DISPONIBILIZAÇÃO DA MEMÓRIA TÉCNICO
CIENTÍFICA DO INSTITUTO NACIONAL DE
TECNOLOGIA: relato de experiência
FREDERICO LELLIS DE ALBUQUERQUE 1
[email protected]
VERA L. M. LELLIS 2
[email protected]
CÍCERA HENRIQUE DA SILVA 3
[email protected]
A recente proposta para constituição de uma política nacional de memória da ciência e tecnologia veio
reforçar a necessidade de desvendar uma história rica e repleta de desafios que, entre acertos e equívocos,
arregimentou, profissionais e instituições na busca de uma identidade genuinamente brasileira na prática
do saber e do saber fazer.
A identificação, organização e incorporação dessas inscrições nos sistemas correntes de recuperação de
informação somam um primeiro passo fundamental para a tessitura da história, posicionando-as como
peças de um quebra-cabeça de forma a permitir um olhar sistêmico e integrado sobre temas e problemas
que hoje se transformaram em soluções e intervenções de sucesso na sociedade. Assim, para além de se
constituir como uma memória apartada do momento atual, a tarefa que se impõe ao profissional da
informação é a agregação das inscrições históricas em uma cadeia de valor que permita acompanhar,
como um arqueólogo, o caminho percorrido pelo conhecimento.
Pioneiro na construção do campo da ciência e tecnologia (C&T) no Brasil, o papel e a atuação do Instituto
Nacional de Tecnologia – INT se confundem com a própria história do desenvolvimento tecnológico do
país. O cuidado com a memória técnica sempre foi considerada atividade importante pela equipe de
informação do Instituto, que desenvolveu e tem sob sua responsabilidade a base de dados Memória, que
cobre o período 1921-2004. Projeto recente desenvolvido com o apoio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, veio trazer novo ímpeto ao processo ampliação da
memória institucional, onde se buscou, fundamentalmente, reconfigurá-la como produção técnicocientífica do INT. Como produto final, foi possível obter uma biblioteca virtual e digital, antes somente
referencial, cujos benefícios vêm favorecer principalmente ao pesquisador da história da ciência e da
tecnologia do país. A experiência do desafio de todo o processo, inclui a migração de uma base de dados
proprietária para uma desenvolvida em CDS/ISIS.
Palavras-chave: memória cientifica, memória tecnológica, tratamento
automático de informação, virtual, biblioteca digital, sistema CDS/ISIS
1
2
3
Gr a d ua n d o em Ci ê nc i a d a Co m put a çã o, U NI LA SA L LE
D ou t or a em C iên c ia da In f or m a ç ão, U niv er s it é A ix - M ar s eill e I I I
D ou t or a em C iên c ia da In f or m a ç ão, Uni v er s it é A ix - M ar s eill e I I I
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VI CINFORM. Salvador, 14 a 17 de junho de 2005
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1. Introdução
A recente proposta para constituição de uma política nacional de
memória da ciência e tecnologia veio reforçar a necessidade de
desvendar uma história rica e repleta de desafios que, entre acertos e
equívocos, arregimentou, profissionais e instituições na busca de uma
identidade genuinamente brasileira na prática do saber e do saber fazer.
Pioneiro na construção do campo da ciência e tecnologia no Brasil,
o papel e a atuação do Instituto Nacional de Tecnologia – INT se
confundem com a própria história do desenvolvimento tecnológico do
país. O cuidado com a memória técnica sempre foi considerada atividade
importante pela equipe de informação do Instituto, que desenvolveu e
tem sob sua responsabilidade a base de dados Memória, que abriga a
produção científica e tecnológica do Instituto de 1921- 2005.
Projeto recente desenvolvido com o apoio do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, veio trazer novo
ímpeto ao processo de ampliação da memória institucional, onde se
buscou, agregar ao acervo já tratado e disponibilizado da produção
científica os trabalhos realizados no âmbito da prestação de serviço
tecnológico. Usando a Tecnologia de informação (TI) como ferramenta
de tratamento e reformatação de informações, foi possível gerar uma
biblioteca virtual e digital, antes somente referencial, cujos benefícios
vêm favorecer principalmente aos pesquisadores da reconstrução da
história da C&T no país. O desafio da ampliação deste acervo incluiu a
aplicação de ferramentas ISIS para a migração de uma grande massa de
dados exportada de um sistema proprietário para uma bas e de dados
construída
em
plataforma
CDS/ISIS,
cujo
objetivo
final
era
sua
disponibilização via WEB.
A questão da disponibilização de documentos bibliográficos em
texto completo, apesar de parecer simples, evidenciou problemas sérios
relacionados aos aspectos legais sobre direitos autorais. Nesta fase do
projeto, discutiram-se exaustivamente questões tais como, o que leva a
Instituição a deter os direitos sobre as publicações geradas em projetos?
E os direitos de autor do pes quisador? Este viés do projeto está sendo
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tratado em outro em outro artigo que será apresentado em fórum
específico.
Os documentos têm uma finalidade bem definida. São produzidos
para atender a uma finalidade especifica, e a partir daí, circulam,
transitam, instruem, somam informações, guardam, geram efeitos e após
seu cumprimento do ciclo funcional caem em desuso. Mais tarde alguns
serão destruídos e outros conservados permanentemente como fontes
históricas, como é o caso dos documentos que compõem o acervo da
memória científica e tecnológica do INT.
O conceito de documento de memória foi uma das primeiras
discussões trazidas pelo projeto. Até então se utilizavam os conceitos
deixados
pelos
profissionais
que
estiveram
envolvidos
com
o
processamento técnico destes documentos. Estes conceitos, apesar de
aproximarem-se de um consenso sobre este tema, eram restritos devido à
decisão de manter na memória apenas a produção científica. Neste
sentido, foi primordial um entendimento mais amplo sobre o escopo do
acervo da memória.
Este trabalho foi estruturado em três seções. Primeiramente é feita
uma breve apresentação acerca da tipologia de documentos que formam a
memória científica e dos documentos que passaram a fazer parte do
acervo da memória, e suas definições. Em seguida, detalha-se a
metodologia
paralela
utilizada
para
a
criação
de
uma
base
e
armazenamento dos dados migrados de um software proprietário. Por fim
são feitas algumas considerações sobre o valor que se agregam as
informações reformatadas via ferramentas de domínio público para
tratamento de dados.
2. Entendimento Conceitual sobre o Acervo “Memória Tecnológica do
INT”
Chamamos de acervo científico e tecnológico ao conjunto de
documentos e publicações armazenados em condições e local especiais e
que tem por objetivo registrar toda produção científica gerada pelo corpo
técnico científico do INT bem como a produção técnica gerada a partir
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de
serviços
tecnológicos
es pecializados
realizados
por
nossos
laboratórios.
O acervo Memória teve início em 1992 e foi se consolidando ao
longo dos anos, graças ao entendimento da equipe de bibliotecárias do
Instituto quanto à importância da guarda e preservação da produção
científica do Instituto. Na construção do acervo buscou-se identificar
para futuro resgate todas as publicações relativas à Memória do INT que
se encontravam dispersas em outros órgãos como a Fundação de
Tecnologia Industrial 4, o Ministério da Indústria e Comércio, atual MDIC
ao qual o INT e outros minis térios aos quais o Instituto também já foi
subordinado.
Desta forma, notou-se que a documentação existente no Instituto
não reproduzia os 83 anos de história do Instituto. Esta constatação
levou-nos a buscar e tratar o maior número possível de documentos
visando resgatar a participação do INT na construção da C&T do país,
bem como foi possível atender aos seguintes objetivos:
•
Identificar, reunir e organizar documentos técnicos produzidos
pelo corpo técnico do INT, passíveis de constituir a memória
tecnológica da instituição.
•
Garantir a preservação da memória de C&T do Instituto
•
Tornar acessível o conhecimento desenvolvido pelo Ins tituto
Nacional de Tecnologia, acumulado em seus 83 anos de existência
e participação na vida tecnológica da sociedade brasileira.
Foi possível também:
•
Disponibilizar o texto integral da memória científica em formato
eletrônico
•
Melhorar as condições de preservação do acervo, como local e
tratamento adequados.
•
Disponibilizar o acervo para o público através de consulta local e
remota via WEB.
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O IN T ma nt e v e c on vê nio com a F T I de sd e me a do s da dé c a da d e 70 at é 1 983
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Diante da massa documental existente, decidiu-se por analisar
prioritariamente a documentação desconhecida, a fim de conhecer sua
tipologia e selecionar os itens passíveis de constituir a memória técnicocientífica da instituição. Conforme relatado no projeto de pesquisa, parte
dela estava tratada e já disponível fisicamente na DINT – a memória
científica- e parte da mesma encontrava-se sob a guarda da Comissão de
Arquivo. Para tal a equipe contou inicialmente com um estudante e duas
bibliotecárias, além da coordenação.
Após uma análise feita nos documentos da Memória Científica e no
arquivo geral do INT, foram identificados, e conceituados oficialmente
os seguintes documentos, apresentados no quadro abaixo, considerados
como próprios para ser incorporados ao acervo científico e tecnológico:
T IP O DE D O CU ME NT O
DE FINIÇÃO
P ont os ou ma tér ia s de au la s p u bl ic a d a s e m a v u l so pa r a
u s o de a l u n os.
D oc u me n t o
de
di v ul ga ç ã o
de
r e sul ta d os
ou
de se n v ol vi m e nt o de pe sq u is a t éc n ic a ou c ie nt íf i c a
p u b lic a da e m r e vi sta s ou a na i s de c on gr e s sos n ac i on ai s
ou i nt e r nac i on a is
Di vi s ã o de u m l i vr o
A p os ti la
Ar t i g o Té c nic o
C a p ít u l o de Li vr o
C er tif ic a d o
C a li br aç ã o
Di s ser t açã o
E st u d os T éc n i c os
F ol h e t o
Li vr o
de
A pr e se n ta os r e su lt a d o s de s er vi ç os de cal i b ra çã o. A
ela b or açã o d os c e rt if i c ad os de ca li br açã o d e ve ai n d a
ate n de r a os r e q u i si t os e s ta be l ec i d os pe l o INME TR O
Ex p o si çã o de se n v ol v i d a, esc r i ta ou or a l , d e ma té r i a
d ou t r i nár ia , ci e nt í fi c a ou ar tí s tic a. P r át i ca d e pe s q ui sa
de m on s t ra da c om o e x i g ên c ia p a ra ob t e nç ã o d o tít u l o d e
Me str e
Le va nt a me n t os e a va li a çõ es de da d os e i n f or m aç õe s c o m
vi é s pr os p e ct i v o par a su b si d iar a t om a d a de dec i s õe s
ger e nc iai s, r e la ci on a d a s a o p os ic i o n a me nt o da i n st it u iç ã o
em d i ve r sos c on t e xt os de n a t ur eza tec n o l ó gi ca , soc ia l e
ec on ô mi c a.
P u bl ica çã o
não
pe r ió d i c a,
em
br oc h ur a,
com
apr ox i m a d a me n te 3 0 f ol ha s.
Re u n i ã o de f ol h a s ou ca de r n o s sol t os, c os i d o s ou p or
q ua l q ue r ou tr a f or ma pr e s os p o r u m d os lad o s, e
enf ei x a d os ou mo n t a d os em ca p a f l e xí ve l ou r í gi da .
Est u d o e x pl or at ór i o s ob r e det er mi n a d o t e ma.
M on o gr a f i a
N ot a Té c n ic a
P at e nt e
D oc u me n t o de c ar á te r m on o gr á f i c o, q ue de scr e v e
as pe ct os t é c ni c os ou cie n tíf ic os r el at i v os à s di ve rs a s
eta pa s
do
pr o jet o
ou
a ti vi d a de s
da s
u ni d a de s
or ga n iz aci on a i s.
Tí t u l o de pr op r ie d a de te m p or ár i o, c on ce d i d o pe l o E sta d o,
a os i n ve n t or e s ou e m p r es as q ue pa ssa m a p oss u ir os
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R e la t ór i o d e A ti vi d a de s
R e la t ór i o d e B u sc a e m
B a se s d e D a d os
R e la t ór i o d e E n sa i o
R e la t ór i o
F or nec i me n t o
D oc u me n t os:
de
de
R e la t ór i o d e P r oje t o
R e la t ór i o
T éc ni ca
de
R e sp os ta
R e la t ór i o d e vi a ge m
di r ei t o s e x c l u si v os s ob r e a i n ve n ç ã o, s e ja de u m pr od u t o,
de u m pr oc e sso d e f a br icaç ã o o u d e a p er f e iç oa me n t o d e
pr od u t os e pr oc e s sos j á ex i ste n te s, c o m o r ec om pe n sa a os
esf or ç os de spe n di d os n e ssa cr ia çã o.
D oc u me n t o q ue re gi st ra eta pa s da e x ec uç ã o de p r oje t o ou
pr o gr a ma. P od e ser r ef e re n te à s a ti vi d a de s de u m a
u ni d a de or ga n i za c i on a l ou i ns ti t uc i on a l
A pr e se n ta os r e s ul ta d o s de b u sc a s e m b a se s de d a d os
na c i on a i s e e str a n ge ir as .
A pr e se n ta os r e sul ta d os d e e ns ai os f í sic os e / ou q u í m ic os
de s er viç o s cr e d e n cia d o s/ h a bi li ta d os ou nã o e d e ve m
ate n de r a os r e q ui s it os es ta be l ec i d os pe l o I N ME T RO e
pe la AN V ISA.
A pr e se n ta os r e s ult a d os d e l oc a liz a çã o e re c u p er aç ã o d e
d oc u m e nt os n o p a í s e n o e x ter i or .
A pr e se n ta os r e s ul ta d o s d o d e se mp e n h o d o s e ve n t os
f ís ic os e f i na nc e ir o s d e pr o je t os f i na n c i a d os ; d e p e s q ui sa
ou d es e n v ol vi m e n t o t ec n ol ó gi c o, ou d e pr oje t os e
pr o gr a ma s e s pe cíf ic os .
C on s ol i daç ã o d e r e su lta d os de r ec u pe r a çã o e a ná li se s d e
in f or ma ç õ e s ob t i da s at r a vés d e c on s u l ta a b a se d e d a d os ,
f on te s bi b li o gr á fi c a s e e spe c ia li st a s.
D oc u me n t o q ue r e lat a a s a ti vi d a de s e xer c i da s n o d e c or r er
de u ma vi si t a ou vi a ge m téc n ica .
Re s u lta d os d e a ná l i se s, l au d os , p ar e c er e s ou a va l iaç õ e s.
R e la t ór i o téc n ic o
P r átic a de pe s q ui sa c o m pr o va d a par a ob t e nç ã o d o t í t u l o
de d ou t or , on d e s ã o te sta d os a ar gú ci a e p od er d e
cr ia ti vi d a de d o pe s q ui sa d or .
T es e
Após a seleção, os documentos com as características definidas
acima foram incorporados ao acervo da memória científica visando seu
tratamento descritivo e de conteúdo.
Vale ressaltar que na interação com os autores percebeu-se uma
grande preocupação destes com a divulgação de seus trabalhos via WEB,
por ser esta produção intelectual resultado dos serviços realizados sob
demanda de empresas, e regido através de contrato que envolve cláusula
de sigilo.
Os recursos utilizados como visitas, intercâmbio com instituições
similares e contratação de consultorias apontaram para as soluções dos
problemas citados
acima, como
veremos
a
seguir nas
etapas
de
tratamento da memória científica e da memória tecnológica.
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3. A Memória Científica
O acervo da memória científica do INT até o início do projeto,
tinha 3.575 documentos catalogados, indexados e dis poníveis via site do
INT (www.int.gov. br).em formato referência. Propôs-se neste projeto a
sua
digitalização
e
posterior disponibilização
visando
uma
maior
visibilidade e acessibilidade dos pesquisadores à produção técnicocientífica de um dos mais antigos institutos de pesquisa tecnológica do
país.
Este objetivo foi alcançado contratando-se os profissionais para
digitalização e um consultor para realizar a capacitação da equipe. Esta
opção se revelou a mais apropriada, devido ao alto custo das propostas
de prestação de serviço recebidas das empresas que atuam neste ramo.
Ficou então a cargo da consultoria a capacitação da equipe,
composta
de
bibliotecários,
estudantes
de
biblioteconomia
e
de
informática, a elaboração de um manual visando deixar registrado todo
conhecimento repassado.
Como resultado desta capacitação conseguiu-se ultrapassar a meta
inicial de digitalização de 2000 documentos. Foram digitalizados 3000
documentos, dentre artigos, notas técnicas, trabalhos de congresso e
relatórios de pesquisa. Paralelamente, outra parte da equipe analisava a
questão dos direitos autorais.
Contatos realizados com instituições similares (INPE, EMBRAPA)
e com o Escritório de Direitos Autoria da Biblioteca Nacional apontavam
para a necessidade urgente de se regulamentar esta matéria no âmbito do
INT. A área de Coordenação de Assuntos Jurídicos e o Setor de
Propriedade Intelectual foram então acionadas para analisar uma minuta
de portaria para regulamentação dos direitos autorais do INT.
Nesta etapa do projeto tornou-se fundamental fazer o mapeamento
dos títulos cujos direitos autorais haviam sido cedidos por seus autores,
visando à identificação dos editores que pudessem ser contatados
posteriormente,
para
fazermos
uma
negociação
quanto
à
disponibilização desses títulos pela Internet.
Para a finalização desta parte do projeto, e objetivando atingir a
meta estratégica da Divisão de se tornar auto-suficiente na automação de
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seu acervo, resgatou-se o conhecimento da equipe no uso do software
livre. O relato desta experiência será feito mais adiante.
4. Memória Tecnológica
No que se refere à memória tecnológica da instituição, ou seja, da
produção res ultante da prestação de serviços técnicos es pecializados
realizados sob demanda principalmente pelo setor de micro, pequenas e
médias empresas,
procedeu-se inicialmente à análise das condições de
armazenamento do acervo e estado dos documentos, visando garantir as
condições ideais para sua preservação. Paralelamente, foram realizadas
reuniões com os técnicos executantes destes trabalhos visando conhecer
todo o processo de prestação de serviços técnicos especializados
realizados pelo INT.
Em
visitas
externas
realizadas
foram
colhidas
opiniões
e
observadas as experiências das instituições visitadas num esforço de
identificar as melhores práticas relacionadas a esse tipo de atendimento.
A metodologia para tratamento da memória tecnológica se baseou
na experiência de gestão da informação bibliográfica da própria equipe,
ou seja, catalogação, classificação e indexação, considerando-se sempre
as questões relacionadas ao sigilo dos serviços prestados, o que resultou
na opção de disponibilizar somente as referências essenciais deste
acervo. A opção de tratar os documentos da memória tecnológica da
mesma forma como são tratados os documentos da memória científica
tem como grande vantagem à recuperação da informação, e o grande
beneficiário deste sistema passam a ser os usuários.
Para a descrição catalográfica e de conteúdo desses documentos,
foi elaborada uma planilha de entrada de dados e iniciou-se a construção
de um vocabulário que atendesse as especificidades desses tipos de
documentos.
5. Aspectos I novadores no Tratamento de Dados Bibliográficos
A história da utilização do software CDSISIS pela Divisão de
informação do INT remonta ao início da década de 80. Entretanto, o
desenvolvimento de uma base de dado para suporte ao armazenamento de
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informações
do
acervo
de
livros,
monografias,
publicações não seriadas, teve início em 1991.
folhetos,
teses
e
Em 1992 teve início o
uso do sistema CDS/ISIS para o armazenamento dos documentos da
memória da produção científica do Instituto.
Na década de 90, já se encontravam disponíveis no mercado,
softwares de gestão da informação estruturados para interface com o
Windows, o que levou diversas Instituições a optarem por sua aquisição.
Apesar da grande facilidade que o sistema CDSISIS apresentava,
por ser um software bibliográfico, auto-explicativo, fácil de utilização e
fundamentalmente
por
que
permitia
que
os
próprios
profissionais
desenvolvessem suas bases de dados, a Divisão de Informação optou
também por descontinuá-lo. Os motivos da mudança foram; o apelo dos
novos sistemas de gestão da informação desenvolvidos em módulos e de
forma integrada e as aposentadorias dos profissionais que detinham a
competência de desenvolvimento de base de dados em CDSISIS na
Divisão.
A
Mudança
dos
dados
sistema
CDSISIS
para
um
sistema
proprietário, como toda mudança de sistema foi caótica e exigiu muita
paciência, acompanhamento contínuo e treinamento.
Os sistemas proprietários têm uma série de vantagens que facilitam
o dia a dia de uma unidade de informação. Entretanto, esta tranqüilidade
tira nossa capacidade de autonomia sobre o sistema, sobre os nossos
dados, além dos custos de manutenção.
O projeto de ampliação da memória científica e tecnológica do INT
trouxe-nos a oportunidade de rever as questões acima. Neste sentido,
optou-se por, paralelamente à entrada de dados no sistema proprietário,
como relatado na seção acima, retomar o sistema ISIS para construção de
uma base de dados e disponibilização posterior na WEB.
Os passos utilizados para atingir este objetivo foram à exportação dos
dados do sistema proprietário e sua reformatação, a adequação do
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formato de registro ao formato de intercâmbio ISO2709 5, a padronização
do conteúdo dos campos de registro e a transformação dos dados em
arquivo TXT para formato ISIS, tendo como ferramenta de conversão de
dados o software ISISAscii .
6. Transição de Dados do Sistema Corporativo para O CDSISIS.
Uma das grandes vantagens de retomarmos o CDS/ISIS atualmente
é que estamos indo de encontro às orientações do Ministério da Ciência e
da Tecnologia (MCT) bem como do Governo Federal, no que diz respeito
à adoção de softwares livres.
Duas outras grandes vantagens são que,
não só deixamos de depender da manutenção de empresas proprietárias
de sistemas de inf ormação, bem como mantemos a competência no
desenvolvimento do software dentro da equipe da Divisão de Informação.
No início da transição dos dados foi necessário levantar os campos
existentes no software proprietário, que doravante chamaremos de
SoftProp, para construção da nova base de dados nomeada Base MEMO.
Esta base deveria reproduzir igualmente a planilha de entrada de dados
do SoftProp.
Da lista de campos conseguida, elaborou-se a entrada de dados no
ISIS utilizando-se apenas os campos relativos a documentos da memória
científica e tecnológica. Vale ressaltar que o sistema de informação da
divisão mantém os campos do acervo geral, da memória científica e
tecnológica em um mesmo banco de dados. A figura abaixo apresenta a
máscara da planilha de entrada de dados na base em CDS/ISIS.
5
O
f or m at o
r e co nh e cim en t o
do s
IS O 2 70 9
é
u ma
dado s
en tr e
nor m a
m áq u ina s
q ue
na
de f in e
o
f or ma t o
tr a n sf er ên c ia
em
de
m e io
e letr ô n ic o.
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Fi gura 1: Pl anilha el et rônica d e entrad a d e d ado s do CDSIS IS.
Em segundo lugar foram exportados do Softpro os dados relativos
à memória científica e tecnológica, formando um arquivo com extensão
TXT. Devido a uma grande despadronização dos campos e do conteúdo,
foi
necessário
fazer
uma
reformatação
dos
destes
em
softwares
específicos para este fim.Na figura abaixo apresenta a tabela de
transformação de caracteres que dará origem ao arquivo reformatado.
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Fi gura 2: P alnilha do soft de refor mat ação d os d ados
Fo nte: Infotran s
Na transição dos dados, os problemas foram surgindo e o caminho
para a solução foi através de perguntas direcionadas aos diversos fóruns
de discussão do CDS/ISIS via WEB, nacionais e internacionais e de
especialistas no assunto. Este canal foi utilizado ao longo de todo o
projeto de construção da base e disponibilização na WEB.
Resolvidas às questões de formatação iniciou-se a padronização do
arquivo de acordo com o formato de intercâmbio ISO2709, condição
necessária para que os dados fossem importados para a base em ISIS. O
sistema CDSISIS adota esta norma para a migração de dados e a partir
desta codificação é que o intercâmbio de dados é de fato realizado.
Estando o arquivo padronizado de acordo com o formato ISO2709,
foi utilizado o aplicativo ISISAscii, disponível na Internet, para
transformação do arquivo TXT em extensão ISO, com pode ser visto na
figura 3.
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Fi gura 3: tr an sform ação do arquivo TXT em ISO.
Fi gur a 4 : Definição de etiquetas de campo
Após a migração do arquivo para a base MEMO, tida como um
sucesso, pois os registros transformados par a extensão ISO foram
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aceitos plenamente pelo sistema CDSISIS, foi realizado o último passo: a
preparação da base para disponibilização na WEB.
Utilizou-se nesta etapa um servidor Apache para armazenamento
da base e o aplicativo GenisisWeb para elaboração do layout da página,
que mostramos a seguir..
Fi gur a 4: P ágin a WEB da Base MEMO
7. Considerações Finais
As seguintes considerações se fazem necessárias além das que já
foram sendo colocadas ao longo do texto. A realização do projeto trouxe
os seguintes benefícios para o Instituto:
•
A organização e processamento de parte de seu arquivo inativo
agregou valor histórico maior ao acervo da Memória;
•
A Criação da biblioteca digital abre uma nova alternativa de
preservação para os documentos da memória.
•
A Capacitação da equipe nos permite agora dar continuidade ao
projeto com meios próprios.
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14
•
O Acesso on-line abre uma janela para o mundo globalizado dando
visibilidade à participação do Instituto na construção da história
científica e tecnológica do país.
•
Por outro lado, as modernas técnicas de tratamento de informação
com a ajuda de ferramentas de TI ajudam-nos a tornar dinâmico
um
acervo
que
até
então
permanecia
inerte,
facilitando
a
realização de investigações pelos pesquisadores das áreas de
história da ciência e da tecnologia.
•
O us o de CDS/ISIS nos permitirá um intercâmbio de informações
em âmbito nacional e internacional
8. Ref erência s biblio gráfica s:
•
EXP ORTING, i mporting and backin g up d at ab ases: ISO 2709 structur e.
In: THE CDS/ IS IS FOR WINDOWS HANDBOOK. Disp oní vel em
http://www.un esco.or g. Acessado em 22/02/2 005
•
- INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA. Nor ma Ger en ci al da
Qu alidade/PR515: Regi stro d e Do cum entos na Memóri a Técni ca do
INT. 2 r ev. Rio d e J aneiro, INT, 2003 .
•
- INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA. Nor ma Ger en ci al da
Qu alidade/PR106. Emissão e r evisão d e r el atório s e certificad os d e
calibr ação. 1 r ev. Rio de J an eiro, INT, 2 003.
•
INTERNATIONAL S TANDARD ORGANIZATION. ISO 270 9. For mat
for inform ation exch ange. Bern a: ISO, 1996
•
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