Federação Nacional dos Professores
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José António Garcia Chaves venceu o 'Prémio Literário Vergílio
Ferreira 2007 - Ensaio'
O madeirense José António Garcia Chaves venceu, em Agosto, o 'Prémio Literário Vergílio Ferreira 2007 - Ensaio' com
um trabalho intitulado 'As Vozes das Mulheres - Uma escrita acerca das mulheres e das viagens interiores de Maria
Ondina Braga'.
O estudo será lançado a 1 de Março do próximo ano, numa editora ainda a anunciar, numa iniciativa da entidade promotora do
prémio, a Câmara Municipal de Gouveia (terra natal de Vergílio Ferreira).
Professor há nove anos na Escola Profissional Atlântico, José António Chaves debruça-se, no ensaio realizado, sobre a figura da
escritora bracarense (1932-2003), autora de poesia, romance, contos e crónicas, e pelo seu percurso de vida, "marcado pela
solidão, pelo afastamento" e por uma indisfarçável melancolia.
O nosso interlocutor classifica, mesmo, como "de uma tremenda depressão a escrita de Maria Ondina Braga", que, além de autora,
era também docente, tendo leccionado em Angola, Goa e Macau.
Maria Ondina Braga praticava "uma escrita de desolação", diz José António Chaves, e também marcada pela presença das
mulheres, como em Natália Correia, autora sobre a qual este professor realizou a sua tese de mestrado.
Porém, ao contrário desta última, em Maria Ondina Braga esta presença feminina não é feita da celebração do seu carácter etéreo,
materno, afirmativo: "São mulheres tangíveis, ligadas ao quotidiano, muitas vezes massacradas pelos maridos, pela tradição
cultural", esmagadas pela submissão...
"Prefiro chamar-lhe cronista, porque ela cultiva esta atitude na sua escrita. Ela capta aquilo que o seu olhar, a sua sensibilidade,
vê, vertendo-o numa escrita fortemente deambulativa, melancólica, ligada a um percurso interior" que constitui o contraponto das
suas viagens reais, pelo mundo.
José António Chaves já venceu recentemente outro prémio, atribuído pela Federação Nacional de Professores (FENPROF), com
um trabalho sobre a poesia de Miguel Torga, A Escrita do Desassossego'. Na sua opinião, o ensaio é um género negligenciado em
Portugal, ao contrário do que acontece em França ou nos países anglo-saxónicos.
"Apoiamos mais a produção criativa, mas não a parte crítica". Ao invés de obter a projecção pública desejável, o ensaio
circunscreve-se, quase, a círculos académicos. Mas "devia chegar a toda a gente", diz o entrevistado.
DN Madeira, 19/09/2007
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José António Garcia Chaves venceu o `Prémio Literário