COMUNIDADE DE CONSERVAÇÃO:
abordagem conceitual da prática de uma estratégia*
Marcos Aurélio Da-Ré
*
Capítulo VI do livro Empreendedores Sociais em Ação, editado por Cultura Editores Associados. 2001.
BIOGRAFIA DO AUTOR
Marcos Da-Ré é biólogo formado pela Universidade Federal de Santa Catarina em
1989. Entre 1987 e 1991, realizou vários estudos da fauna da Mata Atlântica. Em 1991,
a convite do Comitê Internacional para Recuperação da Ararinha-Azul, implantou e
coordenou o Projeto Ararinha-Azul, em Curaçá BA, onde permaneceu até final de 1997,
quando retornou para Florianópolis SC. Desde então, tem trabalhado na Socioambiental
Consultores Associados Ltda., onde está utilizando a consultoria como ferramenta para
aplicação de elementos da comunidade de conservação. Membro fundador do Instituto
Synthesis, Marcos Da-Ré é fellow da Ashoka desde 1994.
ENDEREÇO
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PALAVRAS-CHAVE
motivação
integração de interesses
conservação
RESUMO
Após breve exposição de características tradicionais da cultura do homem
sertanejo da região do semi-árido da Bahia, o biólogo Marcos Dá-Ré expõe a evolução
do trabalho de campo que realizou ao longo de seis anos em Curaçá BA, área em que se
encontrava o último exemplar sobrevivente na natureza da ararinha-azul (Cyanopsitta
spixii). Para garantir a preservação da raríssima espécie de ave, bem como de seu
hábitat, a fim de promover futuras reintroduções na natureza de exemplares em
cativeiro, Marcos propõe o conceito de “comunidade de conservação” (expressão que é
um trocadilho da já conhecida “unidade de conservação”). A região é extremamente
carente do ponto de vista econômico e social, mas há um abrangente conjunto de
interesses comuns entre os sertanejos, como são chamados os indivíduos que vivem na
região, e a natureza que os cerca, simbolizada aqui por uma espécie em particular, a
ararinha-azul. Até hoje guardiães diretos da espécie na natureza, os vaqueiros sertanejos
assumiram espontaneamente a função desde o início da implantação do programa do
Comitê Permanente para a Recuperação da Ararinha-Azul, por motivações basicamente
subjetivas, dentre as quais a ética e a estética, valores mais fortes detectados na base das
decisões individuais.
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COMUNIDADE DE CONSERVAÇÃO:
abordagem conceitual da prática de uma estratégia
Marcos Aurélio Da-Ré
O presente capítulo aborda elementos conceituais em construção, que se apóiam
sobre as bases elaboradas durante seis anos de experiência contínua de campo. Nessa
experiência, vivi em bases permanentes numa pequena cidade do sertão semi-árido do
Nordeste brasileiro, chamada Curaçá, situada no estado da Bahia. Como biólogo, em
1991 fui para a região estudar o último sobrevivente na natureza da espécie Cyanopsitta
spixii, a ararinha-azul, enviado pelo comitê permanente para a recuperação da espécie.
Uma vez lá estando, não foi difícil perceber que a sobrevivência do último exemplar
desta raríssima espécie de ave passaria de alguma forma pela decisão de cada indivíduo
humano que com ela compartilhasse o espaço, e conseqüentemente, os interesses.
Ainda que numa região extremamente carente do ponto de vista econômico e
social, é impressionador o conjunto de interesses comuns entre os sertanejos, como são
chamados os indivíduos que vivem na região, e a natureza que os cerca, simbolizada
aqui por uma espécie em particular, a ararinha-azul. Mais impressionador ainda é o fato
de que o início da aproximação entre o sertanejo e a ararinha-azul não ocorreu sob o
incentivo de benefícios diretos que um projeto de conservação poderia trazer para as
comunidades locais, mas antes por aspectos extremamente subjetivos, que vão da
cultura local à afeição humana.
Obviamente, a estratégia de conservação da espécie consolidou-se em ações que
beneficiaram as comunidades. No entanto, até hoje os guardiães diretos da espécie na
natureza são os vaqueiros sertanejos, os quais assumiram espontaneamente a função
desde o início, por motivações basicamente subjetivas, dentre as quais a ética e a
estética. Estes foram os valores mais fortes detectados na base das decisões individuais.
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O POVO SERTANEJO
Na perspectiva da Comunidade de Conservação (a ser definida mais adiante), a
realidade cultural local é determinante para a implantação de uma estratégia de
conservação. Assim, antes de tudo é necessário aqui fazer uma breve exploração do
universo cultural sertanejo nordestino, ainda que de forma despretensiosa e limitada.
A região sertaneja caracterizada neste artigo está inserida em um polígono semiárido encravado no interior da região Nordeste do Brasil. A vegetação dominante é a
caatinga, adaptada às secas anuais, que freqüentemente aumentam sua severidade,
prolongando-se às vezes por dois a três anos, período em que simplesmente a hipotética
estação chuvosa anual não chega a ocorrer.
A região de Curaçá é cortada pelo caudaloso São Francisco, único rio perene das
redondezas, já que nasce nas regiões mais úmidas de montante (Minas Gerais e oeste da
Bahia). Mesmo assim, a poucas centenas de metros da margem a aridez já se manifesta
com toda a sua intensidade.
Neste cenário, há cerca de trezentos anos os colonizadores portugueses
avançaram rumo a oeste, vindos da Zona da Mata litorânea, com o intuito de expandir a
área de domínio efetivo. A expansão foi consolidada pelo avanço das frentes de
pecuária extensiva, empreendimento dos grandes senhores de terra que, partilhando as
glebas, deram espaço aos “coronéis do sertão”. Contingentes populacionais seguiram
esta frente colonizadora para trabalhar na lida com o gado, não apenas bovino, mas
trazendo também ovinos e principalmente caprinos.
Nestes contingentes seguiram também escravos africanos que, embora de forma
bem menos intensa que na costa, deixaram seu legado cultural até o presente. Além do
legado africano, e do português, contribuíram marcantemente também os indígenas
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locais que, apesar dos conflitos e dizimações, miscigenaram genética e culturalmente
com os novos habitantes.
Após a chegada da frente de expansão pecuarista, houve uma certa estagnação
na mobilização de contingentes, permanecendo o novo povo da região, assim, com certa
estabilidade cultural até muito recentemente. A região teve colonização bem mais
recente que a costa, mas esta sempre recebeu novas influências, tendo mais dificuldades
para sedimentar seus símbolos e referências do que o sertão.
Sob outro aspecto, o sertão também foi favorecido na estabilização e
sedimentação da matriz cultural. O cenário ambiental árido e hostil limitou
profundamente a atividade econômica tradicional, não permitindo sua diversificação
como na costa ou em outras regiões. Assim, basicamente, a pecuária extensiva,
utilizando a caatinga como recurso para a manutenção dos rebanhos, forjou dois
elementos centrais na cultura sertaneja, representados pelo vaqueiro e pelo
conhecimento dos ciclos da vida natural e da biodiversidade local. Os dois elementos
foram fundamentais para o êxito da conservação da ararinha-azul nesses seis primeiros
anos de trabalho.
Os vaqueiros sertanejos ainda hoje criam seus rebanhos de forma extensiva, ou
seja, completamente soltos na caatinga. Como, em períodos de estiagem, o recurso
(água e alimento) é limitado e localizado, o gado pode deslocar-se aleatoriamente por
dezenas de quilômetros. Assim, quando os vaqueiros precisam recolher o gado, partem
pela caatinga guiados pela experiência e, principalmente, por um sistema de
informações “boca-a-boca”. O gado é marcado com sinais do proprietário, e, quando
alguém o avista, passa a informação adiante, até chegar ao interessado. O sistema é
extremamente eficiente, como construção de base cultural, e tradicionalmente todos
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utilizam-se dele há gerações. Como veremos adiante, o mesmo sistema foi por nós
utilizado para monitorar a ararinha-azul, com resultados excelentes.
O simples e aparentemente rústico sertanejo expressa-se artisticamente com rara
eloqüência. Os ritmos musicais do sertão, de raízes eruditas ibéricas trabalhadas pelo
tempo e pelo novo ambiente, traduzem perfeitamente seu modo de ser, suas emoções e
seu contato íntimo com a natureza do entorno cotidiano. A musicalidade intrínseca da
poesia sertaneja exprime, também, o simbolismo da reverência, em uma expressão da
ética pela estética e vice-versa. Os rituais de dança, de origem profana ou religiosa,
ainda extremamente vivos, exercem um evidente papel de noção e confirmação da
comunidade, formada muitas vezes por indivíduos dispersos que se encontram apenas
nessas ocasiões (principalmente as mulheres), quando renovam sua identidade.
Em todas estas (e diversas outras) manifestações, está presente a espontaneidade,
a simplicidade e a despretensão, atingindo-se a mobilização do coletivo pela motivação
dos indivíduos, aparentemente satisfeitos com a celebridade dos anônimos.
A ARARINHA-AZUL
A ararinha-azul é atualmente a espécie animal mais ameaçada de extinção em
todo o planeta. Resta apenas um último exemplar vivendo na natureza, no município de
Curaçá, nas matas de riachos intermitentes que cortam a caatinga próxima ao rio São
Francisco, no alto sertão baiano.
A espécie foi descoberta em 1819 na região de Juazeiro (BA), durante a grande
expedição dos naturalistas bávaros Spix e Martius. Depois, só foi reencontrada em
1986, em Curaçá, já com apenas três exemplares remanescentes, dos quais em 1990
restava apenas um. Este último (um macho), é monitorado desde 1991 com o auxílio da
comunidade. O que levou a espécie a situação tão crítica foi, primeiramente, o
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desmatamento das margens do submédio rio São Francisco (já há cerca de cem anos
atrás) e depois o tráfico de animais, que nas décadas de 1960, 1970 e 1980 dizimou toda
a população de ararinhas-azuis que ainda persistiam em quatro microbacias da região. A
última a ser retirada da natureza foi uma fêmea (o par do macho remanescente),
capturada enquanto chocava ovos no ninho, na época do Natal de 1987.
Grande parte da esperança que permanece para esta espécie está nos cerca de
sessenta exemplares que são mantidos hoje em cativeiro, no Brasil, em Tenerife
(Espanha), na Suíça e nas Filipinas. Estas aves, que são manejadas conforme as
determinações de um comitê criado pelo governo brasileiro em 1990, compõem um
estoque de matrizes que irá gerar exemplares para futuras reintroduções na natureza,
depois de se formar uma população auto-sustentável em cativeiro. Em 1995, foi
realizada a reintrodução de uma fêmea na natureza, na esperança de que formasse um
par com o macho selvagem. Após um longo período de preparação para conviver com
as condições do ambiente natural, a fêmea foi solta na área do macho. Foi boa a
adaptação inicial, e em dois meses a fêmea já havia encontrado o macho e formado o
par. Um mês depois, no entanto, o par desfez-se. A fêmea, aparentemente, morreu ao
colidir com os fios de uma linha de transmissão de energia elétrica.
A outra grande esperança para a espécie reside em garantir a conservação de seu
hábitat para, no futuro, ter onde soltar exemplares oriundos de cativeiro. Este hábitat é
composto pelas matas de caraibeiras que margeiam os riachos de algumas microbacias
do submédio rio São Francisco, bem como pelas várzeas que se formam em trechos
destes riachos sazonais, e pela caatinga do tipo “estepe parque” circundante.
Criar as bases para garantir a conservação de hábitats a longo prazo foi o
principal objetivo do trabalho da “comunidade de conservação”, aqui descrito. A
comunidade de conservação consiste numa estratégia de envolvimento íntimo das
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comunidades locais com os propósitos de conservação, por meio de uma metodologia
dinâmica e participativa, em construção.
A COMUNIDADE DE CONSERVAÇÃO
Charles Kleymeyer (1996) pondera que “a grande muralha de leis e tratados
erigidos nos últimos trinta anos para proteger o meio ambiente” e “mesmo o ataque às
raízes do problema, como pobreza e crescimento populacional” (no caso de países mais
prósperos) não parecem ser suficientes para equacionar os problemas ambientais por
que passa o mundo de hoje.
Também no campo da conservação de espécies e hábitats particulares,
notadamente em países de alta diversidade biológica e cultural e baixa disponibilidade
de recursos financeiros, o modelo das tradicionais unidades de conservação (parques,
reservas etc.) não tem sido suficiente e eficiente, por si só, para garantir os objetivos de
conservação a longo prazo. O modelo vigente prevê, entre outras ações, um esquema de
vigilância e repressão contínuas e ostensivas. Uma vez que os recursos nunca são
contínuos, e muito menos ostensivos, a eficácia é duvidosa, além de deixar como
herança um estado de insatisfação no local. Muitas vezes, parte-se, e com muitos
méritos, para trabalhos de educação ambiental. Mas, também muitas vezes, a educação
torna-se apenas um processo de transmissão de informação, que nem sempre é
assimilada por aqueles que já dispõem da sua própria informação. Antes da informação,
é necessária a motivação.
A motivação tem como precursores os laços de confiança, a identificação mútua
e a penetração cultural, e como resultado gera a solidariedade (à causa), a
“cumplicidade”, a mobilização e a participação. Com esta participação, que parte da
motivação individual e das bases culturais, podem-se construir alternativas de parcerias
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do homem com o ambiente, com benefício mútuo ou simplesmente solidárias. Neste
sentido seguem as ações e os propósitos da comunidade de conservação. Em outras
palavras, não se trata de uma “troca”, mas de um processo estratégico-metodológico
gerador de participação espontânea. As melhorias que as comunidades locais recebem
têm origem em sua própria motivação (ainda que partindo de indivíduos, em alguns
casos).
Estas melhorias não devem ser encaradas como “presentes para troca de
favores”, mas como conquistas de estruturas ou de conhecimentos capazes de
transformar realidades negativas e resgatar valores positivos. O cenário que abriga este
processo consiste no conceito tridimensional da palavra ambiente, suportado nos planos
natural, cultural e social. Assim, o processo busca a inserção dos valores de conservação
ambiental (da natureza) na base cultural, refletindo e agindo diretamente também na
realidade social.
Nas pequenas comunidades interioranas, as pessoas não se relacionam
institucionalmente, mas pessoal e individualmente (embora com pouca individualidade,
mas com forte identidade). As referências não estão, a priori, nas normas regimentais,
mas sim nas histórias pessoais e no imaginário popular. A institucionalização é possível,
desde que construída a partir de uma história local, que chegue a ser absorvida pelo
imaginário. O coletivo não deve ser encarado como “massa”, mas como conjunto
diversificado de indivíduos que têm identidade, histórias, expectativas e personalidades
próprias, porém compartilhadas pelo senso comum.
A abordagem indivíduo a indivíduo (“boca a boca”), gerando a criação de laços
interpessoais, é mais eficaz que a abordagem de massa por vários motivos. A criação de
laços interpessoais (quando bem estabelecidos) resulta em confiança e “cumplicidade”,
abrindo caminho para o acesso à inteligência emocional das pessoas. Isto desarma os
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mecanismos de defesa culturais que funcionam como barreiras contra a assimilação de
idéias ou fatos novos. Portanto, a motivação pessoal é o que alimenta a mudança de
comportamento. Por outro lado, a aproximação do observador da realidade das pessoas
enquanto indivíduos, e não apenas tecido social, permite a identificação dos
mecanismos de ação e reação culturais, bem como dos simbolismos e referências, ainda
que de forma subjetiva. Trabalhar estes simbolismos, evitando “reações de defesa”,
como desinteresse
ou
aversão,
significa
introduzir
novos
referenciais
sem
necessariamente negar os antigos mas, ao contrário, apoiando-se neles e valorizando-os.
A partir do momento em que indivíduos comuns, dentro da comunidade, passam a
assumir os símbolos e referenciais, inicia-se espontaneamente a expansão das idéias
pela replicação dos agentes “boca a boca”.
Considerando todos estes aspectos, torna-se evidente que a comunidade de
conservação demanda tempo para estabelecer uma vinculação natural entre os membros
de campo do projeto e a comunidade. Estes membros precisam viver, residir na
comunidade, fazer parte dela para serem aceitos com naturalidade. Em Curaçá, esse
processo levou de um a dois anos para alcançar a plenitude.
Como um princípio fundamental, a comunidade de conservação deve partir de
um
símbolo
motriz,
catalisador
de
esforços.
Conceitos
complexos
como
“biodiversidade”, “ecossistemas” e tantos outros com forte conotação acadêmica e
absorvidos pela mídia urbana não atingem tão diretamente a motivação das pessoas
quanto um ente identificável. A identidade unitária, que tenha uma forma definida
(nossa percepção é de referência predominantemente visual), ou que seja um elemento
do nosso círculo de necessidades de uso direto (rios e lagoas pela água, matas pela
madeira, mares pelos peixes, por exemplo), permite a identificação fácil e direta do
símbolo, permite, enfim, que se possa criar uma afinidade, e que a própria comunidade
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passe a ser reconhecida no símbolo, gerando auto-estima e orgulho local, reforçando as
raízes comunitárias e, portanto, valorizando a cidadania. Obviamente, no presente caso,
o símbolo motriz é a ararinha-azul, e as definições acima são produto da nossa
observação da realidade durante os seis anos decorridos nesta experiência em campo.
Em outro plano, a comunidade de conservação deve catalisar o acesso das
comunidades locais a parcerias que se traduzam em fontes de recursos, tecnologia e
idéias inovadoras ou complementares às suas realidades.
Outra característica da comunidade de conservação é que, ao contrário das
unidades de conservação (o trocadilho inspirou o nome), ela não tem limites geográficos
rígidos e cartesianamente definidos, e tampouco envolve desapropriações de bens
materiais. Como se trata de um processo cultural e emocional (motivação) e, portanto,
de natureza subjetiva forte, não pode estar circunscrito a algo preestabelecido. Ao
contrário, sua dimensão geográfica é um gradiente que se constrói no cotidiano a partir
da diversidade ambiental. Isto resulta, em outros termos, em uma verdadeira gestão de
espaços e funções, construída com a participação efetiva da comunidade. Na prática,
quando se atingisse um estágio pleno da comunidade de conservação teríamos a
realidade parecida com o que se esperaria das APAs (Áreas de Proteção Ambiental,
previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação), só que realizada pela via
inversa, ou seja, a partir das comunidades para o poder público. Não é necessário
discorrer sobre as vantagens e a sustentabilidade de uma situação natural, e não imposta,
como esta.
Nota-se daí também que a proposta das comunidades de conservação não exclui
necessariamente o modelo das unidades de conservação (UCs) tradicionais, mas sim
complementa. Isto significa que, em determinados casos, ela poderia até substituir a
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implantação de uma UC, mas em muitos outros poderia preceder esta implantação ou
ser aplicada às áreas de entorno, no caso das UCs já implantadas.
OBJETIVOS
O objetivo final de uma comunidade de conservação é garantir a conservação de
hábitats ou espécies em risco, utilizando para tanto o profundo envolvimento
comunitário, a partir da construção e do desenvolvimento de interesses comuns.
Para tanto, parte-se do conhecimento ecológico-científico, da base cultural local,
da realidade social e das mobilizações individuais, integrando-se estes aspectos em uma
estratégia de conservação e gestão sustentada dos espaços e recursos naturais.
Os objetivos específicos variam conforme o caso ao qual se aplica a estratégia.
No entanto, alguns objetivos específicos deverão sempre estar presentes:
o envolvimento dos indivíduos e do coletivo em uma estratégia integrada de
conservação e desenvolvimento;
o introdução e/ou valorização de conceitos e valores de conservação e gestão da
natureza na cultura do povo local;
o identificação das necessidades de conservação;
o identificação das interfaces de conflito entre as atividades humanas e as
necessidades de conservação;
o identificação de interesses atuais e/ou potenciais locais compatíveis e
convergentes entre desenvolvimento e conservação;
o valorização e catalisação das ações de ganho mútuo, estimulando a
visibilidade de objetivos integrados;
o orientação e incentivo do desenvolvimento social rural, visando melhor
gestão do espaço e dos recursos naturais;
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o criação de recursos humanos locais, nas áreas de monitoramento da
conservação ambiental, produção e criação cultural, desenvolvimento e
planejamento estratégico;
o contribuir para o desenvolvimento da cidadania;
o valorizar e incentivar iniciativas espontâneas, sejam individuais ou coletivas,
que contribuam com os outros objetivos;
o articular e aglutinar, de forma participativa, os atores sociais e agentes locais
e externos que possam participar da construção e implementação da
estratégia.
IMPLEMENTAÇÃO
No processo de construção de uma comunidade de conservação, que parte dos
componentes interpessoais para uma institucionalização “humanizada”, devem ser
respeitadas fases naturais de interferência. Estas fases podem, e em alguns casos até
devem, ser concomitantes. A realidade local, e sua evolução natural, é que deve
determinar o grau de simultaneidade entre as diferentes fases.
As fases de 1 a 5 aqui descritas são básicas, condições fundamentais para se
atingir fases mais avançadas de intervenção intensa, dependendo dos resultados das fases
anteriores. Aqui descreveremos apenas as fases básicas. Mesmo durante as fases
avançadas, deve-se continuar investindo na manutenção das fases básicas.
Fase 1 - Pesquisa básica
Levantamento de informações técnicas (biológicas, físicas, socioeconômicas)
sobre o foco de atenção (espécie ameaçada, hábitat, área específica), estabelecendo
status, relações de dependência e tendências. No caso da ararinha-azul, por exemplo, a
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identificação dos padrões de utilização do hábitat foi fundamental para o planejamento de
prioridades de ações.
Fase 2 – Motivação em nível individual
Simultânea à fase 1, parte do contato interpessoal, gera relações de confiança e
permite assimilação de novas idéias. No caso da ararinha-azul, foi atingida
principalmente pelo método da extensão solidária, em que continuamente há o contato do
pessoal executor do trabalho de campo com os moradores locais, convivendo e trocando
experiências sobre os temas e perspectivas do cotidiano e solidarizando-se pessoalmente
nos esforços para transpor dificuldades do dia-a-dia.
Além disso, mostrou-se extremamente importante a valorização dos rituais
locais.
Fase 3 - Motivação em nível coletivo
A fase 3 é uma decorrência da 2, na qual os indivíduos locais passam a difundir
espontaneamente as idéias e propostas assimiladas, manifestando-as coletivamente
(como por exemplo, em desfiles cívicos, nomes de estabelecimentos, temas de festas e
comemorações etc.). É quando o símbolo motriz começa a ser reconhecido pela
coletividade (“Curaçá, terra da ararinha-azul”, ”Vaqueiros da ararinha” etc.), gerando
identificação e orgulho local. A expressão cultural começa a manifestar-se
espontaneamente, envolvendo o tema (músicas, poesias de cordel etc.). O
reconhecimento externo (cobertura da imprensa, visitantes, temas de redação em
vestibulares, por exemplo) retroalimenta e amplia os efeitos desta fase. Quanto mais
espontâneas, autênticas e desinteressadas forem estas manifestações, mais eficazes. A
estratégia deve ser sempre prestigiá-las, apoiá-las, incentivá-las, mas não tomar a
iniciativa (isto só deve acontecer nas fases seguintes).
Fase 4 - Mobilização
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Começa aqui a organização social, possível a partir do interesse local permitido
pelas fases anteriores. O voluntarismo é o maior indicador desta fase, e a participação
ganha força direta e efetividade, gerando ações de transformação concretas. Os laços
comunitários se fortalecem e solidificam. A manifestação atinge os planos políticos.
Fase 5 - Implantação de infra-estrutura
Esta fase é decorrência direta da fase 4 e gera meios físicos para transformações
maiores e mais sólidas, que virão em fases mais avançadas, decorrentes dos resultados e
do amadurecimento do trabalho.
RESULTADOS
Pela natureza subjetiva de vários elementos da estratégia adotada, muitas vezes é
difícil quantificar os resultados, até porque o envolvimento dos indivíduos
freqüentemente se dá de forma anônima.
No entanto, apontaremos aqui alguns resultados visíveis nestes anos de trabalho.
Proteção
O primeiro resultado real é a própria existência atual do último exemplar da
ararinha-azul. A espécie foi dizimada pela captura para o tráfico, sendo que um
exemplar chegava às incríveis cotações de algumas dezenas de milhares de dólares. Os
traficantes continuam na região (Petrolina PE, a 100km de Curaçá; Gilbués e Correntes
PI), mas não conseguem mais entrar na área da ararinha-azul sem serem percebidos
pelos habitantes locais. Por outro lado, muitos habitantes começaram a assumir posições
contra a caça, a retirada de madeira e a captura de outras espécies para o tráfico,
resultando em um perceptível incremento na população local de jacus (Penelope
jacucaca), emas (Rhea americana), maracanã (Ara maracana) e diversas outras.
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Monitoramento
O último exemplar selvagem de ararinha-azul, que é um macho, modifica seu
padrão de utilização de hábitat conforme as condições climáticas (seca prolongada,
estação chuvosa etc.) e conforme a frutificação e distribuição espacial das plantas
utilizadas na alimentação. Isto resulta em variações na movimentação, de 20km até
cerca de 80km por dia, e na freqüência, em até mais de quarenta sítios de visitação
distribuídos em uma área total de 1.500km2 a 2.000km2. A identificação destes padrões,
exibidos por um exemplar que não tem monitoramento telemétrico (ou seja, não carrega
um transmissor) e que se desloca velozmente por sobre a caatinga, só foi possível graças
ao envolvimento dos habitantes locais. Como citado anteriormente, os vaqueiros
sertanejos têm um sistema de monitoramento do gado via informação “boca a boca”, e o
sistema foi eficientemente utilizado no monitoramento tanto do macho selvagem quanto
da fêmea de ararinha-azul solta em 1995. No caso da fêmea, chegou-se a níveis de
precisão que informam a evolução da capacidade de vôo desde o dia da soltura até o dia
em que encontrou e pareou com o macho selvagem, sendo que os deslocamentos diários
evoluíram de algumas centenas de metros nos primeiros dias até cerca de 40km por dia
após dois meses.
Não apenas os vaqueiros, mas também suas esposas e filhos integraram-se ao
monitoramento das ararinhas-azuis, e em seis anos de trabalho nunca tivemos
informações conflitantes. Os habitantes envolvidos com este sistema chamaram a si
próprios de “vaqueiros-da-ararinha”, e seu número exato é impossível de precisar, pois
cada vez que as ararinhas freqüentavam um novo lugar, novas pessoas integravam-se
espontaneamente ao sistema, muitas vezes de forma anônima.
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Manejo de hábitat
As ararinhas-azuis dependem, para reprodução, de grandes cavidades em
árvores. Hoje, as árvores da região que dispõem do tipo adequado de cavidade são as
grandes caraibeiras (Tabebuia caraiba) existentes ao longo de alguns riachos sazonais
(intermitentes). Como o gado, e principalmente as cabras e ovelhas, são criados soltos
na caatinga, as pequenas mudas de caraibeiras são predadas pelos rebanhos, quebrando
o ciclo de regeneração das matas de caraibeiras. Na maioria dos locais, só são
encontradas árvores velhas, e não se observam indivíduos mais jovens, que ocupariam o
espaço no futuro. Excetuam-se as áreas onde, para reservar forragem natural para o
gado, os sertanejos constroem cercados ao longo dos riachos, e, como estas áreas são
protegidas do pastoreio por um tempo, as caraibeiras conseguem se regenerar.
A partir desta prática tradicional, conseguimos reunir diversos sertanejos para
discutir a integração de melhorias no manejo da pastagem (e conseqüentemente no
controle e rendimento dos rebanhos) com a regeneração e a conservação não só da
caraibeira, mas de diversas espécies nativas das matas ciliares. Ao final, foram
construídos doze cercados de cerca de oito hectares cada um, distribuídos ao longo dos
riachos.
Voluntariado local e externo
Além
da
atuação
dos
“vaqueiros-da-ararinha”,
várias
outras
ações
implementadas foram possíveis a partir da mobilização de voluntários, locais ou não.
Um primeiro exemplo foi a construção de uma escolinha rural, batizada
posteriormente pelos próprios alunos de “escola da ararinha”. Construída na área de
deslocamento da ararinha-azul, foi toda realizada em mutirão, com o apoio de pequenas
doações de comerciantes locais e visitantes. Desde a fabricação dos tijolos à construção
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da estrutura, pintura e festa de inauguração, contou-se com o trabalho voluntário dos
vaqueiros, seus familiares e jovens moradores de sede de Curaçá, sempre dispostos a
integrarem-se às ações.
Na seqüência da construção da escolinha, o próximo passo, bem mais audacioso,
foi a restauração do antigo teatro Raul Coelho, na sede de Curaçá. O teatro, construído
em 1895, representou a efervescência cultural do sertão há cem anos. Há cem anos,
também, a situação das ararinhas-azuis na natureza estava muito bem. Decorrido um
século, a espécie estava reduzida a um último exemplar, e a cultura estava perdendo
seus referenciais, estando o teatro em ruínas. Assim, a concepção foi de que, ao mesmo
tempo que o mundo se preocupa com a conservação da ararinha-azul, estes esforços
também se voltam, por “motivação da ararinha”, para o resgate cultural local. E assim
iniciou-se uma das maiores mobilizações coletivas na história recente da pequena
cidade que, apesar de altos e baixos, chegou ao ápice em outubro de 1996, após quase
dois anos de esforços, com a reinauguração do teatro restaurado. Nos últimos dias de
trabalho, véspera da inauguração, uma multidão de “não-identificados” surgiu nas
imediações da obra, pintando, carregando entulho, limpando as ruas e praças,
preparando o grande evento.
Aproximadamente um terço do custo total da obra foi doado pela Fundación
Loro Parque, financiadora tradicional do projeto. Os outros dois terços, e o custo da
enorme festa de reinauguração, vieram das mais diversas fontes voluntárias.
Nesta campanha, dois grupos destacaram-se: de um lado antigas famílias locais,
membros da antiga Sociedade Curaçaense Artística e Beneficente, herdeira do grupo
que construiu o teatro; de outro, adolescentes, jovens, professores e estudantes de
Curaçá, simbolizando bem o futuro potencial da comunidade. Diversas ações foram
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efetivadas, integradas pelas atividades do projeto, para atingir-se o êxito esperado.
Destacam-se algumas:
•
voluntariado dos jovens como mão-de-obra na restauração do prédio, apoiando os
operários contratados;
•
voluntariado dos jovens na organização, montagem e manutenção de exposições
itinerantes da ararinha-azul, que percorreram shopping-centers e feiras temáticas de
Petrolina PE e Juazeiro BA, arrecadando recursos com a venda de camisetas,
artesanato e souvenirs, sempre associados ao tema ararinha-azul;
•
envolvimento dos adultos, muitas vezes idosos, na comercialização de cotas de
apoio à obra, principalmente junto a antigas famílias da região, ou nativos de Curaçá
que migraram para outros locais (Juazeiro, Petrolina, Salvador, Recife, São Paulo),
onde se estabeleceram profissional e socialmente;
•
voluntariado da população em geral na organização de festas (particularmente
“forrós”) com objetivo de angariar fundos para a obra;
•
participação de um grupo de quase trinta artistas plásticos de Salvador, São Paulo e
Goiânia, alguns muito renomados, produzindo e doando trabalhos com o tema
“ararinha-azul”. Estes trabalhos foram expostos por um mês no Museu de Arte
Moderna da Bahia, no Solar do Unhão, em Salvador, onde foram comercializados,
gerando um aporte substancial de recursos para a conclusão da obra;
•
finalmente, o grande evento de reinauguração contou com a presença voluntária do
cantor Xangai, de renome nacional, e da Orquestra Bahiana de Frevos e Dobrados,
do maestro Fred Dantas, de Salvador. Além destes, vários municípios da região
enviaram “presentes culturais”, representados por balés que festejavam a ararinhaazul, grupos de teatro, banda de pífaros e bandas filarmônicas (estas duas últimas
muito tradicionais no sertão). Grupos de Curaçá materializaram em peças de teatro e
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dança o resgate da cultura local, das esperanças sociais e do simbolismo da
“ararinha-azul”.
Iniciativas em educação
Diversas manifestações espontâneas ocorreram nos colégios e escolas locais,
abordando a questão da ararinha-azul em particular, ou da conservação da natureza em
geral. Isto envolveu desde desfiles cívicos e comemorativos até trabalhos em feiras
escolares, tarefas de gincanas, palestras, debates e outros.
Uma atividade específica, no entanto, aconteceu de forma mais planejada e
integrada, na forma de parceria com o curso de pedagogia da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade Estadual da Bahia, campus de Juazeiro BA. Um dos
jovens professores do curso é nativo de Curaçá, antigo morador de uma área rural
próxima à região de deslocamento da ararinha-azul. Além disso, foi integrante de um
dos últimos grupos de teatro de Curaçá, que atuava mesmo no teatro semi-destruído de
então. Este professor incorporou aos seus objetivos profissionais a questão da
componente ambiental na educação formal, focando sua atenção sobre a capacitação de
professores, principalmente na área rural, e incorporando as realidades dos saberes e
imaginário populares na construção de processos pedagógicos. Este é um exemplo do
potencial de retroalimentação que as ações integradas da estratégia representam, no qual
a valorização de um recurso humano local cria condições para interferências estruturais
no sistema vigente.
Manifestações culturais
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Não é possível mensurar este retorno, como se expôs anteriormente, até pela
riqueza da espontaneidade. Casos isolados a serem citados representam apenas alguns
exemplos da incorporação de valores conservacionistas à cultura popular.
Uma das manifestações artísticas mais abrangentes, e talvez a que mais tenha
abordado a questão da ararinha-azul, foi a música. Localmente, surgiram diversas
canções típicas, enfocando a saga da espécie, e isto expandiu as fronteiras do município,
aparecendo também em diversas outras cidades não só da região, mas até de outros
estados do Nordeste. Também os “repentes” (forma de poesia ritmada, com ou sem
acompanhamento instrumental, composta de improviso) freqüentemente tratavam do
mesmo tema nos diversos eventos típicos, como as festas dos vaqueiros e festas juninas.
Da mesma forma, a poesia de cordel, típica dos sertões, também recorreu inúmeras
vezes à história da espécie.
O artesanato foi outra manifestação que incorporou plenamente o simbolismo da
ararinha-azul, tanto aquele que passou a gerar renda para os artesãos, quanto aquele
descompromissado, elaborado como pura forma de expressão, muitas vezes presente na
zona rural.
Chamou muita a atenção também o desenho, principalmente porque os autores
eram normalmente crianças e adolescentes. O plano sobre o qual assentava-se esta
manifestação era muito variável, incluindo paredes e muros das casas riscados a carvão
e eventualmente a pele das pessoas carregando tatuagens rústicas. Este interesse levounos a organizar um curso de desenho para crianças e adolescentes (com quase trinta
participantes), no qual o artista plástico Rubens Matuck (de São Paulo) voluntariamente
dedicou algumas horas a incentivar os novos talentos, aliás surpreendentes pela
qualidade em vários casos.
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Outra atividade desenvolvida pelo projeto no campo das artes, com intensa
aceitação entre crianças e adolescentes da cidade, se destacou: a criação e o apoio ao
grupo de capoeira Araúna (nome indígena atribuído à ararinha-azul). Por vários meses,
o professor de educação física Diógenes da Silveira, da Universidade Estadual da Bahia,
mestre capoeirista, dedicou-se voluntariamente à organização do grupo, trabalhando a
arte, e não a luta, como motivação básica da capoeira. Posteriormente, alunos mais
graduados foram assumindo liderança, permitindo que o grupo alcançasse certa
independência.
Em suma, o teatro e a dança também assumiram papéis de destaque na expressão
popular de envolvimento com a causa, justificando o próprio esforço de restauração do
teatro.
Apoiando-se na forte base cultural, veio então a manifestação político-simbólica,
com a inclusão da figura da ararinha-azul na bandeira do município, placas na entrada
da cidade e nomes de estabelecimentos comerciais locais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grau de envolvimento comunitário a que se chegou em Curaçá, aplicando-se
as primeiras fases da estratégia da comunidade de conservação, foi realmente o maior
resultado obtido nos primeiros seis anos do projeto de campo para a conservação da
ararinha-azul. A partir deste ponto, no entanto, devem ser empreendidas ações de
transformação mais rápida, pois as bases já estão consolidadas na cultura local. Estas
ações de transformação, ou de interferência direta, se fossem aplicadas de início
poderiam gerar reações negativas por parte das comunidades locais. Obviamente, o
período necessário para a consecução das fases básicas não é de seis anos, e, mesmo em
Curaçá, os primeiros resultados começaram a aparecer instantaneamente. O período de
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seis anos foi o prazo efetivo de experiência de campo não apenas para o
desenvolvimento conceitual desta proposta, mas também para seu teste contínuo e
articulação dos elementos que a compõem, isto sob um cenário de dificuldades e
variáveis imprevisíveis.
Tanto o tempo necessário para atingir-se o envolvimento quanto as ações
específicas de intervenção direta a serem propostas vão variar conforme o tema (ou
objetivo) a que se aplica a estratégia, e a consolidação conceitual desta depende ainda
de experiências vindouras.
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REFERÊNCIAS
Kleymeyer, Charles. 1996. Tradições culturais e conservação de base comunitária.
Desenvolvimento de Base 20 (1).
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COMUNIDADE DE CONSERVAÇÃO: abordagem