ESTUDO COMPARATIVO DE DETERMINAÇÃO DO MÓDULO DE RESILIÊNCIA
UTILIZANDO OS MÉTODS GEOGAUGE H4140 E CALIFORNIA BEARING RATIO (CBR)
DE CAMPO E LABORATÓRIO
MARIANA COSENZA LIMA
HEBERT DA CONSOLAÇÃO ALVES
KARINE COTA MOREIRA
GILBERTO FERNANDES
FOZ DO IGUAÇU – PARANÁ
2015
RESUMO
A metodologia para dimensionamento de pavimentos usado em grande parte dos países é o método
mecanístico, processo no qual se dimensiona o sistema de camada submetido a cargas de rodas por
suas propriedades de tensão, deformação e deslocamento. Ensaios de laboratório e campo fornecem
parâmetro de deformabilidade necessários ao dimensionamento. Neste trabalho foi realizada uma
ampla campanha de ensaios nas quais foram obtidos dados para caracterização da matriz de solo e
correlação do módulo de resiliência e California Bearing Ratio (CBR) de campo e de laboratório.
Nas análises dos resultados dos ensaios dinâmicos e estáticos, foi possível obter parâmetros para
correlações. A aplicação dessa relação possibilita o dimensionamento da via utilizando parâmetros
relacionada à fase elástica do solo. Nos ensaios dinâmicos foi utilizado o GeoGauge, também
conhecido por Soil Stiffness Gauge (SSG), no qual é um equipamento eletromecânico portátil, de
fácil manuseamento e baixo custo de utilização, que permite medir rapidamente o módulo de
resiliência, propriedade do material e a rigidez in situ que é uma propriedade da estrutura formada,
sem perturbação do solo. Já para os ensaios estáticos foi utilizado CBR de laboratório no qual
permite uma coleta de informações da resistência do solo. O presente trabalho foi realizado no
Laboratório de Ferrovias e Asfalto da Escola de Minas, na Universidade Federal de Ouro Preto –
Minas Gerais.
PALAVRAS-CHAVE: Módulo de resiliência, CBR, CBR de campo, Geogauge.
ABSTRACT
The methodology for pavement design used in most of the countries is the mechanistic, which is a
process that design layer system subjected to wheel loads for its properties of stress, strain and
displacement. Laboratory tests and field tests provide the required deformability parameter for
design. In this paper an extensive test campaign was realised, in which data for characterization of
the soil matrix and interconnection between the resilient modulus and California Bearing Ratio
(CBR) in situ and in laboratory was performed. The analysis of the dynamic and static tests results,
it was possible to obtain parameters for correlations. The application of this relationship enables the
design of way using elastic phase related to soil parameters. In the dynamic tests Geogauge, also
known as Soil Stiffness Gauge (SSG) was used in situ. The equipment is a portable
electromechanical apparatus, easy handling, low cost of use and with no disturb of the soil, that lets
quickly measure of the resilient modulus, material property and stiffness, which is a property of the
structure. For the static testing, the CBR laboratory allows collecting information of soil resistance.
This work was performed in the Laboratory of Railways and Asphalt from the School of Mines, in
the Universidade Federal de Ouro Preto - Minas Gerais.
KEY WORDS: Resilient Modulus, CBR, CBR in situ, Geogauge
INTRODUÇÃO
A existência de uma matriz de transporte eficaz e de qualidade é essencial para a economia
de um país, já que esse contribui ativamente para a geração de empregos, melhora a distribuição de
renda e reduz as distâncias incentivando a economia e o acesso da população a bens de consumo e
serviços. Segundo dados do Sistema Nacional de Viação – SNV existem no país 1.713.885 km de
rodovias, dos quais apenas 202.589 km são pavimentados, isto é, 11,8% da malha.
Com investimentos do setor público e privado, a malha rodoviária cresce a cada ano. Entre
2004 e 2013, segundo o Conselho Nacional de Transporte – CNT, a malha rodoviária federal
expandiu-se de 57,9mil km para 64,9 mil km, constituindo um aumento de 12,1%. Observou-se
também que a maior parte desse crescimento ocorreu no Norte do país (37,4%), seguido do CentroOeste (16,9%).
Apesar desse crescimento, o Brasil ainda possui um baixo grau de desenvolvimento em sua
infraestrutura quando comparado com outros países de dimensões compatíveis, como Rússia,
Estados Unidos da América, Canadá, Austrália e China. Ainda segundo o CNT, a densidade de
malha rodoviária pavimentada é a menor entre esses países: 23,8km de infraestrutura rodoviária
para cada 1000km2 de área.
O estado de conservação das rodovias no Brasil é também considerado insatisfatório quando
comparado com outras economias mundiais. A pesquisa realizada pelo CNT em 2013 concluiu que
um total de 13.319 km das rodovias brasileiras apresenta o estado de conservação crítico (Ruim ou
Péssimo), sinalizando grande risco à segurança e necessidade de maior intervenção.
A manutenção da via é fundamental para conservação do pavimento flexível e garantia de
sua vida útil de projeto. Porém, o dimensionamento do pavimento deve ser realizado considerando
as características locais do solo do local, além das condições ambientais e de uso da via.
No Brasil, o método de dimensionamento de pavimento flexível segundo o Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) é baseado no trabalho “Design of Flexible
Pavements Considering Mixes Loads and Traffic Volume”, da autoria de W. J. Turnbull, C.R.
Foster e R.G. Ahlvin, do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos da América e
conclusões obtidas na Pista Experimental da American Association of State Highway and
Transportation Officials (AASHTO). Esse método possui grandes benefícios ao se tratar do
dimensionamento de pavimentos, pois se baseia na condição de ruptura do solo em seu estado
crítico, ou seja, na saturação completa. Porém, a metodologia não leva em consideração as
deformações causadas pelo movimento cíclico das cargas em sua superfície, nas quais geram graves
problemas na estrutura do pavimento.
Por isso, há a necessidade de desenvolver novas abordagens que representassem melhor o
comportamento de um pavimento sujeito ao rolamento de veículos. Muitos estudos vêm sendo
realizados recentemente no sentido de incorporar resultados de módulo de resiliência em
procedimentos de projetos de pavimentos, como já é realizado em diversos países na Europa e
Estados Unidos da América.
METODOLOGIA
Nesse trabalho foram realizados ensaios de campo e de laboratório visando à determinação
das características do material, CBR e módulo de resiliência, por meio de correlações com o
GeoGauge, para dimensionamento de subleito e sublastro de uma ferrovia.
Para realização do trabalho foram coletadas amostras de solo, de acordo com a Norma NBR
6.457/86 (Amostras de Solo – Preparação para Ensaios de Compactação e Ensaios de
Caracterização), de uma área de empréstimo na região do distrito de Lavras Novas para
caracterização e verificação da capacidade dessas para serem empregadas como subleito e sublastro
de uma ferrovia.
Os ensaios de laboratório foram executados no Laboratório de Ferrovias e Asfalto, na
Universidade Federal de Ouro Preto. Foi realizada a caracterização dos materiais coletados em
campo para a camada de sublastro e subleito, incluindo granulometria do material, Limites de
Consistência, Curva de Compactação, além do CBR das duas camadas.
Os ensaios de campo consistiram na medição da rigidez das camadas compactadas por meio
do GeoGauge. Para realização do ensaio, uma seção com dimensões de 1,0m por 1,0m e 30cm de
profundidade foi aberta e compactada com as devidas especificações e características determinadas
nos ensaios realizados.
O ensaio de granulometria foi realizado de acordo com a Norma NBR 7.181/84 (Solo –
Análise Granulométrica). A amostra recebida do campo deve ser seca ao ar ou por meio do uso de
aparelho de secagem, em uma temperatura máxima de 60ºC, visando à manutenção de suas
características.Os torrões devem ser desagregados na etapa seguinte. A amostra então deve ser
quarteada e deve-se obter uma amostra representativa de cerca de 1500g para solos argilosos e de
2000g para solos arenosos ou pedregulhos. Com o auxílio das peneiras de 2,0mm e de 0,075mm,
coloca-se a amostra sob água corrente e esfrega-se com as mãos, a fim de desagregar os torrões de
solo existentes. O objetivo da peneira de 2,0mm é evitar que o material de diâmetro maio venha
sobrecarregar a de 0,075mm, danificando a malha. O material é então seco em estufa a 105ºC110ºC até constância de peso. Após seco, o material é peneirado em peneiras de 50-38-25-19-9,54,8-2,0-1,2-0,6-0,42-0,3-0,15 e 0,075mm, pesando as frações da amostra retidas nas peneiras.
Os limites de consistência podem ser definidos a partir de ensaios de laboratório. O limite de
liquidez é o teor de umidade na qual se unem, em um centímetro de comprimento, as bordas de uma
ranhura aberta por um cinzel de dimensões padronizadas em uma amostra de material sobreposto
em um aparelho denominado concha Casagrande, sob o impacto de 25 golpes. Esse corresponde ao
estado de transição do estado líquido para o plástico e pode foi determinado pela Norma ABNT
6.459/84 (Solo – Determinação do Limite de Liquidez).
O limite de plasticidade, determinado de acordo com a norma ABNT 7.180/81(Solo –
Determinação do Limite de Plasticidade), consiste no teor de umidade capaz de fazer apresentar em
um solo pequenas rachaduras, quando enrolado em bastões de 3mm de diâmetro. O limite de
plasticidade é o menor teor de umidade em que o solo se comporta plasticamente, definindo,
portanto, a transição entre o estado plástico e o semissólido.
Já o limite de contração corresponde ao teor de umidade que caracteriza uma perda de
umidade do material no qual esse não sofre diminuição de volume. Esse limite marca a transição
entre o estado semissólido e o estado sólido.
No caso do trabalho em estudo, foram realizados os ensaios de Limite de Liquidez e Limite
de Plasticidade das duas amostras.
Para o cálculo do índice de grupo (IG), a fórmula abaixo foi aplicada.
IG = 0,2 ∗ a + 0,005 ∗ a ∗ c + 0,01 ∗ b ∗ d
Onde,
(5)
a e b são coeficientes granulométricos;
c e d são coeficientes de plasticidade
Os índices são determinados de acordo com a percentagem de material que passa pela peneira
200 e pelos resultados dos ensaios dos limites de liquidez e plasticidade. IG é um número inteiro
variando de 0 a 20 e define a capacidade de suporte do terreno de fundação de um pavimento.
Quanto menor IG melhor será o solo. IG = 0 indica material excelente e IG = 20 indica péssimo
material para subleito.
Na curva de compactação a amostra é seca ao ar ou por aparelhagem de secagem, destorroada,
homogeneizada e quarteada, obtendo-se uma amostra de aproximadamente 6kg para solos siltosos e
7kg para solos arenosos ou pedregulhos, segundo norma do NBR 7.182/86 (Solo – Ensaio de
Compactação). A amostra é passada em peneira de 19mm e compactada em molde em cinco
camadas iguais, de forma a se obter uma altura total do corpo-de-prova de cerca de 12,5cm, após
compactação. Após compactação da amostra, deve-se remover o cilindro complementar e terminar
o peso do material úmido compactado. A amostra então é retirada do molde cilíndrico e são
retiradas duas amostras para determinação da umidade do material. Essas devem ser pesadas e
levadas à estufa numa temperatura de 110ºC±5ºC, até constância de peso. A relação entre a amostra
úmida e seca indicara o teor de umidade da amostra compactada, visando à terminação da umidade
ótima do material. O procedimento deve ser repetido com teores de umidade crescentes, tantas
vezes quantas necessárias para caracterizar a curva de compactação, no mínimo cinco vezes.
O ensaio do Índice de Suporte Califórnia foi padronizado no Brasil pela ABNT: NBR
9895/87.
A amostra preparada é seca em estufa, pesada e destorroada. Após essa etapa, passa-se o
material da peneira de 19mm e adiciona-se água de modo a atingir no mínimo 3 pontos no ramo
seco e 2 no ponto úmido na curva de compactação. Em seguida, a amostra é compactada em cinco
camadas iguais de forma a se ter uma altura total de solo de cerca de 12,5cm, após a compactação.
Cada camada receberá 12 golpes do soquete (caso o material seja de subleito), 26 ou 56 golpes
(caso de materiais de subbase e base). É retirado material para aferição da umidade da amostra.
Os corpos de prova são então imersos em água durante quatro dias, nos quais a aferição da
expansão de cada cilindro será verificada de 24h em 24h. Os cilindros deverão ter uma sobrecarga
maior ou igual a 4,536kg.Terminada a saturação, o corpo de prova é retirado da água e após,
aproximadamente 15 minutos é pesado.O pistão é encaixado no equipamento e o extensômetro
zerado. Aplica-se então o carregamento com velocidade e 1,27mm/min, anotando-se a carga e a
penetração a cada 30 segundos, até decorridos o tempo de 6 minutos. O cálculo do CBR é realizado
por meio da fórmula:
𝐶𝐵𝑅 =
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑃𝑎𝑑𝑟ã𝑜
∗ 100
(6)
Onde a pressão a ser utilizada será a carga obtida dividida pela área do pistão.
“A classificação de solos do HRB se baseia no Limite de Liquidez, o Índice de Plasticidade
e no ensaio de granulometria, considerando as porcentagens que passam nas peneiras nºs 10, 40 e
200”. (SENÇO, 1997).
O Sistema de Classificação Unificado baseia-se também na textura e na plasticidade dos
solos. Desse modo, além de adotar a peneira nº200 como separadora dos materiais de granulação
grossa e granulação fina, considera também a forma das curvas granulométricas, distinguindo os
solos bem graduados dos solos mal graduados.
Os procedimentos para a utilização do equipamento GeoGauge são padronizados pela
Norma ASTM D 6758-02 (Standart Test Method for Measuring Stiffness anda Apparent Modulus
of Soil Agregate in-Place by na Electro-Mechanical Method). O equipamento de medida do solo
pertence ao Laboratório de Ferrovias e Asfalto.Seguindo recomendações da literatura, em cada
seção, o ensaio foi realizado três vezes, deslocando-se o equipamento lateralmente, em cada um dos
ensaios, aproximadamente 50 centímetros, o que possibilitou a verificação da repetibilidade dos
ensaios.
RESULTADOS E ANALISES
Os resultados dos ensaios de granulometria para o solo de subleito estão indicados na
Tabela 1 e Figura 1.
Tabela 1 - Resultados do ensaio de Granulometria do Subleito
Granulometria – Subleito
% Passante na Peneira 3”
% Passante na Peneira 2”
% Passante na Peneira 1”
% Passante na Peneira 3/8”
% Passante na Peneira nº4
% Passante na Peneira nº10
% Passante na Peneira nº40
% Passante na Peneira nº200
0
0
0
76,7
35,2
75,64
235,66
632,5
Figura 1 - Curva Granulométrica – Subleito
Com base nos resultados encontrados no ensaio de granulometria da amostra, conclui-se que o solo
possui graduação fina.
Os resultados dos ensaios para determinação dos limites de consistência do estão indicados
na Tabela 2.
Tabela 2 - Limites de Consistência
Limites
Limite de Liquidez (LL)
33,5%
Limite de Plasticidade (LP) 26.1%
Índice de Plasticidade (IP) 7,4%
O solo apresenta índice de plasticidade baixo, caracterizando que o solo possui baixa
plasticidade, o que caracteriza que o solo absorve pouca quantidade de água e sofre baixa contração
quando ocorre a retirada da umidade.
Por meio dos resultados dos ensaios de granulometria e limites de consistência, o índice de
grupo do solo ensaiado é 6,4. Valores próximos de zero indicam que o solo é de excelente qualidade
para subleito, portanto, considera-se que o solo ensaiado pode ser utilizado como camada de
subleito com bom desempenho.
Por meio da realização dos ensaios de compactação e índice de suporte Califórnia, as informações
características descritas na Tabela 3 foram determinadas.
Tabela 3 - Características mecânicas do solo
Massa específica máxima seca 1.860 kg/dm³
Umidade ótima
26,7
%
Expansão
0,1
%
Índice de Suporte Califórnia
9,8
%
A partir dos dados obtidos, conclui-se que o solo pode ser utilizado como camada de subleito de
um pavimento flexível, já que possui CBR maior 2% e expansão menor que 1%. O ensaio de
compactação foi realizado com energia de compactação intermediário e a curva de compactação
está indicada na Figura 2.
Figura 2 - Curva de Compactação - Subleito
De acordo com os dados obtidos nos ensaios, o solo é classificado de acordo com a Highway
Research Board (HRB), atual Transportation Research Board (TRB) como um solo A4.
O solo típico do grupo A4 constitui-se de um solo siltoso não plástico, ou moderadamente
plástico, possuindo, geralmente, 5% ou mais passando na peneira nº 200. Inclui também misturas de
solo fino siltoso com até 64% de areia e pedregulho retidos na peneira nº200. Os valores dos índices
de grupo vão de 1 a 8, as percentagens crescentes de material grosso, dando origem a valores
decrescentes para os índices de grupo. (DNIT, 2006)
No sistema de classificação SUCS, o solo utilizado nessa pesquisa se classifica como CL. O
solo caracterizado em estudo, classificado no grupo CL, pode ser descrito como uma argila sem
matérias orgânica, de baixa plasticidade, arenosas ou siltosas.
As medições realizadas com o aparelho GeoGauge na seção de subleito estão disposta na
Tabela 4. Os aparelhos utilizados estavam calibrados e os ensaios foram realizados de acordo
com a norma.
Tabela 4 - Dados obtidos pelo aparelho GeoGauge
Medições Geogauge
Material:
Data:
Localização
1
2
3
4
5
Subleito
04/12/2014
Rigidez (MN/m)
Young (MPa)
Rigidez (MN/m)
Young (MPa)
Rigidez (MN/m)
Young (MPa)
Rigidez (MN/m)
Young (MPa)
Rigidez (MN/m)
Young (MPa)
6.85
59.42
5.86
50.84
8.27
71.75
9.17
79.55
5.17
44.83
7.05
61.15
6.04
52.44
8.63
74.91
9.59
83.15
5.38
46.65
7.09
61.5
5.98
51.9
8.76
75.96
9.75
84.62
5.47
47.44
Média
6.99
60.69
5.96
51.73
8.55
74.21
9.50
82.44
5.34
46.31
Para análise dos dados colhidos, foi realizada uma média entre os valores encontrados, no
qual se encontram na Tabela 5. Com base nesses valores, foram aplicados os cálculos de correlação
entre a rigidez encontrada pelo aparelho GeoGauge e o módulo de resiliência. Aplicando a fórmula
de correlação do CBR com o módulo de resiliência, indicado pelo Departamento de Transporte de
Minnesota, encontra-se o valor de 75,84MPa. Os dados apresentados estão resumidos na Tabela 6.
Tabela 5 - Valores médios da rigidez e módulo Young para subleito
Valor médio na seção:
Rigidez
7.27
Unidades:
MN/m
Young
MPa
63.07
Tabela 6 - Valores do módulo de resiliência via GeoGauge e CBR
Módulo de Resiliência do solo pelo GeoGauge
Módulo de Resiliência do solo pela correlação com o CBR
63,07 MPa
75,84 MPa
Os resultados dos ensaios de granulometria para o solo de sublastro estão indicados na Erro!
Fonte de referência não encontrada.
Granulometria - Subleito
Peso Passante na Peneira 3”
Peso Passante na Peneira 2”
Peso Passante na Peneira 1”
Peso Passante na Peneira 3/8”
Peso Passante na Peneira nº4
Peso Passante na Peneira nº10
Peso Passante na Peneira nº40
Peso Passante na Peneira nº200
0g
0g
83,02g
69,19g
103,72g
241,34g
485,12g
262g
Com base nos resultados encontrados no ensaio de granulometria da amostra, conclui-se que o
solo possui graduação grossa. Além disso, granulometria é classificada como descontínua segundo
traçado de sua curva. Pode-se perceber que não há uniformidade nas porções das diversas frações.
Além disso, a elevada porcentagem de finos garante ao material um bom desempenho como
material para suporte de cargas.
Figura 3- Curva Granulométrica - Sublastro
O coeficiente de não uniformidade do solo e o coeficiente de curvatura não podem ser
calculados, pois não é possível encontrar o d10, já que não foi realizado ensaio de sedimentação.
Para o ensaio de limite de consistência para a amostra de sublastro por se tratar de um
material muito granular. Desse modo, a classificação do solo se enquadra nas especificações
descritas na Tabela 8.
Tabela 7 - Limites de Consistência
Limites
Limite de Liquidez (LL)
NE
Limite de Plasticidade (LP) NP
Índice de Plasticidade (IP) NP
As abreviações NE e NP indicadas indicam respectivamente, não encontradas e não plástico.
Por meio dos resultados dos ensaios de granulometria e limites de consistência, o índice de
grupo do solo ensaiado é 0,0. Valores próximos de zero indicam que o solo é de excelente qualidade
para subleito. Nessa lógica, conclui-se que o solo ensaiado é de excelente qualidade para ser
utilizado em uma camada de subleito.
Por meio da realização dos ensaios de compactação e índice de suporte Califórnia, as
informações características descritas na Tabela 8 foram determinadas.
Tabela 8 - Características mecânicas do solo
Massa específica máxima seca
2.550
kg/dm³
Umidade ótima
6,63
%
Expansão
0.09
%
Índice de Suporte Califórnia
160.7
%
O ensaio de compactação foi realizado com energia de compactação intermediário e a curva de
compactação está indicada na
Figura 4.
Figura 4 - Curva de Compactação - Sublastro
De acordo com os dados obtidos nos ensaios, o solo é classificado de acordo com a Highway
Research Board (HRB), atual Transportation Research Board (TRB) como um solo A-1-B. O
sistema de classificação HRB considera a granulometria, o limite de liquidez, índice de plasticidade
e o índice de grupo, como já citado anteriormente.
O grupo A-1, segundo a classificação, condiz com materiais de mistura bem graduada de
fragmentos de pedra ou pedregulhos, areia grossa, areia fina e um aglutinante de solo não plástico
ou fracamente plástico ou simplesmente não contêm aglutinante, como é o caso do subgrupo A-1-B.
(DNIT, 2006)
Já no sistema de classificação SUCS o solo utilizado nessa pesquisa não pode ser
classificado por ser um material onde o limite de plasticidade não pode ser verificado.
As medições realizadas com o aparelho GeoGauge na seção de sublastro estão disposta na
Tabela 9.
Tabela 9 - Dados obtidos pelo aparelho GeoGauge
Medições Geogauge
Material:
Sublastro
Data:
04/12/2014
Localização
Média
1
Rigidez (MN/m)
17.34
17.56
17.63
17.51
Young (MPa)
150.42
152.36
152.96
151.9133
2
Rigidez (MN/m)
13.9
14.64
15.02
14.52
Young (MPa)
120.55
127.02
130.31
125.96
3
Rigidez (MN/m)
17.1
17.92
18.27
17.76333
Young (MPa)
148.38
155.43
158.51
154.1067
4
Rigidez (MN/m)
12.42
12.89
13.07
12.79333
Young (MPa)
107.76
111.85
113.4
111.0033
5
Rigidez (MN/m)
17.21
18.07
18.34
17.87333
Young (MPa)
149.31
156.79
159.11
155.07
Para análise dos dados colhidos, foi realizada uma média entre os valores encontrados, no
qual se encontram na Tabela 10. Aplicando a fórmula de correlação do CBR com o módulo de
resiliência, indicado pelo Departamento de Transporte de Minnesota, encontra-se o valor de
454.32MPa. Os dados apresentados estão resumidos na Tabela 11.
Tabela 10 - Valores médios da rigidez e módulo young para sublastro
Valor médio na seção: Unidades:
Rigidez
16.09
MN/m
Young
139.61
MPa
Tabela 11 - Valores do módulo de resiliência via GeoGauge e CBR
Módulo de Resilência do solo pelo GeoGauge
Módulo de Resiliência do solo pela correlação com o CBR
139,61 MPa
454,32 MPa
CONCLUSÃO
A importância do dimensionamento de um pavimento está diretamente ligada aos
parâmetros adotados para definição de sua estrutura. É essencial a consideração da condição de
ruptura do solo em seu estado crítico, como é atualmente baseado o dimensionamento dos
pavimentos no Brasil.
Nessa pesquisa, buscou-se realizar uma verificação de equações de correlação entre o Índice
de Suporte Califórnia, mais conhecido como CBR e o módulo de resiliência, que pode ser obtido
por meio da correlação de dados advindos do aparelho GeoGauge.
As diferenças entre os módulos de resiliência encontrados por meio do aparelho GeoGauge e
a correlação com o CBR podem estar ligadas ao processo de compactação das camadas das seções
analisadas. O ensaio de campo, realizado com o GeoGauge analisou uma seção na qual foi
compactada com equipamento considerado pouco apropriado para os tipos de solo analisados no
trabalho. Além disso, as camadas a serem compactadas deveriam ter espessuras menores do que a
utilizada, garantindo com isso uma compactação similar a de laboratório, garantindo um índice de
vazios baixo.
A obtenção das formulas advém de ensaios realizados e a fórmula foi obtida por meio de
regressão linear, comparando estatisticamente os dados obtidos.
Por fim, visando um melhor aproveitamento dos equipamentos existentes no mercado para
melhorar a eficiência nas frentes de obra e garantir um dimensionamento e execução de
terraplenagem mais próximo possível do projeto, é necessária a realização de uma pesquisa mais
aprofundada sobre o aparelho GeoGauge e as fórmulas de correlação, afim de encontrar correlações
que mais se aproximem das características dos solos brasileiros.
Além disso, o uso da correlação entre o CBR e o módulo de resiliência possibilita um
dimensionamento do pavimento relacionando essa última característica do solo como determinante,
garantindo, portanto, que o pavimento será capaz de absorver as tensões resultantes das cargas
cíclicas procedentes da passagem de carga sobre o pavimento.
REFERÊNCIAS
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Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, 3p.
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pavimentação. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6.459 (1984a). Solo – Determinação do limite de
liquidez. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, 6p.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.181(1984b). Solo – Análise
granulométrica. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, 13p.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6.457 (1986a). Amostras de Solo –
Preparação para Ensaios de Compactação e Ensaios de Caracterização. Associação Brasileira de
Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, 9p.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.182 (1986b). Solo – Ensaio de
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ESTUDO COMPARATIVO DE DETERMINAÇÃO DO