É
Prefácio
com orgulho e alegria que publicamos a II Revista de Relatos de Experiências em Arte da Rede Pública Municipal de Ensino de Indaial. Diante do desafio e da responsabilidade que foi o lançamento da primeira
edição em 2014, que resultou em uma maior visibilidade do trabalho
pedagógico desenvolvido com a Arte, refletido em nosso município e no Brasil, não
restaram dúvidas da importância desta nova publicação.
Relatos de Experiências em Artes / Prefeitura Municipal de Indaial, Secretaria de
Educação. v. 2, n. 1 (2015). – Indaial (SC): Secretaria de Educação.
ISSN
1. Arte na escola – Periódicos. 2. Educação – Finalidades e Objetivos. I. Prefeitura
Municipal de Indaial, Secretaria de Educação. CDU 707
CDD 707
Os Relatos de Experiências aqui apresentados resultam das práticas pedagógicas que reconhecem a Arte como área do conhecimento, da linguagem, da comunicação, da expressão e sua representação em diversas culturas e épocas. Esses
registros fizeram parte dos Seminários de Relatos de Experiências em Arte da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, no ano de 2014, em Indaial.
O apoio e a parceria com o Programa Institucional Arte na Escola, através da
coordenação do Polo FURB – Universidade Regional de Blumenau foram decisivos
neste processo. Destacamos e agradecemos, ainda, aos professores que dividiram
conosco suas práticas no campo da Arte. Acreditamos que esta partilha de experiências possa contribuir ao desenvolvimento de novos projetos.
A Secretaria de Educação de Indaial tem o compromisso com o Ensino da
Arte desde a Educação Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental porque
reconhece sua importância para o estímulo dos sentidos, da percepção e da formação estética e histórico-cultural, essencial ao desenvolvimento humano.
Esperamos que a II Revista de Relatos de Experiências em Arte desperte nos
leitores o desejo e o prazer de conhecer novas iniciativas no que se refere à Arte e
à Educação.
Giovanne Huebes Nicolletti
Secretária de Educação de Indaial
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Prefeito:
Sergio Almir dos Santos
Vice-Prefeito:
Mário Withoeft
Secretária de Educação:
Giovanne Huebes Nicolletti
Coordenação Geral Pedagógica:
Liliane Lange Kloch
Coordenação de Arte /Professora Mediadora do Projeto Arte na Escola:
Maria Luiza de Assumpção Braga
Coordenação Pedagógica do 1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental:
Lêda Raquel Manzke Pisetta
Tânia Roseli Geisler Theindl
Coordenação Pedagógica da Educação Infantil:
Francielle Hoffer D`Ávila da Silva
Sueli Lucia Remane Krieck
Assistência Administrativa da Educação Infantil:
Scheila Milene Gebien Vargas
Schirlei Cavilia Camilotti
Coordenação Arte na Escola – Polo FURB:
Rozenei Maria Wilvert Cabral – Coordenação geral
Melita Bona – Coordenação pedagógica
Equipe Formadora do Polo Arte na Escola:
Ivana V. D. Fuhrmann
Lindamir A. R. Junge,
Marilene K. Schramm
Organizadoras:
Maria Luiza de Assumpção Braga
Sueli Lucia Remane Krieck
A
dinâmica que nos levou a Indaial nos dá grande alegria: o Instituto
Arte na Escola, que gerou uma rede de universidades parceiras em
mais de 20 estados do Brasil, firmou parceria com a FURB - Universidade Regional de Blumenau no ano de 1993, visando dar formação continuada aos professores de Arte das redes públicas de ensino.
A partir de 2009, mediante convênio com a Prefeitura de Indaial, através da
Secretaria de Educação, os grupos de estudo que foram estabelecidos estimularam
os professores a dar visibilidade aos seus projetos pedagógicos, intercambiando
saberes e crescendo juntos. A segunda Revista de Relatos de Experiência em Arte, da Secretaria de Educação de Indaial, que envolve nove professores de Educação Infantil e oito do Ensino Fundamental, aprofunda esta iniciativa, qualificando os relatos e dando-lhes a
circulação devida. Acreditamos que é desta forma que se gera o professor-pesquisador, aquele que fará a diferença no processo ensino e aprendizagem.
Não é por outra razão que Indaial ostenta* um índice de 6,3 no IDEB dos
anos iniciais do Ensino Fundamental, contra 4,9 do Brasil. Redes educacionais em
que o professor é convidado a refletir sobre sua prática, apoiado pelo professor
universitário, fazem um mundo de diferença. Esta revista conta um pedaço desta
história, vista a partir da perspectiva do ensino da Arte : disciplina que fala com a
dimensão mais profundamente humana do aluno, promovendo-o no que é não básico, mas essencial: a apreciação e o fazer artísticos.
Evelyn Berg Ioschpe | Diretora Presidente do Instituto Arte na Escola
Revisão Ortográfica:
Célio Antonio Sardagna
Secretaria de Educação
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Sumário
Participam desta edição:
Colégio Municipal de Indaial
Rua 30 de Abril, 150 – Bairro Carijós
Telefone: (47)3394-9514
Escola Básica Municipal Arapongas
Rua Augusto Maass, 3300 – Bairro Arapongas
Telefone: (47)3333-8683
Escola Básica Municipal Encano Baixo Rudolfo Alfarth
Rua Arnold Alfarth, Loteamento Real – Bairro Encano Baixo
Telefone: (47)3330-8543
Escola Básica Municipal Leopoldo Simão
Avenida Brasil, 2240 – Bairro Rio Morto
Telefone: (47)3333-8203
Escola Básica Municipal Professora Maria da Graça
dos Santos Salai
Rua Paramaribo, nº 160, Bairro Tapajós
Telefone: (47)3394 8214
Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi
Rua Uberlândia, s/nº – Bairro Benedito
Telefone: (47)3333-2003
Escola Básica Municipal Tancredo de Almeida Neves
Rua Maria Conceição Saut, nº 80 - Bairro dos Estados
Telefone: (47)3333-2104
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Unidade de Educação Infantil Bairro João Paulo II –
José Lino Kuhnen
Rua Santa Paulina, s/n – Bairro João Paulo II
Telefone: (47)3399-0516
Unidade de Educação Infantil Bairro Tapajós – Professora Áurea Bonatti Merini
Rua Miracema do Norte, nº 20 – Bairro Tapajós
Telefone: (47) 3333-4477
Unidade de Educação Infantil Carijós
Rua 11 de Junho – Bairro Carijós
Telefone: (47) 3394-7411
Unidade de Educação Infantil Ermínio Lanznaster
Rua Timbó, 158 – Bairro Rio Morto
Telefone: (47) 3333-1738
Unidade de Educação Infantil Gato de Botas
Rua 12 de maio, 99 – Bairro: Carijós
Telefone: (47) 3394-2833
Unidade de Educação Infantil Polaquia
Rua Adolfo Molinari, Bairro Polaquia
Telefone: (47) 3394-2997
Unidade de Educação Infantil São Judas Tadeu
Rua C, Loteamento Villa Verde – Bairro Estrada das Areias
Telefone: (47) 3382-7783
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Conhecendo Hélio
Oiticica e Suas Obras
A história da Pop Art: “Nada é
tão novo, nada é tão velho”
Frans Krajcberg:
Arte e Consciência Ambiental
Meu Corpo,
Várias Impressões
Brincadeiras de Criança
no Olhar de Ivan Cruz
Elementos da
Linguagem Visual
Cada Canto,
um Conto
Saíra de Sete Cores:
Pássaro Símbolo de Indaial
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O Pequeno
Príncipe
Do lixo
ao som
Construindo
Valores com
a Diversidade
CopArte
Brincadeiras nas Obras
de Ivan Cruz
Diferentes Formas
de Arte e de
Contar Histórias
Vinicius de Moraes:
de cinco a cem...
Vida
e Identidade
São Tantas
Emoções
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Conhecendo Hélio
Oiticica e Suas Obras
Unidade de Educação Infantil Polaquia
Projeto: Conhecendo Hélio Oiticica e Suas Obras
Turmas: 3 a 5 anos.
Professoras: Marcia Priscila Haut
Marli Terezinha Chaves Vanderlinde
E-mail: [email protected]
A
Unidade de Educação Infantil Polaquia está
situada em um bairro rural, com poucos moradores, a maioria das crianças vai até a unidade
com o transporte fornecido pela Secretaria Municipal de
Educação de Indaial, sendo o contato com os pais bastante limitado. É composta por três turmas, com idade
de três a seis anos, totalizando 68 crianças e 12 funcionários.
Foi proposta pela professora Marcia a pesquisa
sobre um artista brasileiro com obras mais contemporâneas, como o artista Hélio Oiticica, que, pela sua diversidade das obras, encantou-nos e conseguiríamos trabalhar com todas as faixas etárias da unidade.
A proposta de Hélio Oiticica, em suas obras, é fazer com que o público não seja apenas espectador, mas,
sim, que participe e viva a obra. Nosso objetivo era o
mesmo do artista - fazer com que o espectador, no caso
as crianças, interagisse e vivenciasse as suas obras, fazendo parte dela também.
Para dar início ao projeto, as crianças precisaram
conhecer um pouco sobre o artista, com o vídeo do programa Traçando Arte, que, de maneira clara, mostrou um
pouco da vida de Hélio Oiticica, que nasceu em 1937 e
faleceu em 1980. Ele levantou questionamentos entre
as crianças sobre o motivo de sua morte. Pesquisando
sobre o artista, descobrimos que a fonte que mais fornecia informações era a internet, por meio de sites espe-
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cíficos sobre o artista. Mostramos para as crianças fotos
de suas obras, das exposições e alguns vídeos, para que
conhecessem um pouco de seu trabalho.
O projeto contou com a participação e colaboração de toda a unidade e comunidade, dividindo ideias e
interesses no grande grupo, ou seja, as três turmas interagiram na confecção das obras, durante o ano letivo.
Os pais confeccionaram os parangolés, juntamente com os filhos. Esse artista influenciou as questões
relativas aos direitos de igualdade e a respeito da conscientização negra no Brasil. Realizamos a intervenção
artística com as crianças, vestindo seus parangolés, em
frente à Prefeitura de Indaial e na Praça do Trabalhador,
utilizando a música “parangolé pamplona”, de Adriana
Calcanhoto que fala sobre o parangolé, de Hélio Oiticica,
permitindo a elas sentirem-se parte integrante da obra.
Sobre isso, diz o próprio artista:
Apreciação da produção artística - Monocromáticos
Monocromáticos
Monocromáticos
[...] O Parangolé não era assim uma
coisa para ser posta no corpo e para ser
exibida. A experiência da pessoa que veste,
da pessoa que está fora vendo a outra vestir,
ou das que vestem simultaneamente a coisa,
são multiexperiências. Não se trata do corpo
como suporte da obra, pelo contrário: é total
incorporação! E incorporação do corpo na
obra no corpo. Eu chamo de “in-corporação”.
A comunidade pode apreciar algumas das ressignificações do artista, como os monocromáticos expostos
na parede externa da unidade. Essa obra teve a junção
de todas as telas confeccionadas pelas crianças, transformando-as em uma única produção artística.
O Relevo Espacial, outra obra do artista, foi construído e colocado dentro da sala. Após assistir a um vídeo, as crianças contribuíram com sugestões, a exemplo
das que seguem:
Maria Eduarda (4 anos): “Podemos fazer com palitos”.
Kalel (5 anos): “Podemos fazer com caixas de papelão. E estão penduradas com cordas”.
A decisão final escolhida pelas crianças foi fazer
o relevo com caixas de papelão, pintadas na cor verde e
pendurados com fio de nylon. Também colocamos um espelho embaixo da instalação, por meio do qual as crianças puderam vê-la de ângulos diferentes, o que causou
bastante curiosidade e, em alguns, até medo, pois a impressão que se passava era de um buraco e que se poderia cair dentro.
Procuramos seguir com as crianças a ordem cronológica da execução das obras do artista: primeiramente, os Metaesquemas, passando pelos Monocromáticos,
Relevos Espaciais, os Parangolés e finalizando o ano com
os Penetráveis.
Quando elaboramos os Penetráveis, iniciamos
com uma maquete, para depois construirmos a obra com
os paletes, na área externa da unidade. Eles foram firmados no chão do pátio com estacas e foram pintados pelas
crianças como na maquete confeccionada anteriormente. O resultado ficou surpreendente na estética, pois
chamou a atenção da comunidade. As crianças exploraram a obra como forma de labirinto.
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Após toda a experiência com esse artista maravilhoso, pudemos comprovar como a Arte se renova, se
reinventa e cativa. Para as crianças, percebemos que foi
muito gratificante, pois elas fizeram parte de cada produção artística, aflorando ainda mais seus sentidos para
a arte e despertando o desejo de criar.
Trabalhar esse projeto fez com que todos os funcionários se envolvessem, pois as produções estavam
dentro da unidade, nas paredes externas, no pátio, nas
salas e no refeitório. Registramos, durante o desenvolvimento do projeto, através de textos, fotos e filmagens,
as falas das crianças, as etapas do trabalho, a alegria e
surpresa ao ver as produções artísticas concluídas. Contamos com o apoio e participação da direção da unidade,
desde a idealização do projeto.
Intervenção artística com os Parangolés na Praça do Trabalhador
Foi um projeto grande, uma obra literalmente
grande, em dimensão e em expressão, pois marcou a vida
das crianças, dos funcionários e da própria comunidade.
Descrevemo-nos antes do Hélio Oiticica e após conhecer as obras do artista na unidade, pois afetou a todos de
uma forma gratificante, despertando outro olhar para a
Arte.
Por meio do projeto, conseguimos ampliar o repertório artístico das crianças, dos pais e da unidade
inteira. Quando nos engajamos de coração naquilo que
fazemos, conquistamos a todos com aquilo que nos conquista.
Referências:
FAVARETTO, Celso Fernando. A invenção de Hélio Oiticica. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2000.
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de
Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.
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Penetráveis
Relevo Espacial
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A história da Pop Art:
“Nada é tão novo, nada é
tão velho”.
Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi
Projeto: A história da Pop Art: “Nada é tão novo, nada é tão
velho”.
Turma: 9º ano
Professor Paulo Cesar Mattei Barreto
E-mail: [email protected]
E
u lecionava na E. B. M. Professor Mário Bonessi,
com várias turmas do Ensino Fundamental. Tudo
transcorria normalmente nas aulas de Arte. Lembro-me daquela manhã no final de fevereiro, quando havia planejado a aula sobre o tema “Pop Art”. Nas últimas
aulas da manhã, perguntei à classe se sabiam o que era
Pop Art. Porém, a pergunta não obteve nenhuma resposta. Então, passei a mostrar no projetor multimídia
algumas obras relacionadas ao tema. Ouvi dos alunos os
seguintes comentários:
“Isso tem no
Pânico na TV!”
“Tem no cenário do
caldeirão do Huck”
“Isso é muito
comum nas lojas
de Shoppings”
plataforma Paulo Freire (PARFOR), do Governo Federal.
Nas aulas de modelagem em argila, a professora Roseli
Moreira incentivou o uso de objetos tridimensionais, a
fim de desenvolver competências nos alunos, visto que
manusear e contemplar estruturas em vários ângulos
traz ao educando um senso estético amplo, criando olhares diferentes no momento da execução das produções
artísticas. Acerca dos aspectos artísticos relacionados
ao plano do tridimensional, tem-se que:
Exposição inauguração Cooper
Era o que eu precisava para que o assunto chamasse atenção. Notei que eles não somente se interessaram, mas gostaram do estilo artístico. Isso levou-me a
pensar em elaborar um projeto com a Pop Art. Passei a
pesquisar, com vistas a nutrir o conhecimento dos alunos acerca das estéticas relacionadas à questão. Planejei
uma viagem de estudos a Curitiba, para visitar a exposição “América do Sul, a Pop Art das contradições”. Além
disso, inteirei-me da história da popularidade das obras
de arte, e então passei a trabalhar os artistas Mondrian
e Pollack e a Pop Art como contestação social e política,
bem como a livre expressão em nossos dias.
Assumir o projeto foi um grande desafio. Então
pensei como poderia realizar tal tarefa, tendo o interesse e o envolvimento de todos os alunos. Lancei o desafio
de uma produção artística com materiais bidimensionais
e tridimensionais. Dividi a turma em equipes, trabalhando o tema juntamente com a música da Banda Oficina
G3, com o título “Nada é tão novo, nada é tão velho”,
sempre relacionando a Pop Art como algo muito presen-
A tridimensionalidade pode ser apresentada como a capacidade humana de visão estereoscópica, ou seja, com ela se consegue ver o relevo as imagens planas. Essa
capacidade agregada à habilidade manual
de segurar objetos e examiná-los proporciona uma percepção que amplia o universo
sensorial dos seres humanos. (MOREIRA,
2012)
O projeto foi desenvolvido a partir da observação e execução de quatro etapas, realizadas por grupos
diferentes de alunos, envolvendo a confecção artística
de bicicletas e suportes, manequins, colunas de fotos e
quadros. Foi realizada também a produção textual, com
base na poesia.
te nos dias atuais.
Estabelecemos neste momento como objetivo desenvolver competências e habilidades por meio
do trabalho em grupo, a partir de produções artísticas,
mediadas pela construção do conhecimento da Pop
Art, considerando que o tema é algo presente em nossos dias, nas lojas, nos shoppings e nas propagandas da
mídia.
Foram analisadas as datas e o material disponível,
fazendo-se um levantamento para a aquisição do que faltava. Passamos a fazer os registros semióticos de cada
parte do projeto, que foi fundamental para a compreensão do todo pelos alunos.
Neste ano, estava cursando o segundo período do
curso de Artes Visuais, na FURB, curso oferecido pela
12
Momento da leitura das poesias criadas a partir das percepções dos trabalhos
Exposição Espaço Arte na Escola
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Processo da confecção dos manequins
Cada grupo organizou-se por um roteiro de atividade que envolvia uma linha teórico-prática, com um
aluno líder. Na confecção da bicicleta como suporte, foi
realizado o estudo da forma artística e da cor.
O grupo que utilizou os manequins como suporte pesquisou a cor e a ordem da exposição, com a mediação do professor. Foi decidida uma evolução cronológica
que começaria com o bebê, simbolizando Mondrian e
Pollack no manequim infantil. A Pop Art como contestação social e política, seria representada em colagens
de encartes no manequim adolescente. O manequim
adulto, que representaria a livre expressão da Pop Art,
seguido de um suporte vazio com vários pontos de interrogação que simbolizariam o que viria a partir de agora.
A coluna de fotos foi trabalhada a partir da imagem de todos os alunos da turma, caracterizadas ao estilo da Pop-Art. O grupo da confecção de quadros foi responsável por escolher as cores e as imagens que foram
desenhadas e pintadas em duas placas de aglomerado de
1m por 0,50m, usadas as superfícies da frente e do verso. A escolha das cores e formas foi discutida em cada
grupo e o professor teve um papel de mediador nessa
escolha.
As produções artísticas foram organizadas e
expostas no Espaço Arte na Escola, na Prefeitura de Indaial, e a Secretaria Municipal de Educação forneceu o
transporte para a visita e apreciação dos alunos autores.
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Além disso, a exposição ocorreu também no hall do supermercado Cooper, por ocasião de sua inauguração.
Foi maravilhoso ver os alunos produzindo. Por
vezes, eu sentava perto deles, nada falava, apenas observava. Penso que o professor orienta e depois sai de cena,
e é neste momento que o aluno se emancipa e passa a ser
protagonista na construção do conhecimento. As crianças corresponderam com alegria, entusiasmo e criação.
Isso foi incrível! Agradeço à direção e à coordenação pedagógica que nos auxiliaram em todas as etapas, entendendo que fizeram parte do sucesso dos alunos.
Referências:
ENCARTE AMÉRICA DO SUL A POP ART DAS CONTRADIÇÕES. Exposição de 4 de outubro a 20 de janeiro de 2013, no Museu Oscar Niemeyar,
em Curitiba.
INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial:
Secretaria Municipal de Educação, 2012.
MOREIRA K. Roseli. O tridimensional. Blumenau: Editora Nova Letra,
2012.
POP ART BRASILEIRA CONTRA A DITADURA. Disponível em:
<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/perspectiva/a-pop-art-brasileira-contra-a-ditadura> Acesso em: 22 fev. 2013.
ARTE PARA CRIANÇAS. São Paulo: Publifolha, 2010.
Processo de construção dos quadros
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Frans Krajcberg:
Arte e Consciência Ambiental
Unidade de Educação Infantil Gato de Botas
Projeto: Frans Krajcberg - Arte e Consciência Ambiental
Professoras: Silvana Barreto
Zoreide Clen
Turmas: 1 a 3 anos
E-mail: [email protected]
“A Natureza é a minha cultura. É ela que me dá o desejo de
viver” (FRANS KRAJBERG, 1987, p. 141).
D
esde 2013, a Unidade de Educação Infantil Gato
de Botas tem desenvolvido o projeto “Frans
Krajcberg”, com o objetivo de trabalhar a arte e
a consciência ambiental numa relação insolúvel, proporcionando às crianças um contato direto com a natureza e
na natureza. O intuito é a proposição de atividades educativas diversificadas, ampliando o repertório nas linguagens artísticas, com o recurso de elementos naturais
(pedras, folhas, madeiras, grama, sementes, terra, fogo,
ar, água e outros) na manipulação e criação artística, que
desenvolvam integralmente a criança.
As crianças, desde muito pequenas, já estabelecem relações com o meio natural e social. Nossa preocupação, como professoras, foi a de apresentar práticas
e vivências que fossem além dos brinquedos eletrônicos
e tecnológicos, ultrapassando os limites das quatro paredes das salas de aula e principalmente dos muros da
unidade.
Elementos naturais
O desenvolvimento do senso estético-artístico torna-se crucial para um novo olhar e conceito, sensibilizando e conscientizando as crianças de que a vida
depende do ambiente e o ambiente depende de cada
cidadão deste planeta. Desse modo, despertamos o interesse das crianças pelos espaços externos e entornos da
nossa unidade, possibilitando as interações entre crianças, professores, família e comunidade no processo educativo em vista de uma sociedade criativa, consciente e
sustentável. Segundo a Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial (2012, p. 43):
cipação ativa acontecesse, as quais fossem atraentes e
lúdicas para as crianças, dentro das linguagens da arte,
desenvolvendo, assim, a capacidade criadora, nutrindo
sua imaginação, a criticidade e os sentimentos.
O projeto foi inspirado no olhar e na sensibilidade
do artista plástico Frans Krajcberg, com suas obras, vida
e conceito para a inspiração das produções artísticas. O
artista se preocupa e valoriza a vida como um todo, e declara:
Gostaria muito que os homens reconhecessem as árvores, os animais, as areias
como nossa cultura. Que cada momento
da vida fosse preenchido com o enriquecimento e embelezamento da natureza. Tudo
deve ser feito com arte, a vida é muito curta
(KRAJCBERG, 1987, p. 141).
“[...] A presença da arte e da natureza
nos espaços educativos contribui para que
adultos e crianças estruturem relações diversificadas envolvendo noções de tempo,
espaço e causalidade, de forma simultânea
e tenham experiências que proporcionem
Partindo desse pressuposto, durante todo prodesenvolver seu senso estético de forma crí- cesso criativo, mostramos o valor de cada elemento em
tica e autônoma, superando o uso de este- sua especificidade: a água, o fogo, a terra e o ar, presentes nas principais atividades do cotidiano.
reótipos”.
Por meio da observação e do interesse das crianças, pensamos ações pedagógicas que diversificassem a
realização das práticas educativas traduzidas em novas
possibilidades de aprendizagem, de modo que a partiConsciência Ambiental
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Como é impossível imaginar o planeta Terra sem
a água, recurso natural mais importante para a manutenção e sobrevivência dos seres vivos, proporcionamos às
crianças momentos divertidos, como banhos, brincadeiras com balões cheios de água, aproveitando essa paixão
que elas têm por esse elemento.
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Jardim da bicicleta
As experiências com o elemento fogo podem gerar preocupações em relação à segurança das crianças,
o que não nos impediu de oferecer novas experiências a
elas. Sempre numa postura de atenção e cuidado, apresentamos velas, as quais foram acesas e sopradas. Percebemos que essa atividade logo foi associada por eles
à comemoração de aniversário. O brilho nos olhos e as
palmas foram reações espontâneas durante a vivência
de queimar o giz de cera e vê-lo derretendo durante a
produção artística.
Com o elemento terra, as crianças vivenciaram
momentos de exploração e experimentação, relacionadas às suas características, texturas e sensações, quando
está seca, e a mudança do seu estado ao acrescentarmos
água, formando uma massa pegajosa. Efetuou-se uma
atividade utilizando as mãos e os pés na composição dos
desenhos.
Além disso, brincamos com as bolhas de sabão no espaço externo, para trabalhar o elemento ar.
Os pequenos ficaram encantados, vislumbrando aquele
momento de descoberta e de apreciação. Seus olhos brilhavam com intensidade ao verem os tamanhos e formas
diferentes no ar. Algumas até arriscaram soprar e fazer a
sua própria bolha.
Os elementos naturais também fizeram parte
da composição do “Jardim da Bicicleta”, espaço novo,
criado logo na entrada da unidade, atraente e esteticamente prazeroso para todos. As crianças participaram
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ativamente de todas as etapas de construção do jardim:
colocação da terra, grama, pedras e plantas. A construção contou com vários colaboradores e com a doação
dos materiais naturais pelas famílias e comunidade, que
contribuíram para o embelezamento do espaço externo.
Um destaque para o nosso zelador Sr. Celso, que foi instigado e despertado para o mundo da arte, contribuindo,
de uma forma significativa, no projeto com a base e finalização do jardim. Conforme seu relato, “é uma satisfação estar participando deste projeto, logo eu que nem
me imaginava trabalhando com crianças, aos 48 anos de
idade. Mas me sinto uma criança com tanto entusiasmo
fazendo arte, jardins, hortas, pinturas e principalmente
aprendendo com elas [...]”.
A principal atração ficou por conta da bicicleta
plantada na terra, objeto artístico estético fruidor do
nosso jardim. Ela foi produzida pelos alunos do professor de Arte Paulo Barreto, da Rede Municipal, em 2013.
Foi exposta no “Espaço Arte na Escola”, da Prefeitura de
Indaial, com a mostra da história da “Pop Art” e cedida à
unidade para fazer parte da produção artística e apreciação das crianças na ressignificação da obra de Vinicius
de Moraes, “O Relógio”, que foi socializada na mostra de
trabalhos no 4º Café com Arte, aberto para as famílias
e comunidade. A bicicleta nos foi depois presenteada e
pode ser apreciada no nosso cotidiano, a partir de 2014.
Outros espaços, como os canteiros da horta, também foram revitalizados pelas crianças, com o cultivo de
Mesa da Natureza
novas plantas ornamentais, verduras, legumes e flores.
Durante todo o projeto, as crianças coletavam elementos naturais, com os quais construímos a Mesa da Natureza para separá-los e os utilizarmos nas brincadeiras e produções artísticas. Apresentamos a proposta da
reutilização dos pneus para a construção do jardim no
parque, protegendo a árvore (sombreiro), replantando
as flores do ano anterior do “jardim das famílias”. Esses
momentos foram marcantes para nós. Era visível a alegria das crianças e a disposição no desenvolvimento do
projeto em relação ao cuidado e preservação da natureza.
O projeto “Frans Krajcberg - arte e consciência
ambiental” culminou com a possibilidade de voos mais
altos. Além da mostra das produções artísticas apresentadas na 5ª edição do Café com Arte para as famílias e
comunidade, também participou da socialização no III
Seminário de Relatos de Experiências em Arte, da Secretaria de Educação de Indaial, realizado na Câmara de
Vereadores, com a parceria do Programa Arte na Escola.
Fazemos parte deste programa, participando das formações continuadas e chegamos como finalistas na categoria educação infantil no XV Prêmio Arte Na Escola
Cidadã.
O projeto, para nós, não terminou no ano de
2014. Ele vai continuar a fazer parte de nossas vidas
como educadoras e principalmente como cidadãos conscientes, preocupados em deixar plantadas as sementes
da arte, sensibilidade, criatividade, imaginação, criticidade, amor e valorização à vida de todos os seres vivos do
nosso planeta. Com certeza, as crianças serão aquelas
que colherão os frutos de uma educação para uma qualidade de vida melhor e mais feliz.
Referências:
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de
Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.
KRAJCBERG, Frans; HOUAISS, Antonio; RESTANY, Pierre; CAMARA, Alm.
Ibsen de Gusmão; MEIRELLES, João. Natura. Rio de Janeiro: Editora Index,
1987.
Revitalização do jardim
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Meu Corpo,
Várias Impressões
E.B.M.Maria da Graça dos Santos Salai
Projeto: Meu Corpo, Várias Impressões
Turma: 7º ano
Professora: Clara Aniele Schley
E-mail: [email protected]
O
projeto foi desencadeado a partir do encontro
Arte na Escola, ocorrido no início do ano letivo
de 2014. No entanto, foi proposto aos docentes trabalhar com o projeto ECO ART, o qual “[...] reúne
obras sobre ecologia e preservação da natureza, buscando as linhas de aproximação entre Arte e Meio Ambiente e tem por objetivo a criação de proposições didáticas
baseadas no exercício de leitura de imagem” (ARTE NA
ESCOLA, 2014). Para tanto, como primeiro passo, efetuou-se a escolha da turma. Nesse sentido, as turmas
dos sétimos anos foram selecionadas, pois as outras séries estariam envolvidas em projetos futuros.
Primeiramente, foi realizada pela própria docente, uma pesquisa sobre as obras que constam do site, seguida de uma reflexão acerca de como ocorreria o processo de leitura e construção artística dos discentes, até
abril de 2014.
Assim, alguns exercícios foram realizados no mês
de maio com os sétimos anos, pois as imagens compostas na galeria do site são contemporâneas, o que
desencadeou o problema inicial. Qual a percepção dos
discentes referente a essas imagens? Tal dúvida foi sendo compreendida ao longo dos exercícios baseados no
artista “Jean Michel Basquiat”1, devido à forma de leitura
e interpretação que fazia do seu entorno, e tal sensibilidade era exposta em pinturas.
1 - Artista norte-americano que desenvolveu um estilo próprio de pintura, sendo
elogiado pelo artista Andy Warhol , pertencente ao movimento Pop Art. Basquiat tornou-se um grafiteiro mundialmente reconhecido e respeitado.
20
O trabalho desse artista trouxe pontos positivos,
pois os discentes começaram a expor-se, dialogar, refletir entre linhas, manchas e palavras que compunham o
trabalho de Basquiat. Além desse exercício, coube a cada
turma pensar na forma de exposição, promovendo respeito, aceitação, auxílio e autonomia por parte deles, que
Paulo Freire (2002) busca trazer como reflexão docente.
Havendo data para a exposição, uma turma se destacou
não penas por expor, mas por querer realizar esse projeto. Nesse sentido, a turma escolhida foi o sétimo ano 04.
Para iniciar a caminhada do projeto, o site Arte na
Escola foi apresentado à turma ainda em maio, seguido
do projeto Eco Art, o foco central. Seguiu-se a apresentação das etapas propostas e o artista escolhido foi Carlos Vergara.
Assim, os discentes passaram a conhecê-lo e entender sua prospecção artística, através de discussões
em grupos. Para compreender o processo artístico de
Vergara, propôs-se como exercício a realização de impressões pelos espaços da escola, onde alguns ousaram
Exercício de impressão e intervenção antes do projeto.
e realizaram impressões do corpo. Em outro momento,
foi lançado o desafio de realizar uma intervenção com
essas impressões e outros materiais de forma bidimensional. Houve dificuldade por parte de alguns, e outros
ajudaram nessa tarefa.
No entanto, as impressões realizadas no próprio
corpo chamaram sua atenção. Ao concluir-se a interven-
Impressões com o corpo
ção, numa construção dialética, chegamos ao objetivo do
trabalho: conhecer e identificar impressões de origem
natural e resultantes da ação humana. Desencadeando
ao mesmo tempo um objetivo específico: construir coletivamente uma tela de impressões com materiais alternativos e com o próprio corpo. Para o desenvolvimento
da prática, realizada esta no mês de agosto, optou-se por
uma tela de três metros, cujo material básico foi o TNT.
Por estimular a autonomia deles, sugeriram dividi-la em
duas partes, de modo que três alunas, voluntariamente,
realizaram a impressão com o corpo em uma das partes, ficando a outra parte a cargo de outro grupo. Com
o trabalho concretizado, uma aluna integrante do grupo
maior apresenta, como relato, o que segue:
Com diversos materiais diferentes,
como algodão, fita, tinta, cola, glitter, papéis,
montamos algo, com muitas cores e texturas
diferentes. Houve trabalho em grupo, onde
cada um fez a sua parte, sem incomodar os
outros. As impressões que ficaram marcadas
foi algo que vi pela primeira vez. Foi muito
divertido e colaborativo. (Aluna A do 7º ano
04, agosto de 2014).
É possível notar-se que a turma se envolveu com
o projeto e, além disso, um objetivo que o mesmo visa a
atingir é a autonomia. A participação e o envolvimento
na execução do trabalho ocorrem quando conseguem
compreender e entregar-se as propostas. No que tange
às três alunas que tiveram uma experiência com o corpo,
estas também trazem seus relatos, conforme segue:
“Como fica estranho o corpo marcado,
bem diferente. (Aluna 1 do 7º ano 04, agosto de 2014).
Me senti livre fazendo, parece que tá
no mundo da lua, foi muito bom. As pessoas
falaram que é esquisito fazer arte com o corpo inteiro. (Aluna 2 do 7º ano 04, agosto de
2014). “
“O trabalho corporal foi bacana. Foi
interessante colocarem tinta sobre o corpo.
Fiquei surpresa porque foram as professoras
que nos enrolaram no plástico, isso foi bacana, como posso dizer, uma experiência nova.
(Aluna 3 do 7º ano 04, agosto de 2014).”
21
A arte tem, entre os vários propósitos a humanização dos sentidos. Por meio dos relatos, podemos
observar que, algo novo, sendo experienciado, torna-se
uma vivência a ser trocada com outros sujeitos e novos
saberes podem ser construídos. Este projeto alçou voos
e está sendo adaptado por uma professora pedagoga em
Doutor Pedrinho/SC. Pode-se dizer que este foi um projeto que deixou diversas “impressões”, a exemplo de que
a arte permite ampliar fronteiras e cumpre uma das suas
funções essenciais, como o desenvolvimento da sensibilidade humana.
Referências:
ARTE DE BASQUIAT. Disponível em:
<http://basquiat.no.sapo.pt/arte_de_basquiat.html>. Acesso em: 08
nov. 2014.
ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em:
08 nov. 2014.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários à Prática
Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial:
Secretaria Municipal de Educação, 2012.
Parte da turma trabalhando na tela
22
Resultado do Projeto
Impressões por alunos na escola Em Dr. Pedrinho
Resultado do Projeto
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Brincadeiras de Criança
no Olhar de Ivan Cruz
Lata, Jogando Peteca, Rolando Pião, Passarás e o retrato do artista. Apresentamos materiais alternativos para
vivenciarem, refletirem e registrarem algumas brincadeiras. Exploramos também as texturas e as formas bidimensional e tridimensional, com massa de modelar,
argila, recorte e colagem de fotos.
Os pais participaram na confecção de brinquedos
como cavalinho de pau, boneca de pano e pipas.
Bolhas de sabão
Unidade de Educação Infantil Carijós
Projeto: Brincadeiras de Criança no Olhar de Ivan Cruz
Turmas: 4 e 5 anos
Professoras: Ana Vilma Stapazzoli Beckhauser
Charlene Novaes Kienen
E-mail: [email protected]
D
urante os meses de fevereiro a maio de 2014, foi
realizado o Projeto Brincadeiras de Criança ao
Olhar de Ivan Cruz, com o intuito de utilizar as
obras deste artista para ampliar o repertório de brincadeiras, interação entre as crianças, professoras e famílias, incentivando a cooperação, o respeito e a valorização da cultura.
O projeto buscou conhecer, resgatar e valorizar
as brincadeiras infantis antigas, possibilitando desenvolver as habilidades cognitivas, o potencial de reflexão e
a construção de conhecimentos na infância. O brincar é
de fundamental importância, pois é com o lúdico que a
criança experimenta a vida, resolve problemas e desenvolve a socialização. Conforme mostra Ivan Cruz, “[...]
a criança que não brinca não é feliz, o adulto que quando
criança não brincou, falta-lhe um pedaço do coração.” (In:
https://michelechristine.wordpress.com/pinturas/ivan-cruz/).
Utilizamos as obras de Ivan Cruz, porque ele expressa, através de suas pinturas, as brincadeiras que
vivenciou em alguns momentos de sua infância. Suas
produções serviram como convite para novas brincadeiras a serem desenvolvidas com as crianças em diversos
ambientes.
Antes de começar a planejar e a desenvolver o
projeto com as turmas, conversamos e realizamos diversas brincadeiras que faziam parte do cotidiano. A partir
disso, fomos apresentando e explorando, aos poucos,
a história e as obras de Ivan Cruz, que encantaram as
crianças. O interesse foi constante, pois elas foram estimuladas a realizar a leitura das imagens, compartilhando
com os colegas as diferenças entre: brincadeiras, cores,
formas e cenário.
Durante a realização do projeto foram apresentadas às turmas algumas obras como: Bolinhas de Sabão,
Rolando Bambolês, Brincadeiras de Roda, Telefone de
“A brincadeira e o jogo têm um significado cultural muito marcante, pois é através do brincar que a criança vai conhecer,
aprender e se constituir com um ser pertencente ao grupo, ou seja, são meios para
a construção de sua identidade cultural”.
(PAES, 2012, p. 9).
Os brinquedos confeccionados pelos pais foram
explorados nos ambientes externos da unidade e nos
passeios. Desta maneira, as crianças foram descobrindo
novas brincadeiras e relembrando as que faziam parte
de seu cotidiano, favorecendo diversos momentos de
interação, descobertas, valorização e satisfação, entre
as crianças e as professoras. Este projeto contou com a
participação de todos os funcionários da unidade.
Ao término, organizamos uma exposição com fotos dos acontecimentos do projeto, com os brinquedos
e trabalhos feitos pelas crianças. Durante a exposição,
aconteceu o III Encontro “Vivenciando o Mundo Infantil”, por meio do qual as mães também tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da história e obras do
artista Ivan Cruz, através dos registros deixados pelos
seus filhos. Esta experiência foi apresentada no III Seminário de Relatos de Experiências em Arte, na Câmara
de Vereadores para profissionais da Educação Infantil,
que fazem parte dos grupos Arte na Escola e professores
de Arte.
Referências:
CRUZ, Ivan. Bouquet de cravos e conchavos. Disponível em: https://michelechristine.wordpress.com/pinturas/ivan-cruz/. Acesso em: 22 abril 2015.
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial. Indaial: Secretaria municipal de Educação, 2012.
LEITÃO, Marcia Maria. Folclorices de Brincar. São Paulo: Editora do Brasil,
2009.
24
Aviãozinhos de Papel
Brincadeiras fora da Unidade
Novas Brincadeiras
Pura diversão
MOYLES, Janet R.. A excelência do Brincar: a importância da brincadeira na
transição entre educação infantil e anos iniciais. Porto Alegre: Artmed, 2006.
PAES, Joselaine Alves. Brinquedos e brincadeiras tradicionais: o lúdico na
aprendizagem – importância nas séries iniciais. Trabalho apresentado como
exigência parcial para obtenção do título em psicopedagogia com ênfase na
inclusão social. AJES-Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena. Aripuanã: 2012.
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Elementos da
Linguagem Visual
Colégio Municipal de Indaial
Projeto: Elementos da Linguagem Visual
Turmas: 6º ano
Professora: Lenice Lucia Zimmer
E-mail: [email protected]
O
projeto surgiu com a formação continuada, oferecida pela Secretaria de Educação para os professores de Arte, em fevereiro de 2014. Nessa
formação, apresentaram-se os artistas da coleção Eco
Art, que “reúne obras sobre ecologia e preservação da
natureza, buscando as linhas de aproximação entre Arte
e Meio Ambiente e tem por objetivo a criação de proposições didáticas baseadas no exercício de leitura de imagem” (FONSECA; ALMEIDA, 2014). Cada profissional
da área foi desafiado a trabalhar com o material apresentado, relacioná-lo com os indicadores de aprendizagem
da Proposta Curricular de Indaial e aplicá-lo nas turmas
em que atuava.
O objetivo foi propor aos alunos identificar, reconhecer e explorar os elementos da linguagem visual,
como linhas, formas, cores, textura e volume, observando-os no meio ambiente, em especial nas plantas, com
ênfase nas folhas e flores, fotografando-as nas suas residências, no jardim da escola, na Prefeitura e na Fundação Indaialense de Cultura. Foram realizadas vivências
com diversas formas de expressão da linguagem visual,
envolvendo diferentes técnicas, como: fotografia, desenho, pintura, recorte, colagem e montagem, executando
produções artísticas com diferentes materiais e suportes, em busca de novos olhares que coloquem em discussão e reflitam sobre arte e sua conceituação, expressando ideias na execução de trabalhos, individualmente
e em grupos. Os artistas Beatriz Milhazes e Burle Marx
tiveram relação direta com o tema.
Iniciamos com a obra “Você me olha por quê? Por
que você está me olhando?”, de Milhazes, provocando
discussões com o grupo e estimulando o aluno a obser-
Jardim do Colégio
26
Jardim da Prefeitura e FIC
Jardim da Prefeitura e FIC
var, interpretar a imagem e perceber detalhes. Em seguida, foram apresentadas outras imagens de obras dos
artistas citados no tema.
O projeto foi desenvolvido de abril a novembro
de 2014, contemplando 22 aulas, com as turmas dos
sextos anos dos períodos matutino e vespertino. Após
conhecerem algumas obras, os alunos fizeram pesquisas
em sites, no laboratório de informática, para conhecer
um pouco da trajetória e produção de cada artista. Em
seguida, foi proposta a tarefa de fotografar plantas dos
jardins de suas casas e jardim do Colégio Municipal. Na
etapa seguinte, foi organizada uma viagem de estudos à
Prefeitura de Indaial e à Fundação Indaialense de Cultura - FIC, em cujos locais tiveram oportunidade de fotografar diferentes plantas, registrando principalmente as
folhas e as flores. Todas essas fotografias serviram para
criar um banco de imagens, selecionadas pela professora
e apresentadas ao grupo, possibilitando aos alunos a observação dos elementos da linguagem visual, sendo que
estas serviram de modelo para criar móbiles e painéis.
27
Exposição Espaço Arte na Escola
Produção Artística
Além da produção artística, os alunos realizaram
pesquisas com algumas flores selecionadas no projeto,
como nome científico, produção, floração. Entre estas
flores, cite-se a vitória-régia, aclimatada em Indaial por
Valdemiro Nasato e Raulino Reitz.
Também realizamos, com a participação da professora de Ciências, a dissecação de algumas flores no
laboratório, identificando e nomeando cada parte, e a
criação de um herbário com diferentes folhas e flores
colhidas no jardim do colégio.
Laboratório de ciências - dissecação e criação do herbário
28
Para finalizar as atividades com os alunos, realizamos uma viagem de estudo ao museu Hering, em Blumenau, para conhecer um jardim suspenso, projetado pelo
artista e paisagista Burle Marx.
As produções artísticas participaram de exposições realizadas no Espaço Arte na Escola, situado no hall
da Prefeitura de Indaial, na festa de comemoração dos
25 anos do Colégio Municipal de Indaial e na mostra de
trabalhos.
Assim que o projeto foi proposto, durante todo o
processo que envolveu pesquisas, coleta de imagens e
produção dos trabalhos artísticos, percebeu-se o interesse e envolvimento dos alunos durante as atividades.
Cada etapa criava novas expectativas em relação ao
produto final. Os alunos mostraram grande satisfação
durante os trabalhos executados, principalmente nas
aulas práticas, como os registros fotográficos, desenhos,
recorte, pintura, montagem dos painéis e móbiles.
Após terem executado o projeto, os alunos envolvidos passaram a observar os elementos da linguagem
visual, percebendo sua presença também na natureza
e não apenas em imagens. A produção artística proporcionou aos alunos um novo olhar em relação à Arte, ampliando seu repertório de significados e a maneira de ver
e interpretar o mundo que está à sua volta. A Arte é a
síntese da expressão humana e, por meio dela, os alunos
descobrem-se, vivenciando diferentes experiências, explorando sua sensibilidade, apropriando-se de diferen-
tes linguagens artísticas.
No que concerne à avaliação, esta foi processual,
considerando todas as etapas de desenvolvimento do
projeto, principalmente a produção artística, a participação individual e no grupo, discussão dos temas abordados, produção dos painéis e móbiles, envolvendo diferentes técnicas.
Referências:
MILHAZES, Beatriz. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/en/pessoa9441/beatriz-milhazes>. Acesso em: 17 maio
2014.
MARX, Roberto Burle. Disponível em: <enciclopedia.itaucultural.
org.br/pessoa1461/burle-marx>. Acesso em: 05 de maio de 2014.
CARUSO, Carla. Burle Marx - Mestre das Artes no Brasil. São Paulo:
Moderna, 2009.
CÔRTES, Celina. A pintora brasileira do MOMA e da copa. Eco Art.
São Paulo: Época, 2004. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/
ecoart/>. Acesso em: 10 mar. 2014
FONSECA, Maria da Penha; ALMEIDA, Elaine Karla de. Formação continuada: arte contemporânea brasileira com arte na escola. IN: II
Congresso da Federação Internacional de Arte-Educadores. XXIV
Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil.
Ponta Grossa - PR, ConFAEB, 14 a 18 de novembro de 2014. Disponível
em: http://www.isapg.com.br/2014/confaeb/down.php?id=285&q=1.
Acesso em: 15 abr. 2015.
INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial:
Secretaria Municipal de Educação, 2012.
Museu Hering e Vista do Jardim Suspenso-Burle Max
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Cada Canto
um Conto
Unidade de Educação Infantil Bairro João Paulo II - José
Lino Kuhnen
Projeto: Cada Canto um Conto
Turma: 1 a 5 anos
Professora: Gicélia dos Santos Geffer
E-mail: [email protected]
N
o ano de 2013, a unidade desenvolveu o projeto
Cada Canto um Conto. Este projeto visou à dramatização de histórias infantis para todas as turmas. No ano de 2014, a proposta do V Festival Cultural
da Educação Infantil de Indaial, com o tema: “De Onde
a Gente Vem?” abordou as etnias formadoras da cultura
brasileira, o que culminou neste mesmo ano, com a junção do projeto da instituição com o festival. Este evento acontece anualmente e reúne todas as Instituições
de Educação Infantil Municipais. Segundo as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010),
no Art. 7º, no que concerne às propostas pedagógicas
das instituições de Educação Infantil, estas deveriam
empreender esforços no sentido de oferecer condições
para a realização do trabalho coletivo, além de proporcionarem organização de materiais, espaços e tempos,
no sentido de possibilitarem, entre outros aspectos,
Máscaras africanas e azulejos portugueses
30
[...] A apropriação pelas crianças das
contribuições histórico-culturais dos povos
indígenas, afrodescendentes, asiáticos, europeus e de outros países da América.
Orientadas pelas diretrizes e pensando nessa prática pedagógica, exploramos as etnias africana, indígena
e europeia, pautadas nos planejamentos, procurando interagir com as turmas, de modo que todos vivenciassem
experiências oriundas das diversas etnias, de maneira
lúdica e prazerosa. As Diretrizes Curriculares Nacionais
para Educação Infantil (2010), no Art. 8º, apontam ainda
que, no que diz respeito à realização de um trabalho pedagógico voltado às questões da diversidade cultural, à
organização espacial e temporal, faz-se necessário:
[...] O reconhecimento, a valorização,
o respeito e a interação das crianças com as
histórias e as culturas africanas, afro-brasileiras, bem como o combate ao racismo e à
discriminação.
O projeto teve o objetivo de oferecer momentos
diferenciados de leitura e contação de histórias nos variados espaços e tempos da Educação Infantil, proporcionando o contato com as etnias indígena, europeia e
africana, por meio de experiências que lembrem a cultura destes povos. Foi organizado um cronograma anual,
em que cada turma ficou responsável pelo planejamento e execução de diferentes propostas relacionadas ao
projeto. Essas propostas ocorreram todas as semanas,
tendo como referência a quarta-feira.
Ver, sentir e fazer máscaras africanas e azulejos portugueses
31
A dramatização da história: “Curumim Abaré imitando os animais”, de autoria de Dulce Seabra e Sergio
Maciel, proporcionou o contato com a etnia indígena. As
turmas de três e cinco anos exploraram juntas a confecção de vestuários e brinquedos. Vivenciaram experiências que lembram a cultura destes povos, como a dança,
a preparação da comida em volta da fogueira e a caça,
para sobrevivência e não por esporte.
Explorou-se a cultura europeia por meio da História João e Maria, de Ruth Rocha, vivenciando brincadeiras, jogos e cirandas desta etnia. A turma de um ano
teve contato com a pintura de azulejos, Para isso, uma
das técnicas utilizadas foi a do carimbo, por meio da qual
as crianças puderam apreciar imagens de azulejos portugueses e, mais tarde, em interação com todas as turmas,
realizaram produções artísticas, a partir dessa mesma
técnica. Brincadeiras como as cinco marias e soltar pipa
também estiveram presentes nas vivências das crianças.
Apresentação no Festival Cultural de Educação Infantil
A partir da proposta pedagógica sobre a diversidade, dramatizou-se a história:
“Por que o camaleão muda de cor” (Contos
de Tanga Tanga). Deste conto, várias experiências envolvendo a cultura da etnia
africana foram exploradas. Nas turmas de
dois e na de quatro anos, proporcionaram-se vivências com elementos naturais para
criar artefatos ricos em detalhes e que nos
remetem a essa etnia: máscaras, trançados
e instrumentos musicais. Durante esse processo, além da interação entre as turmas,
houve muito aprendizado, pois todos os detalhes de cores e formas foram pesquisados,
juntamente com as crianças, tendo como
referência os tecidos, formas, linhas retas e
orgânicas, além do colorido africano. Possibilitou, assim, acrescentar nas produções de
máscaras em argila, tapetes trançados e objetos sonoros uma identidade própria, pois
escolheram, dentro do proposto, suas cores,
formas, desenhos preferidos.
32
Como finalização, representaram-se as etnias indígena, europeia e africana por meio da construção de
um totem, o qual era composto por três rostos, contendo
características físicas das pessoas de cada etnia, além de
acessórios próprios de cada cultura. Todas as experiências e produções artísticas confeccionadas foram socializadas com a comunidade na exposição no Espaço Arte
na Escola, situado no prédio da Prefeitura Municipal de
Indaial, entre os dias 2 e 13 de junho.
Logicamente, essas etnias trazem consigo milhares de anos de história, de cultura, que jamais poderiam
ser apreciadas em um só ano. Contudo, o que fizemos foi
aproximar as crianças da Unidade João Paulo II do nosso
rico patrimônio.
Referências:
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SED, 2010.
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de
Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.
Brincando de ser Índio
Exposição Arte na Escola
Totem
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Saíra de Sete Cores:
Pássaro Símbolo de Indaial
Escola Básica Municipal Leopoldo Simão
Projeto: Saíra de Sete Cores: Pássaro Símbolo de Indaial
Turma: 4º Ano
Professora: Andressa G. B. Wackerhage
E-mail: [email protected]
S
ou professora de Arte nas turmas dos anos iniciais.
O projeto Saíra de Sete Cores: Pássaro Símbolo de
Indaial foi desenvolvido com o 4º Ano Vespertino,
cuja turma mostra-se participativa, criativa e gosta de
manusear e explorar materiais diferentes. As aulas com
essa turma ocorrem duas vezes por semana e a proposta
para trabalhar com esse tema nasceu de um convite para
efetuar um trabalho de maneira interdisciplinar, juntamente com o professor regente.
O interesse em desenvolver essa atividade partiu
dos alunos, os quais estavam estudando os símbolos da
cidade de Indaial, na disciplina de História e Geografia.
Ao mesmo tempo em que conheciam diferentes aspectos da cultura indaialense, desenvolviam experiências
com os elementos da linguagem visual, mais especificamente no âmbito da tridimensionalidade. A ideia era
possibilitar o afloramento da sensibilidade, ampliar o
pensamento crítico e o repertório artístico.
34
O professor regente iniciou o projeto Saíra de
Sete Cores: pássaro símbolo de Indaial propondo textos, atividades, mostras de imagens e vídeos, o que possibilitou às crianças contribuírem com novas ideias. Na
primeira aula, efetuou-se uma leitura e reflexão sobre o
tema, com foco na Arte, para investigar o que cada criança já sabia e escolhermos o que iríamos construir: uma
saíra. Na segunda aula, houve um longo debate acerca da
proposta de execução. Cada grupo construiria seu pássaro em papel pardo e usaria a colagem para criá-lo.
Em um primeiro momento, os alunos pensaram
na possibilidade de utilizar EVA, material não-reciclável e que muitos tinham em casa. Porém foi difícil, pois
a cola que o mantinha grudado ao papel não fixava tão
rapidamente e ficava agarrada às pontas dos dedos. Verificaram ainda que depois de tudo colado, ao exporem o
trabalho, muitos dos pedaços caíam por não terem colado corretamente.
Após refletirmos acerca da proposta que não obteve sucesso, vimos fotos de uma empresa que produz
EVA , a qual, por não ter onde descartar os restos, depositou-os em um terreno e recebeu multa por isso. Então,
as crianças desistiram de usar este material e passaram
a pesquisar algo que fosse reciclável.
Foi então que bolinhas de papel amassadas voaram de um lado a outro, pois, no meio de alguns que estão trabalhando, sempre há aqueles que gostam de uma
brincadeira. Tomei as bolinhas de papel e perguntei à
turma se já haviam assistido ao ArtAttack, um programa
da TV por assinatura. Foi como se uma transmissão de
pensamento ocorresse: – Sim, profeeee! Podemos fazer as saíras em papel amassado, com cola! – disse uma
criança. – E depois pintar as sete cores da saíra com tinta! – disse outra.
Foram aulas produtivas e muito esperadas pelas
crianças. Confeccionaram as bolas de papel com jornal,
prenderam-nas com fita adesiva, depois passaram cola
com pincéis e por cima papel toalha. E mais cola e papel
toalha, e mais cola e papel toalha. Colocaram as asas, o
rabinho e o bico, e pintaram as sete cores.
Vê-se, com essa atividade que
Criatividade e artes são processos inteligentes: tanto o produzir quanto o apreciar
são comportamentos que requerem operações complexas de análise, comparações, reconhecimento de cores, texturas, sons, movimentos. (MÖDINGER, 2012, p. 42).
Constatou-se, então, já no início do projeto, que
as crianças possuíam algum conhecimento sobre a saíra.
No entanto, ao longo do trabalho, todos foram tirando
dúvidas e ampliando seus conceitos. Alguns também não
conheciam a ave de verdade, então trouxemos fotos e
trocamos informações. Houve narrações de que algumas crianças já tinham visto um passarinho daqueles no
jardim de casa.
A seleção de materiais e a produção artística
permitiram que os alunos experimentassem diferentes
possibilidades ao criar seu elemento tridimensional. Durante a produção, observei a percepção da forma natural
transformada no objeto artístico, quando os alunos tinham a intenção de construir uma saíra pequena, imitando um pássaro de verdade. Porém, descobriram que era
difícil e resolveram criá-la em tamanho maior.
Por fim, ao realizarmos as discussões sobre a materialidade, percebemos que as questões iniciais sobre
o meio ambiente foram ampliadas e dificilmente serão
esquecidas, já que foram aprendidas de forma prazerosa.
Referências:
INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial:
Secretaria Municipal de Educação, 2012.
MÖDINGER, Carlos R. Artes visuais, dança, música e teatro: práticas
pedagógicas e colaborações docentes. Erechim: Edelbra, 2012.
MÖDINGER, Carlos R. Práticas Pedagógicas em Artes: espaço e corporeidade. Erechim: Edelbra, 2012.
MOREIRA, Roseli. O Tridimensional: dimensões para arte e educação.
Blumenau: Nova Letra, 2012.
Exposição na Escola. Instalação
Experimentação: pintando as Saíras
Execução: pintura da Saíra, as cores vão surgindo
Papietagem: concentração e cola
Papietagem: vai surgindo a Saíra
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O Pequeno
Príncipe
Unidade de Educação Infantil Ermínio Lanznaster
Projeto: O Pequeno Príncipe
Turmas: 1 a 5 anos
Professoras: Amanda Vanessa da Silva.
Maria Aparecida Machado Krauss
E-mail: [email protected]
A
Unidade desenvolveu o projeto institucional “O
Pequeno Príncipe”, cujo objetivo foi aprender e
vivenciar através da Arte o valor das pequenas
coisas da vida, reforçar laços de amizade, afetividade,
interação e respeito ao próximo.
Foi organizado um grupo de estudos entre os
profissionais da unidade, o qual buscou sensibilizar e
proporcionar momentos de afetividade,
refletindo, assim, acerca da prática pedagógica, através da literatura, por meio da
obra “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de
Saint-Exupéry. Na leitura do livro, mereceu destaque a frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”
(2009, p. 29), compreendendo a importância que o professor tem na vida das crianças.
De acordo com a Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial, a educação tem
como eixos norteadores as interações, brincadeiras e
linguagens. As vivências por meio da Arte contemplam
todas estas propostas. Ora a criança brinca com a Arte,
e em outros momentos a Arte interage com a criança,
estimulando-a a uma brincadeira. Enfim, não há como
não experimentar a arte do fazer, a arte do brincar, a
arte de contemplar, a arte de sentir, a arte de explorar, a
arte de cantar, a arte de ouvir ou simplesmente a arte de
viver. Arte é vida e o sujeito que vive intensamente é um
artista da sua própria vida. Segundo as DCNEI (2009,
art. 9º, incisos II e IX): (,)
36
[...] a Educação Infantil deve garantir
nas unidades experiências que [...] favoreçam a imersão das crianças nas diferentes
linguagens e o progressivo domínio por elas
de vários gêneros e formas de expressão:
gestual, verbal, plástica, dramática e musical, bem como [...] promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes
plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura.
Cada professora, com sua turma, desenvolveu
uma temática e trabalhou com diferentes linguagens. A turma de quatro e cinco anos construiu o avião,
atividade para a qual a professora,
após a leitura do livro, conversou
e problematizou com as crianças
como iriam fazê-lo. Decidiram usar
caixas de papelão, as quais, depois,
foram pintadas e com elas as crianças brincaram. Para
estimular ainda mais o faz de conta, um grupo de aeromodelos da cidade veio demonstrar como voa o avião
e também trouxe simuladores de voo para as crianças
brincarem.
Com a participação dos pais, a turma de quatro
anos pôde contemplar e observar as estrelas, trazendo
um registro de como foi este momento, de reflexão e vivência em família. Estes relatos foram expostos em uma
pirâmide de mensagens. A turma de cinco anos II construiu os planetas pelos quais passou o Pequeno Príncipe,
com balão e jornal, colorindo-os com tinta guache. Puderam descobrir diferentes possibilidades e estratégias
criadas por meio da história.
Construção dos Planetas
Exposição no Espaço Arte na Escola
A turma de cinco anos dramatizou e interpretou
a história com os personagens do Pequeno Príncipe e a
rosa. Também plantaram flores num jardim biodiverso, o
qual foi organizado e revitalizado para o projeto. Realizaram visitas a floriculturas e floras, para compreender o
processo de plantio e cuidado com as plantas.
A turma de três anos explorou o tema da cobra,
destacando o cuidado com os animais e o respeito com o
espaço de cada um. A tridimensionalidade, a cor e a textura levaram a uma pesquisa com diferentes materialidades. A massa de modelar e o biscuit foram referências
na exploração e as crianças recriaram a cobra enrolada
no palito de picolé.
A turma de um ano confeccionou o carneiro com
malha, feltro, fibra e algodão. Cada criança explorou as
diferentes texturas, contribuindo com a sua montagem.
Quando concluído, a professora brincou e leu a história
de forma lúdica.
Ao organizar um espaço diferenciado na área
externa da unidade, pensamos na Instalação do Labirinto. Esta trazia a exposição dos trabalhos e desafiava as
crianças, as quais, ao atravessarem, reviviam a história,
produzindo novos sentidos. Outro destaque da instalação foi a toca da raposa, feita numa cabana. O labirinto
trouxe prazer e desafio, em especial para uma criança
com diagnóstico de síndrome de espectro autista, que se
identificou muito com o novo espaço, o qual lhe proporcionou segurança e conforto.
Para fechamento do projeto, foi realizada uma exposição interativa no Espaço Arte na Escola da Educação
Infantil, na Prefeitura de Indaial. A exposição foi organizada de modo que as produções artísticas conversassem
com os espectadores e que estes, por sua vez, fizessem
parte da história.
Em um segundo momento, a exposição retornou
para a Unidade, e junto com as crianças, as famílias contemplaram as experiências vividas, deixando também
suas marcas da infância, seus desejos, medos ou anseios.
Labirinto
Os pais participaram, deixando mensagens de reflexão
sobre este grande clássico da literatura, demonstrando
o valor das pequenas coisas da vida.
Este projeto foi apresentado no III Seminário de
Relatos de Experiências em Arte, na Câmara dos Vereadores de Indaial, pelas professoras Andreia Ribeiro e
Débora Ferreira. O público deste evento é constituído
pelos professores dos grupos de estudo do Arte na Escola, da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.
Com o projeto “O Pequeno Príncipe”, as crianças,
os profissionais e as famílias ampliaram seu elo afetivo,
tornando-se mais parceiras entre si. As crianças também cuidaram melhor das plantas e das flores, querendo
sempre molhar e observar seu crescimento. Ao mesmo
tempo, ampliaram suas habilidades corporais, com autonomia nos diferentes desafios proporcionados. Estas
histórias, depois, ganharam vida e asas com as brincadeiras das crianças, que utilizaram o corpo como elemento
visual para sua imaginação.
Teatro: O Pequeno Príncipe e a Rosa
Referências:
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/
SEB, 2009.
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de
Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.
SAINT-EXUPÉRY, Antonie de. O Pequeno Príncipe. Tradução de Dom
Marcos Barbosa. Rio de Janeiro: Agir, 2009.
O Pequeno Príncipe. Exposição Interativa Shopping Iguatemi. Disponível
em: <http://www.opequenoprincipe.com/blog/> Acesso em: 2014
37
Do lixo
ao som
Escola Básica Municipal Encano Baixo Rudolfo Alfarth
Projeto: Grupo de Percussão: “Do lixo ao som”
Turmas: 5º ao 9º ano
Professor: Jean Carlos Corrêa
E-mail: [email protected]
O
projeto “Do Lixo ao Som” nasceu da necessidade de inserir uma nova postura social e cuidados
com o meio ambiente, favorecendo um novo
olhar para o lixo que é produzido na comunidade. A postura de reutilizar materiais, dando a eles uma maior vida
útil, confeccionando instrumentos musicais artesanais
para serem utilizados por alunos das séries finais do ensino fundamental com dificuldades no comportamento e
aprendizagem foi o motivo para a realização deste projeto.
“Do Lixo ao Som” foi uma iniciativa para motivar
os educandos a permanecerem mais tempo na escola,
contribuindo para resgatar o gosto de participarem ativamente das atividades escolares e da comunidade.
Esse projeto, de certa maneira, estimulou os alu-
Abertura do programa- Jóia- Uniasselvi
38
nos a cuidarem dos ambientes, destacando a importância de reutilizar o lixo produzido, por meio da separação,
sendo que hábitos rotineiros foram modificados dia a
dia, com atitudes simples, que poderiam repercutir em
outras ações.
Com essa reutilização, os educandos compreenderam a seleção do lixo orgânico, criando uma composteira, utilizada na horta da escola, a qual também faz
parte de um projeto trabalhado já em sala, contribuindo
para a separação e classificação do lixo produzido. Ficando sobre responsabilidade dos educandos a escolha de
materiais para confeccionar os instrumentos posteriormente utilizados no grupo de percussão.
Com este projeto, bombonas de papelão viram
tambores, latas de tinta viram repiques, potes de iogurte
e latas de refrigerante viram chocalhos, latas de sardinha
tamborins e cabos de vassoura se transformam em baquetas.
A escola em questão é pequena, possui poucas
instalações, está situada no Loteamento Real, no bairro
Encano Baixo. Ela acolhe 195 alunos, filhos de trabalhadores, com turmas do primeiro ao nono ano do Ensino
Fundamental. Essa é uma região que vem crescendo gradativamente, principalmente com a migração de famílias
de diferentes regiões de Santa Catarina e de outros estados brasileiros. Por ser uma comunidade com poucos
atrativos, fica mais fácil inserir os pais e familiares nas
atividades escolares.
Com o projeto “Do Lixo ao Som”, foram realizados
desfiles no bairro, divulgando o trabalho e convidando
a comunidade a participar dos vários eventos. Percebemos uma grande satisfação da parte dos moradores desta comunidade, ao verem seus filhos passando em frente
às suas casas, tocando instrumentos produzidos pelos
Ensaio e desfile no bairro
próprios alunos.
Hoje participam do Grupo de Percussão cerca de
vinte alunos, distribuídos nas turmas do quinto ao nono
ano do Ensino Fundamental.
“Do Lixo ao Som” possibilita aos alunos a exploração de suas habilidades nas aulas de música, com pinturas dos instrumentos musicais que são utilizados em momentos extracurriculares, com o resgate de cantigas e a
composição de arranjos, tendo como repertório músicas
folclóricas e ritmos brasileiros que são tocados e acompanhados pelo vocal de duas talentosas alunas, as quais
foram descobertas no projeto.
O projeto “Do Lixo ao Som” contempla os objetivos propostos no Projeto Político Pedagógico da escola,
o qual orienta para que se trabalhe com valores e cuidados com o meio ambiente, facilitando um trabalho conjunto, em busca de soluções rotineiras.
A proposta de criar um grupo de percussão não
passou por um planejamento prévio. Na verdade, tudo
aconteceu muito rapidamente. A direção da escola propôs fazer algo para incentivar a prática da reciclagem.
Então, em uma aula de Arte em que estávamos trabalhando com som, os alunos questionaram o porquê de a
nossa escola não ter uma fanfarra. Foi a partir disso que
surgiu a ideia de criar nossa própria banda, com mate-
riais reutilizados, reaproveitando o lixo da comunidade.
Os alunos aceitaram o desafio, no mesmo momento, com muita empolgação. Começaram a trazer nas
aulas posteriores materiais garimpados em suas casas.
Tudo aconteceu muito rapidamente. Nas aulas seguintes, começamos a criar os instrumentos e tentar tirar
deles sons. Logo fomos selecionando as músicas e criando as melodias, inserindo ritmos das canções do folclore
brasileiro. Daí para frente, não paramos mais. Efetuou-se uma apresentação no Festival Literário de Indaial,
que foi um sucesso e muitos convites foram surgindo.
Apresentamos em universidades e instituições de ensino do município, ocorreram desfiles e apresentações na
comunidade.
Foi aí que se percebeu a grandiosidade do projeto. Os alunos estavam eufóricos com a repercussão do
grupo no município. A motivação foi aumentando a cada
dia, pois criaram-se novos instrumentos e ritmos.
Para dar conta da amplitude do projeto, houve a
necessidade de se estabelecerem mais ensaios no período extracurricular. Em todos os encontros aparecia um
novo ritmo que eles criavam em casa, fazendo batucadas
com latinhas que encontravam nas ruas.
Com a grande diversidade cultural encontrada na
escola, é muito gratificante ver os alunos trazendo seus
39
Instrumentos com materiais reutilizados
conhecimentos, os ritmos da sua cultura, relatando o
quê e como era feito em seus estados de origem. Tudo
isso só engrandeceu os ensaios, melhorando o projeto,
possibilitando que um fosse transmitindo para o outro
seus saberes.
Para deixar o grupo mais bonito nas apresentações, foram confeccionadas camisetas pintadas pelos
próprios alunos, em uma oficina com a temática do Boi
de Mamão, tudo com ideias e materiais trazidos por eles.
Com essa iniciativa, alunos e professores
aprenderam que, para efetuar um bom trabalho, não é
necessário muita coisa, às vezes, temos a possibilidade
do aprendizado bem ao nosso alcance, resgatando-se o
que muitas pessoas consideram não ter mais utilidade.
Essa é uma lição de valorização do reuso do que se produz todos os dias.
O lixo pode não ser para muitos o material mais
indicado e apropriado. Mas, se pensarmos nas possibilidades de conquistas e ganhos futuros, no que diz respeito ao meio ambiente perceberemos que estamos no
caminho certo. Isso pode contribuir em termos de preservação do nosso meio ambiente, mostrando que é possível, criar e recriar, tendo em vista o estabelecimento de
uma nova consciência na comunidade.
Para valorizar nossos alunos e registrar o trabalho desenvolvido, estamos gravando um CD com seis
músicas, o que foi possível graças a um patrocínio, o que
confirma a responsabilidade e a credibilidade depositadas no projeto.
Como professor e idealizador do projeto, sinto-me gratificado em ter proporcionado essas vivências
aos alunos. Conhecer e participar do processo de gravação, para muitos, será uma experiência única. É importante salientar que nenhum trabalho é fácil. Tudo o que
fazemos tem gastos e, para concretizar nossos objetivos,
temos de arregaçar as mangas e trabalhar em busca dos
sonhos. Neste caso, não um sonho só meu, mas de toda a
comunidade envolvida.
Primeiros ensaios
Referências:
HUMMES, J. M. Por que é importante o ensino de música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista da
ABEM, Porto Alegre, V. 11, 17-25, set. 2004.
LINO, D. L.. Música é... cantar, dançar... e brincar! Ah, tocar também!
In: CUNHA, S. R. V. (Org.). Cor, som e movimento: a expressão plástica,
musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 2005.
Gravação CD
40
41
Construindo Valores
com a Diversidade
Unidade de Educação Infantil Bairro Tapajós Professora
Áurea Bonatti Merini
Projeto: Construindo Valores com a Diversidade
Turmas: 4 e 5 anos
Professoras: Andreia Garbari Tessmann
Cláudia Fátima Bartzen Porto
Silmara Klemann
E-mail: [email protected]
Boneca de massinha
Bonecas
Instalação
Tranças e fantoches
42
O
Projeto Construindo Valores com a Diversidade
buscou trabalhar o reconhecimento, a valorização e o respeito às diferentes etnias e culturas
no cotidiano das crianças. As formações oferecidas pelo
Projeto Arte na Escola Polo FURB e o V Festival Cultural
da Educação Infantil abordaram as etnias formadoras do
povo brasileiro. Estes eventos contribuíram no processo
de conhecer, descobrir, interagir, crescer e apropriar-se
de novos repertórios de forma prazerosa, rica e envolvente, explorando os diferentes segmentos da Arte.
Iniciamos o Projeto contando a história do livro
“Menina Bonita do Laço de Fita”, de Ana Maria Machado.
Para isso, contamos com a parceria dos pais, que confeccionaram fantoches usados nas dramatizações. Como a
personagem principal da história era afrodescendente,
uma criança com as mesmas características identificou-se com a personagem, passando a vir todos os dias com
tranças no cabelo.
De acordo com o RCNEI (1998), falar em autoestima das crianças pequenas significa compreender
a singularidade de cada uma delas em seus aspectos
corporais, culturais e étnico-raciais. Propomos, então, o
desafio às crianças de fazerem tranças. O resultado foi
fantástico. Além de fazerem com cordas, vinham de casa
com tranças no cabelo. Conhecemos a obra de Portinari
“Meninas com tranças e laços” estabelecendo relações
entre as imagens, de modo que as crianças fizeram a
montagem de um mosaico.
O interesse, a aceitação e a curiosidade das crianças foram se intensificando dia a dia. Ainda trabalhando
com a história, as crianças criaram as meninas de várias
cores em massinha, explorando a modelagem e o tridimensional. Percebe-se, assim, que, “[...] à medida que
desenvolve atividades tridimensionais, a criança vai
percebendo sua realidade física de uma forma lúdica e
construtiva, transformando o mundo e se transformando por meio da imaginação, da fantasia e da criatividade”
(PILOTTO, 2007).
Para ampliar o conhecimento das crianças, propôs-se pesquisar um pouco mais sobre a origem africana. Com isso, confeccionamos o Baobá, que é uma árvore
das savanas, as casas e os tambores para representar um
pouco dessa cultura. Essas estruturas tridimensionais
foram reunidas, compondo uma Instalação na entrada
da Unidade.
O projeto foi finalizado com a interação de todas as turmas da Unidade neste espaço. Escutar a história, tocar tambores, cantar e ouvir músicas, observar
as casas junto ao extraordinário Baobá reuniu uma rica
apreciação artística de toda a produção realizada. As
crianças compararam as casas africanas com as casas
em que moram, e se espantaram em saber que pessoas
têm suas casas dentro do tronco do Baobá. Hoje, percebemos o quanto essas descobertas foram significativas
para as crianças, pois foi possível explorar com elas as
linguagens, as brincadeiras e as interações, por meio de
uma aprendizagem prazerosa.
Podemos dizer que o projeto proporcionou a ampliação do repertório cultural, e as crianças relataram
aos pais, colegas e professores o reconhecimento e a
importância do diferente , e da diferença. Para Brandão
(1986 apud GUSMÃO, 2000, p. 12) , essas experiências
“[...] são partes da descoberta de um sentimento que, armado pelos símbolos da cultura, nos diz que nem tudo é
o que eu sou e nem todos são como eu sou”. E isto pode
ser complementado com os dizeres do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, ao expor este que:
A pluralidade cultural, isto é, a diversidade de etnias, crenças, costumes, valores
etc. que caracterizam a população brasileira
marca, também, as instituições de educação
infantil. O trabalho com a diversidade e o
convívio com a diferença possibilitam a ampliação de horizontes, tanto para o professor
quanto para a criança. Isto porque permite a conscientização de que a realidade de
cada um é apenas parte de um universo
maior que oferece múltiplas escolhas. (RCNEI, 1998)
Tem-se então que, na Unidade de Educação
Infantil, convive-se com as diferenças cotidianamente.
E neste ambiente de diferenças, o importante não está
simplesmente no fato de saber-se que elas existem, mas
em percebê-las e com elas conviver. Viver bem e conviver, portanto, harmoniosamente, em um ambiente de diferenças é a tônica que move a diversidade na educação.
Eis o que este projeto possibilitou.
Referências:
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GUSMÃO, Neusa M. M. Desafios da Diversidade na Escola. Revista Mediações, Londrina, v.5, n.2, p.9-28, jul/dez, 2000.
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de
Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.
MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. 7ª edição. São
Paulo: Ática, 2005.
PILOTTO, Silvia Duarte. Linguagens da arte na infância. Joinville: Editora Univille, 2007.
Portinari
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CopArte
Escola Básica Municipal Professor Mário Bonessi
Projeto: CopArte
Turmas: 9º ano
Professora: Lidiane Aparecida Sabino
E-mail: [email protected]
A
Copa do Mundo é um dos maiores eventos esportivos do planeta, o qual, em 2014, ocorreu
no Brasil. Diante disso, não se poderia deixar de
explorar aspectos relativos à arte que esse evento envolve. Por trás de uma bola rolando no campo, por exemplo,
existe uma explosão de cores, um mundo de símbolos e
significados a serem desvendados. Os olhos não param
ao fazerem a leitura das imagens das bandeiras, uniformes, organização dos estádios e também a presença dos
jogadores, técnicos e árbitros, transformando a figura
humana em escultura em movimento. Isso sem falar no
espetáculo de abertura dos jogos, o qual envolve música,
teatro, dança e as artes visuais.
Fomos impulsionados por este acontecimento tão
marcante que une o mundo às suas diversidades sociais,
políticas e culturais, e que aflorou nos estudantes o interesse em aprofundar os conhecimentos em Arte pela via
da paixão pelo futebol, que é uma característica marcante do povo brasileiro. Segundo Ana Mae Barbosa:
Esboço para estampas de camisetas
44
A Arte na Educação como expressão
pessoal e como cultura é um importante instrumento para identificação cultural e o desenvolvimento individual. Através da Arte é
possível desenvolver a percepção e a imaginação, aprender a realidade do meio ambiente,
desenvolver a capacidade crítica, permitindo
analisar a realidade percebida e desenvolver
a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (2010, p. 02)
Então, para dar início ao projeto CopArte, realizamos um debate, cada estudante pôde expor sua opinião
sobre o que estava acompanhando nas mídias, referente
ao assunto. Após a conversa, assistimos uma apresentação do vídeo História das Copas do Mundo, que relata
fatos importantes ocorridos nos eventos anteriores e
que marcaram a história. Em um segundo momento, foi
apresentada uma série de obras da artista Leda Catunda
Serra, pintora, escultora, artista gráfica e visual e professora de artes.
Em seguida, os estudantes puderam conhecer a
artista por meio do documentário “Recortes de Leda Catunda”, da DVDteca do Projeto Arte na Escola, no qual
foi apresentada a sua técnica, que é ferramenta indispensável ao seu trabalho, em que a costura e a pintura
passam a ser o foco central de sua obra.
Após análise das obras, os estudantes iniciaram o
esboço de desenhos que futuramente seriam reproduzidos nas camisetas com tinta PVA plástica. Durante este
processo, os debates sobre a copa foram constantes, por
meio dos quais os alunos traziam novos fatos e curiosidades sobre o evento. Realizamos também uma seção de
fotos da turma na quadra da escola, em posição de jogadores, para a qual os alunos pintaram seus rostos com
as cores da bandeira do Brasil e vestiram camisetas de
uniforme da seleção, montando o próprio time, ou seja,
a seleção do nono ano da Escola Básica Professor Mário
Bonessi.
A avaliação acompanhou todo o processo de
construção do aluno, para a qual considerou-se a organização dos conteúdos, a ampliação dos sentidos, a
percepção das leituras de imagem, a representação artística e criação. Sendo assim, alguns critérios foram de
grande importância, tais como os elementos de criação,
os elementos de expressão, o conhecimento do aluno e
a estética.
Para fechar com a taça de campeões, realizamos
uma exposição na Prefeitura de Indaial, na qual encontra-se o Espaço Arte na Escola e também houve a participação na Mostra de Trabalhos, realizada na própria
instituição escolar. Assim, as pessoas do bairro, da cidade e de outras cidades que visitam a prefeitura puderam
prestigiar e conhecer os trabalhos, bem como constatar
o potencial criativo dos nossos estudantes que, além de
desenvolverem os trabalhos com criatividade, tiveram a
oportunidade de conhecer o contexto histórico e social
da copa do mundo, assim como, conhecer obras de artistas que também abordam esse tema.
Processo de pintura das camisetas - Secagem
Exposição Espaço Arte na Escola
45
Foi por meio dos relatos no final do projeto que
se percebeu o quanto foi valioso esse processo, desde a
criação das obras até a exposição, o que possibilitou aos
estudantes sentir o que sente um artista ao ver o resultado final da sua obra. Conforme declarações dos próprios estudantes,
O projeto foi muito bom, é agradável
uma escola proporcionar uma exposição
cultural cheia de ideias diferentes e com
grande objetivo de expressar nossos pensamentos. (Ademir / 9º Vesp)
O projeto nos ajudou a aprender novidades sobre a história da copa do mundo, sobre jogos, uniformes antigos e até
sobre as diversas nações. Este projeto nos
fez enxergar o futebol de outro jeito, pois
não conseguíamos ver que por trás dos jogos existiam tantas coisas envolvidas como
a arte, a economia, e até a união de vários
povos. (Rosilangela / 9º Vesp)
Aluna orgulhosa de sua produção artística
Seleção de alunos produtores de arte da EBM Mário Bonessi
Conhecendo a artista Leda Catunda
Referências:
Recortes de Leda Catunda [DVD]. DVDteca Arte Na Escola. São Paulo:
Produção SESC TV, 2001.
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
BARBOSA, Ana Mae. Mudanças na Arte. Disponível em:
https://texsituras.files.wordpress.com/2010/04/anamae.pdf. Acesso
em: 05 maio 2014.
INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial:
Secretaria Municipal de Educação, 2012.
PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. São Paulo: Ática,
2005.
Prof. Lidiane Sabino em visita à exposição com alunos
46
Obras expostas com as ideias e críticas dos alunos.
47
Brincadeiras nas Obras de
Ivan Cruz
Unidade de Educação Infantil São Judas Tadeu
Projeto: Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz
Turma: 1 a 5 anos
Professora: Ana Paula Ribeiro de Sousa
E-mail: [email protected]
Ao pesquisar, selecionei o artista Ivan Cruz, que
me encantou por seu trabalho revelar as brincadeiras
vividas por ele e muitos de nós na infância: “Criança que
não brinca, não é feliz, ao adulto que quando criança não
brincou, falta-lhe um pedaço no coração”. Ao ler essa frase, que refletia exatamente o que eu sentia, fiquei imaginando quais brincadeiras pintariam nossas crianças no
futuro.
Craidy e Kaercher (2001, p.104) destacam que,
[...] sempre que se fala em crianças, pensa-se em brinquedos, brincadeiras e jogos. A brincadeira é algo pertencente à criança, à infância. [...] O brincar é um tipo de
linguagem que a criança usa para compreender e interagir consigo, com o outro, com o mundo.
Levantei o questionamento sobre o brincar para
a equipe da Unidade e propusemos o desenvolvimento
do Projeto Brincadeiras nas Obras de Ivan Cruz. Juntas,
buscamos mais informações que nos auxiliaram no planejamento, envolvendo todas as crianças de 1 a 5 anos.
Começamos a trabalhar com as crianças, apresentando algumas obras do artista e sua biografia. Ao questionar a turma sobre o que representavam, disseram que
eram crianças brincando, algumas brincadeiras reconheciam, outras não. Depois, pedi que conversassem com os
A
o observar as brincadeiras e os brinquedos das
crianças da turma de 5 anos, senti-me desafiada
a explorar este universo. Ao investigar, descobri
que em casa as crianças passam muito tempo diante do
televisor, computador e de jogos eletrônicos e constatei,
então, o quanto a maneira de brincar mudou.
Na Unidade, busquei reverter essa situação e
despertar o interesse e o prazer das crianças por meio
do resgate de brinquedos e brincadeiras. A Proposta
Curricular da Educação Infantil do Município de Indaial
destaca, dentro do Mapa das Ações Pedagógicas, as
brincadeiras manipulativas, motoras, dramáticas e estruturadas, explicando que:
O eixo brincadeiras envolve uma das
atividades fundamentais para o desenvolvimento integral da criança: o brincar. Compartilhar experiências brincando possibilita
que os envolvidos adquiram um sentido de
identidade e pertencimento. Assim, um ambiente favorável, com tempo e materiais que
estimulem o brincar, é fundamental no desenvolvimento da competência social das
crianças. É a atividade principal da criança,
sendo mediadora das principais transformações que definem seu desenvolvimento.
(2012, p. 75-76)
Telefone sem fio
48
49
pais e lhes perguntassem do que eles brincavam. Voltaram para a Unidade encantadas com as brincadeiras que
aprenderam e como foi a infância de seus pais. Ouvindo
seus relatos, vi o quanto estavam surpresas em saber
que vivenciaram as mesmas culturas infantis registradas
pelo artista e que geralmente passavam boa parte do
tempo na rua e não em frente à televisão ou com outros
eletrônicos.
Além de conhecer diversas brincadeiras e brincar,
foi proposta às crianças a construção de brinquedos com
sucatas e a representação das obras do artista, de diferentes maneiras, para todas as turmas.
No momento de realizar a ressignificação das
obras, cada turma escolheu duas ou três imagens. Na minha turma, trabalhei a obra “Amarelinha”, “Avião” e “Pé de
Lata”, por meio da pintura e da modelagem com massa de
biscuit, vivenciando o tridimensional. Outra turma utilizou a argila para representar a “Ciranda de Roda”.
Ao observar as obras do artista Ivan Cruz, uma
criança perguntou por que as suas pinturas não tinham
rosto. Antes que eu respondesse, outra falou: – Porque
assim pode ser qualquer criança. Com essa observação,
fica claro que quando visualizamos as obras nos vemos
brincando e que o brincar deve fazer parte da infância.
Vigotsky (1984 apud WAJSKOP, 2007), afirma que:
Brincadeira de criança
50
É na brincadeira que a criança
consegue vencer seus limites e passa a
vivenciar experiências que vão além de
sua idade e realidade, fazendo com que ela
desenvolva sua consciência. Dessa forma, é
na brincadeira que se pode propor à criança
desafios e questões que a façam refletir,
propor soluções e resolver problemas.
Brincando, elas podem desenvolver sua
imaginação, além de criar e respeitar regras
de organização e convivência, que serão, no
futuro, utilizadas para a compreensão da
realidade. A brincadeira permite também
o desenvolvimento do autoconhecimento,
elevando a autoestima, propiciando o
desenvolvimento físico-motor, bem como o
do raciocínio e o da inteligência.
Puxando lata
Quebra-cabeça
Finalizamos o nosso projeto com exposições na
Unidade e no Espaço Arte na Escola, na prefeitura de
Indaial. Unimos a Unidade e os pais em prol de um bem
comum: apresentar às nossas crianças muitas possibilidades de brincar de forma simples, resgatando culturas
infantis por meio das diferentes linguagens da Arte.
As obras do artista inspiraram as crianças, que
passaram a demonstrar interesse em brincar com as
imagens que apreciaram. Pais, professores, e crianças
foram mediadores no processo de aprendizagem.
Referências:
CRAIDY, Carmem Maria; KAERCHER, Gládis Elise P. da Silva. Educação
Infantil: Pra que te quero? Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de
Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.
WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. 7ª Ed. São Paulo: Cortez, 2007.
Ciranda de roda
Exposição Espaço Arte na Escola
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Diferentes Formas
de Arte e de
Contar Histórias
Nome da Escola: Escola Básica Municipal Arapongas
Título do Projeto: Diferentes Formas de Arte e de Contar
Histórias
Turmas: 6º ao 9º ano.
Professoras: Patricia Regiane Tomaselli
Ema Natal
E-mail: [email protected]
S
empre que lemos uma história que nos chama a
atenção, viajamos com ela para lugares imaginários e logo damos vida a todos os personagens e
a toda a magia nela existente. O mesmo deve acontecer
quando se conta uma história para alguém: tentamos
criar um ambiente propício para encantar o espectador,
fazendo com que ele também se sinta parte dessa história. Eu, professora de Arte, e a bibliotecária indagamos
por que não unir a Literatura e a Arte para que, juntas,
consigam exaltar a beleza e o ensinamento que uma boa
contação de história pode nos trazer?
Trabalho como professora de Arte há nove anos
na rede municipal de ensino e há três anos coordeno um
grupo de percussão musical. Todos os anos, em nosso
município, a Secretaria Municipal de Educação promove
52
um evento chamado: Festival Literário, do qual participam todas as escolas de ensino fundamental, apresentando ou assistindo a contações de histórias. Neste ano,
o tema escolhido para o festival foi Planeta Literário,
sugerindo a troca de conhecimentos em torno de diferentes culturas e a importância da conscientização ambiental.
Diante disso, associamos o tema central com a
história por nós escolhida - A flor do orvalho, também
conhecida como Amaru e a Motanha Watapayana, extraída do livro Contos e Lendas do Peru, da autora Antonieta Dias de Moraes. Este livro traz ensinamentos
sobre os povos que mais valorizaram a natureza, neste
caso, os povos indígenas peruanos, que muito têm a ensinar sobre seus antepassados e sua riquíssima cultura.
O Projeto Diferentes Formas de Arte e de Contar
Histórias teve início em março de 2014 e foi até o final do
mês de junho. Nossa escola tem 200 alunos e a diretora,
sempre muito empenhada, ajudou no que pôde, nesse
caso, providenciando os meios necessários à concretização do projeto. Decidimos que confeccionaríamos todo
o material necessário para contar a história. Sabíamos
que seria um desafio, mas tomamos isso como uma meta
Condor e Jaguar
de ensino, pois contribuiria ainda mais para as aulas de
Arte, afinal, aprender a fazer é muito mais valioso do que
comprar pronto.
O principal objetivo foi mostrar aos alunos o lado
prazeroso da leitura, superando a forma convencional
de contar histórias, enriquecidas pela troca de experiências. Havia o desejo de materializar a narrativa, mostrar
que é possível transformar imaginação em realidade.
Todas as manhãs de quinta-feira, um grupo de
quinze alunos reunia-se para encontrar a melhor maneira de contar determinada história. Escrevemos uma
adaptação do texto, pois a intenção era apresentar este
conto a um grande grupo de crianças cuja idade variava
entre 6 e 11 anos. Para isso, utilizou-se uma linguagem
mais fácil de ser compreendida. Foram cerca de três meses de pesquisas e ensaios.
Os personagens desta história foram representados pelos alunos e um deles foi construído em forma
de fantoche, sendo articulado por duas estudantes. A bibliotecária o construiu em espuma, de acordo com a imagem que todos tinham dele: um senhor mais velho, que
usava um gorro na cabeça e tinha uma aparência muito
engraçada. Ela também assumiu o desafio de criar todos
os figurinos para a história, o que o fez com excelência. É
importante dizer que, no que diz respeito ao funcionamento da biblioteca, os alunos, em momento algum foram prejudicados, já que a biblioteca da escola funcionou
normalmente.
Enquanto isso, íamos sempre trocando ideias.
Comentávamos sobre os animais nativos do Peru e, enquanto se confeccionavam os ponchos, pesquisávamos
sobre como construir um jaguar e um condor, reutilizando-se materiais. Durante o processo da construção,
convidamos alguns alunos para participarem deste momento. Aos poucos, as formas foram surgindo. E assim
apareceram lindos animais, feitos de jornais, cola e tintas
Colagens 8º ANO
Filtro dos Sonhos - 9 ANO
diversas. Percebemos que quanto maior o número de
alunos envolvidos, mais significativos seriam os resultados. Neste sentido, envolvemos quatro turmas de 6º ao
9º ano, cada qual responsável por uma parte do trabalho.
A turma do 6º ano contribuiu com a decoração
e o cenário. Durante as aulas de Arte, conheceram um
pouco mais sobre a América Latina e criaram pequenas
esculturas, simbolizando a cultura deste povo. Um grupo se dispôs a desenhar e pintar um grande painel com
uma imagem que lembrava as montanhas peruanas. Este
cenário foi utilizado como decoração e fez parte da contação da história. Aprenderam também a fazer uma receita mexicana, o guacamole.
A turma do 7º ano, por sua vez, aprofundou-se
mais no conhecimento da região do Peru. Aprenderam
músicas e coreografias que se relacionam com este tema.
Posteriormente, o canto e a dança também fizeram parte da história. A maior parte dos alunos que participou
da contação de histórias era desta turma.
Os alunos do 8º ano representaram os povos indígenas peruanos por meio de pinturas e colagens criadas
para exaltar a relação de respeito que deve existir entre
o homem e a natureza. Além disso, estes alunos pesquisaram dois artistas no material EcoArt: Antônio Henrique Amaral e Siron Franco, que têm seu trabalho baseado na ideia de preservação do meio ambiente e usam a
arte para denunciar a falta de respeito com a natureza.
O 9º ano contribuiu com a construção de um
instrumento musical: o cajon, que nos auxiliou fazendo a sonoplastia da apresentação. Além disso, outros
instrumentos foram acrescentados, como o ukulelê e o
chocalho. Pesquisamos também, no decorrer das aulas,
o artesanato produzido pelos povos indígenas da América Latina. Um dos escolhidos pela turma foi o filtro dos
sonhos e este foi confeccionado e integrado ao cenário
da história.
Guacamole e painel mexicano com apresentação musical
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Simultaneamente, ensaiaram-se com o grupo da
fanfarra os ritmos de origem latina e estes foram apresentados na contação de histórias.
Os primeiros a assistirem à apresentação foram
os anos iniciais da nossa escola, que ficaram muito felizes com o que viram e logo foram perguntando quando
eles também poderiam contar histórias desse jeito. Depois, levamos o grupo para o Festival Literário, como já
era programado. Neste evento, puderam apresentar-se
para todos os alunos dos anos iniciais da rede municipal
e para os visitantes. O resultado foi muito gratificante e
percebia-se nos olhinhos e na reação das crianças o encantamento e o aprendizado obtido com a história apresentada.
Assim, as músicas instrumentais, o canto, o teatro,
a dança, a criação de figurinos, os fantoches e a produção
de cenários tornaram-se fundamentais para a ampliação
de repertórios de todos os envolvidos. Podemos dizer
que foi por meio de um conto peruano que surgiram
diferentes formas de arte e de contar histórias. As produções artísticas dos alunos foram expostas no Espaço
Arte na Escola, na Prefeitura de Indaial, e apresentadas
na mostra interna da escola.
Com força de vontade e muita criatividade, conseguimos fazer tudo que foi planejado para a apresentação, porém algo mais aconteceu: o fato de não possuirmos condições financeiras favoráveis nos levou a
construir mais do que suportes materiais; nos fez crescer como educadoras e gerar conhecimentos significativos para nossos alunos.
Ao finalizar este projeto, só nos restou o desejo
de começar tudo novamente, de buscar novas histórias,
de reinventar práticas pedagógicas, pois sabemos que
são momentos como estes que ficam marcados na vida
destes jovens. Ao mesmo tempo, podemos afirmar que
unir a arte e a literatura é dar vida à imaginação.
Referências:
MORAES, Antonieta Dias de. Contos e Lendas do Peru. São Paulo: Martins Fontes 2001.
CALDIN, Clarice Fortkamp. O bibliotecário, a criança e a literatura infantil: algumas ponderações. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina.
Santa Catarina, v. 6, n. 1, p.111-128, 2001.
ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em:
15 abril 2014.
INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial:
Secretaria Municipal de Educação, 2012.
Dança Peruana
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55
Vinicius de Moraes: de
cinco a cem...
Unidade de Educação Infantil Polaquia
Projeto: Vinicius de Moraes: de cinco a cem...
Turma: 5 anos
Professora: Adelir Aparecida Quintino Zimmermann
E-mail: [email protected]
O
Festival Cultural da Educação Infantil, inserido
no calendário da Secretaria de Educação que
faz parte das propostas pedagógicas das unidades, em sua IV edição, trouxe como tema “Cem Anos de
Vinicius de Moraes”.
Para melhor envolver as crianças nesse contexto
e nas linguagens da Arte, foi apresentada a história de
vida, as músicas e poesias criadas por este poeta e compositor brasileiro, além de ser sugerida a confecção do
“Porta Poesias” - álbum que documenta as criações do
homenageado.
Os registros foram feitos por meio da escrita e
do desenho, e este conteúdo foi ganhando sentido, movimentou-se e incorporou-se ao tempo e aos espaços
do ambiente. Ouvir Vinicius de Moraes, em diferentes
vozes, durante conversas, desenhos e brincadeiras, tornou-se prática comum. Isso inspirou-nos à realização de
um sarau no dia do “Circuito Especial”- um evento cultural, previamente agendado no calendário da unidade.
O ambiente foi carinhosamente preparado pelas
crianças que confeccionaram lindos castiçais de garrafa
PET. Sob a luz de velas e o aconchego do ambiente, os familiares puderam apreciar as obras do grande poeta nas
vozes dos seus pequenos.
Ao explorar as linguagens poética e musical nas
obras do artista, eis que surge na música “A Casa”, uma
bela oportunidade para demonstrar às crianças a tridimensionalidade na Arte. Adentramos, portanto, o mundo da representação e a criança recebe o convite de
construir uma casa com a colaboração dos familiares.
Na data estabelecida para a entrega, um grande
temporal atinge a região, comprometendo as estradas.
O transporte coletivo não consegue acesso ao Morro da
Polaquia, tendo de ser substituído por automóveis. Uma
grata e bela surpresa: cada carro que chegava à unidade
transportava não somente crianças, mas casas de todos
Coleta de resíduos da natureza
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os tamanhos e formas. Que maravilha!
Construídas em papelão, isopor, madeira e palitos, demonstraram a criatividade e as diversas possibilidades encontradas pelas famílias para contribuir com
a proposta. A dedicação com este fazer e o número expressivo das famílias que participaram, trouxe particularmente a mim, professora, um sentimento de surpresa e magia. Mais que uma tarefa executada, a atividade
mostrou as possibilidades de envolvimento, responsabilidade, participação e desejos compartilhados entre as
famílias e a unidade.
Como complementação deste fazer artístico e
também como forma de agradecimento pelo envolvimento das famílias, uma exposição do trabalho foi planejada e organizada nas rodas de conversa. Uma criança
sugeriu que construíssemos uma estrada bem grande.
Mas por onde seguir com esta construção? Que materiais utilizar?
O movimento Land Art, expressão que pode ser
traduzida como “Arte da Paisagem” ou “Arte Terrestre”,
foi a resposta encontrada por meio do site EcoArt, sugestão obtida na formação Arte na Escola.
Novamente contando com a colaboração das famílias, as crianças seguem com uma nova pesquisa do
tema. Os comentários foram chegando, mesmo antes
do tempo previsto. V. falou das obras feitas com areia.
W. disse que a irmã digitou e ele clicou nas imagens e a
que mais chamou sua atenção foi a de um “caracol” feito
em cima da água, despertando bastante curiosidade nas
crianças. L. trouxe imagens impressas em uma pasta e
imagens digitais em DVD para socializar com os amigos.
Durante a apreciação das representações das
obras, foi selecionada a imagem “Plataforma Espiral”
(SpiralJetty), de Robert Smithson (1970), construída
no Grande Lago Salgado, em Utah, nos Estados Unidos,
como fonte de inspiração.
Para aguçar o olhar sensível à beleza artística, um
passeio foi realizado pela redondeza e, na natureza, foi
encontrada a matéria-prima a ser utilizada na construção do trabalho: folhas de coqueiro, cacho de coco seco,
galhos e folhas diversas, que foram coletados e levados
até a unidade, com muito esforço e criatividade dos pequenos, que aproveitaram as folhas de coqueiro para se
protegerem do sol.
Instalação
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Durante o passeio, L. sugeriu que pintássemos
todo esse material com as cores do arco-íris. Como nem
todas as cores eram conhecidas pelas crianças, surge
uma nova oportunidade de pesquisa. As cores e misturas
conquistam a atenção do momento e o laranja, o anil e o
violeta são descobertos. A sala foi transformada durante
boa parte do tempo em oficina de pintura.
Finalmente, chegou o grande dia da exposição,
mas como o fazer artístico depende, necessariamente,
de um bom tempo climático, tudo foi realizado e registrado durante a semana e apresentado aos pais com o
auxílio de fotos e vídeo, no dia 31 de agosto, quando a
unidade estava em festa.
Posso afirmar que este projeto contemplou a presença da Arte enquanto processo vivido e marcado na
experiência corpo inteiro, conforme Moreira (2002). Por
meio dos relatos das crianças e pais, identifiquei o quanto deste fazer artístico integrou e movimentou a rotina
da unidade e também das famílias. Eles comentaram que,
para a realização da tarefa, buscaram ajuda de amigos,
parentes e vizinhos. Enfim, juntos traçamos o roteiro e
embarcamos numa viagem rumo ao desconhecido. Com
direito a estranhamentos e incertezas, experimentamos
e vivenciamos momentos com a Arte em sua totalidade.
Referências:
MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do
educador. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2002.
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Editora C/Arte,
1998.
CAMPOS, Neide Pelaez. A construção do olhar estético-crítico do
educador. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002.
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de
Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.
MOREIRA, Roseli. O tridimensional: dimensões para arte e educação.
Blumenau: Nova Letra, 2012.
OSTETTO, Luciana Esmeralda. Arte, Infância e formação de professores: Autoria e transgressão. 7ª Ed. Campinas: Papirus, 2011.
TIRIBA, Lea. Crianças na natureza. Disponível em:
<portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task...>Acesso em: 17
jun.2013.
Construção do fazer artístico
Plataforma Espiral de Robert Smithson -1970
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Sarau Cultural
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Vida
e Identidade
Escola Básica Municipal Juvenal Carvalho
Projeto: Vida e Identidade
Turmas: 4º e 5º ano
Professora: Maria Aparecida Laemmel
E-mail: [email protected]
A
o responder a uma demanda de alunos que vem
de diferentes regiões de Santa Catarina e outros
estados, discutimos assuntos muito próximos da
realidade da nossa escola, a exemplo do preconceito, da
diferença social e do racismo, contemplados nos temas
transversais. Para isso, utilizamos um dos indicadores
de aprendizagem de nossa Proposta Curricular , a arte
indígena.
Durante as pesquisas sobre as etnias indígenas,
ficamos encantados com as maneiras de estes pintarem
o corpo com tanta pureza. Resolvemos, então, delimitar
uma parte importante da comunicação indígena, a pintura corporal.
Pela compreensão da cultura indígena brasileira
e sua forma de comunicação com a pintura corporal foi
possível mostrar aos alunos como os indígenas viveram
e vivem e como produzem sua arte, respeitando seus hábitos e costumes.
Durante as aulas, discutimos sobre a arte indígena, explorando a cultura e seus diversos modos de
produção junto aos elementos da visualidade. Fizemos
modelagem de alguns potes de artesanato com cerâmica, refletimos acerca de conceitos e características, inserimos alto e baixo relevo. Com isso, percebemos diferentes maneiras de executar a cestaria e com recorte e
colagem construímos máscaras.
Nesse processo, ressaltamos a importância da
teoria das cores, através da pesquisa dos pigmentos
naturais e das cores quentes e frias. Exploramos a forma com a simetria e assimetria. Conhecemos costumes,
música, dança, culinária, festas e aprendemos sobre a
bodyart.
Com o vídeo do antropólogo Darci Ribeiro, aprofundamos nossos conhecimentos sobre a cultura indígena. Descobrimos que na pintura corporal ou no grafismo indígena cada etnia tem sua própria representação.
Pintam o corpo para enfeitá-lo, para defendê-lo contra
o sol, os insetos e os espíritos maus. Cada tribo e cada
família desenvolve padrões de pintura fiéis ao seu modo
de ser. Os desenhos percebidos na pintura corporal são
retirados da vivência dos índios com a natureza, como
nas plantas do cipó escada, folhas do açaí ou dos animais,
como o peixe, o jacaré, a serpente, a formiga saúva, o caramujo entre outros. Ouvimos músicas indígenas, cantadas por crianças.
Pesquisamos no site do Projeto Arte na Escola a
coleção Eco Art e, a partir da leitura das obras dos artistas Victor Hugo Arazabal - “Amazônia” e Siron Franco“Animais em Extinção”, passamos à produção artística.
Preparamos desenhos sobre a pintura corporal
e as peles de animais em extinção. Chegamos à pintura
final com as cores simbólicas e a relação com a natureza.
Exploramos a materialidade utilizando diferentes suportes, como telhas que ganharam cores e linhas. A duração
deste projeto foi praticamente de um bimestre, aproximadamente dezesseis aulas.
Alguns alunos avaliaram o percurso do trabalho
com depoimentos, a exemplo dos que seguem:
Produção Artística
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61
O Projeto Vida e Identidade foi exposto no Espaço Arte na Escola, situado na Prefeitura de Indaial e
apresentado na Mostra Interna Escolar. Além de painéis,
em uma estrutura vertical, com mesas circulares em
MDF, as produções artísticas, em telhas doadas pela diretora da Unidade de Ensino e pintadas com tinta PVA,
foram cuidadosamente colocadas, criando um ambiente
de beleza e mistério.
Referências:
CARVALHO, Ricardo Artur Pereira de. Grafismo Indígena: Compreendendo a representação abstrata na pintura corporal Asurini. Projeto de conclusão de curso em Desenho Industrial – Comunicação Visual. Disponível em:
http://www.ricardoartur.com.br/GrafismoIndigena.pdf Acesso em 17 maio
2015.
Estrutura Vertical
Eu aprendi que os índios são pessoas
especiais. Eu achei os trabalhos de arte indígena espetaculares! Valeu a pena fazer
tantos trabalhos até chegar no final. Aprendi que os índios conversam com os espíritos
e fazem seu grafismo igual pele dos animais.
(Dennis Zandoná – 4º ano 1).
Eu aprendi que os índios são pessoas
importantes. Eu não sabia que eles podiam
se comunicar através de suas pinturas corporais. (Yohana G. Camargo – 4º ano 1).
Eu aprendi que devemos tratar bem os
índios, porque eles são seres humanos iguais
a nós, mas com jeito de viver diferente. Também aprendi que os índios são exemplos
para nós, ao cuidar da natureza. Minha avó
é índia, nascida em José Boiteux – SC. (Carla
Thauane de Zeferino – 4º ano 2).
62
Apreciação no Espaço Arte na Escola
GOMES, Denise Maria Cavalcante. Cerâmica Arqueológica. Vasilhas da
Coleção Tapajônica MAE-USP. São Paulo: FAPESP/EDUSP/Imprensa Oficial de São Paulo, 2002.
ECO ART. Disponível em: < http://artenaescola.org.br/ecoart/>. Acesso em:
12 mar. 2014.
INDAIAL. Proposta Curricular do Ensino de Arte de Indaial. Indaial:
Secretaria Municipal de Educação, 2012.
VILLAS BOAS. Arte Indígena. Disponível em:
<http://br.images.search.yahoo.com/yhs/search;_ylt=A0LEVjlxEjFVmtIA9i0f7At.;_ylu=X3oDMTBsa3ZzMnBvBHNlYwNzYwRjb2xvA2JmMQR2dGlkAw--?_adv_prop=image&fr=yhs-iry-fullyhosted_003&va=villas+boas+arte+indigena&hspart=iry&hsimp=yhs-fullyhosted_003
>.
Acesso em: 17 abril 2015.
Recortes de Leda Catunda [DVD]. DVDteca Arte Na Escola. São Paulo:
Produção SESC TV, 2001.
Pajerama [DVD]. Ministério da Cultura. Brasil: Glaz Entretenimento,
2008
Visita ao Espaço Arte na Escola
Grafismo e Pinturas Indígenas [Vídeo]. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=88LFzg7bLKM Acesso em: 17 abr. 2015.
Índios no Brasil. 1. Quem são eles? [vídeo]. Brasil: TV Escola/MEC/Vídeo nas
Aldeias, 2000.
Disponível em: http://www.videonasaldeias.org.br/2009/video.php?c=83
Acesso em: 17 abr. 2015.
Produção Artística
Mistura e Invenção Aspectos da Cultura Brasileira – Darci Ribeiro [vídeo].
Brasil: Itaú Cultural, 2009. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SszH1iNUm3U Acesso em: 17 abr. 2015.
63
São Tantas
Emoções
Unidade de Educação Infantil Carijós
Projeto: São Tantas Emoções
Turmas: 4 anos
Professora: Loreni Graziela Bittelbrunn
e a relacionar-se com as pessoas, em diferentes ambientes. Neste caso, propor brincadeiras que desenvolvam o
lado afetivo de maneira lúdica e prazerosa, abordando a
Arte, é essencial na Educação Infantil. Neste momento,
há um salto qualitativo no nível de interação, levando-se
em conta que a linguagem oral está mais desenvolvida.
Assim, os pequenos expressam seus desejos, ideias e
sentimentos, colaborando de maneira ativa para desenvolver qualquer proposta nos espaços da Educação Infantil. Ao mesmo tempo, é preciso ter ciência de que:
Grazi
Homenagem Póstuma 20/07/1981
11/10/2014
O
Projeto São Tantas Emoções foi realizado nos
meses de março a abril de 2012, com a turma
de quatro anos. Teve como principal objetivo
contemplar propostas que envolvessem as linguagens
da arte, de diferentes maneiras, estabelecendo relações
com os sentimentos de cada criança envolvida.
Trabalhar aspectos afetivos na Educação Infantil
é fundamental. Aos quatro anos de idade as crianças estão em pleno desenvolvimento, aprendendo a interagir
64
A função da Educação Infantil compreende duas ações indissociáveis: Cuidar e
Educar. O cuidar envolve as ações afetivo-emocionais entre adultos e crianças que partilham os espaços aprendentes das Instituições de Educação Infantil. O educar envolve
as ações sistematicamente planejadas, focadas em objetivos que visam à ampliação
do repertório cultural das crianças. No entanto, não são ações estanques, são interdependentes. (FRANCISCO, 2012, p. 6).
ciando as Emoções” e “São Tantas Emoções”. Este último,
baseado no nome de uma música de Roberto Carlos, que
havíamos escutado várias vezes. Por fim, “São Tantas
Emoções” foi o nome escolhido pela maioria do grupo.
Diferentes linguagens da Arte estiveram presentes neste projeto, por meio da pintura, da dança, da dramatização e do desenho, elaboradas a partir de algumas
imagens. Após conhecerem algumas obras de Van Gogh,
as crianças realizaram autorretratos; na dança, protagonizaram personagens a partir da canção “O cravo brigou
com a rosa”; dançaram com a música “Emoções”, de Roberto Carlos, e, na dramatização, com o jogo teatral, imitaram faces tristes, felizes, amedrontadas e com raiva.
Todas as linguagens da Arte contribuem para o
desenvolvimento integral e, ao serem abordadas nas
propostas da Educação Infantil, tendem a instigar o senso de criatividade e imaginação e ampliar o repertório
cultural de cada criança. De acordo com Pillotto (2007,
p. 21), “[...] a criação baseada nas linguagens da arte contribui para as construções e vínculos afetivos da criança,
ao mesmo tempo em que lhe permite flexibilidade e interesse no engajamento em atividades sociais e culturais”.
O trabalho diário desenvolvido na unidade com
este projeto foi significativo. As crianças tiveram a oportunidade de vivenciar experiências estéticas e artísticas
como desenhar, observar imagens de algumas obras de
arte, pintar com tinta guache, papéis e o corpo, modelar
esculturas, ouvir e dançar ao som de boas músicas.
Oferecemos uma experiência em que as crianças
se expressaram por meio do desenho e da pintura na
tenda plástica, estrutura grande, transparente, que foi
pendurada, na qual as crianças pintaram com diferentes
materiais. Confeccionamos almofadas da felicidade, o
que levou a fazer a festa da chuva de jornal picado. Construímos um túnel com madeira e papel pardo que, ao ser
explorado, oferecia texturas diferentes no chão, no qual
as crianças passaram de olhos vendados.
Toda semana era feita uma roda de conversa para
avaliar se as crianças estavam gostando das propostas
e o que poderia ser feito de diferente. Neste momento,
eram apresentadas as brincadeiras que seriam realizadas. As etapas de desenvolvimento do projeto passaram
por um planejamento prévio, levando em consideração
a aceitação das atividades por parte da turma. Neste
processo, foram feitas perguntas, como por exemplo: O
que te deixa triste? Assim, as crianças foram relatando o
que as deixava tristes, da mesma maneira com os demais
sentimentos abordados (raiva, medo, felicidade). Para
complementar as discussões e reflexões, com o auxílio
dos pais, pesquisaram o assunto em revistas, jornais, internet, para associarem os sentimentos que por vezes
temos, em relação às notícias e à vida cotidiana.
Como forma de registro, fizemos um portfólio,
chamado de “Livro das Emoções”, confeccionado com a
turma, com intuito de registrar as vivências e reflexões
do processo. Toda semana, uma criança levava o livro
para casa e seus familiares participavam da sua confecção, atentos no que estava acontecendo. O livro ficava
exposto para que cada criança o pegasse a qualquer momento para olhar ou até mesmo fazer algum desenho.
Desta forma, percebiam seu desenvolvimento por meio
de fotos e textos lidos por mim.
Outras turmas da Unidade integraram-se ao projeto nas mostras de trabalhos, nas danças e nas dramatizações. Muitas foram as conquistas, sendo algumas
delas a harmonia da turma e a percepção dos sentimen-
Nesse sentido, desenvolver propostas criativas e
prazerosas juntamente com as crianças é um dos meios
para que cresçam de forma integral. Ao partir da problemática que focava a necessidade de trabalhar sentimentos como raiva, amor, felicidade, medo e tristeza,
iniciamos um diálogo para identificar o que as crianças
pensavam sobre desenvolver brincadeiras que conseguissem explorar tais emoções.
Para a escolha do nome do projeto, optou-se por
realizar uma votação, pois tínhamos dois nomes: “VivenLivro das Emoções
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Almofada da felicidade - picando jornais
Tinta e bolinha de papel para expressar a raiva
tos abordados. Em alguns momentos, na sala de aula, pode-se observar crianças brincando com livros e fazendo
comentários pertinentes: “olha, profe, essa menina da
história tá triste, né?” Então, questionando por que ela
estaria triste, prontamente a criança respondeu: “Tem
lágrimas no rosto dela”.
As crianças vivenciaram momentos únicos, participando ativamente das reflexões com a professora. A
Arte foi fundamental para que expressassem com tranquilidade e diversão cada momento.
Este projeto foi apresentado para os professores
que participavam do Grupo de Estudos do Projeto Arte
na Escola, na FURB – Universidade Regional de Blumenau, no I Seminário de Relatos de Experiências na Câmara de Vereadores de Indaial. Os registros deste projeto,
realizados por meio de fotos, vídeo e do Livro das Emoções foram expostos no Espaço Arte na Escola – Educação Infantil, na Prefeitura de Indaial.
Referências:
INDAIAL. Proposta Curricular da Educação Infantil do Município de
Indaial. Indaial: Secretaria Municipal de Educação, 2012.
PILLOTTO, Silvia Sell Duarte. Linguagens da Arte na Infância. Joinville:
Univille, 2007.
FRANCISCO, Adilson de Angelo Lopez. Faz tempo que você é velhinho? Das
memórias do vivido nos encontros e encantamentos com a rede de educação infantil de Gaspar. Revista Infância. Ano I, nº 1, fev, Secretaria Municipal de Educação, Gaspar/SC, 2012.
Túnel das sensações
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Túnel das sensações
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