O Tigre e o
Palhaço…
Tá certo ou
não tá?´
PAG N 3
A Voz de São Gonçalo Voltou !!! Agosto/2015 I
Para o Alto...
E avante!!!
Plano diretor de
São Gonçalo. O
quê? É?!
PAG. N 5
A Cidade que
não é levada à
sério
PAG. N 5
PAG. N 4
Onde estão os
negros?
PAG. N 5
BREVE! MAPA TURÍSTICO
DE SÃO GONÇALO
R$ 0,50
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Gonçaly Hills
de Talentos –
Maria Domícia
PAG. N 5
Partidos: ideal
ou torcida?
PAG. N 5
N2
nossojornal.org
O que é o Rotary?
HELTER BARCELLOS
O Rotary é uma Associação de líderes,
profissionais de diversas áreas unidos no mundo
inteiro, que prestam serviço humanitário,
fomentam um elevado padrão de ética em todas
as profissões e ajudam a estabelecer a paz e a
boa vontade no mundo. Rotary trabalha em
associação com organizações nacionais e
internacionais de saúde pública para alcance do
objetivo de erradicação da poliomielite,
subsidiando as vacinas através do programa
Pólio Plus.
A Fundação Rotária proporciona bolsas
educacionais
internacionais,
intercâmbios
culturais e projetos humanitários e relacionados
ao meio ambiente que melhoram a qualidade de
vida de milhões de pessoas.
O que é o Rotary e-club?
São
Rotary
Clubs
que
se
reunem
eletronicamente, seguem as mesmas normas
dos Rotary Clubs, a principal diferença é que um
e-club conduz sua reunião semanal no website
do clube. Assim você pode participar das
atividades do Rotary e da Fundação Rotária,
dentro das suas possibilidades de tempo, pois
poderá acessar as reuniões a qualquer hora e
dia da semana.
O Cientista e a Criança...
DARC FREITAS
Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e
estava resolvido a encontrar meios de melhorá-los. Passava
dias em seu laboratório em busca de respostas para suas
dúvidas.
Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário
decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela
interrupção, tentou que o filho fosse brincar em outro lugar.
Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo
que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair
sua atenção.
De repente deparou-se com o mapa do mundo, o que
procurava! Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em
vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou
ao filho dizendo:
— Você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o
mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado.
Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo
sozinho.
Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa.
Algumas horas depois, ouviu a voz do filho que o chamava
calmamente:
— Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!
A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria
impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa
que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos
de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de
uma criança.
Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os
pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como
seria possível? Como o menino havia sido capaz?
Então ele perguntou:
— Você não sabia como era o mundo, meu filho, como
conseguiu?
— Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você
tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado
havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo
para consertar, eu tentei mas não consegui. Foi aí que me
lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o
homem que eu sabia como era.
Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que
havia consertado o mundo.
Uma publicação da AGACIL – Associação Gonçalense de Apoio à Cultura , Informação e Literatura.
Rua Doutor Alfredo Backer, 579 – bloco 02 B – sala 1.502 – Mutondo – São Gonçalo – RJ. CEP.24452001 telefone 9 7575-0194 Editor Chefe: José Carlos Rocha Conselho Gestor: Frederico Carvalho, Darc
Freitas, Agliberto Mendes, Wilson Vasconcelos, Luciano Tardock , Matheus Graciano e Alex Woelbert
N3
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Incendio do Circo
ASSUERES BARBOSA
O dia 17 de dezembro de 1961 era um dia muito quente. A temperatura rondava os 40 graus. Eu, curtia o
domingo assistindo uma partida de futebol no campo do Fonseca Atlético Clube, quando fui alertado por
uma emissora de rádio, que o Grand Circus Norte Americano instalado na Praça do Expedicionário, em
Niterói - Rua Desidério de Oliveira - onde hoje funciona o Centro de Clínicas do Exército - estava pegando
fogo. Ele, que havia sido inaugurado dois dias antes (15/12/1961).
O incêndio começou no momento em que os trapezistas iriam iniciar o perigoso salto triplo. Ao grito de
"incêndio", todos começaram a correr em diversas direções. Ainda cheguei a tempo de ver as labaredas, a
fumaça, a correria e o desespero das pessoas, a maior parte com queimaduras, que saiam aos gritos, por
um buraco aberto por um elefante, que salvou muita gente, mas que também matou, pisoteando-as.
Também vi corpos e mais corpos estendidos no interior do circo e, até mesmo sentados nas cadeiras,
envoltos no plástico da tenda. Todos que haviam ido se divertir com os palhaços, os trapezistas e os
animais, na base da pipoca e do sorvete.
Foi iniciado o rescaldo pelo Corpo de Bombeiros, e o atendimento aos sobreviventes que eram conduzidos
aos Hospitais Antônio Pedro, Santa Cruz, Azevedo Lima, Maritimos, Luiz Palmier, Hospital Infantil Getúlio
Vargas, e para a Santa Casa de Misericórdia, enquanto os corpos dos que morreram eram levados em
caminhões para o Ginásio Caio Martins e para o IML a fim de serem reconhecidos e depois sepultados.
Muitos foram colocados nos frigoríficos da Indústria Maveroy (que produzia a geladeira Kelvinator), para
serem conservados até o sepultamento.
Ás lágrimas escorriam por todos os rostos. Os cirurgiões plásticos Ivo Pitangui e Carlos Caldas (que havia se
formado naquela semana), diversos médicos, enfermeiros e voluntários desdobravam-se nos atendimentos.
Fui voluntário durante 15 dias no Azevedo Lima, cujo diretor era o saudoso médico Carlos Guida Risso.
A solidariedade do nosso povo foi enorme. A todo instante chegavam medicamentos, ataduras, alimentos,
água. As pessoas corriam de um lado para o outro tentando ajudar de alguma forma.
O governador Celso Peçanha determinou providências imediatas. No Cemitério do Maruí foram abertas às
pressas, covas para os sepultamentos. O Papa rezou por mortos e feridos e diversos países, bem como a
Cruz Vermelha, enviaram medicamentos e donativos. Decorridos tantos anos, ainda não se chegou ao
número exato dos que perderam as suas vidas. Dizem que "na maior tragédia em circuito fechado" o número
estimado de mortos oscila entre 350 e 400, dos quais 70% eram crianças.
Os culpados foram descobertos: Adilson Marcelino Alves, o Dequinha - condenado a 16 anos e mais seis em
manicômio judiciário, que terminou assassinado mais tarde quando fugiu da cadeia em 1973 - o mentor do
crime, porque havia sido despedido do circo; José dos Santos, o Pardal -16 anos e mais um ano em colônia
agrícola - e Walter Rosa dos Santos, o Bigode -14 anos e mais um ano em colônia agrícola -. Bigode
comprou a gasolina e a jogou sob a lona e Dequinha ateou fogo.
Em São Gonçalo, o então prefeito Geremias de Mattos Fontes desapropriou parte das terras de propriedade
da Indústria Metal Forty, no bairro Estrela do Norte - segundo informação que me foi prestada pelo então
secretário da Prefeitura de São Gonçalo, Osmar Leitão Rosa, que mais tarde seria prefeito da cidade e
deputado federal por diversas legislaturas - e mandou construir o Cemitério de São Miguel, onde foram
sepultadas vitimas do incêndio. Uma tragédia que nunca será esquecida!
Durante muitos anos o trauma impediu que crianças e adultos assistissem qualquer espetáculo circense em
Niterói e São Gonçalo. Decorridos 50 anos, minha memória ainda está bem nítida em relação à tragédia.
Ainda recordo dos caminhões que recolhiam e transportavam os mortos e do corpo de uma criancinha, de
aproximadamente, dois ou três anos de idade, estendida para reconhecimento no chão frio de mármore do
IML, que morreu pisoteada por um elefante.
GENTILEZA
Foi no Incêndio do Circo que surgiu a figura do poeta Gentileza, nascido em Cafelândia, interior de São
Paulo, no dia 11 de abril de 1917, que se tornou lendária. No local da tragédia, plantou mudas de plantas e
começou a ser chamado de Profeta Gentileza. Embora tivesse sido divulgado que ele perdera familiares no
incêndio, ele mesmo disse que não era verdade.
A partir daí tornou-se andarilho, e por onde passava, entre o Rio, Niterói e São Gonçalo, em sua bata
branca, repleta de desenhos coloridos, pintava suas frases de amor e de bondade, como "Gentileza Gera
Gentileza", existentes até hoje nas 56 pilastras do Viaduto do Caju, Rodoviária Novo Rio.
Foi tema de livro (Brasil: Tempo de Gentileza, do professor da UFF, Leonardo Guelman), de samba-enredo
da Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio, de músicas compostas pelo compositor Gonzaguinha e
pela cantora Marisa Monte. Faleceu em 28 de maio de 1996, aos 79 anos e foi sepultado em Mirandópolis,
interior de São Paulo.
N4
nossojornal.org
Plano diretor de São Gonçalo. O quê? É?!
WILSON VASCONCELOS
São Gonçalo tem caminhada turística
ELAINE TRINDADE
Plano diretor, em tese, seria uma proposta de lei que o
prefeito apresenta com ampla discussão com a
população no que tange aos mais diversos
questionamentos sobre o território. Como se dá a
criação do Plano Diretor? A prefeitura elabora um
Plano Diretor depois a câmara de vereadores precisa
aprovar a lei para que ela entre em vigor. Tudo isso
atrelado aos recursos do município. É o plano diretor
que define o que pode e o que não pode ser feito em
cada parte da cidade, cada bairro. Tanto pelo poder
público quanto pela iniciativa privada. O intuito é
estabelecer metas para que a cidade se desenvolva de
forma integrada, ampla e para além dos quatro anos
dos mandatos políticos.
No próximo domingo (16/08) o projeto “Visitas e
Caminhadas
Turísticas”,
promovido
pela
secretaria municipal de Turismo e Cultura vai levar
visitantes ao Alto do Gaia, um dos pontos turístico mais
encantadores de São Gonçalo. O lugar é visitado por
brasileiros e estrangeiros que gostam de aventura, já que
é ideal para a prática de asa-delta e parapente. O Alto do
Gaia é considerado o ponto mais alto de São Gonçalo,
com 534 metros de altitude. O local faz parte da Serra de
Itaitindiba, em Santa Isabel, Área de Proteção Ambiental
(APA) de Guapimirim. O ponto de encontro para a
caminhada turística será na praça de Santa Isabel, às
7h30. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas
pelo telefone: 2199-6521 ou através da fanpage da
secretaria: Secretaria de Turismo e Cultura de São
Gonçalo.
Estudante de geografia, Karla Amaral, de 23 anos,
moradora do Mutondo, não vê a hora de conhecer o Alto
do Gaia. Esta é a primeira vez que ela participa do
projeto “Visitas e Caminhadas Turísticas”.
“Eu acho que esta vai ser uma grande oportunidade para
conhecer melhor a cidade onde eu moro. São Gonçalo
tem muitas belezas como o Alto do Gaia e as Grutas de
Caulim. Essa é a primeira vez que estou participando do
projeto e estou ansiosa por conhecer o Alto do Gaia.
Pena que não vai dar para saltar de asa-delta, que
também é um sonho que eu tenho”, afirmou a estudante.
Para o secretário de Turismo e Cultura , Michel Portugal,
este é um programa que agrada a todos.
“ As caminhadas turísticas são boas oportunidades para
estudantes de história, turismo, guias. Mas, também é
um programa muito agradável para as famílias
gonçalenses que passam a conhecer melhor a cidade
em que vivem e acabam por descobrir as belas
paisagens que a cidade oferece”, reiterou o secretário.
A saída para a caminhada acontecerá às 7:30h e os
participantes deverão se reunir na Praça de Santa Isabel.
A organização do evento orienta que as pessoas vistam
roupas leves, tênis e levem protetor solar, água e lanche
leve. A caminhada é considerada de moderada a forte já
que boa parte da caminhada é de subida íngreme.
Elaine Trindade
Analista em Comunicação Social
Secretaria de Turismo e Cultura
Prefeitura Municipal de São Gonçalo
Contato: (21) 97162-9554
O plano diretor cria as diretrizes e os instrumentos para
o planejamento da cidade no transporte, na habitação,
saúde, patrimônio público, proteção ambiental e tantas
outras. Quantas pessoas residem na cidade? Qual a
expectativa de crescimento? A cidade possui áreas
destinadas à política habitacional? Quais são as zonas
especiais de interesse social? A receita da cidade
precisa aumentar? Como fazer isso? Quais são as
características da cidade e como detalhar? Para onde
a cidade deve crescer? Creches, escolas, unidades de
saúde? Onde e como? Como atrair novas empresas e
investimentos governamentais?
Em São Gonçalo, o atual Plano Diretor foi aprovado
em 2008 e revisto em 2009, na gestão da prefeita
Panisset.
O plano diretor de São Gonçalo tende a servir apenas
como diria o urbanista Flávio Villaça “uma cortina de
fumaça tecnicista para escamotear as práticas arcaicas
de não planejamento que servem, com ou sem plano
diretor, exclusivamente aos interesses dos grupos
dominantes”. Os "processos participativos" são muitas
vezes jogo de cena, e muito pouco do que os planos
estabelecem se aplica.
A população pode e deve participar em todas as
etapas do processo de elaboração e definir com o
prefeito da cidade vai gerir os recursos para o
desenvolvimento urbano. E assim, permitir que a
cidade cresça de uma forma ordenada e que garanta
os direitos e a qualidade de vida para todos.
N5
nossojornal.org
A Luta de Cada Um - Projeto de Inclusão
SILVIA QUINTAN
Muitas vezes, diante de alguém com necessidades especiais, ficamos sem saber o que fazer e como lidar. E na
maioria das vezes, por constrangimento, optamos por nos desviar de situações que nos exponham a esse contato,
ignorando-a.
O objetivo é proporcionar instrumentos para que possamos olhar, falar e conduzir as situações de forma natural,
minimizando o preconceito. Afinal, há muito mais de potencialidade, capacidade neste indivíduo, do que a imagem
tende a nos mostrar. O que o projeto almeja
Partindo do princípio que somos todos educadores, o projeto visa estar em qualquer lugar que tenham pessoas e
levar informação e conscientização a todos, para que possamos naturalizar as diferenças.
Justificativa
Penso que precisamos informar, conscientizar e capacitar os indivíduos para agirem frente às diferenças. Somente
assim, teremos um país que inclua de fato. Apenas informações, sem prática, gera indivíduos paralisados,
despreparados para promover a inclusão naturalmente.
A Luta de Cada Um - Projeto de Inclusão
Muitas vezes, diante de alguém com necessidades especiais, ficamos sem saber o que fazer e como lidar. E na
maioria das vezes, por constrangimento, optamos por nos desviar de situações que nos exponham a esse contato,
ignorando-a.
Em busca de Solidariedade
ANALICE NUNES
Com quase oito anos de existência, a Escola de Música Nova Sinfonia, no Jardim Catarina, mantém com recursos
próprios seus quase 100 alunos especiais. Esse número já foi maior quando o projeto recebia verbas pela Lei
Rouanet.
Já tivemos mais de 210 alunos com algumas necessidades especiais, mas não temos recebido apoio financeiro e
precisamos bancar com recursos próprios a manutenção da escola e a maioria dos alunos A Escola de Música
Nova Sinfonia e o CIAN-Centro de Integração Analice Nunes, tem como missão promover a inclusão social e a
cidadania através do desenvolvimento de ações e programas nas áreas de cultura, arte, meio ambiente, esporte,
educação, lazer e saúde com o objetivo de criar ações voltadas para a pessoa com deficiência. Conta ainda com a
preciosa colaboração do Doutor Isaias F. F. da Silva (Neurologia/Neuropsiquiatria adulto e infantil) para uma melhor
assistência aos alunos. Também fazemos parte do Projeto de Inclusão, coordenado por Silvia Quintan, que aos
poucos vem conscientizando a população através de suas palestras, da importância de se valorizar o combate às
desigualdades em relação aos deficientes em vários níveis. Mais uma vez convocamos a sociedade Gonçalense a
apoiar mais essa iniciativa.
N6
nossojornal.org
Tomando Conta das Ruas
J SOBRINHO
Sei, de antemão, que não é prioridade do município de São Gonçalo; sei também que cada cidade tem lá os seus
problemas e precisam de soluções. De modo que, exatamente por isso, é que existem os respectivos governos
municipais – que precisam e devem buscar os recursos necessários para gerir bem a sua cidade.
Dito isso, preocupa-me a proliferação de flanelinhas pelas ruas do nosso município. É claro que temos também que
levar em conta o aspecto social da coisa, não temos que fingir que está tudo bem e tapar os olhos.
O mais interessante é que, em São Gonçalo, ruas onde existem estacionamentos autorizados pela Prefeitura,
flanelinhas atuam de modo paralelo e sem o menor constrangimento pois, a bem da verdade, fiscalização não existe.
Em Niterói e em algumas outras cidades, as Prefeituras tem sabido como tirar proveito da situação: criaram projetos,
planejaram, demarcaram ruas e estão faturando boa grana, ao mesmo tempo em que criaram condições de trabalho
para muita gente. Se há terceirização ou não é o que menos importa. Importante é tirar pessoas da clandestinidade e
criar alternativas de subsistência. Basta cadastrar e criar critérios que os casos acabam sendo solucionados.
Vieira Brum’s Piper
MATHEUS GRACIANO
O Vieira Brum’s Piper é um projeto feito para jovens e adolescentes de comunidade gonçalenses, especialmente para
aqueles em situação de risco, sediado no Centro Educacional Vieira Brum, bairro Antonina. Ativo desde 2004,
acredita que através do aprendizado com as Gaitas de Fole Escocesas é possível levar aos alunos noções de
civismo, companheirismo, somado aos conhecimentos musicais através do instrumento europeu. O projeto é aberto a
todo público, e os alunos têm a possibilidade viver novos contextos socioculturais.
Em 2012, inovou com apresentações inusitadas, tocando a gaita de fole fazendo embaixadinhas, em cima da corda
bamba, de cabeça para baixo ou até mesmo tocando duas ao mesmo tempo. A arte totalmente brasileira de tocar o
instrumento, chamando a atenção dos jovens para algo diferente é algo diferente, que atrai e gera interesse na
sociedade.
N4
nossojornal.org
Metodologia de projetos nas escolas, é possível?
A visão da concepção pedagógica tradicional, ainda dominante, busca pela imposição da disciplina como parte fundamental para o sucesso
educacional, na memorização dos conteúdos como forma de apropriação dos conhecimentos tidos como essenciais.
Adotar um enfoque transdisciplinar permite conceber a aprendizagem como um processo de indagação, no qual se relacionam diferentes
campos de conhecimento e de saberes. A transdisciplinaridade como conhecimento de si e do mundo.
A abordagem baseada em projetos busca “abrir os olhos dos alunos para o mundo que os aguarda”, uma vez que ela leva à colaboração
tão necessária em todos os ramos de atuação profissional para dentro da sala de aula. Pesquisar é o ato de procurar respostas a perguntas
ou informações. A pesquisa contribui para a construção do conhecimento. Na Educação, a pesquisa deve ser uma atividade capaz de
produzir um conhecimento “novo” a respeito de um determinado assunto, relacionando as informações obtidas ao conhecimento de mundo.
Dois fatores são essenciais para que isso ocorra: o aluno deve ser sujeito da educação e o professor, o mediador desse processo.
Alguns imaginam que esse desafio começa apenas na fase acadêmica, quando o estudante é levado a produzir textos próprios, sobretudo
uma monografia ou tese. No entanto, essa prática deveria começar desde cedo. Grande parte da defasagem do ensino se dá pelo fato de
que os alunos são forçados a repetir o que está nos livros, sem muitas vezes encontrar significado para isso. Consequentemente, outro
fator que traz grandes dificuldades no momento de redigir textos acadêmicos é falta do hábito da escrita. Escrever é um hábito que vai
sendo aprimorado no seu exercício contínuo. Existem coisas que, quando são aprendidas desde cedo, fazem enorme diferença por não
deixar lacunas na formação do indivíduo.
A partir de qual idade professor pode começar a adotar projetos?
Não existe idade certa. No caso de alunos mais novos, deve haver um maior direcionamento por parte do professor, porque as crianças não
são tão independentes. No ensino médio, eles já têm mais condições de desenvolver um trabalho em que podem traçar seu próprio
caminho.
O que os professores devem fazer antes de começar?
Primeiro é preciso pensar pequeno e não começar com trabalhos que durem o semestre todo, porque vai ser desafiador demais para
administrar. Um bom começo é adotar um tema já ensinado no passado, que se domina bem, mas que não trouxe satisfação com o jeito
com que os alunos se envolveram. É a oportunidade de contornar esse problema e despertar o interesse das crianças desde o inicio, de um
jeito em que não fiquem só memorizando, mas pensem antes de fazer algo. Três perguntas são essenciais para se iniciar: O quê? Por quê?
Para quê?
Que dicas pode-se dar para um professor que queira iniciar o trabalho com projetos neste ano letivo?
Em primeiro lugar não se começa um projeto esperando coisas maravilhosas no final sem que seja estabelecido um acompanhamento
contínuo. Estar ao lado de todo o processo é a principal medida que se deve tomar. Todos os momentos é preciso ir atrás do que os alunos
estão fazendo, o que entenderam e como estão preparados para enfrentar o que vem pela frente. Além disso, o professor deve fazer
verificações constantes para ajudar no plano de aula e, assim, saberá quais pontos são mais desafiadores, em quais os alunos estão com
dificuldade e se isso é um problema com o grupo ou restrito a um único aluno. Essa avaliação, chamada de formativa, deve acontecer ao
longo do projeto e não precisa de mais tempo e nem de muitos recursos. No fim, o professor também não ficará surpreso com o que foi
apresentado, porque o bom trabalho final é resultado de toda a avaliação contínua que ele desenvolveu junto aos alunos.
Educação, um direito de quase todos!
Conservadores, Liberais e Socialistas, um show de teorias e ineficiências práticasPor André Correia
Desde o ano de 2010 que vivo a experiência de lecionar na escola pública. Iniciei minha experiência com o ensino médio,
mas por encontrar adversários em demasia escolhi mudar de faixa etária e hoje leciono para o ensino fundamental. Não me
arrependo da decisão, são mais receptivos, embora agressivos e temperamentais.
Tudo começa no 6° ano, os fracos são perseguidos e os amigos se fazem e desfazem com a fofocada do dia a dia. A
estranha transição que se estende do (6°) ao (9°)ano, com o maldito horário do recreio e o cruel espaço do refeitório. Nos
sobra ainda como ponto negativo, o estatuto da criança e do adolescente, a delinquência juvenil e a super população de
alunos.
Meninos de barbas junto com alunos que usam talco e acessórios. E este dilema não é apenas brasileiro, seja no mundo
privado, seja em instâncias públicas. Educar é o grande desafio da humanidade. Filmes, seriados e documentários retratam
o estrangulamento da mini-sociedade. A escola avança dentro de um retrocesso imensurável. É perceptível que os pais
também precisam de formação, pois foram moldados dentro da escola de massa e sofrem com o conceito de educação do
século passado, assim como os professores e gestores educacionais.
N5
nossojornal.org
Silvia Quintan será uma das colunistas do "Nosso".
Ela é Psicóloga, Palestrante e Escritora.
Leia o que diz a Silvia Quintan sobre a sua trajetória de vida profissional.
A gestalt-terapia é mais do que uma linha de trabalho, ela se tornou uma filosofia da minha própria vida. Digo sempre e muito
que a ética se afina entre o dizer e o fazer. Não posso fazer na minha vida diferente do que eu faço no meu Consultorio.
Acredito no ser humano acima de qualquer coisa.
O amor é uma atitude para com alguém e para com o mundo. Entendo que lamentações e revoltas nos levam a perder
tempo. É preciso lançar mão desta energia e iniciar um movimento de luta por aquilo que acredita. E assim tem sido os meus
dias desde sempre!
Desde o início da minha graduação onde passei pelas ruas de Niterói, instituição de crianças em condição de abandono em
São Gonçalo e na Comunidade do Rio de Janeiro, buscando corroborar a hipótese de que uma situação pontual ou trajetória
não determina a vida do indivíduo. E consegui mostrar que através do trabalho com um Psicólogo, é possível que a vida de
um ser humano, independente dos atravessamentos, seja de dignidade, caráter, pessoa de bem.
Dei sequência a minha profissão até que engravido.
Com 30 semanas de gestação, dou à luz os trigêmeos Kayque, Eduarda e Beatriz. O parto prematuro, em 25 de janeiro de
2011, seria o início de uma jornada que, dia após dia, mostra que perder as esperanças não é uma opção. Depois de
enfrentar vários problemas — de cirurgias a cegueira, passando pelo câncer — e serem desacreditadas pelos médicos, as
crianças vêm crescendo e provando que a crença na vida não é em vão.
Nos primeiros dias de vida, os bebês precisaram ser submetidos a uma cirurgia no coração. As meninas sofreram uma
hemorragia cerebral durante a operação, o que comprometeu, em Eduarda, a área motora, e em Beatriz, a área da visão.
Foram quase três meses de internação na UTI neonatal. Depois da alta, ainda vieram as notícias de que Bia não poderia
enxergar, ouvir nem andar devido às complicações do procedimento, e de que Duda, com paralisia cerebral, não conseguiria
se locomover, falar nem comer alimentos sólidos. Três dias depois desta notícia da Duda soubemos que a estava com
Câncer na supra-renal.
Kayque, por sua vez, teve hérnia inguinal.
Por muitas vezes, ouvi de médicos que as crianças não fariam progressos. Mesmo assim, não desanimei: por conta própria,
buscou tratamentos que, pouco a pouco, deram frutos.
Eu sempre acreditei que existe vida além de um “não”, então quis tentar fazer algo. No hospital de reabilitação, vi muitas
mães vivendo a mesma história que eu e desistindo. Mas não deixei meu sonho morrer e fui em frente - neste momento
nasceu o sonho de escrever um livro para que estas mães pudessem perceber a força que existe dentro delas.
E este livro foi lançado em 01 de dezembro de 2014 na Livraria Nobel do Shopping Boulevard São Gonçalo, onde você ainda
pode adquirir o seu!!
Penso que deixar-se abater, perder as esperanças e apenas lamentar é inútil:
Não vale a pena ficar se questionando, mas sim pensar no que dá para fazer e ver o que a vida apresenta de possibilidades
para que se consiga lidar com os problemas.
N6
nossojornal.org
Da sociedade frente à morosidade da Justiça
Como queremos a justiça? A resposta não pode ser outra a não ser justa e célere, pois a demora na entrega da prestação
jurisdicional, traz ao cidadão, uma sensação de desamparo do Estado para resolver determinados conflitos.
Pois bem, o Estado têm a obrigação de garantir a segurança jurídica, pois não existe uma sociedade equilibrada e justa, se
não houver um judiciário eficiente e eficaz, e cumprindo com tais requisitos, consegue alcançar o papel social.
Ninguém quer uma justiça amanhã, o cidadão lesado ou na iminência de lesão de seu direito, quer resposta imediata do
Estado, que esta inserida no próprio conceito do direito-garantia que a justiça representa, pois na maioria das vezes, a
justiça que tarda, falha.
Nesses casos, é preciso respeitar o artigo 5º da Constituição Federal, inciso LXXVIII que trata da duração razoável do
processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação.
Já no que tange ao Advogado, importante destacar a sua função social e a importância e a indispensabilidade desse
profissional na sociedade, tendo em vista que, em nosso ordenamento jurídico, esta constitucionalmente garantido, e no
seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce, sem sombra de dúvidas, função social.
Com isso, ao deparamos com os desafios da justiça, temos a nobre e árdua missão de defender a Constituição, a ordem
jurídica, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da Justiça e
pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.
Por tais razões, o problema da morosidade da Justiça não está no número excessivo de recursos, mas na falta de
investimentos nas estruturas do próprio Judiciário, na diminuta contratação de juízes, e na inexistência de aparelhamento
e estrutura tecnológica, que hoje caminha a passos de tartaruga, que são fatores fundamentais que ajudariam a agilizar e
muito o andamento dos processos.
Assim, colocar nas costas da advocacia toda a culpa pelo problema da morosidade do Poder Judiciário é uma deslealdade
institucional, que a Ordem dos Advogados do Brasil não poderá permitir, e deverá, sem dúvidas, se posicionar a respeito,
colocando um basta nessa campanha difamatória na tentativa de desmoralização da advocacia.
Adriana Brandão é Advogada
NEACA
Núcleo Especial de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítimas de Violência Doméstica e Sexual em São Gonçalo
Projeto se propõe a oferecer acompanhamento continuado, numa perspectiva interdisciplinar, nas áreas de Serviço
Social, Psicologia, Pedagogia, Jurídico, Educação e Saúde às crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica e
sexual residentes no Município de São Gonçalo.A implantação do NEACA-SG é uma reivindicação antiga dos movimentos
sociais que realizam prevenção e assistência às crianças e adolescentes para ampliar a oferta local de acompanhamento
especializado e fortalecimento da rede de proteção social destinada às crianças e adolescentes que se encontram
vulneráveis à violência doméstica sexual.
Objetivos:
· Garantir atendimento nas áreas social, psicológica, jurídica e pedagógica às crianças, adolescentes e familiares
encaminhandos pelas instituições que integram a rede de proteção social de São Gonçalo, que tenham sofrido violência
doméstica e sexual.
· Buscar estratégias e alternativas que favoreçam a redução dos agravos psíquicos e físicos decorrentes da violência
sofrida.
· Promover e realizar palestras, seminários e cursos relacionados à política de atenção à criança e ao adolescente para
divulgar e debater a legislação Federal, Estadual e Municipal de proteção e garantia dos direitos da criança e do
adolescentes.
·Contribuir para a interação e articulação de atendimento à criança e ao adolescente em São Gonçalo a fim de analisar,
definir e instituir rotinas e fluxos de atendimento.
Horário de Atendimento: De 2ª a 6ª feira Das 9:00 às 17:00 h.
Contato: [email protected]
N7
nossojornal.org
Guia
N8
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Elite gonçalense, ela existe?
Por Matheus Graciano
O Brasil é e sempre foi um país desigual. Apesar dos últimos governos repetirem exaustivamente que a
desigualdade financeira diminuiu entre as pessoas, o desnível absurdo ainda prevalece. É verdade que a renda
caminha rumo à igualdade, mas o abismo educacional não mudou. Em São Gonçalo, por exemplo, com muitas
pessoas nas chamadas “classes C e D”, camadas que mais ascenderam economicamente, a falsa sensação de
“poder comprar” mascara uma pergunta bem pertinente em tempos de ostentação: ainda existe elite goncalense?
Antes de escrever o post, pedi algumas contribuições nas redes do SIM São Gonçalo. Esse comentário resume um
pouco do que se acredita ser “elite”:
“Sobre a ‘elite gonçalense’, conheço uma família que tinha uma situação financeira bem bacana. Moravam no Galo
Branco, numa ‘puta’ casa. A mulher andava de ‘Audi’, o homem de ‘Hilux’, o filho de ‘New Beetle’ e filha de ‘Honda
Bis’, porque era bem novinha. Só que os negócios cresceram de uma maneira que se viram obrigados a mudar.
Ficaram muito ‘visados’, como eles próprios relataram. Hoje, vivem em uma cobertura em Charitas, onde eles são
apenas mais uma família rica e não A Família Rica.”
Olhando a palavra “elite” em alguns dicionários, cheguei a definições como “o que há de melhor na sociedade” ou
“que detém alguma influência e prestígio”. Observando isso, é importante ressaltar que as “elites” são
representadas em diversos segmentos. Nas artes, letras, atividades médicas, economia, entre outros campos,
todos têm algum tipo de parcela considerada elite. Mas, por que o quesito dinheiro é tão relacionado à palavra?
“Ficaram muito ‘visados’, como eles próprios relataram. Hoje, vivem em uma cobertura em Charitas, onde eles são
apenas mais uma família rica e não A Família Rica.”
Comentários abertos feitos na página do facebook refletem um pouco do que se sente nas ruas. Frases como “as
elites estão na Barra da Tijuca ou Niterói” são frequentes. Muito disso é explicado se voltarmos um pouco no tempo.
Anos atrás, o acesso ao conhecimento e a informação eram restritos a poucos que tinham algum mínimo poder
econômico. Sabemos que muita coisa mudou, mas a ideia de que o “dinheiro” te introduz na “elite” continua a
mesma. Para muitos, ainda bem, a deficiência financeira já não é mais a vilã. O problema faz parte do modelo
mental que temos.
Esse “modelo” pode ser traduzido como “jeito de pensar”. Muitos ainda tem uma mente modelada por crenças que
hoje já não fazem tanto sentido como antigamente. Ter muito dinheiro, por exemplo, já não te faz tão “especial”
assim. Em São Gonçalo ou em qualquer outra cidade brasileira, ainda percebemos que “mostrar que é rico” virou
um pequeno show, que pode ser “assistido” nos instagrams, youtubes e nas ruas, nos roncos das motos
barulhentas ou cantando pneu por aí. Mas com tanto dinheiro no mercado, até quem tem muito já não consegue ser
visto com tanto destaque, uma vez a mágica do “12x sem juros” fez com que muitos tivessem acesso a quase tudo,
mesmo que parceladamente.
Hoje, com uma realidade “um pouquinho menos desigual”, a percepção de que a “elite gonçalense” deixou de existir
está mais nítida. A verdadeira elite se dá por um fato: acesso à educação. Entretanto, até mesmo as escolas que
antes eram referência na cidade, perderam o posto para outras instituições de ensino que se parecem mais com
“máquinas de treinamento para o vestibular”. Nessa peneira, passam os mais aptos, salvam-se os que tem uma
índole curiosa e se libertam aqueles cujas famílias são suficientemente instruídas para guiá-los.
Por outro lado, as gerações mais antigas ainda acreditam em símbolos que já não fazem mais sentido quando o
intuito é ser visto como elite, até mesmo intelectual. Para reforçar essa posição, os mais jovens também já não
veem sentido algum em ser como eles, algo que no passado ainda era uma aspiração. Mais uma vez, o modelo
mental aprisiona os mais velhos e força os mais jovens a construir novos moldes que ainda nem foram testados. O
que se vê é o retrato da situação atual, onde “nunca antes na história o futuro foi tão incerto.”
Talvez a resposta para a pergunta título não exista. Talvez essa “nova elite” esteja em construção. Talvez ela nunca
mais exista como se conheceu no passado. De qualquer forma, os membros das futuras elites, de quaisquer
segmentos, estão por aí. Dispersos, desorganizados, mas agindo e implantando formas livres de pensar. Seja em
São Gonçalo, Rio de Janeiro, Brasil ou no mundo.
N9
nossojornal.org
O abandono do patrimônio gonçalense
Por Luciano Tardock -Há algum tempo, mais especificamente no final de 2012, fiz uma
série de textos pro site Tafulhar SG, sobre a questão do patrimônio cultural gonçalense.
Basicamente, falava sobre o abandono do mesmo. Como este vinha sendo maltratado e
deixado de lado porque, simplesmente, não é do interesse dos governantes. Para além
disso, servem como uma crítica para a sociedade, já que uma cidade sem memória se torna
um repositório do pior tipo de agente social: o politiqueiro.
O politiqueiro é aquele indivíduo que só aparece em vésperas das eleições, pede voto,
abraça, bota criancinha no colo, beija mãe, tia, avó, gato, cachorro e galinha. Até aí,
nenhum problema. O grande problema é pensar como esses indivíduos vencem eleições.
Será que o povo faz a sua parte? Por que diabos eu falo que o povo sem memória é presa
fácil para esse tipo de “agente social”?
É uma equação simples, até. Basta seguir a seguinte linha: se o povo não tem referências
históricas da região onde mora, se não conhece seu entorno, nem as características do
passado da localidade, ele não tem apego. Se o apego ao local de convívio não existe, o
povo não tem por que exercer papel de cidadão (que difere totalmente do de povo) e aí,
acaba escolhendo qualquer candidato, inclusive os piores tipos possíveis. E são esses que
constroem, ou destroem, o processo de valorização dos bens culturais das localidades que
devem ser preservados. Tudo isso por considerarem que tudo aquilo que é “velho” deve dar
espaço ao “novo”, sem possibilidade de coexistirem. De fato, não existe nenhum crime em
construir espaços para o novo. O problema é destruir o que é anterior, tirando a
possibilidade da população participar desse processo de identificação com seu lugar de
origem ou o local que escolheu para viver.
A pesquisadora Maria Célia Paoli afirma que “o reconhecimento do direito ao passado está
ligado ao significado presente da generalização da cidadania por uma sociedade”.
Mas o que dizer quando o poder público se movimenta pouco sobre essa causa? Ano
passado, tive o prazer de ajudar no processo de desenvolvimento do projeto de lei que
aborda a questão do patrimônio artístico, cultural e histórico de São Gonçalo. Projeto esse
que foi votado pelo legislativo mas que o Prefeito optou por vetar.
Enquanto isso o patrimônio Gonçalense definha. O 3° Batalhão de Infantaria foi destruído,
numa parceria esquizofrênica entre os governos municipais e estaduais. A Fazenda
Colubandê permanece por sua própria conta e sorte, a Capela de Nossa Senhora da Luz,
em Itaoca, teve sua obra de escultura sacra roubada no último dia 3 de junho – e
recuperada pela Polícia Civil de Maricá três dias depois.
Em 2012, a situação era ruim para o patrimônio cultural de São Gonçalo. Praticamente 3
anos depois, a situação conseguiu piorar drasticamente. Com o avançado processo de
deterioração desses e de outros bens, parte da memória, da história, do apego que o
gonçalense poderia ter para com sua cidade, desaparece mais um pouco. E é assim dentro
desse projeto que os politiqueiros atuam. Ganhando votos daqueles que não tem
esperanças na mudança e na melhoria da cidade. Nunca se tratou de santificar ou de
sacralizar os espaços reconhecidamente históricos, ou os fazendo permanecer inacessíveis
ao público. A Fazenda Colubandê teve escravo e açoite, a Capela da Luz foi também
erguida por escravos, o 3° Batalhão de Infantaria foi local de treinamento dos pracinhas que
foram para a Itália na 2° Guerra Mundial, mas também foi cenário de torturas durante a
Ditadura Militar. Então por que manter esses lugares e por consequência, essas memórias?
A resposta é simples: para que esses crimes, escravidão e tortura nunca mais se repitam, e
para que as resistências e ocupação da cidade realmente aconteçam!
N10
Guia
N11
nossojornal.org
Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Por Alex Wölbert
Histórias de amor acontecem em todos os lugares do mundo. Mas posso garantir que as que acontecem na nossa cidade
são as mais belas.
Quando a linda jovem Mathilde Ferreira cruzou os olhos para o jovem imigrante português Francisco Rodrigues,
desabrochou como um botão de rosa o maior de todos os sentimentos. E nada nesse mundo, nada mesmo, mudaria o
rumo dessa história de amor. Nem mesmo o pior dos desastres separaria o casal. Por pior que fosse, era como uma cabeça
de alfinete perto da fé que Mathilde tinha no coração.
Era do pescado que Francisco tirava seu sustento. Quando estava em alto-mar, Mathilde fazia companhia em seus
pensamentos. Estava na hora de concretizar a união. Marcaram o casamento para o primeiro dia de junho de 1900.
Francisco e Mathilde RodriguesE assim foi feito, naquela primeira sexta-feira do mês de junho. Todavia, por conta do
compromisso com seu trabalho, Francisco nem teve tempo de curtir seu primeiro dia de casado ao lado da sua esposa
Mathilde. Logo cedo, saiu com a embarcação do cais de Neves e varou mar à dentro com mais 29 tripulantes a bordo.
Ele esperava que o bonito dia de sol e o frescor da brisa do mar fossem abençoar o seu dia. Tão logo a embarcação
estivesse lotada de pescado, estaria em casa nos braços da sua amada.
No entanto, Francisco estava enganado. Eis que de repente, mais rápido que um piscar de olhos, o céu se cobrira com um
véu negro. O vento começou a assobiar desesperadamente entre as cordas de sustentação da rede. Raios brilhantes como
flash varavam o céu. As ondas de 3 metros de altura que batiam violentamente na embarcação, a balançavam como um
pêndulo desritmado no meio do oceano. A violência do sacolejo era tamanha que Francisco foi jogado de um lado para
outro até bater com a cabeça no mastro e apagar. Acorda com a água gelada e salgada alisando seu rosto. Olha para um
lado e para o outro à procura da embarcação e de seus companheiros, mas não vê nada, nem ninguém além de um tronco
boiando próximo ao seu corpo. Mesmo cansado, lutando pela sua sobrevivência, Francisco agarra aquele tronco com todas
as forças que lhe restavam. Sabia que aquele tronco era único caminho para manter-se vivo.
Enquanto isso Mathilde via o tempo passar olhando para frente da casa na esperança de que seu marido chegasse com o
mesmo sorriso que a fez se apaixonar. No íntimo, Mathilde pressentia que ele não voltaria com aquele temporal. Mas, em
nenhum momento, perdera a fé, pois desde criança sempre foi católica e muito devota de São Pedro. Então, se ajoelhou e
orou com a maior de sua fé, fazendo uma promessa ao santo protetor dos pescadores. Se São Pedro trouxesse seu esposo,
Francisco, são e salvo, como prova de sua fé construiria uma capelinha para o santo de devoção, dentro do terreno de sua
casa. Mathilde orou, ininterruptamente, durante 3 dias e 3 noites que perduraram a tempestade.
Passados 14 dias, os corpos dos 29 pescadores que estavam na embarcação apareciam um a um, sem vida. Todos, exceto
Mathilde, perdiam a esperança de encontrar Francisco vivo. Eis que, naquele mesmo dia, ela teve a certeza de que os anjos
existem. e foi através de um deles que recebeu a notícia de que Francisco estava vivo e que teria sido resgatado, em estado
gravíssimo, a quilômetros de distância de onde ocorreu o acidente e havia sido levado imediatamente ao Hospital
Municipal São João Batista, em Niterói. Mathilde não se conteve e de joelhos levantou as mãos para o céu agradecendo de
todo o coração ao santo que confiou a vida de seu amado.
Quadro de São PedroNo hospital, ainda em estado delicado, Francisco não pôde estar ao lado de Mathilde no dia 29 de
junho, quando cumprira a primeira parte da sua promessa, mandando rezar a primeira ladainha para o santo diante de um
quadro de São Pedro.
A partir desse dia, a história do casal Ferreira Rodrigues não foi diferente de todas as outras histórias que possuem finais
felizes. A recuperação de Francisco foi bem rápida e logo ele estava ao lado da mulher que amou para toda vida.
Mathilde e Francisco tiveram 10 filhos. A nenhum deles foi dado o nome de Pedro. Mas, como forma de agradecimento ao
santo e a fé de sua esposa, ele fez um pedido à família para que o primeiro neto fosse batizado como Pedro. E assim foi
feito. Hoje, são aproximadamente 20 descendentes em quatro gerações com o nome de Pedro na família.
Nada melhor do que terminar uma feliz história de amor com o famoso bordão “E foram felizes para sempre”. Sim, foi
assim com Mathilde e Francisco que, até o final de suas vidas, contagiavam a todos com seu amor, cativando a devoção
pelo santo que os uniu para eternidade.
Prestes há completar 114 anos, no dia 29 de junho de 2014, a Capelinha de São Pedro é prova viva desse amor e fé. Ela fica
na Rua Nova de Azevedo, 421, Neves, São Gonçalo. Atualmente, é mantida pela neta do casal, a senhora Mathildes. É ela
quem cuida dessa relíquia junto à família, compartilhando essa linda história por gerações.
Eis aqui a minha verídica história gonçalense de amor e fé. Onde em nenhum lugar deste mundo, nem sobre uma gôndola
no cenário de Veneza, bateria o esplendor da nossa história ocorrida no bairro de Neves, em São Gonçalo.
Interior da Capela
Curiosidades:
O primeiro quadro de São Pedro exposto na primeira ladainha realizada em 29 de junho de 1900 encontra-se em exposição
na capela.
A Capelinha não é aberta ao público e quem quiser visita-la deverá solicitar a família Ferreira Rodrigues.
N11
nossojornal.org
Sessão Solene da Câmara dá início ao Centenário de Carequinha
Por Frederico CarvalhoAo contrário do que muitos pensam, Carequinha, o ícone de nossos Picadeiros, do Rádio, da TV e dos
inúmeros shows pelo país afora, não é gonçalense por adoção, como dizem alguns. Sua família morava em Neves e o Circo da
família estava em Rio Bonito. Assim, bem que poderíamos inverter, dizendo que George Savalla Gomes nascera em Rio Bonito
por um “acidente” de trabalho.
Historicamente isso conta. Mas Carequinha está muito acima de discussões meramente bairristas. Carequinha era, e é, de todos!
Todos temos o direito de homenageá-lo pelo seu centésimo aniversário, mesmo que já tenha partido daqui há quase dez anos. E
é isso o que faz uma Comissão autoconstituída e reconhecida pelo poder municipal de São Gonçalo, que compreende entre os
dias 18 de julho de 2015 e de 2016 como o “Ano do Centenário de George Savalla Gomes, o Palhaço Carequinha”.
Tal comissão, presidida pelo professor e comunicador Frederico Carvalho, não se resume aos nomes publicados no decreto. Há
muitas outras pessoas e entidades de envergadura, trabalhando com a própria família, para que nossos jovens e crianças
conheçam melhor a importância de Carequinha nas Artes, na Cultura e, até na Educação do Brasil.
Em homenagem aos 100 anos desse grande artista, a Câmara Municipal de São Gonçalo realizará Sessão Solene, sob a presidência
do Vereador Diego São Paio, na sede da OAB-São Gonçalo, no dia 17 de julho, às 19h, com a presença de autoridades, familiares,
personalidades e público que deseje homenagear Carequinha.
Será apenas o primeiro evento, de muitos já programados, entre exposições, shows, lançamentos de livros, cartilhas e muito
mais.
Quem tiver qualquer souvenir de Carequinha, como uma foto, um brinquedo, uma revista, reportagem, etc, pode se comunicar
com a Comissão pelo Facebook (https://www.facebook.com/carequinha100anos), pelo [email protected] ou
pelo telefone (21) 96429-2677.
Professor JORGE CARLOS DA SILVA comemora 50 anos de Ordem Rosacruz.
Fundador da Loja Rosacruz Amorc de São Gonçalo, o Professor Jorge Carlos da Silva comemora 50 anos de Afiliação à Ordem, no
dia 10 de julho.
Com 83 anos de idade e um raciocínio excepcional, inspira gerações com sua presença, luz interior e dinamismo.
Natural do Estado do Rio de Janeiro, iniciou no serviço militar em 1952, no 3º RI, como recruta, até alçar o posto de capitão.
Em meados da década de 50, integrou a Força de Emergência das Nações Unidas, Batalhão Suez, permanecendo no Egito por 1
ano e 4 meses, tendo conhecido vários países.
Quando retorna ao Brasil, casa-se com Geanete, sua colega de ginásio. Desse casamento, nasceram seus três filhos, além de seis
netos.
Em 1965 afiliou-se à Antiga e Mística Ordem Rosacruz - AMORC e passou a frequentar o Pronaos Rosacruz de Niterói.
Em 1971 foi empossado Mestre do Capítulo Rosacruz de Niterói, por maioria absoluta dos votos, iniciando o trabalho de elevação
do Capítulo à Loja, que ocorreu em julho do mesmo ano. Um grande legado, pois naquela época só existia a Loja Rio, na região.
Foi Mestre da Loja por três vezes, Grande Conselheiro Regional e ocupou vários outros cargos de relevância.
Contador, Professor de Geografia pela Faculdade Federal de Geografia (membro do Instituto Histórico e Geográfico de São
Gonçalo), Pedagogo, quando se aposentou do serviço militar, iniciou Pós-Graduação, especializando-se em Estudo de Problemas
Brasileiros. Em 2000, fez Psicologia e Pós-Graduação em Relacionamento Amoroso e Sexualidade Humana. No campo de Terapias
Holísticas, fundou, juntamente com Ana Gomes, o Instituto Espaço Cultural Espaço da Vida, do qual é diretor.
Possui conhecimento em Terapia Ortomolecular, Fitoterapia, Bioquímica, Parapsicologia, Cinesiologia. É autor do livro “Energia
Total À Luz da Cinesiologia Mental” e coautor do livro “Magia das Estrelas”.
N13
Guia
N14
nossojornal.org
Uma Visão Psicológica do Trânsito Gonçalense
Por José Eduardo Testahy
Trânsito Gonçalense
Foto: Matheus Vieira
A educação de uma sociedade é refletida em seu sistema viário. Infelizmente não é difícil constatar que a situação do trânsito
gonçalense não é das melhores. O mais curioso é que o governo municipal parece não ter o conhecimento disso ou faz questão de
ser omisso. Essa omissão resulta em inúmeros acidentes de trânsito, aumento na demanda por leitos hospitalares e cirurgias pelas
vítimas do trânsito, além dos prejuízos materiais para os motoristas envolvidos em colisão.
Se o comportamento no trânsito é reflexo da educação, qual trânsito devemos esperar para São Gonçalo?
Não é de hoje que falta interesse, por parte da prefeitura, em investir na sinalização e nos equipamentos de trânsito. São Gonçalo,
com seu território abrangendo cidade e zona rural, cresceu de forma desordenada, sem infraestrutura e sem planejamento. O seu
trânsito é apenas um contraste dessa desordem associada com a omissão de grande parte de seus políticos. Falta educação, saúde,
saneamento, cultura, lazer e principalmente respeito. O que podemos esperar do futuro de uma cidade se ela não for respeitada
pelos seus próprios governantes?
A Psicologia do Trânsito tem sido uma forte aliada aos governos sérios, comprometidos com o planejamento dos seus sistemas
viários. Esse tipo de Psicologia estuda o comportamento de pedestres – em todas as faixas etárias -, do motorista amador e
profissional, do motoqueiro, do ciclista, dos passageiros e dos motoristas de coletivos. Ao realizar a previsão de situações em curvas,
cruzamentos e lombadas, juntamente com uma série de atitudes em relação aos demais usuários, normas de segurança e ao limite
de segurança, promove a redução do índice de acidentes e também do nível de estresse entre os condutores.
Se o comportamento no trânsito é reflexo da educação, qual trânsito devemos esperar para São Gonçalo?
Empreendedor ou Empresário, qual o seu perfil?
Por Davi AndradeNo último artigo eu disse que para ser um empreendedor de sucesso, era necessário, também, ser um excelente
empresário. É muito comum pessoas acharem que as duas palavras têm o mesmo significado, contudo, há bastante diferença entre
elas, pois, o termo “empreendedor” está mais ligado à forma como uma pessoa vê o mundo, como ela age diante dos desafios e de
como encara os riscos. Já o termo “empresário” define quem cuida dos negócios, quem administra, cuida da gestão e avalia riscos de
um ponto de vista bem diferente do empreendedor. Na verdade os dois conceitos se complementam e precisam andar de mãos
dadas para que haja sucesso nos empreendimentos, daí a minha afirmação.
Mas é importante salientar que nem todas as pessoas, muito poucas na verdade, conseguem reunir as duas qualidades em
quantidade que as tornem autossuficientes nos dois perfis. O normal é que pessoas com o espírito empreendedor se associem, seja
por meio de sociedade ou parceria, a pessoas com um perfil de empresário. Isso fica muito claro quando vemos alguns casos de
sucesso, onde há a mente criativa e uma outra voltada a viabilizar o negócio. O importante é que saibamos identificar qual é o nosso
perfil e se, e onde, será necessário contar com o apoio de outra figura.
Muitos pequenos negócios ficam estagnados ou mesmo regridem, pelo fato de seu criador querer manter total controle sem ter
conhecimento suficiente ou, simplesmente, não conseguir acompanhar de perto tudo o que sua empresa precisa para crescer. A
todo instante são lançadas novas ferramentas de gestão, marketing, processo, estudos são realizados apontando como melhorar a
produtividade, seja na indústria ou na prestação de serviços, enfim, existe muita coisa acontecendo a todo instante e quando
queremos fazer tudo sozinhos, deixamos passar algo importante. Hoje em dia, mesmo os mais preparados empresários têm um
batalhão de assessores para ajudá-los a acompanhar, de perto, as mudanças. Portanto, se aceita uma dica que lhe dou, associe-se a
pessoas – sim podem ser várias – que o complementem, pois isso irá tornar sua empresa mais preparada para enfrentar o mercado.
Para ilustrar o que digo, vamos olhar para o exemplo a seguir: imagine um cozinheiro, especializado em comida nordestina, que quer
montar um restaurante e chama para sócio um amigo, também cozinheiro, mas especialista em comida típica do sul do Brasil.
Nenhum dos dois possui formação ou experiência empresarial, então, apesar de ser excelente o fato de os sócios contarem com
experiência em diferentes tipos de cardápios, lhes falta alguém que possa guiá-los na direção certa quando o assunto for “a
empresa” e isso pode fazer com que muitas decisões erradas sejam tomadas, consumindo tempo e dinheiro preciosos.
O que estou querendo dizer com tudo isso é que não é mandatório você ter um sócio “empresário”, mas essa área do negócio é tão
importante quanto a sua operação, por isso, você precisa avaliar com cuidado sobre quem estará responsável por isso, até mesmo se
for você, e deve se fazer a pergunta: “eu estou realmente preparado para isso?” Se a resposta for um sonoro “não”, não perca tempo
e procure ajuda, não desista da sua ideia, mas saiba que o sucesso também depende de uma boa gestão, como vimos. Caso você não
deseje compartilhar o comando da sua empresa, sempre é possível contratar pessoas capacitadas para isso, seja como funcionários,
seja através de outras empresas prestadoras desse tipo de serviço, todavia, caso você escolha esse caminho, lembre que você é o
principal gestor e que aquelas pessoas ou empresas estão ali para lhe ajudar, contudo, a responsabilidade sobre as principais
decisões continua sendo sua.
N15
nossojornal.org
ENTREVISTA COM ÉRICA VIEIRA
Érica Vieira é comunicadora independente. Mãe de três filhos, trabalha de 13h30 as 22h00 como Caixa num supermercado de
Niterói. Em 2012 criou A Voz do Mundel, uma página no Facebook, destinada a mostrar o que acontece em seu Bairro.
Édipo Ferreira: O que te motivou a criar a Voz do Mundel?
Érica Vieira: Estava cansada de sermos ignorados há anos. Eu via os moradores reclamando demais dos problemas daqui: violência,
ruas esburacadas, a demora na espera do ônibus... Foi aí que tive a ideia de criar a Página, um lugar para eles falarem dos descasos
aqui do Bairro
Édipo Ferreira: Quais são seus objetivos com a Página?
Minha intenção é chamar a atenção das Autoridades. Fazer com que eles escutem a voz dos moradores daqui.
Édipo Ferreira: Você deixa os moradores daqui e a quem visualizar a Página informados. Você se considera uma jornalista?
Não. Talvez por preconceito contra mim mesma, pelo fato de não ter estudado pra isso e por respeitar muito a profissão. Mas me
sinto à vontade para escrever sobre o meu dia-a-dia, minha realidade, o que vivencio aqui.
Édipo Ferreira: Após você ter criado a Página, sua popularidade no bairro aumentou. Perceberam o peso da sua representação e
te convidaram para se filiar a um partido, porque você recusou o convite?
Por vários motivos: medo,...
Édipo Ferreira: Medo de que?
Temor pela minha vida e a dos meus filhos. Também não entendo muito das coisas relacionadas à política e sou muito tímida, não sei
se conseguiria falar em público.
Édipo Ferreira: A mídia oficial é ausente no seu Bairro?
Mais ou menos. Ela só aparece aqui para relatar tragédias e coisas relacionadas ao Condomínio do Minha Casa Minha Vida*.
(*Condomínio Vila 1 e Vila 2, construído pelo Programa Minha Casa, Minha Vida)
Édipo Ferreira: Que análise você faz do seu Bairro?
De quando eu era criança pra cá, o Mundel não mudou muito. O último grande acontecimento aqui foi a vinda do Condomínio, o
que, de maneira geral, só serviu para aumentar o número de famílias e da violência.
Édipo Ferreira: Você me disse que sofreu ameaças por denunciar os descasos de seu Bairro. O que foi que te disseram?
Uma pessoa anônima entrou na Página e me "orientou" a não falar mais do Prefeito e dos Vereadores em meus comentários. Falou
que, se eu continuasse, as coisas poderiam ser piores, no sentido de melhorias e que era para eu tomar cuidado com minhas
postagens.
Édipo Ferreira: Quais são as maiores dificuldades de produzir comunicação de maneira independente?
Se a Voz tivesse uma versão impressa, o acesso às informações aqui do bairro chegaria a uma quantidade maior de pessoas, pois nem
todos que moram aqui têm condições de ter uma internet de boa qualidade, nem mesmo eu. Neste momento estou sem
computador, minhas publicações são feitas pelo celular. Por conta das dificuldades, já pensei em parar de postar na Página. Mas
pessoas que moraram aqui e que hoje residem no Rio, pedem para eu continuar, a Voz é a única fonte que eles têm para saber o que
acontece no Mundel.
Édipo Ferreira: Você é mãe, cuida da casa e está em período de experiência no trabalho. Como consegue tempo para trabalhar na
Voz?
Quando eu estava desempregada, podia me dedicar às publicações. As pessoas entravam em contato e relatavam o problema, eu ia
lá e fotografava, escrevia... Agora, com menos tempo, conto com a colaboração de outros moradores, que fazem a postagem na
Página, sem que eu interfira.
Édipo Ferreira: Como é seu processo de produzir os conteúdos, você sai às ruas, como um super-herói a procura de problemas?
(Risos) Na maioria das vezes, eu vejo os problemas e faço a publicação. Outras pessoas também mandam conteúdo. O ponto
negativo é que alguns postam coisas que fogem do objetivo principal da Voz, que é mostrar nosso Bairro.
Édipo Ferreira: Existe alguma publicação que tenha um grau de importância maior que as outras?
Todas são especiais, pois tratam dos assuntos do meu Bairro. Eu sou apaixonada pelo lugar onde moro, apesar de todos os
problemas. Quando publico a foto de uma rua esburacada e cheia de lama, é para que aquela rua seja pavimentada. Sempre que
mostro alguma coisa daqui, por pior que ela seja, é para que o Mundel melhore.
Édipo Ferreira: Você criou a Página com a intenção de mostrar os problemas do seu Bairro e através dela conseguir melhorias.
Que melhorias são essas? Que Mundel você quer ver?
Gostaria que aqui tivesse mais escolas, creches, a quantidade de creches é muito pequena. Não temos posto de saúde. Também não
temos uma área de lazer, só temos igrejas e um campo de futebol. As crianças precisam de um lugar onde possam se divertir.
Também acho fundamental a vinda de um curso profissionalizante, algo que ocupe os jovens e garanta um futuro mais digno para
eles.
Édipo Ferreira é cronista e ator. Atualmente integra o Coletivo Mundé e é colaborador do Nosso Jornal.
N16
nossojornal.org
Admitindo que vivemos na lama
Por Mário Lima Jr
De acordo com o IBGE, em 2010, 38% dos domicílios gonçalenses estavam em ruas não pavimentadas e 65% em ruas sem bueiros.
Indicadores que colocam a cidade de São Gonçalo entre as piores do país em urbanização. Conhecendo esses números alarmantes, a
ineficiência histórica do poder público e o efeito da chuva sobre a má qualidade do asfalto municipal, devemos admitir que a
população gonçalense vive na lama.
Por que é importante reconhecer este fato? Muitos gonçalenses que estudam, têm bom emprego e poderiam contribuir para o
desenvolvimento da cidade negam sua realidade caótica. Limitam-se a pensar que “mais de 50% das ruas são asfaltadas”, como se
fosse suficiente para o bem-estar geral. São pessoas que frequentam sempre os mesmos lugares e circulam apenas no mesmo
trecho, ou seja, conhecem somente uma pequena parte deste município enorme e não encaram o descaso que assola distritos
inteiros, como Ipiíba e Monjolos.
Gonçalenses que passam diariamente pelas ruas menos esburacadas, como Cel. Moreira César, Feliciano Sodré e Dr. Nilo Peçanha,
mas jamais pisaram no Engenho do Roçado e desconhecem a gravidade do seu atraso. Se quisessem, poderiam influenciar
politicamente o governo, pressioná-lo por melhorias para seus vizinhos. Não, almoçar no início da rua Salvatori e curtir o happy
hour com amigos no Baixo Alcântara deturpam sua capacidade de percepção da realidade até que se ofendem quando incluídos
entre a população que vive na lama. Veem a si mesmos como cidadãos de uma São Gonçalo desenvolvida que não existe.
Nenhum habitante está livre do lixo, do esgoto ou da lama após a chuva, ainda que more no Centro. Se o IBGE avaliasse a qualidade
do asfalto e do funcionamento dos poucos bueiros, teríamos um retrato mais exato sobre o município. Há ruas “asfaltadas” com
tantos buracos que parecem a superfície lunar, como no Vila Três. Há ruas asfaltadas que alagam com frequência, onde inundam
casas e estabelecimentos comerciais, como no Porto da Pedra. Há bairros como o Alcântara onde as ruas, asfaltadas, têm verdadeiras
piscinas de lama e esgoto repletas de lixo o ano inteiro, não precisa chover.
Buscaremos soluções para os problemas que comprometem nossa qualidade de vida assim que admitirmos que vivemos na lama. Os
gonçalenses trancados em casa 24h por dia, devido a dificuldades de locomoção entre tantos buracos e pela falta de rampas,
aguardam ansiosamente este momento. A ajuda nascerá entre nós e não depende de qualquer governo. Se o Brasil passa por uma
crise interminável, o país inteiro pode afundar, menos a cidade que moramos
O fumo e suas consequências – por dentro dos fatos
Por J Sobrinho
Tenho a impressão que as mulheres estão fumando bem mais do que os homens. Em São Gonçalo, Rio de Janeiro, por exemplo, é
raro a gente não ver uma mulher portando um cigarro entre os dedos. Evidente que os homens não estão excluídos da relação, mas
ainda acho que as mulheres estão se sobressaindo e de forma negativa no que diz respeito a saúde.
É importante saber que o cigarro pode causar uma série de doenças diferentes, principalmente problemas ligados ao coração e à
circulação. Além, é claro, do próprio câncer e de enorme quantidade de doenças respiratórias. “A fumaça do cigarro é absorvida por
combustão, o que aumenta ainda mais os males da sua composição”, e quem diz isso é Valéria Cunha de Oliveira, técnica da divisão
de tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca) – Rio de Janeiro.
Segundo ela, pode até parecer papo de ex-fumante, mas é a mais pura verdade: em cada tragada são inaladas 4.700 substâncias
tóxicas. Entre elas, três são consideradas as piores: a nicotina, que provoca dependência e chega ao cérebro mais rápido que a
temida cocaína; o monóxido de carbono (CO) e a substância tida como a grande vilã, que é o alcatrão, que reúne vários produtos
cancerígenos, como polônio, chumbo e arsênio.
Todo câncer relacionado ao fumo – como na boca, laringe ou estômago – tem alguma ligação com o alcatrão. A união desse
poderoso trio de substâncias na composição do cigarro só poderá tornar o produto extremamente nocivo à saúde. Para se ter uma
ideia, 90% dos casos do câncer do pulmão – a principal causa de morte por câncer entre os homens brasileiros – estão ligados ao
fumo. O coração e o pulmão estão entre as principais partes do organismo atingidas.
O difícil é convencer a essa legião de fumantes o quanto estão indo para o buraco bem mais cedo do que imaginam. A verdade é que
o fumante não aceita, mas já está mais do que caracterizado – inclusive através de pesquisas – que a dependência do fumo nada
mais é do que uma doença e não basta querer parar, tem que cuidar.
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N17
nossojornal.org
Galhos de uma árvore que não para de crescer
Por Ricardo Marques GarciaNo último dia 30 de março, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) aprovou a PEC 171/93
que reduz a maior idade penal para 16 anos. A aprovação da PEC dividiu opiniões e iniciou um longo debate na sociedade. De acordo
com o deputado Marcos Rogério (PDT-RO), a redução da maioridade penal “tem como objetivo evitar que jovens cometam crimes na
certeza da impunidade”. Será que reduzir a idade penal garante o fim da impunidade?
Muito me chama a atenção o julgamento de que a motivação do “menor” seja a certeza da impunidade. Essa certeza parte dos
aliciadores, na maioria maiores de 18 anos. Reduzir a idade penal em 1940 não diminuiu os índices de violência, muito pelo contrário,
a violência só cresceu e o crime começou a recrutar jovens ainda mais novos. Volto na questão de que nossa política de segurança
pública é falida e que a maioria das ações são paliativas. A imagem que me vem à cabeça é a que só cortamos galhos de uma árvore
que não para de crescer.
No penúltimo parágrafo da PEC elevam Rui Barbosa como fonte de inspiração enquanto ele dizia que deveríamos educar as crianças
para não precisar punir os adultos. Me espanta achar que prendê-los junto com os criminosos que os aliciam seja educar.Não temos
um sistema prisional que reabilita, mas que capacita o preso em crimes mais sérios. O que estamos fazendo é assegurar que jovens
acima de 16 anos sejam colocados juntos com os mais antigos, os mais capacitados, e os aliciadores.
Precisamos fazer o Estatuto da Criança e do Adolescente funcionar, precisamos fazer nossos presídios funcionarem. Precisamos de
saúde, educação e moradia de qualidade. Precisamos de líderes políticos que mostrem o caminho certo. Hoje, a maior certeza de
impunidade vem da corrupção na política.
Temos que ir na raiz da questão. Trabalhar segurança pública com seriedade, com inteligência, com maturidade. O que esperamos do
Governo é postura de exemplo, de heróis.
Reduzir a maior idade penal pode ser um grande estopim e torço pra que esse tiro não saia pela culatra.
Uma bagagem de conhecimentos
Por Alex Wolbert
Num sábado desses que fui convidado pelo jornalista e comunicador Frederico Carvalho para participar do programa semanal “Bom Dia São
Gonçalo” na TV Ponto de Vista tive a honra de ser apresentando ao jornalista Rujany Martins. O programa é um debate de feras que discutem sobre
tudo que foi relevante na semana do município de São Gonçalo.
Meus amigos, quando aquele homem pegou o microfone e começo a falar! Ele conhecia todos os assuntos possíveis e imaginários. Política, saúde,
educação, cultura e assim vai. Fiquei ali boquiaberto com seus conhecimentos. Com aquela bagagem toda jornalística facilmente pagaria uma
fortuna de excesso de bagagem em um desses guichês em um aeroporto qualquer.
Com o passar dos dias tive o prazer de bater papo também longe dos microfones da TV e pude entender o motivo de toda aquela bagagem. Desde
garoto, Rujany, sonhou em ser jornalista e então pintou uma oportunidade em São Gonçalo num serviço de alto-falantes (rádio comunitária)
chamado Araribóia. A força que faltava para a conquista de seu sonho veio através de sua mãe que um dia quando trabalhava em uma fabrica e
veio almoçar em casa, ela disse ter ouvido que a Rádio Continental estava dando espaço para gente nova e encorajou-o. Lembrou que na esquina
de casa havia uma gráfica no qual o dono havia lhe dito que a filha namorava Teixeira Heizen, na época locutor da Rádio Continental. Não deu
outra, apresentado ao homem, dois meses depois, Rujany começava sua carreira como jornalista esportivo. Após 4 anos na Rádio Continental, foi
trabalhar na Radio Tupi com Oduvaldo Cozzi e Afonso Soares e lá foi um dos responsáveis pela criação do programa Patrulha da Cidade, até hoje no
ar. Ainda ficou 3 anos como contratado pela Rádio Guanabara e lá conheceu Washington Rodrigues, o Apolinho. Alem de rádio, passou também pela
mídia televisiva e impressa. E foi na mídia impressa que Rujany deu um presente para todos nós gonçalense quando em julho de 1992 lançou o
Nosso Jornal de Notícias. Prezando pela qualidade de suas publicações, o jornal contava com a contribuição de nomes como Salvador da Mata, Aida
Faria e Geraldo Lemos. Até que em exatos 15 anos, em julho de 2007, o jornal encerrava suas atividades.
Um grande pensador já dizia que quando se quer uma coisa, todo universo conspira que possa consegui-la. E ele quis. Quis ser jornalista, quis
trabalhar com esporte, quis dar voz ao povo de São Gonçalo através do Nosso Jornal de Notícias. Então não é coincidência que o jornal que informou
o povo gonçalense por tantos anos esteja de volta no mesmo mês em que começou lá em 1992 e principalmente com a mesma qualidade. Eu me
sinto honrado de fazer parte desse time podendo contribuir, não com uma bagagem extragrande de experiência jornalística, como a de Rujany
Martins, mas posso garantir ao amigo leitor pelo menos uma pochetezinha.
N18
nossojornal.org
O Santo, O Bule e o Cristo: a história de seu Manel do Bule
AGLIBERTO MENDES E ANDRÉ CORREIA
O Santo, um Bule, um Cristo. O personagem amante desta tríade chegou na Terra de Santa Cruz lá pras bandas 1955, no Brasil
democrático de Jucelino kubitschek. As manchetes dos jornais se alternavam entre a tumultuada eleição de JK e a censura ao filme
“Rio, 40 graus”, pelo chefe da polícia da então capital brasileira, motivada pela relação do seu diretor, Nelson Pereira dos Santos,
com o comunismo.
Nesse mesmo ano, Flamengo e América terminaram empatados na decisão do campeonato carioca, prorrogando a decisão para abril
do ano seguinte, quando, com quatro gols do lendário Dida, o time rubro-negro conquistou, pela segunda vez em sua história, o
tricampeonato local. E este era o afã de muitos corações apaixonado pelo futebol arte.
Em São Gonçalo, Joaquim de Almeida Lavoura era o novo Prefeito, após uma vitoriosa campanha, realizada, sem dinheiro, em cima
de um trator, com um alto falante emprestado. Em meio a todos esses eventos, Manoel Loureiro, português, ainda muito longe de
ser o lendário “Manel do Bule”, chegava ao Rio de Janeiro e ia trabalhar na Praça Mauá. Mas com um sonho à conquistar.
Veio pra cá em uma época em que São Gonçalo importava sonhadores em busca da terra prometida. Manoel veio de Portugal para
montar seu próprio negócio , trazido pelo seu sogro que lhe via como um homem de valor. Após alguns anos de trabalho o sonho foi
realizado e Manoel agora era investidor , dono de comércio no Centro de São Gonçalo.
Foi na década de 60 que montou o seu “Café e Bar São Jorge”. Na parede, uma imagem do Cristo talhado em madeira e uma imagem
de São Jorge, o santo guerreio. Não era um daqueles lugares como a Panificação Colombo, mas era a novidade em boteco
gonçalense. Café, pingado, ovo frito ou cozido, tiro gosto, pão na chapa, torresmo e cachaça. E foi justamente por causa
desta aguardente que o Bule de louça em detalhes floridos entrou para a história.
Acontece, que no início da Ditadura Militar, houve a criação da Lei Seca, e a fiscalização era dura. E como todo “cospe grosso” de elite
Sr. Manoel teve a brilhante ideia de servir a pinga no Bule, e sem deixar as xícaras de lado, é claro. O apelido “Manel do Bule” não
tardou. Em seu comércio, na Rua Carlos Gianelli, mais conhecida como “entrada do Boassu”, quase em frente ao shopping Corcovado
era endereço bem falado aos quatro cantos de São Gonçalo. Fosse pela proeza inusitada de servir pinga no bule, ou fosse pela
coragem de desobedecer a ordem do regime militar.
Ao longo de sua trajetória construiu família e riqueza nas bandas de além mar. Apaixonou–se por São Gonçalo e foi ícone de uma
geração que construiu a cidade a partir do trabalho e da mão obra. Hoje o bar não é no mesmo lugar e a herança foi transformada
em uma lanchonete com a administração do Filho Paulo.
Mesmo aposentado, não é difícil ver o Sr. Manoel passando um troco na lanchonete, ou admirando a rua enquanto passa o café. No
balcão interno fica o Bule que lhe deu a fama, no alto São Jorge em defesa das gerações vindouras, e a frente, a imagem Cristo
talhado em madeira. Manel do Bule é lenda viva pra conta a própria história.
Barracas:
Caldo, Cachorro-Quente,
Salsichão, Pipoca, Milho e Doces
Brincadeiras:
Pescaria, Argola e Latas
Diversão:
Pula-Pula e Cama Elástica
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Artigos SETEMBRO 2015 - Nosso Jornal de Notícias