Instituto Politécnico de Santarém
Escola Superior de Desporto de Rio Maior
Curso: Licenciatura em Psicologia do Desporto e Exercício
Unidade Curricular: Psicologia Clínica e da Saúde
(UC obrigatória - 5 ECTS; 60 H – 30 T, 30 TP - 10 OT)
Regente – Mestre Joana Maria Aleluia Gomes Sequeira
Docentes – Joana Maria Aleluia Gomes Sequeira & Anabela Vitorino
1º Ciclo PDE
UC- Psicologia Clínica e da Saúde
Regente – Joana Sequeira
1. Âmbito
A disciplina de Psicologia Clínica e da Saúde, inserida na Licenciatura em Psicologia do
Desporto e Exercício, pressupõe a reflexão sobre os campos da aplicação dos modelos
e metodologias da Psicologia aos campos da saúde e da doença, assumindo a
relevância dos sistemas sociais nos quais o indivíduo participa, está inserido, com os
quais evolui ao longo do seu desenvolvimento e que colaboram na organização de
estados da saúde e de doença mental e psíquica.
No início da década de 50 observa-se, no domínio da saúde mental, uma mudança na
forma como é entendido o adoecer psíquico, equacionando-se como factores
fundamentais da compreensão do significado da saúde e da doença, prevenção e
tratamento do sujeito a visão dos sistemas nos quais este está inserido. A família surge
assim como o sistema primário do desenvolvimento individual procurando-se, através
da sua análise, conhecer e compreender o contexto no qual a doença se manifesta, os
contornos relacionais que imprime no sistema familiar, no sistema indivíduo,
procurando-se, em simultâneo, as estratégias de intervenção sobre o sistema
relacional família – indivíduo – sintoma.
A saúde é entendida como um processo de construção a múltiplos níveis, que engloba
as dimensões intra e inter-psíquicas do sujeito, na forma como este constrói a sua
realidade. Nesta construção, assume-se que os sistemas com os quais interage ao
longo do seu desenvolvimento e com os quais co-evolui assumem um papel
fundamental, colaborando na integração saudável do sujeito aos níveis social e
individual, justificando que o processo de saúde envolva uma articulação saudável
entre sujeito, família e sistemas sociais significativos, determinando a seu
funcionamento psíquico, social e físico. Esta articulação permitirá que o sujeito cumpra
com as suas finalidades desenvolvimentais, perspectivadas numa perspectiva ecológica
quer no que respeita aos seus aspectos individuais, quer no que toca à sua integração
no tecido relacional que o enquadra. Neste sentido, e ainda na concepção de saúde
preconizada, assume-se que esta está directamente associada à capacidade do sujeito
e seus sistemas utilizarem os seus recursos sabendo colocá-los à disposição da tarefas
associadas ao seu desenvolvimento quer elas assumam um carácter normativo,
conotando-se como crises normativas, quer estas assumam um carácter acidental,
crises acidentais. Assim, a saúde, espelha não apenas a capacidade de criar contextos
de evolução integrada do sujeito ao longo do seu percurso desenvolvimental como,
também, pressupõe a resolução de situações de potencial disfunção envolvendo e
activando de forma competente recursos e competências do sujeito e seus sistemas
relacionais.
A doença, segundo o enfoque sistémico, pode entender-se como o resultado de um
conjunto de factores cumulativos, complexos, que surgem face à dificuldade, num
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dado contexto, perante as exigências desenvolvimentais intra e inter-sistémicas e face
a uma situação de crise, de mobilização de mecanismos adaptativos promotores da
evolução o sistema, ficando este bloqueado, encerrado no seu funcionamento
redundante, não catalizando, assim, as transformações necessárias para fazer face às
exigências internas e externas.
A aceitação da dimensão multi-causal e complexa da “doença” conduz ao
desenvolvimento de abordagens direccionadas não apenas ao sujeito, incluindo
também todos os sistemas significativos que colaboram no processo de crescimento
do indivíduo e da família - no seu desenvolvimento adaptativo -, e nas situações de
disfunção - na organização do sintoma. É assim imperativo o estudo da evolução da
família na relação com os sistemas com os quais co-evolui como, por exemplo, o
sistema escola, o sistema de saúde, o sistema laboral, os grupos de pares e os sistemas
sociais, permitindo a compreensão dos factores que podem colaborar na organização
funcional e saudável deste sistemas ou que, pelo contrário, facilitam a emergência de
quadros de interacção disfuncionais.
2. Competências a desenvolver
Conhecer e aplicar os conceitos de saúde e doença numa perspectiva integrada no que
toca aos seus âmbitos e estratégias de intervenção.
Adquirir uma visão sistémica da saúde e da doença nas suas dimensões, individual e
social, percebendo-o como um processo de co-evolução entre sistemas e contextos
vários, reconhecendo a importância das construções narrativa e comportamental
preconizadas pelos sujeitos, famílias e sistemas sociais e forma como estes
determinam a natureza complexa do processo.
Assumir um posicionamento de análise e intervenção dos quadros de saúde e doença
que espelha uma perspectiva de compreensão da saúde e da doença como formas de
funcionamento, mais ou menos adaptativas, dependendo da sua articulação com
contexto
e
situação
específicas
e
não
como
formas
de
funcionamento
qualitativamente diferenciadas, conotando-as como estratégias funcionais e
disfuncionais.
Reflectir sobre a importância dos sistemas nos quais o indivíduo está inserido e seus
formatos relacionais, na compreensão dos quadros de saúde e doença.
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Sensibilizar para a especificidade compreensiva da perspectiva sistémica sobre a saúde
e psicopatologia nos sistemas.
Conhecer e saber implementar a avaliação e o diagnóstico sistémico, assumindo-os
como elementos centrais na compreensão do significado das formas de
funcionamento intra e inter sistemas e para a definição de estratégias preventivas e
terapêuticas.
Aplicar as técnicas fundamentais da intervenção sistémica nos quadros de saúde e
doença, quer numa perspectiva terapêutica quer numa perspectiva preventiva ou de
promoção da saúde.
Identificar, reflectir e desenvolver possíveis formatos de intervenções sistémicas nos
quadros de saúde e doença.
3. Conteúdos Programáticos:
Parte I – Psicologia da Saúde
1. A Psicologia da Saúde: Definição de Saúde (OMS)
1.1. Definição de Psicologia da Saúde/ Áreas do Conhecimento Psicológico
1.2. Objecto de Estudo
1.3. Objectivos da Psicologia da Saúde
1.4. Perspectivas Teóricas da Psicologia da Saúde (perspectiva Tradicional e
perspectiva Crítica)
1.5. Actividades do âmbito da Psicologia da saúde (Avaliação e Intervenção)
1.6.. Investigação (âmbitos e temáticas)
2. Perspectiva sistémica da Saúde/Doença.
2.1. A saúde e a doença como processos de construções Sociais e Individuais
2.1. A importância dos sistemas significativos do Sujeito na construção da saúde e da
doença:
2.1.1. A Família: definição, funções da família, Perspectiva do desenvolvimento
familiar, saúde e psicopatologia familiar.
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2.1.2. As redes Sociais: definições, funções o papel das redes na saúde mental, social e
física do sujeito.
3. Crenças de Saúde
3.1. Comportamentos de Saúde e seus factores predictores
3.2. Modelos explicativos – modelo sistémico, modelo cognitivista e modelos da
cognição social.
4. Cognições de Doença
4.1. O conceito de saúde e doença.
4.2. As cognições de Doença.
4.3. Modelos /Teorias Sistémicas da Doença – modelo da doença crónica de Rolland.
5. Temas da Psicologia da Saúde:
5.1. O Exercício Físico e o seu papel na promoção da saúde, prevenção e intervenção
da doença.
5.2. O Stress:
5.3. Prevenção e Promoção da Saúde.
Parte II – Psicologia Clínica
6. A psicologia Clínica como ramo da Psicologia.
6.1.Definição e resenha histórica da Psicologia Clínica
6.2. Âmbitos/Objectos de Estudo.
6.3. Breve abordagem aos modelos teóricas da Psicologia Clínica
6.4. Breve abordagem aos modelos/metodologias de intervenção (terapia individual,
de grupo, em rede, familiar, de casal, etc).
6.5. Settings e contextos de intervenção
6.6. A investigação na área clínica.
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4. Regime de Frequência
Os alunos que optem pelo regime de avaliação contínua, têm como critério de inclusão
nesta modalidade de avaliação, de garantir 50% de presenças no total das aulas
leccionadas.
5. Métodos de Ensino e Modelo de Avaliação de Conhecimentos:
Nas aulas teóricas serão apresentados os temas teóricos do programa da disciplina
através de metodologias expositivas e discussão de problemáticas aplicadas.
Nas aulas teórico-práticas será promovida a aplicação dos conteúdos teóricos.
Desenvolver-se-ão trabalhos individuais ou em grupo recorrendo à análise de textos,
discussão e elaboração de casos clínicos, observação e análise de filmes, realização de
roleplaying, jogos e dinâmicas de grupos e apresentação de trabalhos realizados pelos
alunos.
6. Modelo de Avaliação
Os alunos que frequentem a unidade curricular podem optar pelos regimes de Avaliação
Continuada e de Avaliação Final.
6.1. Avaliação Continuada
O modelo de avaliação de conhecimentos e competências desenvolvido em diferentes
momentos ao longo do semestre, implicando uma participação activa do aluno, que
comportará três vectores fundamentais:
a) (25%) – Realização de 1 trabalho escrito sobre um tema a definir no âmbito
da unidade curricular.
b) (15%) - Apresentação e discussão do trabalho escrito.
c) (60%) - Realização de uma frequência no final do semestre.
A classificação final será a média ponderada dos momentos de avaliação, não podendo
qualquer deles ter uma classificação inferior a 7,5 valores.
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6.2. Avaliação Final
Os alunos que não optarem pelo regime de avaliação contínua, que desta forem
excluídos, ou que optarem pelo regime de avaliação final, serão automaticamente
considerados para o momento da Avaliação Final. Esta é composta por uma prova escrita exame - e por uma prova oral, correspondendo a nota final à média ponderada dos
momentos de avaliação.
Nota: tal como disposto no artigo 18.º, os alunos em situação especial, terão acesso a
uma modalidade de avaliação específica - mantendo-se os critérios considerados nos
regimes anteriormente descritos - de acordo com as condições previstas no regulamento
de avaliação.
7. Política Anti Cópia e Anti Plágio
- Exigência de identificação clara e inequívoca das fontes directas e indirectas a que
recorreu para a elaboração do trabalho;
- Verificação, por amostragem, das fontes de excertos nos trabalhos escritos;
- Orais obrigatórias, no regime de avaliação final, que versarão sobre uma temática
central do programa curricular.
8. Bibliografia Básica Recomendada:
(A bibliografia mencionada será completada por documentação adicional referente aos
temas a desenvolver em cada uma das aulas)
Alarcão, M.(2000). (des) Equilíbrios Familiares. Coimbra: Quarteto Editora.
Alarcão, M. (1998). Família e Redes Sociais. Malha a Malha se Tece a Teia. Interacções,
7, 93-102.
Ausloos, G. (1996). A competência das famílias. Lisboa: Climepsi Editora. - cap.7
Brendler, J. ; Silver, M.; Haber, M.; Sargent, J. (1994). DOENÇA MENTAL, CAOS E
VIOLÊNCIA. Terapia com Famílias à Beira da Ruptura. Porto Alegre: Artes
Médicas.
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Duhamel, F. (1995). LA SANTÉ EL LA FAMILLE. Une approche systémique en sois
infirmiers. Montréal: gaëtan morin éditeur.
Elkaïm, M. et al.(1995). Las Práticas de la Terapia de Rede. Barcelona: Editorial Gedisa.
Gonçalves, M. & Gonçalves, O. (2001). Psicoterapia, discurso e narrativa: a construção
conversacional da mudança. Coimbra: Quarteto Editora.
Gonçalves, M. (2003). Psicoterapia, uma arte retórica: Contributos das terapias
narrativas. Coimbra: Quarteto Editora.
Guterman, J. (2006). Mastering the art of solution- focused Counseling. Alexandria,
American Counseling Association.
Ogden, J. (1999). Psicologia da Saúde. Lisboa, Climepsi Editores.
Paixão, R. (1995). As Intervenções em Rede. Interacções, 1, 33-48.
Reis, J. (2007). Contribuições da Psicologia para os processos preventivos e de
promoção da saúde. In Teixeira, J. (Coord) Psicologia da Saúde. Contextos e
áreas de intervenção. Lisboa, Climepsi Editores.
Relvas A . P. (2000). Hipotetização em terapia familiar. A curiosidade co-construída. In
A. P. Relvas. Por detrás do espelho. Da teoria à terapia com a família. Coimbra:
Quarteto Editora.
Sluzki, C. (1996). La Red Social: Frontera de la pratica sistémica. Barcelona: Editorial
Gedisa.
Sequeira, J. (2003). Do diagnóstico relacional sistémico à co-construção do problema.
In Caleidoscópio Terapêutico. Mudança e co-construção em terapia familiar.
Coimbra. Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica do Desenvolvimento,
apresentada à FPCEUC.
Street, E. & Downey, J. (1996). Brief Therapeutic Consultations. An approach to
systemic counselling. New York, Wiley.
Teixeira, A., (2007). Psicologia da Saúde. Contextos e áreas de intervenção. Lisboa,
Climepsi Editores.
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