ARQUITETURA E URBANISMO NA IDADE MÉDIA
As expressões Idade Média e Idade Moderna foram criadas durante o Renascimento,
no século XV. Demonstrando o repúdio ao mundo feudal, os renascentistas
forjaram tendenciosamente a concepção da Idade Média como a “idade das trevas”
A cultura na época medieval foi redefinida. A ciência perdeu a vitalidade e a velha
união com a filosofia se dissolveu. A filosofia contraiu nova aliança, dessa vez com
a teologia; durante séculos a vida intelectual se processaria sob a orientação da
Igreja.
O período medieval caracterizou-se pela preponderância do feudalismo, estrutura
econômica, social, política e cultura que edificou progressivamente na Europa centroocidental em substituição à estrutura escravista da antiguidade greco-romana.
O feudalismo começou a se formar a partir das transformações ocorridas no final do
Império Romano do Ocidente e das invasões bárbaras, alcançando seu apogeu no
final da Alta Idade Média, período compreendido entre os séculos V e X. O declínio
do feudalismo, que já se esboçava no século X, prosseguiria até o século XV,
constituindo o período chamado de Baixa Idade Média
O modo de produção feudal, próprio do Ocidente Europeu, tinha por base a
economia agrária, não-comercial, auto-suficiente, quase totalmente amonetária
No feudalismo, a posse da terra era o
critério de diferenciação dos grupos
sociais rigidamente definidos. A
sociedade medieval era composta,
portanto, por estamentos: os
senhores feudais e os servos
A terra tinha grande importância na época feudal, em decorrência da escassez de
moeda e de outras formas de riqueza. Assim, estimulou-se a prática de retribuir
serviços prestados com a concessão de terras. Os nobres que as cediam eram os
suseranos e aqueles que as recebiam tornavam-se seus vassalos
A ruína do Império Romano do Ocidente não resultou na plena deterioração cultural.
O que houve, na verdade, foi o surgimento de valores adequados à nova ordem
feudal emergente. O campo, ao contrário da cidade, não favorecia o desenvolvimento
das artes: não existia ali a efervescência cultural típica dos centros urbanos. Assim,
a produção artística desse período apenas refletia a simplicidade e rusticidade do
cotidiano dos povos germânicos.
Durante a Alta Idade Média, não mais havia qualquer instituição educacional, exceto
as escolas episcopais, mantidas pelos bispos com o propósito de garantir a
continuidade da formação dos clérigos, e os mosteiros, onde os monges
dedicavam-se, quase exclusivamente, a copiar manuscritos antigos
O pensamento filosófico da Idade Média, intensamente influenciado pelo cristianismo,
em alguns momentos confundiu-se com a teologia. Durante a Alta Idade Média, o
grande filósofo foi Santo Agostinho, um dos doutores da Igreja, responsável pela
síntese entre a filosofia platônica e a doutrina cristã. Segundo a ideia agostiniana,
a natureza humana é, por essência, corrompida, estando na fé em Deus a remissão
e a salvação eterna.
Até meados do século X, o latim constituía a única língua culta da sociedade europeia
ocidental. As línguas vulgares nas quais se expressavam oralmente o povo era
resultado da fusão do latim com as línguas bárbaras. A partir do século XI, os
idiomas nacionais foram se desenvolvendo, passando também a ser utilizados na
forma escrita.
As primeiras manifestações literárias em língua nacional foi a poesia épica, que
descrevia temas essencialmente masculinos: a bravura, a destreza com as armas, a
lealdade do cavaleiro a seu suserano
Os beneditinos, na Alta Idade Média, por considerarem a música uma das artes mais
nobres, ensinavam em suas escolas o canto. O canto gregoriano passou a fazer parte
dos cultos religiosos, graças ao papa Gregório Magno.
Arquitetura paleocristã
Constantino (306-337) transfere a capital do Império Romano para Bizâncio
(chamada, a partir de então, Constantinopla ou Segunda Roma). O seu Édito de
Tolerância de Milão (313) garante a liberdade a todos os cultos religiosos.
A preferência dada ao cristianismo determina um desenvolvimento multiforme na
arquitetura religiosa cristã.
Em 395, o império do Ocidente e do Oriente se separam definitivamente. Em ambos
os reinos, a basílica se torna o modelo predominante de edifício de planta longitudinal.
O seu esquema arquitetônico é composto essencialmente pela sequência de espaços:
átrio – nártex; nave – em princípio, com o teto plano - e abside
Basílica Emília - Roma
Abside
Nave
Átrio ou nártex
No século IV, uma vez que o cristianismo passou a ser considerado a religião oficial
do Estado, os cristãos se prepararam para construir edifícios mais elaborados para
os seus rituais ou invés dos espaços acanhados das catacumbas, por exemplo.
A tipologia usual de então se mostrou pouco aproveitável pela Igreja; seja pela
associação com o paganismo, seja pela própria estrutura dos rituais do período
romano, que aconteciam do lado de fora dos templos à vista dos deuses. A solução
foi adotar as basílicas da maneira como Constantino as havia deixado.
Constantino constrói uma nova tipologia de basílica em sua residência em Trier, logo
adotada como a tipologia básica das novas basílicas católicas.
A grande inovação tipológica foi a adição, no limite da nave com a abside, de uma
construção chamada transepto, adaptação em planta da cruz latina (planta em “T”).
Essa nova tipologia logo se espalhou por toda a Europa e pela Síria, Egito e Palestina.
Transepto
Paralelamente, há o desenvolvimento de um outro tipo de basílica construídas como
uma continuação das basílicas de estilo romano, mas com variações formais, que
a colocam a arquitetura bizantina como uma importante variação da arquitetura
romana tardia.
Logo, as igrejas bizantinas assumem claramente as influências do Oriente Próximo,
bem como a planta em cruz grega, em detrimento da cruz latina. As tradicionais
ordens construtivas gregas são utilizadas de forma mais livre. Outra diferenciação
importante é a utilização de mosaicos, altos e baixos relevos. As igrejas bizantinas
frequentemente apresentavam complexos domos apoiados em pesados pilares e
janelas que filtravam a luz a partir de finas camadas de alabastros, deixando todo o
ambiente banhado por uma luz clara e difusa.
ARQUITETURA ROMÂNICA
O trabalho nas oficinas das cortes levou os artistas a superarem o estilo ornamental
da época das invasões bárbaras e a redescobrirem a tradição cultural e artística do
mundo greco-romano.
Na arquitetura, esse fato foi decisivo, pois levou, mais tarde, à criação de um novo
estilo para a edificação, principalmente de igrejas, que recebeu a denominação de
românico. Esse nome foi criado, portanto, para designar as realizações arquitetônicas
do final dos séculos XI e XII na Europa, cuja estrutura era semelhante à das construções
dos antigos romanos.
As características mais significativas da arquitetura românica são a utilização da
abóbada, dos pilares maciços que as sustentam e das paredes espessas com aberturas
estreitas usadas como janelas.
A abóbada das igrejas românicas era de dois tipos:
1. A abóbada de berço: era mais simples e consistia num semicírculo – chamado de
arco pleno – ampliado lateralmente pelas paredes. Esse tipo de cobertura apresentava
duas desvantagens: o excesso de peso do teto de alvenaria, que provocava sérios
desabamentos, e a pequena luminosidade resultante das janelas estreitas; a
abertura de grandes vãos era impraticável, pois estes enfraqueciam as paredes,
aumentando a possibilidade de desabarem.
2. A abóbada de aresta – consistia na intersecção, em ângulo reto, de duas abóbadas
de berço apoiadas sobre pilares. Com isso, conseguiram uma certa leveza e maior
iluminação interna. Como a abóbada de aresta exige um plano quadrado para
apoiar-se, a nave central ficou dividida em setores quadrados, correspondendo às
respectivas abóbadas. Esse fato refletiu-se na forma compacta da planta de muitas
igrejas românicas.
Embora diferentes, esses dois tipos de abóbodas causam o mesmo efeito sobre o
observador: uma sensação de solidez e repouso, dada pelas linhas semicirculares e
pelos grossos pilares que anulam qualquer impressão de esforço e tensão.
Pelo seu tamanho, eram chamadas “fortalezas de Deus”.
Download

Idade Média 1