MAGAZINE DIGITAL
OBJECTIVA
BARREIRO
Nº4 JUNHO 2011
A PONTE
PARA O
FUTURO!
WWW.BARREIROWEB.COM
Nº4
OBJECTIVA
Revista digital de opinião
e História Local
JUNHO 2011
Temas
A Ponte Para o Futuro!
Edição digital com publicação
bimestral de distribuição
gratuita e subscrição
Nota do editor, José Encarnação.... 3
Edição
www.barreiroweb.com
“A Ponte para o Futuro Na encruzilhada neoliberal !”
Carlos Alberto (Carló) .... 4
BARREIRO
Nº4
JUNHO 2011
“E agora Barreiro”,
Carlos Alberto (Carló) .... 5
“Barreiro, a ponte para o futuro”,
Dulce Reis.... 6 -7
Editor
José Encarnação
“1ª Acto um Pequeno Passeio”,
Rui Velindro .... 10 -13
Redacção:
Carlos Alberto (Carló)
Dulce Reis
Nuno Ferreira
Rui Velindro
Manuela Rocha
José Encarnação
Montagem e
Fotografias
“A Ponte ao Fundo do Tunel”,
Nuno Ferreira.... 14-15
“Há Pescadores no Barreiro!” .... 16-17
“Que nunca caiam as pontes entre nós”,
Manuela Rocha .... 18 - 19
“Pontes para o futuro”,
José Encarnação.... 22-21-22
José Encarnação
Contactos:
[email protected]
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PONTES PARA O BARREIRO!
Como todos sabemos, a construção da TTT foi adiada,
não se sabendo para quando a sua construção.
O que vai condicionar o que estava previsto para o
Barreiro em termos de futuro, nomeadamente o PU.
Assim, a interrogação que se coloca é: “E Agora Barreiro?”.
É certo que a construção da ponte teria um aspecto
decisivo para o desenvolvimento do Barreiro, afirmando-o como um pólo importante de Lisboa…
Mas, a certeza que temos, é que a TTT não será construída nos próximos anos porque simplesmente não
temos dinheiro!
É importante para os barreirenses não ficarem eternamente à espera de um “ D. Sebastião”, que salve
o Barreiro, trazendo, empresas, empregos e desenvolvimento….
Tal como por todo o país, é urgente pôr o Barreiro a
produzir novamente.
Arranjar novas soluções e lutar por elas activamente,
leva-nos a formular diversas interrogações:
O futuro passará por voltar à industria química? à instalação de empresas de tratamento de resíduos ?
Ou, será o regresso às actividades económicas ligadas ao Rio, a pesca, os “viveiros de ostras”, o regresso
à agricultura, voltando a plantar vinha e produzindo
o afamado vinho do Lavradio o “bastardinho”?
O futuro poderá estar na criação de uma cidade museu da Industria, preservando o nosso património
industrial, e apostando no turismo cultural? Turismo
voltado para a valorização do património que constitui a história do Barreiro, nas vertentes ferroviária,
química, moageira, corticeira e seca do bacalhau ?
Ou, um turismo voltado para a exploração da beleza
natural do estuário do Tejo, aproveitando-se a zona de
Alburrica, Bico do Mexilhoeiro, por exemplo, criando
um “resort” na quinta do Braancamp, que contivesse
um complexo de desporto de lazer, com piscina e
outras actividades náuticas de lazer, e complexo hoteleiro, explorando inclusive, rede de transporte marítimo de pequeno porte, com viagens regulares de e
para Lisboa?
Passará o nosso futuro por pensar e construir uma
“cidade da criatividade”, apostando na criação de nichos de mercado para instalação de jovens criativos,
e de empresas ditas de novas tecnologias, fomentando a sua instalação na cidade, e desenvolvendo um
cluster de Indústrias Criativas na área metropolitana
de Lisboa?
Ou ainda poderemos imaginar a criação de uma cidade voltada exclusivamente para actividades culturais,
aproveitando as sinergias criadas pelo extenso rol de
associações e colectividades dedicadas ao desporto e
à cultura que já existem?
infelizmente, não acreditamos em milagres.
O Barreiro não pode viver só de uma actividade,
quem sabe, se juntando todas as actividades acima
referidas, não se poderá construir uma cidade, que,
de novo, constitua um motor de desenvolvimento e
produção nacional, como foi no passado.
É este o desafio que foi lançado aos colaboradores
do “objectiva”, incentivando-os a contribuírem para a
construção de uma cidade para o Barreiro.
Os artigos publicados, demonstram que o Barreiro e
os que nele habitam, tem capacidade para estimular
o potencial que lhe é conhecido e reconhecido nacionalmente.
José Encarnação
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A Ponte para o Futuro
Na encruzilhada neoliberal !
No decorrer de muitas gerações, os homens têm desenvolvido novas formas de viver em harmonia, que
outros destroem numa luta constante. Este movimento dialéctico tem renovado ideias, nem sempre pelo
melhor caminho. Hoje mesmo os homens vêem-se
confrontados com a dinâmica social negativa. Discursos tirados do catálogo de redundâncias sobrepõemse ao silêncio atónico do Povo onde pesa o sofrimento
oculto. Políticas artificiais perpetuam destinos anacrónicos com estratagemas e tabus “ sagrados”. Naturalmente que outros homens um dia destes inverterão
este projecto neoliberal.
O sistema capitalista colapsou e na emenda sacudiu
responsabilidades, alijando a falência para outros, as
vítimas, sem culpa.
Todo este relapso económico porquê? Nunca houve
tanto dinheiro no Planeta! Há riqueza acumulada que
daria para a multidão de seres humanos não conhecer
a fome nem sequer carências na saúde e no emprego. Tanta interacção de povos, podendo com justiça o
trânsito de bens essenciais chegar a todos, bem como
os conhecimentos, a educação e a cultura. No meio interpõe-se a vida faustosa que saqueia, criando a penúria a povos inteiros, subvertendo a lógica da economia
reguladora e de satisfação geral.
Buracos abissais financeiros surgem todos os dias um
pouco por todo mundo. Portugal uma das principais
vítimas tem dentro de si responsáveis políticos que
ajudaram a abrir a cratera devastadora da economia
nacional sem que lhes sejam assacadas responsabilidades.
A dívida portuguesa a agiotas externos cresce sem parar em cada dia que passa. Portugal necessita como
pão para a boca de dinamizar as suas cidades e vilas,
e inverter a lógica recessiva adoptada pelos últimos
governos, com investimento que torne Portugal estimulante ao investimento e assim voltar a ser um país
atraente economicamente.
O Barreiro foi dinâmico quando as acessibilidades davam largura à vila e por isso se tornou cidade, e comunidade multifacetada, fácil de alcançado por via marítima, rodoviária e ferroviária. Abertura que a Terceira
Travessia do Tejo, a nova ponte, oferece com as vertentes de desenvolvimento social, económico a que se
liga o crescimento populacional para o Barreiro e toda
a margem sul.
Portugal vive a sua mais sensível situação financeira do
último meio século e não pode esperar que de lado de
fora venham resolver o que diz respeito aos portugue-
ses. Da mesma forma o Povo do Barreiro terá de se
mobilizar para que a Cidade possa com as duas margens sair da estagnação para que o empurram obesos
plutocratas.
A mais longínqua proposta para se atravessar o Tejo de
Lisboa para a outra margem, por cima do rio, apontava
ao Barreiro a ligação com Lisboa. Interesses de vária ordem denegaram esta primeira visão com preconceitos
e objecções políticas, impedindo que a primeira ponte
sobre o Tejo viesse para o Barreiro. Assim, perante o
impasse da construção da TTT, as forças vivas da Cidade deverão dar as mãos por esta obra de importância
vital para o Barreiro, para toda a região e por tabela a
todo o país.
Passo enorme no futuro da Cidade, se de novo quisermos alcançar o progresso social e económico. A TTT
será uma despesa com retorno, vertente de rentabilidade com dimensão nacional e com ela o Barreiro sairá
da estagnação económica que a abafa. Tema sensível
que numa efusão de consciências deve preocupar toda
a comunidade barreirense, fundindo-se interesses gerais numa luta conjugada.
Da memória para o futuro, o Barreiro deve bater-se
pela ponte, infra-estrutura de progresso e sustentáculo de novo paradigma económico para a cidade que
jamais voltará a ser operária. Regressar à indústria pesada e poluente não estará nos planos da nova geração
com toda a razão. Procurar na pesca ou na agricultura o levantamento económico não é de certo o rumo
para o futuro do Barreiro, perdido nos escombros da
última vintena de anos. Parece não estar longe do investimento que a proposta do Município define.
A Cidade das Duas Margens, ligação imprescindível entre Lisboa e Barreiro num abraço pela ponte. Decorrem
debates onde os intervenientes alinham na conclusão
da importante ligação Barreiro e Lisboa, todo o sul e
a leste no caminho da Europa central com benefícios
directos para Lisboa, Barreiro, toda a margem Sul e naturalmente os para todo o país.
Com o projecto “REPARA” que a Câmara Municipal do
Barreiro desenvolve para a regeneração da área ribeirinha, e se for capaz de investir os 11,2 milhões de euros
previstos, a dinâmica social da cidade será robustecida
e um novo paradigma económico virado para o turismo abraçará a Cidade. O Barreiro oferece condições de
retorno a um forte investimento no seu corpo turístico,
se asseguradas as acessibilidades com base na TTT, a
grande artéria do futuro do Barreiro.
Carlos Alberto (Carló)
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E AGORA BARREIRO?
Para que lado te voltarás antes de ficares decrépito. Voltar à indústria de química pesada é
coisa do passado, faz parte da sua honrosa história, Barreiro Operário, não tem mais futuro.
Pior ainda se o tratamento de resíduos vier emporcalhar, empestar, torná-lo mal cheiroso e
doente.
O regresso à pesca é uma opção que não deve ser tomada como salvação da economia barreirense e da criação de emprego para os seus cidadãos.
A aposta no turismo seria uma proposta com futuro. O Barreiro tem uma costa ribeirinha de
grande beleza. Poderia ser estudada e oferecida como sector económico de retorno ao crescimento populacional, assegurando acessibilidades e força para a concretização da Terceira
Travessia do Tejo, a grande porta de entrada ao futuro do Barreiro.
Os barreirenses insignes devem somar-se na discussão de um projecto para a expansão do
Barreiro.
A história portuguesa dos últimos anos do século xx prossegue, obstinada e sem mudança no
século XXI, é uma história traçada em Lisboa que condicionou o Barreiro a um fraco desenvolvimento, mas um dia toda a verdade será contada na sua real escala de valores.
Carlos Alberto (Carló)
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BARREIRO, A PONTE
PARA O FUTURO!
Ainda no século XX, vários autores na área da
economia, preveniam sobre os riscos da perda
da importância da indústria, em benefício dos
serviços, como geradores de riqueza.
Muito embora os seus avisos não tivessem colhido apoio por parte dos Governos Mundiais,
a verdade é que foram sendo tomadas medidas que tendiam a substituir a industria pelos
serviços, sem que se cuidasse de acautelar o
futuro do mundo hoje, globalizado.
Os serviços não podiam nunca, substituir o nível de participação para o produto interno bruto alcançado pela actividade industrial.
No Barreiro, outrora cidade industrial, foi sendo substituída a indústria pelos serviços, o que
acabou por conduzir à situação actual, onde se
pode comprovar que os economistas do século
passado tinham razão quando previam o que
está neste momento a acontecer. A existência
de serviços não cria níveis de riqueza susceptíveis de influenciar positivamente o PIB e não
gera empregos suficientes para evitar a crise
social que se vive.
Existem outros modelos que podem ser implantados, travando a tendência actual a nível
económico e financeiro da cidade do Barreiro.
Desde logo, colocando a tónica na interrogação
que se coloca: Sem TTT, o Barreiro “morre”?
Não, não morre. A sua morte é evitável e depende de nós, Barreirenses.
O Barreiro beneficia de uma localização geográfica privilegiada por se concentrar no estuário de um dos Rios mais belos da Europa.
Beneficia de um passado industrial de importância internacional.
Possui uma população que se distingue de muitas outras, pelo seu empenho em constituir e
participar em associações, colectividades e actividades criativas.
Tem um capital próprio em termos de desporto, já com imensas provas dadas a nível nacional e internacional.
Coligando todas estas características podemos
concluir que ao Barreiro, apenas lhe falta escolher o que quer ser. Ou como quer ser.
Na sequência da crise Mundial, o Barreiro viu
adiada a construção da Terceira Travessia do
Tejo, considerada até aí, como a possível solução para travar a estagnação económica da
cidade.
Apesar da defesa incondicional do projecto da
construção da TTT, como meio coadjuvante
para inverter o processo de estagnação, não
podemos esquecer outras vias para atingir o
mesmo objectivo.
Para escolher o que queremos ser, idealizamos
e sonhamos um determinado modelo de organização da cidade.
O Barreiro pode ser uma cidade de Turismo,
baseado em três vertentes fulcrais:
I - VERTENTE MUSEOLÓGICA DEDICADA AO PATRIMÓNIO ARQUEÓLIGICO INDUSTRIAL
1 - O Pólo Ferroviário, preservando os edifíNº4 JUNHO 2011
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cios ferroviários, e transformando-os em Museu vivo;
2 – O Pólo Industrial da Quimiparque, onde já
existe um Museu;
- Desenvolvendo, nas zonas rurais que o Concelho ainda possui, o conceito das hortas urbanas, desenvolvendo e incentivando a criação de parcelas hortícolas, que para além de
contribuírem para abastecer o mercado local,
3 – O Pólo dedicado à Indústria Moageira, re- também poderiam constituir pólo de atracção
cuperando e preservando os Moinhos ainda de visitantes.
existentes.
- Desenvolvendo e incentivando, a criação de
II – VERTENTE TURISMO AMBIENTAL
núcleos de investigação cientifica, constituídos
ao abrigo de protocolo e parcerias com o pólo
– Pólo de Alburrica e Bico do Mexilhoeiro.
universitário do Barreiro.
Constituído por património natural, criando
uma praia fluvial, uma ou mais unidades Ho- - Desenvolvendo e incentivando a instalação
teleiras de pequeno porte, com origem no Pa- de pequenas e médias empresas, na área das
lacete da Quinta do Braamcamp, dotada de novas tecnologias e/ou tecnologias da inforpiscina, com pendor de “turismo de charme”, mação. (Como até já está previsto no Plano de
e de um pequeno cais para barcos rápidos de Urbanização do Território da Quimiparque).
transporte, Lisboa/Barreiro, Barreiro/Lisboa,
destinado ao acesso ao Pólo Turístico, e con- - Desenvolvendo e incentivando a criação de
tendo dentro do seu território, parte do pólo uma rede de estabelecimentos de restauração
industrial referente à industria moageira, no- e bebidas, com as características das antigas
meadamente o moinho de maré, que seria re- tabernas, onde se serviria o denominado “pecuperado e aberto ao publico, integrando-se tisco”.
neste pólo, a criação de circuitos de visitas a
pé, à Mata da Machada, e respectivo comple- - Desenvolvendo e incentivando a criação de
xo arqueológico, e ao Sapal de Coina. Apro- pequenos estúdios/ateliers artísticos/criativeitando ainda os passeios pelo Rio no Varino vos.
Pestarola.
III – VERTENTE ECONÓMICA
- Desenvolvendo e incentivando a pesca artesanal que ainda hoje se pratica no Barreiro e
que, para além de constituírem um meio de
sobrevivência, podem ser uma atracção em
termos turísticos, aproveitando as condições
hoje existentes, melhorando-as, tornando-as
aptas a produzir riqueza para o Concelho e
para o País.
Acredita-se que, com intervenções ao nível
destes três vertentes essenciais, seria possível
traçar um modelo de cidade, travando a tendência actual de estagnação, atraindo mais
população, turismo e oferecendo qualidade de
vida aos que já aqui vivem, estabelecendo a
“PONTES PARA O FUTURO”
Dulce Reis
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1 – Acto: Um pequeno passeio;
Resido nesta cidade à cerca de dois anos, após ter morado vinte e oito anos numa outra Cidade é-me impossível ser indiferente a esta terra na sua dinâmica. Proponho-me apresentar
esta cidade numa Ode dividida em vários Actos, neste primeiro proponho-me a mostrar o que
observo primeiro numa terra estranha, a sua arquitectura e paisagem. Pormenores de quem
anda de carro ou passeia numa cidade estranha e tenta saber tudo sobre ela num mero passeio, como se fosse um turista curioso com o modo de vivência dos habitantes locais.
Esta cidade é mais pequena que a minha, no entanto sinto-a como se tivesse o dobro do tamanho. Aqui e ao contrario da minha terra as pessoas esvaziam a cidade durante a semana mas
enchem ao fim de semana dando vida e alegria. Os monumentos e patrimónios históricos no
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Barreiro contam-se pelos dedos da minha mão na minha terra há história em cada esquina. Os
espaços verdes são específicos e concentrados enquanto de onde eu venho são muito abundantes. Tenho um pátio em frente ao prédio que habito, esse pátio é um quadrado de alcatrão
que para ser estacionamento temos que passar por cima de passeios, de onde eu venho isso
era impensável e dava origem ás mais corrosivas críticas. As pessoas no Barreiro carregam o
peso da monotonia e rotina, sente-se esse peso quando andamos nos transportes públicos e
chega a ser angustiante. Os transportes públicos no Barreiro são 10 vezes melhores do que
de onde eu venho e o Barreiro vive/vivia á base da industria… industria essa que de onde eu
venho nem vê-la. De onde eu venho eu tinha que fazer a minha própria cultura aqui a cultura
é mestre, mas no outro lado do rio Tejo. Hotéis no Barreiro? Nem vê-los… de onde eu venho?
Dezenas.
Rui Velindro
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Fotografias:
Rui Velindro
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A Ponte...............................
Foi há uns tempos…A vinda da Ponte era dada como certa, houve mobilizações, comemorações, debates, tertúlias, enfim vivia-se um ambiente de Festa e esperança. O facto era dado
como certo, nunca se tinha avançado tanto neste projecto, até os mais cépticos já estavam
convencidos, no entanto e mais uma vez diga-se o que se disser, e por mais crises que existam,
venceu o Preconceito ideológico em relação ao Barreiro.
O preconceito e opressão que ocuparam militarmente o Barreiro durante décadas, o preconceito e opressão que enviou centenas de barreirenses para os cárceres fascistas, foi esse mesmo preconceito que derrotou a aspiração barreirense à Ponte.
Mestres da arte da ilusão (tão bem interpretada pelo Mestre Sócrates) o PS avançou até ao
limite, enganando a população de forma descarada, iludindo os eleitos locais, dando falsas
esperanças a todo um povo ansiando por desenvolvimento. O Poder Local começou a sonhar
mais alto fundamentou e perspectivou planos com base na Ponte, e agora tem uma mão cheia
de nada e uma grande desilusão para gerir.
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..............ao Fundo do Túnel
Hoje com PSD e CDS no Governo por certo nem discussão sobre a nova Ponte teremos, assim
como não a teremos nos próximos anos.
É urgente que a população organizada do Barreiro continue a pressionar as entidades competentes para que a Ponte se torne uma realidade, assim como também é importante a dinamização das mais variadas lutas em torno deste objectivo, a bem do Barreiro.
É claro que existe mais Barreiro para além da Ponte, e é esse Barreiro que agora passada a
ilusão urge descobrir e reinventar. É o Barreiro das Pessoas e das suas generosas capacidades,
é o Barreiro do Rio, é o Barreiro do Movimento Associativo, é o Barreiro da Iniciativa Cultural
e Artistica, é o Barreiro Limpo, é o Barreiro das Novas Indústrias, é o Barreiro dos Transportes
Urbanos de qualidade, enfim é o Barreiro que todos nós construímos no passado e que iremos
continuar a construir no presente e futuro…
Para que um dia tenhamos a Ponte ao fundo do túnel!
Nuno Miguel Ferreira
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HÁ PESCADORES NO BARREIRO!
PRODUZIR PARA O BARREIRO
Hoje, com a construção da ETAR
Barreiro/Moita e com novas filosofias de defesa do ambiente, o rio
começou a despoluir-se e o seu habitat natural começa a reconstruirSeguiu-se o predomínio da indús- se.
tria corticeira, ferroviária, e química. Actividades que, naturalmente, Tal realidade, começa a ter imforam ditando a morte da agricul- pacto na actividade económica,
notando-se um aumento da actitura e da pesca, substituindo-as.
vidade da pesca, mais pescadores,
As indústrias referidas, trouxeram e, sobretudo, mais uma forma de
alguns malefícios, sobretudo na fazer face a situações crescentes
área ambiental, e no ordenamento de desemprego por parte de quem
nunca perdeu o gosto pela activido território.
dade.
Um crescimento acelerado, ditado
pela urgência da laboração fabril, No Barreiro, fruto dessa realidade,
levou a que o território crescesse começam a ressurgir actividades
de costas voltadas para o rio, que ligadas ao rio, como é o caso da
em breve, se transformou de local pesca, identificando-se já um núaprazível e detentor de recursos mero considerável de pescadores,
alimentares para muitas famílias, pessoas que tiram do rio o sustennum rio poluído que inviabilizou a to das suas famílias.
manutenção da actividade piscatória, a qual ficou reduzida, tendo Segundo o STP Sul, esta realidade
perdido a importância de activi- é já reconhecida pela APL que se
dade económica que outrora deti- mostra disponível para apoiar este
tipo de actividade no Barreiro, tennha.
do, em Abril passado, visitado as
Ao que se julga, as actividades
económicas no Barreiro, em tempos idos, terão sido constituídas
por agricultura e pesca.
instalações da Doca da CP, no Barreiro e a Barra-a-Barra, a convite
deste Sindicato.
A visita ocorreu, na sequência dos
problemas que o Sindicato tem vindo a levantar nas reuniões mensais
que tem mantido com a APL, sobre
a falta de condições de trabalho
das comunidades piscatórias do
Concelho do Barreiro, derivadas
da inexistência de infra-estruturas
de apoio à Pesca.
O Sindicato tem igualmente vindo
a abordar esta questão, inexistência de infra-estruturas, com as Câmaras do Barreiro e Moita e também com a ARHTejo, manifestando
insistentemente a necessidade de
encarar o problema e encontrar
soluções, que apoiem e desenvolvam uma das tradicionais actividades desta zona, considerando que
as 57 embarcações registadas na
Delegação Marítima do Barreiro
demonstram a potencialidade existente da pesca artesanal e local.
A realidade actual, dá-nos conta
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que, no Barreiro, a maioria dos Pescadores exerce a sua actividade num local cedido, pela CP, (a Doca da CP),
e ainda em alguns lugares dispersos.
Existe a consciência de que, quer a localização, quer as instalações cedidas pela CP, podem constituir uma
solução com condições e com recurso a investimento de pouca monta, bastando uns melhoramentos que
permitissem a acostagem para descarga do pescado, e arrecadações para armazenamento dos materiais dos
profissionais da Pesca.
Na Barra-a-Barra, a situação é pior, pois para além dum pequeno cais palafítico construído pelos próprios
pescadores, não existe rigorosamente mais nada.
Aí a faina é bem mais dura, pelo assoreamento existente, que leva a que a descarga do pescado se faça numa
árdua caminhada de 400 metros na lama até puder chegar a terra e onde não existe nenhum local para arrumar as redes e os aprestos. A solução neste local, passa pela construção dum pequeno cais na zona de maior
caudal e encontrar uma pequena parcela para a construção de pequenos alvéolos de armazenamento dos
materiais da pesca.
Mesmo estando sensível e aberta a uma solução para ambos os problemas, a APL embora tendo a jurisdição
da área, não pode avançar com melhoramentos por os terrenos pertencerem, no caso do Barreiro, da CP e
no caso da Barra-a-Barra, da Baia do Tejo. Este é um obstáculo para encontrar uma solução que dê condições
condignas de trabalho ao Pescadores.
A procura para a solução destes problemas, envolve diversas entidades, como as Autarquias do Barreiro e
Moita dentro do quadro do Arco da Zona Ribeirinha, tentando estabelecer sinergias onde a Pesca Profissional
Artesanal e Local tenha o seu espaço, que no entender do STPSul valorizará a Região, contribuirá como pólo
turístico sem deixar de contribuir para a Gastronomia, onde o pescado pode assumir importância.
A possibilidade de resolver os problemas actuais, depende essencialmente, do envolvimento de todas as entidades com poder para tal, como é o caso das Autarquias, da CP da Baía Tejo.
O STPSul tem vindo a colocar o problema da Pesca no Barreiro na ordem do dia, porque estamos convencidos
que esta pode ser também uma vertente das actividades económicas que pode e deve valorizar o Barreiro.
Nos últimos tempos, o Sindicato tem vindo a abordar estas questões com as entidades competentes, convicto
de que com um melhor conhecimento da importância e o lugar próprio que a Pesca tem no Barreiro, é fundamental reflectir e encontrar a breve trecho, soluções, sob o risco de com o tempo e a falta de condições ao
exercício da pesca, esta sucumba, perdendo o Barreiro uma das suas mais tradicionais e antigas actividades.
O Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Sul considera, que à semelhança do que aconteceu em Trafaria,
Almada, onde se vai construir um porto de abrigo na Cova do Vapor e também em fase de aprovação na Trafaria para a pesca artesanal, tal realidade pode ser conseguida também no Barreiro, o que significaria uma
mais-valia para a cidade e concretizaria o desejo de aproveitar em pleno, as potencialidades dos nossos rios.
Será caso para dizer: Há pescadores no Barreiro ?
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“Que nunca caiam as pontes entre nós!”
A ponte para o futuro era o mote para a notícia.
Reflecti sobre o tema e, por mais que evitasse, o pensamento confluía num ponto, ou
melhor dizendo, nas “pontes”, nas interacções que se estabelecem no interior dos grupos e
entre grupos, nas “pontes” que resultam de “pontes”.
As pontes são a lógica da vida! No meu horizonte havia pontes que me causavam medo,
outras dúvida e outras esperança. Agora que o medo perdi, tenho medo de perder a esperança numa ponte para o futuro. Ao lembrar uma ponte, do lado de cá do tempo, alforaram
muitas outras nomeadamente a principal delas: a educação!
A escola é uma formação social em interacção com o meio envolvente e com outras instituições, espaço onde convergem processos de mudança desejada e reflectida. A existência
de valores, de regras, auxiliam a saber o que é esperado, válido, legítimo; contribuem para a
aprendizagem social e para a socialização. Assim, as “pontes” surgem com a história do grupo,
desenvolvendo-se na medida da sua evolução.
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Algumas “pontes” levam à definição dos papéis sociais, outras auxiliam a compreender
as expectativas mútuas, outras (ainda) controlam o ritmo próprio de cada grupo social, representado por certa dinâmica e agilidade de acção. As “pontes” resultam da acção sobre o
meio e sobre o homem, e a nossa marca pessoal acaba sempre por depender da relação com
os demais.
A ponte para o futuro foi o mote desta notícia.
Podia falar-vos da importância da TTT para o Barreiro, do património, de turismo cultural, de ligações! No entanto, ao dar conta da importância da diversidade que nos cerca,
percebo o valor e a dimensão da complementaridade, a importância da participação cívica, o
significado do todo, da unidade!
Neste contexto também eu expresso o desejo de que nunca caiam as pontes entre
nós!
Manuela Rocha
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