DEMANDA DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO
PROFISSIONAL EM EMPRESAS DE SERVIÇOS DE
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NO ESTADO DO RJ
Luiz Carlos de Sá Carvalho, Dr.
Dezembro, 2006
RESUMO
Este estudo tem por objetivo pesquisar, em nível exploratório, o perfil qualitativo da
demanda de recrutamento, formação e aperfeiçoamento de recursos humanos especializados
nas empresas de serviços de TI no Estado do Rio de Janeiro e verificar o alinhamento da
oferta a esta demanda. Estas empresas, predominantemente de pequeno porte, mesmo tendo
sido bem sucedidas durante muitos anos, apresentam uma demanda educacional importante,
em várias de suas funções e negócios, incluindo aspectos gerenciais, de processos,
comportamentais e técnicos, a despeito de haver uma oferta acadêmica qualitativamente bem
conceituada (mas nem sempre bem realizada). As empresas, que começam a se interessar
mais e mais por qualidade e padronização de seus processos, já investem correntemente em
educação, só não o fazem mais por falta de meios. Mas um reforço qualitativo e quantitativo
dos recursos humanos dessas empresas só pode ser bem sucedido se integrado sistemicamente
com a própria evolução organizacional, gerencial, mercadológica etc. dessas empresas.
2
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
3 CONTEXTO E CONCEITUAÇÃO
3.1 O MERCADO DE SOFTWARE E SERVIÇOS DE TI
3.1.1 DADOS BÁSICOS E TENDÊNCIAS GERAIS
3.1.2 O MERCADO DO ESTADO DO RJ
3.1.3 A QUESTÃO DA EXPORTAÇÃO
3.2 O NEGÓCIO “SERVIÇOS DE TI”
3.2.1 AS EMPRESAS E SEUS SERVIÇOS/PRODUTOS
3.2.2 O CONHECIMENTO NAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE TI
3.2.2.1 TECNOLOGIA DO PRODUTO
3.2.2.2 TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO
3.2.2.3 ASPECTOS GERENCIAIS, PAPÉIS E PERFIS
3.3 A EDUCAÇÃO EM TI
3.3.1 PANORAMA
3.3.1.1 ENSINO REGULAR
3.3.1.2 OUTRAS FORMAÇÕES
3.3.2 ASPECTOS METODOLÓGICOS
3.4 AÇÕES INSTITUCIONAIS
4 METODOLOGIA
4.1 TIPO DE PESQUISA
4.2 A AMOSTRA
4.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
4.4 ENTREVISTAS
4.5 ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES
4.5.1 TIPOS DE NEGÓCIOS
4.5.2 A QUESTÃO DA CERTIFICAÇÃO
4.5.3 RELACIONAMENTO CAPITAL-CONHECIMENTO X DEMANDA
4.5.4 CONCEITOS DE FUNÇÕES TÍPICAS
4.6 TRATAMENTO DOS DADOS
4.7 O FÓRUM EDUC-TI
5 RESULTADOS
5.1 RESULTADOS DO FÓRUM EDUC-TI
5.1.1 ALGUMAS PREOCUPAÇÕES E VIVÊNCIAS
5.1.2 PROPOSIÇÕES DO FÓRUM
5.1.2.1 PREMISSAS DE CONTEXTO
5.1.2.2 ALGUNS PROJETOS/TEMAS DE INVESTIGAÇÃO
5.1.2.3 DIMENSÕES DE INVESTIGAÇÃO
5.2 PESQUISA DE CAMPO
5.2.1 DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESA POR PORTE
5.2.2 IDADE DAS EMPRESAS
5.2.3 ORIGEM DO CAPITAL
5.2.4 INTERESSE PELA CERTIFICAÇÃO
5.2.5 TIPOS DE NEGÓCIOS PREDOMINANTES
5.2.6 A EXPORTAÇÃO
5.2.7 DEMANDA DE CAPITAL-CONHECIMENTO – IMPLÍCITA
5.2.7.1 CONTROLE DAS TECNOLOGIAS DE PRODUTO
4
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9
9
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46
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55
55
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58
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59
5.2.7.2 PREVISÃO DE MUDANÇAS. NAS TECNOLS. PRODUTO
5.2.7.3 TECNOLOGIAS DE PRODUTO EXISTENTES
5.2.7.4 TECNOLOGIAS DE PRODUTO A ADQUIRIR
5.2.7.5 CONTROLE DAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO
5.2.7.6 PREVISÃO DE MUDANÇAS NAS TECNOLS. PRODUÇÃO
5.2.7.7 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO EXISTENTES
5.2.7.8 TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO A ADQUIRIR
5.2.8 DEMANDA CAPITAL-CONHECIMENTO – EXPLÍCITA
5.2.8.1 NECESSIDADES DE RECRUTAM., ESCOLARID. E PERFIL
5.2.8.2 INVESTIMENTOS EM TREINAMENTO
6 CONCLUSÕES
6.1 SÍNTESE DOS RESULTADOS PRINCIPAIS E COMENTÁRIOS
6.2 SUGESTÕES DE OUTRAS PESQUISAS
7 REFERÊNCIAS
ANEXOS
59
60
62
64
64
64
69
70
70
73
77
77
81
82
3
1 INTRODUÇÃO
Este estudo tem por objetivo pesquisar, em nível exploratório, o perfil qualitativo da
demanda de recrutamento, formação e aperfeiçoamento de recursos humanos especializados
nas empresas de serviços de TI no Estado do Rio de Janeiro.
O interesse deste tipo de avaliação é evidente: o sucesso do atual esforço privado e
público (leis de incentivo, instrumentos de financiamento, políticas de desenvolvimento
tecnológico etc.) para fortalecer e inserir as empresas nacionais de software e serviços como
atores principais no mercado interno e global de tecnologia depende, mais do que tudo, da
qualidade, adequação e disponibilidade desses recursos humanos. Apenas como referência,
somente 17% da demanda do mercado nacional, cujo crescimento previsto para os próximos
anos será substancial (ABES, 2006), é hoje atendida por empresas nacionais (Kurtz, 2005).
Por outro lado, sendo as empresas deste setor em sua grande maioria micro ou pequenas, não existe sobra de recursos para investir pesadamente em treinamento e formação
complementar, caso os profissionais que chegam ao mercado estejam, por razões quaisquer,
muito desalinhados com relação à demanda e os requisitos dessas empresas. Essa demanda e
esses requisitos, por sua vez, dependem fortemente da percepção e das intenções dos
dirigentes dessas empresas, assim como do mercado e do perfil atual das mesmas (missão,
estilo gerencial, produtos etc.).
O panorama se torna ainda mais desafiador se pensarmos na velocidade com que o
conhecimento neste setor avança. Por exemplo, como reduzir, na formação de um
profissional, a obsolescência precoce? Como, ao mesmo tempo, possibilitar-lhe tornar-se
rapidamente produtivo, o que demanda uma certa especialização? Como dividir as
responsabilidades pela formação e atualização desses profissionais entre universidades e
empresas? Como as pequenas empresas, que constituem a imensa maioria do setor, podem
organicamente ampliar seu nível de atuação aproveitando ao máximo recursos humanos mais
efetivos se e quando eles tornarem disponíveis? Etc.
Naturalmente, as autoridades do MEC, a academia e as empresas que atuam em
treinamento (como atividade principal ou complementar a outros serviços) vêm discutindo
intensamente, assim como em outros países, como melhor atender a demanda das empresas e
da sociedade. Estas propostas relativas à oferta de formação de recursos humanos se baseiam
em fatores como:
4
™ Academia: o estado da arte e as tendências tecnológicas (até onde se pode
antecipá-las, o que não é trivial, tendo em vista o tempo de formação e maturação
de um profissional). (Ver, por exemplo, Computerworld, 2006);
™ Autoridades educacionais: atender às necessidades percebidas da sociedade (com
os mesmos desafios de previsão de futuro acima citados) e alinhar-se com um
modelo de desenvolvimento geral e setorial. Por exemplo, o país deve tornar-se
grande exportador de software (Gazeta Mercantil, 2006)? Em caso positivo, qual
seria o modelo?
™ Empresas de treinamento: atender a uma demanda explicitamente percebida.
™ Empresas fornecedoras de produtos e serviços (que demandam mão-de-obra
especializada): facilitar a comercialização desses produtos.
Cada um deste atores, naturalmente, tem também uma visão particular dos métodos
educacionais que seriam os mais efetivos e rápidos: ensino à distância, residência,
concentração dos esforços no nível médio, superior de curta duração ou plena etc.
Há ainda uma outra questão: como isto tudo se insere dentro das políticas nacionais para
o setor, que ainda estão em processo de indefinição e amadurecimento (Queiroz, 2006)?
Evidentemente, há também o aspecto quantitativo, que não será abordado nesta
pesquisa. Quantos programadores, com que perfil? Quantos analistas de sistemas (o que quer
que isto signifique atualmente)? As empresas têm capacidade para absorver estes profissionais
em quanto tempo?
Esta pesquisa, realizada entre Julho e Dezembro de 2006, foi apoiada pela RIOSOFT,
ASSESPRO-RJ e SEPRORJ e patrocinada pelo SEBRAE.
5
2 OBJETIVOS E DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa exploratória e qualitativa, cujo objetivo maior é enriquecer o
panorama acima alinhavado com um elemento essencial: uma visão mais precisa e talvez
menos evidente da natureza da demanda das empresas de serviços de TI em matéria de perfil
qualitativo da sua mão-de-obra.
Esta perspectiva inclui levantar alguns aspectos implícitos dessa demanda, através do
confronto entre as necessidades expressas de recursos humanos (que papéis na empresa estão
demandando reforço, na visão dos gestores) e fatores como valorização das certificações,
busca de qualidade, gestão empresarial, status dinâmico da empresa (negócios mais ou menos
estáveis ou com prognóstico de mudanças importantes), cultura, tipos de atividades e valores
empresariais e a vivência prática do recrutamento e emprego de profissionais.
Naturalmente, vai-se procurar cotejar esta demanda com a oferta e as propostas de
aperfeiçoamento educacional para o setor.
As perguntas da pesquisa são:
a) Perfil da empresa do ponto de vista do porte, tempo de atuação e interesse na
formalização e consolidação do seu capital-conhecimento:
™ Porte
™ Tempo de existência
™ Origem da empresa (essencialmente, se o seu capital inicial foi conhecimento ou
capital propriamente dito).
™ Existência, interesse e tipo de motivação por certificações e padrões de qualidade
e produção (CMMI, MPS-Br, ISO etc.).
b) O negócio:
™ Quais os tipos de fontes de receita (incluindo eventualmente a proveniente de
exportação) atuais e futuras (previstas ou planejadas): desenvolvimento de
software sob encomenda, pacotes, consultoria etc.
c) A tecnologia do produto — atual e futura, ou seja, o conhecimento do negócio do
cliente ou da aplicação:
™ Campos de aplicação dos serviços ou produtos
6
™ Quem detém (e deve deter no futuro) o conhecimento (gestores, profissionais ou
terceiros)
d) A tecnologia da produção — atual e futura, ou seja, o conhecimento, usado na
geração dos produtos e serviços:
™ Tipos de ambientes, métodos e ferramentas
™ Quem detém (e deveria deter no futuro) o conhecimento (gestores, profissionais
ou terceiros).
e) Funções da empresa que precisariam ser aperfeiçoadas através de recrutamento ou
educação:
™ Que níveis e tipos de escolaridade são desejados para cada um desses papéis
™ Que características pessoais são vistas (ou não) como importantes
™ Onde a empresa já investe ou investiria em educação, se tivesse recursos.
Além destes aspectos de demanda, captados na pesquisa de campo, também serão
exploradas, através de pesquisa documental, as principais características da oferta de
educação para o setor, incluindo propostas futuras. Finalmente, serão feitas considerações
sobre como a demanda e oferta parecem ou não alinhar-se neste momento.
No Capítulo 4 – Metodologia, as perguntas da pesquisa de campo serão melhor
detalhadas e justificadas do ponto de vista do objetivo central da pesquisa, qual seja, qual o
perfil qualitativo da demanda de recursos humanos dessas empresas?
Embora a pesquisa tenha levantado alguns aspectos mais gerais das empresas
entrevistadas, o foco é apenas o perfil, a formação e o aperfeiçoamento dos profissionais que
atuam na empresa (incluindo eventualmente os próprios gestores). Não se trata portanto de
um diagnóstico mais abrangente do setor.
As limitações da pesquisa são as seguintes:
a) Foram estudadas empresas de serviços de informática do Estado do Rio de Janeiro,
identificadas por meio do cadastro do SEPRORJ, que se dispuseram a ser
entrevistadas ou a responder a um questionário via e-mail. Algumas dessas empresas
são ou foram participantes do programa Qualisoft, coordenado pela RIOSOFT.
b) O estudo trata apenas dos serviços de TI enquanto negócio. Não foram portanto
7
pesquisados serviços de TI internos de empresas usuárias.
c) Os dados existentes sobre o setor são ainda muito incompletos, fragmentários e
pouco consistentes (FINEP, 2003), a despeito de esforços de entidades como
SOFTEX, ASSESPRO (Projeto Canesi: ASSESPRO, 1996; Estatística Sobre as
Empresas do RJ – 2001: ASSESPRO, 2002; e Perfil das Associadas do RJ – 2005:
ASSESPRO, 2005), ABES e outras, com o apoio da FINEP, do IBGE e do MCT.
Um dos documentos de referência é o censo — na verdade uma amostragem — de
associadas da SOFTEX de 2001, elaborado junto com o MCT (SOFTEX, 2001). É
importante lembrar que cinco anos são um tempo um tanto longo em um mercado tão
dinâmico.
d) A própria conceituação das diferentes formações, assim como das funções e papéis
nas empresas do setor é um tanto heterogênea e muito volátil, o que torna qualquer
generalização bastante delicada (p. ex. Tandon, 2003). A recente iniciativa do MEC
no sentido de normalizar a nomenclatura e conceituação dos cursos e disciplinas é
um exemplo a mais da necessidade de lidar permanentemente com deste desafio
conceitual (Paraguassú, 2006).
e) O tratamento dos dados foi qualitativo, sem buscar qualquer generalização
estatística. Os resultados tabulados servem apenas como indicativos do tipos de
achados da pesquisa.
f) Foram levantadas, com garantia de sigilo das informações, 60 empresas, entre
respondentes de questionários (33) e entrevistadas diretamente pelo pesquisador (27).
8
3 CONTEXTO E CONCEITUAÇÃO
3.1
O MERCADO DE SOFTWARE E SERVIÇOS DE TI
3.1.1
DADOS BÁSICOS E TENDÊNCIAS GERAIS
Como dissemos anteriormente, os dados sobre este mercado são bastante frágeis. Várias
razões concorrem para isso, dentre elas as diferentes conceituações adotadas nas pesquisas, a
dinâmica e a intangibilidade e ubiqüidade do software e serviços correlatos (Roselino, 200604). Sem falar, é claro, no notório custo e dificuldade para a obtenção de dados de campo.
Do ponto de vista desta pesquisa, há outro desafio a considerar: os dados existentes são
bastante gerais e voltados predominantemente para a perspectiva econômica: receitas,
participação no mercado, porte das empresas, custos etc. Mesmo nos estudos mais focais, a
categorizações da informação são bastante largas.
Segundo a ABES (2006), resumindo pesquisa do IDC
1
de 2005, os principais dados
econômicos globais e nacionais do setor são os seguintes. De um mercado global de software
e serviços de US$662 bilhões, o Brasil ocupa 1,09% do mercado (12º lugar), com US$7,23
bilhões, assim distribuídos:
a) Software: US$ 2,72 bilhões (1,2% do mercado global)
™ Variação 2005/2004: 40,1%
™ Cerca de 6000 empresas
™ 29% produzidos no país:
ƒExportação: 1,2%
ƒProdução local sob encomenda: 20,5%
ƒProdução local de software-produto: 7,3%
ƒAplicativos: 47,2%
ƒAmbientes de desenvolvimento: 19,8%
ƒInfra-estrutura: 32,9%
™ Segmentação por classe de software:
9
ƒSoftware-padrão: 14,6%
ƒSoftware parametrizável: 64,8%
ƒSoftware por encomenda: 20,5%
b) Serviços: US$ 4,69 bilhões (0,9% do mercado global)
™ Variação 2005/2004: 40,9%
™ Cerca de 1700 empresas
ƒExportação: 3%
ƒMercado local: 97%
™ Segmentação por tipo de serviço:
ƒConsultoria: 12%
ƒIntegração de sistemas: 29%
ƒOutsourcing: 29%
ƒSuporte: 27%
ƒTreinamento: 3%
c) Segmentação de software e serviços de acordo com o mercado comprador:
™ Indústria: 27,6%
™ Comércio: 7,6%
™ Agroindústria: 1%
™ Governo: 6,4%
™ Finanças: 22,7%
™ Serviços: 14%
™ Óleo e gás: 2,6%
™ Outros: 18%
Este estudo, feito por amostragem, não considera alguns tipos de negócios: software
embarcado, software básico e outros. As fontes primárias de consulta também são empresas
1
Empresa de consultoria e pesquisa de mercado especializada em TIC: http://www.idc.com
10
provavelmente acima de um certo porte e faturamento (58 fornecedores de produtos e 455
desenvolvedores de software customizado e parametrizável).
Há uma discrepância entre os dados relativos ao número de empresas e o indicado em
outras estatísticas. Por exemplo, Kubota (2006) estima cerca de 10000 empresas no País em
2002. Com todo o crescimento deste período, dificilmente teria havido uma redução ao invés
de crescimento até 2005 (7700, de acordo com a pesquisa acima). É mais provável que a
razão seja metodológica: os tipos de negócios não considerados e as extrapolações a partir de
empresas de algum porte. Do ponto de vista econômico, isso pode fazer uma diferença
pequena, já que estas empresas provavelmente representam o grosso do mercado em valor.
Mas o mesmo não pode ser dito em relação à quantidade de empresas e de postos de trabalho,
o aspecto que interessa mais de perto à presente pesquisa.
Um outro aspecto a destacar nestes dados é que os critérios de segmentação, embora
realistas e bem definidos no estudo, não são compatíveis com os utilizados em outros
trabalhos. É uma situação freqüente em pesquisas no setor (Roselino, 2006-02).
Por outro lado, chama a atenção o enorme crescimento do mercado nacional entre 2004
e 2005, mesmo se comparado com o crescimento global, também significativo (24% no total,
sendo 30% em serviços e 15% em software). A não ser que exista alguma anomalia
inexplicável ou erro grosseiro de pesquisa, aparentemente não há razões para supor que este
crescimento se torne subitamente muito menor, sem falar de uma eventual forte expansão das
exportações, como muitos preconizam. Há estimativas, feitas pelo IDC-Brasil, de 14,9% de
crescimento do mercado de TI como um todo em 2006, esperando-se que o setor de serviços
ultrapasse o de hardware entre 2007 e 2008 (Ângelo, 2006-07).
Quanto à mão-de-obra, dados do IDC citados por Ângelo (2006-09), indicam que o País
teria cerca de 587 mil profissionais empregados no setor de software. Haveria ainda, de
acordo com MCT (2006), uma carência de 17 mil postos de trabalho em 2005 e uma projeção
de 213 mil até 2012, se o país quiser ocupar 2% do mercado internacional.
Neste mesmo sentido, Cristoni (2006) fala de um déficit de 15 a 20 mil profissionais.
TI-Inside (2006) reforça estes argumentos, destacando ainda algumas necessidades particulares, principalmente relacionados com a exportação, como o domínio do inglês e até do Cobol.
A pergunta a fazer é: como esses recursos humanos a serem formados, aperfeiçoados e
integrados no processo produtivo poderão suportar tamanha expansão do mercado? Poderão?
11
Mais adiante, veremos as propostas e iniciativas já existentes com estas preocupações em
mente: como acelerar e focar adequadamente o processo educacional para enfrentar estes
desafios.
A este respeito, um interessante trabalho sobre o desejo de queimar etapas na
aprendizagem pode ser encontrado em Newel (2005). Tomando como base o generalizado
reconhecimento, pelas empresas e nações, de que o conhecimento é o recurso organizacional
chave para o crescimento, o autor alerta para o risco da tentação de “curto-circuitar” o
processo de aprendizagem através do uso de “melhores práticas” codificadas e automatizadas.
Segundo ele, apoiado por muitos autores, a aprendizagem depende da vivência pessoal e
compartilhada, podendo ser acelerada apenas através de sistemas sociais adequados e
adequadamente implementados, com apoio, naturalmente, de sistemas tecnológicos.
3.1.2
O MERCADO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Dados da ASSESPRO-RJ referentes a 2001 (ASSESPRO, 2002) indicam para o setor de
serviços no Estado uma receita de cerca de 300 milhões de reais, gerada por perto de 5000
empresas. Estes dados são estimativas baseadas nas empresas associadas da ASSESPRO, ou
seja, basicamente empresas privadas de capital nacional. Considerando a evolução destas
empresas associadas à ASSESPRO até 2005, ASSESPRO (2005) indica um crescimento do
faturamento de 25,5%, contra um IGPM de 53,10%. A mão-de-obra empregada caiu cerca de
25%.
Roselino (2006-02) estima que o Rio de Janeiro, em 2002, possuía cerca de 13% do
total de empresas de serviços do País (5400 empresas), com uma receita igual a 30% do total
(perto de 6 bilhões de reais) e empregando 17% da mão-de-obra (43000 profissionais). Estes
dados incluem não apenas empresas privadas nacionais, mas também estatais de grande porte
como o SERPRO e o IBGE, multinacionais etc.
Pelas razões anteriormente expostas, não faz sentido tentar extrapolar para o RJ, com
estes parâmetros, os dados gerais de 2006 da pesquisa da ABES.
Podemos apenas estimar que o mercado de educação em TI no Estado é da ordem,
grosso modo, de 43000 profissionais (2005), sem considerar crescimento, exportação, novas
empresas e oportunidades etc.
12
3.1.3
A QUESTÃO DA EXPORTAÇÃO
O estudo da ABES (2006) confirma também claramente a já conhecida insignificância
da nossa participação no mercado global, principalmente se comparada com a de outras
nações de desenvolvimento intermediário como a nossa (Índia etc.), em que pese o fato de que
estes dados são tidos como subestimados por alguns por causa, entre outros fatores, das
dificuldades em caracterizar e contabilizar plenamente a exportação de software (Stefanuto e
Carvalho, 2005).
Além do nosso pequeno papel no cenário internacional, as propostas de saltos
quantitativos também não estão se concretizando com a rapidez desejada. Um cuidadoso
diagnóstico pode ser encontrado em Stefanuto (2004), que apresenta o seguinte quadro
resumo:
CENA INICIAL (1990)
Projeto Nacional para a IBSw 2: remanescente da
reserva
Imagem do software brasileiro: praticamente
inexistente no mercado externo
CENÁRIO OBSERVADO (2000)
Projeto Nacional para a IBSw: tentativas de articulação
Imagem do software brasileiro: pouco conhecido no
exterior. Exceção a nichos de mercado. Moderado
conhecimento no mercado interno.
Regulação Governamental: desconsideração da
Regulação Governamental: baixa consideração da
existência da IBSw
IBSw.
Mercados cativos: estatais, mercado financeiro e
Mercados cativos: Presença de grandes mercados
indústria (in-house)
cativos (bancos, estatais, etc.), mas relativamente
reduzido em função de terceirizações
Empresas transnacionais: Participação equilibrada entre Empresas transnacionais: Mercado de Software
majoritariamente dominado por ETNs (80%).
empresas de capital nacional e ETNs. Destaque das
empresas nacionais: empresas de hardware e estatais de Subsistemas de ETNs.
processamento de dados.
Estratégia de criação das empresas – início do processo Estratégia de criação das empresas: predomínio de
de terceirização (CPDs), redes de fornecedores ,
spin-offs de empresas e startups
aproveitamento de oportunidades pontuais.
Padrão de concorrência da IBSw (modelos de
Padrão de concorrência da IBSw : Predomínio de
negócios): predomínio do software embarcado e
produtos customizáveis e desenvolvimento sob
integração de sistemas
encomenda (serviços de alto valor agregado)
Tecnologia: P&D nas empresas em queda Crescimento Tecnologia : Alta importação de tecnologia e
agregação de valor – predomínio da customização.
de importação. Interação univ./empresa em
deterioração. Baixa disseminação do estado-da-arte da Alguns nichos de excelência no desenvolvimento de
tecnologia local: setor bancário, telecomunicações,
tecnologia de software. Multinacionais com poucas
energia e automação de empresas e comercial
atividades de P&D em software no País.
Exportação: inexistente
Exportação: pouca, concentrada em ETNs (canais de
comercialização e software embarcado);
Cooperação entre empresas: Inexistente entre PMEs,
Cooperação entre empresas: formação de alguns
desagregação entre grandes empresas de hardware
consórcios de grandes e médias empresas;
Capacidade financeira: auto-financiamento (grandes
Capacidade financeira: reinvestimento, capital de risco
empresas de hardware) e inexistência de instrumentos e instrumentos específicos (PROSOFT).
específicos.
QUADRO 1 - Fonte: Stefanuto, 2004 – p.87
2
Indústria Brasileira de Software
13
Uma série de autores e autoridades tem argumentado enfaticamente em favor dessa
estratégia exportadora.
Arbache (2002), por exemplo, ao afirmar que a ampliação da exportação —
principalmente para o Mercosul e para os EUA, nossos principais mercados atuais — deveria
ser o objetivo número um do governo brasileiro, coloca como vantagens do modelo
exportador a economia de escala, a geração de divisas e o aumento do emprego.
Por sua vez, Saur (2004) afirma:
Ao longo dos últimos 12 a 15 meses, ficamos convencidos de que o Brasil tem, em 2004/2005,
uma oportunidade única - mas passageira - para se tornar um dos principais exportadores
mundiais de software nos próximos anos, desde que não repita erros recentes, aprenda com
quem fez certo, e consiga estabelecer parcerias internas. A principal delas é a governo-iniciativa
privada. É, porém, necessário que a discussão de exportação de software se faça com urgência,
pois como veremos abaixo, as condições favoráveis existentes hoje no mercado internacional
abrem uma janela de tempo para que alguns países possam passar a ingressar o seleto grupo de
“global software outsourcers”.
Como ponto central de sua argumentação, o autor contrapõe o modelo exportador de
software como produto, que demandaria imensos e impraticáveis investimentos na formação
de uma “marca Brasil” ao esforço — mais viável, segundo ele — de exportar software como
serviço (terceirização), seguindo em parte o modelo indiano. Como fundamento deste esforço
estaria a alta e reconhecida capacidade brasileira em segmentos como automação bancária, egovernment etc.
Mas há vozes discordantes. Roselino (2006-04), por exemplo, questiona: Por que a
ênfase no modelo exportador como instrumento de desenvolvimento do setor?
Sua argumentação é a de que o modelo voltado para o mercado interno apresentaria um
“potencial de desenvolvimento mais virtuoso do que outras configurações nacionais voltadas
ao atendimento externo”. Analisando os dados do PAS e da RAIS, através de uma matriz de
categorias (software de baixo valor, software de alto valor e software-produto) e classes de
empresas por origem do capital (estrangeiro, nacional privado e nacional público), o autor
procura demonstrar que o setor de software brasileiro é resultante de um complexo histórico
econômico particular e, devido ao seu porte e pujança, não pode nem deve ser sumária e
rapidamente deslocado da sua vocação e mercado “natural”, o imenso mercado interno. Uma
14
série de propostas de fortalecimento das empresas voltado para o mercado interno acompanha
sua análise, procurando demonstrar a viabilidade deste caminho.
Por outro lado, o estudo de Gomel (2006) sobre investimentos em P&D, privilégio de
empresas com uma certa capacidade econômica, portanto teoricamente mais capacitadas para
exportar, revela que:
...os resultados desses investimentos [em P&D] não estão diretamente relacionados aos
resultados de exportação. As empresas que mais investem em P&D são justamente aquelas que
apresentam baixo volume de exportação. Este fato pode conduzir a duas conclusões: a primeira
supõe que as empresas com maior investimento em P&D se preparam para aumentar sua
capacidade tecnológica e, dentro de algum tempo, aumentar seu volume de exportação; ou, no
segundo caso, esse segmento concentra sua atuação no mercado interno e não se interessa por
expandir suas vendas externas, por razões diversas.
É evidente que, dependendo da estratégia nacional adotada com relação a esta questão
de mercado interno versus exportação, a natureza dos esforços para o aperfeiçoamento dos
recursos humanos e das empresas de serviços de TI deverá ser fortemente afetada.
3.2
O NEGÓCIO “SERVIÇOS DE TI”
3.2.1
AS EMPRESAS E SEUS SERVIÇOS/PRODUTOS
Sendo o foco deste trabalho a educação, portanto a aquisição de conhecimento, torna-se
necessário tentar caracterizar, deste ponto de vista, a natureza do negócio e das atividades
dessas empresas, que são, elas próprias, essencialmente empresas de conhecimento e
inovação.
Segundo Carvalho, Jr. (2005) 3, citado por Roselino (2006-04), as empresas de software
são dinâmicas e intensivas em P&D, apoiando-se fortemente em processos de inovação, além
de representarem importante “efeito indutor de melhorias em outras cadeias produtivas”.
É sabido também que este setor tem forte predominância de micro, pequenas e médias
empresas
4
(ABES, 2006), cuja existência, enquanto também intensivas em conhecimento e
inovadoras, é extremamente desafiadora no Brasil (Forman, 2006).
3
Carvalho Jr. A. M. A Política Industrial e o BNDES. Revista do BNDES, v.12, n.23, p.17-18, 06/2005
Usamos neste estudo a classificação do SEBRAE para empresas de serviços: Micro: <10 empregados; Pequena:
10 a 49; Média: 50 a 99; Grande: >99.
15
4
Essa dupla característica — empresa simultaneamente de pequeno porte e de
conhecimento — provoca a seguinte interrogação: como o capital-conhecimento é percebido e
gerido nessas empresas?
Carvalho, Rodrigues e Paret (2000) em uma pesquisa sobre a gestão do conhecimento e
da informação em MPMEs, concluem pela existência de fortes indícios de que:
A sobrevivência por mais de 5 anos da MPME (considerada como “sucesso” por muitos
estudiosos), se apoia fortemente no conhecimento do empresário, que o utiliza também como
instrumento de controle da mesma. No entanto, a relativa falta de capacidade de gerir
conhecimento (ou seja, ensinar — não apenas treinar ou passar informação —, criar
mecanismos para geração e transferência coletiva de conhecimento, criar padrões, delegar,
transformar comportamentos etc.), sem perder o controle da organização, limita e restringe esse
mesmo sucesso e o crescimento da empresa na medida em que centraliza as decisões e sobrecarrega o empresário [...]
Os autores afirmam ainda que:
Quanto às “empresas de conhecimento”, [...] foram identificados outros aspectos interessantes,
dentre os quais, a experiência dos executivos, bem menor do que nas outras empresas (são
empresas jovens), o maior índice de metas e planos formalizados, uma auto-avaliação pouco
favorável no conhecimento de marketing e o nível de delegação ainda menor do que nos setores
tradicionais. Este último aspecto parece dever-se ao fato desses executivos serem, em geral, os
“experts” na atividade-fim da empresa, que nasceu exatamente com esta motivação [grifo
nosso].
Com relação ao foco do presente trabalho, a principal implicação destes fatos seria a de
que a educação para empresas de TI não deveria ser pensada apenas para o pessoal técnico e
gerencial, mas também refletir uma demanda latente dos próprios executivos superiores.
Existem múltiplas propostas de classificação de empresas de serviços de TI.
A IDC, citada em ABES (2006) propõe segmentar o mercado em:
a) Software:
™ Aplicativos: pacotes de soluções fechados ou customizados.
™ Ambientes de desenvolvimento e implementação de aplicativos
™ Software de infra-estrutura: gerenciamento de redes, segurança etc.
b) Serviços:
16
™ Consultoria
™ Integração de sistemas: desenvolvimento de sistemas sob encomenda
™ Outsourcing: gestão da infra-estrutura de TI do cliente
™ Suporte: instalação, configuração, suporte a usuários etc.
™ Treinamento
Este mesmo estudo propõe ainda uma subdivisão do produto software em classes:
™ Standard: instalados pelo próprio usuários, sem necessidade de suporte.
™ Parametrizável: requerem contratação de serviços adicionais
™ Sob encomenda: desenvolvidos de acordo com especificações de um único
usuário.
™ Serviços: todos os demais serviços técnicos agregados ao software, tais como,
por exemplo, treinamento, suporte, criação e manutenção de páginas na Internet
etc.
Roselino (2006-04), com a preocupação de destacar a densidade tecnológica, propõe
uma taxonomia para as empresas de software assim definida resumidamente:
a) Serviços de informática, voltados para consultoria em hardware (configuração e
redes), manutenção, etc., inclusive a comercialização de hardware.
b) Serviços de software de baixo valor agregado, que são os ligados à Internet (exceto
provedores), criação e manutenção de bancos de dados, processamento de dados para
terceiros, suporte e terceirização.
c) Serviços de software de alto valor agregado, que compreendem o desenvolvimento
de software sob encomenda e o desenvolvimento de projetos e modelagem de bancos
de dados.
d) Desenvolvimento e comercialização de software-produto, incluindo a eventual
customização, a comercialização, licenciamento e locação etc., de software
(eventualmente de terceiros).
Uma outra proposta de classificação de empresas pode ser encontrada em Malaia
(2002):
a) Desenvolvimento de software
17
b) Consultoria
c) Educação e treinamento
d) Instalação de infra-estutura
e) Manutenção
f) Suprimentos
g) Outros
A SOFTEX (2001), por sua vez, apresenta a seguinte classificação:
a) Desenvolve software para uso próprio
b) Desenvolve software-pacote para comercialização (packaged software)
c) Desenvolve software sob encomenda para terceiros (custom software)
d) Desenvolve software embarcado (embedded / bundled software)
e) Desenvolve software para Internet (Internet enable software)
f) É distribuidora ou editora de software de terceiros
O maior desafio dessas classificações reside no fato de que freqüentemente uma
empresa e até mesmo um único negócio da empresa podem misturar, no que se refere ao
escopo e forma de remuneração, várias dessas categorias. Assim sendo, é natural que o perfil
e a formação desejados dos recursos humanos dessas empresas varie bastante, conforme cada
situação. Por exemplo, a especificação de um sistema para um cliente pode agregar um tanto
de negociação e comercialização ou envolver decisões sobre mudanças organizacionais
importantes no ambiente, que nada têm a ver diretamente com conhecimentos de TI.
3.2.2
O CONHECIMENTO NAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE TI
Que tipos principais de conhecimentos uma empresa deste setor deve possuir para
competir no mercado e perdurar?
Além do conhecimento genérico de negócios necessário a qualquer empresa
(planejamento estratégico, marketing, finanças, RH etc.), estamos supondo, nesta pesquisa,
dois grandes campos de investigação.
3.2.2.1 Tecnologia do Produto
É o conhecimento de como os produtos e serviços oferecidos se alinham e beneficiam
18
os clientes. Ou seja, é o conhecimento do universo dos problemas e aplicações dos clientes e
das atividades dos usuários que serão afetadas pelo uso daqueles serviços e produtos. Este não
é um conhecimento conhecido convencionalmente como “tecnológico”, mas é tão ou mais
vital quanto este último para o sucesso da empresa. Tem a ver, é claro, com o marketing da
empresa, porém, como se constrói e apoia em ferramentas e processos eventualmente
revolucionários, vai muito além do marketing convencional (além de modificá-lo).
Um exemplo claro disso são os ERPs, que, do ponto de vista estrito de implementação
técnica, infra-estrutura de banco de dados etc., podem ser totalmente convencionais, mas que,
ao trazerem embutida em sua implementação uma imensa e selecionada bagagem de
processos de negócios de diferentes empresas, terminam por forçar a empresa usuária a
mudanças que são a verdadeira fonte dos benefícios deste tipo de solução (Zwicker e Souza,
2003).
Um outro exemplo são os novos nichos de aplicação que a Internet tem propiciado a
cada dia, como o YouTube, Skype, novos ambientes colaborativos etc. além de outros como a
TV digital, software para celulares etc. Nesse sentido, a competência e os investimentos em
marketing, criando e moldando necessidades novas, associadas a marcas poderosas
(independentemente da qualidade tecnológica intrínseca) fazem toda diferença. A Microsoft
foi e é um grande exemplo disso (Kubota, 2006 5 citado por Roselino, 2006-02). As pequenas
empresas nacionais de software dificilmente, por falta de capital e cultura de marca, poderiam
fazer o mesmo. Mas nada impede que encontrem nichos aplicativos inovadores.
A importância dessa competência na criação de produtos diferenciados e adequados a
uma demanda nem sempre visível pode também ser destacada com base na constatação de
que a TI está se tornando uma commodity, até certo ponto similar para todos, a não ser que se
concentre em aspectos realmente fundamentais e diferenciados do negócio do usuário
(Ferreira e Ramos, 2005).
Evidentemente, a variedade de campos de conhecimento relacionados com a tecnologia
do produto é gigantesca, praticamente confundindo-se com todos os campos de aplicação da
TI. No entanto, é possível desenvolver um tipo de enfoque que permita compreender mais
efetiva e rapidamente, ao se desenvolver uma solução de TI, as reais necessidades do usuário.
É a aptidão do que Cunha e Souza (2005) chamam de “Profissional tipo M”, voltado para o
5
Kubota L. C. Desafios para a Indústria de Software, Texto para Discussão n. 1.150, Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada – IPEA, Rio de Janeiro, Janeiro de 2006.
19
problema, em contrapartida ao “Profissional tipo A”, voltado para a tecnologia.
Uma possibilidade de classificação deste tipo de conhecimento, bastante grossa, seria
por segmentação do mercado comprador, conforme mostrado acima (ABES, 2006).
Bem mais refinada é a proposta da pesquisa da SOFTEX (2001), que envolve duas
dimensões, o domínio e o tipo de aplicação.
a) Domínios:
Administração privada
Agropecuária / Agribusiness
Comércio
Engenharia, arquitetura, construção civil
Financeiro
Meio Ambiente
Saúde
Telecomunicações
Turismo
Administração pública
Bancário
Educação
Entretenimento
Indústria
Qualidade e Produtividade
Serviços
Transportes
Outros.
b) Campos de aplicação
Administração de recursos humanos
Administração escolar
Automação bancária
Automação de escritórios
Automação predial
Computação gráfica
Contabilidade
Educação à distância
Gestão de conteúdo
Geoprocessamento
Gerenciador de redes
Gestão de documentos
Gestão integrada – ERP
Página Web
Processador de imagens
Serviços de mensagens
Utilitários.
Administração de serviços
Administração jurídica
Automação comercial
Automação industrial
Comércio eletrônico
Comunicação de dados
E-business
Ferram./ Amb. .desenv. de software
Gestão do relac. com cliente – CRM
Gerenciador de banco de dados
Gestão da qualidade
Gestão do conhecimento
Jogos
Planilha e Processador de texto
Segurança e proteção de dados
Simulação e modelagem
Outros
Embora seja muito difícil imaginar uma política educacional voltada para tantos
campos, um fato inegável (corroborado pelos dados de campo que obtivemos — ver mais
adiante) é que as empresas precisam investir — e investem — também neste tipo de
aprendizagem.
20
3.2.2.2 Tecnologia da Produção
Engloba os métodos, ferramentas e a infra-estrutura produtiva da empresa. Inclui os
processos gerenciais, metodologias, sistemas de controle e qualidade, ferramentas de
produtividade e suporte ao desenvolvimento, técnicas de engenharia de software, projeto,
desenvolvimento, testes etc. linguagens de programação, ambientes (sistemas operacionais,
redes, Internet etc.), bancos de dados etc.
Este conhecimento é bem mais organizado e classificado, embasando inclusive os
currículos de formação acadêmica. Obviamente, esse esforço de entendimento precisa ser
contínuo, tendo em vista as mudanças constantes, profundas e rápidas, que criam, rearrumam
e desorganizam categorias de conhecimento quase diariamente.
A ACM (1998)
6
apresenta uma classificação exaustiva porém excessivamente
detalhada para nosso propósito.
Rodrigues e Ludmer (2005) apresentam quatro grandes áreas temáticas:
a) Tecnologia propriamente dita (ferramentas e ambientes)
b) Desenvolvimento (métodos etc.)
c) Uso
d) Gerenciamento.
Malaia (2002) utiliza em sua pesquisa de Mestrado os seguintes critérios:
a) Tecnologias para desenvolvimento das empresas
™ Programação orientada e objeto
™ Internet
™ Intranet
™ Outros
b) Equipamentos:
™ Micros
™ Rede interna
™ Conexão entre redes
Association of Computer Machinery: http://www.acm.org
21
™ Transmissão de dados
™ Provedores de acesso a Internet
™ Segurança de redes
™ Outros
c) Bancos de dados:
™ (Os diferentes produtos do mercado)
d) Ambiente operacional:
™ (Os diferentes sistemas operacionais)
e) Linguagens de programação:
™ (Diferentes linguagens)
f) Ferramentas de desenvolvimento:
™ Análise orientada a objeto
™ Prototipação
™ CASE
™ Gerador de aplicações
™ Outras
g) Outras tecnologias:
™ Rede local
™ Rede de longa distância (WAN)
™ Processamento de imagens
™ Outras
É uma classificação curiosa, mas que tem sua justificativa no objetivo da dissertação,
que é estudar a aderência curricular de uma formação técnica em informática às necessidades
das empresas.
Beira e Nascimento (2001), após comentarem a classificação da ACM e enfatizar o
desafio de estabelecer classificações como esta apresenta propõem a seguinte tipologia
pragmática:
22
a) Infra-estrutura tecnológicas e arquiteturas
™ Equipamentos e periféricos
™ Ambientes e sistemas operacionais
™ Redes e telecomunicações:
ƒLANs, WANs, VANs
ƒServiços de redes digitais
ƒIntranets e extranets
ƒTecnologias de segurança em redes
b) Tecnologias de Engenharia de Software
™ Gestão de bases de dados
™ Desenvolvimento de aplicativos
™ Hosting de aplicativos
™ Data mining
™ Data warehousing
™ Middleware
™ Tecnologias de integração
™ Segurança e integridade de dados
c) Tecnologias aplicativas orientadas para gestão de negócios
™ Transacionais, âmbito operacional (informação estruturada)
ƒPacotes de gestão administrativa e financeira
ƒERPs (enterprise resource planning)
ƒCRMs (customer relationship management)
ƒSCMs (supply chain management)
ƒEDI (electronic data interchange)
™ Não transacionais, âmbito estratégico
ƒSistemas de apoio à decisão
23
ƒGestão do conhecimento
ƒRevisão de processos
™ Colaborativas e de produtividade pessoal
ƒAutomação de escritório
ƒGED (gestão eletrônica de documentos)
ƒGroupware
d) Tecnologias aplicativas não orientadas para gestão
™ CAD/CAE
™ Multimídia
™ Reconhecimento de voz e formas
™ Simulação e realidade virtual
™ Simulação de sistemas
™ Inteligência artificial
™ Aplicações industriais específicas
e) E-Tecnologias
™ Aplicações de apoio
ƒE-mail, voice-mail
ƒVideo-conferência
ƒChat-rooms, fóruns web
ƒFerramentas de desenvolvimento web
™ Internet business exchange technologies
ƒPortais
ƒMarketplaces
ƒE-brokers
™ Sociedade de informação (formação, informação e lazer)
ƒJogos
24
ƒTecnologias de ensino e aprendizagem assistida
ƒMulticasting e broadcasting
De qualquer modo, estas classificações, por mais refinadas que sejam, sofrem um
combate duro e permanente das mudanças aceleradas e por vezes radicais da própria
tecnologia.
Por exemplo, documento da SBC (2006), principal entidade acadêmica do setor no
Brasil, apresenta uma visão dos grandes desafios da pesquisa científica e tecnológica em TI
para os próximos 10 anos 7, reforçando esta volatilidade do perfil do conhecimento:
™ Gestão da Informação em grandes volumes de dados multimídia distribuídos.
™ Modelagem computacional de sistemas complexos artificiais, naturais e
sócioculturais e da interação homem-natureza.
™ Impactos para a área da computação da transição do silício para novas
tecnologias.
™ Acesso participativo e universal do cidadão brasileiro ao conhecimento.
™ Desenvolvimento tecnológico de qualidade: sistemas disponíveis, corretos,
seguros, escaláveis, persistentes e ubíquos.
Mais próximos do presente, novos temas, como convergência digital e outros, trazem
também novas demandas transdisciplinares (IBDC, 2006-09). A cada ano surgem novas
propostas conceituais, como, por exemplo, em Computerworld (2006-12), onde um grupo de
especialistas sugere como próxima onda as seguintes tecnologias: SOA (Services Oriented
Architecture), protocolos de segurança, “Self Technologies” (transferência dos custos de
transação, manutenção e suporte para os próprios usuários, como já fazem os bancos),
“WebUtility”, “WebOne” e “WebHome” (Internet como serviço público), “Dynamic
Usability” (inteligência e semântica dos sistemas), “Serviço e gestão do conhecimento pessoal” (wikipedias, busca desktop etc.) e “Gestão do capital tecnológico” (métricas mais
efetivas para TI).
O relato da Computerworld (2006-12) levanta também uma outra questão: até que ponto
esses termos refletem verdadeiramente campos de conhecimento definidos e inovadores,
tecnologias de fato? Não seriam alguns deles meras marcas ou estratégias comerciais,
7
Sociedade Brasileira da Computação: http://www.sbc.org.br
25
elevadas artificialmente à categoria de “conceitos”?
O caso dos ERPs é bem elucidativo disso. Trata-se de sistemas integrados, que cobrem a
maioria das aplicações operacionais da empresa. A maioria, porém não a totalidade, pois
raramente uma empresa implanta de fato tudo que uma dessas ferramentas oferece, ao mesmo
tempo em que cada uma delas tem as suas áreas preferenciais e não atende a outras. Por que
então, diferenciar, como na classificação de Beira e Nascimento (2001) acima, “Pacotes de
gestão administrativa e financeira” de “ERPs”? São de fato tecnologias diferentes?
Um outro aspecto da tecnologia da produção a ser também considerado é aquele que
envolve e se entrelaça com a dimensão gerencial. Ou seja, os princípios e práticas inseridos
nas metodologias e na própria engenharia de software são um tanto técnicos, outro tanto,
gerenciais, envolvendo planejamento, medição e controle.
3.2.2.3 Aspectos Gerenciais, Papéis e Perfis
Além das capacidades gerenciais gerais anteriormente referidas, comuns a qualquer
negócio, outras capacidades particulares do setor são freqüentemente enfatizadas, mormente
relacionadas com padrões tipo PMI, CMMI, ISO e outras. De certo modo, a atenção com
relação à padronização é indício da preocupação do empresário para passar do artesanato para
a produção industrial, embora muitas vezes, como veremos nos resultados da pesquisa, sua
primeira motivação nem sempre seja a busca de qualidade e previsibilidade decorrentes do
uso de padrões, porém o marketing associado a estas marcas poderosas.
Além dos conhecimentos específicos que viemos discutindo até aqui, é necessário
buscar uma visão mais geral de outras capacidades e perfis que podem ser resultantes de
processos educativos.
Os modelos de qualidade de processos (CMMI, NBR/ISO 12207, Mps-Br etc.) e
eventualmente também os de produtos (ISO 9126, ISO 12119 etc., estes menos usados pelas
empresas de software brasileiras cf. Weber, 2006) preconizam uma série funções
padronizadas e às vezes seqüenciais.
Como as empresas deste segmento são em maioria de pequeno porte (embora muitas
atualmente já bastante sensíveis para a adoção de algum padrão), propomos a seguinte
taxonomia pragmática simples de funções (eventualmente superpostos na prática) para
segmentar as eventuais necessidades de aumento da capacidade ou do conhecimento nas
empresas (associadas ou não ao recrutamento):
26
a) Gerência de projetos/processos
b) Consultoria, definição/implantação de processos etc.
c) Negociação/Concepção/Definição requisitos
d) Design, usabilidade, interface humana etc.
e) Projeto (inclusive banco de dados)
f) Desenvolvimento/programação/manutenção
g) Testes/homologação
h) Desenvolvimento de tecnologia/suporte técnico interno
i) Distribuição/instalação/suporte a clientes
j) Gestão da operação, BD, segurança etc.
k) Outras
O item “Outros”, quando usado, revelou na pesquisa uma unanimidade, a
comercialização. Aparentemente, estas empresas percebem esta função de modo muito
particularizado, bem diferente das “vendas” que, em outros segmentos, fazem parte da
bagagem de qualquer organização, mesmo as menos sofisticadas. Assim adotamos, na
classificação acima, a comercialização como um item de capacidade funcional específica.
Além desta visão puramente funcional e gerencial, que outros aspectos podem interessar
à construção de uma visão dos processos educacionais demandados por este setor?
Echeveste (1998) 8, citado por Castro e Sá (2002), caracteriza um perfil profissional
considerando três dimensões: os conhecimento especializados, as habilidades/competências e
os valores/atitudes.
A questão comportamental, talvez por pertencer a um universo cultural muito diferente
do tecnológico, nem sempre é devidamente enfatizada. Porém, sabe-se que, de acordo com
Salles (2006), 87% das demissões ocorrem por problemas de conduta e que as atitudes são
pelo menos tão importantes quanto as habilidades e conhecimentos específicos para qualquer
empresa, mormente as pequenas, onde uma única pessoa pode afetar a atmosfera e a
produtividade geral.
8
ECHEVESTE, Simone, VIEIRA, B. et all. Perfil do executivo no mercado globalizado. Foz do Iguaçu: Anais
do 22o Encontro Nacional da ANPAD. v.10, n.12, 1998
27
O IBDC (2006-05), consultando diversos especialistas traça um perfil verdadeiramente
impactante do perfil do profissional em demanda:
Para o Diretor Corporativo da Intel Brasil, maior fabricante mundial de chips, Carlos Luzzi, as
empresas de TI procuram um profissional que esteja inteirado com os negócios do mercado e
possua domínio da ciência da computação. “O funcionário precisa ser fluente em inglês, ter
visão estratégica, noção do impacto de TI no business e capacidade para teamwork. Além disso,
o mercado exige que o profissional de TI possua conhecimentos sólidos de novas tecnologias,
em particular aquelas relacionadas com o mundo wireless”, afirma Luzzi.
“No caso do mercado de exportação de softwares e serviços de TI, entendemos que alguns
pontos são muito importantes: formação básica em tecnologia da informação, conhecimento de
processos de padrão de classe mundial, como CMMI e ISO, no desenvolvimento e manutenção
de SW e aplicativos, formação em processos de atendimento a clientes, domínio do idioma
inglês e eventualmente francês, espanhol e outros” explica Saulo Porto, Executivo de Relações
Governamentais da IBM Brasil [...] “Em termos de skills mais gerais, essas são as competências
fundamentais que valorizamos: adaptability, passion for business, creative problem solving,
trustworthiness, teamwork & collaboration, communication, taking ownership, client focus e
drive to achieve”, acrescenta.
Computerworld (2006-09) apresenta um panorama similar, onde “os departamentos de
TI serão povoados por ‘profissionais versáteis’ – indivíduos que têm background em
tecnologia, mas também conhecem a área de negócio a fundo, elaboram e executam planos de
tecnologia em sintonia com o foco da empresa e cultivam muito bem relações dentro e fora da
organização”.
Provavelmente, a proposta de Cunha e Souza (2005) acima comentada, apresenta, com
menos “hype” e mais consistência, a provável necessidade de associar a estes novos requisitos
de habilidades e atitudes um papel mais claro, voltado para o problema e não para a
tecnologia.
No mesmo sentido, Moore e Love (2005) enfatizam os comportamentos de uma espécie
de cidadania (confiabilidade, honestidade etc.) indispensáveis ao funcionamento das
atividades da profissão.
Estes aspectos não estritamente técnicos são reconhecidos também pelo MEC, ao
estabelecer, nas diretrizes para a avaliação dos cursos de formação de profissionais do setor
(INEP, 2006), dentre os requisitos de perfil desejados, por exemplo, que o profissional de ser
capaz de “analisar situações e identificar problemas que podem ser tratados com suporte
28
computacional e que representem benefícios no contexto social em que estão inseridos
[grifo nosso]” e “aplicar conhecimentos de forma autônoma, inovadora e empreendedora
[criatividade — grifo nosso], acompanhando a evolução do setor [capacidade de
aprendizagem permanente — grifo nosso] e contribuindo na busca de soluções nas diferentes
áreas aplicadas.”
Numa pesquisa com empresas usuárias (não produtoras de serviços) de TI, Abraham et
al. (2006) concluem, entre outras coisas, que:
™ Os departamentos de TI dessas empresas acreditam que a capacitação
profissional mais essencial, que deve ser mantida sob controle da empresa,
relaciona-se com o negócio, a gestão de projetos e as atividades que envolvem
relacionamento com clientes, incluindo análise e projeto de sistemas.
™ Paradoxalmente, no entanto, os profissionais juniores preferencialmente
recrutados por essas empresas têm perfil técnico.
™ Comunicação e conhecimento do negócio são também capacidades muito
desejadas, porém raramente encontradas nos novos contratados.
™ O perfil de capacitação vital em profissionais de nível intermediário reúne gestão
de projetos, conhecimento do negócio e conhecimento técnico.
™ Estes perfis mistos estão sendo (nos EUA) aproximadamente os que os
programas de formação em Sistemas de Informação nas escolas de negócios
estão procurando formar.
De alguma forma, a academia no Brasil também tem tido estes tipos de preocupação
neste tipo de formação.
Em suma, todo este panorama indica que, além das evidentes competências técnicas, os
profissionais que o mercado demanda deveriam possuir aptidões para a aprendizagem
permanente, associadas a uma visão mais abrangente do que a puramente técnica (de
preferência dos objetivos e do negócio da organização e de seus clientes), e finalmente,
valores e atitudes altamente positivos (criatividade, capacidade de trabalho em equipe,
liderança, comunicação, ética etc.).
Na verdade, em todo este panorama persiste um desafio, como afirma Tandon (2006):
“tivemos sucesso limitado em identificar, definir e delinear as competências e educação
requeridas para projetar e desenvolver soluções complexas de software”.
29
3.3
A EDUCAÇÃO EM TI
3.3.1
PANORAMA GERAL
3.3.1.1 Ensino Regular
Os principais cursos de graduação relacionados a TI existentes no Estado do RJ
(considerados pelo MEC) são das seguintes categorias (RIOSOFT, 2006):
TOTAL
Ciência da computação - SUBTOTAL
Administração de redes
Ciência da computação
Engenharia de computação (HW)
Informática (ciência da comput.)
Tecnologia da informação
Tecnologia em Desenvolv. SW
Tecnologia em Informática
Processamento da Informação - SUBTOTAL
Analise de sistemas
Informática educacional
Processamento de dados
Sistemas de informação
Eletrônica e Automação - SUBTOTAL
Automação
Controle e automação
Engenharia de computação
Engenharia de telecomunicações
Engenharia eletrônica
Manutenção de equip. eletrônicos
Manut. Maquinas/Equipamentos
Redes de Computadores
Telecomunicações
N° cursos
150
63
6
21
2
9
2
3
20
68
24
1
20
23
19
2
1
3
2
1
1
1
2
6
Concluíram em 2005
2262
1277
62
385
38
208
23
29
532
775
253
5
408
109
210
7
33
25
61
25
0
11
0
48
Vagas
24270
10626
780
3056
100
999
180
320
5191
10624
4610
360
3.200
2454
3020
100
300
400
220
240
0
50
1040
670
TABELA 1 - Fonte: Adaptada de RIOSOFT, 2006
30
As principais formações gerais de graduação para o setor de software já avaliadas pelo
MEC (INEP, 2006) são:
•
Bacharelado em Ciência da Computação: têm a Computação como atividade fim e visam à
formação de recursos humanos para o desenvolvimento científico e tecnológico da
Computação. Esses cursos se caracterizam pela necessidade de conhecimento profundo de
aspectos teóricos da área de Computação, como: álgebra e matemática discreta,
computabilidade, complexidade de algoritmos, linguagens formais e autômatos,
compiladores e arquitetura de computadores. Os egressos desses cursos devem ser
empreendedores e estar situados no estado da arte da ciência e da tecnologia da
Computação, sendo aptos à construção de software para novos sistemas computacionais
(software básico). Esses egressos devem ter capacidade de continuar suas atividades na
pesquisa, promovendo o desenvolvimento científico, ou aplicando os conhecimentos
científicos, promovendo o desenvolvimento tecnológico na área de Computação.
•
Engenharia de Computação: têm a Computação como atividade fim e visam à aplicação da
Ciência da Computação e o uso da tecnologia da computação, especificamente, na solução
dos problemas ligados a processos de automação e comunicação de dados. Esses cursos se
caracterizam pela utilização intensiva de conceitos de física, eletricidade, controle de
sistemas, robótica, arquitetura e organização de computadores, sistemas de tempo-real,
redes de computadores e de sistemas distribuídos. Os egressos desses cursos podem
potencialmente ser empreendedores e estar situados no estado da arte da ciência e da
tecnologia da Computação e Automação, sendo aptos ao projeto de software e hardware.
Esses egressos devem ter capacidade de continuar suas atividades na pesquisa, promovendo
o desenvolvimento científico, ou aplicando os conhecimentos científicos, promovendo o
desenvolvimento tecnológico nas áreas de Computação e Automação.
•
Bacharelado em Sistemas de Informação: têm a Computação como atividade meio. Esses
cursos se caracterizam pela necessidade de conhecimento abrangente e capacidade de
utilização eficiente de tecnologias da Computação, como: programação, banco de dados,
engenharia de software, redes de computadores, entre outras. Esses cursos reúnem aspectos
da tecnologia da computação e da administração. Seus egressos devem ter capacidade
empreendedora e devem ser capazes de propor soluções tecnológicas para automatização de
processos organizacionais, através da análise de cenários, aquisição, desenvolvimento e
gerenciamento de serviços e recursos da tecnologia de informação, apoio ao processo
decisório e definição e implementação de novas estratégias organizacionais.
Observe-se que esta última é a formação que mais se adequa à maioria das empresas e
aplicações da TI. No entanto, mesmo considerando os cursos de Ciência da Computação na
31
Tabela 1, que também parecem atender esta demanda, ainda assim há menos cursos, vagas e
formandos em Sistemas de Informação do que no restante das graduações.
As competências e habilidade gerais preconizadas (e avaliadas pelo MEC) são (INEP,
2006):
•
Ter a capacidade de desenvolver, implementar e gerenciar uma infra-estrutura de tecnologia
da informação (computadores e comunicação), dados (internos e externos) e sistemas que
abranjam uma organização;
•
Possuir domínio de novas tecnologias da informação e gestão da área de Sistemas de
Informação;
•
Fazer uso criativo de tecnologia da informação para aquisição de dados, comunicação,
coordenação, análise e apoio à decisão;
•
Ter conhecimento e emprego de modelos, ferramentas e técnicas, que representem o estado
da arte na área, associados ao diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação de
projetos de sistemas de informação aplicados nas organizações;
•
Respeitar aos princípios éticos e profissionais da área de computação;
•
Possuir visão humanística crítica e consistente sobre o impacto de sua atuação profissional
na sociedade e nas organizações.
Observe-se novamente a preocupação com uma formação mais ampla do que puramente
técnica.
Quanto aos conteúdos desta formação (Bacharel em Sistemas de Informação), vale a
pena transcrever:
a) Conteúdos comuns a todas as três formações:
•
Arquitetura de computadores (sistemas numéricos, organização de computadores, conjunto
de instruções, mecanismos de interrupção e de exceção, barramento, comunicações,
interfaces e periféricos, organização de memória, multiprocessadores, multicomputadores,
arquiteturas paralelas);
•
Computação, algoritmos e estruturas de dados (desenvolvimento e complexidade de
algoritmos, estruturas de dados lineares e não lineares, pesquisa e ordenação, grafos);
•
Engenharia de Software (processos de desenvolvimento de software, qualidade de software,
técnicas de planejamento e gerenciamento de software, engenharia de requisitos, métodos
32
de análise e de projeto de software, verificação, validação e teste, manutenção,
documentação);
•
Ética, computador e sociedade (aspectos sociais, econômicos, legais e profissionais de
computação, Aspectos estratégicos do controle da tecnologia, ética e responsabilidade
profissional);
•
Lógica matemática e matemática discreta (cálculo proposicional, lógica de primeira ordem,
conjuntos, relações, funções, ordens parciais e totais, álgebra booleana, estruturas
algébricas, combinatória);
•
Programação (paradigmas de linguagens, metodologias de desenvolvimento de programas,
recursividade);
•
Sistemas operacionais (gerência de processos/processador, comunicação, concorrência e
sincronização de processos, gerenciamento de memória, alocação de recursos e deadlocks,
sistemas de arquivos, gerenciamento de dispositivos de entrada/saída).
b) Conteúdos específicos ao Bacharelado em Sistemas de Informação:
•
Administração (as atividades do processo administrativo: planejamento, organização,
direção e controle, a relação entre níveis organizacionais, processo decisório e sistemas de
informação, visão geral das funções empresariais básicas: marketing, finanças e
contabilidade, produção e logística, recursos humanos, os conceitos, níveis e tipos de
decisão nas organizações, os estágios do processo decisório, os modelos individuais e
organizacionais de tomada de decisão, teorias, metodologias, técnicas e ferramentas
aplicáveis à análise de decisões);
•
Auditoria e avaliação de sistemas (o conceito e os objetivos da auditoria de sistemas de
informação, o planejamento, implementação e avaliação de políticas de segurança de
informações, técnicas de auditoria em sistemas de informação, avaliação quantitativa X
avaliação qualitativa, classificação e caracterização dos métodos de avaliação e tipos de
problemas envolvidos);
•
Banco de dados (visão geral do gerenciamento de banco de dados, arquitetura de um
sistema gerenciador de banco de dados, modelagem e projeto de banco de dados,
gerenciamento de transações, controle de concorrência, recuperação, segurança, integridade
e distribuição, bancos de dados relacional, objeto-relacional, orientado a objetos);
•
Gerência de projetos e qualidade de software (planejamento, execução, acompanhamento,
controle e encerramento de um projeto, modelos, metodologias, técnicas e ferramentas do
33
gerenciamento de projetos, conceitos de qualidade de software, modelos e normas de
qualidade de software, técnicas de garantia da qualidade de software);
•
Processos de desenvolvimento de software (o processo de software e o produto de software,
ciclo de vida de sistemas e seus paradigmas, uso de modelos, metodologias, técnicas e
ferramentas de análise e projeto de sistemas, processo de desenvolvimento de sistemas de
informação para suporte ao processo decisório e estratégico);
•
Redes de computadores e sistemas distribuídos (tipos de enlace, códigos, modos e meios de
transmissão, protocolos e serviços de comunicação, arquiteturas de protocolos, modelos de
arquitetura e aplicações, interconexão de redes, planejamento e gerência de redes, segurança
e autenticação, comunicação entre processos, tolerância a falhas, heterogeneidade e
integração);
•
Sistemas de informação aplicados (o conceito e classificações de sistema, os conceitos de
dado, informação e conhecimento, enfoque sistêmico, os conceitos, objetivos, funções,
componentes e classificações dos sistemas de informação, as dimensões tecnológica,
organizacional e humana dos sistemas de informação, características e funcionalidades de
sistemas de informação de nível operacional, tático e estratégico nas organizações, o
planejamento estratégico de sistemas de informação, desenvolvimento de sistemas de
informação de suporte ao processo decisório operacional, tático e estratégico).
Trata-se, sem dúvida, de uma formação bastante completa e que poderia atender às
necessidades de qualquer empresa do setor. Teremos, na análise dos resultados da pesquisa,
algumas percepções particulares sobre isto.
É bom não esquecer, por outro lado, que toda uma geração de profissionais absorvida, e
em geral bem avaliada, pelo mercado foi a dos Tecnólogos em Análise de Sistemas, uma
formação hoje tendendo ao desuso.
De acordo com RIOSOFT (2006), em pós-graduação stricto sensu (Mestrado,
Doutorado e Mestrado Profissional), o Estado conta com universidades e cursos de excelente
qualidade, inclusive envolvendo diversas parcerias, apoiadas por órgãos públicos, de
pesquisas com empresas (de grande porte, em sua maioria).
As áreas e temas da pós-graduação stricto sensu são: Ciências Exatas e da Terra
(Sistemas e Computação; Design WEB; Informática; Matemática); Multidisciplinar
(Computação de Alto Desempenho; Engenharia de Computação —Mestrado em Geomática);
Engenharias (Engenharia Elétrica; Engenharia de Produção; Ciências Sociais Aplicadas
34
(Administração — ênfase em empresa; Economia — ênfase em tecnologia). As principais
unidades de ensino e pesquisa são a UFRJ, a PUC-RIO, a UERJ, a UFF e o IME.
É preciso considerar ainda que outras pós-graduações stricto sensu (nas áreas de
Administração, Engenharia e Economia, entre outras) podem ser também de interesse no
recrutamento de profissionais para as empresas de TI.
Quanto aos cursos de pós-graduação lato sensu (mínimo de 360 horas) de interesse do
setor, ainda de acordo com RIOSOFT (2006), são oferecidos pela UFF, UFRJ, UERJ, PUCRIO, UCAM, Estácio de Sá, Veiga de Almeida, UNICARIOCA, FGV e IBMEC. Existem 34
cursos com ênfase em TI e 33 em Administração ou Gestão.
3.3.1.2 Outras formações
No que se refere ao ensino complementar, não encontramos dados gerais confiáveis.
São provavelmente centenas ou milhares de empresas e mesmo instituições de nível superior
oferecendo os mais diversos cursos e treinamentos, desde uma simples iniciação ao uso de
computadores, com 4 horas de duração, até treinamentos sofisticados e de alto nível, MBAs
não reconhecidos, cursos de treinamento para certificações etc. Naturalmente, os próprios
fornecedores de ferramentas (Oracle, Microsoft, SAP, Sun, IBM etc.) são concorrentes neste
mercado.
De particular interesse das empresas são entidades que formam ou certificam
profissionais: PMI 9, ALATS 10 etc.
As empresas do setor também recorrem, para treinamento de seus profissionais e
gestores, a entidades como a RIOSOFT, voltada essencialmente para qualidade do software, a
SUCESU, com cursos para gestores de usuários etc.
Como acontece em outras áreas, algumas entidades de treinamento de maior porte e
mais tempo de mercado tendem a se transformar em cursos de nível superior, como, por
exemplo, o Instituto INFNET 11, e a Faculdade SENAC Rio 12, entre outras.
Alguns autores, como Petit (2006), preconizam, para suprir mais rapidamente a carência
de profissionais no mercado, a formação de nível médio para algumas funções, tais como,
codificação, debuging e teste.
9
Project Management Institute – http://www.pmi.org
Associação Latino-Americana de Teste de Software: http:// 200.214.34.9/
11
http://www.infnet.com.br/superior/
12
http://www.rj.senac.br
10
35
Como exemplo desta política, o FAT
13
(2006) apresenta um abrangente projeto de
implantação de um sistema de qualificação de profissionais de nível técnico para o setor de
Tecnologia da Informação, com o objetivo de “implantar um modelo de formação de
profissionais de nível técnico na área de tecnologias da informação, de modo a possibilitar o
atendimento da demanda atual e a evolução de novos negócios desse setor e viabilizar uma
estratégia nacional de melhoria da posição relativa do Brasil no mercado mundial de TI”,
qualificando também estes profissionais com selos internacionais de qualidade.
3.3.2
ASPECTOS METODOLÓGICOS E MOTIVACIONAIS DA EDUCAÇÃO EM
TI
Algumas questões metodológicas associadas ao tema da educação em TI são:
a) O uso da própria tecnologia para ensinar TI, mormente em ensino à distância.
b) Métodos de educação continuada.
c) Processos de aceleração e aprofundamento da capacitação prática.
Não há nenhuma dúvida de que o ensino à distância, servindo-se dos mais diversos
recursos da Internet, é um fato neste setor. A ACM, por exemplo, oferece aos seus associados
cerca de 1000 cursos de excelente qualidade, e gratuitos. A FENAINFO
14
, através de um
convênio com a ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, criou a Universidade Corporativa
Fenainfo 15, com o propósito de oferecer educação à distância, de boa qualidade e baixo custo,
às empresas do setor, incluindo um MBI On-line de gestão de empresas de TI.
Quintão, Segre e Rapkiewicz (2001) apresentam um panorama abrangente dos
processos utilizados para a educação de profissionais de TI. Segundo a pesquisa dos autores,
vários métodos são usados nestes processos pelas empresas: cursos seqüenciais, cursos de
pós-graduação, auto-aprendizado, troca de experiências, treinamento à distância, treinamento
na própria empresa e treinamento oferecido pelos fornecedores de ferramentas e serviços.
Um aspecto bastante enfatizado nesse estudo é o da educação associada à certificação,
dentre as quais as mais procuradas são as de administração de redes, sistemas operacionais e
servidores, as de administração e desenvolvimento de bancos de dados e as de
desenvolvimento de software. De fato, muitas dessas certificações (Cisco, Novell, IBM,
Microsoft, HP, Sun, Oracle etc.) demonstram que o profissional conhece as ferramentas mais
13
14
Fundação de Apoio à Tecnologia, ligada à FATEC-SP: http://www.fundatec.org.br/
Federação Nacional das Empresas de Informática – http://www.fenainfo.org.br
36
do que os processos de solução de problemas. Outras, no entanto, como as da Computer
Technology Industry Association - CompTIA, já têm um cunho mais aplicado. Em 2000, as
certificações mais procuradas eram as da Microsoft, da IBM e da Cisco.
As principais vantagens das certificações, segundo os autores, são a maior
empregabilidade, o reconhecimento do profissional por padrões internacionais reconhecidos,
melhores salários e a aquisição de conhecimentos atualizados. As empresas que oferecem
certificações o fazem, naturalmente, com interesse comercial, não apenas relacionado com as
receitas oriundas da preparação e do processo em si de certificação (por vezes bastante caro),
mas também porque isso valoriza os seus produtos (os profissionais certificados passam a ser
ardentes defensores dos mesmos). Uma das justificativas adotadas por estas empresas,
contrapondo a certificação à formação acadêmica regular, é que “as habilidades exigidas pelas
empresas são tão novas que ainda não são ensinadas nas universidades”.
As desvantagens e riscos deste tipo de certificação são a possível rápida obsolescência
(por ser em produtos específicos), a necessidade de atualizar o certificado freqüentemente, o
caráter teórico dos testes, a não garantia de competência (por não estar associada à resolução
de problemas e sim a ferramentas), o fato de não agradar a alguns empregadores pelo caráter
excessivamente especializado, além de não ser muito valorizada academicamente.
Por outro lado, ainda no mesmo estudo, há o desafio de a formação acadêmica não
atender aos requisitos do mercado, exatamente por ser mais lenta e genérica, demandando
muito cuidado da parte do estudante para cursar em paralelo com as disciplinas básicas,
outras, eletivas, mais atuais.
Uma forma mais recente e bem vista pelo mercado para formar profissionais
aceleradamente e com competência teórico-prática é a da residência.
Uma experiência, co-patrocinada pela Motorola, pela Universidade Federal de
Pernambuco e pela empresa Qualiti Software Processes é relatada por Sampaio (2006). Este
experimento tem por objetivos a “formação acelerada de profissionais, devido à escassez de
profissionais em várias áreas de TI, a redução do tempo de internalização produtiva do capital
humano formado, a formação ‘sob demanda’, a redução do custo operacional da formação de
pessoal e a integração contínua e balanceada entre teoria e prática; é um modelo baseado no
Residência Médica”.
15
http://ucf.esab.edu.br/ucf/
37
Neste experimento, foram formados 150 residentes, todos absorvidos pelo mercado,
tendo sido geradas diversas monografias, que foram transformadas em produtos. O custo de
um residente, segundo o autor é 40% menor do que o da contratação direta de um profissional
contratado.
Algumas características do processo são:
™ Pré-seleção baseada em análise curricular, apresentação do programa e
entrevistas
™ Tempo integral (8h de dedicação)
™ Bolsa de estudos; dedicação exclusiva ao curso (única atividade paralela
permitida é a graduação)
™ Postura profissional
™ Outros critérios técnicos e profissionais estabelecidos pela Unidade de
Residência a partir do estudo das necessidades e demandas da empresa
™ Formação geral em Engenharia de Software (tipicamente nas disciplinas de um
processo) com especialização em:
ƒ Testes
ƒ Desenvolvedor web (Java, .Net etc.)
ƒ Conversão entre plataformas
ƒ Arquitetura de software
ƒ Qualidade
™ Inserção do Residente nos processos de desenvolvimento e qualidade da
empresa; supervisão de um líder de equipe, na empresa; alocação de atividades
bem definidas, permitindo avaliação do residente
™ Produtividade do residente depende diretamente:
ƒdo nível de organização empresa
ƒda supervisão do líder
™ Visão crítica de algum aspecto vivenciado na empresa; tipicamente:
ƒFerramenta de apoio
38
ƒMelhoria de processo
ƒUm novo negócio!
™ Formato da avaliação final: texto escrito e apresentação oral
™ Apoio: orientador da formação teórica e supervisão (formação prática)
Uma outra interessante experiência de abordagem criativa do ensino de TI é relatada por
Nickerson (2006). Trata-se de um curso de mestrado chamado “Integrando Tecnologias de
Sistemas de Informação”. São tratados problemas reais da prática empresarial e o processo
pedagógico se assemelha à formação de arquitetos. Os estudantes devem apresentar projetos
de sistemas complexos sob forma de posters, que são, a cada aula, discutidos na turma. Foi
relatada uma eficiência maior do que com o tipo de apresentação usual, com slides ou papers.
Os estudantes relataram que não apenas o poster auxilia a visualização, mas também permite
acompanhar e discutir melhor o pensamento de quem apresenta.
3.4
AÇÕES INSTITUCIONAIS
Do ponto de vista da educação em TI voltada para empresa, algumas ações
institucionais devem ser consideradas.
Embora a ASSESPRO (2004), em sua proposta de política industrial para o setor, se
concentre predominantemente nos aspectos do poder de compra do estado, apoio ao
desenvolvimento tecnológico, legislação e tributação, várias de suas propostas embutem a
necessidade implícita do aperfeiçoamento da mão-de-obra (e explicitamente em apenas um
item do documento).
Tanto assim que, conforme TI & Governo (2006), um convênio foi assinado em outubro
de 2006 entre a ASSESPRO-RGS e o Ministério do Trabalho para um “programa emergencial
de qualificação em TI”, iniciativa essa que deverá servir de modelo para outros estados.
Segundo Paret (2007), “a disponibilidade de recursos e projetos, somada à boa
conjuntura política e econômica, alimenta a esperança de um novo capítulo na história da TI
fluminense. Sem esse salto, dificilmente teremos desenvolvimento sustentável. Para isso,
entretanto, é preciso que os recursos disponíveis nas várias fontes de financiamento cheguem
às empresas que desenvolvem tecnologia. Que se disponibilizem parte dos recursos que
retornam para o FUNDES, através da InvestRio, às micro, pequenas e médias empresas de TI.
39
Que se injete nova vida à FAPERJ para que ela canalize com agilidade os recursos federais
disponíveis para inovação tecnológica. Que se explore ao máximo, enfim, o potencial de
financiamento disponível nas agências federais e internacionais de fomento.”
É evidente que, se estas propostas se viabilizarem, muitas outras oportunidades de ação
no campo educacional se viabilizarão também, sem esquecer de outras formas recentes e
inovadoras de incentivos à empresa de tecnologia, como o Pappe-Subvenção, o Programa
Juro Zero etc. (Paret, 2007).
O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT, 2006) tem uma ampla proposta
educacional, elaborada pela SOFTEX, para o período 2006-2012. Seus pontos principais
podem ser assim resumidos:
a) Objetivo: suprir a carência qualitativa e quantitativa de profissionais.
b) Quatro frentes principais de ação: reeducação de profissionais de outras áreas para
ingressar no desenvolvimento de software, reciclagem de profissionais já atuando,
formação em engenharia de software (graduação e pós, incluindo mudanças
curriculares) e atração de talentos para o setor.
c) O impacto esperado seriam 50 mil novos profissionais habilitados até 2012.
d) O projeto compreende 5 módulos: I) Reciclagem e reeducação; II) Formação técnica
e superior; III) Atração de talentos; IV) Formação de parcerias; V) Gestão integrada.
e) O modelo de fomento envolveria a contratação de projetos através de editais de
fomento de agências como o CNPq e a FINEP.
f) O orçamento global seria de 470 milhões, recuperáveis com o aumento da
arrecadação do imposto de renda pago pelos novos profissionais (que teriam renda
aumentada), sem contar com outras formas, como o aumento da produtividade das
empresa, exportação etc.
g) O projeto prevê, para cada módulo, uma metodologia específica e uma ementa básica
(conteúdo disciplinar).
h) Este projeto não prevê a reciclagem de empreendedores já estabelecidos (que são, em
sua maioria, técnicos).
40
4 METODOLOGIA
4.1
TIPO DE PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa exploratória e qualitativa (Vergara, 2000). O cunho
exploratório deriva do fato de que não foram identificadas outras pesquisas deste tipo, onde se
busca conhecer a demanda educacional das empresas de TI mais profundamente do que
simplesmente através de questionários objetivos etc.. Este resultado também pretende ir além
de identificar apenas aspectos de conteúdo do ensino, mas também sugerir abordagens para
que essas empresas possam efetivamente se beneficiar do aumento da qualidade e quantidade
de profissionais mais capacitados, visando uma inserção mais efetiva nos mercados interno e
externo.
O escolha da abordagem qualitativa decorreu de dois fatores principais:
™ Não há dados confiáveis sobre o mercado que possibilitem generalizar
informações quantitativas.
™ O
conhecimento
adquirido
qualitativamente
pode
ser
de
natureza
multidimensional, abarcando, num mesmo panorama, diferentes aspectos das
empresas, que se entrelaçam para definir os processos decisórios relativos ao
campo estudado, a educação profissional.
A perspectiva adotada na abordagem qualitativa é construtivista e hermenêutica, onde a
compreensão é preferida à mensuração (Möbius, 2002). Isso significa que, embora se tenha
elaborado um questionário ou roteiro de entrevista, o próprio diálogo do entrevistado com o
pesquisador deu muitas vezes origem a questionamentos e reflexões originais e inesperadas.
Para isso, a postura do entrevistador foi, o mais possível, empática e questionadora, o que foi
facilitado pelo fato de ser ele também empresário e profissional de TI. O aspecto
hermenêutico está presente na interpretação das respostas e dos dados, como veremos adiante.
4.2
A AMOSTRA
As empresas investigadas foram contatadas por critérios de acessibilidade e variedade.
As fontes de referências foram os cadastros do SEPRORJ (que contém, por razões legais,
todas as empresas do setor no Rio de Janeiro) e da RIOSOFT, formado principalmente por
41
empresas que já participaram de algum evento educacional oferecido pela instituição
(incluindo o projeto Qualisoft, voltado para a qualidade dos processos de produção).
Nenhuma pré-condição foi estabelecida para uma empresa ser contatada, apenas a
comodidade e acessibilidade. Assim, há na amostra uma empresa que ocupa uma pequena
sala, com poucos profissionais autônomos, e outra que tem mais de 2000 empregados.
Os contatos foram feitos por telefone (por funcionárias do SEPRORJ) e por e-mail.
Algumas empresas aceitaram ser entrevistadas, outras preferiram responder ao questionário
via e-mail. Conhecimento pessoal dos consultores da RIOSOFT e diretores do SEPRORJ
também foi utilizado para facilitar o acesso às empresas.
Acessoriamente, as empresas, tanto as entrevistadas quanto as que responderam a
questionários via e-mail, foram, após a coleta de dados inicial, contatadas por telefone para
informações suplementares e eventuais correções. Os sites das empresas também serviram na
maioria dos casos para completar informações.
Em ambas as formas de pesquisa, houve uma grande preocupação em respeitar as
limitações de tempo e disponibilidade dos executivos.
As entrevistas e coleta de dados via e-mail ocorreram entre setembro e dezembro de
2006.
4.3
INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
A carta enviada via e-mail encontra-se no Anexo 1, e o respectivo formulário no Anexo
2. O formulário era acessado através de num link na própria carta e cada campo tinha uma
explicação detalhada sobre sua natureza e forma de preenchimento.
O questionário principal da pesquisa está no Anexo 3. A conceituação e roteiro de
preenchimento estão no Anexo 4.
4.4
ENTREVISTAS
O aspecto central das entrevistas foi tentar ir além das respostas aparentemente objetivas
dadas usualmente a perguntas que se pretendem objetivas. Com efeito, a demanda — qualquer
42
demanda — tem um aspecto consciente e objetivo e outro mais sutil, onde a pessoa que
responde introduz inconscientemente um viés de viabilidade ou familiaridade, pensando em
barreiras, impossibilidades, desejos, etc., e só exprime aquilo que parece realista ou correto.
Ao mesmo tempo, as perguntas menos óbvias, o questionamento das respostas dadas etc.,
pode provocar novos insights e idéias, aumentando a qualidade do entendimento daquela
realidade.
Estes princípios foram seguidos com muito cuidado e algumas percepções só surgiram
ao final da entrevista, muitas vezes após um tempo de relaxamento e conversa livre, por vezes
questionando eventuais aparentes contradições nas respostas anteriores.
As entrevistas foram todas feitas pelo responsável pela pesquisa, que possui ampla
experiência empresarial e profissional no setor, permitindo também criar uma certa
cumplicidade com o entrevistado e abrir espaço para uma reflexão mais sincera. Um exemplo
claro disto, que surgiu em quase todas as entrevistas, foi quando se falou do perfil profissional
ideal, envolvendo também aspectos comportamentais.
Também houve um cuidado de deixar o formato das respostas mais aberto do que o
formulário em anexo permite supor. As perguntas eram feitas de modo a deixar o entrevistado
falar à vontade. As informações oferecidas por ele, quando não fossem meramente dados
objetivos, eram anotadas no verso da folha e depois transcritas para uma planilha,
classificando por categoria quando fosse o caso.
As tecnologias de produção e de produto só foram classificadas durante o tratamento
dos dados. A coleta dessas informações eram as que mais demandavam a intervenção do
pesquisador, procurando lembrar ao entrevistado sobre fatores e categorias de tecnologias
que, por serem para ele comuns, poderiam não ser lembradas.
Outro ponto importante foi quando a resposta pressupunha “estar atrasado ou defasado
tecnologicamente” (particularmente com relação ao uso de métodos e ferramentas mais
modernos). Neste casos, o pesquisador procurava fatores positivos e justificativas nestas
opções, de modo a permitir ao entrevistado falar mais longamente dos porquês disso.
Procurou-se permanentemente minimizar o tempo de entrevista e eventual desconforto
do entrevistado. Por exemplo, no item referente aos investimentos feitos ou desejados em
treinamento, verificou-se que a maioria dos entrevistados achava muito desconfortável
discorrer sobre isso do modo como a planilha foi concebida, isto é, associando a cada função,
43
uma a uma, o tipo de investimento. Como ficou claro que a maioria só não investia em
alguma coisa por falta de recursos, supusemos que a demanda consistia de todas as classes de
treinamentos etc., seja os realizados, seja os desejados. Então procuramos uma visão mais de
conjunto.
É claro que houve também um cuidado extremo em minimizar o viés das opiniões do
pesquisador, submetendo ao entrevistado, ao final da entrevista suas percepções sobre os
pontos principais.
Foi garantido sigilo completo a todas as empresas.
4.5
ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES DA INFORMAÇÃO
A maioria dos conceitos e categorizações da informação adotados na presente pesquisa
estão justificados no capítulo anterior e descritos nos capítulo de resultados.
Alguns aspectos a destacar são:
4.5.1
TIPOS DE NEGÓCIOS
Este item indica mais claramente o perfil empresarial: de que a empresa vive? Isso visa
facilitar o entendimento da natureza da sua organização tecnológica. Ou seja, uma empresa
que vende pacotes tem que ter capacidades — portanto demandas de aprendizado —
diferentes da empresa que faz software sob encomenda. Na realidade, foi encontrada em geral
uma realidade misturada, predominando uma busca para criar software “sob encomenda” a
partir de um pacote básico.
Os conceitos mais sutis relativos aos tipos de negócios estão explicado no Anexo 4.
4.5.2
A QUESTÃO DA CERTIFICAÇÃO
Partiu-se da premissa de que as empresas do setor, por serem, em sua maioria, de
pequeno porte e terem nascido do conhecimento técnico, tendem a perpetuar práticas um tanto
artesanais. O amadurecimento e reconhecimento da importância de uma disciplina nas
atividades se consubstancia no esforço de adoção prática de alguma norma ou critério
universal.
Foram consideradas três classes de certificação como indícios desta transformação (que
também caracteriza um determinado status empresarial):
44
a) Qualidade da gestão como um todo: certificações ISO.
b) Qualidade da gestão técnica e da engenharia de software (processos): CMMI,
MPSBr. ITIL etc.
c) Certificações profissionais: PMI etc. e as de ferramentas.
Este critério de análise não significa que a empresa tenha efetivamente mais ou menos
qualidade e sucesso em seus negócios (até porque muitas vezes a escolha é mercadológica,
como veremos nos Resultados), porém que se preocupa com a questão metodológica geral.
4.5.3
RELACIONAMENTO CAPITAL-CONHECIMENTO VERSUS DEMANDA
Esta foi uma das mais importante premissas da pesquisa: conhecer a natureza do capital
conhecimento da empresa implicitamente traz à tona vários insights sobre a natureza da
demanda de aquisição e aperfeiçoamento do conhecimento, portanto de educação em TI. Isso
não significa que possam existir cursos ou treinamento formais para atender a essa demanda,
mas que, de algum modo, o empresário precisa disso, seja de modo informal, autodidata,
através de consultoria, orientação etc.
Dentre as categorias adotadas para os diferentes aspectos do capital-conhecimento da
empresa, temos:
a) Tecnologia de produto: foi basicamente adotada a classificação de domínios e
campos de aplicação de SOFTEX (2001), porém foi necessário fazer adaptações e
simplificações. Esta classificação necessitaria também de atualização.
b) A categorização das tecnologias de produção se inspirou na proposta de Rodrigues e
Ludmer (2005) combinada com a classificação pragmática de Beira (2001), para
ajudar, nas entrevistas, a recordar pontos que poderiam ser esquecidos devido à
familiaridade.
c) Em alguns casos, uma tecnologia de produto pode ser simultaneamente incluída
também como de produção, quando a natureza do produto ou serviço exigir um
conhecimento particular para sua realização, ou seja, se trata de um produto e de uma
técnica. Pode ser o caso, por exemplo, de BI (business intelligence).
4.5.4
OS CONCEITOS DE FUNÇÕES TÍPICAS DA EMPRESA DO SETOR
Existem inúmeras visões funcionais da empresa, independentemente do setor. Para os
propósitos deste estudo, foram adotadas as categorias a seguir, que se mostraram
45
perfeitamente inteligíveis e familiares aos entrevistados, mesmo quando não era essa a sua
estrutura organizacional interna. É claro que, em cada empresa, algumas dessas funções
podem ou não existir ou estar englobadas num mesmo cargo.
a) Gerência de projetos/processos: o sentido é evidente.
b) Consultoria, definição/implantação de processos etc.: são as atividades correlatas,
complementares à incorporação de um software numa empresa cliente; é um fato
corriqueiro em sistemas de maior porte, estando por vezes esta função a cargo de
uma terceira empresa.
c) Negociação/Concepção/Definição requisitos: este conjunto de funções define a “zona
cinzenta” e delicada entre as necessidades do cliente, percebidas com clareza ou não,
e a solução que será proposta; englobamos aí também a negociação dos contratos de
serviços, de modo que fica clara a correlação entre os requisitos e a responsabilidade
de cada parte.
d) Design, usabilidade, interface humana etc.: são função em geral associadas às
anteriores (item c), mas de cunho mais “artístico”, feitas por profissionais diferentes
(pelo menos em parte).
e) Projeto (inclusive banco de dados); função comum e bem identificada
f) Desenvolvimento/programação/manutenção: idem
g) Testes/homologação: idem
h) Desenvolvimento de tecnologia/suporte técnico interno: idem
i) Distribuição/instalação/suporte a clientes: idem
j) Gestão da operação, BD, segurança etc.: idem
k) Outras: em todos os casos, foi a comercialização, porém vista como mais do que
simplesmente vender, incluindo um pouco da função do item c acima.
4.6
TRATAMENTO DOS DADOS
Tendo todas as entrevistas sido digitadas em planilhas individuais, os dados tabuláveis
foram criticados e transcritos, nas devidas categorias, para uma grande planilha e tabulados,
46
permitindo criar os gráficos e tabelas.
Em alguns casos, houve necessidade de reinterpretação, contato com o executivo ou
acesso ao site da empresa e coleta de dados suplementares.
Em seguida, as informações qualitativas, opiniões importantes etc. foram também
transcritas em categorias, facilitando a redação do capítulo de resultados.
Um ponto importante foi a conceituação dos percentuais. Como não estamos
interessados em aspectos quantitativos (quantos por cento das empresas têm tal ou qual
característica), porém mostrar predominância determinados temas, estes percentuais foram
calculados com base na quantidade de respostas de cada categoria, mesmo que uma mesma
empresa desse várias respostas. Ou seja, são percentuais não sobre quantidade de empresas,
mas sobre quantidade de itens declarados.
As escalas destinadas a mensurar a importância relativa das características gerais
(conhecimento técnico, capacidade de aprender, visão de conjunto e do problema e atitudes
etc.) no perfil desejado dos profissionais da empresa tiveram que ser normalizadas. Ou seja,
foram convertidas para uma escala de 0 a 10, mais ampla do que a escala do questionário, de
0 a 5, para as diferenças serem melhor percebidas. Como todas as notas foram de 3 a 5,
subtraímos 3 de cada nota e multiplicamos o resultado por 5, gerando em seguida as médias.
4.7
O FÓRUM EDUC-TI
Este grupo reuniu-se diversas vezes durante o projeto. Foram convidados empresários,
consultores e educadores, todos com larga experiência. Os resultados das discussões
permitiram coletar informações bibliográficas, idéias e fatos importantes (inclusive
históricos), críticas aos resultados intermediários etc.
Como apoio, foi criado um Grupo de Discussão no Yahoo, onde as trocas e documentos
ficaram guardados.
Os resultados das interações do Fórum estão no Item 5.1 a seguir.
47
5 RESULTADOS
5.1
RESULTADOS DO FÓRUM EDUC-TI
As discussões no Fórum EDUC-TI, visando oferecer subsídios para a pesquisa (e
eventualmente para outras iniciativas), resultaram nos seguintes resultados principais (além da
criação de um grupo de discussão no Yahoo, servindo para arquivar os textos produzidos pelo
grupo e literatura pesquisada, a qual serviu parcialmente ao presente estudo).
5.1.1
ALGUMAS PREOCUPAÇÕES E VIVÊNCIAS
a) A idéia inicial do Fórum é a de estudar e refletir com amplitude sobre a Educação em
TI no Estado:
™ O que se ensina, onde, por quem, para quem, quantos estudantes, metodologias,
qualidade etc.:
ƒFoi lembrada a existência de uma pesquisa do INEP sobre o tema;
ƒHá também definições claras do MEC sobre os diferentes tipos de cursos e
focos;
ƒA Faculdade da Cidade tem um projeto em andamento para uma formação ongoing, isto é, com etapas de formação intercaladas com estágios profissionais
etc.;
ƒFoi lembrado também que a SBC tem estudado o tema já há bastante tempo,
pelo menos do ponto de vista de currículos, recomendações, natureza etc.;
ƒHá outras formações de intenção não profissionalizante, e que poderíamos
também estudar, já que a TI tem escopo horizontal, isto é, penetra em todas as
profissões e faixas de idade/interesses (foram lembrados os cursos de TI para
3ª idade etc.).
ƒAspectos comportamentais, éticos e de atitude dos estudantes são uma constante
preocupação dos educadores. A academia tem-se deparado com enormes
desafios neste terreno, provavelmente advindos da falhas educacionais mais
profundas e antigas (família, ensino básico e médio).
™ Qual a demanda e como ela está ou não sendo atendida por esta formação:
48
ƒComo é o ingresso das pessoas no mercado de trabalho
ƒComo é o perfil dos profissionais empregados e qual o grau de satisfação dos
empregadores do ponto de vista de atendimento imediato dos requisitos dos
negócios X defesa contra a obsolescência
ƒComo o gestor percebe a questão dos RH no setor; demanda reprimida
consciente ou não e demanda bem atendida
ƒComo a empresa participa do processo educacional
b) Os resultados deste estudo serviriam para embasar propostas de institucionalização,
financiamento e outros projetos que apoiariam o fortalecimento do Estado enquanto
produtor/exportador de software e serviços de TI
c) O ensino de 3º grau serve para profissionalizar ou educar? Qual deve ser a ênfase?
Alunos chegam muito crus de coisas bem básicas, incluindo posturas, clareza de
papéis, tipos de problemas que devem resolver etc.
d) Formalizar/clarificar o papel das empresas como parceiras da formação em TI; propor mecanismos/formas de delimitação desses papéis, incentivos, financiamento etc.
e) Estudar a desescolarização da formação: há muitos profissionais de qualidade sem
formação regular; (recrutamento em cursos de inglês para empresas terceirizadas
exportadoras — fábricas de software)
f) Estudar metodologias de aprendizagem
g) Projetos de residência (Motorola etc.)
h) Ver Lei de Diretrizes e Bases
i) O profissional de TI se vê/é visto como um operador de ferramentas ou um
“resolvedor” de problemas (como um engenheiro)? Exemplo: demanda de
certificações em ferramentas pelas próprias empresas (por que?)
j) Ensinar a comprar (uma possível demanda educacional)
k) Como reduzir, desde a própria formação, a probabilidade de obsolescência
profissional precoce (tendo em vista a velocidade das mudanças tecnológicas,
organizacionais e econômicas?
™ Empreendedorismo
49
™ Aprender a aprender
™ Autodidatismo
l) Aproximar empresas e entidades de ensino
m) Examinar as incubadoras e empresas juniores
n) Criar um evento para conhecer o que as faculdades estão planejando/fazendo e seus
desafios;
o) Que tipo de formando vai para que tipo de emprego?
p) Estudar as avaliações do MEC;
q) Ver artigo na RAE On-line sobre a Lei de Inovação;
r) SBC – workshop sobre qualidade de cursos;
s) Parceria com a SBC (inclusão de alguém no Fórum);
t) Ver próximo Congresso da SBC;
u) Examinar com cuidado o ensino à distância;
v) Estudar projetos educacionais em curso ou planejados, mesmo que fora da academia;
w) Ver outras formas importantes de educação: sensibilização de usuários etc.;
x) Algumas dúvidas sobre escopo:
™ Incluir outras formações, além de produção de software? Ex. consultoria,
gerenciamento, suporte, pós-graduações diversas, cursos livres etc.
™ Incluir profissionais da indústria (hardware e software básico), comercialização,
manutenção?
y) Incluir TI de empresas usuárias, além de produtoras de software?
5.1.2
PROPOSIÇÕES DO FÓRUM
Até o momento em que iniciamos este relatório, o Fórum tinha produzido as seguintes
proposições:
5.1.2.1 Premissas de Contexto
Estas premissas dizem respeito, em sua maioria, à busca de equilíbrio entre demandas
opostas. Por exemplo:
50
a) Considerar as demandas educacionais de curto e longo prazos, ou seja, aspectos
instrumentais e teórico-conceituais.
b) Considerar, além dos aspectos puramente técnico-profissionais, outros de natureza
educacional e formativa.
c) Considerar que a TI não é apenas um conjunto de técnicas e ferramentas a serem
manuseadas competentemente, mas um agente de transformação da economia e da
sociedade. Neste sentido, a formulação é tão importante quanto a resolução de
problemas.
d) Considerar a existência e complementaridade de múltiplos níveis, tipos, instrumentos
e agentes de formação de recursos humanos.
e) Considerar o ambiente tecnológico e econômico global, nacional e regional, não só
atual mas também prospectivo. Isso inclui o porte e perfil característico das empresas
empregadoras no Estado.
f) Considerar as oportunidades de incentivos e as diretrizes oferecidas pelas instâncias
governamentais, no sentido do maior aproveitamento das mesmas e, se possível, de
orientá-las para os maiores benefícios econômicos e sociais.
g) Considerar que a TI vai muito além da TI (Sociedade da Informação e do
Conhecimento etc.).
5.1.2.2 Alguns Projetos e/ou Temas de Investigação
a) Formação e demanda de recursos humanos em TI no RJ.
b) Capacitação de profissionais de outras áreas no entendimento e uso eficaz da TI
c) Aspectos da cultura do setor:
™ Como desenvolver uma efetiva capacidade para definir o problema, sem
desconsiderar as potencialidades da tecnologia nem deixar que o fascínio e
complexidade das ferramentas poluam o entendimento efetivo do problema.
™ O papel e status (inclusive salarial) das certificações e da formação instrumental e
super-especializada, em contraponto à formação mais conceitual e profunda
(incluindo o “aprender a aprender” etc.).
d) Estratégias e mecanismos de formação/aperfeiçoamento:
51
™ Experiências de formação e atualização (residência, colleges comunitários,
escolas técnicas etc.) no Pais e no exterior.
™ Ensino à distância.
™ Educação permanente – mecanismos e estratégias.
e) Sinergia Empresa x Profissional:
™ Que perfil de recursos humanos é adequado à inserção do Brasil no mercado
global (e que inserção está sendo buscada)?
™ Empreendedorismo e criatividade em TI
™ Formação profissional x processos de qualidade
™ Tipos de vínculos de trabalho no setor (quais as formas mais eficazes),
rotatividade etc.
f) Inclusão social, democratização da TI e da sociedade com apoio da TI etc.
5.1.2.3 Dimensões de Investigação
Em todos estes temas, podem-se investigar, entre outras coisas:
™ Instrumentos, incentivos financeiros e legais e meios educacionais disponíveis no
País e no Estado para uso no setor.
™ Experiências educacionais de outras áreas (p. ex. o Profae etc.)
™ Tipos de produtos o Fórum Educ-TI poderia produzir (coletânea de artigos,
propostas educacionais, projetos para obter financiamento, seminários etc.)
™ Experiências de outros países
™ A questão do alinhamento com as mudanças tecnológicas, vistas como desafios e
também como oportunidades.
52
5.2
PESQUISA DE CAMPO
Foram investigadas, via entrevistas e e-mail, com apoio telefônico e consulta aos
respectivos sites, as seguintes empresas:
Acol
B&C TECH
Century
Datafix
Dinâmica
Groupnet
Informal
K&N
Message
Módulo
Online BBS
Primsc
Redes Inteligentes
Tecso
Vertigo
5.2.1
Alterdata
BL
Choice
DBA
Drive
Hime
Interface
L. Bursztyn
Mestra
MPS
Perlink
Prognum
Rhodes
Tecteam
Wings Telecom
APPI
Brayner
Compuway
Delline
Gemini N.I.
Ibdcon
ISM
Lab 245
MI 2000
Nasajon
Pix
Puzzle
Sincout
Tokoro
Workers
ASA
Senac Rio
CSC Brasil
Delphos
GKO
Imago
ITH2O
Linux Solutions
Microsiga
Notion
Precision
Quality
Synapsis Brasil
V.S.
Wozen
DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR PORTE 16
>99 Grande
15%
<10 - Micro
22%
50 a 99 Média
17%
9 a 49 Pequena
46%
No total, estas empresas (uma delas é de porte realmente grande — mais de 2000
profissionais) empregam (incluindo os executivos) cerca de 5000 pessoas.
16
SEBRAE (serviços): Micro: <10 empregs.; Pequena: 10 a 49; Média: 50 a 99; Grande: >99
53
No estudo da ABES (2006), a distribuição das empresas do setor por porte no país é a
seguinte: Micro – 35%; Pequenas – 59%; Médias – 5%; Grandes – 1%.
Por sua vez, a estatística da ASSESPRO (2002) apresenta a seguinte distribuição: Micro
– 68%, Pequenas – 26%, Médias e Grandes – 6%. Idêntica proporção de médias e grandes em
relação à estatística nacional da ABES (2006), mas com uma quase inversão entre micro e
pequenas.
Nossa amostra, portanto, parece atípica, com uma proporção de médias e grandes
empresas bem maior do que as das outras tabulações.
Considerando que as empresas foram contatadas basicamente por e-mail geral (cadastro
do Seprorj) algumas possibilidades explicativas seriam:
™ O interesse pelo tema da educação seria mais sensível em empresas mais
estruturadas. Se verdadeira, esta hipótese também indicaria que esforços
educacionais junto a empresas poderão não ter viabilidade com empresas muito
pequenas ou desestruturadas.
™ Falta de tempo, disposição e recursos das empresas menores para responder
pesquisas.
5.2.2
IDADE DAS EMPRESAS
8,3% das empresas tinham até 5 anos e as demais (91,7%), mais de 5 anos (tempo limite
para verificar o sucesso de uma MPME, cf. Carvalho, Rodrigues e Paret, 2000).
A idade média foi de 15 anos, bastante elevada, embora até certo ponto comparável com
a das associadas da ASSESPRO (2005): 10,5 anos em média (sendo 78% com mais de 5
anos). Isto parece reforçar a suposição acima: empresas menos jovens, maiores e
provavelmente mais estruturadas teriam mais disponibilidade para refletir sobre o tema
educação (assim como se associar a entidades de classe, naturalmente).
É importante enfatizar portanto que esta pesquisa teve como objeto típico (embora
involuntário) empresas experientes, competentes para sobreviver e prestar serviços, mas que,
em sua grande maioria, mantiveram-se micro e pequenas.
54
5.2.3
ORIGEM DO CAPITAL
Capital de
terceiros
5%
Capital próprio
17%
Incubada
3%
Conhecimento
75%
Trata-se de uma distribuição esperada: o grosso das empresas nasceu do capitalconhecimento de seus fundadores. O pequeno número de incubadas é provavelmente
proporcional ao universo de empresas do Estado ou resulta de uma amostra de empresas mais
velhas (quando não havia quase incubadoras). Também deve ser enfatizada a notável falta de
capital de risco (“capital de terceiros”).
5.2.4
INTERESSE PELA CERTIFICAÇÃO
9 0 ,0
8 0 ,0
7 0 ,0
6 0 ,0
5 0 ,0
F o rn e c e d o r
MPSBr
IS O
CMMI
%
4 0 ,0
3 0 ,0
2 0 ,0
1 0 ,0
0 ,0
T ê m C e r t if ic a ç ã o
P re te n d e m te r
S e m in t e r e s s e
55
Este resultado é significativo, mesmo com a ressalva de que perto de 20% das empresas
participantes da pesquisa já tiveram algum contato com programas da Riosoft voltados para
qualidade, em especial o Qualisoft. Quase 90% das empresas pesquisadas têm interesse em ter
ou ampliar suas certificações, escolhidas apenas entre as voltadas para qualidade de processos
e não para ferramentas ou ambientes proprietários. Em especial, 28% destas se interessam
pela certificação MPSBr.
23,3% do total já têm algum tipo de certificação sendo que, neste caso, as certificações
proprietárias (ferramentas) entrem com 20% destas. Apenas 3% das empresas levantadas
foram explícitas em demonstrar total desinteresse pelas certificações.
Os entrevistados interessados em ingressar ou ampliar suas certificações, quando
questionados pelo pesquisador, foram explícitos em defender que as certificações voltadas
para processos são ou seriam de muito interesse mas que razões de custo ou operacionais
(poucos recursos humanos disponíveis) impedem a sua adoção mais intensa. Por outro lado,
muitos manifestaram coisas como “não temos a certificação porque é caro, mas já utilizamos
métodos e processos similares, à nossa maneira”.
Quanto à motivação pelas certificações, tem-se
Qualidade +
Marketing
17%
Qualidade + Editais
4%
Editais
4%
Qualidade
50%
Marketing
25%
Fica clara a divisão entre a motivação voltada para qualidade e a mercadológica. Muitos
empresários, questionados pelo pesquisador, manifestaram um certo ceticismo quanto ao
efetivo ganho de qualidade, mas reconhecem o ganho comercial inegável.
56
Muitos dentre os mais céticos acham que já possuem bastante qualidade, com processos
próprios e, principalmente, com a ampla experiência concreta e compatível com o porte, o
estilo, o mercado, a estrutura e a história da empresa.
Isso ficou, repetidas vezes, ainda mais evidente quando alguns entrevistados
manifestaram um certo entusiasmo ao lhes ser mostrado, provocativamente, um artigo
(Jenkins, 2006), onde o autor afirma que “o estilo tradicional de desenvolvimento de software
pode ser tão produtivo quanto uma abordagem mais moderna”.
Na maioria dos casos, no entanto, as questões de previsibilidade, de método, de
disciplina, de processo de produção, de gestão racional etc. eram uma evidente preocupação
do executivo e as opiniões e percepções sobre certificação foram desse modo
contextualizadas.
Por outro lado, alguns dos empresários já engajados no processo de certificação
comentaram que “agora precisamos investir em alguma ferramenta ou método que aumente a
nossa produtividade, pois os processos desta certificação tornam as coisas muito lentas e
burocráticas e os clientes não pagam pela demora”.
O resultado deste item da pesquisa apresenta um interessante indício de necessidade no
campo de atuação educacional.
5.2.5
TIPOS DE NEGÓCIOS PREDOMINANTES
Integração sistemas
4%
Comercializ.
hard./soft. 3os.
5%
Provedor
1%
Webservices
5%
Desenv. soft.
encomenda
29%
Consultoria
9%
Trein./ suporte
técnico
5%
Fábrica de software
4%
Software pacote
38%
57
Estes resultados refletem a percentagem de itens (eventualmente mais de um por
empresa) cujas categorias correspondem a pelo menos 25% da receita total da empresa.
Este é um item delicado, uma vez que os contratos de serviços, comercialização ou
licença são extremamente variados, combinando receitas dos modos os mais diversos, sem
correlação direta com a efetiva natureza das atividades e custos do fornecedor. Por exemplo, a
categoria “Software pacote”, em alguns casos, é apenas a licença de uso ou aluguel, podendo
ou não envolver algum suporte, instalação e manutenção corretiva ou de adaptação legal. Em
outros casos, vários desses e outros serviços estão embutidos nos contratos de licença. Em
outros ainda, mesmo os menores serviços são discriminados e cobrados à parte, sendo então
possível categorizá-los em rubricas de receita separadas.
Embora, no presente estudo, a preocupação não seja com diagnóstico econômico ou
empresarial, esta mistura de fatos comerciais se refletiu em alguns casos numa certa mistura
conceitual quanto à natureza do negócio, sendo necessário um certo tempo de reflexão e
discussão com o entrevistador.
A questão da “Fábrica de software” também se revelou delicada, com uma certa mistura
entre aspectos metodológicos e efetivamente do negócio (produzir programas a partir de
especificações totalmente a cargo do cliente). Em todos os casos, o executivo entrevistado
parecia não acreditar que se pudesse deixar de intervir na própria especificação,
caracterizando um pouco o “desenvolvimento de software por encomenda”.
O ponto mais significativo deste item foi a tendência estratégica (e tecnológica, de certo
modo), de um grande número de empresas, de buscar construir sistemas sob encomenda sobre
a base de um pacote, num processo de contínua realimentação. Trata-se de uma busca de
reusabilidade construída não apenas sobre funcionalidades de classes básicas (como é
generalizado na abordagem OO), mas do próprio negócio. Ou seja, imitar a estratégia geral
dos fornecedores de ERPs no negócio de pacotes em geral. As conseqüências procuradas são,
naturalmente, a velocidade e a confiabilidade.
A consultoria foi também um item ambíguo, pois pode ser efetivamente um serviço de
apoio à mudança de processos do cliente, como também simplesmente um apoio na
comercialização ou na implantação de um pacote ou software sob encomenda.
5.2.6
EXPORTAÇÃO
Apenas 10% das empresa já têm um pé no exterior (muito incipiente, representando no
58
máximo, em poucos casos, 10% das receitas das que já estão neste processo) e 28,3% pensam
no assunto, com graus de envolvimento variável.
Questionados, os entrevistados em geral mostravam certa perplexidade, considerando a
própria incapacidade econômica e estrutural para ganhar mais mercado nacional, reconhecido
como de grande potencial. “Para que tentar exportar?”, diziam alguns.
Não houve indício de reconhecimento de correlação entre uma eventual falta de
capacidade técnica e a pouca penetração internacional.
5.2.7
DEMANDA POR CAPITAL-CONHECIMENTO – IMPLÍCITA
A demanda educacional, ou seja, a necessidade de aumentar o capital-conhecimento,
destas empresas tem, como dito no capítulo sobre Metodologia da presente pesquisa, dois
indícios:
™ Necessidades do próprio negócio e da sua gestão – natureza das tecnologias,
mudanças previstas ou necessárias etc. (demanda implícita)
™ Necessidade percebida de aumentar a quantidade ou treinar recursos humanos
(demanda explícita).
5.2.7.1 Controle das Tecnologias de Produto
37% dessa empresas têm as tecnologias de produto predominantemente nas mãos dos
executivos principais que se envolvem, na maioria dos casos, em detalhes nas negociações e
especificações de produtos e serviços. Reconhecendo os riscos disto (sobrecarga do executivo,
não lhe permitindo pensar estrategicamente), 70% destes empresários pensavam ser
necessário delegar esta função fortemente.
Porém, considerando esta situação como uma forma de garantir a propriedade do
principal capital da empresa, o conhecimento (ver item 5.2.3 e comentário no item 3.2.1 sobre
empresas de conhecimento de pequeno porte) e não sabendo de fato como fazer isso sem
excesso de riscos, estes empresários reconheciam, de modo enfático, uma carência de
natureza gerencial, implicitamente indicando uma necessidade educacional.
Esta foi, aliás, uma constante em inúmeras entrevistas: carência gerencial e necessidade
de melhor comercialização.
59
5.2.7.2 Previsão de Mudanças nas Tecnologias de Produto
29,6% das empresas estavam prevendo a necessidade ou desejo, num horizonte de um a
dois anos, de ampliar ou mudar a natureza ou o foco dos produtos e serviços oferecidos, o
que, evidentemente, demandaria um grande esforço de aprendizagem. Isso ocorria tanto no
domínio quanto no campo de aplicação (ver proposta da SOFTEX, 2001, no item 3.2.2.1).
Ou seja, quase 1/3 empresas pesquisadas se encontra diante de um possível grande
risco, uma vez que o tipo de negócio/produto de uma empresa é sabidamente o elemento mais
estável da mesma, relacionando-se diretamente com a missão. No entanto, neste setor, talvez
pelo caráter genérico das ferramentas, isso talvez não seja tão sensível, pelo menos no
entendimento do empresários. Ou então, ao contrário, tratar-se-ia de uma real necessidade
estratégica: o mercado muda sempre e obriga à freqüente quebra de paradigmas. Qualquer que
seja o motivo, tem-se aí mais uma demanda implícita e radical de aprendizagem.
5.2.7.3 Tecnologias de Produto Existentes
Embora este aspecto não seja por si mesmo indicador de demanda de educação das
empresas, dá uma idéia do amplo universo de conhecimentos sobre as atividades dos clientes
das mesmas. Esses conhecimentos, de uma forma ou de outra, foram adquiridos para competir
nesse mercado. Não é razoável esperar que não necessitem de aperfeiçoamento contínuo.
O uso do referencial de domínios e campos de aplicação sugeridos pela SOFTEX
(2006) (item 3.2.2.1 acima), teve que sofrer alguns ajustes para captar as informações das
Administração
privada
15%
Administração
pública
4%
Quaisquer
25%
Bancário
1%
Outros
6%
Comércio
11%
Educação
3%
Entretenimento
1%
Telecomunicações
7%
Serviços
10%
Financeiro
7%
Saúde
6%
Indústria
5%
60
empresas. O fato é que muitas aplicações e serviços são genéricos, ou seja, teriam um
Utilitários.
4%
Serviços de
mensagens
1%
Quaisquer
1%
Administração de
RH
2%
Outros
13%
Administração de
serviços
22%
Administração
escolar
1%
Segurança e prot.
dados
4%
Página Web
7%
Jogos
1%
Automação
bancária
1%
Automação
comercial
9%
Automação
industrial
4%
Gestão integrada –
ERP
9%
Comunicação de
dados
4%
Contabilidade
8%
Gestão do
conhecimento
1%
Gestão de
documentos
2%
Administração
jurídica
1%
Gestão
relac.cliente – CRM
1%
Gestão de
conteúdo
2%
E-business
Educação à 1%
distância
2%
domínio e/ou aplicação “Quaisquer”.
Quanto aos campos de aplicação, tem-se:
Esta classificação é ainda mais delicada com relação à dos domínios, uma vez que
vários produtos não podem ser classificados coerentemente em uma única categoria.
Estes resultados se referem a quantidades de domínios e de campos, não de empresas.
Se uma empresa tiver mais de um domínio ou campo, aparece mais de uma vez.
A lista completa de produtos informados foi a seguinte:
Suporte técnico e instalação, trein.
Seguros
Nota fiscal eletrônica
Gestão de tribunais
Gestão de shopping-centers
Gestão de educação
Gestão indústria mecânica
Governança de TI, ITIL
Celulares
TV Digital
Indústria de petróleo
Tributação estadual
Dep. jurídico
Workflow
Previdência
Desenvolvimento de software geral
Automação comercial
Rede (voz, dados, imagem)
Admin. de pessoal (operacional)
Gestão laborats, incl. imagem...
Gestão hospitalar
Gestão operadoras planos de saúde
Gestão bancária
Catálogo+gestão de gráficos
Racionalização de processos
Help-desk
Distribuição/comercial. energia
Telecomunicações
Gestão do conhecimento
Ferramentas básicas
Gestão imobiliária
GED
Serviços gerais rede, portais...
Sistemas financeiros
Gestão empresarial geral (ERP)
BI
CRM
E-commerce
Gerador de relatórios
Gestão de identidade
Gestão empresa de energia
Gestão de materiais, logística
E-learning
Segurança de TI
61
Seguindo comentários conceituais anteriores, consideramos, por exemplo, na categoria
ERP, algumas soluções que ainda não cobrem todo o espectro usual. Do ponto de vista
conceitual, “Gestão empresarial geral” é mais coerente, a não ser que o produto se limite, por
exemplo, apenas a aplicações contábeis e financeiras, ou de gestão de RH, quando então
ficariam nas respectivas categorias. Se um pacote envolve, por exemplo suprimentos e PCP,
já seria justificável ser classificado como ERP. O fato é que estes conceitos todos, como
dissemos acima, são naturalmente bastante ambíguos, voláteis e frágeis.
5.2.7.4 Tecnologias de Produto a Adquirir
Este foi um ponto essencial para começar a perceber a demanda de educação destas
empresas, pelo menos no que se refere ao aspecto externo de suas atividades. Os itens
declarados serviram, como acima, para montar um quadro de domínios e campos de
aplicação.
Quaisquer
22%
Administração
privada
41%
Telecomunicações
15%
Indústria
4%
Bancário
4%
Financeiro
7%
Comércio
7%
São domínios nada surpreendentes para investimentos por parte de empresas do RJ. O
setor “Telecomunicações” compreende também aplicações para TV digital. Provavelmente,
este precisará ser considerado um setor à parte no futuro.
Quanto às aplicações, tem-se:
62
Utilitários.
4%
Outros
7%
Quaisquer
4%
Administração de RH
4%
Simulação e
modelagem
4%
Segurança e prot.
dados
7%
Automação bancária
4%
Automação comercial
7%
Página Web
4%
Automação industrial
4%
Gestão integrada –
ERP
7%
Gestão do
conhecimento
4%
Administração de
serviços
15%
Gestão de
documentos
4%
Comércio eletrônico
4%
Gestão relac.cliente –
CRM
4%
Comunicação de
dados
15%
Onde aparece ERP, a empresa deseja, na verdade, ampliar seu produto, que já é um
pacote de gestão limitado, com novas funcionalidade. Isso não nega o fato de que os
executivos entrevistados sabiam da necessidade de nova embalagem, incluindo mais poder de
parametrização etc.
Houve também bastante ambigüidade e superposição no que se refere aos aplicativos e
serviços web, principalmente com relação à chamada gestão do conhecimento, portais, gestão
de conteúdo, sistemas colaborativos etc.
TV digital foi um campo declarado como de interesse por muitos, embora ainda sem
definição se vão ou não investir. Esse interesse aparece no item “Comunicação de dados”.
Uma última observação a respeito da demanda de novos conhecimentos no campo da
tecnologia do produto é que, embora conscientes de que seria necessário realizar um esforço
de aprendizagem, os empresários não pareciam em geral preocupados com isso, como se, por
terem gerado e desenvolvido seus negócios a partir de conhecimento similar adquirido de
modo autodidata, novamente se faria o mesmo. Medidas de apoio a estas empresas poderiam
incluir algum tipo de suporte para este processo.
63
A lista de tecnologias de produto a adquirir nos próximos 2 anos foi:
Automação industrial
Serviços gerais p/ web
Gestão de RH
BSC
Gestão comercio material de construção
Impacto gestão TI nos negócios
Gestão colaborativa
Celular p/ monitoramento e controle dispositivos
Previdência privada
Gestão do conhecimento
Comunidades de prática
Pagamentos p/celular (incl. plano de saúde)
ERP
TV digital
CRM
Gestão de supermercados
Serviços bancários
SOX
Gestão de veículos
Gerenciamento de impressão
Bolsa de mercadorias
Mapeamento processos negócios (BPM)
Gestão segurança e identidade
5.2.7.5 Controle das Tecnologias de Produção
Neste campo, são especialmente as empresas menores que têm o controle das
tecnologias de produção predominantemente nas mãos dos principais executivos (14,8% das
empresas) e, destes, 50% acreditam que isto precisa ser modificado.
5.2.7.6 Previsão de Mudanças nas Tecnologias de Produção
26,7% das empresas esperam, necessitam ou desejam realizar mudanças nas tecnologias
de produção (ferramentas, linguagens, métodos etc.). É, surpreendentemente, um número
inferior ao das que têm este tipo de percepção com relação às tecnologias de produto (29,6%).
Ou seja, as mudanças e novidades tecnológicas não parecem ser estímulos mais
poderosos para investimentos em mudanças e aprendizagem do que as demandas do mercado.
De qualquer modo, trata-se, em ambos os casos, de perto de um terço das empresas
percebendo implicitamente uma necessidade de aprendizagem.
5.2.7.7 Tecnologias de Produção Existentes
Como dissemos no Capítulo 4 – Metodologia, para captar os tipos de conhecimentos
das empresas relacionados com a tecnologia da produção — os quais pressupõem eventuais
necessidades de aprendizagem — as classificações descritas no item 3.2.2.2 foram
simplificadas e adaptadas para uma conceituação mais coerente com a visão das próprias
empresas. (Não foi levantado o conhecimento fundamental dos profissionais da empresa —
algoritmos, matemática, arquitetura de computadores etc. — mas apenas o domínio do
conhecimento aplicado da empresa.) Quanto ao hardware, só foi indicado quando relacionado
com sistemas operacionais.
64
É importante ressaltar que parte do conhecimento técnico das empresas foi tratada como
“tecnologia do produto”. Há, no entanto, casos ambíguos, onde o conhecimento aparece tanto
na tecnologia do produtos quanto da produção. Por exemplo, BI (business intelligence), que
designa um tipo de serviço ou produto de software e também uma série de técnicas para
desenvolvimento deste tipo de serviço/produto. Estas técnicas eram por vezes enfatizadas
pelos entrevistados e incluídas também como tecnologia da produção.
No caso dos “ambientes”, também ocorreu uma certa superposição em alguns casos,
como, por exemplo, ambiente “dot-net”, que, evidentemente, implica no uso de sistemas
operacionais da Microsoft. Nestes casos, ambas as camadas de ambiente foram indicadas.
De qualquer modo, estas simplificações não interferem no objetivo da pesquisa que é
estudar a questão do conhecimento e demanda de aperfeiçoamento do mesmo.
Quanto às técnicas e métodos/gestão, muitas empresas manifestaram possuir “próprias”.
Questionados, vários destes executivos acabaram reconhecendo que, na verdade, não davam
importância nem tinham nenhuma metodologia definida, apenas esboços de regras internas. É
a categoria “Não usa/não é importante”.
De outra parte, como vários dos métodos e técnicas se servem de ferramentas
particulares e estas costumam ter seu escopo definido de acordo com a visão e interesse dos
fornecedores, formando os mais diferentes “frameworks”, incluímos toda esta dimensão na
categoria “Técnicas, métodos e gestão”. Por exemplo, ambientes (ferramentas) de
desenvolvimento podem ou não incluir funções de gerenciamento de projeto, automatizar a
codificação dos programas, a construção de bancos de dados, etc.
Tem-se assim:
a) Técnicas (análise, programação, testes, linguagens de representação, ferramentas de
desenvolvimento etc.), Métodos e Gestão (incluindo ferramentas de produtividade,
planejamento, documentação etc.)
b) Ambientes (sistemas operacionais, web etc.)
c) Bancos de dados
d) Linguagens de programação
O panorama das Técnicas, Métodos e Gestão, onde os percentuais são sobre o número
de técnicas, métodos e formas de gestão declaradas e não o número de empresas, é o seguinte:
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1,7
0
Os ambientes apresentaram os seguintes percentuais:
80
70
71,7
60
50
40
23,3
15,0
5,0
0
66
As linguagens de programação tiveram a seguinte distribuição percentual:
45
41,7
40
35
31,7
30
25
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Os bancos de dados utilizados se distribuíram percentualmente deste modo:
45
40,0
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40
35
30
25
20
15
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67
As principais considerações sobre os dados acima são os seguintes, tendo em mente que os
itens acima foram os declarados explicitamente pelos executivos, por serem considerados
particularmente significativos:
a) Técnicas, métodos e gestão:
™ Chamam particularmente a atenção as categorias “Metodologia própria”, a maior,
e “Não usa ou não dá importância”. Em alguns casos, estas informações traduzem
a mesma situação. Há uma evidente demanda educacional aqui, do ponto de vista
de gestão técnica da empresa.
™ Algumas categorias estão quantitativamente subestimadas, ou seja, a empresa que
citou OO como metodologia de projeto e programação, provavelmente usa
também UML, mesmo não o tendo citado explicitamente. Do mesmo modo,
quem usa Rational como ferramenta provavelmente usa OO, e assim por diante.
Quando não havia dúvida, a tecnologia foi contada nas duas categorias.
™ Digna de nota é a referência aos processos PMI, que refletem uma preocupação
com a racionalidade na gestão de projetos (isso não implica em certificações, mas
em alinhamento com os princípios e recomendações).
™ Os referenciais conceituais e de processos ISO, CMMI e MPSBr podem estar um
pouco subestimados, tendo em vista as declarações sobre certificações anteriormente citadas. Provavelmente por serem vistos mais como compromissos gerenciais e mercadológicos do que propriamente metodológicos. Por outro lado, PMI
é visto com mais clareza diretamente como método e tecnologia de produção.
™ Nem todas as empresas que citaram TABA no apoio aos processos de engenharia
de software se mantiveram usando-a, com algumas críticas severas à ferramenta.
b) Ambientes
™ Neste caso as duplicidades implícitas foram consideradas, pois são mais óbvias
do que o anterior. Ou seja, todas as declarações de ambiente que obviamente
operam sobre outros ambientes mais básicos (sistemas operacionais), isto foi
devidamente quantificado.
™ Não há grandes surpresas, salvo, talvez, um número razoável de indicações de
busca de liberdade em relação ao sistema operacional (“Múltiplos”).
68
c) Linguagens
™ Devido à idade das empresas, Delphi aparece como muito importante, tendendo a
ser substituída por Java, indicando necessidade de modernidade e independência
de fornecedor e ambiente. Muitas empresas se declararam diante do dilema do
grande investimento e risco, associado à premência, para desenvolver suas
aplicações em outra linguagem. Java é a preferida, mas há falta de programadores
capacitados (único caso reconhecido de escassez de profissionais no mercado).
™ O restante do panorama não surpreende, a não ser, talvez, pela grande quantidade
de linguagens utilizadas.
d) Bancos de dados: nada de particularmente notável.
5.2.7.8 Tecnologias de Produção a Adquirir
As tecnologias de produção cuja aquisição a curto prazo foram consideradas essenciais
se distribuíram de modo equilibrado. Estas informações completam o panorama da demanda
implícita de educação das empresas. As mais importantes foram:
™ Técnicas, Métodos e Gestão:
ƒOO+UML
ƒPrópria (implantar de fato o que já foi desenvolvido)
ƒFerramentas de workflow
ƒSistemas internos de gestão
ƒAutomação gerenciamento de projetos
ƒTécnicas de análise (em geral, quem não possui metodologia nenhuma)
ƒTécnicas de segurança
™ Ambientes:
ƒTV digital (incipiente, apenas “estudar o assunto”, na maioria dos casos)
ƒAjax
ƒWeb (migração do sistema da empresa para web)
ƒSOA
69
ƒCorba
ƒConvergência digital (desenvolver ou migrar os aplicativos para celulares,
palms etc.
ƒ.NET
ƒLinux (portar o aplicativo para ambiente open)
ƒJ2EE
™ Linguagens de programação:
ƒJava
ƒDelphi .NET (outra forma de modernizar sem mudar totalmente a cultura
técnica da empresa)
™ Bancos de dados
ƒQuaisquer (migrar para soluções independentes do tipo de BD)
ƒMySQL
ƒSQL Server
ƒFirebird
ƒDW (incluir funcionalidades de Datawarehouse no aplicativo)
ƒOracle
5.2.8
DEMANDA POR CAPITAL-CONHECIMENTO – EXPLÍCITA
5.2.8.1 Necessidades de recrutamento, escolaridade e perfil
Este item da pesquisa reflete mais diretamente a demanda por educação e aumento da
capacidade produtiva da empresa via conhecimento (mesmo que atrelada ao recrutamento de
novos profissionais).
Há quatro grandes componentes desta dimensão: a demanda por recursos humanos
associados a funções da empresa, o nível de escolaridade desejado destes recursos, os
aspectos de atitudes etc. que a empresa valoriza e a demanda (eventualmente já atendida pela
própria empresa) por treinamento.
70
O primeiro gráfico indica o percentual de demandas de recrutamento por função (sobre
o total de empresas, podendo uma empresa aparecer várias vezes, se tiver demandas para
várias funções). O número sobre as barras (o mais próximo) indica o percentual.
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“NE” representa o nível de escolaridade predominante (moda) para a função, com a
seguinte convenção:
1
2
3
4
5
Médio ou estagiário
Superior curta duração em TI
Superior pleno (sistema de informação/engenheiro de software/ciência da computação)
Certificado
Pós-graduado
“PI” indica a percentagem de empresas, dentre as que têm a demanda para aquela
função, que consideram a escolaridade irrelevante ou menos significativa que a experiência e
o perfil.
Esta ampla necessidade de recrutamento significa tanto falta de capacidade financeira
da empresa para bancar o aumento de custos respectivo, quanto dificuldades para encontrar os
profissionais adequados, a primeira razão sendo a mais comum.
A primeira observação sobre estes resultados é, naturalmente, a grande demanda para
71
quase todas as funções, com predomínio para a programação, seguida de perto pelas funções
de testes e consultoria para o efetivo aproveitamento dos produtos pelos clientes (mudanças
de processos etc.). Funções de gestão, desenvolvimento tecnológico e suporte técnico interno,
assim como projeto de sistemas, aparecem em seguida.
A demanda expressa em níveis de escolaridade também não surpreende, salvo se
observarmos a relativa grande quantidade de “Irrelevante, o que importa é o perfil e
experiência” (PI). Este aspecto será melhor entendido no gráfico seguinte.
10
10
9
Conhecimento técnico
Visão geral, foco no problema etc.
Capacidade de aprender, evoluir
Atitudes, relacion., profissiona., ética etc.
9
9
8
8
8
7
6
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Os valores neste gráfico representam a importância relativa (na média) dada a cada uma
das categorias que devem compor o perfil dos profissionais desejados para recrutamento (e
também o que a empresa valoriza nos seus atuais colaboradores). Considerando que todas as
notas (numa escala de 0=nenhuma importância até 5=exigência absoluta) foram acima de 3,
normalizamos, com a finalidade de exprimir melhor as diferenças entre tipos de atributos, os
72
valores para uma escala de 0 a 10, considerando apenas notas 3, 4 e 5 como base.
Analisando inicialmente os valores dentro de cada função, é evidente a importância dos
atributos relacionados com atitudes, relacionamento, profissionalismo e ética para
praticamente todas as funções. No caso das funções que ser relacionam com o cliente, aliás, é
o atributo mais importante. Mas também o é, curiosamente, na programação, indicando, pelos
comentários dos entrevistados, um receio, advindo de experiências infelizes e comuns, de que
este tipo de profissional, mesmo tendo sua atividade interna um tanto isolada, pode, se tiver
um temperamento negativo e alheio às necessidades da empresa, envenenar o ambiente.
A importância do conhecimento técnico, quando associada às diversas funções acima,
não surpreende. Mas em apenas um caso — desenvolvimento tecnológico e suporte técnico
interno — é o fator de maior peso. Isso é inesperado e reflete um entendimento de que o
sucesso desta atividade necessita integrar múltiplas aptidões e atitudes, não apenas técnicas.
Quanto à capacidade de aprender, adaptar-se e evoluir, foi considerada a mais
importante para os analistas e projetistas de sistemas, talvez por ser sobre a capacidade destes
profissionais, mais do que sobre qualquer outros, que a empresa pode evoluir seus produtos e
serviços (inclusive de modo autodidata).
5.2.8.2 Investimentos em treinamento
Estas empresas investem constantemente em treinamento, provavelmente mais do que
as do mercado corporativo, as usuárias de TI (Impacta, 2005). Não o fazem mais porque não
têm recursos, inclusive para liberar profissionais importantes.
O panorama de cursos, treinamentos, estímulo ao autodidatismo e à aprendizagem
coletiva, apoio, inclusive com bolsas etc., que estas empresas oferecem é amplo. Os gráficos
abaixo refletem tanto o que já é ou foi feito pela empresa, como também o que seria feito se
houvesse condições, recursos etc.
As categorias de demandas e o conceito de percentagem são os mesmos referidos no
item 5.2.7.7 acima, com o acréscimo da categoria “Educação Geral”, que compreende desde a
cobertura de cursos de graduação até seminários de informação técnica geral, cursos e
certificações de fornecedores (sem especificação da natureza, revelando apenas uma tendência
a fazer este tipo de investimento etc.). O panorama dos temas de Educação Geral é o seguinte:
73
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2 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3
0
A categoria Técnicas, Métodos e Gestão recebem a seguinte ênfase do ponto de vista da
intenção ou já realização de investimentos em educação:
25
20
19,61
21,57
15
10
9,80
5
3,92
1,96
1,96
3,92
3,92
3,92
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9,80
3,92
1,96
0
74
Os percentuais de treinamentos visualizados como necessários ou já realizados na
categoria “Ambientes” são:
45
40,00
40
35
30
25
20,00
20
15
10,00
10,00
10,00
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Quanto às linguagens, tem-se:
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62,50
60
50
40
30
25,00
20
12,50
10
0
Perl
Delphi
Java
75
Finalmente, a categoria “Bancos de dados” revelou apenas uma demanda explícita por
treinamentos em variados softwares (para generalizar o aplicativo da empresa) e em Oracle.
A demanda explícita de educação em TI por parte das empresas tem dois aspectos
relevantes.
De um lado, ela parece bem menos ampla do que a demanda implícita. A interpretação
disso, baseada em boa parte na conversa informal durante o levantamento, é de duas
naturezas. A própria história das empresas, que se desenvolveram bastante a partir e sobre a
competência técnica de seus dirigentes, através de muito esforço autodidata, faz com que estes
executivos não vejam nenhum desafio absurdo em continuar neste caminho, incluindo nele os
profissionais de elite da empresa. A outra razão é mesmo a falta de recursos, fazendo com que
nem se cogite investir mais constantemente em treinamento.
Inversa e paradoxalmente, as empresas reconhecem que precisam investir, e até
investem, quando podem, em educação geral, como se pode ver no primeiro gráfico acima!
Isso parece se dever em parte ao fato de que os executivos se ressentem eles próprios de
carências nestas áreas. É também uma forma saudável de reter quadros nos quais se investe
regularmente em educação (embora alguns executivos tenham se queixado de que,
principalmente quando custeiam o treinamento e a prova para certificações proprietárias,
perdem os empregados, que passam a ganhar melhor em grandes empresas).
76
6 CONCLUSÕES
6.1
SÍNTESE DOS RESULTADOS PRINCIPAIS E COMENTÁRIOS
As empresas de software e serviços de TI do RJ que foram pesquisadas (60 empresas)
são predominantemente de porte micro e pequeno, de origem baseada no conhecimento profissional ou acadêmico de seus fundadores, têm um tempo médio de vida bastante elevado
para empresas deste porte (15 anos) e estão em sua maioria interessadas em aperfeiçoar seus
processos de gestão, qualidade e marketing, tendo como um dos instrumentos mecanismos de
certificação.
Os tipos de negócios predominantes na amostra foram software pacote (38%) e desenvolvimento sob encomenda (29%). Praticamente não exportam e as manifestações de interesse nisso foram pouco importantes, sem que tal fato seja percebido como originado de falta de
capacidade técnica e sim por um maior apelo do mercado interno, a ser mais amplamente
conquistado.
No caso de virmos a ser exportadores de peso, a opção das empresas dependerá do
modelo dominante: pacotes ou serviços terceirizados. A primeira hipótese demandará imensos
investimentos em formação de marcas, um desafio apenas para empresas muito grandes e
capitalizadas. A segunda também demanda empresas de peso, capazes de investir na
montagem de estruturas produtivas do tipo fabril para alta produtividade em subcontratações
de sistemas especificados pelo contratante. Isto já está em andamento em algumas iniciativas.
Para as empresas menores restaria o segmento de desenvolvimento completo sob encomenda,
campo no qual essas empresas têm inegável competência e criatividade. Em qualquer caso, há
um espaço importante para educação, inclusive de línguas.
A gama de tecnologias de produto (conhecimento das necessidades dos clientes) é
imensa e este conhecimento é controlado predominantemente pelos próprios executivos. Em
cerca de 30% das empresas, há uma grande expectativa ou percepção de necessidade de
mudanças nesta base de conhecimento, o que não é, paradoxalmente, percebido como risco
mas como oportunidade, não associada à necessidade de grandes investimentos em
treinamento (provavelmente com base na história da própria empresa, que adquiriu este tipo
de conhecimento de modo autodidata).
As principais tecnologias de produto têm como domínios “Quaisquer” (soluções
77
genéricas e independentes do tipo de empresa usuária), “Administração privada” e
“Financeira”, com peso relativo também em “Saúde” e “Serviços”. Os campos de aplicação
mais importantes são “Administração de serviços”, “Diversos” (soluções genéricas),
“Automação comercial”, “ERP” e “Soluções Web”.
Estas empresas têm os planos principais de aquisição de tecnologias de produto nos
domínios
“Quaisquer”
(genéricos),
“Administração
privada”,
“Telecomunicações”,
“Comércio” e “Financeiro” e nos campos de aplicação “Administração de serviços”,
“Comunicação de dados” (incluindo TV digital), “Automação comercial”, “ERP”, “Segurança
de proteção de dados” e “Outros”.
Quanto às tecnologias de produção (ferramentas, técnicas e métodos, inclusive de
gestão, qualidade etc.), este tipo de conhecimento é mais facilmente percebido pela academia
e instituições de ensino como alvo natural de esforços educacionais. Há uma grande
quantidade de opções, porém este tipo de conhecimento está normalmente em mãos dos
profissionais da empresa e menos nas mãos dos executivos.
No que se refere à categoria Técnicas, Métodos e Gestão, as principais ocorrências desta
amostra são “Própria”, “UML”, “Não usa/não é importante”, “RUP” e “OO”. A falta de
aceitação clara de métodos padronizados em muitas empresas significa tanto um ceticismo
quanto à aplicabilidade dos mesmos à empresa, quanto falta de consciência da necessidade de
ter disciplina. Métodos de gestão de projetos inspirados no PMI aparecem também com
bastante freqüência.
Os ambientes predominantes são, como é esperado, MS Windows (muito predominante)
e Linux, com algum peso na categoria “Múltiplos”, revelando necessidades de portabilidade e
autonomia dos produtos da empresa.
Os bancos de dados mais freqüentes foram Oracle e SQL Server, vindo a seguir
“Quaisquer”, novamente com preocupação de autonomia, MySql e Firebird. Linguagens têm
uma grande predominância de Delphi, provavelmente por causa da idade das empresas, cuja
época de criação de evolução tinha esta linguagem como alternativa importante.
Estas empresas manifestaram o desejo de adquirir tecnologia de produção
principalmente focando em, TV digital, Ajax, sistemas web, SOA, OO+UML, automação do
gerenciamento de projetos, segurança, convergência digital, e, principalmente, Java.
Igualmente importantes foram as manifestações relativas à intenção de ampliação das
78
certificações voltadas para processos: CMMI, MPSBr, ISO etc.
O panorama acima relativo às tecnologias de produto e produção retrata o que
chamamos de “demanda de educação implícita”. Traduzindo esta demanda em termos mais
concretos, podemos inferir as seguintes necessidades (talvez nem todas viáveis de serem
atendidas por programas de educação formais).
a) A primeira dessas necessidades diz respeito a toda a política educacional. Se
desejarmos integrar as empresas de pequeno porte (e imensa maioria) neste processo
de fortalecimento, não basta treinar profissionais. É preciso que este esforço integre
sistemicamente as transformações das empresas, mormente em gestão moderna.
b) Educação empresarial:
™ Gestão em geral, com ênfase em processos de mudança, delegação, gestão de
tecnologia, processos de qualidade etc.
™ Principais domínios e campos de aplicação (este o tema mais desafiador para uma
proposta educacional consistente) e suas implicações em sistemas de TI.
™ Soluções portáveis, multi-ambientes.
c) Educação profissional: os diferentes temas das tecnologias de produto e produção
acima. (Mais adiante veremos outros aspectos)
Quanto à demanda explícita das empresas, ou seja, de recrutamento e treinamento, o
panorama pode ser resumido da seguinte forma.
Há demandas importantes para todas as funções para as quais se necessita recrutar, com
predominância em programação e testes, consultoria (apoio nas adaptações do clientes aos
produtos da empresa), gerência de projetos, projeto de sistemas e desenvolvimento
tecnológico. O reforço da capacidade em comercialização especializada também foi visto
como muito necessário.
As empresas, de modo geral, manifestaram insatisfação e enfatizaram o desafio de obter
bons profissionais, seja por questões salariais, seja pela dificuldade de encontrar o perfil
requerido.
O nível de escolaridade desejado é consistente com os tipos de funções, porém há uma
grande quantidade de casos importantes (programação, consultoria, design, instalação e
comercialização) em que este nível importa menos que o perfil e experiência.
79
Este último fato é consistente com as propostas de formação de nível médio para
atender à demanda atual de programação. No entanto, muitas empresas também foram
enfáticas ao impor a formação superior sólida como condição necessária básica, mesmo
sabendo não ser suficiente.
O panorama do perfil funcional desejado pelas empresas foi mais surpreendente, com
ênfase muito grande nos aspectos de atitudes, postura, relacionamento, ética etc.
(principalmente nas funções que lidam com os clientes, mas também, curiosamente, na
programação). Outros atributos do perfil desejado como “capacidade de aprender” e “visão de
conjunto e do problema” foram consistentes com as diferentes funções. O requisito
“capacidade técnica” também foi consistente com as respectivas funções.
O fato mais importante destas manifestações dos executivos entrevistados foi um
sentimento de que, no terreno de aumento da efetividade dos recursos humanos da empresa,
via recrutamento ou educação, a situação deixa muito a desejar. É uma postura muito severa,
derivada de várias vivências negativas.
Ora, o currículo das diferentes formações superiores atualmente disponíveis no Estado
do RJ, como vimos no item 3.3.1.1, é bastante compatível com as necessidades das empresas
de serviços de TI, inclusive incluindo aspectos de cultura geral, ética, visão da empresa etc.
Por que isso parece não atender a essas empresas? Os contatos com os empresários indicaram
duas hipóteses:
a) Embora academia tenha feito esforços curriculares importantes para atender à
demanda das empresas, pode haver falhas educacionais anteriores, que a academia
não pode resolver, ou falhas de implementação da própria academia, cuja estrutura
docente continua sendo muito técnica (as matérias administrativas etc. seriam vistas
como menos importantes pelos estudantes).
b) As próprias empresas, de pequeno porte e de origem e gestão predominantemente
técnica (e por técnicos), apresentam dificuldades para lidar com todas esses
requisitos funcionais. Isso reforça o que dissemos acima, ou seja, que o processo de
absorção da mão de obra mais qualificada é sistêmico, não podendo ser visto como
mera questão de disponibilidade de quadros e de processos de recrutamento. Há que
educar também as empresas e empresários.
Essas empresas investem em treinamento, sob todas as formas: desde custeio de cursos
80
de graduação e técnicos, até pós-graduação, treinamentos informativos e processos de
certificação, estímulo ao autodidatismo etc. Não investem mais por falta de recursos e
também por falta de organização e tempo disponível para liberar o pessoal de elite.
Dentre os mais freqüentes temas de educação geral, tem-se gestão de negócios,
certificações proprietárias, pós-graduação, línguas, graduação, informação tecnológica geral,
comercialização etc.
Na categoria “Técnicas, Métodos e Gestão”, os esforços mais constantes são em gestão
de projetos, engenharia de software, CMMI, governança de TI, PMI e especificação de
requisitos.
Resumindo todo este panorama, fica claro que a formação em larga escala de
profissionais para atender à demanda de crescimento, seja para exportação, seja para ocupar o
mercado interno, seja para ambas as possibilidades, tem que ser acompanhada pela melhoria
da capacidade comercial, financeira e gerencial das empresas, com entendimento de que uma
empresa de pequeno porte pode ser — e é — viável, produtiva, criativa e duradoura (como os
dados dessa pesquisa mostram), mas que tem sua especificidade que deve ser respeitada.
Ou seja, eventuais novas iniciativas de subvenção governamental, como já tem
acontecido no terreno da inovação (PAPPE-Subvenção), deverão ser estruturadas como um
sistema de evolução empresarial global, ou seja, contemplando, nas licitações, as ações de
adaptação do marketing, planejamento, estrutura, gestão, métodos e processos da organização
candidata para a efetiva absorção da mão-de-obra mais qualificada e maior competitividade
empresarial.
6.2
SUGESTÕES DE OUTRAS PESQUISAS
Uma das principais necessidades é a de se obter um verdadeiro censo das empresas de
serviços de TI. Ou pelo menos uma pesquisa por amostragem com embasamento estatístico
sólido.
Outra necessidade premente, inclusive como pré-requisito do censo ou pesquisa de
mercado acima, seria o estabelecimento de critérios sólidos de qualificação da informação
tecnológica e operacional das empresas, principalmente os tipos de negócios, campos e tipos
de aplicações e categorias de tecnologias de produção.
81
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85
ANEXOS
86
ANEXO 1
E-MAIL PARA AS EMPRESAS CONVIDANDO PARA
RESPONDER O QUESTIONÁRIO ONLINE
Prezado Empresário:
Como tem sido amplamente divulgado, a recente Lei de Inovação prevê, pela primeira
vez, a subvenção econômica direta, a fundo perdido, para empresas do setor de software e
serviços de TI.
Outras medidas e recursos, que visam também ampliar a capacidade tecnológica e
econômica das nossas empresas, vêm sendo estudadas, com o entendimento de que este é um
setor estratégico vital.
Uma dessas iniciativas visa a questão do aperfeiçoamento dos recursos humanos do
setor. A demanda deve crescer em quantidade mas também em qualidade.
Com o objetivo de subsidiar este processo, a Rede Software-Rio, formada pelo Seprorj,
Riosoft e Assespro, está iniciando, com o apoio do Sebrae, uma pesquisa para conhecer a
situação atual e a demanda das empresas do RJ, em termos de recursos humanos
especializados.
Como executivo do setor, você certamente estará interessado em participar e se
beneficiar deste momento único na história das nossas empresas.
Pedimos então que responda o questionário clicando em www.seprorj.org.br/quest.asp.
Vai lhe ocupar um tempo mínimo, com enormes ganhos para as empresas do setor. Todas as
informações serão totalmente sigilosas e utilizadas apenas totalizadas.
Sua resposta vai nos ajudar a defender, junto às entidade do governo, uma política que
atenda de fato aos interesses das nossas empresas.
Muito obrigado.
Cordialmente,
Luiz Carlos de Sá Carvalho – Coordenador da Pesquisa
Diretor - Seprorj – Sindicato de Empresas de Informática
ANEXO 2
FORMULÁRIO PARA AS EMPRESAS QUE PARTICIPARAM DA
PESQUISA VIA ON-LINE
Empresa :
Nome de quem respondeu:
Cargo:
E-mail:
Telefone:
Número de pessoas:
Como a empresa se formou (o aspecto mais importante):
Ano Fundação:
Possui certificações (CMMI, ISSO etc.)? Quais?
A maior parte da receita vem de:
Exporta que percentual da receita? Planeja exportar?
Planeja ter novos produtos, serviços ou mercado nos próximos 2 anos? TV digital?
O principal produto/serviço é voltado para que área
(gestão, automação comercial, finanças, banco de dados,
games, software de celulares etc.)
Planeja ter novas tecnologias de produção (ferramentas, ambientes, métodos) nos próximos 2 anos?
Qual é o ambiente de desenvolvimento da empresa
• principais linguagens
• banco de dados
• metodologias
• sistema operacional
• ferramentas de suporte ao desenvolvimento
• processo de gerenciamento da produção
Planeja ou precisa recrutar profissionais de TI em futuro próximo?
Escolaridade
• Nível médio
• Nível superior curta duração
• Nível superior longa duração
• Pós-graduado
• Irrelevante
Capacidade Geral
• Conhecimentos técnicos detalhado, profissional certificado
• Capacidade de evoluir/acompanhar a tecnologia/mercado
• Profissional com visão geral, capaz de especificar requisitos
• Postura, profissionalismo, ética
Quais as áreas de conhecimentos desejadas (para todas as áreas da
atividade-fim)? Incluir conhecimentos de ferramentas e também
conhecimentos mais gerais (consultoria, análise de processos,
especificação de requisitos, gerência de projetos etc.)?
Quais a principais demandas de treinamento ou aperfeiçoamento da sua empresa (para todas as áreas da
atividade-fim)? Incluir conhecimentos de ferramentas e também conhecimentos mais gerais (consultoria, análise
de processos, especificação de requisitos, gerência de projetos etc.)
Comentários gerais:
ANEXO 3
FORMULÁRIO PARA AS EMPRESAS QUE FORAM ENTREVISTADAS
PESQUISA RIOSOFT-SEPRORJ-ASSESPRO-SEBRAE
EDUCAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS DE TI NO RJ
Empresa
Respondente
Tel.
Data
Cargo
E-mail
Nº pessoas
Ano funda.
Origem
Certificações
Atuais ⇒⇒
Planejadas/desejadas
Motivo
PRODUTOS/SERVIÇOS (% DA RECEITA)
Merc.nacion.
Exportação
Nacion.Fut. Export.Fut.
COMENTÁRIOS
Desenvolv. softw. encomenda
Software pacote
Fábrica de software
Treinamento e suporte técnico
Consult.
Comercializ.hard./soft.de 3os.
Integração sistemas
Provedor
Webservices
CPD
Outros:
Descrever ⇓ ⇓
TECNOLOGIA DO PRODUTO
Projetos novos implantados 2005-06
Áreas de conhecimento atuais
2007-08
⇓⇓
Novas áreas de conhecimento a adquirir (previsão/necessidade)

QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOL. DO PRODUTO
(Preencher os quadros abaixo com: 0=nenhum; 1=parcial; 2=exclusivo; ou, se desejar, informar %))
SITUAÇÃO ATUAL
NECESSIDADE FUTURA
Dirigentes
Técnicos
Terceiros
Dirigentes
Técnicos
Terceiros
Desenvolvida por
Mantida/Aperfeiçoada por
Especif.de produtos/serviços
TECNOLOGIA PRODUÇÃO
Tecnologias novas implant. 2005-06
Principais ferramentas / métodos usados ⇓ ⇓
2007-08
Novas ferramentas / métodos a adquirir (previsão/necessidade) ⇓ ⇓
QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOL. DA PRODUÇÃO
(Preencher os quadros abaixo com: 0=nenhum; 1=parcial; 2=exclusivo; ou, se desejar, informar %))
SITUAÇÃO ATUAL
NECESSIDADE FUTURA
Dirigentes
Técnicos
Terceiros
Dirigentes
Técnicos
Terceiros
Conhecimento detido por
Mantido/Aperfeiçoado por
PAPÉIS DESEMPENHADOS PELOS PROFISSIONAIS (INCL.DIRIGENTES)
Gerência de projetos/processos
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
Consult., definição/implant.processos etc.
Negociação/Concep./Definição requisitos
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇓
⇓
⇓
Design, usabilidade, interface humana etc.
Projeto (inclusive banco de dados)
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
Desenvolv./programação/manutenção
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
Testes/homologação
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
Desenv.tecnologia/suporte técnico interno
⇒
⇒
⇒
⇒
Distribuição/instalação/suporte a clientes
Gestão da operação, BD, segurança etc.
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇓
Outras ⇓ ⇓
⇒
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇒
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
⇓
PRECISA CRESCER A EQUIPE (Sim=1; Não=em branco)
NÍVEL DE FORMAÇÃO DESEJADO (Sim=1; pode-se ter mais de uma opção)
Médio
Superior curta duração em TI
Superior pleno
Certificado
Pós-graduado
Outras formações que não TI
Preferência: perfil e/ou experiência e não escolaridade
SERIA ÚTIL/NECESSÁRIO AUMENTAR A CAPACIDADE PARA O PAPEL (de 0=não até
5=extremamente)
Conhecimentos técnicos
Visão geral/capac. entender o problema
Capacid. de evoluir/acompanhar a tecnologia/mercado
Postura, profissionalismo, ética
INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO — PARA O DESEMPENHO DOS PAPÉIS ACIMA
90
(1=Empresa já banca; 2=Pessoa já banca; 3= Empresa bancaria se tivesse recursos;
4=Empresa bancaria se curso existisse e fosse acessível)
ASSUNTO/FORMAÇÃO (inclusive certificações)
DESEJOS E COMENTÁRIOS GERAIS DO ENTREVISTADO E PERCEPÇÕES DO
ENTREVISTADOR
91
ANEXO 4
ORIENTAÇÃO PARA PREENCHIMENTO DO FORMULÁRIO
PARA AS EMPRESAS QUE FORAM ENTREVISTADAS
APRESENTAÇÃO DA EMPRESA
a) Nº Pessoas: Inclui sócios, gestores, PJ etc., porém apenas os regulares
b) Origem: Como a empresa se formou (o aspecto mais importante da origem do
empreendimento):
™ Profissional = Profissionais ou pesquisadores detentores de conhecimento,
ferramenta ou produto
™ Incubadora = Semelhante, porém com apoio institucional
™ Capital de risco = Capital de terceiros foi o principal meio de criação da empresa
™ Capital próprio = Capital próprio foi o principal meio de criação da empresa
c) Certificações: Da empresa: por exemplo, CMMI- nível X, ISO 12000 etc.
d) Motivo: Indicar a motivação principal para as certificações: 1=qualidade;
2=marketing; 3=editais; 4=marketing e editais; 5=qualidade e marketing
PRODUTOS/SERVIÇOS (% DA RECEITA)
a) Fábrica de software: Programação sob encomenda, cuja especificação de requisitos
é dos contratantes
b) Consultoria: Inclui serviços de diagnóstico e reorganização da TI dos clientes,
estudos de estratégia, elaboração de planos diretores de TI, estudos de tendências
tecnológicas, definição e implantação de processos, implantação de sistemas de
gestão (ERP), etc.
c) Comercialização de hardware/software: Inclui locação de equipamentos e
software, incluindo instalação
d) Webservices: Inclui serviços de valor agregado ao provedor: serviços de busca,
sistemas de gestão do conhecimento, gestão de portais, sistemas especializados via
web, serviços de backup etc.
e) Nacional Fut. e Export.Fut.: Porcentuais previstos ou desejados nos próximos dois
anos para vendas nos mercados nacional e internacional
TECNOLOGIA DO PRODUTO
a) Este quadro indica as áreas de conhecimento voltadas para o entendimento e
atendimento do negócio do cliente, ou seja os setores, tipos de empresas ou
especialidades do mercado atendido (gestão empresarial, suprimentos, games,
telecomunicações, engenharia, automação bancária etc.)
b) Projetos novo implantados em 2005-06: Este item visa registrar o momento da
empresa, do ponto de vista de necessidade de adquirir novos conhecimentos
relacionados com os produtos/serviços ou tipos de mercado atendidos. Indicar apenas
a quantidade do que é novo; não incluir correção de defeitos, adaptação e
implantação em novos clientes de pacotes já existentes, pequenos aperfeiçoamentos
ou modificações, mudança de plataforma de software já desenvolvido, prestação dos
mesmos serviços em novos clientes etc. Ou seja, "novo" significa negócios, tipos de
clientes ou áreas diferentes do que se fazia antes.
c) Principais áreas de conhecimento atuais: Exemplos de temas ou áreas de
conhecimento usadas na prestação de serviços pela empresa:
ƒsuprimentos
ƒautomação comercial
ƒTV digital
ƒadministração hospitalar
ƒintegração de sistemas
ƒmudança organizacional
ƒprocesso decisório, gestão estratégica
ƒestatística
ƒmarketing
ƒsegurança de sistemas
ƒautomação financeira
ƒgestão de shopping-centers
ƒmercado de games
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ƒsistemas geo-referenciados
ƒgerência de projetos
ƒengenharia de produção
ƒseguros
ƒgestão agropecuária
ƒetc.
d) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DO
PRODUTO – Desenvolvida por: Quem desenvolveu ou já detinha o conhecimento
(tecnologia do produto ou dos serviços prestados) quando a empresa foi criada
e) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DO
PRODUTO – Mantida/aperfeiçoada por: A quem cabe hoje manter e aperfeiçoar o
conhecimento
f) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DO
PRODUTO – Especif. de produtos/serviços: A quem cabe a negociação com
clientes, o conhecimento das necessidades e do mercado, a concepção de produtos e
serviços, os ajustes negociais, até a especificação de requisitos dos produtos ou
serviços.
g) SITUAÇÃO ATUAL / NECESSIDADE FUTURA: Indicar para cada caso:
ƒ0 = se não há participação alguma
ƒ1 = se participa mas não exclusivamente
ƒ2 = se participa exclusivamente
TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO
a) Este quadro registra o conhecimento utilizado para a produção do software ou
serviços: métodos, processos de produção e ferramentas
b) Tecnologias novas implantadas em 2005-06: Indicar apenas a quantidade do que é
novo, isto é novos métodos ou procedimentos, softwares, linguagens, ambientes de
desenvolvimento,
ferramentas
etc.
Incluir
as
modificações
tecnológicas
eventualmente feitas em algum produto/serviço, mesmo que não modifiquem a
aplicação em si. Por exemplo, reprogramação numa outra linguagem.
94
c) Principais ferramentas/métodos usados: Exemplos:
™ Gestão de processos e engenharia da produção:
ƒCMMI
ƒProcessos MPS-Br
ƒNormas ISO
ƒGerenciamento de projetos (padrão PMI)
ƒEtc.
™ Metodologias e ferramentas de desenvolvimento
ƒMetodologia RUP
ƒFerramenta de apoio (Rational etc.)
ƒFerramentas e métodos de especificação de requisitos
ƒFerramentas e métodos de testes
ƒUML
ƒEtc.
™ Ferramentas e ambientes de desenvolvimento
ƒSistemas operacionais (no desenvolvimento e na produção)
ƒOutros ambientes especiais (celulares, web, TV digital, palmtop etc.)
ƒBanco de dados
ƒPlataforma de programação (Eclipse etc.)
ƒPlataforma de componentes (.NET etc.)
ƒLinguagens e ferramentas de desenvolvimento: Java, PHP, AJAX, HTML, etc.
ƒEtc.
™ Outros conhecimentos e tecnologia
ƒCAD, GIS
ƒRFID
ƒRobótica
95
ƒSistemas móveis, Wifi, Voip, etc.
ƒGestão da informação
ƒUsabilidade, interface humana etc.
d) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DA
PRODUÇÃO – Desenvolvida por: Quem desenvolveu ou já detinha o
conhecimento (tecnologia do produto ou dos serviços prestados) quando a empresa
foi criada
e) QUEM DETÉM E MANTÉM O CONHECIMENTO DA TECNOLOGIA DA
PRODUÇÃO – Mantida/aperfeiçoada por: A quem cabe hoje manter e aperfeiçoar
o conhecimento
f) SITUAÇÃO ATUAL / NECESSIDADE FUTURA: Indicar para cada caso:
ƒ0 = se não há participação alguma
ƒ1 = se participa mas não exclusivamente
ƒ2 = se participa exclusivamente
PAPÉIS DESEMPENHADOS PELOS PROFISSIONAIS
(INCL.DIRIGENTES)
a) Esta sessão lista uma série de papéis genéricos de qualquer empresa do setor. São
apenas os papéis relacionados com a atividade-fim. A lista dos papéis são colunas de
4 tabelas cujas linhas são os itens das sessões seguintes. Devem-se preencher os
quadros cinzas, com as indicações explicadas mais adiante.
b) Consultoria, definição/implantação de processos etc.: Serviços para clientes
c) Negociação/Concepção/Definição requisitos: Negociação com clientes, levantamento
das necessidades e do mercado, concepção de produtos e serviços, ajustes negociais e
especificação de requisitos dos produtos ou serviços.
d) Desenvolvimento, programação, manutenção: A manutenção aqui indicada é a do
dia-a-dia, pequenos ajustes de programas, pequenas melhorias, correções de erros
etc. Não inclui as grandes mudanças, que envolvem projeto e maior formalidade etc.
Nestes casos, indicar dentro dos respectivos papéis, conforme a etapa.
e) PRETENDE OU PRECISARIA CRESCER A EQUIPE
(Se Sim=1; Se não,
96
deixar em branco): Este item indica se a empresa está em processo de expansão. É
evidente que, se não estiver, suas necessidades de aperfeiçoamento de RH serão
diferentes.
f) NÍVEL DE FORMAÇÃO DESEJADO EM CASO DE RECRUTAMENTO
(Sim=1; Não, deixar em branco; pode-se ter mais de uma opção, ou seja, mais de
uma formação aceitável para cada papel)
ƒPreferência: perfil e/ou experiência e não escolaridade: Indicar se a política
de RH da empresa valoriza mais as características pessoais e experiência do
que os títulos (em cada papel)
g) SERIA ÚTIL OU NECESSÁRIO AUMENTAR A CAPACIDADE NA
FUNÇÃO (de 0=não até 5=extremamente); Trata-se de uma escala de julgamento,
para cada papel, considerando três capacidades diferentes: técnica, de evoluir e
aprender, de postura.
ƒCapacid. de evoluir/acompanhar a tecnologia/mercado: Este quesito tem a
ver com a volatilidade das tecnologias; capacidade a aprender de modo
autodidata, de adaptar-se às mudanças, ambientes etc.
h) INVESTIMENTOS
EM
EDUCAÇÃO
—
PARA
O
DESEMPENHO
ADEQUADO DOS PAPÉIS ACIMA – Listar livremente vários tipos de
treinamento a considerar para cada papel, indicando, conforme o caso:
ƒ1 = A empresa já investe atualmente
ƒ2 = Os colaboradores já investem atualmente (com estímulo e no interesse da
empresa)
ƒ3 = A empresa investiria se tivesse recursos ou tempo
ƒ4 = A empresa investiria se este tipo de treinamento existisse e fosse acessível
(horário, local, conteúdo).
COMENTÁRIOS
Registrar, no verso do questionário, comentários livres, eventualmente estimulados
pelas perguntas:
a) O que você pensa de subsídio do governo para educação em TI?
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b) Quais os principais desafios para o aperfeiçoamento dos recursos humanos da
empresa (incluindo a falta de tempo)?
c) Como você lida com rotatividade versus treinamento?
d) O que você prefere em geral num novo colaborador, rapidez de resposta ou
capacidade de refletir, adaptar-se e aprender?
e) Mais especialista ou mais generalista?
f) Se não houvesse exigências de certificação em concorrências etc., você buscaria
pessoas certificadas? Por que?
g) Como você definiria o pessoal de TI na sua empresa e em geral:
™ Criativo?
™ Disciplinado?
™ Capacidade de adaptação, aprendizagem e mudança
™ Capacidade de entender o problema, de definir requisitos
™ Postura profissional
™ Etc.
h) Outros comentários.
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demanda de formação e aperfeiçoamento profissional em