VICENTE, Martin Maximiliano
História e Comunicação na Nova Ordem
Internacional.
São Paulo: Cultura Acadêmica – Unesp, 2009, 216p.
Francisco de Assis Cordeiro da Silva
(Universidade Rey Juan Carlos – Espanha)
O presente livro além de resgatar algumas das discussões teóricas que estiveram
presentes nas atividades de pesquisa do autor durante os últimos anos, notadamente aquelas
relacionadas à sua vida docente na Universidade Estadual Paulista (Unesp), aborda também
uma análise da função social dos meios de comunicação. Nesse caso específico trata-se de um
estudo de caso da abordagem noticiosa do “Le Monde Diplomatique” e da “Revista Veja”,
uma das mais importantes publicações seriadas do Brasil.
Maximiliano Martín Vicente fala fluentemente três idiomas, portugués, castellano e
francês, é Doutor em História Social, professor titular do Curso de Comunicação Social e da
Pós-Graduação em Comunicação Mediática da Universidade Estadual Paulista (Unesp),
investigador do periódico Le Monde Diplomatique e coordenador do grupo de investigação
“Mídia e Sociedade”, da mesma universidade.
O autor também é livre docente pela Universidade de São Paulo (USP), especialista
em ciência política, especialista em cultura política e ciberespaço – observatorio da
cibersociedade, Rediris, Espanha, e especialista em metodologia do ensino superior, pelo
Centro de Estudos Superiores do Estado do Pará.
Na fundamentação teórica do livro Maximiliano destaca importantes investigações de
autores consagrados que estudaram o papel social da comunicação e adentraram nos estudos
das possibilidades de como se materializa sua influência no cotidiano das pessoas. Justamente

Mestre em Gestão da Comunicação em Instituições Públicas e Estudos de Opinião, pela Universidade Rey
Juan Carlos (Espanha), e doutorando em Comunicação e Ciências Sociais pela mesma universidade. Email:
[email protected]
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Educação, Gestão e Sociedade: revista da Faculdade Eça de Queiros, ISNN 2179-9636, Ano 1, numero 4,
dezembro de 2011. www.faceq.edu.br/regs
esse tema ele aborda mais detidamente por meio do estudo do Le Monde Diplomatique, um
veículo de circulação internacional e conhecido pelo seu teor crítico e independente diante do
universo da comunicação eminentemente mais comercial, interessada no lucro e não na
informação.
O autor utiliza-se de sua vasta experiência com as teorias da história para
contextualizar a primeira parte do livro, que se extende do primeiro ao quarto capítulo. Nela
Maximiliano além de fundamentar teoricamente seu estudo empírico, expõe a relação entre
jornalismo e história, destacando que os historiadores alimentam a ideia da superficialidade
realizada pelos comunicólogos nas suas análises. Os comunicólogos, neste caso específico, os
jornalistas, apresentariam os fatos de maneira rápida, descontextualizada, sem reflexão ou
criticidade.
Por sua vez os comunicólogos se sentem incomodados com a falta de atualização e
preocupação dos historiadores com os episódios recentes. Maximiliano aclara que o passado
seria o campo preferencial no qual a história procura encontrar seu sentido e fundamentar suas
afirmações. Assim, excluindo o presente, a história teria pouca utilidade para a comunicação,
mais voltada para a atualidade.
Para consolidar os procedimentos da análise de que trata o livro, foi necessário
considerar os resutados das abordagens da história e da comunicação social, ficando claro que
o receptor ainda mantém traços de autonomia diante dos meios de comunicação. As noticias
divulgadas pelos meios de comunicação fazem parte do cotidiano da maioria das pessoas da
sociedade, alimentando seu imaginário e sua representação simbólica do contexto em que
atuam. No entanto elas podem despertar a preocupação social, a alienação ou a manipulação.
A segunda parte do livro está composta pelos capítulos 5,6 e 7 e nela o autor disccorre
mais concretamente sobre o estudo em si. No capítulo quinto ele realiza uma contextualização
da realidade que envolve o pesquisador e o objeto pesquisado, na qual estão envolvidos
fatores como crenças, opções, ideologia etc.
Após deixar claro que entende a comunicação e a história como duas áreas voltadas
para a transformação social e como ferramentas de desconstrução de discursos, idéias e
versões, Maximiliano busca nos capítulos 5 e 6 identificar os componentes macro, presentes
no momento da elaboração do texto. A função destes dois capítulos é a de contextualizar o
neoliberalismo e seu impacto na comunicação. O autor destaca também nestes capítulos que a
comunicação hoje, mais específicamente a política comunicacional das empresas do setor,
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visa principalmente o lucro e não o despertar de uma visão crítica ou de cão de guarda da
democracia, conceitos defendidos por outros autores.
Os resultados obtidos no estudo que originou o livro são apresentados no capítulo 7. O
estudo de caso gira em torno da análise comparativa do tratamento noticioso do atentado de
11 de setembro às torres do gêmeas do Word Trade Center, em Nova York, por parte do “Le
Monde Diplomatique” e da “Revista Veja”. Embora já fosse esperado, considerando-se as
características de cada um dos veículos, os resultados apresentados no capítulo sete foram
bastante interessantes e comprovaram que é possível operar na comunicação com as
estratégias da história. A atualidade pode adquirir um significado mais profundo e complexo
quando se atenta para alguns princípios como: abertura para as partes envolvidas, cuidado
com os termos usados, manifestação de ideias preconcebidas, não manipulação da história,
entre outros.
O livro é recomendado para pesquisadores que estudem o desenvolvimento da
comunicação midiática, particularmente o jornalismo e a influência do contexto histórico nas
mudanças sofridas por esse fenômeno ao longo de seu desenvolvimento.
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