação técnica, ou em qualquer contexto em que a língua tornou-se uma língua franca. • Análise dos livros de L2 das duas últimas décadas: a maioria das tarefas empregadas é de natureza referencial. O tipo de comunicação que surge dessa tendência é a troca de informação racionalizada: “McCommunication” McCommunication e negociação pelo significado • McCommunication: esquematização da comunicação como uma atividade racional destinada à troca de informação entre indivíduos de maneira eficiente, calculada, previsível, controlada e padronizada, por meio da língua, compreendida em termos estritamente linguísticos (sintaxe, morfologia, fonologia, e léxico). • ênfase na comunicação eficiente é uma preocupação de muitos pesquisadores de SLA: comunicação como transferência de informação, ou negociação de sentido. • Definições de negociação de significado: (Long, 1996: 418) “negociação de sentido é o processo no qual, no esforço de se comunicar, aprendizes e falantes competentes oferecem seus próprios sinais e interpretam seus próprios sinais e de seus interlocutores, fazendo ajustes às formas lingüísticas, estrutura conversacional, conteúdo da mensagem, ou aos três, até que um nível aceitável de compreensão seja alcançado.” (Pica et al. 1996: 61): “negociação entre aprendizes e interlocutores ocorre durante o curso de sua interação quando um dos dois sinaliza com questões ou comentários que a mostram que a mensagem anterior não foi expressa de maneira satisfatória. O outro responde, geralmente repetindo ou modificando a mensagem. A versão modificada pode ter a forma de uma palavra ou oração extraída/segmentada do enunciado original, uma paráfrase, ou uma substituição sinonímica daquela” • Modelo de NfM (negociação pelo significado) Shannon e Weaver (1949): 1. Língua é um meio utilizado pelos seres humanos para transferir pensamentos, sentimentos e ideias de uma pessoa para outra; 2. No processo de fala e escrita, humanos empacotam seus pensamentos, sentimentos e ideias em palavras; 3. As palavras mantêm o significado pretendido pelo locutor; 4. O receptor desempacota ou extrai das palavras os sentidos pretendidos. EFICIÊNCIA: os indivíduos devem ser atentos e eficientes, devem estar alinhados ao objetivo para resolverem problemas comunicativos quando surgirem. CALCULABILIDADE: comunicação como um fenômeno que pode ser dividido em unidades individuais contáveis (unidades semânticas, informacionais e sintáticas). PREVISIBILIDADE: “dispositivos” que serão utilizados pelos interlocutores quando estão negociando em busca do sentido. CONTROLE: o tipo de tarefa PADRONIZAÇÃO: modelo de mais proveitosa é aquela ensino de língua aplicável a relativamente não-familiar diversos contextos - método para o aprendiz, a tarefa é de global de ensino de línguas. duas vias; é convergente; e as intervenções dos participantes devem ser planejadas. Um novo modelo para comunicação em SLA? • Duas questões: 1. O que está errado com a visão “McDonaldized” da comunicação encontrada no NfM? 2. O que o autor propõe em substituição à “McCommunication”? • Modelo desejável: mais amplo e rico para comunicação, que leve em conta tanto aspectos sociais quanto psicolinguísticos da comunicação, que dê conta de todas as interações que são, de alguma maneira, contextos de aquisição de língua. • A maioria das interações do dia-a-dia nas quais se engajam os indivíduos em contextos imigratórios pode ser oportunidades de aquisição em potencial. SLA em Barcelona: uma questão de identidade e de preservação da face Autor: duas trocas comunicativas que aconteceram durante os 18 anos em que viveu como um imigrante em Barcelona. Em ambos os casos, o autor ocupava a posição do interlocutor menos competente em trocas comunicativas com bilíngües para quem o Catalão era primeira língua e o Espanhol a L2. Em ambos os casos, embora tenha havido, certamente, alguma negociação pelo sentido, houve também negociação por identidade e face, dois aspectos muito mais importantes do senso do indivíduo de “ser competente como um falante de outra língua”. Globalização, métodos e práticas em salas de aula periféricas A. Suresh Canagarajah • Preocupação: uso dos métodos de ensino e dos paradigmas pedagógicos desenvolvidos no mundo ocidental. • Questões levantadas: relevância cultural e quão apropriados são esses métodos para comunidades locais. • A realidade geopolítica da globalização é, algumas vezes, exagerada por discursos do pósmodernismo que brincam com cenários linguísticos sérios e com o imperialismo educacional. • Provoca uma atitude descompromissada frente à dominação. • Nutre visões sobre um meio global democrático e compartilhamento mútuo. • Impulsiona à tendência existente na produção e exportação de métodos/materiais de ensino de L = monopólio de comunidades mais desenvolvidas. • globalização = liberdade suprema? Por quê? A “vila global” ainda está estratificada de maneira desigual, de acordo com as diferenças de poder e de recursos materiais. • Métodos: traçam um paralelo com as relações comerciais tradicionais em produtos industriais no mercado internacional. O mundo ocidental também exerce o monopólio do mercado dos métodos de ensino de línguas. • Não é surpreendente que professores de comunidades menos desenvolvidas acreditem que os materiais/métodos desenvolvidos pelo mundo ocidental sejam os mais eficientes. • Círculo vicioso: dependência que tornando cada vez mais profunda. vai se • Métodos podem limitar o pensamento crítico e impor valores e práticas homogêneos. Widdowson (citado em Phillinpson 1992: 226): de um modo ou de outro, as comunidades locais acabam tendo de se adaptar ao conjunto de conceitos pré-empacotados, ao invés de tentarem olhar para problemas reais, dentro dos seus contextos. • Profissionais do círculo central (ocidental): tentativa de desenvolver maneiras de “transferir” métodos para outros contextos sócio-culturais sem danos culturais. Criticando modelos de transferência de métodos • Dois modelos que propõem uma transferência mais efetiva de métodos para comunidades periféricas e contextos de ensino distintos: Holliday Desenvolver uma “metodologia apropriada”. Explorar maneiras de desenvolver métodos que são relevantes no e para a eficiência em contextos de ensino periféricos. Define e desenvolve a CLT como um método culturalmente neutro – ele integra as diferentes visões sobre a CLT, desenvolvendo, assim, uma compreensão ampla e generalizada do método. “(…) etic model that can find emic aplication in different cultural contexts” (p.137). Crença de que a CLT é o pilar do desenvolvimento metodológico no ensino de línguas, é contra uma visão “em série”- um método após o outro– e a favor de uma visão “evolucionária” – um método sempre acrescenta algo ao próximo, e etc. Pennington Explicar o processo por meio do qual os professores internalizam novos métodos. Modelo amplamente psicológico que tenta explicar processos universais de adoção e adaptação pedagógicas. Derivado de pesquisa empírica. Leva em consideração as complicações que os professores enfrentariam em cada nível conforme eles procedem para uma conscientização mais profunda. Leva em consideração também o fato de que poderia haver certa resistência por parte do professor acerca de novos métodos e que os valores/interesses/predisposições dos professores irão mediar a recepção do novo método. Admite que a pedagogia será internalizada de acordo com as restrições que os professores experienciam no contexto. • Resistência a abordagens orientadas pelo processo: estudantes periféricos não dominam os códigos e as regras exigidas para adentrarem o cenário dominante, e negar esse fato é propagar essa desvantagem. Desse ponto de vista, métodos processuais são baseados nas necessidades linguísticas das comunidades dominantes, cujos alunos devem apenas desenvolver os códigos e regras exigidos por meio de prática e interação ativa. • Essa tradição acadêmica mostra a imensa complexidade dos contextos sociais, culturais e históricos que podem mediar o uso do método em sala de aula. Considerar a efetividade e a relevância das pedagogias orientadas pelo processo em todos os contextos. A pedagogia do pós-método • “condição pós-método”: quando em contato com a sala de aula, o método é modificado pela logística, cultura e forças institucionais que ali existem; • Não há o “melhor método”; • As pesquisas apenas mostram os diferentes graus de eficácia de certas abordagens em certos contextos de ensino -> atualmente, os professores devem desenvolver estratégias pedagógicas para atender as condições específicas de suas salas de aula. • Como fica a prática de sala em contextos em que nenhum tipo de método é adotado? = Dar poder ao conhecimento local dos professores. • O conhecimento local pode (e deve) ser desenvolvido de maneira construtiva: aprender com nossas próprias tradições pedagógicas – incluindo as ocidentais – a fim de obter uma compreensão crítica e reflexiva sobre as abordagens intuitivas de alguém. • INTERPRETAR COMO A NOÇÃO DE “ESTRATÉGIAS” PODE OFERECER UM MEIO DE IMPLEMENTAR E ANALISAR O CONHECIMENTO LOCAL PARA PROPÓSITOS DE ENSINO. • modelos de estratégias: entender as estratégias típicas usadas pelos aprendizes em sua vida diária para negociar a aquisição da língua. aprendizes conscientes de suas estratégias de aprendizagem aprendizes motivados a descobrirem seus estilos típicos de aprendizagem otimização do processo de aquisição. • Aprendizes cientes da gama de estratégias disponíveis e que funcionam para eles = aprendizes aptos a desenvolverem consciência meta-pedagógica. • Aprendizes aprendem independentemente, conforme refletem sobre as estratégias que produzem melhores resultados e, conscientemente, empregam essas estratégias no processo de aquisição futuro. • Embora o ecletismo seja desejado, deve haver princípios claros guiando o emprego das estratégias de acordo com contextos e grupos de alunos distintos. • Macro estratégias (Kumaravadivelu, 1994: 32): os professores podem gerar suas estratégias de acordo com o contexto onde se inserem, podem desenvolver micro estratégias baseadas nas necessidades, e técnicas de sala de aula. • É importante mostrar aos alunos as implicações da utilização de suas próprias estratégias. Eles devem perceber as consequências disso para a representação de suas identidades, discurso e voz. • O aluno não deve ir da “língua nativa” para a L-alvo, ou da Cultura 1 para a Cultura 2, é necessário que ele transite entre as duas línguas e culturas. • Requer: consciência metalinguística e meta-cultural dos códigos e convenções. • Os métodos de ensino são baseados na pressuposição de que se deve ir de uma a língua a outra, uma de cada vez. Eles também são instrumentais e objetivos, fazendo com que professores e alunos foquem no alvo a ser alcançado mais do que no caminho a ser trilhado. • Ensinar os alunos as habilidades para negociar as línguas e culturas e não acomodá-los em uma L/C por vez e oferecer confiança para que assim o façam. • Inadequado: utilizar apenas as estratégias com as quais os alunos sentem-se confortáveis. • Objetivo: negociar e expandir o nível de conforto dos alunos. • negociação das estratégias pedagógicas apropriadas: controle de sua experiência de aprendizagem, responsabilidade pelo que aprendem de acordo com suas necessidades linguísticas e sociais. Esse processo de pedagogias em negociação é mais igualitário do que os modelos propostos anteriormente. • Democratização da sala de aula: não quer dizer que não há mais lugar para o professor, mas que a autoridade do professor é agora “ganhada”, negociando-se com os estudantes de acordo com os contextos de ensino. • Proposta: pensar inicialmente nas realidades dos alunos e dos contextos antes de adotar uma prática pedagógica. Os professores devem selecionar técnicas que funcionaram com eles em sua experiência e que estão disponíveis no conhecimento local. • O modelo de aprendizagem por estratégias é outra versão do atual paradigma processual ocidental? Implicações para alunos e professores periféricos • Como a abordagem de aprendizagem de estratégias lida com o problema das desigualdades de transferência pedagógica? • De que maneiras ela combate a hegemonia existente por trás dos métodos? • Essa abordagem encoraja os professores e aprendizes a tornarem-se mais reflexivos e criticamente conscientes acerca das estratégias que eles consideram úteis de acordo com uma gama de fatores contextuais; • O abandono do conceito de métodos dá poder aos professores periféricos, pois eles podem descobrir suas abordagens pedagógicas por meio da negociação com os aprendizes e ficam livres da pressão de utilizarem métodos vindos de contextos de suposta “dominação” intelectual; • Tira o apoio de professores que imigram para países periféricos e eles passam a ter que compreender as peculiaridades do contexto de ensino/aprendizagem; • Considerando-se que essa abordagem envolve a pesquisa e o ensino em uma relação dependente, o professor desfruta da possibilidade de desenvolver uma prática pedagógica crítica, uma vez que ele deve aprender também diferentes estratégias de aprendizagem, a fim de compreender as estratégias e os modos de aprender dos alunos, desenvolvendo, assim, consciência metapedagógica e crítica. Assim, ele passa a ter de interrogar-se sobre suas pressuposições pedagógicas e sua prática sob a ótica de múltiplas fronteiras culturais, sociais e pedagógicas, as quais devem ser ultrapassada juntamente com seus alunos a fim de assegurar uma experiência de aprendizagem válida no mundo pós-moderno. Referência Bibliográfica BLOCK, D; CAMERON, D. (eds). Globalization and Language Teaching. London: Routledge, 2002.