Federação Nacional dos Professores
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Professores portugueses e espanhóis unidos na luta geral e
na defesa da escola pública, da profissão e do futuro!
"No próximo dia 14, os professores portugueses estarão do lado certo: do lado dos que lutam em defesa do
futuro", sublinhou o Secretário Geral da FENPROF na conferência de imprensa realizada no dia 9, em Lisboa
(foto).
O encontro com a comunicação social, presidido por Manuela Mendonça, do Secretariado Nacional, decorreu na sede da
FENPROF, na Fialho de Almeida e reuniu representantes das organizações sindicais de professores portugueses
(FENPROF) e espanhóis (FE.CC.OO e STES-Intersindical) que divulgarem um Manifesto / Apelo aos docentes dos dois
países, no sentido de unirem forças com os demais trabalhadores, contribuindo para a que a "Greve Geral de 14 de
novembro tenha uma grande expressão também à escala ibérica".
A FE.CC.OO esteve representada por José Campos Trujillo, Secretário Geral; e o STES por Salvador Benavent
Martinez, Secretário Confederal.
A Fête-UGT – Federación de Trabajadores de la Enseñanza de la UGT, que também subscreve o documento, não
esteve na conferência de imprensa de Lisboa por compromissos de agenda. Recorde-se que ontem, dia 8, teve lugar em
Madrid um encontro com os jornalistas convocado com o mesmo objetivo e onde, além de representantes das já referidas
organizações, participou o Secretário-Geral da Internacional de Educação, Fred Van Leuwen.
Como foi salientado, em Portugal e Espanha os cortes orçamentais na Educação estão a provocar novos surtos de
desemprego e instabilidade entre os profissionais de Educação, surgem preocupantes indícios de quebra de qualidade
educativa e levam a que a Escola Pública corra sérios riscos. Tal deve-se a políticas que, nos dois países, atacam com
violência os trabalhadores e os serviços públicos que dão corpo às funções sociais de cada Estado.Surge, assim, natural
a convergência entre as organizações, tanto nos protestos, como nas exigências e nas lutas.
Para além das organizações sindicais de docentes de Espanha e Portugal, esteve ainda presente Martin Romer, Diretor
principal do Comité Sindical Europeu de Educação (instância da Confederação Europeia de Sindicatos) / Internacional de
Educação (IE) – Região Europa, cuja intervenção se encontra em ficheiro anexo.
O papel da troika...
"No papel, o investimento em educação é uma diretiva oficial da União Europeia. É um dos principais objetivos da
Estratégia Europa 2020, cujo slogan é “crescimento inteligente, sustentável e inclusivo”. Os ministros da Educação dos
vários países subscreveram esta estratégia em Bruxelas e, de seguida, cortaram nos orçamentos da educação nos
respetivos países. Este comportamento contraditório não pode continuar", destacou Martin Romer.
Noutra passagem, lembraria que "um dos obstáculos para um maior papel do setor da educação enquanto elemento
fundamental de uma estratégia europeia de crescimento, tem sido a troika – uma aliança de credores internacionais que
inclui a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI." E acrescentou:
"O seu envolvimento nas políticas nacionais tem sido antidemocrático e contraproducente. A troika tem ditado a política
fiscal, ameaçou retirar o apoio financeiro e forçou os governos nacionais a seguir uma agenda imposta. As ações da
troika corroem a confiança das pessoas na Europa e destroem o seu tecido social".
"A recuperação da Europa exige uma maior solidariedade. Exige investimentos específicos. E exige uma disposição dos
governos nacionais para mudar de rumo e ouvir o povo. Greve após greve, os povos da Europa têm expressado a sua
vontade coletiva e a sua desaprovação comum. O ponto de viragem chegou. A austeridade tem que passar à história, se
quisermos ver surgir um futuro de crescimento", concluiu o representante do Comité Sindical Europeu, cuja declaração foi
traduzida por Fernando Maurício.
"Uma tragédia!"
José Campos Trujillo sublinhou que em Espanha "não faltam motivos para esta Greve Geral de 14 de novembro",
considerando que na ação e luta do sindicalismo europeu haverá um "antes" e um "depois" desta histórica Greve que "é
laboral, social e internacional". Referiu, no caso espanhol, o envolvimento de muitas associações de pais e encarregados
de educação, de estudantes e outras entidades na preparação e mobilização para o 14 de novembro.
Alertando para as consequências dos "maiores cortes na Educação em 30 anos de democracia em Espanha", o dirigente
da FE.CC.OO denunciou os ataques à escola pública e também a outros setores vitais da sociedade como a saúde.
"Uma tragédia" - foi assim que Campos Trujillo caracterizou os valores do desemprego e da falta de saídas profissionais
para os jovens no país vizinho.
Noutra passagem da sua intervenção, o dirigente sindical alertou também para a nova lei universitária, que representa
uma perigosa ofensiva contra as instituições, a sua autonomia e funcionamento. "Trata-se de um modelo segregador, à
imagem do modelo alemão".
"A Greve de 14 de novembro é oportuna e necessária. Temos que reforçar a unidade perante a ofensiva global.Temos
que unir o máximo de forças", concluiu José Campos Trujillo.
"Agressão ideológica"
Salvador Benavent Martinez denunciou as manobras que avançam em Espanha a favor da privatização do ensino.
"Estamos a sofrer uma agressão ideológica", salientou o dirigente sindical nesta conferência de imprensa de Lisboa.
Os objetivos e as propostas do Partido Popular, no poder, têm uma forte componente reaccionária e visam apoiar as
escolas privadas com dinheiros públicos, observou o representante do STES.
Trata-se de uma política de "recuperação dos ideais franquistas" realçou Benavent Martinez, que condenou ainda "a
política centralizadora do PP", em frontal desrespeito pelas "identidades culturais das diferentes regiões" do país.
Crato, o rosto da destruição
da escola pública
Mário Nogueira lembrou, por seu turno, que não há futuro quando se empobrece um país (situação dramática que já
atinge hoje 30 por cento da população) e considerou "histórico" este momento de luta dos professores e dos outros
trabalhadores na Europa, uma "luta que vai continuar", reforçando ainda mais a convergência no protesto e na exigência
de políticas que apostem no desenvolvimento.
O Secretário Geral da FENPROF disse que "o Ministro Carto é o rosto da destruição da escola pública" e alertou para as
consequências dos sucessivos cortes na Educação em Portugal, e nomeadamente dos cortes adicionais previstos para
2013. "Ficaremos", alertou, "na cauda da Europa em termos de percentagem de verbas para a Educação em relação
com o Produto Interno Bruto (PIB)".
O Governo, realçou, ao mesmo tempo que ataca a matriz democrática da escola pública, prossegue a ofensiva contra os
professores, com expressão, nomeadamente, na estabilidade de emprego, nos salários e carreiras, nos horários e
condições de trabalho, na aposentação e nos impostos. "Isto não é justo, isto não é sério", sublinhou Mário Nogueira./
JPO
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