2765
A DINÂMICA DO PROCESSAMENTO TRILÍNGUE EM TAREFAS DE
APRENDIZAGEM ASSOCIATIVA DE PARES E DE PRIMING
GRAFO-FÔNICO-FONOLÓGICO
Márcia Cristina Zimmer – UCPel/ DINAFON
Cintia Blank – UCPel/ DINAFON
0 INTRODUÇÃO
Neste trabalho, serão apresentados os resultados obtidos através da aplicação de duas tarefas
lexicais em três participantes trilíngues, falantes de português como L1, de francês como L2 e de
inglês como L3. Os instrumentos consistiram de uma tarefa de aprendizagem associativa por pares
nas três línguas dos participantes (testadas separadamente), destinada a avaliar a memória hipocampal
e uma tarefa de decisão lexical envolvendo as três línguas dos participantes (testadas em conjunto),
para avaliar a memória neocortical.
A pesquisa ora apresentada está dividida em quatro seções principais, as quais pretendem:
aprofundar os pressupostos teóricos envolvidos na discussão do tema; apresentar a metodologia
aplicada; discutir os resultados obtidos; apresentar as conclusões mais significativas para a pesquisa.
1 Referencial teórico
1.1 O Modelo HipCort
O modelo HipCort (McClelland et al., 1995) advoga que os dois sistemas de memória,
hipocampal e neocortical, interagem, sendo ambos os responsáveis pela formação da memória e da
aprendizagem. De acordo com os autores, quando indivíduos são expostos a uma dada experiência,
esta é representada, no sistema neocortical, por padrões amplamente distribuídos na atividade neural.
Mesmo se considerando que a referida experiência leve a pequenas mudanças adaptativas nos pesos
das conexões neuroniais, é defendido que tais mudanças não seriam suficientes para ensejar o
desempenho de uma série de tarefas, tais como a aprendizagem rápida e a atividade de associações
arbitrárias, já que, para tais processamentos, é necessário o envolvimento do sistema hipocampal. Por
isso, o modelo HipCort admite que a aprendizagem e a memória são formadas a partir de mudanças
substanciais nos pesos das conexões entre os neurônios no sistema hipocampal, que é extremamente
rápido e possui um mecanismo de aprendizagem praticamente instantâneo. Assim, as informações são
levadas tanto no sentido do sistema hipocampal para o neocortical, como também do neocortical para
o hipocampal, através de caminhos bidirecionais que traduzem os padrões de atividade de um sistema
para o outro.
Em suma, a aprendizagem parece ter um mecanismo de consolidação extremamente lento e
gradual. Para que uma experiência qualquer seja aprendida e uma memória criada, é preciso que essa
experiência seja apresentada ao sistema hipocampal repetidas vezes, proporcionando pequenos
reajustes nos pesos das conexões. Dessa forma, um traço de memória será gerado, podendo ser
reativado de maneira explícita pelo reinstanciamento das sinapses hipocampais no neocórtex.
Através da forma como os dois sistemas de memória interagem, é possível explicar o
fenômeno da transferência linguística, que ocorre quando o conhecimento prévio do aprendiz, incluída
aí sua língua materna, difere, em diferentes graus, dos novos padrões – fonético-fonológicos,
sintáticos, semânticos – referentes à língua que está sendo aprendida. Assim, esses novos padrões
competem com os padrões da língua materna no sistema neocortical, em função de os pareamentos
entre escrita e som ou forma e significado relativos à L1 estarem há mais tempo consolidados no
sistema cognitivo do aprendiz.
Exposto o modelo de memória seguido neste trabalho, e levando-se em consideração o fato de
que os dados desta pesquisa foram obtidos junto a participantes trilíngues, dá-se sequência ao artigo,
apresentando um pequeno apanhado sobre teorias de trilinguismo.
2766
1.2 Questões teóricas a respeito do trilinguismo
Nesta seção, serão referidos alguns trabalhos importantes no campo teórico da L3, para que
tais idéias possam ser consideradas no momento da análise dos dados desta pesquisa.
Um fator que se mostra significativo para o estabelecimento da transferência L2-L3 é o grau
de proficiência do aprendiz na sua L2. De acordo com Hammarberg (2001), um nível elevado de
proficiência na L2 pode favorecer a influência dessa língua sobre a L3, sobretudo se a L2 do aprendiz
tiver sido adquirida e utilizada num ambiente natural, e não num contexto formal de aprendizagem. No
entanto, observa-se que, à medida que o nível de proficiência na L3 vai aumentando, o aprendiz não
encontra mais tanta necessidade de recorrer a sua L2 para desempenhar seus objetivos comunicativos
na L3.
Cabe fazer referência, também, ao modelo de aquisição de L3 desenvolvido por de Bot (2004).
Em sua teoria denominada Modelo de Processamento Multilíngue (The Multilingual Processing
Model), de Bot faz considerações que se mostram bastante relevantes para esta pesquisa. No que
compete à questão do acesso lexical, o autor defende que as línguas aprendidas pelo trilíngüe sempre
são ativadas simultaneamente, o que acaba gerando uma competição constante entre elas tanto no
momento da produção quanto da percepção lingüística. Entretanto, isso não implica que todas as
palavras de todas as línguas do trilíngue tenham as mesmas chances de serem ativadas. Para de Bot
(op. cit.), a língua que for ativada com mais freqüência tenderá a sobrepujar as demais.
No Brasil, Blank (2008) desenvolveu um estudo de caso no qual analisou tanto a transferência
de padrões fonético-fonológicos como a influência da escrita da L2 para a L3 em tarefas de acesso
lexical. O sujeito participante da pesquisa, um falante nativo do português brasileiro (L1) falante de
francês como L2 e de inglês como L3, realizou tarefas de leitura de palavras nas suas três línguas,
assim como um teste de acesso lexical envolvendo sua L2 e sua L3. Os itens lexicais lidos no teste de
recodificação tiveram suas vogais orais analisadas acusticamente, e os resultados encontrados sugerem
a criação de categorias híbridas entre a L1 e a L2 para as vogais da L3 do sujeito. Já no teste de acesso
lexical, o sujeito teve de proceder à leitura de um bloco de palavras em francês apresentado entre dois
blocos de palavras em inglês que, além de outros tipos, apresentavam palavras cujos corpos
grafêmicos¹ eram os mesmos que compunham as palavras apresentadas na língua francesa. De acordo
com os dados coletados, encontrou-se não só uma forte ativação do conhecimento da correspondência
grafo-fônico-fonológica² das palavras do francês (L2) sobre a leitura posterior das palavras da língua
inglesa (L3) que possuíam os mesmos corpos grafêmicos testados no francês, mas também indícios de
transferência grafo-fônico-fonológica da L3 sobre a L2 de forma mais branda. Esse resultado foi
obtido através da medida do tempo de reação para a leitura das palavras utilizadas nesse experimento.
Tomados em conjunto, os resultados encontrados para os dois experimentos são vistos como
complementares, fornecendo evidências que são interpretadas dentro de um referencial teórico
conexionista de memória e aprendizagem (McClelland et al., 1995), ressaltando a capacidade de
interação entre diferentes línguas – através da observação de um continuum entre a fonética e a
fonologia – e entre os conhecimentos provenientes dos sistemas neocortical (mais consolidados) e
hipocampal (menos estabilizados).
Na próxima seção, o conceito de priming será exposto de maneira ampla, já que uma das
tarefas propostas, a de decisão lexical, faz uso desse conceito.
1.3 Conceitualizando o priming
O conceito de priming pode ser descrito como a ativação de partes de representações
particulares ou de associações na memória antes de se desempenhar uma ação ou tarefa (Busnello,
2007). Os experimentos de priming procuram investigar eventos relacionados à percepção préconsciente e à memória implícita, o que está ligado ao processamento involuntário. A percepção de
algum estímulo, nesse caso, é automática e ocorre de forma inconsciente. Durante a realização de
tarefas desse tipo, estímulos são utilizados para sensibilizar o sujeito a uma apresentação posterior
2767
desse mesmo estímulo ou de um estímulo semelhante ao apresentado. Esses estímulos podem ser
veiculados através de imagens, palavras, sons ou objetos.
As primeiras pesquisas sobre o tema no Brasil foram relatadas no final do século XX. Nesses
estudos, pesquisadores mostravam figuras aos participantes da pesquisa a uma distância tão grande
que era impossível identificá-las. Depois disso, os participantes deveriam responder a um questionário
de múltipla escolha, tentando identificar as figuras que haviam sido mostradas. Ao perceberem que o
número de acertos atingido pelos participantes era significativo, os pesquisadores chegaram a
conclusão de que, embora não tenham enxergado nitidamente as figuras utilizadas no experimento, os
participantes haviam sido afetados por elas.
De acordo com Anderson (2004), o efeito de priming pode ser explicado partindo-se da idéia
de que o conhecimento armazena-se na memória em “nós” associativos, os quais compõem redes de
informações interconectadas. Dessa forma, quando um nó é ativado, essa ativação vai aumentando e
distribuindo-se, até que o estímulo seja propagado na rede, ativando memórias associadas.
Para as tarefas de priming lexical, Foster (1999) propõem o Modelo de Abertura de Entrada,
no qual admite que o acesso lexical irá ocorrer através da ativação interativa de nós que armazenam
informações. Assim, espera-se que um prime (estímulo pré-consciente) ative uma entrada lexical até
que o alvo (estímulo consciente) seja analisado via processamento de estímulos lingüísticos.
No modelo de leitura defendido por Foster et al. (2003), os autores defendem que as entradas
lexicais são agrupadas em conjuntos de nós que guardam as informações ortográficas, fonológicas e
semânticas correspondentes a um dado estímulo. De acordo com esse esquema de funcionamento,
quando um prime é recebido, inicia-se uma busca, até que o conjunto de nós que contém a informação
correta seja encontrado. Para explicar o funcionamento desse modelo, os autores postulam a existência
de dois mecanismos, que funcionariam de forma independente e em paralelo. Haveria, então, um
mecanismo de busca e sinalização e outro de avaliação.
Com isso, ao receber um estímulo pré-consciente de maneira grafada, o mecanismo de busca
agiria rapidamente, na tentativa de identificar a entrada lexical adequada. Enquanto essa busca é feita,
o mecanismo de avaliação também se mantém operando, comparando o código ortográfico do prime
com o conteúdo encontrado nas entradas lexicais. Como os mecanismos atuam de forma
extremamente rápida e em paralelo, é possível que erros aconteçam. As entradas lexicais selecionadas
nessa primeira etapa de busca e avaliação são, então, classificadas em três categorias: semelhança
perfeita; semelhança aproximada; semelhança inexistente. Se o prime obedecer aos dois primeiros
critérios, a entrada lexical analisada é encarada como candidata em potencial à decisão lexical. A
busca continuará, porém, caso mais de uma entrada for considerada como candidata. Nesse caso, as
entradas sinalizadas são analisadas, ocorrendo uma comparação entre as informações ortográficas do
estímulo e os dados contidos no léxico armazenado. Após uma avaliação criteriosa, o processo de
busca termina assim que o nó previamente ativado seja encontrado, sendo considerado como
perfeitamente semelhante. Finalizada a tarefa de decisão lexical, as demais entradas que haviam sido
abertas por serem candidatas à decisão lexical são imediatamente fechadas. Durante a aplicação de um
experimento de decisão lexical, considera-se essa entrada lexical pré ativada do prime como um
elemento facilitador para o posterior reconhecimento da palavra alvo, que pode ser tanto semelhante
ou idêntica ao prime utilizado.
Vários tipos de experimentos podem ser realizados dentro dos estudos sobre o priming. Os
designs dos experimentos variam, assim, de acordo com os propósitos investigados. Dessa forma,
podem-se criar experimentos nos quais prime e o alvo são apresentados com ou sem contexto
semântico; com ou sem semelhanças grafêmicas; com ou sem semelhanças fonológicas. Dessa forma,
prime e alvo podem vir a ser idênticos, semelhantes ou completamente diferentes no que diz respeito
às características linguísticas citadas acima.
Na próxima seção, o método empregado neste estudo será apresentado.
2. Método
Nesta seção, pretende-se descrever os experimentos aplicados nesta pesquisa, que tem por
objetivo maior investigar, a partir dos dados de três participantes trilíngues, a influência da memória
implícita e explícita sobre o desempenho em tarefas lexicais envolvendo três línguas: o português, que
2768
é a língua materna dos participantes (L1); o francês, que é a segunda língua aprendida pelos
participantes (L2); e o inglês, terceira língua aprendida (L3).
2.1 Experimento 1
Para testar os participantes desta pesquisa, foram utilizados dois experimentos destinados a
avaliar de que forma se daria o processamento dos conhecimentos neocorticais e hiopocampais em
tarefas lexicais. O primeiro experimento a ser descrito procurou testar a memória hipocampal do
participante. Esse experimento é constituído de três partes: uma em português, outra em francês, e uma
terceira em inglês. A tarefa consiste na associação de palavras pareadas arbitrariamente (sem
semelhanças semânticas, grafêmicas ou fonéticas), distribuídas entre três listas (A-B-C) para cada
língua. Cada uma das listas possuía 10 palavras, formando 10 pares de palavras a serem associadas em
cada combinação de lista (10 pares A-B; 10 pares A-C). Ao iniciar o experimento, os participantes
foram instruídos a memorizar os pares A-B. Para tanto, cada palavra ficava na tela do computador por
um tempo de 3 segundos, sendo que os pares eram separados por uma tela contendo uma cruz no
centro, que lá permanecia por 1 segundo. Após o fim da seção de aprendizagem, uma palavra da lista
A era fornecida, sempre em minúsculas, seguida por uma tela em branco que ficava na tela por 1
segundo. A seguir, duas opções de respostas da lista B (em maiúsculas) eram apresentadas em outra
tela: o par correto da lista B e uma outra palavra da lista B pertencente a outro par de associação com a
lista A. Essa tela com as opções de resposta permanecia exposta aos sujeitos até que eles se decidissem
por uma das respostas. Dando continuidade ao experimento, a lista A era apresentada novamente (em
minúsculas), mas, desta vez, ela era associada a outras palavras, contidas na lista C (em maiúsculas).
O tempo de exposição das telas transcorreu da mesma forma como explicado para a memorização AB. No momento da testagem, os participantes receberam a palavra da lista A e, na sequência, duas
opções de resposta: a resposta correta da memorização A-C, e a palavra da lista B que fazia par correto
na memorização das listas A-B. No total, cada lista foi repetida 3 vezes e de forma intercalada.
O procedimento de aplicação descrito acima foi desenvolvido em três experimentos, um para
cada língua dos participantes trilíngues. Para responder aos testes, os participantes deveriam pressionar
a tecla “1” ou “0” do computador, de acordo com a resposta pretendida. Cabe ressaltar que, no
momento da testagem, os pares foram sendo apresentados em ordem aleatória, e não na ordem em que
foram memorizados. Para uma melhor compreensão da montagem do experimento, as figuras 1 e 2
mostram as etapas do design do experimento descrito acima.
2769
Figuras 1 e 2 – Design do experimento de associação arbitrária de pares.
2.2 Experimento 2
Já o segundo experimento utilizado visa testar a memória neocortical dos participantes,
caracterizando-se como uma tarefa contendo priming grafo-fônico-fonológico relacionado. Esta tarefa
é constituída de um total de 108 pares de palavras – 54 apresentando semelhanças de ordem
ortográfica ou fonético-fonológica, mostrando prime e alvo relacionados; e 54 sem nenhum tipo de
semelhança. Esses pares foram distribuídos entre 18 possibilidades de apresentação, de acordo com a
combinação entre as línguas e com o fato de apresentarem ou não semelhanças de ordem grafo-fônicofonológica entre si, ensejando, assim, efeitos de priming relacionado. Em cada condição, foram
utilizados 6 pares de palavras. No quadro abaixo (Quadro 1), apresenta-se uma listagem dos tipos de
combinação possíveis entre as línguas estudadas.
Combinação das línguas
português-PORTUGUÊS
inglês/INGLÊS
francês/FRANCÊS
português-INGLÊS
inglês-PORTUGUÊS
português-FRANCÊS
francês-PORTUGUÊS
francês-INGLÊS
inglês- FRANCÊS
Condição
CPR
CPR
CPR
CPR
CPR
CPR
CPR
CPR
CPR
SPR
SPR
SPR
SPR
SPR
SPR
SPR
SPR
SPR
Quadro 1 – possibilidades de combinação dos pares de palavras por língua
e por condição de elaboração: com priming relacionado (CPR);
sem priming relacionado (SPR).
Ao realizar o experimento, os participantes recebiam dois estímulos (palavras) em cada teste,
tendo que decidir em qual língua estava a segunda palavra apresentada (palavra alvo): português (L1),
francês (L2) ou inglês (L3). A primeira palavra do par (o prime) sempre era apresentada em letras
minúsculas, ficando na tela por 500 milissegundos, contrastando com a segunda palavra apresentada
(palavra alvo), sempre em letras maiúsculas e permanecendo na tela até que os participantes
pressionassem uma resposta. Os participantes foram instruídos a responder aos testes utilizando três
teclas do teclado do computador: tecla “6”, para palavras do português; “7”, para palavras do francês;
e “8”, para palavras do inglês. O experimento foi precedido por uma sessão de prática, contendo 4
2770
testes. No momento da testagem, os pares foram randomizados, apresentando, assim, ordens aleatórias
de aparecimento na tela do computador. Abaixo, a figura 3 apresenta o design do experimento.
Figura 3 – Design do experimento de decisão lexical trilíngue.
Para a construção e aplicação dos dois experimentos descritos, utilizou-se o software E-Prime,
através do qual foi possível obter o número de acertos do participante para responder a cada um dos
itens testados. As palavras utilizadas nos testes foram extraídas de 3 diferentes corpora de línguas e
tiveram suas freqüências e número de sílabas controladas³. Todos os testes foram aplicados em dias
diferentes, inclusive o de aprendizagem associativa – que continha três partes –, para que nenhuma das
tarefas influenciasse sobre os resultados das demais e para que os participantes não ficassem
demasiadamente cansados.
3. Descrição dos resultados
No que se refere ao primeiro teste lexical aplicado, o teste de aprendizagem associativa por
pares, os participantes da pesquisa passariam por três sessões de testes aplicados em dias diferentes,
um para cada língua testada. Cada uma das combinações de listas testadas foram repetidas três vezes
de forma intercalada. Os resultados obtidos nesses três testes serão apresentados a seguir, de acordo
com cada língua testada.
Na parte do experimento destinada a testar o desempenho dos participantes na associação dos
pares em língua portuguesa, observou-se que os escores obtidos pelos sujeitos no somatório das três
repetições A-B atingiu um total de 74 acertos. Já no somatório das três combinações A-C, os
participantes da pesquisa atingiram um escore de 80 acertos, no total. Durante a testagem das três
listas A-B, notou-se que os sujeitos saíram-se melhor na primeira vez em que responderam a essa
combinação, obtendo um total de 28 acertos. Nas duas testagens restantes, o escore total ficou em 23
acertos. No que diz respeito às testagens A-C, a mesma tendência não foi observada, uma vez que o
escore mais elevado foi atingido na segunda tentativa (28 acertos). Na primeira, observou-se o escore
total mais baixo (25 acertos), e, na última, um valor intermediário (27 acertos).
Na testagem em língua francesa, os participantes atingiram um total de 71 acertos nas três
listas A-B testadas. Na testagem das listas A-C, o escore ficou em 78 acertos. Os resultados
observados nas três listas A-B apontam para uma gradativa baixa no escore de acertos, já que os
participantes atingiram um desempenho superior na primeira tentativa (25 acertos), que foi declinando
nas demais tentativas (24 acertos na segunda; 22 acertos na terceira). A mesma tendência foi
observada nas listas A-C de forma individual, visto que o maior escore foi atingido na primeira sessão
de testagem (27 acertos), seguida por um decréscimo nas duas seguintes (26 acertos na segunda
tentativa; 25 acertos na terceira).
2771
Na testagem em língua inglesa, o escore total obtido para as combinações A-B ficou em 84
acertos, e 67 acertos, para a testagem A-C. Para as testagens A-B, analisando-as de forma separada,
percebe-se que o maior escore de acertos foi feito na primeira testagem (30 acertos), o segundo, na
terceira testagem (28 acertos) e, o mais baixo e último, na segunda testagem (26 acertos). No que se
refere às testagens A-C, a primeira sessão de testagem também foi a que demonstrou o melhor
desempenho (25 acertos), seguida pela terceira sessão (23 acertos) e, finalmente, a segunda (19
acertos).
Sintetizando os resultados aqui apresentados, pode-se dizer que, na testagem A-B, a língua
inglesa (L3) foi a que atingiu um escore mais elevado (84 acertos, no total). Já para a testagem A-C, a
língua que atingiu um escore mais elevado foi o português (80 acertos). O escore mais baixo para a
testagem A-B foi observado na língua francesa. Para a testagem A-C, o pior desempenho pode ser
observado na língua inglesa.
O quadro 2 mostra os resultados obtidos pelos participantes nas três línguas.
LÍNGUA
TESTADA
A-B
A-C
A-B
A-C
A-B
A-C Total A-B Total A-C
Total de Total de Total de Total de Total de Total de Total de Total de
30
30
30
30
30
30
90
90
Português (L1)
28
25
23
28
23
27
74
80
Francês (L2)
25
27
24
26
22
25
71
78
Inglês (L3)
30
25
26
19
28
23
84
67
Quadro 2 – Resultados obtidos no experimento de associação arbitrária de pares.
No segundo experimento linguístico aplicado, uma tarefa de acesso lexical nas três línguasalvo deste estudo, pares formados nas três línguas eram apresentados, sendo que metade desses pares
possuía semelhanças grafêmicas ou fonético-fonológicas entre si, ou seja, apresentavam primes do tipo
relacionado, enquanto a outra metade era composta por pares sem semelhanças de nenhuma ordem.
Ao receber os estímulos compostos por uma das combinações de línguas formadas nesse experimento,
os sujeitos deveriam pressionar a tecla do computador referente à língua da segunda palavra exposta
na tela (palavra alvo).
Computando os resultados do sujeito de maneira bruta, sem dividi-los por combinação de
língua e condição de elaboração dos pares (com priming relacionado / sem priming relacionado),
observa-se que, do total de testes aplicados aos três participantes (324 testes), 308 foram respondidos
corretamente. Considerando que havia 162 testes em cada uma das duas condições, do valor total de
acertos, 153 dizem respeito à condição com priming relacionado e 155 acertos, à condição sem
priming relacionado. No quadro 3, abaixo, pode-se visualizar o escore dos sujeitos de forma mais
esmiuçada, levando em consideração, também, as combinações de línguas elaboradas no teste.
Condição
Combinação das línguas
acertos – com priming
relacionado (CPR)
acertos – sem priming relacionado
(SPR)
Português/PORTUGUÊS
17/18
18/18
francês/FRANCÊS
15/18
18/18
inglês/INGLÊS
17/18
18/18
Português/FRANCÊS
17/18
17/18
Português/INGLÊS
16/18
18/18
Francês/PORTUGUÊS
18/18
18/18
2772
Francês/INGLÊS
17/18
18/18
Inglês/PORTUGUÊS
18/18
18/18
Inglês/FRANCÊS
14/18
18/18
TOTAL
149/162
161/162
Quadro 3: escore dos sujeitos na tarefa de decisão lexical nas três línguas.
Levando em consideração o escore obtido para cada combinação de língua utilizada no
experimento, observa-se que, quando a combinação dos pares era feita na mesma língua, ou seja,
prime e alvo eram apresentados no mesmo idioma (português/PORTUGUÊS, francês/FRANCÊS,
inglês/INGLÊS), os participantes saíram-se melhor na condição SPR (acertando o número total de
acertos, 54 pares) do que na condição CPR (acertando 49 pares, no total). Nos pares
português/PORTUGUÊS, o desempenho dos participantes foi praticamente o mesmo nas duas
condições (CPR: 17 acertos; SPR: 18 acertos), saindo-se melhor na condição SPR. Já nas combinações
francês/FRANCÊS, o escore também foi mais elevado na condição SPR (CPR: 15; SPR: 18). Na
combinação inglês/INGLÊS,o resultado foi semelhante ao obtido na combinação
português/PORTUGUÊS (CPR: 17; SPR: 18).
Nas combinações criadas entre línguas diferentes, partindo da língua materna dos participantes
(português), o resultado foi o mesmo na combinação português/FRANCÊS para as duas condições
(CPR e SPR: 17 acertos). Já na combinação português/INGLÊS, os sujeitos atingiram o escore
máximo na condição SPR e acertaram 16 pares na condição CPR.
No que diz respeito às combinações de línguas que partiam da L2 do sujeito, o francês,
verificou-se que se atingiu o escore máximo nas duas condições da combinação francês/PORTUGUÊS
(18 acertos). Na combinação francês/INGLÊS, o escore foi máximo na condição SPR e levemente
inferior na condição CPR (17 acertos).
Nos pares combinados a partir da L3 do participante, o inglês, a combinação de línguas
inglês/PORTUGUÊS apresentou o escore máximo nas duas condições (18 acertos). Na combinação
inglês/FRANCÊS, porém, obteve-se um total de 18 acertos apenas na condição SPR. Na condição
CPR, obteve-se um escore de 14 acertos, o mais baixo observado em todas as combinações e
condições de apresentação dos pares.
4 Discussão dos resultados
Os resultados obtidos no primeiro teste aplicado, o de aprendizagem associativa por pares,
evidenciaram, para a combinação A-B, uma maior facilidade na execução desse teste em língua
inglesa, L3 dos sujeitos, e uma dificuldade maior na execução desse teste em língua francesa. Já a
combinação A-C apresentou o melhor resultado na língua portuguesa e, o pior, na língua inglesa.
O melhor e o pior desempenho do inglês nas testagens A-B e A-C, respectivamente, podem
dever-se à dificuldade maior em estabelecer relações arbitrárias entre palavras nessa língua nos níveis
fonético-fonológico, grafêmico e semântico. A explicação mais óbvia estaria fundamentada na menor
proficiência do sujeito nessa língua, o que pode dificultar o reconhecimento de algumas palavras,
mesmo que estas tenham sido selecionadas por serem consideradas de alta frequência, segundo
corpora lexicais de cada uma das três línguas testadas. A ausência de relações evidentes nos três níveis
citados (fonético-fonológico, grafêmico e semântico) não anula a tentativa de estabelecerem-se
relações entre os elementos de um par a fim de memorizá-los. No que tange ao experimento ora
discutido, a menor proficiência na L3 parece afetar de forma mais significativa a capacidade dos
participantes de estabelecer relações semânticas entre as palavras, enquanto os conhecimentos de
ordem grafo-fônico-fonológica são de mais fácil generalização, podendo mesmo ser transferidos das
línguas aprendidas previamente. O desconhecimento do significado de uma palavra pode inviabilizar
completamente qualquer tentativa de estabelecimento de relações semânticas entre palavras, processo
2773
possível quando o participante, ciente do significado das palavras que formam par e cuja relação não
parece evidente, tenta aproximá-las semanticamente por variação aleatória. A própria possibilidade de
uma palavra conhecida evocar um referente no mundo concreto4 pode permitir que o participante
estabeleça relações, sem motivações aparentes, a partir de suas experiências cognitivas pessoais. O
maior resultado na combinação A-B, em contraste com o pior resultado na combinação A-C, pode ser
explicado por uma melhor memorização dos pares A-B, talvez por estes terem sido os primeiros a ter
passado pelo processo de memorização. Consequentemente, o pior desempenho da língua inglesa na
combinação A-C pode estar ligado ao fato de os participantes terem sofrido um maior efeito da
primeira memorização (A-B) sobre a segunda (A-C). Assim, a baixa proficiência na língua inglesa
colaborou para dificultar, mais do que nas outras línguas, a memorização de pares (A-C) que já
haviam sido memorizados anteriormente com outros alvos (A-B).
A diferença entre o desempenho do participante em sua L1 e L2, de um lado, e sua L3, de
outro, pode ser explicada pelo processamento de cada tarefa nos sistemas de memória. Levando em
consideração o pior desempenho obtido na língua inglesa durante a parte mais difícil da tarefa, a
memorização A-C, algumas hipóteses podem ser levantadas e discutidas. O fato de as palavras a serem
relacionadas no teste apresentarem alta frequência supõe que elas estejam armazenadas no sistema de
memória neocortical. Assim, ao desempenhar uma tarefa tipicamente associada ao sistema de memória
hipocampal, como é o caso da tarefa associativa proposta, os participantes teriam a facilidade de lidar
com informações já consolidadas e, por isso mesmo, mais facilmente evocadas, o que diminuiria a
própria complexidade da tarefa. Essa interação entre os dois sistemas de memória, no entanto, pode ter
sido prejudicada no caso da tarefa em inglês, pois a escassez de informações referentes a essa língua
no sistema mais consolidado do neocórtex teria tornado mais complexa a tarefa a ser executada pelo
sistema de memória hipocampal, ainda mais quando se está memorizando várias vezes pares que
tenham o primeiro item semelhante ao previamente apresentado com alvos diferentes. Já o pior
desempenho dos participantes na combinação A-B do teste em francês, e o desempenho médio na
combinação A-C do mesmo teste, pode dever-se ao fato de, além de esta ser sua segunda língua mais
consolidada, também é aquela cujas maiores semelhanças tipológicas5 com o português facilitariam a
transferência de padrões neocorticais da L1, como parecem demonstrar os resultados obtidos pelo
participante. Dessa forma, os participantes parecem não ter conseguido controlar os efeitos da L1
sobre a L2 de maneira eficiente.
Ainda sobre o desempenho dos sujeitos na língua inglesa, cabe referir que a melhor
performance na primeira combinação (A-B) e a pior performance na segunda (A-C) pode ser explicada
por uma maior monitoração quando da memorização dos pares A-B (primeiros a serem apresentados),
em relação aos pares A-C (memorizados após a primeira tentativa da tarefa A-B). Durante a testagem
A-C, os efeitos inicialmente positivos da memória procedural criada a partir da testagem da
combinação A-B não foram suficientes para contornar os efeitos negativos decorrentes da menor
monitoração durante a realização da tarefa A-C em inglês. Dessa forma, houve uma maior competição
entre as informações das combinações A-B e A-C contidas na memória hipocampal, conduzindo a
uma performance inferior na testagemA-C. Mesmo que já se tenha dito que algumas das palavras
pudessem estar mais relacionadas à memória neocortical, devido ao fator frequência, leva-se em
consideração o fato de elas terem sido ativadas, permanecendo acessíveis à memória explícita
(hipocampal) por algum tempo.
Quanto aos resultados obtidos no segundo experimento empregado, uma tarefa de decisão
lexical nas três línguas utilizadas nesta pesquisa, a análise do desempenho dos participantes nas
combinações
intralinguísticas
utilizadas
no
experimento
(português/PORTUGUÊS,
francês/FRANCÊS, inglês/INGLÊS), aponta para um nível excelente de acertos na condição SPR
(54/54). Quando se trata de analisar a condição CPR, nota-se um decréscimo (49/54). Poder-se-ia
imaginar um efeito facilitador do prime relacionado sobre o alvo, principalmente quando ambos são
apresentados na mesma língua (BUSNELLO, 2007). Isso poderia ser explicado, já que a competição
de ativação de padrões grafo-fônico-fonológicos pode ser enfraquecida pela grande convergência entre
os padrões verificados no prime e aqueles do alvo. Contudo, os resultados encontrados não seguem
essa tendência. O pior desempenho na condição CPR talvez se deva, então, ao fato de os pares
formados nesta condição apresentarem uma semelhança grafo-fônico-fonológica entre prime e alvo
que não se estende ao conteúdo semântico de tais palavras. Assim, essa semelhança grafo-fônicofonológica pode ter ativado, além de diferentes correspondências grafêmicas e fonético-fonológicas,
2774
conteúdos semânticos distintos nessas línguas. Isso pode ter tornado a tarefa de decisão lexical mais
complexa, levando os participantes a escolherem respostas insatisfatórias. Ainda, a própria natureza da
tarefa, que envolvia a apresentação de palavras em três línguas e em diferentes combinações e
condições de apresentação, pode ter colaborado de maneira decisiva para que primes e alvos fossem
confundidos, inclusive com palavras de outras línguas que não aquelas apresentadas no momento da
decisão.
Da mesma forma como observado nas condições intralinguísticas, as condições
interlinguísticas também apresentaram um desempenho maior na condição SPR (CPR: 100/126; SPR:
107/126). Parece correto supor, assim, que, nas condições CPR, em vez de facilitar-se a resposta
correta, essas combinações condicionaram os participantes a ativar os padrões inicialmente sugeridos
pelo prime. Assim, as semelhanças do alvo com o prime serão entendidas como uma convergência de
padrões. Nas combinações interlinguísticas apresentando a condição SPR, a divergência entre os
padrões do prime e do alvo facilitaram a ativação dos padrões adequados para cada palavra. Ao
receber um prime com padrões grafo-fônico-fonológicos não aplicáveis ao alvo, o participante tende a
abandonar as entradas lexicais pré-ativadas correspondentes aos padrões do prime em benefício das
entradas lexicais com padrões compatíveis aos do alvo, geralmente os referentes a uma língua
diferente daquela do prime.
Um outro fator a ser considerado nas combinações interlinguísticas seria a língua em que é
apresentado o prime. Nas combinações interlinguísticas SPR, pode-se dizer que não foi verificada
nenhuma influência maior da língua do prime sobre os resultados, pois o participante conseguiu
acertar quase todas as respostas, exceto um par da combinação português/FRANCÊS. Nas
combinações interlinguísticas CPR, no entanto, observou-se uma influência da língua do prime sobre
os resultados: 33/36 para as combinações com primes em português; 35/36 com primes em francês;
32/36 com primes em inglês. Essa situação pode ser explicada pela própria natureza da tarefa
proposta, como já foi referido acima. O fato de o participante ter de lidar com várias combinações em
três línguas diferentes pode induzi-lo a privilegiar as relações interlinguísticas, já que, ao contrário do
que foi proposto no primeiro experimento, esperava-se que as entradas lexicais das três línguas
estivessem fortemente ativadas durante a execução da tarefa.
5 Conclusão
A análise dos resultados demonstra o papel fundamental exercido pela memória neocortical
nos dois experimentos propostos nesta pesquisa. No primeiro experimento, os dados sugerem que a
consolidação das informações no neocórtex torna menos complexa a tarefa realizada pelo hipocampo,
o que pode ser observado na dificuldade maior encontrada pelo participante na realização da tarefa AC em língua inglesa (L3), considerada a língua menos consolidada no sistema de memória neocortical
dos participantes.
No segundo experimento, demonstrou-se mais uma vez a importância do neocórtex para o
processamento interlinguístico. A baixa competição de padrões interlinguísticos na condição SPR
favoreceu a ativação da entrada lexical correta. Já no caso das combinações interlinguísticas CPR, os
primes acabaram confundindo os participantes, levando-os a ativar a entrada lexical incorreta para o
alvo. Nessa mesma condição, os primes em francês e inglês, línguas menos consolidadas no neocórtex,
também favoreceram a competição dos padrões das três línguas e o consequente decréscimo no
desempenho dos participantes.
Diante do exposto, ressalta-se o papel colaborativo entre os sistemas de memória. As
dificuldades encontradas pelo participante ao exercer tarefas mais relacionadas ao sistema hipocampal
puderam ser contornadas graças à maior facilidade de ativação das informações mais consolidadas no
neocórtex. Atividades que requeressem envolvimento principalmente do neocórtex, como o segundo
experimento, também tiveram seu desempenho influenciado pelo grau de consolidação das
informações nesse sistema de memória. Os resultados obtidos com três participantes ainda demandam
uma confirmação com a participação de mais sujeitos executando tarefas lexicais de decisão e
memorização. A ampliação de resultados sobre o tema seria de grande interesse para o prosseguimento
das pesquisas sobre a forma como são realizadas tarefas de decisão lexical envolvendo três sistemas
linguísticos e seu processamento colaborativo nos sistemas de memória.
2775
Referências
Blank, C. A. A transferência grafo-fônico-fonológica L2 (francês) – L3(inglês): um estudo
conexionista. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Católica
de
Pelotas,
Pelotas,
2008.
Disponível
em:
[http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=105121]
Borine, M. S. Consciência, emoção e cognição: o efeito do priming afetivo subliminar em tarefas de
atenção. Ciências & Cognição; Ano 04, Vol 11, 67-79, 2007. Disponível em:
[www.cienciasecognicao.org]
Cenoz, J. Research on multilingual acquisition. In: CENOZ, J.; JESSNER, U. (Eds.). English in
Europe. The acquisition of a third language. Clevedon: Multilingual Matters, p. 39-53, 2000.
Izquierdo, I. Memória. Porto Alegre: Artmed, 2002.
Kucera, H.; Francis, W. N. Computational analysis of present-day American English. Providence, RI:
Brown UniversityPress, 1967.
McClelland, J. L; McNaughton, B. L; O´Reilly, R. C. Why there are complementary learning systems
in the hippocampus and neocortex: insights from the successes and failures of connectionist models of
learning and memory. Psychological Review,v. 102, n. 3, p. 419-457, 1995.
Mota, M. B.; Zimmer, M. C. Cognição e aprendizagem de L2: o que nos diz a pesquisa nos
paradigmas simbólico e conexionista. Revista Brasileira de Lingüística Aplicada, v. 5, n. 2, p. 155187, 2005.
Zimmer, M. C.; Alves, U. K.; Silveira, R. A aprendizagem da L2 como processo cognitivo: a interação
entre conhecimento explícito e implícito. Nonada, n. 9, p. 89-102, 2006.
Zimmer, M. C.; Finger, I.; Scherer, L. Do bilingüismo ao multilingüismo: intersecções entre a
psicolingüística e a neurolingüística. Revel. Vol. 6, n. 11, 2008. Disponível em: [www.revel.inf.br].
Notas
(1) O corpo grafêmico de uma palavra corresponde, na palavra escrita, à rima da palavra fonológica,
consistindo, basicamente, de vogal e consoante(s).
(2) As transferências grafo-fônico-fonológicas podem ocorrer tanto pelo contato entre dois sistemas
fonológicos diferentes, como também por diferenças entre os princípios dos sistemas alfabéticos da L1
e da L2. Esse tipo de transferência pode ser conceitualizado como uma propensão, durante a fala ou
leitura oral em L2, “de atribuir aos grafemas que compõem as palavras da L2 a mesma ativação
fonético-fonológica que tais grafemas reforçariam durante a fala ou a leitura oral na L1” (Zimmer e
Alves, 2006, p. 120).
(3) Todas as palavras apresentadas nos dois experimentos são de alta freqüência, sendo extraídas de
diferentes corpora lingüísticos (Kucera e Francis, 1967; Lexique: francês; Ceten Folha: português).
(4) Não se pretende aqui que as palavras remetam diretamente a elementos do mundo concreto, mas
sim a como esses elementos experienciados passam a ser processados no sistema cognitivo de cada
um.
(5) Para Cenoz (2000), esse fator pode determinar a escolha de uma certa língua como fonte principal
de influência. Nesse sentido, a influência da L2 será mais notada se essa língua for tipologicamente
mais próxima da L3 do que a L1.
Download

a dinâmica do processamento trilíngue em tarefas de aprendizagem