mulheres determinadas
A GAZETA Cuiabá, Quinta-feira, 10 de Maio de 2012 - viva
Mães ainda mais especiais
Descobrir que um filho tão desejado e esperado nasceu
com algum tipo de problema ou deficiência é um choque
Bruna Pinheiro
Especial para A Gazeta
O
sonho de toda mulher quando está grávida é de
que seu filho nasça forte e com saúde. Em
alguns casos, a gravidez pode apresentar
complicações e após o parto a notícia de que o bebê
tem algum problema de saúde é difícil de superar, mas
não impossível. Filhos especiais precisam ter mães
especiais que no dia a dia lutam por uma qualidade de
vida melhor para suas crianças.
Descobrir que um filho tão desejado e esperado
nasceu com algum tipo de problema ou deficiência é um
choque para qualquer mãe, seja ela de primeira ou de
muitas viagens. Saber que seu filho não será como as
outras crianças e que terá dificuldades durante o
desenvolvimento é o que mais preocupa essas mulheres.
Porém, depois do “luto” vem a força de vontade e a
tristeza é transformada em determinação.
“Nunca é fácil saber que seu filho não será ‘normal’.
Até que se viva bem com a doença e aceite as condições
limitadas que a criança terá leva-se um tempo”, afirma
Antonia Yamashita, 28, autora do livro “Mãe Especial O Milagre da Vida”, o primeiro de uma trilogia sobre a
vida de seu filho Lucas, um bebê que sofreu alguns
problemas de saúde e hoje aos 11 anos de idade é uma
criança especial.
O termo “especial” por vezes é usado de forma
negativa tanto para a mãe quanto para a criança. Não é
raro que crianças especiais sejam vistas com dó ou pena
pela maioria das pessoas, quando na verdade, elas são
como as demais crianças, porém com dificuldades de
locomoção, fala ou raciocínio dependendo
do quadro de saúde apresentado.
Assistente social da Associação de Pais
e Amigos dos Excepcionais de Cuiabá
(Apae), Cenira Evangelista acredita que a
inclusão social é o melhor caminho para que as
pessoas enxerguem os deficientes como
pessoas normais. “Uma coisa
que muitas mães fazem é
Antonia
separar seus filhos especiais
Yamashita
dos demais. É justamente o
e seu filho
contrário que tem que
Lucas, que hoje
acontecer, a criança deve ter
tem 11 anos
amigos sem deficiência e deve
conviver bem com aqueles
iguais à ela”, diz.
A procura por ajuda em casos de filhos
especiais deve ser imediata, pois há muitas
informações que a mãe precisa saber, como
garantias sociais, benefícios, passe livre, etc.
Uma das recém-chegadas na Apae é
Ana Célia de Oliveira, 28, mãe de Ana
Luiza de seis meses. A menina é sua
terceira filha e nasceu com Síndrome
de Down. Segundo ela, o choque da
notícia foi agravada pela forma como
lhe foi contada. “Simplesmente me
falaram sem nenhuma preparação. Eu
sabia que ela tinha nascido com algo
diferente, só não esperava receber a
notícia daquele jeito”, lamenta
Apesar disso, Ana Célia não
desanimou e está levando a pequena
para as atividades que o lugar oferece.
“Estar aqui é muito bom para ver que
minha filha poderá levar uma vida
normal, assim como as outras crianças.
O convívio com as mães também vai me
ajudar a vencer algumas dificuldades”, explica.
Vida normal é o tema do segundo livro de
Antônia que sairá em breve. Assim como fez no
primeiro através da publicações de textos e
cadernos que escreveu durante o tempo em que
os problemas de Lucas eram novidades, no
segundo, a autora quer
falar sobre a evolução do
Ana Célia de
filho. “O primeiro livro
Oliveira brinca com
conta os cinco primeiros
a filha Ana
anos da vida do Lucas,
de seis meses,
nesse segundo vou
nascida com
mostrar o quanto ele
Síndrome de Down
melhorou e como a vida
dele está boa. Quero que
as mães de filhos especiais
saibam que é possível ser feliz mesmo com
todas as dificuldades que nós enfrentamos”,
afirma Antonia.
bem - 4 e 5
Dividindo
experiências
Especial para A Gazeta
ão se deixar abater” é o lema de
“N
qualquer mãe com filhos excepcionais.
Medo, insegurança, tristeza e dor passam a fazer
parte de um momento que deveria ser especial e
feliz. Enquanto algumas ficam tristes e lamentam
a deficiência do filho que acabou de nascer,
outras, levantam a cabeça e enfrentam isso de
maneira corajosa.
É o caso de Antonia Yamashita, que depois de
muito sofrer pelo grave problema do filho Lucas,
decidiu ajudar outras mães. “Aprendi muita coisa
nesses 11 anos desde que o Lucas nasceu e acredito
que as pessoas devem aprender também,
principalmente, a se acostumar com as diferenças e
respeitá-las. Espero que meu livro contribua para
esclarecer isso”, conta a autora de “Mãe Especial - O
milagre da Vida”.
Sandra Barbosa foi um pouco mais além. Quando
Junior tinha 2 anos, sofreu um acidente e desde
então tem dificuldades para se locomover e falar. A
psicóloga decidiu procurar por algo que pudesse fazer
bem ao filho e descobriu a equoterapia. Hoje, além de
oferecer isso a Junior, Sandra trabalha para ajudar no
tratamento de outras crianças e é presidente da
Associação Mato-grossense de Equoterapia. (BP)
Fotos: João Vieira
Capa do
livro de Antonia
Yamashita
Cenira
Evangelista,
assistente social
da Apae, aposta
na inclusão
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