Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: 2316-9435 XX Semana de Pedagogia da UEM VIII Encontro de Pesquisa em Educação / I Jornada Parfor PSICOPEDAGOGIA: UM ESTUDO DE CASO CASSULA, Marcella Hauanna [email protected] GREGORIO-BEIENKE, Karina Bianca [email protected] SABATINE, Edna Aparecida Pitelli [email protected] VELASCO, Aline Pereira [email protected] YAEGASHI, Solange Franci Raimundo (orientadora) [email protected] Universidade Estadual de Maringá Psicologia da educação INTRODUÇÃO A preocupação com os problemas de aprendizagem aparece no século XIX. Contudo, somente na contemporaneidade a atuação do psicopedagogo passou a ser considerada importante, pelo fato de que este profissional busca diagnosticar as possíveis causas dos problemas de aprendizagem, com vistas a sanar as dificuldades do aluno. De acordo com Funayama e Penna (2000), vários são os fatores que podem interferir no processo de aprendizagem da criança, dentre eles, o ambiente no qual a criança está inserida, a família, a escola e a sociedade, que dizem respeito aos fatores externos. Diante disso, as autoras afirmam que “para haver aprendizagem adequada pressupõem-se bases neurológicas íntegras” (FUNAYAMA; PENNA, 2000, p. 13). A partir de um amplo estudo acerca dos problemas de aprendizagem, realizamos uma avaliação psicopedagógica de uma criança a fim de identificar quais as suas maiores dificuldades, a causa das mesmas, bem como propor uma intervenção na tentativa de extinguir ou, ao menos, amenizar seu problema de aprendizagem. Deste modo, neste trabalho, em um primeiro momento abordaremos a metodologia utilizada para realização do estudo. Posteriormente, apresentaremos as atividades desenvolvidas com a criança, assim como seu desempenho. Em seguida, enfatizaremos a proposta de intervenção elaborada a partir do resultado obtido com a avaliação e, por fim, apresentaremos algumas considerações sobre a importância deste trabalho para nossa formação acadêmica. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. DESENVOLVIMENTO Para realização do trabalho utilizamos os seguintes instrumentos: Roteiro para análise da estratégia de aprendizagem, ADAPE, texto para uma cópia, textos para leitura silenciosa e oral, provas piagetianas e prova projetiva psicopedagógica (par educativo). APRESENTAÇÃO DA CRIANÇA As atividades foram aplicadas em uma criança de 11 anos de idade, do sexo feminino, estudante do 6°ano do ensino fundamental II em uma escola pública estadual na cidade de Maringá, Pr. A criança não apresentava deficiência física e nem intelectual, tinha bom relacionamento com os colegas da escola e professores. Segundo o relato da própria criança, ela apresenta bom relacionamento com toda a família. ANÁLISE DO ROTEIRO DE ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM De acordo com a criança, ela estuda no quarto, mas quando a mãe já limpou a área de casa ela prefere estudar lá. Geralmente a criança inicia os estudos depois de ter ajudado a mãe a terminar os afazeres de casa. Segundo ela, estudar é prazeroso, ela gosta muito de ler e não se sente cansada ao estudar. A criança recebe ajuda do pai nas atividades escolares, ele entende muito de matemática e sempre a ajuda. A criança nos explicou que a mãe não a ajuda a fazer as atividades porque estudou até a quarta série e sente dificuldade para auxiliar em alguma coisa. No mais, a criança relatou que sempre estuda sozinha e ao realizar leitura não sente necessidade de grifar, pois, consegue memorizar o que lê com facilidade. Na escrita a criança nos conta que, não esboça uma estrutura do texto, já o inicia sem esta prévia. Sobre o dever de casa ela nos relatou que estuda no período da tarde e geralmente quando não tem nada para fazer ao chegar do colégio já inicia a tarefa, quando precisa fazer alguma coisa deixa a tarefa para o outro dia de manhã. Ao questionarmos sobre seu comportamento durante as aulas a criança nos explicou que às vezes faz anotações sobre o que o professor está falando, mas às vezes não faz. Segundo a criança, quando sente dificuldades nos estudos ela refaz a leitura e tenta resolver o que se pede, ela só desiste da tarefa se estiver com preguiça, caso contrário não. Segundo a criança, ao estudar para a prova pede a ajuda da mãe que lhe faz as perguntas sobre o conteúdo para que ela responda, quando não consegue responder ou sente dificuldades volta a estudar para reforçar a matéria. Quando a criança estuda lendo um texto não o escreve com suas próprias palavras, nem realiza resumo para verificar se entendeu, só o Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. faz se a professora solicitar. Quando recebe a nota da prova, a criança nos afirma que sempre verifica o que errou e tenta resolver novamente as atividades da prova. Em sala de aula, de acordo com a criança, ela sempre conversa ao realizar as atividades e em casa gosta de estudar ouvindo música. A criança relata que não é acostumada a comer durante o estudo e que se distrai com facilidade. ANÁLISE DO DITADO DA HISTÓRIA – ADAPE Uma tarde no campo José ficou bastante alegre quando lhe contaram sobre a festinha na chácara da Dona Vanda. Era o aniversário de Amparo. Chegou o dia. Todos comeram, beberam e fizeram muitas brincadeiras engraçadas. Seus companheiros Cássio, Márcio e Adão iam brincar com o burrico. As crianças gostam dos outros animais, mas não chegam perto do Jumbo, o cachorro do vizinho. Ele é mau e sai correndo atrás da gente. Mário caiu jogando bola e machucou o joelho. O médico achou necessário passar mercúrio e colocou um esparadrapo. Valter estava certo. Foi difícil voltar para casa, pois estava divertido. Pensando em um dia quente de verão, tenho vontade de visitar meus velhos amigos. Figura 1: Texto original do ditado da história (SISTO, 2001). Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. Figura 2: Produção da Criança – ditado da história Tempo para efetivação da atividade: 12 minutos Generalização de Letras regras parecidas Chácara/ Chacará Caiu/ Caio Difícil/ Díficio Amparo/ Anparo Trocas por Dificuldade na Ausência de correspondência utilização de acentuação múltipla letras maiúsculas Necessário/ dia/ Cássio/ Nessesario Dia Cassio Márcio/ Marcio Mário/ Mario Figura 3: Classificação dos erros do Ditado da História Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. ANÁLISE DA CÓPIA DE UM TEXTO Figura 4: Texto Original para cópia de um texto Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. Figura 5: Produção da Criança – cópia de um texto Tempo para efetivação da atividade: 09 minutos. Dificuldade na Ausência utilização de letras acentuação maiúsculas José/josé Família/familia de Segmentação indevida Bicicletando/biciclete ando Acréscimo de letras Bicicletando/biciclete ando Figura 8: Classificação dos erros na cópia de um texto A letra da criança é legível e em bom tamanho. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. ANÁLISE DA PRODUÇÃO TEXTUAL Figura 6: Produção da criança – produção textual Tempo para efetivação da atividade: 14 minutos Ausência acentuação Já/já de Trocas por correspondência Segmentação múltipla indevida Começou/começou Procurála/procurala Procurá-la/procurala Omissão de letras Conheceram/conheram Figura 7: Classificação dos erros na produção textual Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. A produção textual da criança apresenta começo meio e fim. A história contada possui sentido e criatividade. O texto possui um título condizente com o assunto tratado, sua letra é legível e quase não há erros de grafia na escrita. As dificuldade apresentadas são no que diz respeito a pontuação e estruturação de parágrafos. Abaixo segue a classificação dos erros na produção textual de acordo com Zorzi (2009). ANÁLISE DA LEITURA SILENCIOSA Figura 8: Texto Original para Leitura Silenciosa Tempo para efetivação da atividade: 3 minutos A criança manteve-se concentrada durante toda a leitura, apesar de usar óculos não aproximou muito o texto dos olhos e não reclamou de ardência nos olhos, não apresentou Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. nenhum tique e não apoiou a cabeça nas mãos durante a leitura. Notamos que ela tem dificuldades para respeitar a pontuação durante a leitura, fazia pautas somente conforme a respiração e nunca conforme a pontuação. ANÁLISE DA INTERPRETAÇÃO DA LEITURA SILENCIOSA Figura 9: Produção da Criança – interpretação da leitura silenciosa Tempo para efetivação da atividade: 8 minutos A partir das respostas apresentadas pela criança podemos afirmar que ela conseguiu compreender o texto com facilidade, pois foi rápida ao responder as questões sobre o texto e Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. foi clara em suas respostas. Em sua escrita percebemos apenas uma dificuldade para administrar o gênero feminino ou masculino, nota-se que ora faz referência a borboleta como ela e ora como ele. ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO – PROVAS PIAGETIANAS Níveis Nível I Nível II Nível III Provas 1) Prova de classificação X 2) Prova de seriação X 3) Prova de conservação de massa X 4) Prova de conservação de quantidades discretas X 5) Prova de inclusão de classe X ANÁLISE DO VÍNCULO COM A APRENDIZAGEM - PROVAS PROJETIVAS PSICOPEDAGÓGICAS: ANÁLISE DO PAR EDUCATIVO Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. Figura 10: Produção da Criança – desenho do par educativo Tempo para efetivação da atividade: 7 minutos Neste desenho, inicialmente, desenhou a professora da disciplina de História, Suzana, de 38 anos, como o sujeito ensinante. Como sujeito aprendente, a menina desenhou sua colega de classe, Karin, de doze anos. O fato de a criança não ter se colocado como sujeito da historia, mostra que esta se identifica com as pessoas desenhadas e é tímida visualizando nelas características que gostaria de ter. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA AS DIFICULDADES ENCONTRADAS Este é um exemplo de atividade que foi sugerido para a criança a fim de buscar sanar dificuldades como trocas arbitrárias, omissão e acréscimo de letras. Contudo, é importante enfatizar que Zorzi (2009) sugere ainda outras atividades que podem ser utilizadas para tal finalidade. Acrescente três letras para formar palavras: 1-__a__e__ 3-__ei__ã__ 5-g__i__a__o 7-g__o__ __o 9-__e__i__o 11-co__ __ __a 13-u__i__or__e 15-__a__ __orro 17-s__l__m__ 19-__ __ie__te 21-m__d__r__ 23-__ __u__eta 25-__a__eir__te 27-__a__a__é 29-e__co__a__ 2-e__e__an__e 4-a__e__ri__ 6-co__ __ei__ 8-g__r__ __fa 10-__a__i__e 12-__a__i__e 14-__o__er__o 16-__ __o__ue 18-c__r__i__ 20-__o__a__e 22-m__t__r__al 24-co__ __e__te 26-__ __oco__ilo 28-e__e__ado__ 30-e__er__i__ CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho trouxe para nós importantes conceitos, que quando assimilados fazem a diferença dentro de sala de aula. No processo de ensino-aprendizagem encontramos vários obstáculos, e é de extrema importância que o professor tenha clareza das inúmeras possibilidades do porquê seu aluno não está compreendendo os conteúdos que lhe estão sendo transmitidos. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013. Os instrumentos de avaliação apresentados são formas de se detectar um possível problema e, a partir disto, buscar exames que possam confirmar se há algo errado ou não com a criança. Em relação à criança avaliada no estudo percebemos que esta é muito esperta, contudo ainda apresenta algumas dificuldades que são inerentes ao processo de alfabetização e precisam ser sanadas. A timidez e a não compreensão de alguns conceitos vinculados às provas piagetianas são compreensíveis, pois cada criança tem seu tempo para assimilar o conhecimento. Assim, as atividades de intervenção foram sugeridas para que a criança construa estes conhecimentos o mais rápido possível. Os textos estudados anteriormente e as aulas com inúmeros exemplos foram cruciais para a melhor compreensão das possíveis dificuldades que podemos encontrar nas crianças, e também para a correta aplicação das atividades. Esta experiência foi importante para a nossa formação profissional. REFERÊNCIAS SISTO, F. F. Dificuldade de aprendizagem em escrita: um instrumento de avaliação (ADAPE). In: SISTO, F. F. et al. (orgs.). Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 2001. ZORZI, J. L. Problemas de aprendizagem e ortografia. Crianças escrevendo errado: o que fazer? In: ZORZI, J. L.; CAPELLINI, S. A. (orgs.). Dislexia e outros distúrbios de leituraescrita: letras desafiando a aprendizagem. São José dos Campos: Pulso, 2009. Universidade Estadual de Maringá, 17 a 20 de setembro de 2013.