SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVON
PROJETO REVIVAVIDA:
UM DIÁLOGO ENTRE A PEDAGOGIA LIBERTADORA E A
ECOPEDAGOGIA
CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO
AMERICANA
2009
SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVON
PROJETO REVIVAVIDA:
UM DIÁLOGO ENTRE A PEDAGOGIA LIBERTADORA E A ECOPEDAGOGIA
Dissertação apresentada como exigência
parcial para obtenção do grau de Mestre
em Educação ao Programa de PósGraduação do Centro Universitário
Salesiano de São Paulo, sob orientação
do Prof. Dr. Luís Antonio Groppo.
CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO
AMERICANA
2009
Schiavon, Samira Maximiano
S352p
Projeto Revivavida: um diálogo entre a Pedagogia
Libertadora e a Ecopedagogia / Samira Maximiano
Schiavon.
– Americana: Centro Universitário Salesiano
de São Paulo, 2009.
219 f.
Dissertação (Mestrado em Educação). UNISAL – SP.
Orientador: Profº Drº Luis Antonio Groppo.
Inclui bibliografia.
1. Pedagogia libertadora.
2. Ecopedagogia.
3. Projeto Político-Pedagógico – Brasil.
I. Título.
CDD – 371.207
Catalogação elaborada por Terezinha Aparecida Galassi Antonio
Bibliotecária do Centro UNISAL – UE – Americana –
CRB-8/2606
Autor: Samira Maximiano Schiavon
Título: Projeto Revivavida: Um diálogo entre a Pedagogia Libertadora e a
Ecopedagogia
Dissertação apresentada como
exigência parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Educação.
Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em 28/08/2009, pela comissão
julgadora:
_____________________________________________________
Prof. Dr. Luis Antonio Groppo (orientador- UNISAL)
_____________________________________________________
Prof. Dr. Severino Antônio Moreira Barbosa ( membro interno – UNISAL)
______________________________________________________
Prof. Dr. Álvaro José Pereira Braga (membro externo – UNISAL)
UNISAL
Americana
2009
Dedico aos meus pais Renato e Regina,
exemplos de vida para mim.
Aos meus filhos Érika e Matheus,
grandes amores de minha vida e a razão do meu viver.
Aos Mestres Groppo e Severino, por me mostrarem uma nova
escuta da Educação.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Renato e Regina Schiavon, por me amarem e me educarem, nos mais
nobres sentimentos humanos.
Aos meus filhos Érika e Matheus, que são os grandes amores da minha vida, com quem
compartilho todos os momentos de minha vida. Agradeço a eles por serem meus
grandes amigos e companheiros. Agradeço ainda pela paciência que tiveram durante a
caminhada no Mestrado e a dedicação com que me auxiliaram durante a construção da
dissertação.
A minha querida irmã Giovana, ao meu cunhado Danilo, e as florzinhas de seu jardim,
minhas sobrinhas Pietra e Anne, por estarem ao nosso lado trazendo risos, alegrias e
esperança.
Ao Prof. Dr. Luis Antonio Groppo, por me mostrar que mesmo dentro de turbulências,
podemos vencer e superar desafios. Orientou-me com sabedoria, calma e respeito
durante todo o percurso da pesquisa.
Ao Prof. Dr. Severino Antonio, por me mostrar a poesia na educação e a educação
poética.
Ao Prof. Dr. Paulo de Tarso Gomes, por suas imprescindíveis contribuições no exame
de qualificação.
Aos professores do curso de Mestrado em Educação, por me acolherem e participarem
do meu crescimento profissional.
Aos amigos do curso de Pós-Graduação e do Caipe, por suas contribuições nas aulas,
encontros e reuniões.
A Direção da Escola Estadual Altair Polettini, representada pela sua equipe: Miriam,
Sissi, Daniela e Rosangela, por me receberem sempre com as portas abertas.
Aos professores, funcionários, alunos e pais de alunos, que me receberam na
comunidade escolar, fazendo da Escola Altair Polettini meu segundo lar. Agradeço pela
construção que fizemos coletivamente do Projeto Revivavida, objeto desta pesquisa de
mestrado.
Agradeço aos meus tios, em especial a Tia Meire e a Tia Marina, por sempre me
apoiarem com palavras de força e otimismo nos momentos em que eu desanimava.
Agradeço aos meus amigos e amigas, em especial a Dagmar por ouvir as minhas
angústias, compreender as ausências e incentivar o meu trabalho.
E finalmente a todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização desta
pesquisa.
Ser palhaça é dar um mergulho dentro
dos seus segredos e buscar o reencontro
consigo mesmo. É saber identificar
todos os sentimentos, todos os valores,
todo o nosso ridículo e querer dividir
isso com os outros de peito aberto, e não
ter medo de dar a cara à tapa (ou a
torta).
Depoimento das alunas do grupo “É
engraçado ser Séria”
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo analisar a elaboração, desenvolvimento, aplicabilidade e
alcance histórico do projeto socioambiental Projeto Revivavida, desenvolvido na Escola
Estadual Profª. Drª. Altar de Fátima Furigo Polettini, no município de Mogi Mirim,
estado de São Paulo, durante os anos letivos de 2004 a 2006. O Projeto Revivavida tem
por referência a proposta metodológica sugerida pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Meio Ambiente (EMBRAPA) que é o sócioconstruvismo e a utilização
do método ver-julgar e agir. A análise do Projeto Revivavida está fundamentada nos
referenciais teóricos de Paulo Freire sobre a Pedagogia da Libertação e a Ecopedagogia
proposta por Moacir Gadotti. Para analisar o Projeto Revivavida enquanto Movimento
Social utilizou-se as categorias de Movimento Social sugerida por Maria da Glória
Gohn. Por se tratar de uma dissertação que dialoga com vários saberes, apresenta uma
multiplicidade de referenciais teóricos, que não foram citados aleatoriamente, mas como
parte do diálogo entre os saberes e pela característica transdisciplinar do Projeto
Revivavida. Trata-se de um estudo de caso e para a sua construção utilizou-se a
metodologia da Pesquisa-Ação-Participante, devido ao envolvimento nas ações do
projeto como educadora/pesquisadora. Neste processo de pesquisa utilizaram-se dos
recursos documentais, como planos, projetos, tabelas e fotos, para a contextualização
histórica, social, política e econômica da escola e do Projeto Revivavida. E teceu-se um
diálogo entre os referenciais teóricos de emancipação, afetividade, criticidade,
transdisciplinaridade, sustentabilidade, relações locais e globais, dando vozes aos atores
que constituíram este movimento, as organizações abrigadoras e apoiadoras - Embrapa e
Diretoria de Ensino; as lideranças internas – equipe gestora; e as bases demandatárias educadores e educandos. As ações socioambientais do Projeto Revivavida tiveram um
alcance local e social; contribuindo e oportunizandom a formação de educadores e
educandos mais críticos e reflexivos na construção de uma educação voltada a escola
pública de qualidade, a sustentabilidade e a conquista da cidadania planetária.
PALAVRAS CHAVE: Pedadogia Libertadora; Ecopedagogia; Projeto PolíticoPedagógico
ABSTRACT
This research has for objective to analyze the elaboration, development,
applicability and historical reach of the socio-environmental Revivavida Project,
developed in the State School Profª. Drª. Altar of Fátima Furigo Polettini, in the city of
Mogi Mirim, estate of São Paulo, during the school years of 2004 until 2006. The
Revivavida Project has for reference the methodology proposal suggested by the
Embrapa Environment that is the socio-constructive and the use of the method seejudge and act. The analysis of the Revivavida Project is based on the theoretical
referential of Paulo Freire, on the Pedagogy of the Release and the Ecopedagogy
proposed by Moacir Gadotti. To analyze the Revivavida Project while Social
Movement, we use the categories of Social Movement suggested by Maria of the Gohn
Glory. For the construction of this research, we use the methodology of ResearchAction-Participant, because the involvement in the actions of the project while
educator/educating. In this process of research we use the documentary resources, as
plains, projects, tables and photos, for the context historical, social, economic and
politics of the school and the Revivavida Project. And we weave a dialogue among the
theoretical referential of emancipation, affectivity, criticism, trans-discipline, support,
local and global relations, community and society and giving voices to the actors who
have constituted this movement, the shelter and supporter organizations - Embrapa and
Direction of Education; the internal leaderships - managing team; and the demanding
bases - educators and students. The development of the socio-environmental actions of
the Revivavida Project have initiated a local and social reach; they have contributed and
supplied opportunities to the formation of educators and students more critical and
reflective in the construction of an education directed to the public school of quality;
the support and the conquest of the planetary citizenship.
KEY WORDS: Liberating Pedagogical; Ecopedagogia; Pedagogical Project
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Eixo Temático: Cidadania e Saúde .........................................................77
Gráfico 2 – Temas Geradores: Cidadania e Saúde.....................................................77
Gráfico 3 – Temas Geradores: Água e Energia .........................................................82
Gráfico 4 – Tema Gerador: Lixo ................................................................................83
Gráfico 5 – Tema Gerador: Agricultura e Alimentação.............................................84
Gráfico 6 – Tema Gerador: Recursos Naturais ..........................................................85
Gráfico 7 – Perfil dos Professores Entrevistados .......................................................107
Gráfico 8 – Perfil dos Alunos Entrevistados ..............................................................110
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Desenho de Aluno – Tema Água ..............................................................82
Figura 2 – Desenho do Jogo – Tema Lixo – Desperdício
- Elaborado pelo Aluno .............................................................................84
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................12
1 EDUCAÇÃO: EMANCIPAÇÃO, PROJETOS PEDAGÓGICOS E
PARCERIAS ............................................................................................................15
1.1 Educação e Emancipação ...........................................................................15
1.2 Tecendo os Fios da Educação Ambiental ...................................................25
1.3 Projetos Pedagógicos e Políticas Públicas ..................................................35
1.4 Conceito de Movimentos Sociais e seus Atores .........................................41
2 O PROJETO REVIVAVIDA E SEUS ATORES ......................................................... 49
2.1 A Escola ................................................................................................................ 51
2.2 A Construção e as Transformações do Projeto Revivavida .................................. 57
2.3 A Embrapa Meio Ambiente e os Parceiros.................................................62
2.3.1 A Metodologia Proposta pela Embrapa Meio Ambiente e a
Capacitação para o Programa Meio Ambiente e a Escola ...................64
2.4 A Descrição do Projeto e as Etapas de Elaboração ....................................68
2.5 Os Projetos SócioAmbientais Desenvolvidos no Revivavida ....................76
2.6 O Projeto Revivavida analisado enquanto Movimento Social ...................87
3 AS VOZES DOS ATORES ..................................................................................92
3.1 Algumas Considerações Metodológicas .....................................................93
3.2 As Vozes das Instituições Abrigadoras e Apoiadoras ................................94
3.3 As Vozes da Liderança ...............................................................................100
3.4 As Vozes das Bases Demandatárias ...........................................................105
3.4.1 Os Professores ....................................................................................106
3.4.2 Os Alunos ...........................................................................................110
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................126
ANEXOS ...................................................................................................................134
12
INTRODUÇÃO
Quando surgiu a oportunidade de fazer a inscrição no Mestrado em Educação,
fiquei pensando em um tema que poderia ser meu objeto de pesquisa. Apesar de estar
envolvida com a Educação, nunca pensei em fazer mestrado nesta área, mas sim em
História, que é minha formação acadêmica original. As idéias e propostas de projeto que
tinha em mente eram relacionadas à História de Gênero, e nada tinham a ver com a
linha de pesquisa sobre Educação Sóciocomunitária. Como estava muito envolvida com
o Projeto de Educação Ambiental desenvolvido na Escola Estadual Altair Polettini, a
qual eu trabalhava como Coordenadora Pedagógica, e algumas questões sobre o seu
desenvolvimento e resultado me aguçavam a curiosidade em busca de respostas, resolvi
escrever um Projeto de Pesquisa com a proposta de analisar o alcance do projeto no
cotidiano da escola e na comunidade em que a escola estava inserida, assim como o
envolvimento da comunidade escolar na sua elaboração, desenvolvimento e resultados.
Durante a elaboração da proposta de pesquisa não tinha um conhecimento
aprofundado de qual referencial teórico o projeto se embasava. Acreditava na educação
como um agente transformador, e que a escola era apenas um dos meios de atuação para
esta transformação. Quando tomei conhecimento por meio das disciplinas de teóricos
como Paulo Freire, Carlos Rodrigues Brandão e Moacir Gadotti, percebi que minha
idéia sobre educação combinava totalmente com as idéias destes autores, os quais me
ajudaram a nortear a analise desta dissertação.
Os conceitos trabalhados no projeto fazem referência à concepção que tenho de
educação entrelaçada com a educação sócioambiental, baseada na teoria dos autores
citados
acima.
A de
que a
construção
do
conhecimento
está
ligada à
transdisciplinaridade por meio da emancipação, da ação-reflexão, do diálogo e da
transformação, tanto no processo educativo, como na formação do ser humano e da
sociedade.
O problema a ser enfrentado na pesquisa era o de entender como os diversos
projetos do Revivavida, assim como seus desejos, valores e práticas são determinantes e
determinados para a construção de uma educação emancipadora; de como foi o processo
de gênese e as transformações que o Projeto Revivavida sofreu e vêm sofrendo a partir
de fatores internos e de influências externas; além das propostas e práticas
13
transdisciplinares do Projeto Revivavida – nas práticas de intervenção educativa e na
relação entre escola e comunidade.
A metodologia de análise do projeto de pesquisa é um estudo de caso e foi
delineada pelo diálogo entre os referenciais teóricos e a prática dos Projetos do
Revivavida. A interpretação do Projeto Revivavida é feita com base na Metodologia de
Pesquisa Ação Participante (PAP), fundamentada na teoria de educação emancipadora
proposta por Paulo Freire.
Para a análise do Projeto Revivavida foram utilizadas as seguintes fontes
documentais: Planos de Gestão 2003-2006; 2007-2010; a proposta e os relatórios do
Projeto Revivavida dos anos 2004, 2005, 2006 e 2007 e o Projeto Político Pedagógico
2008; fotos e reportagens de jornais; questionários qualitativos e quantitativos com
perguntas abertas e diretivas, aplicados aos alunos, professores, direção e coordenação;
entrevistas com professores, alunos e Assistente Técnico Pedagógico da Diretoria de
Ensino; concluindo na análise dos dados, questionários e das entrevistas.
O primeiro capítulo procura apresentar uma discussão a respeito dos conceitos
de educação, emancipação, educação ambiental, projeto políticopedagógico e
ecopedagogia. Dentro do conceito de educação, procura discutir a relação entre ensinar
e aprender; a educação libertadora e emancipatória de Paulo Freire; a desumanização, a
relação homem-natureza, homem-homem; a necessidade de humanizar e reencantar a
educação, de atrelar a educação escolar com a educação ambiental e de compreender a
educação ambiental como prática, conhecimentos e metodologias participativas e
colaborativas de ação-reflexão, resultando na transformação social para um
desenvolvimento sustentável e consciente. Ainda busca compreender a educação
ambiental como parte integrante do tecido social, que entrelaça as diversas áreas do
conhecimento por meio do diálogo.
No segundo capítulo procurou-se fazer um diálogo entre a teoria e a prática,
analisando o Projeto Revivavida através dos seus projetos, da metodologia do ver,
julgar e agir, proposta pela Embrapa Meio Ambiente, na tentativa de compreender o
alcance dos projetos desenvolvidos no âmbito local e global, quanto a concepção de
educação ambiental.
Durante o transcorrer da dissertação, mais especificamente durante a
qualificação, pode-se perceber que o Projeto Revivavida , durante as suas etapas de
concepção, elaboração, desenvolvimento e avaliação apresentava características de um
movimento social apresentadas por Maria da Glória Ghon. Num exercício de reflexão,
14
de análise e comparações verifica-se que tais características eram observadas no Projeto
Revivavida.
No terceiro capítulo foi possível verificar o sentimento de pertencimento da
comunidade escolar com o Projeto Revivavida e com a educação sócioambiental,
através da análise das entrevistas e questionários aplicados aos alunos, professores,
direção e coordenação, concluindo o alcance histórico do projeto, seus acertos e suas
dificuldades, dentro de uma concepção emancipatória e cidadã de educação.
Nas considerações finais da pesquisa, pode-se entender a importância e o
alcance que o Projeto Revivavida desencadeou na Escola Altair Polettini, contribuindo
no processo de ensino-aprendizagem, no sentimento de pertencimento e afetividade
entre educadores e educandos, oportunizando práticas de diálogo, reflexão e criticidade.
As dificuldades como a descontinuidade de políticas públicas; a falta de espaços
que viabilizem a troca de experiências e o diálogo entre educadores e educandos, a troca
constante de professores que não se sentem pertencentes e comprometidos com os
projetos sócioambientais, e a fragmentação do saber em disciplinas desarticuladas e
hierarquizadas pelos sistemas de avaliação externos levaram a um adormecimento das
ações do Projeto.
Desejos de retomada das ações sócioambientais partem das diferentes vozes do
movimento: liderança, educadores e educandos. O Projeto Revivavida seduziu os seus
atores, e segundo Rubem Alves (apud Assmann, 2007) “educar tem tudo a ver com
sedução”.
Educador/a é quem consegue desfazer as resistências ao prazer do
conhecimento. Seduzir para “o quê”? Ora para um saber/sabor (RUBEM
ALVES apud ASSMANN, 2007, p.5).
Reencantar deve ser o objetivo dos projetos de educação, em especial os de
educação ambiental, pois seus princípios e fundamentos estão ligados a sensibilidade,
ao entusiasmo que gera um sentimento de pertencimento, que move o ciclo e reencanta
o viver, de forma crítica e reflexiva.
15
1.
EDUCAÇÃO:
EMANCIPAÇÃO,
PROJETOS
PEDAGÓGICOS
E
MOVIMENTOS SOCIAIS
O termo “aprendizagem” deve ceder o lugar ao termo
aprendência”(“apprenance”), que traduz melhor, pela sua própria forma, este
estado de estar-em-processo-de-aprender, esta função do ato de aprender que
constrói e se constrói, e seu estatuto de ato existencial que caracteriza
efetivamente o ato de aprender, indissociável da dinâmica do vivo.”
Trocmé-Fabre
Este capítulo tem por proposta discutir temas que serão importantes para a
análise do Projeto Revivavida, objeto de pesquisa desta dissertação. Temas como:
educação emancipadora, educação ambiental, projeto político-pedagógico o conceito de
movimento social. O Projeto Revivavida foi concebido com a idéia de uma prática
educacional transformadora entrelaçada com a concepção de Educação Ambiental. O
desenvolvimento e as ações do Projeto supracitado serviram como base para a
construção das ações político-pedagógicas da escola que tem como objetivo principal a
cidadania, a educação de qualidade e humanização dos alunos. Compreender os
referenciais que auxiliaram na análise do Projeto Revivavida parece importante para a
análise do tema em questão.
1.1 Educação e Emancipação
Educação, educações, saberes, aprendizagem, conhecimento. São tantas
nomenclaturas, tantos métodos, tantos procedimentos, tantas dúvidas. Mas por quê?
Educadores, estudiosos, governantes, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e
uma grande parcela da população estão pensando, discutindo e repensando a educação.
Mas com qual finalidade? Com qual objetivo? A maioria é unânime em dizer: “para
melhorá-la”. “Todos em busca de uma educação de qualidade”, diz o slogan do
Governo Federal. Mas de qual qualidade estamos falando: qualidade de índices? De
saberes? De vivências?
16
Recorre-se ao título e ao trecho do livro de Hugo Assmann, “Reencantar a
Educação - Rumo à sociedade aprendente” para iniciar a reflexão sobre a educação.
“A escola não deve ser concebida como simples agência repassadora de
conhecimentos prontos, mas como contexto e clima organizacional propício à
iniciação em vivências personalizadas do aprender a aprender. A
flexibilidade é um aspecto cada vez mais imprescindível de um conhecimento
personalizado e de uma ética social democrática.” (ASSMANN, 2007, p.33).
A dialógica do ensinar e aprender talvez seja uma das mais antigas relações
existentes entre os homens. Não de forma sistematizada ou normatizada, mas de uma
forma natural, necessária à sobrevivência, como o ato de caçar dos primeiros
hominídeos, e cujos saberes e fazeres eram passados de geração a geração para garantir
a continuidade do grupo.
Hoje a educação precisa se “reencantar”, buscar novos significados, reencontrar
sua beleza, seu encantamento.
“Precisamos reintroduzir na escola o princípio de que toda a morfogênese do
conhecimento tem algo a ver com a experiência do prazer. [...] Reencantar a
educação significa colocar a ênfase numa visão da ação educativa como
ensejamento e produção de experiências de aprendizagem.”(ASSMANN,
2007, p.29).
Pode-se buscar mais algumas respostas ao questionamento inicial, na forma
como a educação foi praticada no decorrer dos tempos. A prática educativa dos
primeiros homens se fundava na necessidade de continuidade da espécie. Quando as
primeiras comunidades começaram a ser formar, a educação estava intrinsecamente
ligada ao cotidiano da comunidade, ao alimentar-se, à transmissão da cultura, por meio
dos ritos, ao cultivo da memória histórica, oralmente. A formação estava inserida em
um contexto permanente. Não havia professores e todo mundo ensinava. Aprendia-se a
partir da própria experiência e da experiência dos outros. Aprendia-se fazendo, o que
tornava inseparáveis o saber, a vida e o trabalho. (HARPER, 2006, p.25).
Na Idade Média, na Europa, o saber e a educação aos poucos passaram a ser
“produto da escola”, mas a escola era um privilégio primeiramente da nobreza e depois
da burguesia, que valorizava no seu aprendizado seus próprios valores e saberes,
excluindo a educação erudita do restante da população menos favorecida, que tinha nos
ofícios do dia a dia o seu aprendizado. Aprender um ofício para a criança filha do
trabalhador era mais importante que conhecer os clássicos. Desassociava-se, então,
17
completamente o saber popular do saber erudito e elitiza-se a educação. (HARPER,
2006, p.26).
Com a Revolução Industrial houve uma ascensão da burguesia industrial e uma
concentração de operários nos centros urbanos. A escola já não atendia às necessidades
da nova economia. Além dos estudos clássicos, era necessário implantar disciplinas e
conteúdos que atendessem a necessidade das fábricas. Mas faltava ainda “educar” quem
trabalharia nessas fábricas. A mão de obra não poderia ser totalmente desqualificada,
era necessário um “mínimo” de “educação”, no sentido estrito da palavra e não como
aprendizagem. Deveriam ser “bons trabalhadores”, “bons cidadãos” e “trabalhadores
disciplinados”
A educação e a escola assimilaram as necessidades determinadas pelo mercado.
A burguesia industrial ascendente e o Estado que controlava passou então a “dar”
educação para a classe trabalhadora, mas deixando bem claro, que havia dois tipos de
escola: aquela destinada aos futuros operários, onde se ensinava o mínimo para sua
função de trabalhador e onde ele seria educado; e a escola da elite burguesa, que
preparava os alunos para dar continuidade aos seus estudos, proporcionando-lhes
saberes para o domínio das fábricas.
A educação passou a ser um dos motivos da segregação social.
[...] E um fato novo se viu
Que a todos admirava
O que o operário dizia
Outro operário escutava [...]
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão. [...]
(Vinícius de Moraes, 2006)
A classe operária passou a lutar para a democratização da escola, onde seus
filhos poderiam ter as mesmas oportunidades e acesso a um conhecimento que poderia
colocá-los em igualdade com a classe burguesa. Seria um serviço público que todos
poderiam freqüentar, seria um “instrumento de
emancipação” das classes menos
18
favorecidas. O desempenho dos alunos seria a seleção para a continuidade dos estudos,
e não mais a sua origem social.
É verdade que a escola se alterou bastante desde os tempos da Revolução
Industrial. Algo ou muito do que foi proposto pelo movimento operário se efetivou nas
escolas. Mas, se analisar superficialmente, parece que uma seleção justa – por
desempenho – se instalou. Contudo, se analisar melhor, a verdade é que a desigualdade
social permanece. Os índices de abandono, evasão, reprovação são bem maiores nas
camadas desfavorecidas, especialmente na periferia e na zona rural. O desejo de fazer
da escola pública um modelo da escola burguesa, com uniforme obrigatório, material
escolar, e outras taxas, que a classe pobre muitas vezes não consegue manter,
sistematiza a opressão sofrida pela camada oprimida, que assimila como sendo
verdadeira a idéia de uma escola democrática e igual para todos. No entanto, tal escola
“reproduz a divisão da sociedade em categorias sociais distintas” (HARPER, 2006,
p.36).
Apesar das reformas e das medidas paliativas, a educação do século XXI
continua reproduzindo a pedagogia das classes dominantes. Se os indicadores afirmam
que a evasão da classe menos favorecida na escola é causada pela reprovação, a
pedagogia da classe dominante “solidariza-se” e institui a progressão continuada; se a
falta de material escolar
era um dos problemas, o governo doa o material; se a
dificuldade de aprendizagem é a desnutrição, melhora-se a merenda; se o problema é o
uniforme obrigatório, a escola supre. Talvez estes sejam métodos eficazes de manter
uma pedagogia opressora e responsabilizar a sociedade oprimida que, “mesmo
recebendo tudo gratuitamente não se esforça para aprender”, opondo-se a uma
pedagogia libertadora e emancipadora, como propõe Paulo Freire.
Azevedo, no seu artigo “Educação pública: o desafio da qualidade do ensino”
escreve:
É nesse contexto que se inscrevem determinados conceitos e medidas
educacionais que afirmam a busca de qualidade na educação pública. No
campo das reformas neoliberais, o conceito de qualidade vem sempre
vinculado a métodos quantitativos de avaliação [...]. A empresa é definida
como modelo organizacional para a escola, onde se podem aferir resultados
quantificáveis, medir e controlar[...]. Cria-se na opinião pública a sensação
de que os problemas sociais podem ser resolvidos pela educação.
Desemprego estrutural, concentração da riqueza são questões que podem ser
contornadas por uma educação que torne os pobres "meritocratas",
competitivos e competentes. É a afirmação dos velhos princípios liberais de
oportunidades iguais aos desiguais. Nessa visão já está implícita a
justificativa de que vencerão os melhores, os que aproveitarem as
oportunidades. Certamente, "a nova elite produzida pela educação
19
competente" não brotará dos milhões de indigentes e pobres que constituem o
espectro dos excluídos da apropriação da riqueza na sociedade brasileira. A
escola, por certo, continuará contribuindo para legitimar a situação social dos
educandos. (2007, p.9)
A intenção de fazer um breve relato da história da educação foi para se
compreender que a educação é uma ação do homem, mediada pela natureza, pela
sociedade e pela cultura simbólica, e se a educação hoje está desumanizada, ela foi parte
de um processo iniciado, ao menos aprofundado, com o desenvolvimento do
capitalismo (MARTINS, 2008).
Pensar que a educação pública de qualidade está atrelada aos índices de
avaliações externas é o mesmo que dizer que a culpa pela defasagem da educação está
nos educadores, que não conseguem atingir o mínimo de conteúdo esperado para a
série. É atribuir um peso a uma medida errada. É desvalorizar aquele que pode
contribuir, é menosprezar a sabedoria daquele que quer compartilhar seu aprendizado, é
chamar de incapaz, aquele que ajudará a construir a sociedade, é aumentar as diferenças
sociais que são bem visíveis, é relegar a educação a um índice e não a uma vivência.
A inversão de valores sobre homens e objetos coloca o educador numa
sociedade onde ter vale mais do que ser. A escola acaba reproduzindo esses valores
quando, ao contrário de conciliar, de dialogar, utiliza na relação educadores-educandos
a “concepção bancária”, “[...], para a qual a educação é o ato de depositar, de transferir,
de transmitir valores e conhecimentos.” Com a sua alienação, os educandos, “à maneira
do escravo na dialética hegeliana, reconhecem em sua ignorância a razão da existência
do educador, mas não chegam, nem sequer ao modo do escravo naquela dialética, a
descobrir-se educadores do educador.” (FREIRE, 2005, p.67)
É fato que a escola não é o único espaço de aprendizagem, mas é onde se pode
fazer com que floresçam concepções e conceitos, onde se aliam teoria e prática. Onde a
ciência pode se entrelaçar com o humano, construindo, inventando e reinventado novos
saberes, novos olhares sobre a vida e sobre os homens. Ligando, segundo Severino
Antônio (2008), “aprendizagem e existência.
É claro, não se pode esquecer que a educação não constrói só homens
humanistas, que fazem esse entrelaçamento de ciência e vida, transformando-a em
conhecimento a ser utilizado por toda a humanidade, sem distinção social. A educação é
também carregada de política, de ideologia, como escreveu Paulo Freire em seu livro a
Pedagogia da Autonomia:
20
Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as
condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos
com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumirse. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante,
transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz
de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como
objeto. (FREIRE, 2004, p.41).
A escola não é o único espaço onde a educação acontece, assim como não existe
um único método para propagá-la. A educação é construída de acordo com a sociedade
onde se manifesta, assim como a sociedade é construída por dimensões determinadas
pela natureza, economia e cultura, estabelecidas dentro de um contexto histórico.
O que hoje se presencia na prática pedagógica, especialmente nas escolas
públicas estaduais, é a dissociação da educação com a existência. Não se vê mais a
beleza da natureza, o que priva o educador de tirar dela seu aprendizado, seus saberes,
seus sabores. A preocupação constante é em atender conceitos, métodos, atingir
conteúdos e metas, esquecendo-se que a educação está também no sentir.
A sociedade é construída por meio do seu processo de produção, de suas
crenças, de suas idéias, das suas qualificações e especificidades. Renovando seus
símbolos, seus bens e seus poderes ela se mantém e se reconstrói.
A sociedade, portanto, não é algo divinamente dado aos homens, mas
resultado da luta pela sobrevivência para garantir a sua existência físicocorporal. Se existem diferentes formações econômicas e sociais é porque
também há distintas formas de lutar pela sobrevivência [...]. “O mundo e a
humanidade são produtos da ação humana.” (MARTINS, 2008, p. 34-35).
E a educação é responsável por propagar essa ação.
Carlos Rodrigues Brandão escreve sobre as diversas educações. A educação se
dá em diferentes espaços e tempos e das mais variadas formas. Pode representar tanto o
saber daquilo que é comunitário, como ser imposta por um sistema centralizado, que
reforça a desigualdade entre os homens, seja ela social, política, econômica ou cultural.
A educação, portanto, é ideológica aos grupos sociais: “na prática, a mesma educação
que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que
faz, ou do que inventa que pode fazer.” (BRANDÃO, 2007, p.12).
A crise da educação pode estar ligada à forma como se vê a educação, tanto nas
escolas, como nas políticas públicas, neste espaço que é o Brasil e num tempo em que a
cultura perde seu significado e os objetos passam a coisificar o homem.
21
A educação é uma ação do homem, mediada pela natureza, pela sociedade e pela
cultura simbólica, e se a educação hoje está desumanizada, ela foi parte de um processo
iniciado com o desenvolvimento do capitalismo, onde o TER passou a ser mais
valorizado do que o SER. “Nessa perspectiva, prevalece, nas relações sociais, o sistema
de valor de troca, pelo qual tudo e todos são avaliados, comprados, vendidos e
descartados.” (MARTINS, 2008, p.48). E infelizmente esta desumanização do homem
está presente na educação, seja ela formal ou informal. A escola quando passou a
privilegiar o saber de uma única classe social, passou a ser um grande instrumento desta
desumanização.
“Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.”
(FREIRE, 2004, p.23). Por mais conhecida que seja a frase de Paulo Freire, é preciso
sempre repeti-la, quando se falar de uma prática educativa crítica e reflexiva, aquela
educação que faz buscar e reconhecer na história uma possibilidade de transformação,
de mudança e não de determinismos, de conceitos prontos e inalterados, e, até mesmo,
de postura de alguns educadores descrentes de seus ideais e que afirmam que mais nada
pode “salvar” a educação.
O professor Ernani Maria Fiori, no prefácio do livro de Paulo Freire, “A
Pedagogia do Oprimido”, cita que a “práxis humana” deve ser uma prática da liberdade,
e que nossa sociedade está envolta em uma dinâmica estrutural que nos conduz à
dominação de consciência, em que a “pedagogia dominante é a pedagogia das classes
dominantes,” (FREIRE, 2005, p.7) e que, portanto, para uma educação libertadora, não
se pode seguir uma proposta educacional cujo objetivo seja a opressão e a alienação dos
educandos. “A prática da liberdade só encontrará adequada expressão numa pedagogia
em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e conquistar-se
como sujeito de sua própria destinação histórica.” (FREIRE, 2005, p.7).
Muitas vezes a idéia de uma educação emancipadora assusta e causa medo. A
educação como forma de libertação dos homens envolve uma posição que muitas vezes
parece ser idealista, já que pratica alguns sentimentos que parece terem sido esquecido,
como o amor, o diálogo, a esperança, a humildade, a simpatia. Como escreveu Paulo
Freire (2005), a “radicalização é reacionária”, enquanto que, ao adotar-se uma postura
de comodidade frente à educação, não se consegue perceber o quanto se favorece a
situação dos opressores, que se glorificam e se gratificam por meio de uma falsa
generosidade.
22
Esta postura de comodidade que muitas vezes o educador adota no seu dia-a-dia,
vem ao encontro da necessidade dos opressores. Introjeta-se durante anos a idéia de que
nada se pode fazer contra o sistema, esquecendo-se de que este sistema faz parte de um
macro sistema, o qual o educador é co-responsáveis pela sua situação, pois o homem é
que constrói o processo histórico. “Se o homem produziu esse mundo desumanizado, se
foi ele e não outro o sujeito de sua própria história, é possível a ele transformá-la e
reumanizá-la.” (MARTINS, 2008, p.36). Assim como a educação.
O educador seria muito pessimista se achasse que a situação nunca poderia ser
revertida. “A desumanização não é um destino dado” (FREIRE, 2005). Não é fácil, mas
algumas estratégias e métodos podem ser utilizados até serem incorporados novamente
dentro de uma prática libertadora. Paulo Freire em “Pedagogia da Autonomia” (2004) e
“Pedagogia do Oprimido” (2005) pode orientar para compreensão como a práxis
educativa, muitas vezes, é mal compreendida pelos professores e acaba se tornando uma
prática que não busca a transformação, e achando que está libertando está aprisionando
o educando em valores pré-determinados pela sociedade.
Assim como os oprimidos de Paulo Freire, os educandos também se encontram
imersos na realidade opressora, seguindo uma ordem injusta, que assimilam como
natural, até que um dia possam tomar consciência e libertar-se da opressão.
A educação é o exercício de toda e qualquer aprendizagem, seja ela na escola, na
família ou em ambientes sociais e envolve todas as pessoas em todos os seus círculos de
convivência, ora participando como educando, ora participando como educador,
mediado pelo seu cotidiano, pela cultura e pela sua experiência individual.
O homem é um ser incompleto, e a todo o momento ele busca a sua
completitude, sendo que a educação é um dos meios desta completitude. A educação
identifica o homem enquanto ser social e o ajuda a se completar e a se libertar da
opressão, por meio da práxis, compreendida como um processo de construção, um ciclo
contínuo de ação e reflexão, que busca uma transformação.
“A educação terá um papel determinante na criação da sensibilidade social
necessária para reorientar a humanidade”(ASSMANN, 2007, p. 26). Na medida em que
ela busque na sua prática pedagógica ações socializadoras, ambientes propícios para a
troca de experiências de aprendizagem, inclua em seu currículo discussões sobre os
processos naturais e sociais que envolvem o homem contemporâneo e a sociedade do
conhecimento, preocupando-se em interligar dialogicamente o homem com a natureza e
a sociedade.
23
Embora pareça a primeira vista uma ação difícil e complicada, que leva a
elaborar estratégias e artimanhas para chegar a este objetivo, é menos complexa do que
parece, pois firma-se na idéia de autonomia e diálogo, que só é conseguida com
dedicação e sensibilidade solidária, como propõe Assman (2007). “Educar é a mais
avançada tarefa social emancipatória” (ASSMANN, 2007, p. 26). Estudada aqui em
uma das formas de educação: a educação pública, tão desacreditada e desmoralizada,
mas que deveria ser o lugar perfeito para a prática da educação emancipatória proposta
por Paulo Freire e citada por Assmann (2007, p.23): “a escola deve ser um lugar
gostoso.” “A educação terá um papel determinante na criação da sensibilidade social
necessária para reorientar a humanidade” (ASSMANN, 2007, p. 26).
Buscar uma educação pública de qualidade não deve ser apenas um slogan ou
um jargão, deve ser o principio norteador das políticas públicas, dos professores e de
toda a sociedade, a construção de uma sociedade humanitária depende do desejo, união
e cooperação de todos adquiridos através de uma prática crítica e transformadora, da
ação-reflexão-ação.
A educação é o exercício de todo e qualquer processo de aprendizagem que
acontece em todos os ambientes sociais do qual participam educador e educandos,
sendo impossível e inadmissível desvincular a educação da política. A educação é uma
forma política como propõe Paulo Freire. Ela acompanha o desenvolvimento histórico,
político, econômico e social que identifica o homem, ajudando a se completar e
instrumentalizando-o para a transformação social.
Muitas vezes a crise da sociedade moderna leva a um estado de alienação e
perda dos significados e características da vida em comunidade ou sociedade. O
trabalho com criticidade, a responsabilidade e a integração dentro das escolas, ajuda a
conscientizar as pessoas de que a melhora nas condições de vida dos excluídos tem
início na mudança de comportamento da classe excluída, e é de responsabilidade das
escolas e das comunidades trabalharem para que esta conquista seja atingida,
principalmente quando se entende que a escola pública ao invés de atender sua proposta
inicial que era democratizar e universalizar a educação passou a ser um divisor de
águas, tendendo a relegar as classes populares um aprendizado sem qualidade.
Mas não dá para esperar que algo aconteça e mude a situação que se tornou
cômoda para alguns atores sociais desta situação em que a educação pública vem
enfrentando. Buscar a educação pública de qualidade exige mudança, transformação,
envolvimento dos atores sociais, fortificados num sentimento de identidade e
24
pertencimento gerando inovações, articulações e ações que busquem uma real
transformação sociopolítica, econômica e cultural, por meio da práxis.
Gadotti, na introdução do seu livro Pedagogia da Práxis, dá uma esperança sobre
os novos rumos que a educação poderia seguir:
Nesse contexto histórico, do fracasso da educação e de nova esperança, surge
na pedagogia do diálogo uma nova sistematização, cuja maior figura é Paulo
Freire [...]. O diálogo dos oprimidos, orientados por uma consciência crítica
da realidade, aponta para a superação do conflito destes com seus opressores
[...] (2004b).
Em Paulo Freire o diálogo não é só um encontro de dois sujeitos que buscam o
significado das coisas – o saber - mas um encontro que se realiza na práxis – ação e
reflexão – no engajamento, no compromisso com a transformação social. Dialogar não é
trocar idéias. O diálogo que não leva ação transformadora é puro verbalismo (FREIRE,
2004, p. 15).
A educação pública, para ser de qualidade, tem como alternativa a proposta de
Freire, deixar de ser verbalismo e passar a ser práxis. O diálogo não pressupõe um
consenso de idéias, mas sim um conflito, e neste conflito é que surge a transformação:
Na perspectiva de uma educação visando a transformação, a escola tem um
papel estratégico, na medida em que pode ser o lugar onde as forças
emergentes da nova sociedade, muitas vezes chamadas de classes populares,
podem elaborar a sua cultura, adquirir a consciência necessária à sua
organização ( GADOTTI, 2004b, p. 25) .
É o próprio Gadotti, que define o conceito de Pedagogia da Práxis, no livro que
leva o mesmo título:
A pedagogia da práxis é a teoria de uma prática pedagógica que procura não
esconder o conflito, a contradição, mas, ao contrário, os afronta,
desocultando-os. Mas a pedagogia da práxis não é uma pedagogia inventada
a partir do nada. Ela já tem uma história. Ela se inspira na dialética
(GADOTTI, 2004b, p. 28).
Práxis, que vem do grego πράξις , significa literalmente ação, no entanto a
pedagogia da práxis, propõe mais do que a ação, e não deve também ser associada a
idéia de práxis. Práxis, aqui definida e defendida tem o significado de ação
transformadora.
25
A educação que copia modelos, que deseja reproduzir modelos, não deixa de
ser práxis, só que se limita a uma práxis reiterativa, imitativa, burocratizada.
Ao contrário desta, a práxis transformadora é essencialmente criadora,
ousada, crítica e reflexiva.( GADOTTI, 2004b, p. 31).
Não dá para desvincular Paulo Freire do papel da educação e do educador.
Repensar a educação como ação transformadora, exige o papel de um educador político,
engajado nas transformações do mundo, é romper com uma ação pacífica, é a ruptura
com preconceitos, hábitos e comportamentos (GADOTTI, 2004b, p. 29). Apesar de a
ruptura ser conflituosa, ela é encantada e “educar é manter-se encantado com o mundo.”
(CAMPOS, 2004, p. 89), e “encantado é o estado daquele que ousa, que aceita correr
riscos, que não se resigna, nem se conforma”(CAMPOS, 2004, p.90). Dizer então que o
professor encantado com a educação é ingênuo, seria cometer um erro. Este professor
encantado tem a real dimensão do seu papel, como educador e transformador da
sociedade.
“O educador é aquele que não fica indiferente, neutro, diante da realidade”
(GADOTTI, 2004b, p. 29), mas é direcionado pelo sonho e pela utopia na construção da
cidadania (CAMPOS, 2004, p. 91), construída por uma “educação como prática da
liberdade”(FREIRE, 2005, p. 81). “O educador já não é o que apenas educa, mas o que,
enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também
educa” (FREIRE, 2005, p.79). E ambos constroem por meio da ação educativa, e
passam a ser instrumentos na tentativa de combater a sociedade injusta e construir um
mundo melhor, um mundo mais encantado e humanizado.
1.2 Tecendo os Fios da Educação Ambiental
O homem não teceu a teia da vida. Ele é apenas um dos seus fios. Tudo o que
fizer à trama, a si mesmo fará. Isto nós sabemos. Todas as coisas estão
ligadas como o sangue que une a família. Todas as coisas estão ligadas. Tudo
o que acontecer a Terra, acontecerá aos filhos da Terra.
Chefe indígena Seattle
Dentro desta perspectiva de educação emancipadora, que liberta e leva à
autonomia, em reconhece-se que todos têm algo para ensinar e algo para aprender, a
educação ambiental cria espaços e momentos para que esta autonomia e liberdade
ocorram. Trocando os saberes, aprimorando conceitos, percepções, expressões,
26
sensibilizando-se por meio da arte, da escrita e da fala, ela ainda propicia o sentimento
de pertencimento, de respeito, de ética, já que se procura entender com a educação
socioambiental, o conflito de valores, o conflito do homem contra o homem, e não só o
conflito do homem com a natureza.
Quando se encontraram as palavras Educação e Ambiental, na gênese da
Educação Ambiental, desdobrou-se uma tal afinidade, proximidade e
encantamento, que nos pareceu surgir uma boa amizade, marcada pela
política de respeito,de verdade e de companheirismo.[...] Nas relações de
amizade, a intimidade é condição para que algo nos toque, nos aconteça e nos
transforme.. (AMORIM, 2005, p.143).
A Educação Ambiental, não é só mais uma ramificação, uma variação da
educação, determinada por um projeto específico e pontual de trabalhar com a natureza.
A educação ambiental, ou sócioambiental, passa por um processo histórico, cultural,
político e ideológico, que utiliza na sua proposta “as práticas, conhecimentos e
metodologias participativas, colaborativas e de ação-intervenção de correntes da
educação popular que interessaram à Educação Ambiental devido aos pressupostos e
aos resultados associados à transformação social que delas advinham.” (AMORIM,
2005, p.144).
Os processos de transformação histórica, cultural, política e ideológica devem
ser trabalhados em todos os espaços sociais, não devendo ser de única responsabilidade
da escola. Deve haver um trabalho conjunto, realizada em sociedade, mediatizado pela
ação, reflexão e transformação da realidade, a ser conhecida criticamente e
transformada conscientemente.
As primeiras manifestações mais sérias de preocupação com o meio ambiente,
constituindo o movimento ambiental, surgiram na década de 1970, configurando-se
como movimento social, na medida em que pressionava o Estado, para estabelecer
políticas públicas para esta temática. Isabel Cristina de Moura Carvalho no resumo de
seu artigo “As transformações na esfera pública e a ação ecológica: educação e política
em tempos de crise da modernidade” propõe uma discussão sobre:
[...] as transformações da esfera pública contemporânea e a emergência de
novos modos de ação política associados à formação de um campo político e
pedagógico ambiental. Afirma que a ação política ambiental, no contexto do
ambientalismo e da nova esquerda contracultural, pode ser considerada uma
das expressões da crise da modernidade. Nesse sentido, os movimentos
ecológicos buscam reposicionar o ego e o socius, o privado e o público, a
ética e a estética na esfera de ação societal. Isso repõe um dilema que remete
tanto às tendências conflitivas da modernidade quanto ao seu projeto
27
emancipatório. Ante essa problemática, algumas análises destacam a
dissolução e o declínio da política, enquanto outras enfatizam a emergência
de uma nova forma de ação política. [...] os rebatimentos dessas mudanças
sociais no campo da ação educativa, particularmente a educação ambiental,
preocupada com a construção de um sujeito ecológico (CARVALHO, 2006).
Este sujeito ecológico citado é aquele que Gadotti defende na ecopedagogia
como sendo o cidadão da planetaridade, aquele que exerce a “cidadania planetária.”
O conceito de cidadania ganha nova dimensão. Como cidadãos (ãs) do
planeta, nos sentimos como seres convivendo no planeta Terra com outros
seres viventes e inanimados. Esse princípio deve orientar nossas vidas, nossa
forma de pensar a escola e a pedagogia (GADOTTI, 2000, p.133).
Os marcos históricos e conceituais da Educação Ambiental, tanto no âmbito
nacional como no âmbito internacional, passam a ter, na década de 1980 e 1990, outra
preocupação, que não era só a conscientização de preservação do meio ambiente, mas
também a proposta de uma mudança no paradigma social/ambiental, privilegiando uma
visão holística, transdisciplinar, de complexidade, tecendo um modelo ecossistêmico
onde todas as dimensões estão associadas como um tecido.
O tecido é confeccionado a partir de um caminho, de um método, que é guiado
pela mão e que utiliza a agulha como instrumento de confecção. Assim é o contexto
sócio-ambiental, um tecido confeccionado pelo homem, guiado pelas suas mãos, e
costurado por suas ações. Os fios do tecido têm de se entrelaçarem, dialogarem, assim
como na vida as várias áreas do conhecimento tem de se costurarem, se amarrarem para
se construir um tecido, o tecido que envolve a vida. O tecido social.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(RIO-92), também chamada de Cúpula da Terra, propôs a Agenda 21: “ uma agenda
para o desenvolvimento sustentável cujo objetivo final é a promoção de um novo
modelo de desenvolvimento” (GADOTTI, 2000, p. 110), com a proposta de fortalecer
atitudes e valores voltados às questões ambientais. Desta, viriam agendas locais, que
seriam escritas e executadas dentro de cada localidade, de acordo com os problemas
sócioambientais discutidos no seu entorno. Juntamente com a Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi realizado o Fórum Global 92,
promovido pelas entidades da sociedade civil, sendo elaborada a primeira minuta da
Carta da Terra.
A agenda 21 é um documento de caráter ético e político, que foi assumido como
instrumento de referência para o desenvolvimento sustentável pelos Estados, sob
28
pressão da sociedade civil a partir da Rio-92. Entre os objetivos principais da agenda 21
estão: promover padrões de consumo e produção que atendam à necessidade básica da
humanidade e compreender e implantar padrões de consumo mais sustentáveis. Contudo
a Rio+5, fórum de organizações governamentais e não governamentais realizada em
1997, no Rio de Janeiro, concluiu-se que durante após cinco anos de implantação da
Agenda 21, pouco se tinha feito de ações práticas pelo muito que se proclamou de
princípios, o que levou a uma crítica de Leonardo Boff, às Nações Unidas:
Regida pelo velho paradigma das nações imperialistas, que vêem os estadosnações e os blocos de poder, mas não descobriram ainda a Terra como objeto
de cuidado, de uma política coletiva de salvação terrenal. (BOFF apud
GADOTTI, 2004a, p.27).
Apesar desta crítica, os documentos oriundos da Rio-92 têm sua importância. A
articulação entre Estado e sociedade civil para a implantação da Agenda 21 Local,
principalmente foi definida como:
[...] um processo participativo, multissetorial, para alcançar os objetivos da
Agenda 21 no nível local, através da preparação e implementação de um
plano de ação estratégica, de longo prazo, dirigido às questões prioritárias
para o desenvolvimento sustentável local”( KRANZ apud GADOTTI, 2004a,
p. 27).
No preâmbulo da Carta da Terra (1999) pode-se ler;
A comunidade terrestre encontra-se em um momento decisivo. Com a ciência
e a tecnologia chegaram grandes benefícios, mas também grandes prejuízos.
[...] São necessárias mudanças fundamentais nas nossas atitudes, valores e
estilos de vida.
A Carta da Terra, e a Agenda 21 possuem o mesmo objetivo, o desenvolvimento
sustentável do planeta, e são usados como documentos éticos globais e planetários. Ela
envolve “três princípios interdependentes: os valores que regem a vida dos indivíduos; a
comunidade de interesses entre Estados; e a definição dos princípios de um
desenvolvimento sustentável. Uma ética global para uma sociedade global: esse é o
objetivo final da Carta da Terra.”(GADOTTI, 2004a, p.29). Os suportes que dão
sustentação à Carta da Terra são os mesmos que darão as diretrizes e fundamentos para
a metodologia proposta pela Embrapa Meio Ambiente e, consequentemente, para o
Projeto Revivavida. Entendem a Educação Ambiental fundamentada nos direitos
29
humanos, na democracia e participação; na eqüidade; na proteção das minorias e pela
resolução pacífica dos conflitos.
A Educação Ambiental passou a ser uma das preocupações da
Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) que, em 1994, incentivou
a “educação para o futuro sustentável”, favorecendo que os Estados assumissem planos
políticos voltados à questão ambiental, propondo ações e reflexões de forma
transdisciplinar , com o propósito de influir nas relações sociais entre os seres humanos
e destes com o meio.
No Brasil, uma das ações foi a criação do Programa Nacional de Educação
Ambiental (PROEMA), em 1994. As ações estavam voltadas para a educação formal e a
educação não- formal, que estimulassem uma participação crítica e ativa dentro de cada
comunidade. A criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Meio Ambiente foi
uma destas ações para atender a escola formal, proporcionando que os alunos, de forma
transdiscicplinar, refletissem sobre suas ações no mundo de forma reflexiva e
transformadora, mudando hábitos e atitudes que os levassem a uma participação social e
política de forma atuante. Caracterizando seu envolvimento na perspectiva da educação
ambiental e do desenvolvimento sustentável.
Reproduzem-se abaixo os comentários de Silva (1996), citado por Hammes
(2004a, p.40) sobre cidadania ambiental:
[...] a promoção da consciência ambiental implica no reconhecimento da
poluição e degradação dos ecossistemas e de sua relação com o
empobrecimento das pessoas e a falta de uma boa qualidade de vida da
sociedade.
[...] a educação ambiental está comprometida com a construção de uma
identidade cultural sustentada. Suas bases são: um projeto de liberdade para
os povos latino-americanos; sua integração afetiva e cultural e o respeito aos
limites ecológicos do nosso patrimônio natural, de modo a garantir seu
usufruto pelas gerações futuras.
A educação ambiental convoca todos para assumir uma postura de cidadania
ambiental, de forma individual, coletiva e com ações transformadoras, que só serão
possíveis mediante uma educação emancipadora e libertária, como propõe Paulo Freire.
Ela não pode ser mais um modismo, um projeto a ser cumprido. Parece claro que não dá
para desatrelar educação de educação ambiental, mas também não pode relegá-la a
alguns projetos de plantar árvores, economizar água ou energia, ela deve ser trabalhada
de forma transdisciplinar em todas as áreas do conhecimento. A sociedade faz parte de
uma das tramas deste tecido, desta tessitura, se ela quiser tirar todo o proveito para si, o
30
tecido se esgarça, um “vão” aparece e os demais fios se sobrepõem uns aos outros.
Assim seria olhar para a Terra numa perspectiva planetária, “como uma única
comunidade” (GADOTTI, 2000, p. 12), como sugere Moacir Gadotti com a
ecopedagogia.
Pensa-se ainda numa educação de formação de um cidadão consciente. Mas o
que seria um cidadão consciente? O cidadão conformado com suas precárias condições
de sobrevivência, mas feliz com um emprego? É isto que se quer para os alunos, e para
a sociedade das gerações futuras? Muito ainda deve ser feito em termos de educação
formal e construção de cidadania, e que talvez o debate teórico agora deva prevalecer
sobre questões como: O que é educar para a cidadania? O que é uma educação de
qualidade? Que educando quer-se formar? Que transformações sociais podem
acontecer? São transformações para atender aos interesses dos alunos ou para atender as
necessidades do Estado?
Gadotti, na apresentação do seu livro “Pedagogia da Terra”, dá algumas
respostas:
Paulo Freire criticava justamente o neoliberalismo pelo cinismo de sua
ideologia fatalista e sua recusa inflexível ao sonho e à utopia”( Freire, 1997,
p. 15). Não significa que devemos cair no imobilismo, deixando que o “rumo
das coisas” indique o caminho. Não há caminhos pré-traçados. “O caminho
se faz ao andar”, como diz o poeta Antonio Machado( 1973, p. 58 ). [...] Não
se pode prevê-lo,(o futuro) podemos ousar inventá-lo com novas ferramentas.
Paulo Freire tem nos indicado caminhos, acreditando no sonho possível,
como o sonho da escola cidadã e da ecopedagogia(2000, p.25) .
A ecopedagogia não é entendida por Gadotti, como mais uma pedagogia,
mas como uma pedagogia que completa a idéia de escola cidadã de Paulo Freire. Ambas
possuem o mesmo sonho, chamado por Gadotti de “projeto utópico”, por estar ligado às
mudanças estruturais na economia, na cultura e na sociedade. Elas se preocupam com a
preservação da natureza, o impacto da ação do homem sobre a natureza e a construção
de um modelo de civilização sustentável.
Vive-se um contexto histórico, desde o final do século XX, caracterizado pela
globalização, tanto financeira e de produção quanto tecnológica; pela regionalização
concentrada nos blocos econômicos e que resulta numa fragmentação, dividindo
globalizadores e globalizados, evidenciando a diferença entre “os que morrem de fome
e os que morrem pelo consumo excessivo de alimentos” (GADOTTI, 2000, p.34).
Dentro deste contexto histórico, precisam-se repensar as propostas e práticas da
educação, precisa-se pensar como sugere Gadotti (2000, p.34) na “educação do futuro.”
31
Assim como a escola cidadã, proposta por Paulo Freire, que busca uma educação
voltada para a humanização das relações do homem, consigo mesmo, com a natureza e
com a sociedade, de forma que também se alcance um impacto positivo sobre a natureza
e a construção de um modelo de civilização sustentável.
Ambos refutam a idéia da educação como preparação para a cidadania baseada
nos interesse da ordem econômica existente. Eles falam de uma educação voltada para
uma cidadania planetária, em que se deixa de pensar individualmente e repense o
currículo de forma que ele reoriente a visão de mundo. Compreendendo que a educação
não é somente a transmissão da cultura “de uma geração para outra”, como propunha
Émile Durheim, mas é uma educação baseada na cidadania planetária, que não faz
pensar no indivíduo e na sua comunidade local, mas faz perceber que o indivíduo assim
como sua comunidade, é local e global. O “global” que funde local com global
(GADOTTI, 2000, P. 36).. No princípio os ambientalistas usavam a idéia de que se
deveria “pensar globalmente e agir localmente”, sem abandonar tal princípio, deve-se
agir também globalmente, já que a relação do homem com a natureza é global, assim
como as desigualdades e diferenças, sejam elas étnicas, religiosas ou políticas, o alcance
das ações deve atingir também essas diferenças que são problemas mundiais.
Para que a educação consiga atender as necessidades deste novo milênio e seja
uma educação de qualidade, deve conceber na sua perspectiva “certas categorias
freireanas e marxistas, como “dialogicidade” e “dialeticidade”, a validade de uma
pedagogia dialógica ou da práxis”( GADOTTI, 2000, p. 34). Estas categorias serão
usadas para poder analisar o alcance histórico do Projeto Revivavida durante os
capítulos dois e três.
Dentro das categorias para entender as perspectivas atuais da educação e a
educação do futuro, proposta na teoria de ecopedagogia e que servirão de diretriz para
análise do Projeto socioambiental Revivavida estão: planetaridade, sustentabilidade,
virtualidade, globalização e transdisciplinaridade (GADOTTI, 2000, P.35).
Pode-se compreender a planetaridade entendendo que o ser humano é cidadão
universal, planetário, que a Terra é sua casa e que não existem nações ou fronteiras, “A
Terra é uma só nação, e os seres humanos, os seus cidadãos” (RIO-92 apud GADOTTI,
2000).
À primeira vista parece que hoje a cidadania, a tecnologia e a globalização
estão caminhando juntas. Contudo, precisamos distingui-las, analisando suas
32
particularidades e especificidades, seus limites e possibilidades (GADOTTI,
2000, p. 138).
Para se utilizar a categoria de cidadania planetária, os educandos e educadores
devem construir a idéia de cidadania nacional, respeitar e cumprir a Declaração dos
Direitos Humanos, compreender que existem diferentes e diversas formas de cultura
pela Terra, não privilegiando a cultura ocidental ou menosprezando as culturas locais.
A cidadania planetária está fundada em valores universais consensuados,
num mundo justo, produtivo e num ambiente saudável [...].Certamente existe
uma concepção capitalista de desenvolvimento sustentável e que é
majoritariamente sustentada pelo movimento ecológico. Ela pode se
constituir uma armadilha para a ecopedagogia. Por isso a ecopedagogia não
pode inspirar-se apenas numa concepção de desenvolvimento.O
desenvolvimento sustentável, ao nosso ver, só pode, de fato, enfrentar a
deterioração da vida no planeta na medida em que está associado a um
projeto mais amplo, que possibilite o advento de uma sociedade justa,
eqüitativa e includente, o oposto do projeto neoliberal e neoconservador
(GADOTTI, 2000, p. 140).
A sustentabilidade é também muito utilizada pelos ambientalistas, mas ele deve
ser contextualizado dentro do contexto da sociedade globalizada que se vive hoje.
O conceito de sustentabilidade foi ampliado. Ele permeia todas as instâncias
da vida e da sociedade. Para além da sustentabilidade econômica, podemos
falar de uma sustentabilidade ambiental, social, política, educacional,
curricular etc. O conceito é visto aqui muito mais a partir dos seus
pressupostos éticos do que econômicos (GADOTTI, 2000, p. 35).
A sociedade globalizada como ela está organizada hoje, provoca mais a exclusão
do que a aproximação entre os países chamados ricos e os chamados pobres. A
exploração dos recursos naturais, o rápido crescimento populacional, a expansão da
industrialização, o consumo exagerado, a desigualdade social e econômica leva a refletir
a quão ameaçado esta nosso planeta. E possibilita entender que é necessário discutir
estas questões na escola, que muitas vezes em suas ações, como as gincanas, gera a
competitividade em vez da solidariedade, reproduzindo a prática do sistema econômico
capitalista.
Outra categoria citada por Gadotti (2000), como sendo necessária para
compreender a educação do futuro é a virtualidade. Vive-se a era da informação. A
comunicação é rápida e acontece em tempo real, pela internet, o que dificulta a
assimilação e compreensão das informações e do conhecimento. Dar ferramentas e
33
instrumentos para que os alunos possam compreender esta nova forma de aprendizagem
é fundamental, para a educação, para a sustentabilidade e para a globalização.
Ser um cidadão globalizado deve ser muito mais do que escrever e falar línguas,
comprar produtos pela internet, falar com o amigo virtual, ou trabalhar para uma
multinacional. A globalização deve estar ligada ao respeito às diferentes nações e
culturas, a igualdade social, a solidariedade na partilha dos recursos sejam eles naturais
ou materiais. Deve ser a interligação humana entre os povos, é o compartilhamento da
cidadania planetária. A globalização que se vive no mundo hoje, provoca muito mais a
desigualdade que a igualdade.
Outro
fator
importante
para
compreender
a
ecopedagogia
é
a
transdiciplinaridade.
A transdisciplinaridade, como método científico e como atitude pedagógica,
quebrando o isolamento das disciplinas pela circulação de conceitos e
valores, só é válida quando sustentada por um novo olhar sobre as coisas
(GADOTTI, 2000, p. 39).
Como a transdisciplinaridade é a base do Projeto Revivavida será explorada
melhor esta categoria para aplicação da análise do Projeto durante o capítulo 2.
Historicamente, o primeiro documento a respeito da transdisciplinaridade surgiu
no ano de 1986, a Declaração de Veneza, assinado pelos cientistas presentes no
Colóquio “A Ciência diante das fronteiras do conhecimento”, mas desde o início do
século XX, inicialmente com a Física, conceitos ligados à transdiciplinaridade
começaram a ser utilizados de forma científica. “A transdisciplinaridade é uma nova
concepção do conhecimento, nova matriz epistêmica”(ANTÔNIO, 2002b, p. 30).
Devido à amplitude e abrangência do termo, inúmeras são as suas definições.
Uma delas busca superar o conceito de disciplina por meio da intercomunicação,
construindo respostas na tentativa de superar a crise de fragmentação do ser humano e
do conhecimento gerado pelo mundo moderno.
A transdisciplinaridade na educação deve dialogar com os diferentes e diversos
saberes:
A transdisciplinaridade, como o prefixo “trans” indica, diz respeito àquilo
que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes
disciplinas e além de qualquer disciplina.Seu objetivo é a compreensão do
mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do
conhecimento.[...] A disciplinaridade, a pluridisciplinaridade, a
interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade são as quatro flechas de um
único e mesmo arco: o do conhecimento ( BASARAB NICOLESCU apud
ANTÔNIO, 2002b, p.61 ).
34
A educação hoje está fadada ao conhecimento disciplinar, moldada por um
projeto político-pedagógico que se diz democrático para uma visão burguesa e
neoliberal de sociedade, prevalecendo uma grande quantidade de informações com
conceitos e idéias individualistas, afastando a idéia de homem planetário.
A velocidade e a forma como os meios de comunicação de massa reproduzem a
informação no contexto globalizado, dá margem muitas vezes a defesa de que uma
cultura prevaleça sobre a outra, um saber sobre o outro, fragmentando a complexidade
da existência e da convivência humana.
Reconhecer a transdisciplinaridade é concebê-la como uma teia, na qual se
trocam não só métodos e conceitos universais do conhecimento, mas muito mais que
isto, forma-se uma trama de saberes, compartilhado igualmente na “multiplicidade de:
dimensões, de campos, de sentidos. Interligação, interação, interconexão. Pluralidade.
Plurivocidade. Polissemia. Unidade da diversidade. Diversidade da unidade”
(ANTÔNIO, 2002b, p.30).
Numa tentativa de recuperação da visão do todo, que antes fora separada em
partes, ouve-se dizer: “façamos interdisciplinaridade” como bem lembra
Morin (1996, p.135). Porém como o autor ressalta, a própria
interdisciplinaridade é controladora, exigindo primeiramente reconhecimento
e aprovação do conteúdo de determinadas disciplinas dentro da sua
“soberania territorial”. As poucas trocas com as outras disciplinas confirmam
a existência das suas fronteiras, “ em vez de desmoroná-las.” (Morin,p.cit.).
As diferentes áreas da ciência delimitam suas fronteiras quando impedem que
pesquisadores provenientes de outras áreas realizem suas investigações em
seus territórios. Formam-se clãs, verdadeiros grupos étnicos com direito a
racismos e outras categorias de preconceitos. Fronteiras entre áreas da
ciência... Entre homens supostamente “esclarecidos” ou “intelectualizados”
(RIBEIRO, 2005, p.38).
Várias áreas do conhecimento se interligam, dialogam propõem uma visão mais
ampla e abrangente do conhecimento científico. “Há soluções para os principais
problemas atuais, algumas delas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança
radical nas percepções, no pensamento e nos valores” (CAPRA apud RIBEIRO, 2005,
p. 40). Precisa-se reavaliar ou reviver valores que parecem ter sido esquecidos como o
observar, o ouvir, o dialogar. Reconhecer a importância na interligação destas áreas do
conhecimento, mas só ligá-las não é condição de transcender o conhecimento.
Ribeiro (2005, p.41) ainda cita Villaverde “que considera que a diferença entre a
interdisciplinaridade e a transdiciplinaridade está no fato da primeira ser uma condição
ou qualidade do método, enquanto que a segunda é uma condição ou qualidade do
35
conhecimento”. Complementando a idéia do parágrafo anterior, a transdisciplinaridade
deve ser um novo olhar sobre o conhecimento, é reconhecê-lo como uma nova
dimensão do conhecimento, interligá-lo pela sensibilidade.
A educação emancipadora, assim como a educação ambiental requer um projeto
transdisciplinar que reconhece na sua existência atitudes de respeito mútuo tanto dos
saberes científicos como dos saberes populares, na tentativa de fazer uma interpretação
poética e criativa do mundo como um todo, por inteiro, e não de forma segmentada
pelas diferenças sociais, políticas ou econômicas. “[...] Perceber as ligações, interações
e implicações mútuas, os fenômenos multidimensionais, as realidades que são, ao
mesmo tempo, solidárias e conflituosas” (MORIN,1999, p.55 apud GADOTTI, 2000,p.
39).
Complexo significa o que foi tecido junto; de fato, há complexidade quando
elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o
econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo e o mitológico),
e há um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre objeto de
conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes
entre si. Por isso, a complexidade é a união entre a unidade e a
multiplicidade. (MORIN, 1999 apud ANTÔNIO, 2002a, p. 87)
As práticas educativas refletem diretamente na qualidade da educação, que está
interligada na maneira como a escola compreende a educação e sistematiza a sua prática
junto com a teoria, que é o seu Projeto Político-Pedagógico.
Questiona-se: Será que as escolas têm refletido sua prática? Será que se
questionam quanto à qualidade da educação? Ou simplesmente transmitem
conhecimentos “de uma geração para outra”? O Projeto Político-Pedagógico é
realmente construído dialogicamente por toda a comunidade escolar, pela comunidade e
pela família? Ou ele é só mais um documento imposto pela burocracia?
1.3 Projetos Pedagógicos e Políticas Públicas
Ninguém caminha sem aprender a caminhar,sem aprender a fazer o caminho
caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar.
Paulo Freire
Ao se pensar na educação não basta a garantia do acesso e a permanência dos
alunos na escola, sem refletir sobre a prática pedagógica das escolas públicas. Deve-se
36
agir de forma que a escola esteja comprometida com a formação social e cultural dos
educandos. Alguns dos meios para se manter o comprometimento com uma educação de
qualidade, entendida como aquela que vem ao encontro com uma educação
emancipadora e preocupada com a formação não só científica, mas cidadã do educando,
seriam a construção dos projetos político-pedagógicos de forma crítica e participativa, a
metodologia numa visão inter e transdisciplinar e as políticas públicas de educação.
A escola e a educação têm um caráter social, cultural, político e econômico em
concordância com seu tempo e espaço, é resultado de um contexto histórico,
representando na sua prática os papéis sociais pré-definidos por este contexto. Muitas
vezes estes papéis são incorporados com tal afinco que parecem não acompanhar as
mudanças, e tendo ainda como verdade, valores e conceitos que não representam o
contexto atual. A escola ainda tem representado alguns valores e interesses sobre temas
em que se restringe a poucos privilegiados que tem condições de freqüentá-la e de dar
continuidade aos seus estudos além da educação básica.
Hoje, a Constituição garante ou pelo menos deveria garantir o acesso e a
permanência de todas as crianças e adolescentes na escola, “É preciso fazer com que a
democratização de acesso à escola corresponda a uma efetiva democratização no acesso
ao conhecimento e na obtenção da cidadania” (MENEZES, 2000, p.29). Encontra-se na
escola pública uma diversidade de interesses e objetivos, quanto à função da própria
escola, confundindo e entrelaçando seus problemas com os demais problemas sociais.
Não que este seja um problema, ou seja, este o problema. A escola não consegue
atender aos objetivos de uma educação de qualidade, porque não se insere no contexto
histórico em que está vivendo. Esquece-se de que a diversidade dos seus alunos não
comporta uma metodologia única e fragmentada, calcada ainda nas propostas de uma
escola elitizada e preparada para poucos.
Para que serve a escola hoje? Quais são as propostas do Projeto PolíticoPedagógico? O que vem a ser Projeto Político-Pedagógico? Quem o constrói? Quais são
seus objetivos? Será que a qualidade da educação está entrelaçada com o Projeto
Político-Pedagógico?
Retomando as idéias do início do capítulo, entende-se a escola como um espaço
de atuação da educação formal, que repassa valores próprios de uma sociedade
neoliberal, como consumismo, relações de poder, alienação e diferenças sociais. A
escola não conseguiu se desvincular de alguns conceitos e métodos considerados
37
conservadores e tecnicistas que são tidos como “essenciais” e que dificultam a ação de
uma pedagogia emancipadora que tem a práxis e o diálogo como práticas educativas.
Veiga (2003) analisa as inovações do projeto político-pedagógico dentro da
concepção de Boaventura de Sousa Santos sobre a regulação e a emancipação:
Falar em inovação e projeto político-pedagógico tem sentido se não
esquecermos qual é a preocupação fundamental que enfrenta o sistema
educativo: melhorar a qualidade da educação pública para que todos
aprendam mais e melhor. Essa preocupação se expressa muito bem na tríplice
finalidade da educação em função da pessoa, da cidadania e do trabalho.
Desenvolver o educando, prepará-lo para o exercício da cidadania e do
trabalho significam a construção de um sujeito que domine conhecimentos,
dotado de atitudes necessárias para fazer parte de um sistema político, para
participar dos processos de produção da sobrevivência e para desenvolver-se
pessoal e socialmente (VEIGA, 2003, p.02).
A inovação regulatória ou técnica, como utiliza Veiga (2003), é proposta pela
maioria das vezes pelas Políticas Públicas. As inovações são instituídas de forma
padronizada e uniforme para todas as escolas, sem a participação da comunidade escolar
e contam com a participação dos gestores e da coordenação para lançar as idéias de
forma que sejam aceitas e implantadas como sendo a melhor alternativa para se atingir
resultados que também são impostos pela Política Pública, como esclarece Silva , em
relação às políticas públicas que têm o financiamento do Banco Mundial:
Diante do exposto, é necessário insistir que as ações do Banco Mundial
modificam as ações pedagógicas no interior da escola, que aparentemente
vêm da secretaria. Analisemos, então, três exemplos. O primeiro é a forma de
avaliação empreendida por algumas escolas públicas seguindo orientações da
Secretaria de Educação. Sabemos que é um processo de avaliação deslocado
do processo ensino-aprendizagem. Busca-se quantificar, punir, premiar os
bons ou corrigir desvios. O que importa é alcançar os resultados/rendimentos
escolares definidos a priori. Não importa se o aluno de fato se apropria de
saberes e de conhecimentos que se traduzam em processos emancipatórios e
de cidadania. Desconsideram-se as funções clássicas da escola, que é
desenvolver as relações ensinar e aprender, pensar e fazer, partindo-se do
princípio de que todos têm condições de aprender, ainda que seja no seu
próprio ritmo. A avaliação é parte da política do Banco; dependendo da
forma como é encaminhada, pode estar a serviço deste (2003, p.14).
Para Veiga, ao se assumir o projeto político-pedagógico dentro da perspectiva da
inovação regulatória se produz:
[...] um conjunto de atividades que vão gerar um produto: um documento
pronto e acabado. Nesse caso, deixa-se de lado o processo de produção
coletiva. Perde-se a concepção integral de um projeto e este se converte em
uma relação insumo/processo/produto. Pode-se inovar para melhorar
38
resultados parciais do ensino, da aprendizagem, da pesquisa, dos laboratórios,
da biblioteca, mas o processo não está articulado integralmente com o
produto.
[...] ele tem o cunho empírico-racional ou político administrativo. Neste
sentido, o projeto político-pedagógico é visto como um documento
programático que reúne as principais idéias, fundamentos, orientações
curriculares e organizacionais de uma instituição educativa ou de um curso.
(2003, p.3)
Rossi
(2003),
em
seu
artigo
“Projetos
político-pedagógicos
emancipadores: histórias ao contrário”, apresenta a percepção de Veiga para o projeto
político pedagógico como inovação emancipatória:
O projeto pedagógico, tal como explicita Ilma Veiga, é ao mesmo tempo
político, no sentido do compromisso com a formação do cidadão para um
tipo de sociedade, e também pedagógico, no sentido de definir as ações
educativas e as características necessárias às escolas para cumprirem seu
propósito, sua intencionalidade (unicidade teoria e prática, construção do
currículo, qualidade do ensino). Todavia, o PPP está assentado em duas
lógicas distintas e conflitivas: empresarial e emancipadora. Na qualidade de
instrumento de políticas públicas alicerçadas na lógica do planejamento
estratégico empresarial, o projeto é concebido como instrumento de controle,
atrelado a uma multiplicidade de mecanismos operacionais e estratégias que
emanam de vários centros de decisão. Já o PPP emancipador pressupõe a
construção de um modelo de gestão democrática envolvendo diferentes
instâncias que atuam no campo da educação (escola-comunidade e demais
forças sociais), visando à emancipação voltada para a construção do sucesso
escolar e a inclusão como princípio e compromisso social (Rossi, 2003, p
325).
O projeto político–pedagógico assume uma postura política: a de formar
cidadãos. É a educação escolar um dos principais instrumentos de formação desta
cidadania. Cidadania esta que não pode ser composta por indivíduos que atuam somente
como coadjuvantes do processo social, político e econômico da sociedade. A educação
advinda de um projeto emancipador tem por proposta um cidadão atuante politicamente,
que conscientemente se percebe como ator principal do sistema político. Transportando
as barreiras que lhe tentam relegar a exclusão e a marginalidade para se transformar em
cidadão político consciente, lutando e conquistando seus direitos no convívio social do
conjunto da sociedade.
Assim, se a educação como instrumento social básico é que possibilita ao
indivíduo a transposição da marginalidade para a materialidade da cidadania,
não é possível pensar sua conquista sem educação. Educar, nessa perspectiva,
é entender que direitos humanos e cidadania significam prática de vida em
todas as instâncias de convívio social dos indivíduos: na família, na escola,
na igreja, no conjunto da sociedade (MARTINS, 2003, p. 50).
]
39
Para adotar uma postura de projeto emancipador, o projeto político-pedagógico
deve estar consolidado na práxis educativa. Deve ser construído de forma que a ação e a
reflexão sejam um referencial teórico e metodológico; a relação entre teoria e prática
seja analisada; que a participação da comunidade seja efetiva e que haja uma articulação
entre a escola, a família e a comunidade. Nele devem constar as propostas e interesses
da construção de uma educação cidadã e de qualidade, que corresponda aos anseios da
escola preservando na construção sua autonomia.
“Teoria e prática são elementos distintos, porém inseparáveis na construção do
projeto” (VEIGA, 2003, p.57), reforçando a concepção de práxis. A prática, se não for
refletida criticamente e concebida na teoria, não produz aprendizagem, e a teoria isolada
da prática não produz transformação. O diálogo sobre as teorias e as práticas é
fundamental para que ocorram intervenções e a construção de uma proposta
emancipadora e coletiva. “Considerando que é na prática que a teoria tem seu
nascedouro, sua fonte de desenvolvimento e sua forma de construção, e é na teoria que a
prática busca seus fundamentos de existência e reconfiguração” (VEIGA, 2003, p.57).
Portanto, a construção de uma projeto emancipador deve ter os sonhos e desafios
futuros da comunidade e deve ser construído de forma que a teoria e a prática estejam
sendo organizadas e refletidas de forma consciente, dialógica e participativa não só pela
escola, mas pela comunidade e pela família.
Uma proposta de educação inovadora, autônoma e emancipatória não se
constrói sem esforço, participação e práxis, que se completa na construção de um
projeto político-pedagógico, que tem como objetivo uma educação
cidadã e de
qualidade. Ao se construir um projeto de forma aleatória, sem reflexão, sem uma
direção política, simplesmente se acata uma proposta imposta que atende aos interesses
do Estado, em vez dos interesses da escola, comunidade e da família dos educandos.
Nesta perspectiva fica difícil desarticular as políticas públicas educacionais dos
projetos político-pedagógicos elaborados pelas escolas públicas. O Estado, enquanto
sociedade política, baseado numa democracia com ideais burgueses, favorece a
desigualdade muito mais que a igualdade, mas utiliza o discurso da democracia de
forma contraditória, como se as relações sociais não fossem determinadas pelas relações
de poder. Portanto, por mais autonomia que a escola pública tenha na construção de seu
projeto político-pedagógico, ele está atrelado a um projeto maior, a uma proposta
curricular elaborada pelo órgão mantenedor, no caso as Secretarias de Educação.
40
A prática pedagógica das escolas é determinada pelo seu projeto que é político e
fruto das políticas educacionais do Estado neoliberal, que impõe às vezes de forma sutil
a sua proposta para que seja aceita e trabalhada como escreve Silva (2003, p.283):
A sociedade brasileira, historicamente, alimentou práticas autoritárias e
patrimoniais, decisões elaboradas pelo alto por um grupo de "iluminados" e
"sábios" que se diziam porta-vozes daquilo que a escola pública brasileira
mais precisava. Essas práticas persistem e ainda estão presentes no cotidiano
das escolas das grandes cidades ou de municípios do interior dos estados. A
concepção de gestão racional do sistema educacional brasileiro, ainda hoje,
revitaliza o autoritarismo, a verticalidade, o gerenciamento, o
apadrinhamento e o clientelismo nas relações sociais e políticas.
Ao acatar as propostas impostas pelas políticas públicas para a construção do
projeto político-pedagógico, adota-se uma concepção de projeto estratégicoempresarial, deixando de lado a preocupação com a formação cidadã e apresentando
uma prática pedagógica padronizada, que favorece a exclusão e atende ao mercado.
Conforme cita Pereira (2008, p.337):
Isto explica a reestruturação mundial dos sistemas de ensino e educacionais
como parte de uma ofensiva ideológica e política do capital neoliberal (Hill,
2003), do que resulta a política de descentralização de poder e, como
conseqüência, institui a autonomia das instituições. Neste prisma, as
mudanças estruturais no aparelho de Estado capitalista devem ser abordadas
sob a ótica de uma "democracia formal" (Bruno, 2003), determinando um
modelo de organização administrativo-pedagógica que tem em práticas
participativas e flexíveis a sua dinâmica, correspondendo ao que se propõe o
Estado neoliberal, enquanto transfere a escola da esfera política para a esfera
do mercado.
Ao analisar o projeto político-pedagógico como estratégia para se chegar à
educação cidadã, deve-se levar em consideração o projeto-político do Estado que se
utiliza da autonomia decretada para controlar a escola, negar sua autonomia, ordenar
práticas por meio do corporativismo e das parcerias, estimulando a ideologia do
voluntariado e das políticas do Terceiro Setor sobre responsabilidade social. A
autonomia das escolas na construção do Projeto Político-Pedagógico é relativa, quando
esta se subordina totalmente as políticas públicas, mas quando acrescentam ações
diferenciadas em seu currículo, transformando-as em ações permanentes a escola, e no
caso do presente estudo, o Projeto Revivavida, o currículo e o Projeto PolíticoPedagógico tem uma postura de resistência quanto ao Projeto da Secretaria, apesar de
estar vinculado a ela e não descumprir seu papel educacional com o currículo
institucionalizado.
41
1.4 Conceito de Movimentos Sociais e seus Atores
Para melhor compreender a atuação do Projeto Revivavida na localidade e na
sociedade acha-se relevante tratar o conceito de movimento social e práxis para
compreender como um projeto de educação ambiental, que tem como proposta a
autonomia e a emancipação pode ser reconhecido ou não como um movimento social,
se ele utiliza-se da práxis como modo de atuação, e o alcance histórico que tem o
projeto Revivavida.
As teorias para se entender os movimentos sociais, em especial os que vêm
ocorrendo na América Latina nas últimas décadas do século XX, estão relacionadas às
demandas, conflitos, mobilizações e organizações dos atores sociais na construção de
agendas de atuação que fortaleçam através da força social, pautada numa identidade
coletiva, um pensar e um agir que culmine na resolução das demandas sócioeconômicas ou político-culturais do espaço onde vivem e atuam.
Por se tratar de um termo polissêmico, o termo movimento social apresenta
vários sentidos e várias interpretações teóricas. Às vezes o seu uso indiscriminado acaba
levando a uma descaracterização do que seja movimento social. Existe um “enfoque
multidisciplinar, envolvendo a sociologia, a ciência política, a antropologia, a história, a
economia e a psicologia social” (GOHN, 1997, p.240), que ocorre principalmente na
análise dos movimentos da América Latina nas últimas décadas do século passado.
Após o golpe de 1964 no Brasil, as organizações e ações populares
comprometidas com os projetos nacionais, populares e democráticos foram privados de
mobilização, atuação e representação (DURIGUETTO, SOUZA e SILVA, 2009, p.15).
Na década de 1970, mais especificamente no final da década, os movimentos
sociais foram novamente se reforçando, mas de uma forma nova. Estavam vinculados
aos “movimentos sociais populares urbanos, particularmente aqueles que se vinculavam
às práticas da Igreja católica, na ala articulada à Teologia da Libertação” (GOHN, 1997,
p. 281). Estes movimentos buscavam se contrapor aos movimentos de associação ou
sociedades de amigos. A diferenciação estava na forma de organização da comunidade
local e na prática social que se utilizava da autonomia. Buscava-se de um lado se
contrapor o autoritarismo do Estado e do outro a práticas populistas, clientelistas e
corporativistas, entendidas também como práticas não-democráticas e impeditivas de
manifestação de uma nova força social, diante do cenário político atual de militarismo
42
autoritário. A análise dos movimentos sociais deste período caracterizou-se por uma
abordagem fundamentada no paradigma marxista, que tinha por fundamentos:
[...] compreender a realidade social e, simultaneamente, armar estratégias
para superá-la. [...] enfatiza mais os aspectos estruturais e analisa questões da
reprodução da força de trabalho, do consumo coletivo, da importância
estratégica dos movimentos para mudanças no próprio Estado capitalista, etc.
(GOHN, 1997, p. 282).
Com o fim do regime militar, os pesquisadores passaram a estudar e questionar a
atuação e organização de movimentos sociais que apresentavam outras características e
demandas, como os movimentos culturais, de identidade e no campo dos direitos
sociais. Os movimentos sociais passaram a ser vistos como campos de demandas por
direitos da cidadania, sendo um canal de ligação e ampliação da democracia por meio
de discussões e negociações de políticas públicas, principalmente com a criação de
conselhos de direitos. (DURIGUETTO; SOUZA e SILVA, 2009, p.15). Os movimentos
sociais descaracterizam-se.
Os “militantes deixam de exercitar a política por meio da atuação ou por
acreditar em algumas causas e valores gerais. A profissionalização [...]
produziu efeitos contraditório. Criou uma camada de dirigentes que cada vez
mais se distanciou das bases dos movimentos [...] (GOHN, 1997, p. 286).
Um novo panorama político contribui para esta nova organização dos
movimentos sociais, o estreitamento com o Estado, a posse em cargos públicos de
alguns dirigentes de movimentos sociais e a participação em conselhos e mesas
administrativas. A “autonomia redefiniu-se em termos de autodeterminação [...], o
Estado, nessa conjuntura não era simplesmente o adversário dos movimentos, mas seu
principal interlocutor” (GOHN, 1997, p. 287-288).
Durante os anos de 1990, enfatizou-se a categoria de cidadania coletiva, com a
Constituição de 1988. A participação cidadã deveria ir além de reivindicar, deveria
propor. A exclusão social, decorrente das condições sócioeconômicas gerou uma
preocupação com os grupos de estrutura de poder paralelas, decorrentes da própria
desagregação social de organização da população. (GOHN, 1997). Ocorreu também
uma a expansão das Organizações Não- Governamentais (ONGs).
É neste chamado “terceiro setor” que o Estado, sob o ideário neoliberal,
opera uma ressignificação do conceito de sociedade civil. O Estado passa a
investir na participação da sociedade civil, mas não na direção do controle
43
social na gestão e implementação das políticas sociais, mas na direção de
transferir a ela o papel de agente do bem-estar social. Sociedade civil é aqui
transformada em uma esfera supostamente situada para além do Estado e do
mercado, cabendo a ela uma atuação na área social, sob o invólucro da
solidariedade, da filantropia e do voluntariado. Ou seja, há, aqui, um esforço
ideológico de despolitização da sociedade civil, concebendo-a como reino da
“a-política” e do a-classismo.” (DURIGUETTO; SOUZA e SILVA, 2009, p.
16).
Dentro da diversidade teórica do que seja movimento social, optou-se seguir a
proposta teórica-metodológica de análise dos movimentos sociais a partir do referencial
apresentado por Maria da Glória Gohn, pois vai ao encontro das propostas de análise do
Projeto Revivavida compreendido como movimento social. É citado abaixo o conceito
de movimento social sistematizado pela autora:
Movimentos sociais são ações sociopolíticas construídas por atores sociais
coletivos pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em
certos cenários da conjuntura socioeconômica e política de um país, criando
um campo político de força social na sociedade civil. As ações se estruturam
a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em conflitos, litígios e
disputas vivenciadas pelo grupo na sociedade. As ações desenvolvem um
processo social e político cultural que cria uma identidade coletiva para o
movimento, a partir da base referencial de valores culturais e políticos
compartilhados pelo grupo, em espaços coletivos não- institucionalizados. Os
movimentos geram uma série de inovações nas esferas pública (estatal e nãoestatal) e privada; participam direta ou indiretamente da luta política de um
país, e contribuem para o desenvolvimento e a transformação da sociedade
civil e política. Estas contribuições são observadas quando se realizam
análises de períodos de média ou longa duração histórica, nos quais se
observam os ciclos de protestos delineados. Os movimentos participam
portanto da mudança social histórica de um país e o caráter das
transformações geradas poderá ser tanto progressista como conservador ou
reacionário, dependendo das forças sociopolíticas a que estão articulados, em
suas densas redes, e dos projetos políticos que constroem com suas
ações.Eles têm como base de suporte entidades e organizações da sociedade
civil e política, com agendas de atuação construídas ao redor de demandas
socioeconômicas ou político-culturais que abrangem as problemáticas
conflituosas da sociedade onde atuam. (GOHN, 1997, p. 252).
Gohn (1997) caracteriza o conceito de movimento social deixando visível a
relevância política do movimento. A seguir procurará se compreender como cada
categoria compõe o conceito apresentado por esta autora. Ela reflete sobre algumas
categorias para estabelecer parâmetros, com o objetivo de precisar o que caracteriza
como movimentos sociais.
A primeira delas é a diferença entre movimento e grupos de interesses. No
movimento social os atores sociais podem estar classificados em diferentes camadas
sociais, porém relacionam-se e estão articulados na busca da força social, como
44
expressão dentro da sociedade civil, ou seja, embora sejam de camadas sociais
diferentes, deve ocorrer uma identidade em comum dentro do grupo, para que possa
ocorrer uma ação social. Quando o grupo é formado só por interesses, a ação pode não
atingir o coletivo social, descaracterizando o grupo como movimento social e
classificando-o como grupo de interesse (GOHN, 1997).
A segunda diferença apresentada é o uso ampliado da expressão. “Designa-se
como movimento a ação histórica de grupos sociais [...] É a ação da classe em
movimento e não um movimento específico da classe (GOHN, 1997, p. 245-246). É o
alcance histórico da ação coletiva que o caracteriza também como movimento.
Na terceira diferenciação Gohn (1997) ressalva os modos de ação coletiva e
movimento social, descaracterizando o protesto como movimento social, mas
ressaltando a importância do próprio movimento como modo de estruturação e
estratégias de ações coletivas dentro do movimento social.
Os movimentos sociais são espaços coletivos não institucionalizados,
organizados por um grupo de pessoas que, a partir dos interesses em comum, criam uma
identidade de pertencimento, que se torna uma força do princípio de solidariedade, que
não é um mero sentimento, mas uma expressão social de partilha dos valores políticoculturais dentro do processo social, valores que geram inovações, desenvolvimento e
transformação da sociedade civil e política, gerando um processo de média ou longa
duração, formando redes com seus projetos políticos e com suas ações, não só no campo
dos discursos.
A quarta diferenciação citada por Gohn (1997) refere-se à localidade da ação
coletiva. Esta ação não deve acontecer num espaço institucionalizado. Quando o
movimento se institucionaliza e se torna uma ONG, por exemplo, ele deixa de ser um
movimento, passando a ser um apoio, dentro de um movimento maior.
[...] a saber, movimento social refere-se à ação dos homens na história. Esta
ação envolve um fazer- por meio de um conjunto de procedimentos – e um
pensar – por meio de um conjunto de idéias que motiva ou dá fundamento à
ação. Trata-se de uma práxis portanto. Podemos ter duas acepções básicas de
movimento: uma ampla, que independe do paradigma teórico adotado,
sempre se refere às lutas sociais dos homens, para a defesa de interesses
coletivos amplos ou de grupos minoritários[...]. A outra acepção refere-se a
movimentos sociais específicos, concretos, datados no tempo, e localizados
num espaço determinado. (GOHN, 1997, p. 247).
Ao se propor analisar o Projeto Revivavida como um movimento social,
percebe-se que a referência ao espaço não institucionalizado de desenvolvimento do
45
movimento social não se aplica estritamente ao Projeto Revivavida. A princípio, tem-se
que a escola é o seu espaço articulador, portanto um espaço institucionalizado. A Escola
Estadual Altair Polettini, que abriga o Projeto Revivavida, construiu seu Projeto
Político-Pedagógico por uma comunidade escolar nova, cuja institucionalização ainda
não se consolidou, mas está em processo de consolidação, o que favoreceu o
desenvolvimento do projeto. Ou seja, o que tornou o Revivavida um movimento, apesar
de seu atrelamento a uma instituição escolar, foi o fato desta escola ser nova, de sua
comunidade escolar buscar, inclusive por meio do Projeto, consolidar-se, criar
identidade, ganhar reconhecimento. Talvez esta pesquisa demonstre que o Revivavida,
que nasceu como um movimento social, tenha se institucionalizado com o tempo e se
tornado apenas um Projeto Político-Pedagógico de uma escola.
É dentro da concepção da segunda acepção citada por Gohn (1997) que
pretende-se analisar o Projeto Revivavida.
A “categoria fundamental é a força social traduzida numa demanda ou
reivindicação concreta, ou numa idéia-chave que, formulada por um ou
alguns, e apropriada por um grupo, se torna um eixo norteador e estruturador
da luta social de um grupo – qualquer que seja seu tamanho - que se põe em
movimento”. (GOHN, 1997, p. 252).
Para analisar se o Projeto Revivavida pode ser ou não caracterizado como
movimento social, será usada a proposta metodológica proposta por Gohn (1997),
utilizando os elementos e categorias básicas apresentada pela autora.
A primeira categoria básica é a demanda e os repertórios da ação coletiva.
Dentro do movimento social a demanda é um dos fatores primordiais para se determinar
o movimento como sendo social, a demanda deve estar bem definida, o projeto deve ter
uma visão sócio-hístórica de ação, mesmo tendo ações locais e pontuais. Quando o
projeto parecer ser considerado utópico para uma macro-estrutura, sua luta parece não
ser muito precisa e ele acaba perdendo a sua idéia-chave, sua demanda. Os repertórios
“são construídos a partir da agregação das demandas” (GOHN, 1997, p.256); e a partir
de sua localização geográfica-espacial.
Para a composição do movimento social, são necessários três elementos
fundamentais: as bases demandatárias, as lideranças e as assessorias. As relações entre
elas determinarão a força do movimento. O princípio articulatório interno se estabelece
entre as bases, a liderança e a assessoria é a construção do discurso, das vozes do
46
movimento. Quanto à composição externa, a assessoria, entra no movimento com a
função de participar ou articular o poder, determinando a força social do movimento.
Na análise de um movimento ela deve ser avaliada em termos de contribuição
para o processo de mudança social – avanços ou retrocessos – a partir da
participação/contribuição dos repertórios de ações coletivas do movimento ou
dos movimentos, nos ciclos de protesto que construíram em certos períodos
históricos (GOHN, 1997, p. 258).
Dentro da segunda categoria, será analisada a ideologia dos movimentos sociais.
Trata-se do princípio articulatório, os referenciais estratégicos fundamentais para criar a
identidade dos movimentos. “A ideologia é captada por meio da análise dos discursos e
mensagens dos líderes e de toda produção material e simbólica dos movimentos”
(GOHN, 1997, p.259).
A simbologia do movimento caracteriza–o como uma cultura política, que se
constrói no decorrer da história com as vivencias do cotidiano.
Quanto a sua organização, pode ser formal ou informal. A princípio, os
movimentos estruturam-se de maneira informal, mas, na medida em que vão se
expandindo há necessidade de formalizar sua organização para uma melhor distribuição
das tarefas, principalmente nos movimentos de longa duração e aqueles que se mantém
no plano das idéias.
Em relação às práticas, o movimento social se estrutura a partir de ações diretas
e discursos. As ações diretas se distinguem do discurso, porque a primeira realiza a
ação, enquanto que a segunda completa a ação no campo da organização.
O projeto sócio político ou cultural do movimento social está ligado ao seu
paradigma ideológico. Algumas vezes o que falta ao movimento é um projeto
construído para ou do movimento específico, estabelecendo suas demandas pela
problemática do país.
Os projetos são passíveis de resgate, pelo analista, após o estudo do
movimento como um todo. Certamente são projetos construídos mais no
plano das ideologias e não projetos formais, esboçados segundo etapas que
abordam um problema, possuem objetivos, justificativas, hipóteses,
metodologias, cronogramas etc.(GOHN, 1997, p. 261).
É por meio da construção de seu projeto que se forma a identidade do
movimento social. “A identidade é uma somatória de práticas a partir de um referencial
47
contido nos projetos” (GOHN, 1997, p.261). Ela não é somente uma idéia, um discurso,
mas é a base das articulações.
Ainda dentro da questão de análise dos movimentos sociais, é importante
verificar o cenário sóciopolítico determinado pelos “elementos conjunturais que
explicam o processo interativo e a correlação de forças existentes” (GOHN, 1997, p.
262). A chamada estrutura de oportunidades:
[...] estas oportunidades políticas podem ser criadas pelos diferentes atores
(movimento, Estado ou mercado privado) e são um dos itens do cenário
sociopolítico. Elas representam sempre uma possibilidade de renovação e
mudança e conferem aos movimentos os atributos de poder. Se trata de um
tipo de jogo de forças em que se disputa não a construção do bem comum
(infelizmente) mas a tomada de espaços sobre a produção, gestão e controle
de uma infinidade de coisas[...]. (GOHN, 1997, p.262).
Ter clara a dimensão do alcance do movimento social é saber reconhecer que em
sua dinâmica existem conquistas e derrotas, que “estão intimamente associadas a
questões de natureza interna (tipo de articulação, forma de condução do movimento,
tipo de relação entre base-assessoria-liderança etc.) e as questões externas, de ordem da
conjuntura política e socioeconômica do país” (GOHN, 1997, p. 263). Nem sempre a
conquista fortalece o movimento, assim como as derrotas não são sempre um fracasso,
ambas devem ser encaradas na análise da construção do projeto de um movimento.
Considerando as categorias e propostas de análise dos movimentos sociais
apresentados por Maria da Glória Gohn, pode-se chegar a conclusão que as demandas
com base em uma ideologia fundamentada na ordem concreta das relações
sóciopolíticas, econômicas e culturais, constroem um projeto, na ordem do discurso
fundamentado na identidade coletiva do movimento, posicionando-se e organizando-se
dentro de uma conjuntura histórica com a proposta de instrumentalizar os grupos por
meio de ações que alterem a ordem do discurso, não só gerando um conflito na ordem
das idéias, ou do discurso, mas por via da luta social, para que se atinja não só uma
demanda local ou pontual, mas a macro estrutura, por meio da transformação, da práxis.
Ao analisar o Projeto Revivavida pode-se encaixá-lo dentro da primeira
categoria de Movimento Social: movimentos construídos a partir da origem social da
instituição que apóia ou abriga seus demandatários - apresentado do seguinte modo por
Gohn:
48
Partindo da premissa de que todo movimento social é formado por
agrupamentos humanos, coletivos sociais, decorre que estão de uma forma ou
de outra inseridos na sociedade. Esta inserção não se dá no vazio, mas a
partir de algumas instituições de apoio ou abrigo, ou seja, o partido, o
sindicato, a escola e até a família[...].
As instituições sociais possuem ideologias específicas que orientam a forma e
o próprio conteúdo das demandas. Elas são as matrizes dos discursos e das
práticas dos movimentos. (GOHN, 1997, 268-269).
A instituição abrigadora e apoiadora do Revivavida é, como dito, uma escola
pública, que será apresentada no próximo capítulo.
Ao considerar as idéias deste primeiro capítulo que dá referencial e subsídios
para analisar e compreender o segundo e terceiro capítulos, concluí-se que a educação
pública de qualidade não é um sonho utópico e impossível, mas deve ser um sonho
realizado, colocado em prática, uma prática que não é só ação, mas é uma
transformação. Transformação da sociedade, da História, em busca de um mundo mais
humano e sustentável. Sustentável político, social, cultural e economicamente.
Este capítulo também defendeu que encantar a educação é mostrar-se atento aos
atores e as vozes que fazem parte dessa tessitura que é o mundo. Ao se manterem
unidos em um ideário, os educadores estão se organizando para buscá-lo. Ao analisar o
Projeto Revivavida, tendo a educação socioambiental como idéia-chave e a práxis como
ação, está-se tentado construir um mundo, uma história que busque o encantamento, a
sustentabilidade e a força social e política para a educação pública de qualidade.
49
2 O PROJETO REVIVAVIDA E SEUS ATORES
A educação tem sentido porque o mundo não é necessariamente isto ou
aquilo, porque os seres humanos são tão projetos quanto podem ter projetos
para o mundo. A educação tem sentido porque mulheres e homens
aprenderam que é aprendendo que se fazem e se refazem, porque mulheres e
homens se puderam assumir como seres capazes de saber, de saber que
sabem, de saber que não sabem. De saber melhor o que já sabem, de saber o
que ainda não sabem. A educação tem sentido porque, para serem, mulheres
e homens precisam estar sendo. Se mulheres e homens simplesmente fossem
não haveria porque falar em educação.
Paulo Freire
O segundo capítulo tem por proposta apresentar e analisar o projeto
sócioambiental Revivavida, elaborado e executado na Escola Estadual Professora Drª.
Altair de Fátima Furigo Polettini, durante os anos de 2004 a 2007.
A metodologia para a análise do Projeto Revivavida está fundamentada na
pesquisa-ação-participante, a qual envolveu também a leitura de documentos,
entrevistas e questionários, no intuito de compreender a relação do Projeto com a
comunidade, com seus parceiros e com as instituições abrigadoras e apoiadoras.
Objetivou interpretar se a práxis desenvolvida pelo Revivavida era uma ação
transformadora ou reiterativa, com base na reflexão sobre suas conquistas, suas
dificuldades, seu alcance histórico e sua atuação como movimento e força social
desejante de transformação da sociedade.
A pesquisa-ação-participante, surge no contexto econômico, social e científico
da América Latina dos anos 1960. Um importante momento para seu reconhecimento
como método de pesquisa foi em 1977, no Primeiro Simpósio Mundial sobre PesquisaParticipante em Cartagena, Colômbia (VIEZZER, 2005, p. 279).
Segundo Viezzer (2005 p.279):
Os ingredientes que a foram compondo provêm do impacto causado pelas
teorias da dependência (Cardoso, Furtado) e a exploração
(Gonzáles,Casanova); a contra-teoria da subversão (Camilo Torres); e a
teologia da libertação(Gutierrez); as técnicas dialógicas (Paulo Freire) e a
reinterpretação das teses de compromisso e de neutralidade dos cientistas,
tomadas de Marx e Grasmci .
No contexto dos anos de 1970, na América Latina, muitas Universidades e
Centros de Pesquisa que estudavam a realidade social, foram fechados, levando muitos
cientistas e pesquisadores que pretendiam continuar pesquisando a exclusão e a
50
realidade social por meio dessa nova prática de pesquisa a fundarem ONGs. Esta nova
prática propunha respeitar os saberes populares na construção do saber e no como
educar (VIEZZER, 2005, p. 281).
Ao se propor utilizar a pesquisa-ação-participante, deve-se estar ciente de que
“nenhum conhecimento é neutro e nenhuma pesquisa serve teoricamente ‘a todos’
dentro de mundos sociais concretamente desiguais” (BRANDÃO, 1999, p. 11). Deixar
se levar por conceitos e fundamentos individuais, é um risco que se pode ter durante a
pesquisa-ação-participante.
A participação não envolve uma atitude do cientista para conhecer melhor a
cultura que pesquisa. Ela determina um compromisso que subordina o
próprio projeto científico de pesquisa ao projeto político dos grupos
populares cuja situação de classe, cultura ou história se quer conhecer porque
se quer agir (BRANDÃO, 1999, p. 12).
A pesquisa-ação-participante ganhou nova força e difusão após a Rio-92.
Utilizando-se dos conceitos e práticas da Educação Popular e da Educação Ambiental,
ela proporciona que as vozes e os saberes das populações excluídas possam ser
repassados e reconhecidos como conhecimento.
A pesquisa participante é uma proposta para a ação centrada em
compreensões renovadas e transformadoras em relação à construção do
conhecimento entre seres humanos. Nosso discurso dirige-se ao contexto,
estratégias de identidade social, redes de poder, buscando novas formas de
conhecimento em lugares que estão fora dos muros do poder dominante
(VIEZZER, 2005, p. 285).
É possível, portanto, compreender a presente dissertação dentro da metodologia
da pesquisa-ação-participante, quando pesquisador e pesquisado propõem uma ação
transformadora da realidade.
Na realidade a pesquisa é participante não só porque a pesquisadora
ou pesquisador social saem do escritório para trabalhar em campo,
mas também porque os grupos envolvidos saem do silêncio e do
espaço de opressão que a sociedade lhes impõe, para participar de um
processo onde aprendem a descobrir, compreender e analisar a
realidade e repassar adiante o conhecimento adquirido. (VIEZZER,
2005, p.283).
Mas de que espaço de opressão está se falando? Da escola, que não ouve, que
não humaniza, que não compartilha, que vive imposta por um sistema de regras,
currículos prontos e avaliações institucionais. A escola que oprime o saber popular. A
51
escola perde então sua função de educar quando impõe e passa a ser meramente
transmissora de conhecimento, reprodutora de um saber vigente e determinado por uma
sociedade classista, é o TER superpondo-se ao SER. Ela deixa de construir, e passa
somente a transmitir.
Como a escola pode ser um espaço ao inverso deste? Pode a escola abrigar a
práxis transformadora e até mesmo apoiar movimentos sociais?
A escola pública popular deve ensinar, sim, os conteúdos de forma
competente, pois é esse o desejo das crianças que estão lá para aprender e a
famílias lutam para isso;porém é necessário considerar o teor político que
encerram esses conteúdos. É preciso trabalhar com competência ao transmitir
o conhecimento formal, tendo sempre em mente que a educação popular é a
educação comprometida com os interesses das classes populares, cujo saber
deve ser considerado (VALE, 1996, p. 73).
2.1 A Escola
A Escola Estadual Profª. Drª. Altair F.F. Polettini localiza-se no município de
Mogi Mirim, interior de São Paulo e está integrada à Diretoria de Ensino de Mogi
Mirim. Foi inaugurada no dia 15 de junho de 2002, no bairro Jardim Maria Bonatti
Bordignon, à Rua Bráulio de Souza Leite, s/n .
Durante um ano, a escola funcionou com a denominação E. E. Jardim
Maria Bonatti Bordignon, de junho de 2001 a junho de 2002, pelo Ato de Criação
Decreto 45.860 de 18/06/2001. A mudança na denominação do nome da escola teve o
intuito de homenagear a Professora Drª. Altair Poletini1, que foi de grande importância
para a educação no município e na região e morreu tragicamente aos 44 anos, vítima de
seqüestro. A escola foi criada para atender a demanda nos bairros da zona sul da cidade;
Jardim Maria Beatriz, Jardim Maria Bonatti Bordignon, Parque Real, Chácara Bela
Vista e Jardim Maria Antonieta. A escola estadual Profª. Helena dos Santos Alves, que
atendia os alunos destes bairros até o ano de 2000, foi municipalizada, passando a
atender somente aos alunos do Ensino Fundamental de Ciclo I, fazendo com que os
alunos do Ciclo II se deslocassem para outras escolas distantes da região.
1
A Profª.Drª. Altair de Fátima Fufigo Polettini nasceu em 15 de junho de 1955. Graduou-se na Unicamp, onde
concluiu o mestrado em Matemática Pura, doutourando-se em Educação Matemática da Universidade da Geórgia,
nos Estados Unidos. Dentre suas últimas atividades, estava a coordenação do programa de Pós-Graduação em
Educação Matemática na Universidade do Estado de São Paulo – UNESP, no Instituto de Geo-Ciências,
“campus” de Rio Claro.
52
Houve então uma mobilização da Associação de Bairros (Acojamba) e da
comunidade para que se construísse uma nova escola que atendesse aos alunos do Ciclo
II , Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos via o Programa Telecurso/2000.
Conforme entrevista com o professor José Aparecido Zavarize e a professora
Joeluisa Garcia Novo Pieri, que estão na escola desde o ano de 2000, eles
acompanharam todo o processo de transição de prédio, da Escola Helena dos Santos
Alves para a escola Altair F.F. Polettini, que passou a funcionar no ano de 2002 com o
prédio inacabado. Existiam apenas quatro salas de aula, do lado esquerdo do pátio, e
uma lona preta separava a construção das outras salas de aula. A escola era cercada de
alambrado, o que favorecia que no período noturno facilmente pessoas que não eram
alunos entrassem na escola e que os alunos facilmente “fugissem”. Os professores
contam que nas sextas-feiras à noite faziam atividades diferenciadas como bailes ou
festas de Hallowen, cobrando um valor simbólico de entrada para arrecadarem dinheiro
para a construção do muro. Mesmo abrindo a escola para a comunidade participar das
atividades e sendo o bairro considerado violento nunca houve problemas de brigas ou
vandalismo.
O bairro Maria Bonatti Bordignon está situado na zona sul do município de
Mogi Mirim, próximo as rodovias SP 340 Campinas- Poços de Caldas e a Rodovia SP
147 – que liga Mogi Mirim a Itapira. Fica próximo ao distrito industrial do município,
onde se localizam pequenas e médias empresas nacionais e multinacionais. A região da
Maria Beatriz, como é conhecida, conta ainda com alguns serviços públicos como Posto
de Saúde, Creche Municipal, Escola Municipal de Ensino Fundamental Helena dos
Santos Alves que atendem crianças do Ciclo I e do Ensino Fundamental e várias linhas
de transporte coletivo. Possui estabelecimentos comerciais que atendem a população da
região, como supermercados, lojas, farmácias, padarias, bares, dentistas e salões de
embelezamento, sendo que a maioria dos proprietários são moradores da região.
Os alunos que freqüentam a Escola Estadual Altair Polettini são provenientes
destes bairros e da zona rural do município que fica próxima as rodovias SP 340 e SP
147, como os bairros da Bocaína, Piteiras, o assentamento 22 de Outubro no Horto do
Vergel e outros.
Para melhor compreender a origem do projeto é necessário apresentar alguns
dados quantitativos referentes à organização administrativa da escola, já que a proposta
do Projeto Revivavida envolve toda a comunidade escolar, compreendendo alunos,
professores, direção, coordenação, funcionários, pais de alunos e comunidade.
53
Os dados de identificação da escola foram retirados do Plano de Gestão da
Escola – Quadriênio 2007/2010, elaborado pela Diretora Profª. Miriam Aparecida da
Silva Sobral, em conformidade com as orientações da Diretoria de Ensino da Região de
Mogi Mirim e referem-se às características que compõem o quadro escolar,
administrativo, número de turmas por período, número de alunos, horário de
funcionamento dos períodos, número de professores e número de funcionários, dando a
dimensão da escola, caracterizada como uma escola de porte médio, em torno de 800
alunos, 30 professores, turmas de ensino fundamental II, Ensino Médio e Educação de
jovens e adultos (EJA). (Ver anexo I - Dados da E.E. Profa. Dra. Altair F.F. Polettini).
Também em anexo encontra-se a situação sócio-econômica dos educandos, a
infra-estrutura do bairro e a relação com a comunidade. (Ver anexo II - Características
da Clientela). O termo clientela reproduz a idéia de mercado, de como, por muitos
anos, as políticas públicas trataram seus educandos e a comunidade como se ambos
fizessem parte de uma transação comercial. A escola é um produto que é oferecido aos
seus “clientes”, daí a importância de se pesquisar o que o “cliente” quer. Ou melhor, o
que a escola deve oferecer aos seus clientes: cidadania? Inserção no mercado de
trabalho? Ou proporcionar uma educação emancipadora?
O Plano de Gestão da Escola, o Projeto Político-Pedagógico e o Projeto
Revivavida se entrelaçam e tecem uma proposta que não dá para distinguir ou separar.
Ambas buscam o mesmo objetivo, a todo o momento encontram-se trechos e as
mesmas citações nos diferentes projetos. Teoricamente, fica muito clara a preocupação
e o desejo de se proporcionar uma educação emancipadora, como no trecho abaixo do
Projeto Político=Pedagógico da Escola e que se encontra também no Plano Gestão da
Escola (Ver Anexo III - Projeto Polítivo-Pedagógico da E. E. Profª. Drª.Altair F. F.
Polettini).
A educação está num momento em que seus agentes devem compreender a
função social que a escola exerce e situá-la no mundo moderno, onde
ocorrem variações em diferentes momentos da história.
Não se pode mais pensar numa escola estática e antiquada, é preciso
compreender o contexto e as relações em que se desenvolve a prática
educativa, onde cada um que nela trabalha tenha a percepção que ela não está
solta no espaço, mas articula-se com o mundo à sua volta e nesse contexto,
todos nós educadores devemos buscar as mudanças naquilo que pode ser
mudado, procurando envolver a comunidade num processo de teias de
aprendizagem através do acolhimento por parte de todos [...] (E. E. PROFª.
DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008).
54
O discurso apresentado pela escola, tanto no Plano Gestão quanto no Projeto
Político-Pedagógico, propõe uma educação formal cujo objetivo principal é uma
educação de qualidade. “A Escola buscará ir além da simples transmissão de conteúdos
para formar cidadãos ativos e conscientes a partir de uma Escola realmente competente,
entusiasta, estimulante e comprometida com os interesses maiores da comunidade.” (E.
E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2007b). Mas qual é esse “interesse maior
da comunidade”? Na exposição do Projeto Político-Pedagógico encontra-se um trecho
de Paulo Freire sobre o papel que o educador deve ter na construção do processo
educativo.
O educador ou o coordenador de um grupo é como um maestro que rege
uma orquestra. Da coordenação sintonizada com cada diferente instrumento,
ele rege a música de todos. O maestro sabe e conhece o instrumento, ele rege
a música de todos. O maestro sabe e conhece o conteúdo das partituras de
cada instrumento e o que cada um pode oferecer. A sintonia de cada um com
o outro, a sintonia de cada um com o maestro, a sintonia do maestro com
cada um e com todos é o que possibilita a execução da peça pedagógica.
Essa é a arte de reger as diferenças, socializando os saberes individuais na
construção do conhecimento generalizável e para a construção do processo
democrático (FREIRE apud E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F.
POLETTINI, 2008).
O Projeto Político-Pedagógico da escola pretende favorecer o “diálogo
entre todos os segmentos que compõem o ambiente escolar, ou seja, alunos, pais,
professores, gestores e representantes da comunidade local, o desenvolvimento
de ações desencadeadoras para a melhoria da qualidade de ensino, torna-se mais
produtivo e agradável” (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008).
O trabalho coletivo também é citado como sendo um diferencial na escola e na
construção de sua autonomia.
Sendo assim, a escola deve sempre embasar e construir um projeto
pedagógico, a partir da necessidade de inovar a ação coletiva no cotidiano de
seu trabalho, pois são os sujeitos da escola que garantirão a sua realidade. É
preciso que a escola reconheça que é preciso todos os seus atores tornem-se
responsáveis pelos serviços educacionais que ela presta à comunidade,
procurando sempre a qualidade do ensino e da aprendizagem, observando
sempre o que a escola é e também o que ela poderá vir a ser, conferindo
assim, a sua identidade, de maneira democrática, abrangente, flexível e
duradoura. (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008).
O trabalho coletivo recebe no Projeto Político-Pedagógico um subitem específico,
destacando a importância que a escola dá ao trabalho coletivo e a interdisciplinaridade, o que
favoreceu o desenvolvimento do Projeto Revivavida.
55
É de extrema importância a inserção da coletividade em todos os conteúdos
curriculares, não podendo admitir-se educadores trabalhando em sua raia
própria, sem perspectivas de projeto coletivo. Dessa maneira, duas questões
são fundamentais para se obter o sucesso através da coletividade: a) orientar
as diretrizes comuns do corpo docente, onde todos os professores devem
assumir essas diretrizes; b) possibilidade do exercício contínuo da reflexão
sobre a prática. É fundamental nesse processo ter bons professores, mas o
principal é que toda a equipe objetive diretrizes pedagógicas comuns.
Como proposta e currículo abrangendo a idéia chave do trabalho coletivo, a
escola prioriza a inserção de projetos interdisciplinares abrangentes aliados
ao uso das tecnologias nos diversos componentes curriculares, de forma mais
abrangente no cotidiano da escola de maneira mais contextualizada na prática
do educador e do educando, buscando a interação com o mundo e com a
vivência do aluno, permitindo assim, que o aluno saia da escola como um
sujeito crítico e ativo em suas práticas sociais (E. E. PROFª. DRª.
ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008).
A preocupação com a prática docente e a inserção das novas tecnologias também
é citada no Projeto Político Pedagógico:
Atualmente o professor deve ter clareza e consciência da presença das
tecnologias em seu trabalho docente, pois a cada dia outras diferentes fontes
tecnológicas estão entrando no cenário da sala de aula. A equipe pedagógica
da escola nesse momento deve estar unida, num trabalho envolvente e
coletivo, pois só assim, se dará condições de desenvolver um trabalho
acompanhando o mundo de forma harmonizada no mundo globalizado que
estamos vivenciando. Para isso, o professor deve estar atualizado, para não
cair na banalização do uso das tecnologias apenas para ‘joguinhos’ sem
contextualizar com a realidade do aluno e com o componente curricular a ser
estudado. O professor deve ter o compromisso com seus alunos, garantindolhes a efetiva aprendizagem. O preparo das aulas é imprescindível para uma
boa aula. (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008).
Estas discussões e compartilhamento de idéias eram realizados em Horários de
Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPCs).
Como o Projeto Político-Pedagógico é também uma atividade política, ele reflete
muito das idéias das políticas públicas de educação, no caso da presente análise,
especialmente a proposta vinculada a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
Tal posicionamento político fica explicito quando se encontra no Plano Gestão da
Escola (2007b) o relatório de elaboração do Projeto Político-Pedagógico de 2008.
(Anexo IV – A elaboração do Projeto Político-Pedagógico).
O diagnóstico para a construção do Projeto Político-Pedagógico foi construído
segundo o Plano Gestão a partir das discussões a respeito da qualidade de ensino, da
organização administrativa, da gestão democrática e participativa, da valorização dos
profissionais da educação, a integração escola-família-comunidade, a organização e
56
integração curricular e as avaliações externas como o Sistema de Avaliação de
Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), Sistema de Avaliação da
Educação Básica (SAEB), Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São
Paulo (IDESP), Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e Exame
Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Mesmo levando-se em consideração o contexto da comunidade escolar, a
preocupação com a humanização do educando e com as práticas pedagógicas, fica
evidente a importância das avaliações externas como uma das estratégias de diagnóstico
para a construção do projeto, assim como a proposta curricular da Secretaria Estadual da
Educação.
Não dá para desvincular a educação da política, que é o ques propõe Paulo
Freire. A educação sempre acompanhou o desenvolvimento histórico, político,
econômico e social que identifica o homem, eleva-o, ajudando a se completar,
instrumentalizando-o para a transformação social, o que fica bem claro teoricamente no
Projeto Político Pedagógico e no Plano Gestão da Escola Estadual Altair Polettini. (E.
E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2007b, 2008).
Por mais que se tenha consciência de que ensinar não é transferir conhecimentos,
e que o trabalho com projetos interdisciplinares e temas transversais auxilia no diálogo
entre senso comum e conhecimento científico, ele não leva necessariamente a práxis
social ou comunitária. É fato que a transformação social só acontece se partir do
interesse do educando e não com temas impostos que tem por interesse atender as
necessidades do Estado ou do mercado, em sanar suas falhas de responsabilidade quanto
à qualidade da educação.
Muitas vezes a crise da sociedade moderna leva a um estado de alienação e
perda dos significados e características da vida em comunidade ou sociedade. O
trabalho com criticidade, a responsabilidade e a integração dentro das escolas ajuda a
conscientizar as pessoas de que a melhora nas condições de vida dos excluídos tem
início na mudança de comportamento da classe excluída e é de responsabilidade das
escolas e da comunidade trabalhar para que esta conquista seja atingida.
As práticas educativas refletem diretamente na qualidade da educação que está
interligada na maneira como a escola compreende a educação e sistematiza a sua prática
junto com a teoria, que é o seu Projeto Político-Pedagógico.
Questiona-se. Será que as escolas têm refletido sua prática? Será que se
questionam quanto à qualidade da educação? Ou simplesmente transmitem
57
conhecimentos “de uma geração para outra”? O Projeto Político-Pedagógico é
realmente construído dialogicamente por toda a comunidade escolar, pela comunidade e
pela família? Ou ele é só mais um documento imposto pela burocracia?
Como a proposta da dissertação é a análise do Projeto Revivavida na escola E.
E. Profª. Drª. Altair F. F. Polettini vou delimitar estes questionamentos especificamente
a esta escola, na qual trabalhei de 2003 a 2007, como coordenadora pedagógica, e em
2008, como professora de História no Ensino Médio.
No período em que trabalhei como professora-coordenadora ajudei na
construção do Plano Gestão de 2003/2006, no Plano Gestão 2007/2010 e na elaboração
do Projeto Revivavida, caracterizando meu papel como participante e pesquisadora que
procura dar voz e ao mesmo tempo ouvir os demais atores do projeto. Certamente,
reconhecer que os projetos do Revivavida tiveram erros e acertos é fundamental para
compreender o alcance de sua práxis.
2.2 A Construção e as Transformações do Projeto Revivavida
Por que me impões o que sabes se eu quero aprender o desconhecido e ser
fonte em minha própria descoberta?
Humberto Maturana
O projeto Revivavida teve início no ano de 2004 e foi elaborado com o objetivo
de participar do Programa Meio Ambiente e a Escola, proposto pela Embrapa Meio
Ambiente em parceria com a diretoria de Ensino de Mogi Mirim, estando na sua quinta
edição no ano de 2008. O projeto seguia as orientações da metodologia proposta pela
Embrapa, que era a práxis socioconstrutivista ver-julgar e agir, e a ação priorizada
dentro de temas geradores, propostos pela Embrapa.
Os princípios propostos pela Embrapa estavam em concordância com os
objetivos e metas propostos pela escola E E Profª. Drª. Altair F. F. Polettini. Tentou-se
então unir o Projeto Revivavida ao Projeto Político Pedagógico da Escola, que visa
associar o currículo às ações cotidianas e transformadoras. O Projeto Revivavida tem a
proposta de trabalhar o processo de ensino-aprendizagem respeitando a: “[...] autoestima do aluno, sua qualidade de vida, a preservação do meio ambiente e as ações de
58
cidadania, favorecendo a construção de uma educação voltada para a transformação
social.” (E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI, 2004).
O Projeto Revivavida tem como característica a transdiscipliradidade nas
relações do ensinar e do aprender. Na tentativa de recriar os sentidos, o reencantamento
da aprendizagem como propõe Severino Antonio.
A transdisciplinaridade é um novo modo de pensar e de produzir
conhecimento.
Um novo modo de conceber e de praticar o ensino e a aprendizagem.
Nova concepção epistêmica e educacional. Mais ainda: é um novo modo de
compreender a realidade, a natureza e o homem. Um novo olhar, uma nova
escuta (ANTÔNIO, 2002b, p.27).
Esta nova perspectiva sugere um olhar multifocal, como se fosse um
caleidoscópio, ligando e interligando os saberes Não dá para fragmentar os projetos do
Revivavida, ele é um todo, um conjunto de ações que busca interligação para a
valorização da vida e do ambiente. No entanto, a inexperiência de se trabalhar com a
unidade, num mundo tão dividido, fez muitas vezes transformar o todo em saberes
disciplinares e institucionalizados. Por conta da praticidade e pela corrida contra o
tempo da vida contemporânea separou-se o que devia ser único. Reconhece-se,
portanto, que em alguns momentos esta ligação dos saberes tão importante para o
conhecimento planetário não ocorreu.
Participar do Projeto Meio Ambiente e a Escola no ano de 2004 foi a princípio
uma imposição da Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, a qual a Escola Altair Polettini
pertence. Após as orientações e a capacitação do então Assistente Técnico Pedagógico
(ATP) da Diretoria de Ensino, de como seria realizado, executado e avaliado o projeto
de educação ambiental, como coordenadora pedagógica levei a proposta para os
professores e para a direção.
A participação no Projeto estava associada à inscrição de um projeto de
educação ambiental voltada para a comunidade escolar, que tinha como diretriz a
proposta da Embrapa Meio Ambiente, e a utilização do método Ver- Julgar-Agir e de
uma educação sócioconstrutivista (a metodologia da Embrapa será mais bem explicada
no próximo item do capítulo). Como as idéias da proposta complementavam os
objetivos do projeto pedagógico da escola, resolveu-se então elaborar o projeto, sem ter
muitas referências teóricas do que seria este método ver-julgar-agir ou de como se
aplicaria uma proposta sócioconstrutivista que poderia levar à práxis. Seguiu a intuição
59
e o desejo de uma educação significativa e participativa que levasse os educandos a se
reconhecerem como sujeitos de sua própria história.
Mas como tudo o que é diferente causa estranhamento e mudança, uma parcela
de professores temia a mudança da rotina, não por que não desejassem mudar, mas
temiam, talvez sem perceber, que a participação e a autonomia que o projeto propunha
acabassem com a ordem professor-transmissor, aluno-receptor. O apoio da direção nas
propostas do projeto foi determinante para a execução dos mesmos e em vários dias a
rotina de sala de aula e das disciplinas foi interrompida por atividades coletivas e
transdisciplinares. A escola várias vezes foi aberta para a comunidade, rompendo a
barreira entre escola-comunidade.
A premiação também foi levada em consideração para participação desta
primeira edição. Antena parabólica, uma televisão e um digital video disc (DVD),
recursos que a escola não dispunha naquele momento e que eram almejados para um
trabalho diversificado em sala de aula.
No ano de 2004, o Projeto Revivavida, realizou atividades direcionadas para a
questão ambiental sem perder seu foco de ação-reflexão-ação. A escola já possuía
algumas atividades voltadas para a questão da cidadania e da ética, que foram mantidas
e incorporadas ao Projeto Revivavida. O uso constante desta nova metodologia no
ambiente escolar resultou em pequenas transformações, porém significativas, como por
exemplo, os tambores para a coleta seletiva e as campanhas de uso consciente da água,
que eram trabalhados de forma transdisciplinar e envolviam além das ações, produções
artísticas e culturais.
Durante os eventos comemorativos da escola como Dia das Mães e dos Pais,
estes temas estavam sempre presentes. O Coral apresentava músicas com o tema sobre a
água. Uma reportagem foi gravada durante a visita à cooperativa de reciclagem
Coopervida e durante a Festa Junina foi realizada a coleta seletiva. Como uma das
propostas do Projeto Revivavida era atingir a comunidade e a sociedade, utilizou-se o
tema Meio Ambiente e levou-se a reflexão sobre água, lixo, fauna, flora, coleta seletiva
para o desfile municipal de sete de Setembro, no ano de 2004 e nos anos seguintes.
Em 2004, foi o primeiro ano que se realizou na escola a Conferência InfantoJuvenil pelo Meio Ambiente, proposta pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC).
Mesmo que de forma tímida, a oportunidade dos alunos se interagirem em diferentes
turmas, discutirem, dialogarem e refletirem sobre os temas que estavam ligados aos
eixos temáticos do Projeto Revivavida foi avaliado como tendo grande sucesso. E
60
acabou entrando para o calendário escolar dos anos seguintes, por cobrança e insistência
dos alunos.
Por suas várias e significativas ações, o Projeto Revivavida em sua primeira etapa, foi
premiado com o primeiro lugar pelo Programa Meio Ambiente e a Escola, da Embrapa
Meio Ambiente em parceria com a empresa Motorola na categoria Projeto - Tema
Gerador: Cidadania e Saúde. (Ver Anexo V - Certificado de Classificação – 1° lugar no
Programa Meio Ambiente e a Escola, 2004.
A vitória estimulou a participação no ano seguinte, em 2005, com a segunda
etapa do Projeto Revivavida. Algumas mudanças foram realizadas, alguns projetos
alterados, mas a continuidade dos projetos do ano de 2004 caracterizava a continuidade
de um Projeto que parecia estar dando certo e que mobilizava a população. Durante o
ano de 2005, muitos projetos vindos da Secretaria Estadual da Educação não
permitiram, por falta de tempo, um aprofundamento nos Projetos do Revivavida, ainda
que muitos deles também tenham sido incorporados ao Projeto. Mas estes projetos
impostos eram realizados sem o dialogar, sem o interagir. Eram tantos projetos que se
acabou perdendo o foco ambiental, a diretriz, e a aplicabilidade da metodologia,
fragmentou-se o projeto em disciplinas para que os relatórios e prazos de entrega
fossem cumpridos, fragmentou-se o conhecimento e a beleza do projeto.
Uma das mais graves crises de nosso tempo de crises é a extrema
fragmentação do conhecimento, que dissocia sujeito e objeto. E dissocia, no
sujeito, a inteligência e a sensibilidade, assim como dissocia o objeto de seu
contexto e de suas interações e interdependências (ANTONIO, 2009, p. 89).
Apesar da premiação com o segundo lugar no Programa Meio Ambiente e a
Escola, o Projeto começou a se descaracterizar, era o início da institucionalização do
Projeto Revivavida.
No entanto o Projeto Revivavida recebeu no ano de 2005, o Selo de Escola
Solidária, pelas iniciativas de Educação fundamentada nos ideais de solidariedade,
participação e cidadania, classificando-se pelos mesmos ideais no Instituto da Cidadania
Brasil, da Fundação Volkswagen, Sony Brasil e vários outros parceiros. (Anexos VI a
XI). No ano de 2006, parece que o Projeto Revivavida “renasceu” novamente nas suas
propostas e objetivos, mas na verdade ele se escondeu na infinidade de projetos a serem
trabalhados e desenvolvidos. Foi necessário elaborar diversas tabelas ( Anexo XII a
XIV) para acompanhar o desenvolvimento das ações. As premiações nos Concursos
61
anteriores e o destaque da escola no município e na Diretoria de Ensino
sobrecarregaram as atividades e os projetos da escola.
Como agente envolvida intensamente no Projeto, naquele momento, posso
afirmar que parecia que a única escola que atendia as necessidades de apresentar
Projetos para a Secretaria Estadual de Educação era a Escola Altair Polettini.
Além do Projeto Revivavida, a escola e os alunos eram constantemente
premiados em concursos, sendo convidados a participar de diversas atividades no
município e na Diretoria. O Projeto, que foi construído com tanta utopia, amor e
idealismo, foi reconhecido e incorporado como currículo, já que a maioria de suas ações
permaneceu, mas ao se estabelecer e fortalecer foi incorporado pelo sistema e passou a
realizar ações sem planejamento e diálogo, com o objetivo de fazer e participar de
concursos e apresentações.
Embora o marketing seja uma forma de prestação de contas da equipe gestora
para com a sociedade e divulgação do trabalho realizado, as ações ao serem
incorporadas sem planejamento descaracterizam-se do ideal de práxis, passando a ser
um índice a ser utilizado como propaganda de uma escola pública e de qualidade.
No ano de 2007, o projeto chegou a ser elaborado na sua quarta etapa, mas muito
pouco se conseguiu realizar em termos de práxis transformadora. Ele quase não saiu do
papel, salvo as atividades que já haviam sido incorporadas ao Projeto PolíticoPedagógico da escola. “A educação que copia modelos, que deseja reproduzir modelos,
não deixa de ser práxis, só que se limita a uma práxis reiterativa, imitativa,
burocratizada. Ao contrário desta, a práxis transformadora é essencialmente criadora,
ousada, crítica e reflexiva” (GADOTTIi, 2004b, p. 31).
Estava-se entrando na chamada “Era SARESP”. Com as mudanças ocorridas na
Secretaria de Estado de Educação, o foco já não era os Projetos interdisciplinares. A
preocupação passou a ser os índices do SARESP. A cobrança não estava mais nos
prazos e entrega de relatórios sobre os projetos, mas no funcionamento das turmas de
reforço e no trabalho dos professores em sala de aula em atividades que trabalhassem as
habilidades e competências exigidas pelo SARESP. O índice do SARESP passou a ser
um dos critérios para o bônus mérito aos professores.
Não dava mais, na concepção da própria comunidade escolar, para “perder
tempo” com os Projetos de Educação Ambiental, eles seriam agora trabalhados como
Temas Transversais – cada um na sua disciplina. Não havia mais tempo para o ensaio
62
do coral, para o grupo de dança, para a realização de atividades transdisciplinares. (Ver
Anexo XV sobre as datas de início e término dos Projetos do Revivavida).
Assim como pode acontecer com os movimentos sociais, o Projeto Revivavida,
perdeu sua idéia-chave, institucionalizou-se. Foi envolvido pelo contexto das políticas
públicas de educação.
As transformações do Projeto aconteceram de forma tão sutil, que fica a
pergunta: De qual autonomia e gestão democrática está-se falando na escola pública? O
que está dando certo, absorvido e revestido, dando a impressão que ainda está
funcionando de modo pleno e autêntico?
Antônio (2009, p.90) diz que “conhecer é contextualizar” É o que se pretende
realizar com esta dissertação: conhecer sob outros ângulos o Projeto Revivavida,
contextualizá-lo nesta complexidade do conhecimento, reconhecê-lo com um novo
olhar, com uma nova escuta, religá-lo.
[...] Uma das necessidades mais profundamente vitais do trabalho em
sala de aula: tecer diálogos entre as disciplinas. Religar os
conhecimentos. Contextualizar. Recontextualizar o que está
fragmentado, disperso, pulverizado.[...] que destoem o conhecimento
significativo e desnaturam a compreensão (ANTÔNIO, 2009, p. 88)
Analisar o Projeto Revivavida dentro do contexto em que ele foi construído é dar
voz aos atores que acreditaram no diálogo, na ligação dos conhecimentos, na educação
de qualidade na escola púbica, que acreditaram na práxis como transformação social.
2.3 A Embrapa Meio Ambiente e os Parceiros
O Projeto Revivavida teve origem no Concurso Meio Ambiente e a Escola,
proposto pela Embrapa Meio Ambiente – unidade de Jaguariúna, que desde 1997 vem
contando com o apoio de parcerias para implantar um projeto de Educação Ambiental
nas escolas. Entre os parceiros e patrocinadores da Embrapa neste Concurso, estão as
empresas Motorola e Química Amparo Ltda. (fabricante dos produtos Ypê) e a
Faculdade de Jaguariúna (FAJ).
A Embrapa está vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Foi criada em 1973 e tem como missão “viabilizar soluções para o
63
desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no agronegócio, por meio da
geração, adaptação e transferência de conhecimento e tecnologias, em benefício dos
diversos segmentos da sociedade brasileira” A empresa atua com 38 unidades de
pesquisa, três serviços e 13 unidades administrativas, e está presente em quase todos os
Estados. O orçamento da Empresa em 2007 ficou acima de R$ 1 bilhão, e dos seus
8.275 funcionários, 2.113 são pesquisadores, 25% com mestrado e 74% com doutorado.
Mantém contato com organizações internacionais e possui um laboratório na Holanda e
um escritório em Gana, na África. Com sede na cidade de Jaguariúna, encontra-se a
Embrapa Meio Ambiente, a idealizadora da Campanha Meio Ambiente e a Escola
(EMBRAPA, 2008a).
A Motorola é uma empresa multinacional que atua na área de comunicação,
principalmente nas experiências móveis. Sua história tem início em 1928 em
Chicago, nos Estados Unidos, com uma empresa familiar de produtos
eletrônicos. Na década de 1930 expandiu seus produtos, e a partir da década
de 1960, ampliou seus negócios com filiais fora do seu país de origem. A
companhia obteve vendas de US$ 36,5 bilhões em 2007. Desde 2005, vem
investindo mais de US$ 550 milhões no Brasil, sendo que parte deste
investimento foi destinado à construção do Campus Industrial e Tecnológico
de Jaguariúna/SP. Ainda no site da Motorola, no link de responsabilidade
social podemos encontrar vários projetos na área de Meio Ambiente,
voluntariado, esporte e qualificação profissional. (MOTOROLA, 2007a).
A empresa não informa que tipo de parceria estabeleceu com a Embrapa, mas
aparece como patrocinadora no livro Educação Ambiental – Capacitação de agentes
multiplicadores e desenvolvimento de projetos (HAMMES e FERRAZ, 2002)). A
premiação da edição do Concurso Meio Ambiente e a Escola do ano de 2004 também foi
financiada pela empresa. As premiações eram uma televisão de 21’, DVDs, antena
parabólica e máquinas fotográficas digitais. Apesar de não ter participado das outras
edições do concurso, ainda permanece a parceria no seu site.
A Química Amparo Ltda. teve inicio no ano de 1950, na cidade de Amparo. É
responsável pela fabricação de produtos de limpeza da marca Ypê. Não consta no site
da empresa a parceria com a Embrapa Meio Ambiente, mas há uma nota quanto à
“disseminação de uma cultura interna de responsabilidade social, apoio a projetos
culturais e socioambientais e práticas de sustentabilidade”. (QUÍMICA AMPARO,
2009).
64
2.3.1 A Metodologia Proposta pela Embrapa Meio Ambiente e a Capacitação para o Programa
Meio Ambiente e a Escola
O Projeto de Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável (PEAA)
proposto pela Embrapa, “foi uma iniciativa de um grupo de pesquisadores,
extensionistas e educadores visando desenvolver metodologia para capacitação de
educadores das áreas de ensino e extensão agrícola”, com fundamentos da Conferência
de Tibilisi, em 1977:
[...] ou seja: integrativo, que envolva a coletividade; participativo, que
“escute” a coletividade; transformador, que estimule mudanças de
hábitos e atitude pró-ativa; globalizador, que considere o ambiente em
seus múltiplos aspectos; permanente, pela promoção e fortalecimento
do senso crítico; contextualizador, que atue na realidade local sem
perder a dimensão planetária; transversal, de maneira que o elemento
cognitivo se enquadre em todas as áreas, já que o meio ambiente é
fundamental para todos os aspectos da manutenção da vida na Terra.
(HAMMES e FERRAZ, 2002 , p.2).
O manual de orientação para elaboração do Projeto de Educação Ambiental
proposto pela Embrapa, “Educação Ambiental – Capacitação de agentes multiplicadores
e desenvolvimento de projetos”, elaborado por Hammes e Ferraz (2002), diz que a
primeira fase do projeto de pesquisa teve início no Estado de São Paulo em 1997, em
parceria com algumas Diretorias Regionais de Ensino da Secretaria Estadual de
Educação e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) vinculada à
Secretaria Estadual de Agricultura, com o apoio de ONGs e voluntários.
As atividades foram desenvolvidas primeiramente nos municípios-piloto de
Jaguariúna, Holambra, Sumaré e Hortolândia. Estendeu-se no ano de 2000 para 30
municípios do Estado de São Paulo, envolvendo as Diretorias Regionais de Ensino de
Bragança Paulista, Limeira, Moji Mirim e Sumaré, onde foram capacitados educadores
ambientais, segundo a obra, a partir da metodologia de Paulo Freire, partindo da
construção do conhecimento na sua própria comunidade e utilizando-se da práxis (ação
e reflexão), além de oferecer algumas técnicas de ensino como: estudo do meio, jardim
multifuncional, roteiro de estudos e experimentos referentes à temática agroambiental e
dinâmicas de grupo – técnicas oferecidas para a elaboração do projeto de Educação
Ambiental. Os cursos de capacitação ambiental finalizaram em 2001, com o
65
envolvimento de 100 especialistas e 70 coordenadores pedagógicos na produção
coletiva de material de apoio pedagógico. (HAMMES e FERRAZ, 2002)
A segunda fase de implantação do Projeto de Educação Ambiental teve a
coordenação da pesquisadora Dra. Valéria Sucena Hammes, no ano de 2002, com o
foco no projeto de “Capacitação de educadores ambientais nas unidades da Embrapa
pelo método ver, julgar e agir e educação ambiental integrada dos seis elementos.”
Nesta, foi revista e reestruturada a metodologia, inseridos conceitos como “sociedade
sustentável”, “técnicas inovadoras de diagnóstico, avaliação de impacto e gestão
ambiental ao método da Igreja Católica Ver-Julgar-Agir incrementado ainda pelo verbo
‘Celebrar.’ [...] voltado para o ser humano e não para o meio ambiente, atendendo a
demanda de processos de Macroeducação – Sociedade Sustentável.” (EMBRAPA,
2009).
A estrutura metodológica de educação ambiental proposta pela Embrapa
Meio Ambiente é um processo educacional voltado ao ser humano e não ao
meio ambiente, visando a instrumentalizar o educador ambiental e o público
dos projetos de educação ambiental a desenvolver a percepção ambiental
(Hammes, 2004, p. 64).
A estrutura dessa metodologia socioconstrutivista propõe a ”práxis”
transformadora de melhoria da percepção ambiental e estabelecimento de
uma visão crítica da realidade local. A proposição de VER-JULGAR-AGIR
está associada aos termos técnicos de diagnóstico, análise de impacto e
gestão ambiental. [...] Essa seqüência orienta o raciocínio lógico de primeiro
identificar os atributos existentes que determinam a situação atual e suas
potencialidades (ver), avaliar os processos de melhoria ou degradação
ambiental, associados aos atributos identificados anteriormente (julgar) e
estimular o estabelecimento de atitudes proativas, coerentes com o
desenvolvimento sustentável (agir) (HAMMES e FERRAZ, 2002, p. 9).
A metodologia da Embrapa Meio Ambiente sintetizava a idéia de que a escola
tinha uma educação humanista e uma prática pedagógica voltada para a práxis
transformadora.
O que a Embrapa oferecia na metodologia do ver-julgar-agir, entretanto, não era
novo. Era uma adequação de idéias e práticas que, no Brasil, tem sido presentes ao
menos desde os movimentos católicos da década de 1960 e nos conceitos de Paulo
Freire sobre Educação. A metodologia do ver-julgar-agir surgiu dentro de um contexto
histórico no qual os movimentos sociais tinham um papel importante na luta política
pela liberdade e democracia em todo o mundo. No Brasil o padre Henrique de Lima Vaz
foi um de seus precursores, integrante que era dos setores progressistas da Igreja
Católica, seguido por Frei Betto e Paulo Freire, referências que não são explícitas na
66
metodologia sugerida pela Embrapa Meio Ambiente, com exceção de Paulo Freire, que
é citado dentro da proposta sócio-construtivista.
Houve uma primeira capacitação da ATP de Geografia da Diretoria de Ensino,
para a sensibilização dos Professores Coordenadores para adesão ao Programa. Na fase
seguinte, os Professores Coordenadores atuariam como educadores multiplicadores da
metodologia de percepção e gestão ambiental no diversos setores: público, privado,
sociedade civil e comunidades inseridas, inclusive capacitando multiplicadores dentro
da própria escola.
Os objetivos do Projeto de Educação Ambiental da Embrapa nas escolas seriam:
conhecer o ambiente próximo, inserir a questão agrícola nos estudos ambientais,
priorizar ações dentro do tema gerador, estimular o aprendizado cooperativo com ações
coletivas e parcerias de acordo com a competência social das instituições, auxiliarem na
interdisciplinaridade do tema transversal Meio Ambiente nas escolas e utilizando-se de
uma proposta dialógica e socio-construtivista. (EMBRAPA, 2008b).
O Projeto Revivavida, quando foi elaborado no ano de 2004, seguiu as
orientações da proposta da Embrapa, utilizando-se de uma metodologia com bases
teóricas da “práxis transformadora do Ver-Julgar-Agir, associada às técnicas de
diagnóstico, avaliação de impacto e gestão ambiental,” conforme proposto por Hammes
e Ferraz (2002 p.2), que privilegiava uma aparente autonomia aos educadores para
desenvolver suas atividades, para que estas fossem elaboradas para que houvesse
continuidade do processo de educação ambiental.
O projeto ainda deveria possuir um tema gerador que priorizaria algumas
temáticas e ações e uma preocupação com as questões agrícolas e análise ambiental;
deveria ocorrer dentro de um planejamento participativo, de forma dialógica entre os
envolvidos (comunidade escolar), com constantes avaliações e com uma clareza no seu
processo de desenvolvimento, ou seja, com início, meio e fim.
Continuando com a análise da elaboração do Projeto pelo prisma da PEAA da
Embrapa, as contribuições do desenvolvimento do projeto para as escolas seriam:
conhecer o ambiente próximo, inserir a questão agrícola nos estudos ambientais,
priorizar ações dentro do tema gerador, estimular o aprendizado cooperativo com ações
coletivas e parcerias de acordo com a competência social das instituições, auxiliar na
67
interdisciplinaridade do tema transversal Meio Ambiente nas escolas, utilizando-se de
uma proposta dialógica2 e construtivista3. (HAMMES e FERRAZ, 2002).
:[...] a avaliação de alguns educadores capacitados, durante o
desenvolvimento dos projetos, a metodologia atribuiu-lhes eficácia ao
promover a conscientização em curto prazo, eficiência pelo seu efeito
multiplicador na rede de ensino (1:1.000) e efetividade na obtenção de
resultados concretos a partir do terceiro mês. Os indicadores de desempenho
para avaliar a efetividade são os aspectos comportamentais, tais como a busca
por sistemas alternativos de produção pelos agricultores e o “esverdeamento
das salas ou escolas”. (HAMMES e FERRAZ, 2002, p.3).
A PEAA propunha ainda que as escolas, no decorrer do projeto, mantivessem
parcerias com a iniciativa privada, associações, cooperativas e ONGs, os chamados
parceiros potenciais, e com os parceiros naturais, que seriam os serviços públicos, tanto
estaduais como municipais. Que proporcionasse “uma mudança na forma de pensar” e
assim alterar o “comportamento dos alunos em relação à limpeza, higiene e saúde,
hábitos alimentares e reduzir o vandalismo”, proporcionando uma melhor “compreensão
do conceito de desenvolvimento sustentável, solidariedade, ética e valores culturais.”
(HAMMES e FERRAZ , 2002,p.3).
Para que houvesse uma ampla divulgação da metodologia e uma efetiva
contribuição para uma sociedade sustentável seria necessário um apoio e orientação da
Política Pública em três aspectos tidos como fundamentais, sendo que um destina-se ao
projeto voltado ao pequeno agricultor, um dos alvos do projeto ambiental da Embrapa:
- Educação ambiental para todos os setores da sociedade.
- Conscientização sobre a necessidade de planejamento do uso e ocupação
dos espaços geográficos (local), de preferência sempre submetidos à
avaliação das entidades ambientalistas regionais, como estratégia de
integração.
- Criação de mecanismos para fixação do pequeno agricultor no campo – com
o fortalecimento da agricultura familiar em contraposição à monocultura
extensiva, o desenvolvimento de tecnologias de baixo custo, que minimizem
o desgaste o esforço do indivíduo na atividade agrícola, aumentem sua
produtividade, mas não dispensem ou substituam sua presença por máquinas,
deixando de ser uma das justificativas para o êxodo rural. (HAMMES e
FERRAZ, 2002, p. 9).
2
Para Hammes e Ferraz (2002), é um processo desenvolvido pela conversação com as pessoas e não
para as pessoas.
3
Para Hammes e Ferraz (2002), o conhecimento é desenvolvido/ “construído” pelo debate com o grupo e
não repassado a ele, já pronto. Cada parte deve ser apreendida pelo grupo, e incorporada a “construção”
do conceito ou conhecimento trabalhado.
68
A Embrapa Meio Ambiente considerou esta metodologia um “instrumento
adequado para auxiliar as instituições competentes num processo de conscientização
mais amplo [...]. Para tanto, faz-se necessário o apoio à capacitação de agentes
multiplicadores e desenvolvimento de projetos de educação ambiental” (HAMMES e
FERRAZ, 2002).
A cartilha Educação Ambiental - Capacitação de agentes multiplicadores e
desenvolvimento de projetos, elaborada por Hammes e Ferraz (2002) segue dando
orientações passo a passo de como elaborar o projeto de educação ambiental na escola
segundo a práxis sócioconstrutivista do ver-julgar-agir, num processo pedagógico
dialógico, baseado em seis pontos básicos: a contextualização local, o planejamento
participativo, o tema gerador, a segurança alimentar, a práxis sócioambiental ver-julgaragir, e a avaliação.
2.4 A Descrição do Projeto e as Etapas de Elaboração
Quando a proposta foi então apresentada primeiramente a mim, como designada
na função de coordenadora pedagógica e participando da capacitação, já com parceria
estabelecida entre a Embrapa e a Diretoria de Ensino de Mogi Mirim, encantei-me com
a idéia de um projeto que tivesse como objetivo principal o estímulo a uma visão crítica
do mundo, iniciando pelo “seu meio ambiente”, seu entorno, sua casa, sua escola, seu
bairro, sua comunidade. Prontamente levei a proposta para a direção e para o os
professores em horário de trabalho pedagógico coletivo (HTPC).
A direção sempre foi incentivadora do projeto e procurou atender de imediato as
solicitações feitas para a realização das ações, participando ativamente de várias delas.
Quanto aos professores, houve um pouco mais de resistência. Em HTPCs foi explicado
que teríamos de participar de qualquer forma, pois se tratava de uma parceria com a
Diretoria de Ensino e todas as escolas deveriam apresentar um projeto. Sendo assim, por
que não realizarmos um projeto que realmente beneficiasse a comunidade escolar, e não
fosse somente mais um, em meio a centenas de concursos e projetos?
A construção do projeto não foi tão simples assim, ele exigia uma série de metas
a serem cumpridas nas diversas etapas de realização. Houve uma capacitação de oito
69
horas, coordenada pela Assistente Técnica Pedagógica (ATP) de Geografia, da Diretoria
de Ensino de Mogi Mirim, uma das multiplicadoras. Apesar das apostilas e da cartilha,
muita coisa ficou confusa. A idéia principal de educação ambiental voltada ao ser
humano e não ao meio ambiente, assim como a metodologia sócioconstrutivista, não
ficaram bem definidas durante a capacitação e no decorrer da construção do projeto. A
coleção de livros sobre Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável, que
fundamenta e estrutura a metodologia e pode ajudar na elaboração e definição dos
conceitos só veio a ser conhecida por nós no ano de 2006.
Partindo dos pontos básicos e fundamentais de elaboração do projeto, iniciamos
com a contextualização local, delimitando a área de estudo que envolvia o entorno da
escola, da comunidade e das famílias. Mesmo sendo o foco uma ação local, havia a
preocupação de que os projetos atingissem um alcance maior, como o município por
exemplo. O levantamento de dados, como o número de alunos, de professores, de
funcionários, os bairros do entorno e de abrangência das famílias, o levantamento
sóciocultural e econômico das famílias foram utilizados para a elaboração do Plano de
Gestão e do Projeto Político-Pedagógico (ver anexo I). As informações foram coletadas
por meio de levantamento de dados na secretaria da escola, questionários aplicados aos
pais e alunos em reunião de pais e em sala de aula e a delimitação geográfica foi feita
pelo mapa do município. Os dados tabulados foram aproximados e inseridos no projeto,
não havendo nenhum registro ou documento desta tabulação.
O título Revivavida foi escolhido por retratar a idéia principal do projeto, a de
“repensar, reavaliar e reviver” a vida. Reconhecendo-se como sujeito da sociedade e do
ambiente, ator atuante na escola, com os amigos, com a família, com a comunidade,
com a sociedade, sua relação consigo mesmo, com a natureza e com a sociedade.
A escolha do nome do projeto não foi aleatória, teve na sua etimologia a
proposta do projeto de valorizar a vida do educando. Mostrar-lhes que existem sonhos e
possibilidades na vida que devem ser alcançados e vivenciados.
REVIVER: voltar à vida; renascer. Renovar-se, revigorar-se. Tornar a
manifestar-se; tomar novo impulso. Trazer à lembrança. Pôr novamente em
uso. Re-vi-ver.
VIDA: estado de atividade da substância orgânica comum aos animais e aos
vegetais. Duração dos seres, existência. Tempo que decorre entre o
nascimento e a morte. Maneira de viver. A vida humana. Conjunto de
hábitos, de costumes. Conjunto de condições socialmente necessárias à
preservação do homem. O que constitui a maior afeição de alguém.
Biografia. Animação, entusiasmo, expressão viva e animada. (em
70
composições artísticas e literárias). Animação (em qualquer sentido).
(KURY, 2001, p. 692 e 821).
Revivavida é voltar à vida, renascer, não só em estado orgânico, é renovar-se no
entusiasmo, na animação, é buscar uma expressão viva na sua biografia, é tomar novo
impulso na sua existência, no conjunto de condições necessária ao seu ambiente, é
tomar um novo impulso no tempo que decorre entre o nascimento e a morte.
O eixo temático escolhido para o desenvolvimento do Projeto Revivavida foi
Cidadania e Saúde. Foi em torno deste eixo que foram elaboradas as ações do Projeto,
procurando não perder o foco principal de vista, a humanização e construção de uma
sociedade sustentável, política, social e economicamente.
Segundo Hammes e Ferraz (2002, p.5), o “título resume a proposta e deve estar
coerente com o tema gerador e as técnicas utilizadas.” O termo tema gerador tem
origem na obra de Paulo Freire. Ele assim explica como se constroem tais temas:
É na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos, educadores
e povo, que iremos buscar o conteúdo programático da educação. O momento
deste buscar é o que inaugura o diálogo da educação como prática da
liberdade.[...].Esta investigação implica, necessariamente, uma metodologia
que não pode contradizer a dialogicidade da educação libertadora[...]. O que
se pretende investigar, realmente não são os homens[...]mas o pensamentolinguagem referido à realidade, os níveis de sua percepção desta realidade, a
sua visão do mundo, em que se encontram envolvidos seus ‘temas
geradores’.(FREIRE, 2005, p. 101).
O Tema Gerador Cidadania e Saúde foi priorizado para o desenvolvimento das
ações que norteariam o projeto. A escola deu prioridade para a investigação na
comunidade escolar, “promovendo o respeito ao próximo e ao próprio corpo, com a
melhoria da qualidade de vida e das relações interpessoais.” (PROJETO Revivavida,
2006). Assim como no Projeto Político-Pedagógico, por considerar “o aluno uma
identidade única, dedicando especial atenção à formação cidadã e solidária,
desenvolvendo suas atividades educativas, culturais e sociais.” (E. E. PROFª. DRª.
ALTAIR F. F. POLETTINI, 2008).
A saúde está interrelacionada com a cidadania. Ao manter o ambiente natural e
social sustentável, preserva a qualidade de vida local, que reflete no social e
conseqüentemente na comunidade global. A preocupação com a autoestima do aluno
também foi um dos fatores para a escolha do tema gerador. O aluno precisa se sentir
parte integrante e atuante da sociedade. Ações que favoreçam esta participação são
71
cidadãs, elevam a autoestima e proporcionam uma melhor qualidade de vida, não só
para o educando, mas também para toda a comunidade.
Como o Tema Gerador Cidadania e Saúde propõe uma abertura enorme de
projetos ficou muito difícil utilizar a metodologia sócioconstrutivista do ver-julgar-agir,
em todos os projetos. A metodologia foi utilizada na identificação do problema, na
análise dos processos de melhoria e na construção e realização dos projetos centrais de
cada tema gerador.
Os demais temas gerados e seus projetos estão listados na tabela 1 do Anexo XI,
constando o início e término das atividades. Alguns foram incorporados a rotina da
escola e permanecem como hábito até hoje, como é o caso da coleta seletiva, do Projeto
Água e da Campanha de Combate a Dengue.
Durante o processo de problematização do tema, em que se evidenciavam as
limitações e as estratégias de superação do problema, houve o envolvimento, a
participação e a conscientização dos alunos, mas de forma isolada, em sala de aula e
com alguns professores que se dispuseram a participar mais ativamente do projeto. Com
os problemas identificados, estabeleceram-se os objetivos a serem cumpridos, levandose em consideração a questão ambiental, relacionada à social, numa área de influência,
seja na escola, na comunidade ou no município.
Os registros das reuniões durante a etapa de construção do projeto referem-se as
atas das reuniões de HTPCs, de pais e do planejamento.
Durante as etapas de desenvolvimento do projeto Revivavida foram organizados
grupos de trabalho subsidiados pelos temas geradores proposto pela EMBRAPA Meio
Ambiente, que eram: cidadania e saúde, água e energia, lixo, conservação de recursos
minerais, agricultura e alimentação. Os grupos contavam com a participação de
professores, alunos, funcionários, parceiros naturais e potenciais e a comunidade.
Dentro dos temas geradores foram trabalhados projetos que estavam ligados aos
projetos propostos pela SEE, alguns concursos patrocinados por empresas privadas, que
dizem praticar a responsabilidade social, outros pelo Ministério da Educação como a
Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, e alguns que já eram trabalhados pela
escola.
Contextualizar a escola dentro da sua localidade foi um dos primeiros
diagnósticos necessários para se conhecer as reais necessidades da comunidade escolar.
No papel de pesquisadora e participante, sem me reconhecer neste papel ainda, convidei
alunos e professores a olhar o lugar em que viviam, a se reconhecerem como
72
pertencentes daquela localidade. Muitos trabalhos de reconhecimento e pertencimento
foram realizados pelo bairro, desde a quinta série do Ensino Fundamental até o Ensino
Médio, a idéia de olhar e reconhecer os bairros da comunidade foi permanecendo nos
anos seguintes.
Ainda no diagnóstico preliminar que deu parâmetros para a construção e
contextualização do Projeto Revivavida, a contextualização social e espacial foram
divididos em: localização do espaço geográfico (ver Anexo XVI – Mapa de Entorno da
Escola), histórico da escola e do bairro (ver Anexo XVII – Histórico), o perfil da
comunidade, com a avaliação diagnóstica da escola na gestão de recursos educacionais,
gestão participativa, gestão pedagógica, gestão de pessoas, gestão de serviços de apoio,
recursos físicos e financeiros (ver Anexo XVIII – Perfil da Comunidade). Estes itens
anexados foram apresentados no caderno local do Projeto Revivavida do ano de 2006,
mas estiveram de forma mais simplificada nos anos de 2004 e 2005.
Como apresentado no Mapa do entorno da escola (Ver Anexo XVI), a localidade
envolve a microbacia do Córrego Lavapés, cuja nascente se localiza no bairro onde a
escola está localizada. Atividades e ações como plantio de mudas e conscientização da
preservação da nascente foram trabalhadas no Projeto Revivavida. A justificativa
apresentada pelos idealizadores do Programa Meio Ambiente e a Escola foi a seguinte:
“Não que seja necessário envolver toda a área, mas à medida que os estudos avançam e
se tornam mais abrangentes, se reconhece a área limite de intervenção ambiental
(territorialidade). A perspectiva de estudo da bacia ou microbacia hidrográfica, auxilia o
aprimoramento gradativo de conhecimento da área, de modo que os estudos avancem e
se tornem cada vez mais abrangentes” (HAMMES e FERRAZ, 2002, p. 8).
O reconhecimento da nascente do Córrego do Lavapés, como mantenedora da
qualidade da água na microbacia do Lavapés, levou os alunos da turma do 3º Ano do
Ensino Médio do ano de 2004 a realizar um trabalho sobre a qualidade da água no Lago
Lavapés.
As questões agrícolas foram trabalhadas dentro do Projeto Revivavida, através
de debates sobre transgênicos para turmas do Ensino Médio no ano de 2004, palestras
com nutricionistas sobre alimentação saudável e adequada, questionamentos sobre a
merenda escolar e a adequação dos produtos vendidos na cantina escolar, buscando
diminuir a oferta de alimentos mais calóricos, como frituras e refrigerantes.
No entanto tal tema poderia ter sido mais bem explorado e aprofundado, visto
que a orientação da Embrapa Meio Ambiente propunha discussões sociais e culturais a
73
respeito do trabalho do homem no campo; a valorização do cardápio cultural formado
por alimentos da região; assuntos ecológicos sobre o uso e conservação da terra para o
plantio; paisagística, relação do homem com a natureza no aumento do seu potencial
turístico.
Na construção deste item não se levou em consideração muitos dos atores que
faziam parte do projeto, apresentando aqui uma falha no reconhecimento dos saberes
populares. Muitos dos alunos e seus familiares moram na zona rural da cidade,
trabalham ou possuem sítios e fazendas e o trabalho no campo destes alunos não foi
valorizado enquanto conhecimento, reduzindo a questão agrícola ao consumo e a
alimentação. Teria sido muito mais rico este item se tais saberes tivessem sido incluídos
nas ações.
Aqui podemos dizer que não houve uma ação-reflexão-ação, mas uma
transmissão de conhecimentos e saberes instituídos cientificamente, transmitido por um
especialista, no caso a nutricionista. A interação, neste caso, se restringiu ao discurso.
Segundo Hammes (2004b, p.65), a práxis socioambiental do ver-julgar-agir
“associada ao diagnóstico, à avaliação de impacto e à gestão ambiental, instrumentaliza
o desenvolvimento da percepção ambiental, processo cognitivo de apreensão de uma
informação ou estímulo”.
O diálogo deve ser o fio condutor para o desenvolvimento das ações do verjulgar-agir. Quando os atores sociais da comunidade estão trabalhando nas mesmas
idéias possuem um mesmo objetivo e passam a desenvolver uma percepção
socioambiental mais crítica, fortalecendo a participação, numa ação que leva à reflexão.
Eles passam a querer compreender e interpretar as causas do problema socioambiental,
despertando posicionamentos diante do fato, o que os leva à ação. Chega-se ao agir, o
que eles, como cidadãos pertencentes a uma comunidade, como atores sociais, podem
fazer para melhorar o ambiente local e global, já que somos cidadãos planetários.
Quais foram os problemas encontrados que desconstruíram as ações do
Revivavida?
Durante a construção do Projeto Revivavida, o diálogo se entrelaçava a esta
prática. Era necessário que os atores sociais da comunidade estivessem conversando a
respeitos das ações e projetos que deveriam ser mantidos, mas a práxis do ver-julgaragir nem sempre era o método escolhido.
Atreladas ao problema decorrente da grande quantidade de projetos, foram
surgindo várias outras dificuldades, como a falta de disponibilidade para acompanhar,
74
analisar, avaliar e refletir sobre as atividades dos projetos, a escolha de um projeto
prioritário, a imposição de projetos, a fragmentação do projeto em disciplinas e,
principalmente, a falta de um diálogo maior com a comunidade. Tudo isto foi levando
alguns projetos a serem finalizados ou tratados como ações pontuais, não criando uma
identidade de pertença por parte da comunidade escolar, impossibilitando sua
continuidade.
A captação de recursos financeiros e o estabelecimento de parcerias também
eram propostas do Programa Meio Ambiente e a Escola.
Para a operacionalização das ações do Projeto Revivavida, buscou-se parceiros,
tanto das instituições públicas como das privadas e da sociedade civil organizadas
(ONGs) ou não (voluntariado), que colaboravam como apoio técnico gratuito e custeio
de materiais. As parcerias eram classificadas pelo Programa Meio Ambiente e a Escola
como parceiros naturais e potenciais.
Os parceiros naturais estavam relacionados por sua competência social, seja ela
na área social ou ambiental, como órgãos governamentais, não governamentais e o setor
privado utilizando-se do conceito de responsabilidade social e empresa cidadã. No
contexto municipal, estadual e federal, por exemplo, temos as Secretarias Municipais de
Saúde, Meio Ambiente, Educação e outras, que auxiliam no contexto socioambiental
com a disponibilidade de recursos materiais, custeios ou de apoio técnico.
Os chamados “parceiros potenciais são as instituições públicas, privadas e
sociedade civil situadas no mesmo espaço geográfico, onde compartilham o mesmo
meio ambiente – município e microbacia hidrográfica e comunidade – e a coresponsabilidade social sobre ele” (HAMMES, 2004b, p. 83). Exemplos destes
parceiros potenciais seriam: o Posto Municipal de Saúde, o Serviço Autônomo de Água
e Esgoto (SAAE), a Associação de Moradores do bairro Maria Beatriz (ACOJAMBA).
A quantidade de parceiros que fizeram parte das ações do Projeto Revivavida
durante os quatro anos de atividade é extensa. Foram envolvidas desde empresas do
entorno da escola (a escola localiza-se próxima ao distrito industrial do município),
como instituições de outros municípios, como a Faculdade Uniararas, do município de
Araras. Estes participaram do Projeto Revivavida com custeios de materiais e com
apoio técnico de especialistas que participavam como palestrantes nas atividades. Em
algumas situações a parceria se compunha em forma de troca: os parceiros auxiliavam
com custeios e materiais e a escola com ações, como, por exemplo, o coral e o grupo de
75
dança que eram convidados para se apresentar nas empresas. Alguns alunos chegaram a
apresentar palestra sobre Meio Ambiente em empresa parceira. (Anexo XIX).
As parcerias não se limitavam a empresas e universidades. A sociedade civil
organizada representada pela Acojamba e a comunidade local, pais de alunos,
moradores do bairro, profissionais liberais, também participavam. Na maioria das vezes
como voluntários, reforçando a idéia de pertencimento e da importância da escola
dentro do bairro.
Outro aspecto importante a relatar é que a proposta originária da Embrapa
pressupunha a constante avaliação dos projetos estimulados por ela. A avaliação,
segundo Hammes (2004b, p.84), “atribui objetividade e continuidade aos projetos de
educação ambiental. Provoca a reflexão na busca de foco – conscientização ambiental e
ajuste de ações.” Ela deve ser uma rotina em todo o projeto, mas é a mais esquecida. As
reflexões permanecem no campo do discurso, ficando somente para o término do
projeto as conclusões registradas. O registro das ações favorece a sua avaliação,
reflexão e ação, fator primordial para desenvolver a visão critica do educador e do
educando.
Como se tratava de um concurso, o registro e a avaliação determinaram o
cumprimento das etapas e metas de realização do projeto. Os indicadores estavam
definidos em eficácia, eficiência e efetividade. A eficácia está associada à exatidão no
cumprimento de metas. A eficiência está relacionada à capacidade de realização, tempo
de resposta e abrangência, e a efetividade é determinada pelas mudanças de hábitos e
inovações que contribuam para a melhoria da qualidade de vida. (HAMMES, 2004b,
p.86)
O que chama a atenção é que embora fosse uma proposta de metodologia sócioconstrutivista, os dados referentes à eficiência e eficácia deveriam ser registrados de
forma quantitativa. Para a divulgação do Programa Meio Ambiente e a Escola,
calculava-se o número de participantes diretos e os envolvidos por meio da abrangência
das metas.
76
O caderno local, que era a forma de registro das atividades, deveria conter o
relatório, o número de participantes, o número de abrangência, fotos, desenhos, e
divulgação na mídia em forma de reportagens ou entrevistas (também chamada de
celebração ou estratégia de marketing)4 que comprovassem a eficácia, a eficiência e a
efetividade do projeto. Durante os três anos de realização e participação da escola Altair
Poletinni no Programa Meio Ambiente e a Escola, com o Projeto Revivavida, houve
algum tipo de monitoramento e acompanhamento por parte da Embrapa Meio
Ambiente, que avaliava e premiava as escolas pelo relatório do caderno local. O
caderno local foi um dos fatores determinantes na premiação da Escola Altair Polettini,
nos concursos de 2004, 2005 e 2006, pelo detalhamento do seu relatório, e pela
comprovação por meio de fotos e reportagens de jornal (Anexos XX, XXI, XXII) com
os indicadores de desempenho e pela forma sistematizada dos registros.
2.5 As Ações Socioambientais Desenvolvidas no Revivavida
Uma das formas mais apropriadas para se trabalhar a questão socioambiental são
os projetos educacionais transdisciplinares, que abrangem as diferentes áreas do
conhecimento, interligando os saberes, além de propiciarem o diálogo, o sócioconstrutivismo e a autonomia no processo educativo, critérios fundamentais para uma
práxis transformadora.
Para apresentar os projetos do Revivavida de forma que caracterizasse a inter e a
transdisciplinaridade elaborou-se os gráficos abaixo, para melhor ilustrar a interligação
entre os projetos.
O gráfico 1 representa os temas geradores, dos quais vão fazer parte diversos
projetos, que estão interligados ao Eixo Temático Cidadania e Saúde
4
A estratégia de marketing, é utilizada para divulgar os resultados de desempenho e mobilizar o maior
número de pessoas. Como o método Ver-Julgar-Agir, foi proposto pela igreja católica o termo Celebração
foi utilizado por um padre para “chamar” a sociedade para tomar conhecimento sobre os resultados dos
projetos,convidando para participarem desse processo, para que fosse um programa contínuo
(Hammes,2004, p. 74).
77
GRÁFICO 1 – Eixo Temático: Cidadania e Saúde
Fonte: Schiavon, 2009
Nos gráficos 1 a 6, que estão divididos por temas geradores para facilitar a
explanação e não por serem independentes são citados alguns dos projetos que foram
mais significativos para a comunidade escolar. Muitos projetos que já eram realizados
pela escola, por exemplo, a Escola Limpa e as Datas Comemorativas, foram
incorporados ao Projeto Reviviavida, por se entender que condiziam com a proposta de
reconhecimento e pertencimento ao meio ambiente local.
GRÁFICO 2 – Tema Gerador: Cidadania e Saúde
Fonte:Schiavon,2009
78
O tema gerador cidadania e saúde foi o que abarcou mais projetos devido à
dimensão dos conceitos de cidadania e saúde. Na seqüência passo a relatar e a descrever
as atividades e ações propostas deste tema gerador.
As datas comemorativas como o Dia das Mães, a Festa Junina, o Dia dos Pais, o
Dia das Crianças, dos Professores e o Natal, sempre foram lembradas no calendário
escolar. Foram realizados eventos com apresentações artísticas e culturais. Como
sempre se tinha um tema que estava sendo trabalhado no momento, como a água ou a
saúde, procurava-se sempre inserir uma atividade cultural sobre o tema nas
apresentações. O coral apresentava músicas relacionadas à água ou cantigas populares,
no caso do dia das Mães. O grupo de dança seguia a mesma temática. Tanto o coral e o
grupo de dança estavam sendo constantemente convidados para se apresentarem em
eventos em empresas parceiras e festas do município.
O coral e o grupo de dança eram ensaiados pelos professores da escola, às
vezes no período de aulas, às vezes no horário de HTPC, e até mesmo aos finais de
semana ou em horário diferente da jornada do professor e do aluno. Percebe-se que o
sentimento de pertença e valorização da atividade estimulava professores e alunos a
driblarem os problemas enfrentados. O que acabou desmotivando alunos e professoras
foram às dificuldades para a locomoção para os espaços de apresentação fora da escola.
Os custos ficavam a cargo dos alunos, já que a escola nem sempre tinha como pagar
para o grupo todo.
A comunidade também se sentia pertencente à escola. Ela sempre foi convidada
a participar das atividades pedagógicas e festivas e comparecia sempre opinando e
dialogando com a direção e com os professores. Os pais e a comunidade eram presentes
e quando não estavam concordando com algo, manifestavam seu descontentamento.
Segundo Gadotti (2004B), o aprendizado também se dá no conflito, que acaba se
tornando diálogo e ação, gerando transformação.
Acha-se pertinente fazer um comentário em relação a duas datas comemoradas
na escola e que são muito significativas para os alunos e para a comunidade, no qual
fica muito claro o sentimento de pertencimento, envolvimento e amor à escola. A festa
junina e o desfile cívico e militar de sete de setembro.
A festa junina já é tradição no bairro e agora está passando a ser do município.
Recebe-se na escola em torno de duas mil pessoas. Ela acontece sempre na primeira
quinzena de junho, mas seus preparativos começam a ser realizadas no início de maio.
Envolve toda a comunidade escolar, os bairros do entorno, pais alunos, parceiros do
79
bairro e do município, empresas e comerciantes. O envolvimento da comunidade e
parceiros vai desde a arrecadação de prendas até os preparativos para a festa e a
participação na festa, ajudando nas barracas, na organização e até mesmo zelando pelo
patrimônio escolar e a segurança.
Por mais que se saiba que a renda arrecadada deveria vir do poder público, já
que ela é revertida para a melhoria estrutural do prédio e a compra de materiais para os
alunos, e poucas vezes para o enriquecimento cultural do aluno, o envolvimento que a
comunidade tem com a escola faz com que ela esteja sempre presente nas atividades. A
escola é motivo de orgulho para os alunos e para a comunidade. É este sentimento de
amor, respeito e orgulho que motiva também as participações no desfile de sete de
setembro no município. A cada ano aumenta o número de alunos que querem desfilar.
Ao ser questionada sobre seu dia a dia na escola, a aluna V, de 15 anos, hoje no
1º Ensino Médio e aluna da escola desde a 5ª série do Ensino Fundamental, escreveu: “
É bom, pois aqui é como uma ‘família’, onde um aprende com o outro, aprendemos e
essa rotina é boa”.
A solidariedade sempre foi um tema trabalhado. Mas na maioria das vezes
acontecia de forma assistencialista, como campanhas de arrecadação de mantimentos,
agasalhos e produtos de higiene. Quando os alunos iam visitar as entidades assistenciais
para fazer a doação do que havia sido arrecadado, despertava a reflexão sobre questões
de desigualdade social, abandono e um sentimento de solidariedade humana e sempre
voltavam se questionando: “como uma criança ou um velhinho poderia ser esquecido
daquela forma pela sua família?” Essa preocupação com o outro, o olhar para além do
seu ambiente, reconhecer que existem diferenças, levava os alunos à ação-reflexãoação. Um ato a principio espontâneo (doação) gerava uma reflexão (desigualdade
social) e se transformava em nova ação, agora consciente, pois não bastava mais visitar
e doar, os alunos sentiam a necessidade de levar conforto e alegria às entidades como
voluntários. A sociedade civil estava fazendo novamente o papel do Estado, que não
garante a necessidade dos menos favorecidos. Algumas alunas, que no ano de 2008
cursavam o 3º ano do Ensino Médio, montaram um grupo de animação e visitas a
hospitais, orfanatos e asilos, com o título “É Engraçado ser Séria”, e escreveram em seu
Orkut:
“Trabalhar com crianças e idosos, é sempre um brinde à nossa aprendizagem, é a
melhor compreensão do mundo”.
80
A Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente é um dos projetos que teve
melhor aceitação dos alunos. Dos 11 alunos que responderam o questionário cem por
cento dos alunos classificou-o como muito bom. E nas conversas informais eles sempre
colocam como gostaram de participar das Conferências. Foram realizadas três
Conferências durante o Projeto Revivavida, nos anos de 2003, 2005 e 2006. A I
Conferência seguiu as propostas e orientações sugeridas pelo Ministério de Educação e
Cultura (MEC) que propunham alguns temas voltado para as questões de “Como
Vamos Cuidar do Brasil” (Ver programação Anexo XXIII). A metodologia era a mesma
proposta pela Embrapa Meio Ambiente: Ver – reconhecer o meio em que vivo, Julgar –
perceber por que isto acontece e Agir - o que podemos fazer como cidadãos que
compartilham este ambiente, para melhorar o problema. Na I Conferência, precisar-se-ia
indicar o nome de um aluno para participar da Conferência Nacional em Brasília e um
aluno da 8ª série foi indicado pelos colegas em votação realizada durante o plenário.
Várias mudanças para melhorar a Conferência foram sendo realizadas a cada
ano, mas a estrutura de organização do evento foi praticamente a mesma durante as três
Conferências.
No primeiro ano, infelizmente a escola participou com 40 alunos escolhidos
pelos professores. Mas logo ao final da Conferência, percebeu-se que a participação
deveria ser estendida para toda a escola e que meio período era insuficiente. Na II
Conferência passou-se a realizá-la em dois dias num período de oito horas cada dia.
Mas começaram a surgir problemas de transporte e alunos que trabalhavam. Os temas,
palestras e palestrantes estão relatados no Anexo XXIV. A III Conferência aconteceu no
período de aulas dos alunos, mas permaneceram os dois dias. (ver Anexo XXV –
Relatório da III Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente).
A escolha dos temas da Conferência acontecia alguns meses antes e logo em
seguida eram feitas as inscrições dos alunos. Os professores davam orientações sobre os
temas em sala, sendo que cada professor escolhia o tema que tinha mais afinidades para
desenvolver.
A abertura da Conferência acontecia com a execução do Hino Nacional, a
apresentação dos palestrantes que pertenciam à comunidade ou eram das empresas
parceiras, do município ou não, as boas vindas dadas pela direção e uma apresentação
de dança. Após a abertura os alunos seguiam para as salas para participarem das
palestras, depois tomavam café e retomavam a sala para dialogarem sobre o tema. A
proposta era enxergar o problema na comunidade ou na sociedade, identificar onde e o
81
porquê ocorria o problema e propor soluções que pudessem ser realizadas na escola,
comunidade ou no município. Deveriam ainda preparar uma apresentação do tema em
plenário para os demais participantes.
O término era sempre uma confraternização festiva, com apresentações de
danças, músicas e até mesmo de banda de pop rock formada pelos alunos da escola.
No ano de 2005, preparou-se uma mostra cultural com as atividades realizadas
antes, durante e após a Conferência sobre o Meio Ambiente, que foi visitada por toda a
comunidade escolar, inclusive oferecendo serviços, tais como: embelezamento (corte de
cabelo); atividades de interação lúdico-pedagógica, brincadeiras e leitura; saúde,
medindo a pressão e o índice de massa corpórea (IMC); social, com a inscrição do
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) em parceria com os Correios; orientações para o
mercado de trabalho; e o estímulo à sensibilidade em uma sala interativa onde se andava
de olhos vendados e os pés descalços. Em outra sala a comunidade era retratada em
fotos, as quais também registravam serviços prestados no bairro e onde os moradores
podiam manifestar o descontentamento em alguns dos serviços públicos que eram
prestados.
A elaboração das atividades para a Mostra Cultural retratou a práxis no sentido
transformador,
possibilitou
a
interação
professor-aluno,
aluno-aluno,
escola-
comunidade, comunidade-sociedade e sociedade-cidadania planetária.
Foi uma atividade local, que discutiu os problemas globais, como desigualdade
social, mercado de trabalho, natureza, qualidade de vida, exclusão, diversidade,
sexualidade e aumento populacional, solidariedade, voluntariado, enfim, o meio
ambiente, a globalização e a sociedade planetária, com cultura, tradição e arte.
82
GRÁFICO 3 - Tema Gerador: Água e Energia
Fonte: Schiavon, 2009
FIGURA 1 - Desenho de aluno – Tema Água
Fonte: Projeto Revivavida, 2004
O tema água e energia foram utilizados com mais freqüência nos primeiros anos
do Projeto Revivavida, anos 2004 e 2005, quando se utilizou Projeto da SEE – Água
Hoje e Sempre para a construção da Agenda 21 da Escola, que eram as ações do Projeto
Revivavida. Foram realizadas campanhas na escola e na comunidade para o uso racional
83
da água através de acrósticos, jogos educativos, desenhos, música e dança, que foram
apresentados no I Encontro Municipal da Bacia Hidrográfica do Rio Mogi Guaçu, na
cidade de Mogi Guaçu, no ano de 2004, inclusive com a apresentação do coral da
escola.
Gráfico 4 – Tema Gerador: Lixo
Fonte: Schiavon, 2009
A preocupação com os resíduos sólidos, também geraram ações que se
fortaleceram e tornou-se hábito, como a coleta seletiva. Em parceria com a Cooperativa
de Catadores (Coopervida), que auxiliou na sensibilização da importância de se separar
o lixo com palestras, visitas e entrevistas, estabelecendo uma parceria que permanece
até hoje. A escola separava o lixo sólido do lixo orgânico e repassava para a
Cooperativa que fazia a triagem e encaminhamento dos resíduos gerando renda para os
catadores. O lixo da escola não era cem por cento separado, mas boa parte dele era
encaminhado para a cooperativa.
Questionada sobre se alguns dos Projetos do Revivavida foram compartilhados
em casa, no trabalho e na comunidade, a aluna J de 16 anos, do 2º ano do Ensino Médio
respondeu: “ Reciclar o lixo. Eu compartilhei muito com minha família”.
84
FIGURA 2 - Desenho do Jogo – Tema Lixo – Desperdício –elaborado por aluno
Fonte: Projeto Revivavida, 2004
GRÁFICO 5 - Tema Gerador: Agricultura e Alimentação
Fonte: Schiavon, 2009
Como já apresentado, o tema Agricultura e Alimentação foi muito pouco
explorado no Projeto Revivavida, limitando-se a atividades em sala de aula, ligados à
qualidade de vida e alimentação saudável. Basicamente, foram realizados em salas de
aula do Ensino Médio debates sobre os transgênicos.
A adequação da cantina escolar acatou as exigências da SEE quanto à venda de
alimentos mais saudáveis.
Mesmo não sendo um tema que foi bem explorado pelo Projeto Revivavida não
passou despercebido pelos alunos, principalmente em relação à merenda escolar.
Quando os alunos e os pais foram questionados pela Prefeitura Municipal, responsável
pela merenda escolar, a respeito da qualidade da mesma, expressaram suas
preocupações com o cardápio pouco nutritivo. Com a terceirização do serviço pela
Prefeitura, entretanto, passou a ser incorporado ao cardápio frutas e verduras, o que
agradou ao paladar dos alunos.
85
O mérito pela mudança do cardápio não foi somente da escola Altair Polettini,
mas esta ficou satisfeita com a percepção dos alunos em ter uma alimentação
balanceada, já que para alguns a merenda escolar ainda é a refeição principal do dia.
GRÁFICO 6 – Tema Gerador: Recursos Naturais
Fonte: Schiavon, 2009
Os recursos naturais foram trabalhados de forma pontual, ou na Conferência,
com o levantamento das áreas verdes e degradas, ou em parcerias com o Departamento
de Meio Ambiente da Prefeitura. Geralmente os plantios de árvores aconteciam em
datas comemorativas, como o Dia do Meio Ambiente ou o Dia da Árvore.
Foi realizado plantio de árvores na escola e na nascente do Córrego do Lavapés,
este em parceria com a Prefeitura, mas em nenhum dos dois casos houve a preocupação
em orientar os alunos para continuarem cuidando das árvores plantadas, deixando de ser
esta uma ação transformadora.
Talvez tenha havido a ingenuidade de achar que, se fosse plantada, alguém
cuidaria, mas não houve percepção de que esse alguém deveria ser o próprio aluno, que
neste momento não se reconheceu pertencente a um espaço comum a todos, a escola e o
bairro. Faltou talvez o ver – que o impediu de julgar - porque faltavam árvores na escola
e na nascente do córrego, e porque a nascente havia se transformado em lixão. Não
houve uma reflexão, o aluno não agiu no sentido pleno do termo e ninguém zelou pelo
86
cuidado para com as árvores que acabaram morrendo na escola e virando comida para
os cavalos que pastavam na região da nascente do córrego.
Percebe-se, dentro da análise da Ecopedagogia e da Pedagogia Libertadora,
porque algumas atividades do Projeto Revivavida deram certo e outras não. E mesmo
porque, com o tempo, o Projeto Revivavida foi perdendo seu alcance.
Em muitas das ações não ocorreu o diálogo, já que cada vez mais elas eram
impostas, ou pela SEE, ou pela Diretoria de Ensino, Direção e Professores, não se
construindo identidade com o Projeto. Foi se perdendo o sentido de autonomia. A
competitividade própria da sociedade capitalista ainda influencia em muito as práticas
pedagógicas, como gincanas ambientais e concursos para premiar os melhores
trabalhos. Até mesmo o objetivo do Revivavida de vencer os concursos da Embrapa tem
algo deste espírito de concorrência. Tudo isto acaba indo na contramão do que propõe a
ecopedagogia e a pedagogia libertadora. Desta forma não se reconhece a diversidade
dentro da unidade, deixando de reconhecer o ensinamento e a aprendizagem do outro,
que a educação é uma troca de saberes. Valoriza-se um saber em detrimento de outro,
sendo que para alcançar a práxis transformadora, a planetaridade e a sustentabilidade
tem-se que conhecer e reconhecer o outro, antes ou em vez de competir com ele.
Conhecer é uma experiência cultural e biológica, inseparavelmente. Uma
atividade criadora, com inalienável dimensão de subjetividade.
Humanamente, o conhecer implica um mínimo, ao menos, de atividade
interpretativa que descobre e atribui sentido aos dados, aos fatos, á natureza e
à história. (ANTÔNIO, 2009, p. 43).
Com tudo, o marketing realizado em jornais e entrevistas deve ser utilizado pela
escola como um veículo utilizado pela equipe gestora em divulgar o funcionamento e
andamento da escola, como forma de prestação de contas para a sociedade do bem que é
a escola pública, rumo a uma educação de qualidade, como as vitórias e premiações que
foram alcançadas com o Projeto Revivavida.
Ao tentar-se buscar um significado mais humanitário para a educação, estreitamse os laços com os alunos e entre os professores, pois a cooperação e o diálogo são
necessários para a realização das atividades, de modo que a unidade superou a
individualidade, favorecendo uma educação que em meio à fragmentação, pode
transcender com seus projetos atingindo o comunitário e o social.
87
2.6 O Projeto Revivavida Analisado Enquanto Movimento Social
Compreendido o conceito de movimento social apresentado por Maria da Glória
Gohn, citado no primeiro capítulo, agora tentar-se-á compreender o alcance histórico do
Projeto Revivavida e os conceitos de movimento social aplicados a ele, avaliando assim
a sua práxis, suas conquistas e suas derrotas, enquanto movimento libertador e
transformador.
Sabemos que uma análise não se faz sem o uso de categorias e estas, além de
serem históricas – datadas no tempo e no espaço -, também variam segundo
os diferentes paradigmas. [...] Ao falarmos sobre um paradigma teórico de
análise sobre os movimentos sobre os movimentos sociais na América Latina
observamos que, a despeito de não se terem formulado teorias consistentes,
foram criadas algumas categorias analíticas em função do tipo de movimento
social predominante: os de caráter popular. (GOHN, 1997, p.263).
Dentre as categorias apresentadas por Gohn (1997, p.263), a primeira categoria é
a qual o Projeto Revivavida se encaixa – “Os movimentos construídos a partir da
instituição que apóia ou abriga seus demandatários”. A instituição, justamente, era a
Escola Estadual Profª. Drª. Altair F. F. Polettini.
Analisar-se-á se o Projeto Revivavida possui uma proposta metodológica no
conjunto das suas articulações, que contemple os elementos básicos e as fases de
construção para ser classificado como movimento social.
Primeira fase: Situação de carência ou idéias e conjunto de metas e valores a se
atingir. (ibid, p. 266). Pode-se considerar que a meta e os valores a serem atingidos
pelo Projeto Revivavida se referem a uma educação libertadora, emancipadora e de
qualidade para o ensino público.
Segunda fase: Formulação das demandas por um pequeno número de pessoas
(lideranças e assessorias) - A Construção do Projeto Revivavida partiu da
coordenação/direção como lideranças, que foi assessorada pelas instituições apoiadoras
(Embrapa Meio Ambiente e a Diretoria de Ensino de Mogi Mirim), representada pela
Oficina Pedagógica na atuação da ATP de Geografia.
Terceira fase: Aglutinação de pessoas (futuras bases do movimento) em torno
das demandas. - A partir da sensibilização feita pelas lideranças e assessoria aos
professores e alunos em torno da idéia-chave, que era a construção de um Projeto
sócioambiental que valorizasse uma educação libertadora, emancipadora e uma
88
educação de qualidade, conseguiu-se transformar a demanda em reivindicações,
construídas a partir das experiências vividas em sala de aula e na percepção da leitura de
mundo dos professores e alunos.
Esta transformação das demandas em reivindicações, já constitui a quarta fase
do movimento.
A quinta fase: Organização elementar do movimento se deu informalmente, já
que não havia cargos eleitos como presidente ou vice. A coordenação/direção tinha a
função de mediadora do planejamento participativo das ações e estratégias.
Durante a sexta fase, formulação de estratégias, elaborou-se atividades que
pudessem atingir o objetivo proposto. As atividades eram propostas em salas de aulas,
HTPCs, reuniões pedagógicas e reuniões de pais, e se compunham de ações diretas,
concretizadas nas ações do projeto, e discursivas, com a sensibilização por meio de
conversas e palestras.
A sétima fase é constituída pelas práticas coletivas de assembléias, reuniões, atos
públicos etc. As práticas coletivas envolviam os alunos, professores, comunidade,
parceiros e instituições, eram manifestadas ora em reuniões, ora em assembléia, como
na Conferência, em que as idéias e as práticas eram expostas em plenário para toda a
comunidade opinar e dialogar, ora em atos públicos como o plantio de árvores na
nascente do córrego Lavapés, ou na Campanha de Combate à Dengue, em que os alunos
saiam as ruas para sensibilizar a população em relação aos criadouros do mosquito
Aedes Eghipty.
A oitava fase, o encaminhamento das reivindicações, está ligada ao projeto
sóciopolítico e cultural do movimento, no caso o Projeto Revivavida. O projeto
sociopolítico foi elaborado no movimento e para o movimento, incorporando à sua
prática algumas atividades já existentes e que faziam parte da experiência da escola,
mas que não estavam em concordância com o Projeto socioambiental, que dá identidade
ao Projeto Revivaida. “A identidade é uma somatória de práticas a partir de um
referencial contido nos projetos” (GOHN, 1997, p. 261).
Práticas de difusão (jornais, conferências, representações teatrais etc.) e/ou
execução de certos projetos (estabelecimento de uma comunidade, por exemplo), dão
visibilidade ao movimento e proporcionam a propagação de suas idéias. São as
oportunidades políticas criadas pelos diferentes atores, sejam eles do movimento,
quando parte da escola; do Estado, quando o projeto é reconhecido convidado e
89
premiado pelo poder municipal e estadual, ou pelo mercado privado, no papel das
empresas.
Na décima fase apresentada para a análise do movimento social, tem-se a
negociação dos opositores ou intermediários por meio dos interlocutores. Para Gohn
(1997, p.262), os “opositores de um movimento social são sempre os sujeitos que detém
o poder sobre o bem demandado. Não necessariamente estes opositores são antagônicos
aos movimentos [...]. Trata-se de se opor àqueles sujeitos, no que se refere
exclusivamente ao bem demandado.” Ou seja, ocorre uma descaracterização da
demanda, da meta idealizadora do movimento, assim como ocorreu com o Projeto
Revivavida no ano de 2007, quando as demandas e preocupações do atores sociais do
grupo passaram a ter origem mais externa que interna. A demanda passou a ser os
índices alcançados pela escola no SARESP.
A última fase pela qual passa o movimento social, consolidação e/ou
institucionalização do movimento, de acordo com Gohn (1997), conduziu ao fim do
Projeto Revivavida enquanto movimento social. O movimento, mesmo tendo nascido
dentro de uma instituição, tinha autonomia e liberdade para preparar suas ações. Talvez
tal fato tenha ocorrido por se tratar de uma escola nova (a escola tinha um ano de
fundação quando o Projeto Revivavida passou a atuar), que ainda não tinha incorporado
a rotina institucional nas suas atividades, mas na medida em que a SEE exigia seu
desempenho nas avaliações externas, a escola e seus apoiadores optaram por diminuir as
ações do Projeto Revivavida.
Nesta interpretação das fases de construção de um movimento social, segundo
Gohn (1997), associando-as à história do Projeto Revivavida, parece claro que pode-se
interpretá-lo como um movimento social, que, como tal, teve conquistas e derrotas, que
ora fortaleciam-no ora enfraqueciam-no.
Apropriando-se do subtítulo de Segura (2001, p.89), relatam-se as venturas e
desventuras do Projeto Revivavida, suas conquista e derrotas na minha concepção de
participante e pesquisadora.
Usualmente podemos pensar que as conquistas fortalecem um movimento.
Mas nem sempre isso é verdadeiro, pois, em vários casos, o que ocorre é uma
acomodação após a conquista da reivindicação e um refluxo da organização.
(GOHN, 1997, p. 263) .
O exemplo de Gohn (1997) aplica-se ao que aconteceu com o Projeto
Revivavida. As suas conquistas, premiações, reconhecimento da sociedade levaram os
90
atores a acreditarem que a demanda havia sido alcançada, que já possuíam alunos
transformadores, atores sociais críticos em relação à situação socioambiental, mas que
agora precisavam voltar ao currículo clássico, os conteúdos das disciplinas do saber
escolar atual.
Os sistemas educativos tradicionais privilegiam a dimensão racional como forma
mais importante de conhecimento. (GADOTTI, 2000, p. 42). Com o Revivavida,
tentou-se justamente fazer uma educação apoiada em outras percepções e
conhecimentos, não menos válidos e produtivos. “Aprender é muito mais que
compreender e conceitualizar: é querer, compartilhar, dar sentido, interpretar, expressar
e viver” (GADOTTI, 2000, p.42). No entanto, o cenário sociopolítico e econômico em
que o movimento se desenvolveu prevaleceram sobre a utopia e o idealismo. Mas o
movimento social Projeto Revivavida deixou frutos, atuou na forma de “uma nova
escuta poética da educação” (ANTÔNIO, 2009). Foi feliz nas suas ações, cumpriu sua
proposta de práxis transformadora e de educação emancipadora, ou ao menos
proporcionou situações para que ela acontecesse.
A direção da escola, justamente ao ser indagada sobre a dimensão histórica do
Projeto Revivavida, parece ter contemplado esta interpretação:
Rememorando, vejo como o projeto contribuiu para o sucesso da escola de
uma maneira geral. Todos os assuntos envolvendo a melhoria da
aprendizagem do aluno eram direcionados para o coletivo. Estamos lutando
para chegar ao ideal do trabalho coletivo.
As situações imprevisíveis aparecem em nosso cotidiano, pois muitas vezes
os desafios individuais se misturam aos institucionais e as dificuldades vão
surgindo cada vez mais, e geralmente, nós gestores acabamos, de uma
maneira imediatista e improvisada “resolvendo” todos eles de uma maneira
artificial. Feita essa observação, vejo o quanto o projeto contribuiu para
minha vivência profissional, pois planejar e avaliar acabam sendo os fios
condutores de deslocamento da centralização para as maneiras mais flexíveis
de gestão, nas quais se valorizam a participação da sociedade no projeto
REVIVAVIDA da escola, buscando uma visão mais ética na formação da
cidadania. Isso vai a cada dia fazendo com que ocorra o repensar o
planejamento escolar de maneira a elaborá-lo focalizando o aluno como
prioridade, buscando a mudança das práticas em nosso cotidiano. É
importante ressaltar que o coletivo da escola estrutura o trabalho diário,
visando assegurar, acima de tudo o sucesso dos alunos e o atendimento das
necessidades educativas da comunidade. Nessa situação, o conflito
encontrado nas situações de desenvolvimento do projeto deve ser visto como
algo positivo, que ajuda no crescimento do coletivo, que enriquece o grupo e
o leva, através do diálogo, a buscar soluções através de ações compartilhadas
para os problemas existentes. Sendo o aluno o foco principal do processo do
conhecimento, a escola deve propiciar a esse aluno, que ele seja um
personagem ativo e participativo em sua forma de interagir com os meios
físico e social.
Na busca por uma escola de qualidade primando pela cidadania, o trabalho
em equipe está em constante busca de ações que levem à efetiva
91
aprendizagem do aluno e assim, juntos, construímos um projeto que visa à
melhora do ser humano no seu cotidiano.
92
3 AS VOZES DOS ATORES
Este é um dos paradoxos centrais do nosso tempo de paradoxos: O planeta
agoniza e a sociedade humana se dilacera; ao mesmo tempo, emergem novas
possibilidades de análise, interpretação e transformação do mundo. Por um
lado, dilemas, contradições e riscos de destruição da vida. De outro, o
nascimento de uma nova matriz epistêmica, uma nova escuta poética da
natureza, do conhecimento e da existência.
Severino Antônio
Neste terceiro capítulo tentar-se-á dar voz aos atores do Projeto Revivavida, em
uma tentativa de distanciamento e pertencimento. Como nos escreveu Antônio (2009,
p.60):
Precisamos do distanciamento crítico, para ver o que não tínhamos visto, e o
que não estamos vendo. Para vermos com olhos de primeira vez, com olhar
sempre recomeçado. Para nos libertarmos das imagens desgastadas pela
rotina, e das frases feitas e dos estereótipos que nos fazem repetir, como se
fosse natural e verdadeiro, o que nunca foi pensado nem vivido por nós, e que
reiteram o mais intenso poder de dominação ideológica – que é obrigar a
dizer.
Precisamos dos distanciamentos, mas, ao mesmo tempo, precisamos de
pertencimento. Precisamos de identificação, de recordar quem somos, a que
pertencemos. Precisamos de reconhecer o que existe em nós e entre nós, mas
não tinha sido nomeado, ou está esquecido. Precisamos de uma terra onde
nos sentimos em casa, de um chão que nos seja lar, em que podemos nos
enraizar, a que podemos retornar. A arte em geral, e especialmente a poesia,
trazem essa experiência vital de distanciamento e pertencimento.
Escrever este capítulo é um exercício de diálogo entre o pertencer e o distanciar.
Por se tratar de uma pesquisa-ação-participante, o sentimento de pertencimento é muito
forte, já que a Escola Altair Polettini, onde foi realizado o Projeto Revivavida, foi meu
chão e meu lar por seis anos. Contudo, conseguir o distanciamento me fará enxergar o
que antes não via, tanto quanto reconhecer a voz do outro sem obrigá-lo a dizer. É a
reflexão após a ação que irá proporcionar uma nova ação, uma ação transformadora.
Dar voz aos atores do Projeto Revivavida é deixar que as entrelinhas falem por si só,
cabendo a mim o papel de reproduzi-las e não só interpretá-las, reconhecendo a voz do
outro como representação de seu sentimento. É educar na emancipação, no diálogo e na
troca de saberes. “[...] Pesquisar e educar se identifica em um permanente e dinâmico
movimento” (FREIRE, 2005, p. 36).
93
3.1 Algumas Considerações Metodológicas
A presente dissertação trata-se de um estudo de caso, cujas considerações
destinam-se especificamente ao Projeto Revivavida, mas que poderá servir de parâmetro
para compreender outras pesquisas de educação socioambiental.
Para a compreensão da voz e dos sentimentos dos atores do Projeto Revivavida,
optou-se por uma pesquisa empírica com uma abordagem qualitativa. Envolveu um
número pequeno de entrevistados, porém com questões mais abrangentes a respeito de
temas como educação, educação de qualidade, políticas públicas, educação ambiental e
o Projeto Revivavida. A pesquisa tinha a finalidade de não só perceber o Projeto
Revivavida enquanto um Projeto de Educação socioambiental, mas também as
concepções dos seus sujeitos sobre a educação e a qualidade desta na comunidade e na
sociedade. Com isto, buscou-se também compreender se as ações do Projeto Revivavida
tiveram um alcance histórico local e/ou global. “A realização de uma entrevista é mais
que um momento de coleta de dados, é um momento de reflexão e como toda situação
de reflexão é um contexto de construção da consciência política dos sujeitos
envolvidos” (MEKSENAS, 2007, p. 1).
Ao escrever sobre os Aspectos Metodológicos da Pesquisa Empírica, a
contribuição de Paulo Freire, Paulo Meksenas apresenta as condições teóricas das
contribuições da pesquisa participante de Paulo Freire e do sociólogo colombiano
Orlando Fais Borda, proposta na década de 1970. Por serem significantes para a análise
do Projeto Revivavida é apresentado a seguir alguns pressupostos admitidos por
Meksneas:
1A pesquisa deve servir aos sujeitos que fazem parte da realidade
investigada e não apenas ser a pesquisa que serve ao pesquisador, à sua
carreira, à sua ascensão acadêmica nas instituições. Por isso, é uma pesquisa
que está mais fora do que dentro das Universidades e está mais dentro do que
fora nos Movimentos Sociais.
2A pesquisa corresponde aos anseios de um projeto político gerido por
algum Movimento Social. (MEKSENAS, 2007, p.3.)
Participar da elaboração e realização do Projeto Revivavida, colocou-me no
papel de ator social, dentro do próprio movimento. Mas agora, também no papel de
pesquisadora, procuro dar voz aos outros atores do Projeto, tentando, como disse, ora
demonstrando meu pertencimento e ora sabendo manter o distanciamento.
94
Conhecer a sua própria realidade. Participar da produção deste conhecimento
e tomar posse dele. Aprender a escrever a sua história de classe. Aprender a
reescrever a História através da sua história. Ter no agente que pesquisa uma
espécie de gente que serve. Uma gente aliada, armada dos conhecimentos
científicos que foram sempre negados ao povo, àqueles para quem a
pesquisa-participante - onde afinal pesquisadores-e-pesquisados são sujeitos
de um mesmo trabalho comum, ainda que com situações e tarefas diferentes
– pretende ser um instrumento a mais de reconquista popular. (BRANDÃO,
1983, p. 10).
Para sintetizar a escolha por esta orientação de pesquisa recorre-se novamente às
palavras ditas por Meksenas (2007, p.2): “A metodologia qualitativa na pesquisa
empírica, ao estabelecer relações face-a-face do sujeito-que-pesquisa com o sujeito-queé-pesquisado, permite vínculos de reflexão entre as partes envolvidas porque estão todos
em presença, isto é, frente-a-frente e em diálogo, por isso é que Paulo Freire afirma que
fazer pesquisa educa.”
Os instrumentos de pesquisa que subsidiaram a pesquisa-participante foram os
questionários, entrevistas, documentos, recortes de jornais, a observação e a interação
com atores/sujeitos do Projeto Revivavida. As entrevistas aconteceram em diferentes
momentos e informalmente, quase que bate-papos em que ocorreram depoimentos,
questionamentos e posicionamentos, tanto dos alunos quanto dos professores. Os
questionários foram aplicados à direção, coordenação, professores e alunos. Os
documentos referentes à escola e o Projeto Revivavida serviram de apoio para a
compreensão dos objetivos e propostas do Projeto. Os recortes de jornais serviram como
referência da relação escola/projeto com a comunidade/sociedade. A observação e a
interação com os atores/sujeitos do Projeto Revivavida estão baseadas na memória e
participação no Projeto Revivavida, primeiramente como coordenadora pedagógica e
posteriormente como professora de História na Escola Estadual Altair Polettini, onde
trabalhei por seis anos.
Apresentar-se-á os depoimentos selecionados fazendo uso da categorização de
Gohn sobre os sujeitos de um movimento social. Primeiro, as Instituições Abrigadoras e
Apoiadoras; depois, as vozes dos Dirigentes; e, por último, talvez mais importantes, as
vozes dos atores: professores e alunos.
3.2 As Vozes das Instituições Abrigadoras e Apoiadoras
95
Como já citado nos capítulos anteriores, o Projeto Revivavida foi idealizado
como proposta para participar da Campanha Meio Ambiente e a Escola incentivada pela
Embrapa Meio Ambiente em parceria com as empresas Motorola, Química Amparo
(fabricante dos produtos Ypê) e a Faculdade de Jaguariúna (FAJ).
A Campanha acontece desde o ano de 2003 e segundo a Embrapa Meio
Ambiente, no ano de 2006 participaram 32.495 alunos, 1.386 professores e 564
funcionários de 81 escolas dos municípios de Amparo, Pedreira, Serra Negra, Mogi
Mirim, Hortolândia, Sumaré, Paulínia e Santo Antonio de Posse. Envolveu escolas de
educação infantil e ensino fundamental e médio da rede estadual e municipal
(EMBRAPA, 2006).
As vozes aqui apresentadas inicialmente foram retiradas de depoimentos das
empresas abrigadoras e apoiadoras. O primeiro é uma entrevista a uma rádio não
especificada. Falando sobre o lançamento da campanha em 2004, outros depoimentos
também foram feitos durante a premiação e o processo de seleção dos projetos durante a
Campanha no ano de 2006, na cidade de Serra Negra (EMBRAPA, 2006).
Na seqüência, é citado trecho da entrevista com um dos pesquisadores da
Campanha Meio Ambiente e a Escola, Dr. Luís José Maria Irias, na semana de
lançamento da Campanha em 2004. Ao ser questionado a respeito do que consistia a
Campanha, Luís José Maria Irias respondeu:
A idéia da Campanha é permitir as escolas do ensino público da Educação
Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, a participar de uma
atuação efetiva da escola e do meio ambiente. Ela é ancorada em três
pilares, a entrega dos livros didáticos[...], a capacitação da metodologia[...]
ver-julgar-agir [...] e a celebração que é a premiação dos três primeiros
projetos oferecidos por estas escolas dentro desta temática Meio Ambiente e
a Escola. (EMBRAPA, 2006)
Durante a premiação da Campanha Meio Ambiente e a Escola em 2006, pode-se
ouvir a fala do Sr. Ariovaldo Luchiari Júnior, pesquisador e chefe adjunto de
Comunicação e Negócios da Embrapa Meio Ambiente:
A educação ambiental em escolas públicas é parte da responsabilidade social
da Embrapa e parte de uma ação transversal que nós temos. Então, para que o
conhecimento gerado nas relações agricultura e meio ambiente seja recebido
e implementado plenamente é preciso criar uma consciência. Ou seja, para
receber determinada tecnologia ou conhecimento, as pessoas devem estar
preparadas e, como nas escolas públicas há uma necessidade de
complementação na área ambiental e nós lidamos com essas questões, a
96
educação ambiental é uma ação que incentivamos muito, diz Luchiari.5
(EMBRAPA, 2006).
Parece claro na fala dos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente, tanto no
lançamento quanto na premiação dois anos depois, a necessidade da parceria entre as
empresas e as escolas na tentativa de preencher uma lacuna na educação, especialmente
neste caso, a educação ambiental.
Pode-se perceber que havia uma intenção de continuidade da Campanha Meio
Ambiente e a Escola, que não foi uma ação pontual, destinada primeiramente só à
premiação dos melhores trabalhos.
Hammes apresenta o histórico da Campanha, dando a dimensão da idéia de
continuidade da Campanha:
Em 2004 trabalhou-se a sensibilização das pessoas, contextualizando-as em
seu ambiente por meio de projetos temáticos e reconhecimento sobre a
realidade local. De acordo com Valéria, projetos muito interessantes já foram
apresentados. “Em 2004 uma coisa que me chamou atenção e que estava
muito além daquilo que nós esperávamos, foi que por meio de um projeto
vidas foram salvas. Isso demonstrou que a campanha realmente pode
contribuir com a qualidade de vida, garantindo entre outras coisas a
permanência da vida em lugares onde há doenças endêmicas, por exemplo”,
enfatiza.
No 2º. ano houve a reconstrução do conhecimento territorial e do processo
pedagógico, juntamente com os educadores, incorporando a questão do meio
ambiente. “Portanto, não se trata apenas de um projeto de educação
ambiental dirigido a um tema específico, mas um trabalho cuja proposta é
promover a internalização de hábitos, a partir da conscientização não só das
pessoas, mas pelo aprimoramento dos processos, levando à melhoria da
qualidade de vida”, diz Valéria.
Estamos no 3º. ano, (2006) portanto, no momento de adequação, explica a
coordenadora.
Em 2007 a Campanha Meio Ambiente e a Escola entrará na parte de
habituação, ou seja, na tentativa de implantação de hábitos. “Nessa fase
veremos o que realmente foi internalizado. Vamos avaliar tudo o que foi
construído e o que será atividade permanente e a partir daí vamos orientar e
elaborar publicações para subsidiar as atividades nas escolas”, planeja a
coordenadora. Segundo ela, vale ressaltar que esse trabalho não fica
circunscrito apenas à ação da escola, mas promove uma intensa interação
com as empresas e o poder público local (EMBRAPA, 2006).
O que chama atenção na fala das instituições abrigadoras é a idéia de que são
elas as responsáveis pelo desenvolvimento dos projetos. Vale ressaltar que o projeto
estava de acordo com a proposta metodológica que foi sugerida pela Embrapa Meio
Ambiente, sem a qual talvez tivesse demorado mais tempo para reconhecer a
5
Texto escrito por Leila Bonfietti, Estagiária de Jornalismo, com supervisão de Cristina Tordin e revisão
de Eliana Lima.
97
importância de se construir um projeto transdisciplinar com uma visão emancipadora e
sócio construtivista. Apesar da pesquisadora dizer que “para a avaliação dos programas
e projetos, serão analisados cerca de 40 parâmetros, com o objetivo de verificar a
capacidade de promoção da conscientização das pessoas, a melhoria do processo
pedagógico e a contribuição com a qualidade de vida da escola e de seu entorno (ibid)”,
não houve um diálogo participativo por parte da Embrapa Meio Ambiente e a Escola
para o acompanhamento das ações dos projetos, ficando esta função à cargo da ATP de
Geografia da Diretoria de Ensino, mas que no entanto não participou da avaliação dos
projetos e programas. A avaliação foi feita a partir dos relatórios do Caderno Local, que
foi encaminhado à sede da empresa em Jaguariúna.
Quanto aos demais parceiros da Embrapa Meio Ambiente, como a Motorola, a
Química Amparo e a Faculdade de Jaguariúna, eles eram responsáveis pela premiação.
A respeito da parceria com a Embrapa Meio Ambiente encontrou-se o seguinte
comentário:
Motorola oferece suporte para o Programa de Educação Ambiental
desenvolvido pela EMBRAPA – uma agência de pesquisa agrícola do
governo. O projeto abrange atualmente um total de 14 cidades. Os estudantes
são estimulados a desenvolverem projetos ambientais nas áreas de Resíduos,
Recursos Naturais, Saúde, Cidadania, Água e Energia, Agricultura e Meio
Ambiente. O programa beneficia mais de 45.000 alunos, 1.700 professores e
800 escolas. (MOTOROLA, 2007b).
Durante a premiação do Concurso Meio Ambiente e a Escola do ano de 2007,
Fabrin, gerente de Desenvolvimento da Química Amparo, assim discursou:
O apoio da iniciativa privada é sempre muito importante, pois além de ser
uma maneira de captação de recursos para financiar esse tipo de campanha, é
uma forma de multiplicar ações e iniciativas. A Ypê vê isso como um projeto
fantástico, e na medida do possível procura apoiar. Acho que educação
ambiental é importante em todas as idades, mas quando estamos construindo
nossa personalidade a conscientização da preservação ambiental é essencial.
É a primeira vez que participamos. Recebemos o convite da Embrapa e
estamos muito felizes em sermos patrocinador desse evento. (EMBRAPA,
2006).
Mantendo o mesmo tom do discurso de responsabilidade social, a participação
da Faculdade de Jaguariúna é assim descrita:
Disponibiliza sua imagem, seu poder de comunicação institucional e uma
parcela de seus recursos e de seus talentos, em busca de transformação social
da comunidade em que está inserida, o que só é possível através da interação
articulada e consciente entre a comunidade de negócios, organizações não-
98
governamentais, a sociedade civil e os setores públicos e privados.
(EMBRAPA, 2006).
Como participante da Campanha Meio Ambiente e a Escola do ano de 2004 a
2006, estive presente na premiação de 2006, na cidade de Serra Negra, e presenciei a
leitura da carta da aluna que foi premiada com uma bolsa de estudos integral na FAJ (a
FAJ, como premiação, disponibilizara bolsas de estudos para as escolas vencedoras). A
FAJ foi representada por Vanessa Cristina Cabrelon Jusevicius, coordenadora e
professora do curso de Psicologia da Faculdade, que discursou:
Acho esse trabalho super importante para os alunos. Eles estão começando a
ter uma conscientização que não tive na minha época. É importante que
crianças e jovens recebam essa educação ambiental desde cedo para que
possam realmente preservar o meio ambiente, que é muito mais do que
árvore, lixo etc., mas também a questão da cidadania. (EMBRAPA, 2006).
O interessante da premiação com a bolsa de estudos disponibilizada pela FAJ é
que ela já havia ocorrido na premiação de 2006, mas a escola Altair Polettini, que foi
premiada em segundo lugar, e uma das poucas escolas de ensino médio participante,
não sabia desta premiação. Quando a organização do evento foi questionada a respeito
das bolsas de estudo, foi respondido que as escolas estaduais não precisavam deste
incentivo, pois já possuíam os bolsistas do Programa da Escola da Família, que
disponibiliza bolsas de estudos para alunos provenientes de escolas públicas estaduais.
A premiação foi então entregue para a Secretaria Municipal da escola vencedora, que
era uma escola de Educação Infantil.
A participação, nestes três casos, limitou-se à chamada responsabilidade social
das empresas, que não foram abrigadoras, apenas apoiadoras, limitando a relação da
Campanha com a premiação e não com participação efetiva e afetiva.
Não foi encontrado, no entanto, a continuação do projeto no ano de 2007. A
Diretoria de Ensino também não firmou parceria com a Embrapa Meio Ambiente, para a
continuada da Campanha nas escolas estaduais atendidas pela Diretoria de Ensino de
Moji Mirim.
Embora um diálogo mais próximo entre as instituições e o Projeto Revivavida
não tenha acontecido de forma direta, elas foram responsáveis para a idealização do
Projeto Revivavida e de forma indireta abriram caminhos para o conhecimento do
potencial como atores sociais e atuantes na localidade. Em entrevista, concedida em
setembro de 2008, a ATP de Geografia e Meio Ambiente da Diretoria de Ensino de
99
Moji Mirim falou sobre a parceria com a Embrapa Meio Ambiente, da metodologia
proposta pela Empresa e o desenvolvimento dos Projetos de Educação Ambiental nas
escolas públicas estaduais.
Ela relembrou que a parceria entre a Embrapa Meio Ambiente e a Diretoria de
Ensino de Moji Mirim firmou-se nos anos de 2004 a 2006 para acolher o
Desenvolvimento do Programa de Educação Ambiental por meio de uma metodologia
específica, o ver-julgar-agir, que visava a transformação do espaço e das pessoas.
Segundo a ATP, a Embrapa propôs a aplicação do programa, como se fosse um
teste piloto e a escolha dos municípios participantes seria pela proximidade da empresa
com a Diretoria. A opção em contemplar as escolas públicas seria o de atender o maior
número de participantes. Por parte da Diretoria de Ensino também houve interesse na
parceria, pois até aquele momento (2004), não se tinha um projeto específico de
Educação Ambiental nas escolas públicas estaduais de forma sistematizada pela SEE, o
que só ocorreu em agosto de 2004 com o Projeto Água: Hoje e Sempre. A parceria com
um órgão federal dava credibilidade ao Programa do Meio Ambiente. Por outro lado, a
parceria das instituições e empresas com as escolas públicas estaduais acarretava a estas
instituições a certificação de parceiros sociais e também garantia e aumentava a
credibilidade dos parceiros como organizações preocupadas com a responsabilidade
social e o bem-estar dos cidadãos.
A Embrapa Meio Ambiente ofereceu a metodologia e o treinamento, sem um
acompanhamento ”supervisionado” por parte dela, ficando a cargo da ATP a visita às
escolas e o acompanhamento dos projetos com apresentação de palestras, orientações e
encaminhamentos, como parcerias, materiais ou veículos para deslocamentos de alunos
quando necessário.
A respeito da participação da Escola Estadual Altair Polettini, a ATP considera
que a escola possui um diferencial em relação as outras escolas que participaram da
Campanha e de outros projetos apresentados pela Diretoria de Ensino de Mogi Mirim,
que é o incentivo da equipe gestora, o comprometimento do corpo docente e o
entrosamento entre os gestores, professores e alunos.
Sobre o Projeto Revivavida comentou:
O Projeto Revivavida foi estruturado dentro da escola, com organização e
aplicabilidade da metodologia. Teve forte envolvimento da comunidade na
metodologia, multidisciplinaridade, facilidade de se interligar com outros
projetos de Educação Ambiental e outros projetos da escola.
100
A ATP considerou que, no entender das instituições parceiras, o Projeto
Revivavida conseguiu atingir os objetivos propostos de aplicabilidade da metodologia
ver-julgar-agir, o que foi confirmado pela Premiação na Campanha nos anos de 2004,
2005 e 2006.
A Embrapa buscou
parcerias para uma ação de caráter ambiental que ela
formulou. A Diretoria de Ensino buscou parceiros de força para dar conta de necessários
projetos de Educação Ambiental que deveria formular; empresas buscando certificar-se
perante a sociedade como “socialmente responsáveis”. Mas o que deu vida realmente ao
Projeto foi o fato de uma dada comunidade escolar, a começar por suas “lideranças”,
terem acolhido a idéia. O Revivavida foi além dos objetivos da própria Embrapa e
diretoria ao criar uma práxis potencialmente transformadora. Teve grande força
enquanto foi um movimento social apoiado por uma escola em busca de sua identidade
e reconhecimento. Conforme histórico do projeto, discutido no capítulo 2, bem como
as vozes dos seus principais protagonistas, apresentadas a seguir, parecem comprovar
isto
3.3 As Vozes das Lideranças
O Projeto Revivavida analisado enquanto movimento social é composto pelo
princípio articulatório que o aglutina a: um projeto de educação sócioambiental,
elaborado nos princípios da educação libertadora e da ecopedagogia. Falar em vozes de
lideranças no projeto parece soar contraditório, mas segundo Gohn (1997, p.257), “o
princípio articulatório interno de um movimento se dá a partir de três elementos
fundamentais que entram em sua composição: as bases demandatárias, as lideranças e as
assessorias.”
São as lideranças que sensibilizam as bases para a constituição e atuação do
movimento. As lideranças, no papel da direção, vice-direção e da coordenação
pedagógica, como já citadas pela ATP, como equipe gestora do Revivavida, teve função
primordial no desenvolvimento do Projeto, servindo como interlocutora entre as
instituições abrigadoras e apoiadoras e as bases demandatárias.
101
Foi elaborado um questionário qualitativo, que foi aplicado a Direção da Escola
(Anexo XXVI), referente às concepções de educação, educação ambiental, Projeto
Revivida, e as políticas públicas da Secretaria Estadual de Educação.
Sobre a temática Educação Ambiental na escola, a Direção escreveu:
A importância principal de nosso trabalho com educação ambiental,
certamente é desenvolver a consciência nos alunos, professores, funcionários
e comunidade do entorno da escola, sobre a importância do envolvimento de
todos na formação de valores e atitudes diante da problemática ambiental. As
atividades pedagógicas são todas voltadas às mudanças de atitudes, tais
como: necessidade de redução de consumo de água, energia, reciclagem do
lixo, respeito à natureza e ao seu próximo, prática de ações constantes do
exercício da cidadania no cotidiano escolar visando uma melhor qualidade
de vida no meio em que vivemos.
Indo ao encontro dos objetivos e finalidades do Projeto Revivavida, quando
se pensa num projeto escolar, certamente, queremos melhorar aquilo que
estamos descontentes, principalmente no “olhar” da gestão escolar. Antes do
projeto, percebíamos que nossos alunos e até funcionários não se importavam
muito com a questão do ambiente em que viviam. Eram palavras ofensivas,
desrespeito ao próximo e à natureza, desperdício de merenda, água, energia e
ausência de atitudes cidadãs em todas as esferas do cotidiano. Pautamos o
projeto visando uma aprendizagem através de uma atividade produtiva/
prática em um ambiente criativo e criador, respeitando as particularidades
dos sujeitos individuais e coletivos; o comprometimento dos diversos setores
do entorno escolar no projeto de preservação do meio ambiente, de
preocupação com o ser humano (cidadania e saúde) e gestão do mesmo como
co-responsáveis pela sua execução e sucesso; a valorização do educando
como sujeito dotado de saberes e conhecimentos socialmente construídos
através de um currículo flexível e articulado com as reais necessidades do
mesmo; a formação de cidadãos éticos, autônomos, responsáveis e
conscientes da sua contribuição, pela atuação coletiva na sociedade, para
alterar a situação de vulnerabilidade social. Enfim, a real transformação do
ser humano diante da problemática que envolve a questão ambiental no
mundo.
A principal finalidade do projeto, certamente é a TRANSFORMAÇÃO das
atitudes de toda a comunidade escolar para que um dia possa viver num
muito melhor e que vise a cultura da paz. Busca-se com o projeto encontrar
soluções para os problemas sociais, ambientais, políticos e até econômicos na
dimensão social. Nossos alunos deverão ser capazes de ter um “olhar crítico”
para os problemas que o mundo lhes apresentar e tentar buscar soluções
criativas e positivas para o meio. Resgatar primeiramente os valores de
participação para a construção de uma comunidade com ideais de cidadania,
bem como estabelecer novas propostas aos alunos, visando assim à
ampliação de conhecimento e de cultura proporcionando uma participação
prazerosa e oferecendo valores de participação, amizade, iniciativa e
solidariedade e a formação cultural do aluno integrante do projeto.
Desenvolver a responsabilidade e compromisso dos alunos para com a escola
e o projeto; preparar os alunos para que sejam multiplicadores, das ações de
preservação do meio ambiente, do uso racional dos recursos naturais, da
ética, da cidadania, da solidariedade e da qualidade de vida; envolvê-los em
promoções culturais, concursos e apresentações locais e desenvolver a
conscientização ambiental na comunidade.
102
A concepção de Educação socioambiental apontada pela Direção está em
concordância com o Projeto Revivavida, ação-reflexão-ação, buscando uma práxis
transformadora, baseada na emancipação e na criticidade.
As ações do Revivavida foram enumeradas pela diretora, citadas abaixo,
configurando o planejamento participativo do Projeto.
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•
Diagóstico dos principais problemas observados do meio escolar;
Reunião com todos os membros envolvidos no projeto;
Discussão para elaborar as fases do projeto;
Divulgação junto à comunidade;
Divulgação junto à mídia;
Pesquisa no bairro sobre os anseios da comunidade local;
Pesquisa junto aos alunos sobre suas expectativas diante da sociedade;
Tabulação de dados
Divisão de grupos de trabalho ( como a escola poderia envolver a todos
num trabalho que abrangeria diversas dimensões da questão ambiental)
Detalhamento do Projeto ( o que queríamos trabalhar, de uma forma
sistemática para que o projeto não acabasse no decorrer dos anos).
Busca de parcerias;
Preparação e arranque das atividades;
Projeto em AÇÃO ;
Apresentação do Projeto aos pais e comunidade em geral;
Avaliação do Projeto;
Reuniões bimestrais buscando o compromisso de todos e incentivando a
continuidade do projeto.
No questionário, havia perguntas referentes ao desenvolvimento, participação e a
avaliação constante do Projeto ao longo dos anos de atuação e as dificuldades
encontradas para a implantação e desenvolvimento do Projeto Revivavida.
Há a necessidade de redefinição tendo em vista que a escola é uma instituição
em constantes modificações ao longo dos anos. Mudam-se professores,
alunos, funcionários e muitas vezes o que não deu certo num ano, deve ser
reavaliado no outro. A Secretaria de Educação implementou a nova proposta
pedagógica e também tivemos que adequar o Projeto às mudanças ocorridas.
Com o Projeto, alcançamos satisfatoriamente os objetivos. Observamos uma
melhora comportamental em nossos alunos, uma melhora no trabalho em
equipe e uma participação mais ativa da comunidade. É claro que muitas
vezes ocorrem fatores alheios à nossa vontade que acabam prejudicando o
desenvolvimento de algumas atividades. Em 2008, por exemplo, muitas
atividades ficaram estagnadas devido à dedicação integral à implementação
da Nova Proposta do governo. Tudo era muito novo e imediatista. Agora, em
2009 estamos retomando todas as fases do projeto novamente.
Em relação à resistência dos professores em trabalhar com o Projeto Revivavida,
afirma:
103
Sim, houve resistência e até mesmo desistência de alguns. Como em todo
campo de trabalho, sempre encontramos profissionais que resistem ao novo.
Que sentem-se amedrontados diante do novo, mas é nessa hora que entra o
insistente trabalho dos gestores escolares . Nesse momento, há a necessidade
de reuniões de intervenções e capacitações para a qualificação dos
profissionais que atuam no projeto. É importantíssimo para a continuidade do
projeto, que o professor esteja sempre focado em querer aprender mais, em
querer acompanhar as mudanças sociais. Isso interfere diretamente na prática
pedagógica, pois quanto mais “qualificado” o professor estiver, maior será o
avanço na forma como se dá a produção do conhecimento no interior da
escola. Ele deverá estar ciente que com o desenvolvimento do projeto,
certamente diminuirão os índices de evasão/reprovação, buscando a formação
de cidadãos com uma visão mais global da realidade e vincular a
aprendizagem a situações e problemas reais, contribuindo assim, para uma
escola mais ativa, com um projeto de educação mais comprometido com o
desenvolvimento de competências e habilidades que permitam ao indivíduo
intervir na realidade para transformá-la e isso certamente está diretamente
ligado ao bom trabalho do professor em sala de aula.
Esta fala da Direção caracteriza bem a função e o papel das lideranças no
movimento social, mais especificamente no Projeto Revivavida, estimulando as bases à
participação, bem como o papel de pesquisador do professor. Percebe-se que a tentativa
é estimular o professor a participar. Neste momento é fundamental o diálogo, a troca de
saberes, a confiança entre os atores. No conflito também é possível se educar, e não é só
de venturas e premiações que o Projeto persistiu, houve dificuldades e obstáculos que
precisaram ser superados, de ordem organizacional, política, material e de pessoal:
É certo que, para a sistematização do projeto se concretizar, muitos
obstáculos aparecem no decorrer do processo, tais como descontinuidade das
políticas públicas, falta de compromisso de alguns envolvidos, tradição,
interesses políticos que não condizem com aquilo que o gestor almeja, ou
seja: o benefício do aluno com a efetiva aprendizagem, mudanças constantes
de professores no início do ano letivo e alta rotatividade de professores no
decorrer do ano, recursos insuficientes, dificuldades em conquistar e
permanecer com as parcerias.
[...] Nas políticas públicas, diferentes argumentos conduzem para a
centralidade da avaliação, com interesses de diversos segmentos que acabam
influenciando no planejamento escolar e assim, a escola acaba sendo o
condutor dos interesses governamentais, interesses internacionais e
empresariais. Embora esses interesses partam de segmentos dominantes da
sociedade, é possível o gestor escolar buscar resultados para a melhoria da
qualidade de ensino, revertendo à visão centralizadora e buscando princípios
de visem à formação humana, transmitindo ao alunado, posicionamentos
críticos, solidários e inteligentes, apoiando-se sempre no trabalho coletivo.
[...] Portanto, cabe a nós gestores lutarmos para a implementação de políticas
públicas realmente voltadas ao sucesso do aluno, garantindo seus direitos de
cidadão, para que tenha uma boa qualidade de vida e seja incluso na
sociedade não apenas com um diploma na mão, mas com um diploma
acompanhado de conhecimentos e apto a novas oportunidades na vida
104
Cabe aqui uma reflexão quanto às políticas públicas de educação e a falta de
interesse de alguns envolvidos. As dificuldades encontradas para a aplicabilidade de
projetos na escola perpassam as políticas públicas, que são descontínuas, mudam de
acordo com a gestão ou secretário, o processo de atribuição de aulas durante o ano
letivo e a falta de interesse de alguns dos envolvidos, que não foi especificado no
depoimento. Sobre a falta de interesse, várias podem ser as causas, entre elas a
remuneração e a própria falta de estímulo por uma política pública mais compromissada
com a educação de qualidade, sendo que a falta de recursos também é um dos motivos
da dificuldade do desenvolvimento dos projetos.
Pela própria característica de continuidade do Projeto Revivavida, algumas
dificuldades foram consideradas superadas pela Direção e a gestão escolar participativa
e dialógica, citada no depoimento:
Uma das características da gestão escolar da EE ALTAIR POLETTINI é o
dinamismo e o incentivo à superação. O otimismo para a implementação e
busca de alternativas é constante nas reuniões de HTPC e quando alguém
falha, procura-se encontrar meios para que o grupo impere nas atitudes de
continuidade do projeto.
É fundamental que todos nós educadores reconheçamos todas as experiências
como intervenções sociais, capazes de enxergar o presente com os olhos no
futuro, buscando sempre iniciativas inovadoras, com diferenciais que
busquem construir uma escola com uma história de sucesso.
[...] Então, nesse momento surge a necessidade do fortalecimento dos
Colegiados para que todos os envolvidos acreditem nas experiências
positivas e dêem continuidade ao trabalho, democratizando as informações à
comunidade, aproveitando também as experiências da educação popular,
onde todos possam dialogar e praticar a participação, articulando as ações da
escola com a comunidade, com transparência e comprometimento.
A Direção reforça a idéia da ação transformadora do Projeto Revivavida,
ratificando o que foi encontrado nos documentos do Plano Gestão, Projeto PolíticoPedagógico e no Projeto Revivavida. Não há discordância entre os documentos e o
depoimento da Direção, por se tratarem da liderança. Pode-se registrar que neste caso a
efetivação no cargo de direção criou um vínculo de permanência e pertencimento com a
escola, que favoreceu o desenvolvimento das ações do Projeto Revivavida. O idealismo
e a crença na educação de qualidade também foram propulsores para a comunidade
escolar acreditar na realização no Projeto Revivavida.
Considerando o posicionamento da equipe gestora, representada pela direção da
Escola Estadual Altair Polettini, o Projeto Revivavida foi uma ação válida na construção
de uma Educação de Qualidade para as escolas públicas estaduais.
105
É preciso pensar, idealizar e querer construir uma escola onde todos possam
participar na definição de seus rumos, da sua autonomia e competência, onde
também todos tenham o compromisso e a responsabilidade com a construção
de uma instituição que seja capaz de assegurar a real qualidade de ensino
para todos os alunos, valorizando os profissionais da educação através da
formação continuada, ajudando-os no aperfeiçoamento de sua prática
pedagógica. Dessa forma, os planos de ação, certamente possibilitarão
melhores resultados na formação ética e aprendizagem dos alunos .
É fundamental que todos nós educadores reconheçamos todas as experiências
como intervenções sociais, capazes de enxergar o presente com os olhos no
futuro, buscando sempre iniciativas inovadoras, com diferenciais que
busquem construir uma escola com uma história de sucesso.
É preciso que as escolas abram suas portas para as possibilidades de
construção de múltiplas táticas ancoradas tanto no diálogo e no
fortalecimento do coletivo como nas interações com as iniciativas
inovadoras, plantando assim, a semente da transformação, extrapolando os
limites da escola, já que as práticas cotidianas estão associadas aos contextos
territoriais de existência de seus sujeitos.
Dessa forma, o entorno da escola também será atingido, melhorando a
relação com as famílias dos alunos, com os amigos e vizinhos, rompendo
preconceitos.
Vale ressaltar que o fator fundamental para o fortalecimento de uma escola
que tenha um diferencial positivo, que tenha êxito em suas ações é
certamente a disposição de toda a equipe escolar para MUDANÇAS, para a
ousadia de seus agentes, assentando-se na compreensão de que o direito à
escolaridade é um bem, um legítimo patrimônio da humanidade, que de
forma alguma pode ser ameaçado por situações de conflitos externos ou
internos.
A EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, tanto almejada pelos educadores, só se
concretizará quando os governos compreenderem a educação como ponte
para a transformação social, onde a escola possa ser uma instituição capaz de
formar o educando, priorizando um ensino que capacite o estudante para
exercer a sua cidadania plena.
Não se pode pensar numa cidadania com começo, meio e fim. É preciso
haver a contextualização dos direitos e deveres da época em que se vive, pois
a cada dia novos saberes, novos interesses, novos valores vão surgindo e a
escola precisa pensar na possibilidade de uma educação não excludente, que
trabalhe com as diferenças e que veja em seus alunos novas possibilidades
sob diversos olhares, pois o ser humano é complexo e não se resume a uma
só classe social, a uma só nacionalidade, a uma só faixa etária ou a uma só
cidadania. A escola atende a todo tipo de cultura e assim, o projeto pretende
questionar “as verdades tradicionalmente transmitidas” buscando levar aos
alunos uma prática reflexiva de mudança social.
Na seqüência do capítulo apresentar-se-á o posicionamento de professores e
alunos em relação ao Projeto Revivavida, que constituem as bases demandatárias do
movimento na tentativa de fazer um diálogo com a liderança, identificando os pontos
comuns e divergentes nos depoimentos/questionários e entrevistas.
3.4 As Vozes das Bases Demandatárias
106
As bases demandatárias fazem parte da articulação interna do Movimento
Social. Elas representam as vozes que buscam a demanda de uma carência não atendida,
que pode ser de ordem econômica, política, social e cultural ou projetos de uma utopia.
(GHON, 1997, p. 256). No caso do Projeto Revivavida, uma educação pública de
qualidade, com princípios de liberdade, emancipação e educação sócioambiental.
Constituem para este estudo, como bases demandatárias, as vozes dos
professores e alunos. Dando voz ao que eles pensam pode-se chegar a considerar o
alcance histórico proposto pelo Projeto Revivavida.
3.4.1 Os Professores
Em abril de 2009, foram entregues 30 questionários6. (Anexo XXVII) para a
coordenação da escola distribuir aos professores, que deveriam responder e devolver à
coordenação em aproximadamente 15 dias. Antes de entregar os questionários para a
coordenação, em HTPC foi explicado brevemente aos professores o objetivo do
questionário e a proposta da pesquisa de análise do Projeto Revivavida durante os anos
de 2004 a 2006. O preenchimento e encaminhamento do questionário não foram
impostos, ficando a critério do professor.
Os dados abaixo quantificados servem para analisar a porcentagem de
professores que participaram e seu tempo de atuação na escola. O tempo de atuação será
relevante para a verificação da participação ou não no Projeto como ator social
transformador ou observador das transformações que foram propostas pelo Projeto
Revivavida.
Dos 30 questionários entregues, oito foram respondidos e devolvidos para a
coordenação. Entre os quais, sete professores atuaram no Projeto Revivavida como
atores/transformadores e um professor que passou a ter vínculo com a escola no ano de
2007, mas respondeu conhecer alguns dos projetos que permaneceram na escola.
Algumas dificuldades foram apresentas pela coordenação como sendo motivo
para a não devolução dos questionários, tais como: a proximidade com as provas
6
As questões que constituíram o questionário foram adaptadas da Tese de Doutorado de Elza de Lima
Ferrari
107
bimestrais e fechamento de notas do bimestre e a extensão do questionário, que foram
reconhecidas como sendo um motivo justo, já que contava com muitas questões.
As questões aplicadas foram divididas de acordo com alguns parâmetros: como a
identificação pessoal, o papel do professor, as relações interpessoais, as práticas
pedagógicas, os projetos interdisciplinares do Projeto Revivavida e o Meio Ambiente,
mais a identificação. Fazendo uso dos dados da identificação, pode-se observar o tempo
de atuação do professor no magistério:
GRÁFICO 7 - Perfil dos Professores Entrevistados
Obs.: O Professor 3 - não respondeu o tempo de atuação na escola Altair Polettini e o Professor 7 – não
respondeu o tempo de atuação no magistério.
Dos professores que participaram do questionário, a maioria está no magistério,
há mais de cinco anos. Sete deles são efetivos e tem a Escola Estadual Altair Polettini
como Unidade Escolar sede. Sete são do sexo feminino e um é do sexo masculino e
atuam no Ensino Médio e Fundamental. O tempo em que trabalham na escola dá a idéia
de envolvimento e pertencimento na comunidade escolar.
A escola foi fundada em 2001, no entanto alguns professores trabalharam na
Escola Estadual Helena dos Santos Alves, localizada no mesmo bairro, que foi
municipalizada e passou atender alunos do Ciclo I do Ensino Fundamental, quando os
os alunos e professores do Ciclo II e Ensino Médio foram encaminhados para o novo
prédio, a então Escola Estadual Altair Polettini. Portanto, o sentimento de
pertencimento e envolvimento dos professores/atores que participaram do Projeto
Revivavida está ligado também à afetividade que possuem pela comunidade escolar.
108
Também foram feitas entrevistas com alguns professores. Elas ocorreram em
dezembro de 2008, sem um prévio levantamento das questões, de forma que ficaram à
vontade para expor suas idéias e opiniões a partir de temáticas gerais levantadas pela
pesquisadora, relacionadas ao Revivavida. Participaram cinco professores que
colocaram suas opiniões sobre a escola e sobre a relação professor-aluno, escola
comunidade, além do Projeto Revivavida.
O primeiro item do questionário privilegiava questões referentes ao papel do
professor. As perguntas dão a idéia do reconhecimento do professor enquanto parte
integrante da educação transformadora. A idéia é perceber se ele, no seu papel, se
reconhece como educador transformador ou transmissor de conhecimento, e se a
afetividade, o diálogo e seu idealismo ainda são presentes na sua prática pedagógica.
Na questão “quem sou eu?” todos se reconheceram como professor. Um dos
professores se caracteriza como educador; duas professoras falam da dedicação e
esperança para com a profissão, para que se possa ajudar na formação de cidadãos mais
preparados pela vida; uma professora escreve sobre a necessidade de ser forte, generoso
e corajoso; outra professora coloca que gosta de crianças, por isto permanece no
magistério; uma professora se diz feliz e realizada profissionalmente, apesar das
dificuldades; uma professora se diz otimista, alegre, participativa e com sonhos a serem
alcançados profissionalmente; e outra professora se diz realizada em sala de aula, apesar
de estar atuando em outra função.
Pode-se considerar, pelo menos para este grupo de professores, que eles
possuem consciência do seu papel de educadores e acreditam, apesar das dificuldades,
que é possível ter uma educação humanizada, segundo coloca Paulo Freire, na
introdução de seu livro Pedagogia da Autonomia:
Ensinar é uma especificidade humana – ensinar exige segurança,
competência profissional e generosidade; ensinar exige compromisso; ensinar
exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo;
ensinar exige liberdade e autoridade, ensinar exige tomada consciente de
decisões; ensinar exige saber escutar; ensinar exige reconhecer que a
educação é ideológica; ensinar exige disponibilidade para o diálogo; ensinar
exige querer bem aos educandos. (FREIRE, 2004, p. 8)
Para expressar este sentimento em relação ao papel de educador e a sua prática
os professores usaram palavras como: compromisso, solidariedade, tolerância, amor,
esperança, paz, dedicação carinho, responsabilidade, atitude, paciência, vontade,
109
encanto, curiosidade, amizade, companheirismo. O que vai ficando mais evidente com
alguns depoimentos:
O significado de ensinar e aprender muitas ou na maioria das vezes é
aprender. É uma relação dialética de amor e disponibilidade, de humildade.
(Cravo).
Sou um pouco enérgica, cobro bastante deles, mas também sou amiga quando
é preciso [...]. Ensinar – é quando o professor atinge seus objetivos. Aprender
- é quando o aluno coloca em prática aquilo que aprendeu. OBS. Aprender,
nós professores aprendemos todos os dias. (Rosa)
Ensinar e aprender estão ligados. Você ensina, você aprende. O dia-a-dia do
aluno é uma escola. Devemos sempre respeitar o aluno, pois sempre
aprendemos com eles. (Hortência).
Ensinar e aprender são as ferramentas do professor educador, que ao mesmo
tempo em que ensina com humildade aprende com seus alunos e a vida.
(Margarida).
Ainda dentro dos questionamentos do papel do professor foi solicitado que
escrevessem sobre as alegrias e as tristeza que sentem enquanto professores.
ALEGRIAS:
Cravo: Perceber a alegria de uma criança, de um jovem por ter galgado mais
um degrau. Por ter conseguido superar limites, mais uma etapa, o valor do
que aprendeu para a vida.(Cravo)
Sentir no rostinho das crianças a vontade de aprender.(Lírio)
Quando acho um jeito de motivá-los, e sinto que o trabalho do dia foi válido,
produtivo.(Jasmim)
TRISTEZAS:
O que me deixa triste é o conformismo, a falta de sonho.(Cravo)
Não ser devidamente valorizada e sentir que as famílias estão deixando a
responsabilidade que lhes cabe, por conta da escola.(Lírio)
Baixos salários, classes lotadas, alunos que só se interessam pela bagunça,
pela conversa e pela merenda. (Jasmim)
As alegrias e as tristezas relatadas pelos professores estão em concordância com
a idéia de se fazer uma educação emancipadora e transformadora. As suas alegrias estão
em perceber a alegria do educando com a aprendizagem e as tristezas relacionam-se à
criticidade. A prática pedagógica é um dos recursos que os professores devem usar para
proporcionar a ação-reflexão-ação. Utilizar-se das tristezas para transformá-la em
alegria. Como escreve a professora Tulipa:
Tristezas, alegrias e às vezes emoções tão grandes que nem podem ser
contadas. Batalha todo dia. Em cada vitória faz renascer a esperança e a
vontade de continuar. As condições de trabalho podem variar, mas professor
é professor, vive cada minuto do seu dia pensando na sua classe e gosta do
que faz.
110
Tulipa sintetiza o pensamento relatado pelos professores sobre o que os faz
continuar sendo professor ou professora, com um trecho de Guimarães Rosa:
O senhor...mire e veja que o mais importante e bonito do mundo é isto, que
as pessoas não estão sempre iguais, não foram terminadas, mas que eles vão
sempre mudando. Afinam ou desafinam – verdade maior. É o que a me
ensinou. Isso me alegra, montão.
Guimarães Rosa
3.4.2 Os alunos
Com os alunos também foi aplicado um questionário amplo, com questões
voltadas para o seu reconhecimento como aluno/ator e as práticas relacionadas ao seu
aprendizado, às relações sociais na escola, sua concepção de educação, de
meio
ambiente e o alcance do Projeto Revivavida em sua vida. (Anexo XXVIII) .
Diferente dos professores, os alunos foram convidados em sala para
responderem ao questionário. Após o preenchimento do questionário foi feito então uma
entrevista com os alunos participantes.
Não houve um critério de seleção específico; foi sugerido que o aluno estivesse
estudando na escola durante a realização do Projeto Revivavida, ou seja, entre os anos
de 2004 a 2006, mas uma aluna quis participar da pesquisa fora deste critério, já que
ingressou na escola em 2007.
Responderam ao questionário onze alunos, sendo dez alunos do ensino médio
matutino e um aluno do ensino fundamental matutino. As idades e o tempo que estudam
na escola estão indicadas no gráfico 2:
GRÁFICO 8 – Perfil dos Alunos Entrevistados
111
A entrevista com os alunos ocorreu em dezembro de 2008. Em sua maioria eram
alunos do 3º Ensino Médio matutino que estudavam na escola Altair Polettini desde a 5ª
série, participando inclusive da transferência do prédio da Escola Helena dos Santos
Alves para o prédio da escola Altair Polettini.
As relações interpessoais entre professores, alunos, direção e coordenação foram
questionadas para verificar se as relações interpessoais consideram professores, alunos e
direção no mesmo nível de relacionamento e se este relacionamento se dá de forma
amigável e participativa ou conflituosa.
Os professores descreveram sua visão sobre o jovem aluno de hoje:
Orquídea: Questionadores
Jasmim: Sem responsabilidade com o futuro. Frase preferida do aluno:
“Não dá nada, não!”
Tulipa: As crianças da atualidade estão muito mais influenciadas pelas
tecnologias modernas: celulares, internet, e-mail, jogos eletrônicos, Orkut,
chat’s on-line. É quase como se hoje em dia as pessoas precisassem desses
aparatos todos para alcançar a felicidade. Tecnologias avançadas que fazem o
mundo liberal, distanciam as gerações de pais e filhos.
Margarida: Não conseguem lidar com tantas informações e com isso ficam
confusos e agressivos.
Lírio: São insatisfeitos, inquietos, muito sem limites, não sabem muito bem
para onde direcionar suas vidas. O que é bom, é que são mais questionadores
e bem informados.
Rosa: Hoje os adolescentes estão mais espertos, mas ainda estão na fase de
festas e baladas – só pensa no hoje – Por isso é preciso que a família e
professores continuem a orientá-los.
112
Cravo: Vivem ansiosos, angustiados, muitos sem sonho.
Hortência: De um modo geral, bom. Às vezes tem alguns que pisam na bola,
mas dá para contornar. Gosto de resolver situações mais difíceis, é necessário
ter jogo de cintura
Percebe-se que a preocupação dos professores se insere no contexto histórico e
social em que vivem, em relação aos jovens de hoje. Uma geração envolvida com uma
grande quantidade de informações, que não consegue decifrar, o que leva estes jovens
muitas vezes a se frustrarem diante da individualidade e da competitividade geradas
pela sociedade moderna.
Na tentativa de interligar as vozes da base do Projeto Revivavida é apresentado
as vozes dos alunos a respeito de como eles se vêem como jovens estudantes na
sociedade e como vêem os professores nesta relação professor/aluno.
(Ser adolescente) é começar a ter responsabilidades, pensar no futuro e
começo de profissão (Céu e Sol)
É uma fase em que a gente se depara com a questão: “O que eu quero para
minha vida?”. E nesse meio tempo a gente vai se descobrindo, e podendo
construir a nossa personalidade adulta.( Lua)
Mas também reconhecem que nem todos os alunos jovens estão interessados na
educação como oportunidade de um futuro melhor (concepção dos alunos):
Gosto de aprender matérias novas. O que mais me incomoda são os alunos
que ficam na sala fazendo bagunça e atrapalhando quem quer aprender. Uma
boa experiência escolar seria aquela onde todos os alunos estivessem
querendo aprender.( Plutão).
Júpiter: Experiências em grupo (referente a uma boa experiência escolar). A
falta de interesse e muitas brincadeiras. Sempre há aquelas pessoas
engraçadinhas que atrapalham.
São questionadores e também aproveitam as oportunidades para
expressarem as suas opiniões quando não concordam com alguma situação,
concordando com Freire, que diz:
Aprender criticamente é possível. E essas condições implicam ou exigem a
presença de educadores e de educando criadores, instigadores, inquietos,
rigorosamente curiosos, humildes e persistentes. (FREIRE, 1996, p. 26).
Marte: A escola deveria exibir algum projeto para que todo os alunos que
quisessem participar, pudessem. Isso seria um estímulo para os alunos,
reanimando-os para os estudos.
113
O comentário dos alunos refere-se à diminuição de projetos que não foram
construídos de forma participativa e significativa para nos anos de 2008 e 2009. A falta
do diálogo e da organização participativa são fatores que dificultaram a continuidade do
projeto. Vale ressalta também que projeto socioambiental significativo para os alunos
foi a Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, em especial a do ano de 2006.
As relações professor–aluno não são sempre amigáveis, os conflitos e as
diferenças ocorrem no decorrer do caminho. E aprendem nas dificuldades, ambos
desaprovam atitudes que não condizem como uma educação cidadã baseada no respeito
e no diálogo.
Alunos Céu e Sol: Gostamos da experiência de poder adquirir conhecimento,
o que está nos incomodando, é a falta de respeito que alguns alunos têm no
decorrer do ano. Também o desinteresse de alguns professores. Precisaríamos
dos dois lados, quanto ao professor e do aluno, o interesse contínuo.
Professor Lírio: O respeito pelo outro, considero muito importante por que só
assim cada ser saberá seus limites. O dilema de todos os educadores é
justamente não ter sua profissão valorizada.
Aluna Urano: Eu gosto de vários professores e também dos funcionários da
escola. Mas o que me incomoda é quando um professor não tem nenhuma
experiência com alunos. Ou seja, aquele professor que só briga e humilha os
alunos. Isso me incomoda muito. E também alunos que não querem nada com
a vida, só querem brincar.
Percebe-se uma ação reflexiva na maneira como professor e aluno se enxergam
dentro da prática pedagógica. Reconhecer que existe uma dificuldade já possibilita uma
transformação.
Mudar é difícil, mas é possível, que vamos programar nossa ação políticopedagógica, [...] é assim que este saber que a História vem comprovando se
erige em princípio de ação e abre caminho à constituição, na prática, de
outros saberes indispensáveis. (FREIRE, 1996, p.79).
O diálogo é um desses saberes indispensáveis na tentativa de resolver conflitos,
o professor Jasmim relata na prática como o diálogo proporciona uma práxis
transformadora, respeita e reconhece e valoriza a atitude do outro:
Professor Jasmim: Sumiu uns DVDs, e conversei com a classe sobre a nossa
consciência, sobre pegar o que não é nosso etc. Ao final da minha fala, um
aluno me procurou e disse: “Foi mal, professora”. E me devolveu os DVDs.
É na realidade mediatizadora, na consciência que dela tenhamos educadores e
povo, que iremos buscar o conteúdo programático da educação. O momento
deste buscar é o que inaugura o diálogo da educação como prática da
114
liberdade. É o momento em que se realiza a investigação do que chamamos
de universo temático do povo ou o conjunto de seus temas geradores
(FREIRE, 2005, p. 101).
Educação não é transferir conhecimentos, não em uma educação que se propõe
ser crítica e transformadora. Para que esta prática seja uma realidade é necessária a
auto-avaliação dos professores quanto a sua prática pedagógica. “A reflexão crítica
sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria
pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo” (FREIRE, 2004, p. 22).
Professor Orquídea: (a respeito da avaliação) Usada ainda como instrumento
de “mediação do saber” e só... por alguns. Ainda não a vêem como
“feedback”.
Professor Hortência: A melhor avaliação para mim é o dia-a-dia do aluno.
Aproveitamento/assiduidade. No decorrer do ano damos provas bimestrais e
provão que ajudam o professor a conhecer seus alunos.
Professor Margarida: A avaliação deverá ser diagnóstica, destacando o que
não foi assimilado e quanto devemos mudar nossa prática pedagógica. A
avaliação centrada no interesse do aluno, construindo novos conhecimentos e
na interação professor-aprendiz.
Observa-se que ainda existe uma necessidade por parte dos professores em
avaliar seus alunos por meio de avaliações de conteúdo. É uma prática
institucionalizada e reforçada pelas avaliações externas. Não significa que o educador
esteja negando seu dever de ensinar, mas caracteriza que o educador transfere seus
conhecimentos (educação bancária) e espera que seus alunos correspondam ao
aprendizado transmitido. Uma das formas de se tentar transformar a avaliação
institucionalizada no “feedback”, citado pela professora Orquídea, é transformar a
situação em problema que pode ser questionado. “Os educandos vão se transformando
em reais sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo”. (FREIRE 2004, p. 26).
A proposta da educação emancipadora e da ecopedagogia é de uma “educação
que se faz muito mais por exemplos do que por palavras”. (PARO, 1995 apud
SEGURA, 2001, p. 104).
A seguir é apresentada a concepção que os professores e alunos têm de meio
ambiente.
É o meio de continuarmos a viver com qualidade de vida, se preservar e não
poluirmos mais. (Professor Margarida)
115
É o espaço ocupado pelo homem incluindo-se ar, água, solo, recursos
naturais, flora, fauna, demais seres vivos e todos . Inte-relações advindas
desse convívio. (Professor Tulipa)
É o espaço que você ocupa em qualquer lugar que esteja. Valorizando-o e
conservando-o. Tema que trabalhamos no decorrer do ano letivo. (Professor
Hortência)
É o mundo no qual vivemos, nosso habitat, nosso espaço. Onde a vida
acontece; no qual cada pessoa precisa se conscientizar para preservá-lo e
fazer dele um lugar melhor para as futuras gerações. (Professor Hortência)
Mundo em que vivemos nosso habitat, lugar onde as pessoas ainda “fingem”
não ver. ( Professor Orquídea)
É o nosso espaço no mundo, ar, água e terra. (Professor Jasmim)
O meio ambiente hoje é simplesmente tudo a nossa volta, precisamos nos
conscientizar de nossas obrigações e deveres em relação a economia de água,
a reciclagem, a poluição que nós – a sociedade jogamos nos rios, como
esgotos. (Professor Rosa)
Devemos preservá-lo para que não acabe destruído. Temos que ter
consciência hoje, para que nossos netos não sofram as conseqüências
amanhã. (Professor Lírio)
Gadotti (2000, p.35-37) dá parâmetros de como a educação deve estar
interligada com a educação socioambiental. A educação do futuro e as perspectivas
atuais da educação, entendidas nas categorias: planetaridade, sustentabilidade,
virtualidade, globalização, transdisciplinaridade.
A planetariedade dá a idéia de que o meio ambiente é o espaço de todos, sem
fronteiras ou limites politicamente determinados. Aparece quando os professores
reconhecem que fazem parte do mundo, o que não parece ser bem claro para alguns
professores que ainda compreendem o meio ambiente como sendo somente a natureza
que deve ser preservada. Também não fica muito evidente que os professores
reconheçam a planetaridade, como sendo cidadãos do mundo, já que aparece colocações
de que “é o nosso espaço no mundo”.
O conceito de sustentabilidade não parece ter sido ampliado para algo que vai
além dos recursos naturais. A idéia de que a sustentabilidade perpassa pela questão
econômica, social, política não fica explicita nos depoimentos, embora sejam tratados
nos temas do Projeto Revivavida, como educação ambiental.
A virtualidade, apesar de ter sido citada anteriormente como sendo uma
característica muito presente no jovem aluno de hoje, não foi colocada como uma das
características ambientais, talvez por ser um tema que, embora seja freqüente na escola
e com grande quantidade de informações, o professor ainda não conseguiu compreender
116
como ferramenta de educação ambiental. Pelo menos na teoria, pois na prática os meios
de comunicação vêm se difundindo no ambiente escolar.
Compreender a Terra globalizada é compreender que a ecopodagogia se
relaciona também entre o local e o global, é o sentimento de pertencimento no mundo.
Deve-se agir no seu local e ter consciência de que se está ajudando o global. Os
professores de alguma forma compreendem que atuando no espaço escolar estão
ajudando a sociedade no futuro e auxiliando na formação de cidadãos críticos e atuantes
na transformação social, como aparece nos documentos da escola e no Projeto
Revivavida, já que um dos temas trabalhados era a comunidade.
Em entrevista o professor Gerânio fala:
O que acontece é o seguinte: no meu ponto de vista nessa comunidade as
crianças são bem tratadas tanto pelo corpo docente, quanto pelos
administradores da escola, reflexo dessa atitude com relação escola-aluno, ou
seja, eles passam a tratar bem(...). Essa é a relação de amor que movimenta a
escola.(...) Sempre foi dessa maneira(...) ocorre desde 91 que eu estou aqui
nessa comunidade, nessa escola (...).
O professor entrevistado, além de trabalhar na escola Altair Polettini, mora
próximo à escola e fez com os alunos um trabalho durante a Conferência InfantoJuvenil pelo Meio Ambiente com o tema “Comunidade” que contou com a participação
da agente de saúde do Bairro (Ângela e a presidente da Acojamba). Em relatório da
Conferência em 2006, professor e alunos transcreveram a entrevista com a palestrante:
DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio
PALESTRANTE: ANGELA – AGENTE DE SAÚDE E DARLY –
ACOJAMBA
Alunos: Como eu vejo a comunidade?
Palestrantes: O bairro é agradável
Alunos: Por quê?
Palestrantes: Boa distribuição de escolas, creches, o posto de saúde atende às
necessidades dos moradores.
Alunos: O crescimento do bairro é um aspecto positivo ou não?
Palestrantes: Positivo, há a integração relativa dos moradores.
Alunos: Há uma integração da comunidade com o meio ambiente?
Palestrantes: Não existe uma falta de consciência de todos perante o ambiente
ecológico do bairro.
Alunos: Como mudar essa situação?
Palestrantes: Desenvolver uma consciência educacional. Usar a imprensa
como meio de informação desses problemas, voltada à comunidade.
Uma das maiores necessidades é a formação de uma parceria:
escola/comunidade/associação de moradores (Acojamba)
117
As preocupações não se limitaram a situações locais, sendo que temas como
sociedade, cidadania e mercado de trabalho puderam ser contemplados no mesmo ano
durante a Conferência, dando a dimensão globalizada.
O que parece ter faltado é a idéia de transdisciplinaridade na questão ambiental.
O meio ambiente foi conceituado pelos professores de acordo com a disciplina que
atuam, relacionando a natureza à ciência, o habitat às ciências humanas, embora tenham
escrito que:
A Interdisciplinaridade é uma etapa da transdisciplinaridade. Está é o estágio
final, é a unidade do conhecimento. (Tulipa)
O Revivavida é exatamente dessa forma, unindo disciplinas de todas as áreas,
juntamente com o corpo docente e discente. Passando experiências uns para
os outros. Trabalho em conjunto.( Hortência)
No entanto Freire reconhece:
Não há para mim, na diferença e na “distância” entre a ingenuidade e a
criticidade, entre o saber de pura experiência feito e o que resulta dos
procedimentos metodologicamente rigorosos, uma ruptura, uma superação. A
superação e não a ruptura se dá na medida em que a curiosidade ingênua, sem
deixar de ser curiosidade, pelo contrário, continuando a ser curiosidade, se
criticiza. (FREIRE, 1996, p.31).
Não se pode dizer que a transdisciplinaridade foi ignorada no processo de
aprendizagem. Ela não foi sistematizada metodologicamente no contexto ambiental,
mas foi fundamental para que as ações do Projeto Revivavida pudessem ser realizadas.
O conceito de Meio ambiente que se chegou aos alunos apresenta-se como um
paradoxo, uma contradição, pois existe uma falta de conexão entre os saberes e a
prática. Os alunos não reconhecem a dimensão de Meio Ambiente como contendo as
relações sociais, políticas, econômicas e históricas, mas reconhecem que o Projeto
Revivavida, em especial na Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, conteve
ações que tratavam de meio ambiente e cidadania.
Aluna Júpiter: - 1º Ensino Médio – 15 anos
O meio ambiente é muito importante, e por ele ser “nosso”, devemos cuidar
dele.
(Projeto Revivavida) é um projeto que incentiva os alunos a cuidar do nosso
planeta. [...]. Por causa de uma pessoa o resto da população paga pelo que ela
fez
Projeto que participou e foi significativo: Um dos projetos que me auxiliou
na aprendizagem foi a Conferência, pois aprendi mais sobre a ética e foi
muito divertido e também você pode conhecer e fazer novas amizades.
Aluna Mercúrio: - 1º Ensino Médio – 15 anos
118
O meio ambiente é uma coisa muito importante para os seres vivos, mas
muita gente não pensa assim e acaba prejudicando o meio ambiente.
Projeto Revivavida: é um projeto para conscientizar os alunos a cuidar mais
do nosso planeta Terra
Projeto que participou e foi significativo: A Conferência a feira de ciências (o
aluno refere-se a Mostra Cultural). A palestra sobre a solidariedade me
mostrou que sozinhos não conseguimos viver, e que é sempre importante
ajudar o próximo.
Aluno Saturno: - 2º Ensino Médio – 17 anos
Meio Ambiente é plantar mais árvores.
Projeto Revivavida : não respondeu – mas assinalou os projetos em que
participou, no final do questionário.
Projeto que participou e foi significativo: A Conferência me ajudou bastante
no ensino (...). Participo de quase todos os projetos escolares.
Aluna Lua:- 8ª Série Ensino Fundamental II – 14 anos
Meio Ambiente – eu acho uma questão que com certeza deve ser relembrada
e também discutida. O meio ambiente é o nosso pai e nós devemos cuidar
dele. É importante por que nós somos o futuro, e devemos nos empenhar
nessa questão (ambiental), e nada melhor que a escola para ajudar.
Projeto Revivavida: É um projeto voltado para a integração dos alunos com
questões sociais. A sociedade incorpora todos estes temas (educação
ambiental, ética, cidadania).
Projeto que participou e foi significativo: Eu comentava sempre sobre a
Conferência com minha mãe e também com meu pai, pois era um tema super
interessante. (refere-se ao tema sexualidade).
Para a aluna Lua, acima citada, a idéia do social está interligada com o
ambiental, como o proposto no Projeto Revivavida. Esta aluna pode presenciar após a
Conferência em que participou no tema sexualidade, com o auxilio da professora de
História, que se tornou multiplicadora, transmitindo seu aprendizado para as demais
salas do Ensino Fundamental e Médio (na época ela era aluna de 5ª série do Ensino
Fundamental).
Aluno Urano: - 2º Ensino Médio – 16 anos
Meio Ambiente: Precisamos preservar o meio ambiente. Todos nós
precisamos. É muito importante! Porque nos prepara para viver num mundo
limpo e preservar o que é nosso.
Projeto Revivavida: Foi um projeto que nos alertou sobre vários assuntos a
respeito do meio ambiente.
Projeto que participou e foi significativo: A Conferência me ajudou bastante,
por que aprendi muito de cidadania. Reciclar o lixo. Eu compartilhei com
minha família.
Aluna Estrela: 1º Ensino Médio – 14 anos
Meio Ambiente: O meio ambiente é muito importante para nossa vida, mas
muitos não pensam no ambiente assim e acabam prejudicando-o.
Projeto Revivavida: É para conscientizar os alunos a cuidar do planeta e não
destruí-lo. [...] Por exemplo uma pessoa joga uma latinha no rio e isso
contribui para o aquecimento global, então a atitude de um pode gerar uma
“confusão” no todo.
Projeto que participou e foi significativo: A Conferência sobre a ética foi
praticada por onde eu passo, por todos ao meu redor. Era muito bom, mas
seria melhor se houvesse mais conferências.
119
Na colocação desta aluna, percebe-se a característica de globalização, pois ela
reconheceu que uma atitude local pode desencadear uma situação global.
Alunas Céu e Sol: 3º Ensino Médio – 17 anos ( responderam o questionário
juntas)
Meio Ambiente: A concepção de meio ambiente é respeitar as matas, ter
consciência dos atos no local em que vivemos.
Projeto Revivavida: O Projeto Revivavida em que trabalhamos era baseado
em Conferências, com palestras de vários temas, campeonatos de jogos,
sempre visando o meio ambiente.
Projeto que participou e foi significativo: Palestras sobre o tema Mercado de
Trabalho (realizado durante a Conferência).Fizemos uma pesquisa com a
comunidade, qual era a maior dificuldade de encontrar um trabalho e
apresentamos isso em uma feira de exposições (refere-se a Mostra Cultural).
(Cita outros projetos significativos) O projeto de visitar faculdades, participar
do coral, campanhas de agasalho e alimentos e o projeto de voluntariado, pois
me ajudou a ser uma pessoa mais ética.
Vale ressaltar que uma das alunas, a Sol, está na escola desde a 5ª série do
Ensino Fundamental e a aluna Céu há dois anos. Vale transcrever o depoimento de
ambas quando são questionadas a respeito do que para elas é qualidade de ensino e se
acham que a Escola Altair Polettini proporciona esta qualidade.
Educação de qualidade seria trabalharmos em todas as disciplinas com livros
didáticos e incentivo aos vestibulares, pois o mundo em que vivemos exige
cada vez mais estudos [...] Nos cobram apenas para a entrada no mercado de
trabalho e não para as universidades [...].
A escola Altair Polettini apresentava sim, antes da proposta do governo com
as apostilas, que na maioria das vezes contém perguntas e respostas
repetitivas e antes o Altair Polettini continha métodos excelentes, com livros
didáticos ótimos para o nosso aprendizado.
Ressaltar a fala das alunas não significa ser condizente com a posição que elas
adotam em relação ao livro didático, mas mostrar o posicionamento crítico em relação à
escola pública.
Do ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a
educação deve ser uma prática imobilizadora e ocultadora de verdades [...]. A
educação é uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que além do
conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica
tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu
desmascaramento (FREIRE, 1996, p. 98-99).
É pensar a Educação Ambiental como o título proposto na dissertação de Segura
Educação Ambiental na Escola Pública – da curiosidade ingênua à consciência crítica.
120
Aluna Vênus: 3º Ensino Médio – 16 anos
Meio Ambiente: Tudo, tudo que existe deveria ser levado e estudado, não só
nas escolas. Pois se soubessem a importância que isso tem não fariam o que
fazem, degradando o meio ambiente.
Projeto Revivavida: É um projeto realizado desde 2004, no qual é realizado
várias atividades, uma delas é a Conferência, algo que só tem a acrescentar
na escola. No Projeto Revivavida é abordado todos os temas, não só o meio
ambiente, ética etc. No Projeto Revivavida se tem conhecimento de tudo,
assim fazendo com que pensamos em nossos atos.
Projetos que participou e foi significativo: Conferência, quando participei do
tema Preconceito e Violência, onde vi que ato que pensava ser inocente
realmente poderia magoar algumas pessoas. Mudei minha maneira de pensar.
Esse foi o melhor projeto que a escola já elaborou, deveria continuar.
Fizemos uma “exposição” com fotos, discutindo o assunto com familiares,
sabendo de suas opiniões e expressando as minhas.
Aluno Marte – 3º Ensino Médio – 17 anos
Meio Ambiente: O meio ambiente é muito importante não só para a escola
como para todos, nos ensinando a conviver em locais preservados e
melhores. A educação ambiental na escola é muito importante porque ensina
os jovens a obter conhecimento e preservação dos locais de convivência.
Projeto Revivavida: É um projeto realizado na escola sobre o meio ambiente
no ano de 2004, mas que acabou desaparecendo da escola sem motivos, esse
projeto era estimulante porque dava palestras nas conferências ensinando os
alunos. O Projeto Revivavida é um projeto de educação ambiental, de
cidadania, de ética por que ensina os alunos com uma educação que todos
deveriam ter, a de conscientização sobre o meio ambiente.[...] Aprendemos
também a convivência, melhorou até o rendimento escolar
Projetos que participou e foi significativo: Eu participei do projeto sobre
qualidade de vida ( um dos temas da Conferência).
Conclui-se pela fala dos alunos participantes do questionário que o termo meio
ambiente é presente no cotidiano escolar, uns tem consciência do alcance deste termo,
outros ainda o fragmentam na questão da relação do homem com a natureza, mas em
algum momento da fala, o relacionam com a questão social na visão do homem que se
interage com outros homens que vivem em sociedade, o que acaba resultando na
degradação ambiental.
A respeito do alcance histórico do Projeto Revivavida, considera-se que para a
maioria dos alunos isto se concentra na Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio
Ambiente. (Ver Anexo XXIII). Já os professores identificam mais o trabalho de forma
inter e transdisciplinar com os conteúdos escolares.
É o aluno vivendo e aprendendo os diversos valores que engloba todo o
processo dos conteúdos ensinados ( Professor Cravo)
É um reviver, viver novamente todos os dias. “Ensinou” e incentivou os
alunos a serem pessoas melhores na prática cotidiana (Professora Orquídea).
O projeto resgata um leque de valores desde a responsabilidade e
compromisso de cada aluno a ações de solidariedade e preservação do meio
ambiente, incorporando novas habilidades e competências do cotidiano de
121
cada aluno. Ele foi idealizado para resgatar valores de participação para a
construção de uma comunidade com ideais de cidadania, amizade,
solidariedade e a formação cultural do aluno integrante do projeto (Professora
Tulipa).
Mesmo que as nomeclaturas, conceitos e definições não estejam explícitos em
suas colocações, o Projeto Revivavida conseguiu agregar os princípios de uma educação
emancipadora, libertadora e voltada para a ecopedagogia, que leva à criticidade e a
práxis transformadora, que proporcionou ações e reflexões em concordância ligadas aos
princípios da Carta da Terra:
1Respeitar a Terra e a vida;
2Cuidar a comunidade da vida em toda a sua diversidade;
3Esforçar-se por edificar sociedades livres, justas, participativas,
sustentáveis e pacíficas;
4Garantir a abundância e a beleza da Terra para as gerações atuais e
futuras;
5Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra,
com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos
naturais que sustentam e renovam a vida;
6Previnir o dano ao ambiente, como o melhor método de proteção
ecológica,e,quando o conhecimento for limitado, tomar s senda da prudência;
7Tratar todos os seres vivos com compaixão e protegê-los de crueldade
e de destruição desnecessária;
8Adotar padrões de consumo, produção e reprodução que respeitem e
protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bemestar comunitário;
9Garantir que as atividades econômicas apóiem e promovam o
desenvolvimento humano de forma equitativa e sustentável.
10Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social, econômico e
ecológico.
11Honrar e defender o direito de toda pessoa, sem discriminação, a um
ambiente que favoreça sua dignidade, saúde corporal e bem-estar espiritual.
12Impulsionar em nível mundial o estudo cooperativo dos sistemas
ecológicos, a disseminação e aplicação do conhecimento e o
desenvolvimento, adoção e transferência de tecnologias limpas.
13Estabelecer o acesso à informação, à participação inclusiva na tomada
de decisões e à transparência, credibilidade e responsabilidade no exercício
do governo.
14Afirmar e promover a igualdade de gênero como pré-requisito do
desenvolvimento sustentável.
15Fazer do conhecimento valores e habilidades necessárias para forjar
comunidades justas e disponíveis para que parte integral da educação formal
e da aprendizagem ao longo da vida para todos.
16Criar uma cultura de paz e cooperação.
(CARTA DA TERRA – RIO 92 apud GADOTTI, 2004).
122
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Errantes em nós mesmos e no mundo errante, precisamos de renascimentos.
Precisamos de recriação poética.
Severino Antônio
Compreender como se articula a educação e a educação socioambiental foi uma
experiência gratificante. Quando me propus a pesquisar tais temas não tinha a idéia da
dimensão a que ambos podiam chegar. A princípio utilizando mais a intuição e a prática
do que da metodologia fui me enveredando por trilhas que me eram desconhecidas e
confesso que até um pouco assustadores.
Aos poucos fui descobrindo autores e vozes com quem dialoguei para
compreender o que aparentemente deveria ser feito e ao contrário, fui buscar na teoria
os fundamentos do que aprendi na prática.
A construção do Projeto Revivavida era uma idealização utópica de professora
que passou a ser coordenadora e assumiu o papel de dirigente dentro do Projeto, e como
tal procurei fazer com que a voz dos atores sociais envolvidos fosse escutada em outros
cantos. Acreditei na força e transformação que a educação pode ter na luta de uma
comunidade que procura caminhar unida, apesar dos conflitos. Que tira dos conflitos
um aprendizado.
Esta análise, no entanto, é parcialmente conclusiva, sendo que o “objeto” de
estudo é muito específico: se trata de um projeto de educação socioambiental, o Projeto
Revivavida, que foi desenvolvido na Escola Estadual Altair Polettini e que deve ser
analisado dentro do seu contexto. É um estudo de caso e os seus resultados parciais são
válidos na sua localidade.
Com esta pesquisa, reforcei a crença de que os laços afetivos que se constroem
entre educador e educando não atrapalham em nada o aprendizado, pelo contrário,
fortalecem a cumplicidade durante o processo de aprendizagem.
Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as
condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos
com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumirse. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante,
transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz
de amar. (FREIRE, 2004, p. 41).
123
As mudanças e transformações podem não ser totais, nem radicais, talvez muito
ainda se tenha que melhorar e almejar. Mas acreditar que isso é possível já é um
começo, acreditar que um dia a educação poderá ter um olhar que enxerga a realidade
como um todo e não separadamente, como escreve Gadotti (2000, p.40) sobre o
pensamento de Morin: “A missão primordial do ensino implica muito mais aprender a
religar do que aprender a separar o que foi feito até o presente.” Este, no meu entender é
um dos fatores que deve ser priorizado na continuidade do Projeto Revivavida e das
práticas ambientais. Tanto professores como alunos reconhecerem a inter e a
transdisciplinaridade dentro do Projeto Revivavida, mas não conseguiram em sua
maioria ligar os saberes chamados científicos aos saberes populares, aqueles que estão
ligados à vivência do educando e lhes dá condições para chegar ao conhecimento
planetário. A transcender para além dos conteúdos. “A complexidade não anulou; pelo
contrário, fortaleceu a necessidade de incorporar a questão do poder no saber”
(GADOTTI, 2000, p. 41). Educadores e educandos, quando reconhecem no seu
cotidiano o saber, conseguem reconhecer o poder de transformação.
Proporcionar espaços para que ocorra o diálogo destes saberes faz parte da
construção do conhecimento. O respeito, a humildade e a tolerância devem estar
presentes nestes espaços, como ocorria na Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio
Ambiente, que era o espaço de troca de experiências, de troca de saberes, de
aprendizagem para educadores e educandos.
Incentivar e estimular práticas nas quais estes saberes podem ser trocados,
vivenciados e experimentados deve ser uma das funções das instituições apoiadoras dos
projetos educacionais e das políticas públicas. Os recursos financeiros e materiais não
devem ser a mola propulsora para o desenvolvimento destas ações, mas antes o diálogo,
a troca de experiências que estas instituições podem oferecer para minimizar os efeitos
do consumismo próprio das sociedades capitalistas, que valorizam mais o TER ao SER.
Proporcionar práticas de solidariedade e cooperativas, ao invés de práticas competitivas
e individualistas, como a premiação em concursos, por exemplo. O Projeto Revivavida
nasceu para atender a esta demanda – um concurso, mas ao se consolidar como
movimento social e dar voz as suas bases tornou a premiação um fator pouco relevante.
A luta foi em tentar dar continuidade ao Projeto Revivavida para que ele tivesse um
alcance histórico, que fosse referência no aprendizado dos alunos, que proporcionasse a
transformação social local, participando da transformação global.
124
Ao analisar o Projeto Revivavida como um movimento social, percebe-se que a
intencionalidade das ações era atingir a sociedade, começando pela localidade. Durante
a divulgação das ações do Projeto Revivavida, ele transmitia sua proposta de educação
libertadora, usando a arte e a cultura para transmitir a realidade com criticidade.
Mas se tudo parecia caminhar tão perfeitamente por que as ações do Projeto
Revivavida acabaram se perdendo? Até mesmo a Conferência deixou de ser realizada.
Por quê?
As ações do Projeto Revivavida fundamentavam-se no diálogo, na organização
participativa, no idealismo e no comprometimento de suas lideranças e bases
demandatárias.
A preocupação em se cumprir a determinação da nova política pública estadual,
como a nova proposta curricular, atingir melhores índices no IDESP e no SARESP,
deram a falsa impressão de que os projetos de Educação Ambiental não faziam parte da
nova grade curricular. A preocupação passou a ser o trabalho direcionado e fragmentado
com as competências leitoras, escritoras e matemáticas, reforçada pela grande
quantidade de informações que parecem se desarticular das disciplinas e do contexto
histórico e social.
Fragmentou-se e compartilhou novamente os saberes em disciplinas,
desarticularam-se os conteúdos dos saberes populares. Com esta desarticulação, o
diálogo e a reflexão também diminuíram. “À medida que não há diálogo, os objetivos
do trabalho não são partilhados. Ademais, a dialogicidade é fundamental na formulação
de projetos pedagógicos.” (SEGURA, 2001, p.192).
Outro problema também citado pela Direção, como sendo uma das dificuldades
de continuidade dos projetos do Revivavida, foi a “rotatividade” dos professores.
Mesmo a escola contando com mais de cinqüenta por cento de professores efetivos no
seu quadro de funcionários, o que proporciona os sentimentos de pertencimento e
comprometimento com as atividades socioambientais, todo ano existe novos
profissionais, e alguns, por não se sentirem pertencentes ao lugar, não compreendem
que:
[...] ensinar exige comprometimento.[...] Afinal, o espaço pedagógico é um
texto para ser constantemente “lido”, interpretado,”escrito” e “reescrito”.
Neste sentido, quanto mais solidariedade exista entre o educador e educandos
no “trato” deste espaço, tanto mais possibilidades de aprendizagem
democrática se abrem na escola (FREIRE, 2004, p. 96- 97).
125
A identidade do Projeto Revivavida enquanto movimento social, também se
perdeu. “A identidade é uma somatória de práticas a partir de um referencial”. (GOHN,
1997, p.261). O próprio contexto sociopolítico ajudou na desarticulação das lideranças e
conseqüentemente do movimento.
Retomar as ações do Projeto Revivavida, como propõe a direção da Escola
Estadual Altair Polettini, é proporcionar a continuidade do movimento de
transformação. Alguns caminhos podem ser trilhados para que o foco principal, que é a
educação socioambiental libertadora, não se perca novamente no caminho, e que suas
conquistas e derrotas sejam um estímulo a mais para a continuidade do Projeto.
O diálogo deve ser um dos conceitos fundamentais do planejamento
participativo, para proporcionar espaços de vivência e convivência entre as bases, como
sugere a Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, tão importante para os
alunos, para saber ouvir os desejos e as necessidades de educandos e educadores.
Ampliar o alcance de atuação do projeto. Atingir a comunidade e a sociedade, de
forma que todos assumam um compromisso de responsabilidade e mudanças. É
necessário descobrir caminhos juntos, na coletividade, no planejamento participativo,
para garantir a tão almejada sustentabilidade planetária.
A experiência educativa crítica e reflexiva leva ao entusiasmo e ao
reencantamento, e ao nos reencantarmos nos sentimos alegres, sensíveis e criativos, nos
dando desejos e esparanças, nos faz sentirmos pertencentes, e ao pertencer nos
reencantamos formando um ciclo. Um ciclo que nos leva ao princípio, a origem, ao
nascer, ou melhor, nos faz renascer, nos faz reviver, retornar a viver. O Projeto
Revivavida tem esta característica de reviver, de buscar na esperança vivida o
entusiasmo para ressaltar a nova esperança que permanece e pode ser recriada.
Mais do que uma dissertação de mestrado, as considerações deste trabalho tem a
ver com a concretização de um sonho, de que escola pública pode ser crítica,
humanizada, transformadora e de qualidade.
O reencantamento da educação requer união entre sensibilidade social e
eficiência pedagógica. Portanto, o compromisso ético-político do/a
educador/a deve manifestar-se primordialmente na excelência pedagógica e
na colaboração para um clima esperançador no próprio contexto escolar.
(ASSMANN, 2007, p. 34).
126
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134
ANEXO 1 - DADOS DA E.E. Profa.Dra. ALTAIR F.F.POLETTINI
I – IDENTIFICAÇÃO/ CARACETRIZAÇÃO DA U.E.
NOME: E.E. “PROF.DRA.ALTAIR F.F.POLETTINI”
D.E.: MOGI MIRIM – SP
ENDEREÇO: Rua: Bráulio de Souza Leite s/n
CEP: 13.8803.096
TELEFONE: (019) 3804399 - 38049805
ATO DE CRIAÇÃO OU AUTORIZAÇÃO: Decreto 45.860 de 18 de junho de 2001
DENOMINAÇÃO ANTERIOR: “E.E.JD.MARIA BONATTI BORDIGNON”
NOME DO(A) DIRETOR(A): Miriam Aparecida da Silva Sobral
1º VICE-DIRETOR(A): Sissi Regina Gardin
PROF.COORDENADOR(A) DIURNO: Samira Maximiano Schiavon
SECRETÁRIO(A) DE ESCOLA: Gilséa Aparecida Piovesana Taveira
CÓDIGO C.I.E. 924891
CÓDIGO DA U.A. 25251
ENTIDADE MANTENEDORA: SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
CURSOS QUE MANTÉM:
ENSINO
FUNDAMENTAL
DIURNO
5ª- 6ª - 7ª - 8ª
SÉRIES
NOTURNO
EJA TELECURSO/2000 (Centro de Ressocialização
Carcerária)
ENSINO MÉDIO
REGULAR
1ª - 2ª - 3ª
SÉRIES
1ª - 2ª -3ª SÉRIES
EJA-TELECURSO/2000 EE.Altair Polettini
Centro de Ressocialização Carcerária
ENSINO MÉDIO - EJA
NÚMERO TOTAL DE CLASSES DA U.E.:
22
( 20 na u.e. e 02 no Centro de Ressocialização Carcerária- Telecurso 2000-EF/EM)
HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO DA ESCOLA
MANHÃ
TARDE
NOITE
DAS 7:00 ÀS 12:15 HORAS
DAS 12:45 ÀS 18:00 HORAS
DAS 19:00 ÀS 23:00 HORAS
NÚMERO DE ALUNOS DA ESCOLA
291
ALUNOS
278
ALUNOS
246
ALUNOS
815
ALUNOS
NÚMERO TOTAL DE PROFESSORES
MANHÃ
TARDE
NOITE
TOTAL
PROF.ED.BÁSICA -II
TITULARES- 22
OFA-27
TOTAL DA U E
TITULARES- 15
OFA-16
QUADRO COMPLETO
(
( X ) NÃO
) SIM
e
135
NÚMERO TOTAL DE FUNCIONÁRIOS
Agente de Serviços Escolares Efetivo
: 01
Agente de Serviços Escolares Efetivo- Afastado junto ao TRE
: 01
Agente de Serviços Escolares Contratatado
: 03
Secretário de Escola – QAE :
01
Merendeiras:
04
TOTAL DA U.E.
10
O QUADRO ESTÁ COMPLETO?
Fonte: Plano Gestão Quadriênio 2007/2010
SIM
NÃO
x
136
ANEXO II - CARACTERÍSTICAS DA CLIENTELA
CARACTERÍSTICAS DA COMUNIDADE
A comunidade do entorno da escola é composta de famílias da classe trabalhadora em
sua grande maioria. Há famílias de melhor poder aquisitivo que pode ser percebido pelas
melhorias nas residências, propriedade de automóvel e vestuário. A escola fica centralizada
entre três bairros próximos que são: Jardim Maria Beatriz, Jardim Maria Bonatti Bordignon e
Jardim Parque Real. São bairros relativamente pequenos, as famílias em sua maioria são
proprietárias de casas tipo popular em alvenaria. As ruas são todas asfaltadas, há transporte
coletivo, coleta de lixo, água, luz e esgoto. O bairro onde a escola está localizada é um dos
limites urbanos, paralelo à rodovia SP/340 e em seu entorno possuem pequenas chácaras e sítios
de moradia e veraneio. Nota-se atualmente a expansão industrial e comercial nas proximidades,
tais como, algumas indústrias multinacionais, supermercados, pequenos comércios, depósitos de
materiais de construção e concessionárias de revenda de veículos.
A escola está localizada no Jardim Maria Bonatti Bordignon e atende alunos de 5ª EF a
3ª EM dos bairros Jardim Maria Bonatti, Jardim Parque Real , Jardim Maria Beatriz, Bairro
Santa Cruz e Assentamento “22 de Outubro”- Horto de Vergel. Os bairros possuem boa infraestrutura com residências em sua maioria de casas tipo populares, famílias em sua maioria bem
estruturadas, bem atendidas em relação ao comércio e serviços e se orgulham de ter a escola
Altair como ponto de referência, pois esta foi construída através de um movimento da
comunidade. Os bairros se limitam próximos às rodovias SP147 , SP340 e distrito industrial do
município.
Em relação ao Assentamento 22 de Outubro, a vida é muito difícil, onde sua
localização se distancia da escola em torno de 15 km. Os alunos se locomovem para a escola
através do transporte coletivo da prefeitura. Nesse local, predomina uma vida sacrificada, com
moradias em barracos e atualmente em fase de construção as casas de madeira ou alvenaria. O
meio de subsistência é o plantio de arroz, milho, café e possuem uma cooperativa. Esse local foi
motivo de conflitos devido à exploração da madeira do eucalipto, que era um dos motivos de
orgulho dos cidadãos mogimirianos. Os alunos do assentamento mostram-se insatisfeitos com a
situação, pois muitas dificuldades são enfrentadas, tais como: falta de água encanada, difícil
acesso, ausência de comércio e serviços, discriminação etc.
A clientela escolar é predominante dos bairros de seu entorno, sendo uma minoria do
Assentamento, pois embora residam muitas crianças e adolescentes no local, estão subdivididos
estudando em diversas escolas da cidade.
SÍNTESE DE HISTÓRICO DA ESCOLA NA RELAÇÃO COM A
COMUNIDADE
[...] A escola tem como Diretora a Professora Miriam Aparecida da Silva Sobral, sendo
a primeira diretora efetiva desde sua inauguração em 2002, onde permanece até hoje. A escola
localiza-se na Rua Bráulio de Souza Leite s/n – Jd.Maria Bonatti Bordignon - Mogi Mirim – SP
e atende atualmente alunos de 5ª(EF) à 3ª (EM) e Telecurso/2000, num total de 19 classes e
atende também mais duas classes no prédio do Centro de Ressocialização Carcerária (AMPAC)Telecurso/2000 ( EF e EM). O prédio escolar possui oito salas de aula, uma sala de informática ,
um pátio coberto e uma quadra poliesportiva de seiscentos metros quadrados.
Após o levantamento de dados a respeito da situação sócio-econômica dos alunos,
pode-se perceber que têm um perfil sócio-econômico estável, onde a maioria mora em casas de
137
alvenaria, tipo populares, próprias ou alugadas nas proximidades da escola; uma porcentagem
de aproximadamente 30% moram na zona rural e utilizam de transporte coletivo, subsidiado
pela Prefeitura Municipal, e uma pequena parcela mora no Assentamento 22 de Outubro no
Horto do Vergel.
A totalidade dos alunos têm acesso aos meios de comunicação como TV e Rádio, mas
uma pequena parcela tem o hábito de leitura de jornais ou revistas.
A renda das famílias gira em torno de 01 a 03 salários mínimos, sendo que há um
número relevante de pais que trabalham no mercado informal, sem registro trabalhista, existe
também uma parcela de pais que estão desempregados ou subempregados.
Em geral o bairro é tranqüilo, sem grandes problemas de violência. Conta com uma
associação de moradores a ACOJAMBA. Possui infra-estrutura de água, luz, esgoto, coleta de
lixo e asfalto. As áreas de lazer se restringem a duas quadras poliesportivas, sendo uma a da
escola que é aberta a comunidade nos finais de semana e outra de futebol society, de uso
particular mediante aluguel. Uma praça abandonada atrás da escola, um salão paroquial católico
em construção ao lado da escola, que às vezes a escola utiliza em parceria com a igreja para a
realização de eventos que envolvem a escola toda. As comemorações da escola como o Dia das
Mães que tem apresentação de danças e músicas e a Festa Junina com Orquestra de Violeiros e
Catireiros e reúne cerca de duas mil pessoas no pátio da escola são os grandes acontecimentos
sociais no bairro.
O bairro conta com um Posto de Saúde, creche, estabelecimentos comerciais como
supermercados, lojas, farmácia, padaria, dentistas, empresas e fica próxima a duas rodovias a SP
340 Campinas- Poços de Caldas e Rodovia-SP147 que liga Mogi Mirim – Itapira. É de fácil
acesso de carro e de transporte coletivo, sendo o bairro atendido por várias linhas de ônibus.
Observando sua área verde podemos verificar que o bairro é arborizado nas vias
públicas, mas existem alguns terrenos que necessitam ser fechados e limpos. O ar vem sofrendo
com o esgoto de uma empresa próxima ao bairro. Na micro-bacia da escola temos o Córrego do
Lavapés , que necessita de cuidados com sua mata ciliar e com o lixo em suas margens.
CARACTERÍSTICAS DA CLIENTELA
A maior parte dos alunos da escola reside no bairro Jardim Maria Bonatti Bordignon,
onde a escola está localizada e também nos bairros Jardim Maria Beatriz , Santa Cruz e Jardim
Parque real. A escola atende também um número significativo de alunos da zona rural e do
assentamento do Horto do Vergel (Assentamento 22 de outubro). Estes últimos utilizam-se de
transportes escolares do Departamento de Educação e Cultura do Município de Mogi Mirim,
para chegarem à escola.
Os alunos do assentamento são extremamente carentes economicamente e muitos deles
sofrem de carência afetiva também.
Os demais, em sua grande maioria, são alunos com famílias melhores estruturadas sem
grandes problemas de ajustamento familiar. Os alunos do curso noturno são em sua maioria
trabalhadores na faixa etária entre 16 e 40 anos, em virtude de a escola atender à clientela do
Telecurso/2000 e Ensino Médio Regular. O nível cultural das famílias é bastante heterogêneo,
de 1º grau incompleto a nível superior e alguns analfabetos.
Os alunos em sua maioria são freqüentes, com um número pequeno de evasão escolar.
A escola atende alunos do Ensino Fundamental , nos períodos da manhã e tarde e alunos
do Ensino Médio Regular, nos períodos da manhã e noite. Atende também alunos do EJATELECURSO/2000- ENSINO MÉDIO.
Fonte: Plano Gestão 2007/2010
138
ANEXO III - PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA E.E. PROFa. Dra.ALTAIR
F.F.POLETTINI
Centrados na construção de uma educação com qualidade social e deixando de lado o
individualismo, Direção, Coordenação, Alunos, Funcionários , Professores e Comunidade
procuram atuar e executar planos e projetos avaliando os resultados finais, diagnosticando e
revendo o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, procura-se construir coletivamente
os objetivos que todos almejam alcançar, que é a constante busca de uma educação de
qualidade.
Assim, a E.E.Prof.Dra.Altair F.F.Polettini, estará centrada na busca constante de meios
que possibilitem a consecução da proposta pedagógica em todas as séries do ENSINO
FUNDAMENTAL, DO ENSINO MÉDIO REGULAR E DO EJA- TELECURSO/2000, tendo
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, preparando-o para o exercício da
cidadania , saúde, preparação para o trabalho e convívio em sociedade. Quanto ao EJATelecurso/2000-EM, objetivará suprir a escolaridade regular de jovens e adultos que não a
tenham concluído em idade própria.
O compromisso com a qualidade de ensino será assumido pela equipe escolar que
buscará organizar-se didática e pedagogicamente, intencionalmente, para implementar a
proposta educacional no sentido de aproximá-la do ideal que se pretende alcançar.
Assumida a proposta pela equipe escolar, o desafio continua sendo o de reduzir ao
máximo os índices de evasão e retenção.
Estando a E.E. PROF.DRA.ALTAIR F.F.POLETTINI, em 2007, atendendo
exclusivamente pré-adolescentes e adolescentes e levando-se em conta o perfil levantado e a
faixa etária dos alunos, a Escola buscará ir além da simples transmissão de conteúdos para
formar cidadãos ativos e conscientes a partir de uma Escola realmente competente, entusiasta,
estimulante e comprometida com os interesses maiores da comunidade.
Diante do levantamento sócio-econômico do bairro, o princípio motivador para a
execução do projeto, terá como foco principal a incorporação total entre as pessoas do bairro e
a escola, num constante compromisso de todos no que diz respeito à Cidadania e Saúde, tendo
como preocupação, promover o respeito ao próximo e ao próprio corpo, com a melhoria da
qualidade de vida e das relações interpessoais, tendo em vista a onda de violência e depredações
que permeiam o país.
O Projeto Político Pedagógico da Escola, considera o aluno uma identidade única,
dedicando especial atenção à formação cidadã e solidária, desenvolvendo suas atividades
através de trilhas educativas, culturais e sociais.
Os alunos e a comunidade em geral, devem saber transformar o saber curricular em
ações concretas que os levarão a serem percussores individuais e sociais.
Segundo Phillipe Perrenoud (1997), competência constitui-se como “saber em uso” em
oposição ao saber inerte. É isso que queremos para nossos alunos, que eles tenham um
diferencial nos seus saberes. E é com esta proposta que o Plano estará direcionado, ou seja, o
compartilhamento dos saberes curriculares com as atividades práticas articuladas com a
comunidade que visem uma melhoria na qualidade de vida, na elevação da auto-estima e em
ações para um desenvolvimento sustentável, garantindo assim recursos naturais e melhorando as
relações sociais das gerações futuras.
A Educação está num momento em que seus agentes devem compreender a função
social que a escola exerce e situá-la no mundo moderno, onde ocorrem variações em diferentes
momentos da história.
Não se pode mais pensar numa escola estática e antiquada, é preciso compreender o
contexto e as relações em que se desenvolve a prática educativa, onde cada um que nela trabalha
tenha a percepção que ela não está solta no espaço, mas articula-se com o mundo à sua volta e
nesse contexto, todos nós educadores devemos buscar as mudanças naquilo que pode ser
139
mudado, procurando envolver a comunidade num processo de teias de aprendizagem através do
acolhimento por parte de todos, de forma que proporcione a todos:
•
•
•
•
•
•
Uma aprendizagem através de uma atividade produtiva/prática em ambiente criativo e
criador, respeitando as particularidades dos sujeitos individuais e coletivos;
O comprometimento dos diversos setores do entorno escolar no projeto de preservação
do meio ambiente, de preocupação com o ser humano( cidadania e saúde) e gestão do
mesmo como co-responsáveis pela sua execução e sucesso;
A valorização do educando como sujeito dotado de saberes e conhecimentos
socialmente construídos através de um currículo flexível e articulado com as reais
necessidades do mesmo;
A formação de cidadãos éticos, autônomos, responsáveis e conscientes da sua
contribuição, pela atuação coletiva na sociedade, para alterar a situação de
vulnerabilidade social.
A real transformação, a mudança de comportamento, as atitudes, a incorporação de
novas habilidades e competências necessárias à compreensão do seu cotidiano, a vida
social, profissional e cidadã.
O uso das tecnologias, da quadra poliesportiva, da biblioteca, do pátio e demais
dependências da escola pela comunidade, onde estarão inseridos no projeto de
educação comunitária e Projeto Escola da Família, sendo a escola também um espaço
de acolhimento de pertencimento na vida da comunidade, socializando saberes e
experiências.
Fonte: Projeto Político Pedagógico,2008.
140
ANEXO IV - A ELABORAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
Para construirmos o Projeto Pedagógico da EE.PROF.DRA.ALTAIR F.F.POLETTINI,
houve a necessidade de muitos encontros, discussões e diagnósticos ao longo dos anos.
Tivemos a intenção de a escola e nossos profissionais, realizarmos um trabalho de qualidade,
que será o resultado de reflexões e questionamentos de todos os envolvidos sobre o que é a
escola hoje e o que poderá a vir a ser. Visa, assim, inovar a prática pedagógica da escola e
elevar a qualidade do ensino.
Tudo está sendo levado em consideração: as práticas e as necessidades da comunidade
escolar, as diretrizes nacionais ,as normas e regulamentos e as orientações curriculares e
metodológicas do sistema de ensino da Secretaria de Estado da Educação do Estado de São
Paulo.
Princípios nos quais se baseia o Projeto Pedagógico em nossa escola:
1- Garantia do acesso e permanência dos alunos na escola;
2- O sucesso da aprendizagem do aluno na escola;
3- A Gestão Democrática e Participativa;
4- A valorização dos profissionais da educação;
5- A qualidade do ensino;
6- A organização e integração curricular;
7- A integração escola – família – comunidade;
8- A autonomia
Partimos do diagnóstico da realidade escolar, onde consideramos os aspectos pedagógicos,
administrativos , financeiros e jurídicos.
No aspecto pedagógico, foram analisados a proposta pedagógica ( objetivos, conteúdos,
metodologias de ensino e processo de avaliação); faixas etárias, posição social, necessidades e
valores dos alunos, dados sobre repetência e evasão; relação idade/série; estratégias para
recuperação dos alunos com menor ou baixo rendimento escolar; valorização dos profissionais
da educação.
No aspecto administrativo, recursos materiais e humanos; composição das equipes de
funcionários, organização da escola, qualificação e atualização dos professores.
No aspecto financeiro, recursos disponíveis; necessidades e carências; formas de aplicação das
verbas, tendo-se como prioridade o processo ensino-aprendizagem.
No aspecto jurídico, a relação que a escola mantém com a sociedade e com as várias instâncias
do seu sistema de ensino, a sua autonomia, dentro dos princípios da legalidade, e com
responsabilidade.
As estratégias para esse diagnóstico, levou-se em consideração a evolução das matrículas, os
índices de aprovação , reprovação e evasão escolar; a situação sócio-econômica das famílias, a
análise e interpretação de avaliações externas – SARESP, SAEB, IDEB, IDESP, ENEM; análise
dos estudos sobre a situação da educação básica; ciclos de debates com a comunidade,
destacando-se a realidade de nossa escola.
Fonte: Plano Gestão 2007/2010
141
ANEXO V – CERTIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO – 1º LUGAR NO PROGRAMA
MEIO AMBIENTE E A ESCOLA – 2004
Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2004
142
ANEXO VI – CERTIFICADO DE RECONHECIMENTO – SELO ESCOLA
SOLIDÁRIA - 2005
Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2005
143
ANEXO VII – CERTOFICADO
CIDADANIA BRASIL - 2006
DE
CLASSIFICAÇÃO
Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2006
NO
INSTITUTO
144
ANEXO VIII – CERTIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO – 2º LUGAR NO
PROGRAMA MEIO AMBIENTE E A ESCOLA - 2005
Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2005
145
ANEXO XIX - CERTIFICADO DE RECONHECIMENTO – MOSTRA DE LEITURA
- 2005
Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2005
146
ANEXO X - CERTIFICADO DE RECONHECIMENTO – APRESENTAÇÃO DO
CORAL 2004
Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini, 2004
147
ANEXO XI – CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO – DIA DO DESAFIO - 2005
Fonte: Arquivo da Escola Estadual Altair Polettini,2005
148
ANEXO XII - TABELA 1 – TEMAS GERADORES E OS PROJETOS
TEMAS
GERADORES
PROJETOS
ANO DE
INÍCIO
ANO DE TÉRMINO
CIDADANIA E SAÚDE
•
Coral
•
2002
•
2005
•
Dança
•
2001
•
Permanecem
•
Conferência
Infanto-Juvenil
pelo Meio
Ambiente
•
2004
•
2006
•
Mostra Cultural
•
2006
•
2006
•
Campanhas do
Agasalho
•
2003
•
Permanece
•
Campanhas de
Alimentos
•
2003
•
Permanece
•
Campanha de
Produtos de
Higiene para (Casa
Assistencial de
Idosos)
•
2004
•
Permanece
•
Visita a entidades
assistenciais
•
2004
•
Permanece
•
Campanha de
Natal (distribuição
de presente e festa
natalina com os
alunos das 5ª e 6ª
séries do Ensino
Fundamental
•
2007
•
Permanece
•
Comemorações e
Confraterniza-ções
•
2001
•
•
Permanecem;
Exceção- Festa do
Folclore – 2003
149
Dia das Mães;
Dia dos Pais;
Dia dos Professores;
Festa Junina;
Festa do Folclore;
Desfile Cívico de Sete de
Setembro;
Formatura 8ª E.F.e 3ºE.M.;
Festa de Natal (Chegada do
Papai Noel).
•
Início- Festa do Natal2007
CIDADANIA E SAÚDE
•
Participação em
Programa
Televisivo – Viver
Escola – TV
Cultura
•
2006
•
2006
•
Provões Temáticos
•
2003
•
Permanece
•
Campanha de
Combate à Dengue
•
2004
•
Permanece – Parceria
com a Escola da
Família
ÁGUA E ENERGIA
•
Palestras e Teatros
sobre sexualidade e
DST/AIDS
•
2004
•
•
•
Projeto Água: Hoje
e Sempre- Parceria
(SEE/SP)
•
2004
•
2007 – Diretriz para a
construção da Agenda
21 na Escola –
incorporada pelo
Projeto Revivavida
•
Comemoração do
Dia Mundial da
Água ( ações
pontuais)
•
2004
•
2005
•
Campanhas e dicas
sobre o uso
racional da Água(confecção de
Cartilha)
•
2004
•
2005
Permanece
150
LIXO
AGRICULTURA E
ALIMENTAÇÃO
RECURSOS NATURAIS
•
Coleta Seletiva- Parceria
Coopervida
(Cooperativa de
catadores de resíduos
sólidos)
•
2004
•
Permanece
•
Palestras
•
2004
•
2007
•
Visita à Coopervida
(ação pontual)
•
2004
•
2004
•
Adequação da Cantina
Escolar
•
2005
•
Permanece
•
Palestras com
nutricionistas
•
2004
•
2006
•
Debates sobre
Transgênicos – Turmas
de Ensino Médio
•
2004
•
2005
•
Levantamento da área
verde e degradada do
bairro
•
2005
•
2007
•
Reconhecimento do
Ecossistema do Entorno
•
2004
•
2007
•
Plantio de Árvores –
escola e nascente do
córrego Lavapés
•
2004
•
2007
•
Confecção de maquetes
do bairroreconhecimento do
entorno
•
•
151
ANEXO XIII – TABELA 2 -TEMAS GERADORES – INDICADORES DE
EFETIVIDADE
TEMAS GERADORES
INDICADORES
METAS DE
EFETIVIDADE
ÁGUA E ENERGIA
•
•
•
LIXO
•
•
•
•
Média de consumo mensal
Multiplicação de
informações sobre a
conscientização do uso
adequado da água e energia
Desenvolvimento
sustentável
•
redução do consumo
de água e energia,
controladas por
gráficos realizados
em sala de aula, tanto
da escola quanto das
casas dos alunos.
tipo e volume de lixo
produzido em casa e na
escola
consumismo
coleta seletiva
reciclagem
•
redução do volume e
tipo
redução do consumo
extensão da coleta
seletiva para os
bairros
aumento da
porcentagem do uso
dos 3 Rs – reduzir,
reutilizar e reciclar
•
•
•
SAÚDE
•
•
ALIMENTAÇÃO
•
•
trabalho de conscientização
de Combate a Dengue
doenças associadas a
Qualidade de Vida- Física
e Mental
•
alimentação saudável (casa
e escola)
cardápio X nutrição (
pirâmide alimentar)
•
•
•
CIDADANIA
•
•
Elevação da auto-estima
Relações Inter-pessoais
•
•
•
RECURSOS
NATURAIS
•
Desenvolvimento
sustentável
•
redução do nº de
casos de doenças
causadas pelo stress
redução do número
de casos da dengue
Inclusão ou
substituição de
produtos mais
saudáveis
Melhoria da
qualidade de vida
Melhora na aceitação
de si próprio e
respeito a
diversidade do outro
Melhora na
convivência escolar
e familiar
Aumento das ações
de solidariedade
Melhoria das
relações do homem
com a natureza
152
ANEXO XIV TABELA 3 - LEVANTAMENTO DOS PROBLEMAS E
PRIORIZAÇÃO DAS AÇÕES
– Matriz de importância e desempenho
- Levantamento dos problemas e priorização
OBS.
A Tabela foi realizada tendo por padrão conceitos de 0 a 10 para a importância e
desempenho, e foi o consenso de todos os segmentos da comunidade escolar, alunos,
professores e comunidade em discussões em sala de aula, HTPCs e questionários.
MATRIZ DE IMPORTÂNCIA E DESEMPENHO – LEVANTAMENTO DO
PROBLEMA E PRIORIZAÇÃO
TEMA
SAÚDE
CLASSIFICAÇÃO
SUGESTÃO
4
PRIORITÁRIO
•
2
adequado
•
3
relevante
IMPORTÂNCIA
DESEMPENHO
DIFERENÇA
(A)
(B)
(A-B)
10
6
Um assunto muito
Já fizemos algo a
abrangente.
respeito, mas
ainda existe
Prevenção
também se
ensina
• Saúde bucal
Qualidade de vida
necessidade da
exploração de
alguns temas.
ÁGUA
10
8
Necessidade de
Já trabalhamos
manter a
em forma de
conscientização e
projeto durante
evitar o
02 anos,
E ENERGIA
Fizemos
palestra, e
conscientizaçã
o na Semana
da Água (de
20 a 24 de
março)
desperdício
LIXO
* estender a coleta
10
7
Necessidade de
Já fizemos algo a
seletiva para toda a
conscientização
respeito, mas
comunidade
de toda a
achamos que
* reciclagem com arte
comunidade
devemos
aprimorar
153
ALIMENTAÇÃO
NATUREZA
CIDADANIA
10
5
5
PRIORITÁRIO
* palestra e parceria
Necessidade de
Já fizemos algo a
com nutricionista e
uma
respeito, mas
posto de saúde
conscientização e
não foi suficiente
* conscientização de
orientação
uma alimentação
Sistematizada
saudável
10
8
Necessidade de
Já fizemos algo a
plantio de mais
respeito, mas está
áreas verdes na
precisando de
escola
atenção
10
8
A comunidade se
Já fizemos algo a
já existentes e estende-
identifica muito
respeito, mas
los a toda a
com o tema e
consideramos um
comunidade.
pretende estar
tema prioritário
trabalhando
sempre com esta
temática em
diferentes
projetos
Fonte: Projeto Revivavida, 2006
2
relevante
* jardinagem na escola
2
PRIORITÁRIO
* aprimorar os projetos
154
ANEXO XV – CRONOGRAMA DO PROJETO
155
Fonte: Projeto Revivavida, 2006
156
ANEXO XVI – MAPA DO ENTORNO DA ESCOLA
LOCALIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO
- Localização da escola
- Localização dos bairros onde os alunos moram
- Identificação da microbacia
Fonte: Projeto Revivavida, 2006
157
ANEXO XVII – HISTÓRICO
A escola está localizada no Jardim Maria Bonatti Bordignon e atende alunos de
5ª EF a 3ª EM dos bairros Jardim Maria Bonatti, Jardim Parque Real , Jardim Maria
Beatriz, Bairro Santa Cruz e Assentamento “22 de Outubro”- Horto de Vergel. Os
bairros possuem boa infra-estrutura com residências em sua maioria de casas tipo
populares, famílias em sua maioria bem estruturadas, bem atendidas em relação ao
comércio e serviços e se orgulham de ter a escola Altair como ponto de referência, pois
esta foi construída através de um movimento da comunidade. Os bairros se limitam
próximos às rodovias SP147 , SP340 e distrito industrial do município.
Fonte: Projeto Revivavida -2006
158
ANEXO XVIII – PERFIL DA COMUNIDADE
AVALIAÇÃO DIAGNOSTICA DA ESCOLA
Gestão de Recursos Educacionais
Gestão Participativa
Gestão Pedagógica
Gestão de Pessoas
Gestão de Serviços de Apoio, Recursos Físicos e Financeiros
GESTÃO DE RECURSOS EDUCACIONAIS
Avalia os resultados obtidos pela escola em sua função de propiciar a formação integral
de seus alunos e assegurar o acesso, a permanência e o sucesso escolar da sua aprendizagem.
Considera a qualidade do ambiente escolar e a adoção de mecanismos de monitoramento e
avaliação desses resultados, com o objetivo de melhorá-los, em compatibilidade com o projeto
pedagógico escolar.
NÍVEL DE ATENDIMENTO
ITENS
A É
promovida
a
Atende
Atende
Atende
Atende
Não
em nível
acima
medianamente
abaixo
atende
superior
da
50 a 69%
da média
até
de
média
de 10 a
10%
90 a
de 70 a
49%
100%
89%
formação
integral dos alunos, em função
dos princípios éticos, políticos
e estéticos e da articulação
entre áreas do conhecimento e
aspectos indispensáveis da vida
X
cidadã.
B
É
identificado
o
caráter
educativo do ambiente físico,
social e cultural da escola na
organização de seus espaços e
práticas.
X
159
C
É constatada a melhoria dos
índices de freqüência às aulas,
permanência,
aprovação
e
aproveitamento escolar de seus
X
alunos e correção de fluxo
escolar,
mediante
comparativa
obtidos
de
nos
análise
resultados
três
anos
anteriores.
D São divulgados aos pais e
comunidade, os resultados das
ações educacionais
para
a
voltadas
aprendizagem
X
dos
alunos.
E
São
constatados
índices
positivos de satisfação dos pais
dos alunos e dos professores
X
com a escola, a partir de
levantamentos periódicos.
F
São adotados mecanismos de
monitoramento e avaliação da
implementação
pedagógico
da
do
projeto
escola,
e
propostos planos de melhoria
X
para sua implementação, junto
aos professores, alunos e pais.
RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO
ITEM CORRESPONDENTE
A – Desde o ano de 2004 , trabalhamos com o Projeto Revivavida que tem por objetivo
principal atender o pedido da comunidade escolar em promover o respeito ao próximo e
compreender o aluno como identidade única, dedicando especial atenção à formação cidadã e
solidária, desenvolvendo ações e atividades educativas, culturais e sociais, como gincanas
esportivas e culturais, a Conferência Infanto Juvenil pelo Meio
Ambiente, campanhas de
agasalhos e alimentos.
B – As salas de aula são salas - ambiente, e os professores procuram organizá-las de acordo
com a proposta de trabalho de cada área. Temos também a sala ambiente de informática, que
160
por falta de espaço abriga a biblioteca e o vídeo, tornando-se uma sala de multimeios. Dentro
da preservação do patrimônio temos o Projeto Escola Limpa, Hino Nacional e festividades em
datas comemorativas. Dessa forma, a escola está direcionando os valores sociais do aluno,
elevando suas condições de espectador, para o de agente transformador e atuante na comunidade
escolar e em sociedade.
C – Desenvolvemos algumas ações para intensificar a freqüência dos alunos às aulas, diminuir o
abandono e melhorar o aproveitamento escolar , respeitando as dificuldades e diversidade dos
alunos. Utilizamos as avaliações internas ( provão temático, avaliações diagnósticas ,
questionários e entrevistas, freqüência) e que não estão organizados de forma sistemática ; e as
avaliações externas (Saresp e Enem), para identificarmos o rendimento escolar dos alunos, para
orientar nossas atividades.
Dentre as ações de diminuir o abandono está a Turma de Treinamento de Fut – Sal
Masculino e a Turma de Treinamento de Vôlei Feminino.
Para os aluno com dificuldade de aprendizagem temos as aulas de Reforço de
Matemática e Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e as Turmas de Letramento, que são
aulas de reforço em Matemática e Língua Portuguesa que acontecem na Sala Ambiente de
Informática e no horário contrário de aula.
Para o ano de 2006, organizamos de forma sistematizada e periódica o controle de falta
dos alunos.
D- Os resultados das avaliações internas são divulgados na reunião de pais, através dos
Boletins, a FIAP ( Ficha Individual de Acompanhamento Pedagógico) é apresentada aos pais na
reunião de Pais e Mestres, para que eles tomem ciência do aproveitamento do aluno, e os orienta
para um melhor rendimento e acompanhamento do filho em casa.
O resultado do Saresp e Enem são apresentados aos alunos, e divulgado na reunião de
pais, o resultado geral da escola, dizendo ou não se houve melhora no resultado de um ano para
o outro.
O Manual Escolar é outro meio de comunicação para divulgarmos as ações e os projetos
realizados na escola.
E- Algumas pesquisas foram realizadas durante o ano de 2005, para alunos, pais, professores,
funcionários e comunidade, mas seus resultados não foram organizados sistematicamente, e
nem de forma periódica, ficando este desafio para o ano letivo de 2006. Os resultados eram
tabulados e utilizados no momento. O registro que temos são de algumas manifestações dos
diferentes seguimentos da comunidade escolar, pesquisas realizadas junto ao bairro no entorno
da escola e manifestação oral dos pais nas reuniões.
F- Estamos começando a nos interar sobre a importância da auto-avaliação da equipe escolar, no
ano de 2005, começamos com a avaliação de algumas dimensões de pessoal, pedagógica e
administrativa, mas não de forma regular, periódica e sistemática, ela era realizada de acordo
com a necessidade e no momento que surgia o problema. Percebemos portanto que as
avaliações são diagnosticas e visam prevenir o problema, já que a falha , pode ser identificada
antes. O relatório dos Conselhos de Classe e Série, são discutidos e servem para nortear e
organizar o acompanhamento pedagógico e a freqüência escolar.
GESTÃO PARTICIPATIVA
Avalia práticas de gestão participativa: institucionalização e funcionamento de
órgão colegiados – conselhos escolares, APMs, grêmios estudantis e outros; planejamento
participativo; estabelecimento de parcerias; participação de professores, pais, alunos e
funcionários, comunicação e socialização das informações.
161
NÍVEL DE ATENDIMENTO
ITENS
A
São
Atende
Atende
Atende
Atende
Não
em nível
acima
medianamente
abaixo
atende
superior
da
50 a 69%
da média
até
de
média
de 10 a
10%
90 a
de 70 a
49%
100%
89%
definidos,
Cooperativamente, o projeto
X
pedagógico, o papel, função,
valores, princípios e objetivos
da escola, como orientadores
de
ações
articuladas,
conjuntas
no
e
cotidiano
escolar.
B
É verificada a atuação de
órgãos
colegiados,
expressando
comprometimento, iniciativa e
forte colaboração voltada para
X
a melhoria da aprendizagem
dos alunos.
C
É realizada a avaliação das
práticas
educacionais,
forma
sistemática
de
participativa,
e
organizada,
envolvendo órgãos colegiados,
professores,
alunos.
funcionários
e
X
162
D
São promovidas parcerias com
entidades,
empresas,
profissionais,
X
instituições
diversas, visando a melhoria
da
gestão
escolar,
ao
enriquecimento do currículo
escolar e à aprendizagem dos
alunos.
E
É observada uma prática de
comunicação
e
informação
aberta, de modo a promover a
socialização e a transparência
de decisões e ações, com
melhores
resultados
X
do
trabalho escolar.
F
É estimulada e apoiada a
organização dos alunos e de
outros segmentos para que
X
atuem em ações conjuntas,
solidárias,
cooperativas
e
comunitárias.
RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO
ITEM CORRESPONDENTE
A- A proposta pedagógica da escola foi elaborada com a participação do colegiado, definindo os
valores, princípios, objetivos, funções e finalidades de cada órgão.Embora a proposta não esteja
escrita em forma de documento, mas fragmentada em diversos projetos, todos os envolvidos no
projeto educacional da escola, já estão trabalhando visando as propostas de ações discutidas
conjuntamente. Estamos organizando para que no ano de 2006, ela esteja devidamente
organizada, pois está sendo atualizada semestralmente no planejamento e replanejamento,
juntamente com professores, funcionários, alunos, pais de alunos, Conselho de Escola e Grêmio
Estudantil.
B- As normas do Conselho de Escola, são conhecidas por todos os seus membros, mas eles não
procuram reunir-se periodicamente para debater questões referentes a aprendizagem dos alunos.
As reuniões são realizadas sempre através de convocações da Direção da escola. Muito
raramente são solicitadas reuniões pelos órgãos colegiados. A Diretoria do Grêmio Estudantil
também não mostrou interesse em realizar atividades, mesmo tendo espaço e autonomia para
que isso aconteça.
163
C- A avaliação das práticas educacionais, é realizada durante os Conselhos de Classe e Série,
controle bimestral das faltas, reuniões de HTPC, onde procura-se sanar e reformular o que for
necessário, alguns registros estão sistematizados e organizados, mas ainda falta um melhor
acompanhamento . O cumprimento do planejamento dos professores é acompanhado pela
equipe de gestão.
D- A escola promove a parceria com empresas, instituições, profissionais liberais, Igrejas,
associação de bairro e comunidade, visando uma melhoria da qualidade educacional.Os
parceiros nos auxiliam na reprodução dos provões temáticos, manual escolar , na Festa
Junina,nas comemorações durante o ano, nas palestras durante a Conferência Infanto Juvenil
pelo meio ambiente e demais palestras durante o ano . Também temos diversos parceiros no
Programa Escola da Família aos finais de semana.
E- A escola divulga regularmente os resultados pedagógicos, através do boletim escolar,reunião
de pais e mestres, FIAP, manual escolar , painéis informativos. No âmbito geral dos
acontecimentos da escola, a divulgação é feita através dos jornais e rede de TV da cidade.
F- Os alunos são estimulados a se organizarem e atuarem em ações solidárias e cooperativas
através de trabalho do Grêmio Estudantil, coral e dança ( com apresentações em empresas e
instituições ), campanhas de agasalho, alimentos, gincana da cidadania, gincanas culturais e
esportivas,e conferência infanto juvenil pelo meio ambiente. A festa junina também é um
momento de grande incentivo aos alunos na questão solidária, pois todos se envolvem na
campanha de arrecadação para ajudarem a escola em que estudam, num trabalho intenso de
integração, doação e participação.
GESTÃO PEDAGÓGICA
Avalia o trabalho pedagógico realizado na escola: atualização e enriquecimento
do seu currículo, pela adoção de processos criativos e inovadores, implementação de medidas
pedagógicas que levem em conta os resultados de avaliação dos alunos e a atuação dos
professores articulada o projeto pedagógico e com as necessidades de melhoria do rendimento
escolar.
NÍVEL DE ATENDIMENTO
ITENS
Atende
Atende
Atende
Atende
Não
em nível
acima
medianamente
abaixo
atende
superior
da
50 a 69%
da média
até
de
média
de 10 a
10%
90 a
de 70 a
49%
100%
89%
164
A
São utilizados, continuamente,
o currículo escolar e sua
X
implementação, tendo como
referência
as
Curriculares
Nacionais,
Parâmetros
Diretrizes
os
Curriculares
Nacionais,
bem
como
a
evolução
da
sociedade,
ciência, tecnologia e cultura.
B
São identificados, ao longo do
ano letivo, os resultados e as
dificuldades de aprendizagem
dos alunos e são desenvolvidas
X
ações pedagógicas, tendo por
objetivo a melhoria contínua
do
rendimento
e
sucesso
escolar.
C
É claramente manifestado o
comprometimento
professores
X
dos
com
a
aprendizagem dos alunos, pela
articulação coma as famílias e
a comunidade e entre o seu
plano de trabalho e o projeto
pedagógico.
D
São realizados
inovações e
projetos de melhoria da prática
X
pedagógica da escola, que
resultem na elevação da autoestima e na formação integral
do aluno.
E
É
realizado
processo
na
escola
o
pedagógico,
considerando os princípios de
inclusão, as necessidades
X
165
diferenciadas e/ou especiais
dos alunos.
F
É realizada a organização de
turmas, horários e atividades
extra-clases,
a
partir
X
de
critérios pedagógicos,de modo
a assegurar a qualidade do
ensino
e
a
favorecer
a
aprendizagem dos alunos.
RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO
ITEM CORRESPONDENTE
A- O currículo escolar entendido como o conteúdo e as ações trabalhadas em sala de aula, são
atualizados e discutidos periodicamente, tanto no planejamento e replanejamento, quanto nas
HTPCs, tendo como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais , os PCNs., revistas, jornais,
diferentes meios de comunicação como TV, rádio, CD-ROOM, filmes, livros e obras de arte. O
resultado das avaliações internas e externas também são utilizados para a discussão coletiva das
competências comuns desenvolvidas pelas diferentes áreas do currículo, e para analisarmos se
estão ou não sendo atendidas as competências e habilidades.
B- A escola oportuniza em momentos de festividades e gincanas a apresentação de alunos que
possuem talentos diferenciados, temos grupos de Dança , o Coral e a Turma de Treinamento de
Fut Sal e Vôlei , temos painéis onde os alunos podem expor seus trabalhos. Para os alunos
que têm dificuldade de aprendizagem temos o reforço de Língua Portuguesa e Matemática ,
que é acompanhado periodicamente pela equipe pedagógica e os professores da sala, e temos o
Letramento, que são aulas de Língua Portuguesa e Matemática na sala de informática, no
horário contrário de aula. Todos estes incentivos são acompanhados e analisados nos Conselhos
de Classe e Série.
C- Durante os Conselhos de Classe e Série, são discutidos os avanços e dificuldades de cada
aluno e classe, propondo ações para sua melhoria, como o encaminhamento para o reforço,
letramento, Conselho Tutelar, no caso de faltas, sugestão de encaminhamento quando um
talento é descoberto.O comprometimento da maioria dos professores em relação a aprendizagem
dos alunos é um fator positivo que a escola tem. Todos estão disponíveis ao atendimento aos
pais às 3ªs feiras das 18:00 às 19:00 horas, informam semanalmente a equipe gestora sobre os
casos mais agravantes e também dos casos de sucessos. O resultado é passado para os pais e à
comunidade no dia da reunião de pais e ,quando urgente, a direção imediatamente informa aos
pais por telefone a importância de seu comparecimento à escola.Assim como a apresentação da
FIAP ( Ficha Individual de Acompanhamento Pedagógico), onde os professores anotam os
avanços, dificuldades e orientação aos pais, para o acompanhamento da vida escolar do aluno
em casa. Mas esbarramos com uma grande dificuldade a presença dos pais na reunião. Apesar
de um número expressivo de pais participando, muitos ainda são omissos, dificultando um
melhor desempenho de atuação junto a deficiência do filho.
D- Desde o ano de 2004 , trabalhamos com o Projeto Revivavida que tem por objetivo
principal atender o pedido da comunidade escolar em promover o respeito ao próximo e
compreender o aluno como identidade única, dedicando especial atenção à formação cidadã e
solidária, desenvolvendo ações e atividades educativas, culturais e sociais, como gincanas
166
esportivas e culturais, a Conferência Infanto Juvenil pelo Meio
Ambiente, campanhas de
agasalhos e alimentos. O objetivo principal do Projeto é a valorização da qualidade de vida, a
cidadania e a elevação auto-estima dos alunos.
E- Uma das propostas do Revivavida é trabalhar o respeito ao próximo, dentro destas ações
estão o respeito a diversidade étnica, cultural, social, de gênero e sexual . A discriminação vem
sendo trabalhada em sala de aula, assim comas atitudes preconceituosas como brincadeiras,
piadas ou apelidos. Em atividades realizadas com a comunidade procuramos respeitar a
diversidade e oportunizar a presença de todos.
F- Os projetos de Letramento, turmas de treinamento, reforço, coral, dança, artesanato, são
oferecido na escola em horário contrário ao do aluno ou aos finais de semana. A escola trabalha
junto com o Programa Escola da Família, e as diversas atividades desenvolvida no Programa,
com certeza vão refletir na vida escolar do aluno, e assegurando uma melhor qualidade de
ensino.
GESTÃO DE PESSOAS
Avalia o trabalho de gestão tendo por referência o compromisso das pessoas –
professores, funcionários, pais e alunos, com o projeto pedagógico, levando em conta as formas
de incentivo a essa participação, o desenvolvimento de equipes e lideranças, e a valorização e
motivação das pessoas, a formação continuada e a avaliação de seu desempenho.
NÍVEL DE ATENDIMENTO
ITENS
A
Atende
Atende
Atende
Atende
Não
em nível
acima
medianamente
abaixo
atende
superior
da
50 a 69%
da média
até
de
média
de 10 a
10%
90 a
de 70 a
49%
100%
89%
São promovidas na escola
ações de formação continuada
e
em
serviço,para
desenvolvimento
o
de
conhecimentos, habilidades e
atitudes, bem como para elevar
X
167
a motivação e auto-estima dos
profissionais, tendo em vista a
melhoria do atendimento às
necessidades
escolares
cotidianas.
B
É promovida, regularmente, a
integração
entre
os
profissionais da escola, pais e
alunos, visando a articulação
X
de suas ações, à unidade de
propósitos e de concepção
educacional.
C
São promovidas dinâmicas e
ações
para
desenvolver
X
equipes e lideranças, mediar
conflitos
e
organização
favorecer
dos
a
segmentos
escolares, em um clima de
compromisso ético e solidário.
D
São
adotadas
práticas
avaliativas do desempenho de
professores e funcionários, ao
longo do ano letivo, para
promover a melhoria contínua
desse
desempenho,
no
cumprimento de objetivos e
metas educacionais.
X
168
E
É estabelecida a unidade de
atuação
dos
segmentos
da
diversos
comunidade
escolar, pela promoção do
conhecimento e compreensão
da legislação educacional,do
X
regimento da escola e demais
normas legais que orientam os
direitos
e
deveres
de
professores, funcionários, pais
e alunos.
F
São promovidas práticas de
valorização e reconhecimento
do trabalho e esforço dos
professores e funcionários da
X
escola, no sentido de reforçar
ações voltadas para a melhoria
da qualidade de ensino.
RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO
ITEM CORRESPONDENTE
A- A formação contínua do professor é estimulada nos HTPCs, e na parceria com a Secretaria
do Estado da Educação que propicia cursos como a Teia do Saber – voltado para a metodologia
das diferentes áreas do Ensino Fundamental e Médio e o Ensino Médio em Rede, que se
desenvolve nos HTPCs, o que enriquece as reuniões e propicia troca de experiências entre os
professores.
Procuramos elevar a auto-estima dos professores e funcionários, através de festas e
confraternizações como a festa em homenagem às mães e aos pais, e almoço de
confraternização no encerramento dos semestres, onde podemos cantar , dançar e conversar e
também quando sentimos a necessidade de melhora nos trabalhos diários, há reuniões com
funcionários para procurar sanar as dificuldades de cada um e assim melhorar cada vez mais, o
relacionamento com os alunos, a limpeza da escola e o relacionamento entre todos de maneira
geral.
B- Fazemos uma reunião no início do ano letivo com os pais, para apresentarmos os
professores, orienta´- los quanto as normas da escola, sobre o uso do uniforme, apresentar a
proposta pedagógica, e convidá-los para participarem de algum dos colegiados da escola.
Depois as reuniões acontecem bimestralmente, ou são agendadas quando a comunidade deve ser
consultada ou informada de alguma notícia. Os pais também participam ativamente das
festividades e comemorações da escola, ajudando desde sua idealização até sua realização. Uma
das festividades que já se tornou tradição na escola, é a comemoração do Dia das Mães. O pátio
169
fica repleto de familiares, as mães recebem muitos presentes adquiridos com os parceiros da
escola e sorteados entre elas. Também o Projeto Padaria Artesanal se envolve na festa. Todas as
mães recebem kits de pãezinhos no final da festa. Enfim, são momentos de união entre família –
aluno e escola.
C- Os funcionários que trabalham na escola são orientados a receber e atender os pais , alunos e
professores com respeito e educação, pois este é o diferencial e a proposta da escola: trabalhar
o respeito, a ética e a cidadania.
Os funcionários participam de dinâmicas e são orientados em como realizar o
atendimento. São realizadas também avaliações diagnósticas entre alunos, professores e pais,
para analisarmos o que precisa ser melhorado.
D- Procuramos realizar pesquisas diagnosticas semestralmente, para analisarmos o desempenho
dos funcionários, professores, gestores, onde eles têm oportunidade de opinarem e darem
sugestão de melhoria da escola, o que nos falta fazer é organizarmos sistematicamente os
resultados em gráficos e tabelas para uma melhor visualização dos avanços e o que precisa
ainda ser melhorado.
E- Os diversos segmentos de atuação da comunidade escolar, assim como seus direitos e
deveres são apresentados na reunião de pais, no início do ano letivo e através do Manual
Escolar, confeccionado todos os anos desde 2002, onde constam os direitos e deveres de cada
segmento.
F- O esforço de funcionários e professores é reconhecido e expressado verbalmente, em
reuniões ou comemorações, sempre salientado e valorizando o trabalho do profissional, e assim
incentivando-os e aumentando sua auto-estima, pois um profissional feliz, trabalha feliz, e o
rendimento com certeza será melhor.
GESTÃO DE SERVIÇOS DE APOIO, RECURSOS FÍSICOS E FINANCEIROS
Avalia a gestão dos serviços de apoio (segurança, limpeza, secretaria e outros), dos
recursos físicos (uso, conservação e adequação, instalações e equipamentos) e da captação e
aplicação de recursos financeiros.
NÍVEL DE ATENDIMENTO
ITENS
Atende
Atende
Atende
Atende
Não
em nível
acima
medianamente
abaixo
atende
superior
da
50 a 69%
da média
até
de
média
de 10 a
10%
90 a
de 70 a
49%
100%
89%
170
A
É colocado à disposição da
comunidade escolar serviço
ágil
e
atualizado
X
de
documentação, escrituração e
informação
escolar,
devidamente
organizado
–
registros, documentação dos
alunos,
diários
estatísticas,
de
classe,
legislação
e
outros.
B
É
promovida
a
utilização
apropriada das instalações, dos
equipamentos e dos materiais
X
pedagógicos existentes, para a
implementação
do
projeto
pedagógico.
C
São promovidas ações que
favorecem
a
conservação,
higiene, limpeza, manutenção
e preservação do patrimônio
escolar
–
equipamentos
X
instalações,
e
materiais
buscadas
formas
pedagógicos.
D
São
alternativas para criar e obter
recursos, espaços e materiais
complementares
para
a
melhoria da realização do
projeto pedagógico da escola.
X
171
E
É disponibilizado o espaço da
escola, nos fins de semana e
período de férias, para a
realização de atividades que
congreguem
a
comunidade
X
local, de modo a garantir
maximização de seu uso e
socialização de seus bens.
F
É planejada, acompanhada e
avaliada
a
execução
dos
recursos financeiros da escola,
levando
em
necessidades
conta
do
as
projeto
X
pedagógico, os princípios da
gestão pública e a prestação de
contas à comunidade.
RELAÇÃO DAS AÇÕES E PROCESSOS QUE EVIDENCIAM O ATENDIMENTO AO
ITEM CORRESPONDENTE
A- Os serviços de secretaria são atendidos de acordo com as prioridades, a vida funcional dos
professores estão regularizadas, os prazos de atendimento aos órgãos centrais são cumpridos, a
documentação de alunos está em ordem , mas a falta de funcionários, prejudica um atendimento
ágil, e acaba passando para o setor de gestão algumas funções como elaboração de gráficos,
boletins escolares e elaboração de ofícios.
B- Foi realizado um levantamento junto com os professores do material didático pedagógico,
como fitas de vídeo , DVD e CD - ROOM, catalogação dos livros da biblioteca e abertura da
mesma para empréstimo aos alunos, que era uma reivindicação antiga , livros para-didáticos,
materiais esportivos, equipamentos áudio-visuais e materiais pedagógicos, no entanto a falta de
espaço físico, as vezes atrapalha o desenvolvimento das atividades propostas, pois a Sala de
Informática, abriga também a biblioteca; a sala de aula é a mesma da sala de vídeo, não há um
espaço definido para as apresentações culturais, e a quadra poliesportiva não é coberta, o que
prejudica as aulas em horários de pico de sol , entre 10:00 e 16:00 horas. A escola não possui
laboratório na área de Ciências Físicas e Biológicas.
172
C- Temos como princípio manter a escola organizada e limpa, para que haja um melhor
aproveitamento e rendimento escolar, já que uma escola organizada é mais agradável para se
estudar e trabalhar. Mantemos projetos de valorização e revitalização do patrimônio escolar. O
Projeto Escola Limpa, também faz parte das ações do Revivavida, os alunos mantém a limpeza
das salas de aulas, cadeiras e carteiras após as aulas, e do pátio da escola após o intervalo, esta
limpeza é realizada diariamente nos dois períodos diurnos, em sistema de rodízio entre as salas
de aula . A manutenção de vidros, fechaduras, portas e paredes são feitas no momento da
degradação para que não se acumulem gastos e também para que o aluno se acostume a ver tudo
em ordem e dessa forma todos colaboram melhor na conservação.
D- Sempre que há necessidade de recursos para realizarmos alguma atividade procuramos o
apoio de parceiros , na comunidade, muitas vezes o auxílio e a parceria é através da prestação de
serviço de pais, alunos e da comunidade, muitos dos projetos são viabilizados com o auxílio
destas parcerias, como o provão temático , o Manual Escolar, a Conferência do Meio Ambiente,
e as festividades.
E- A Escola participa do Programa Escola da Família, ficando aberta aos finais de semana, com
atividades de dança, bordado, pintura em tecido, atividades culturais , esportivas, de orientação
ao ingresso no mercado de trabalho, padaria artesanal ,
informática e de assistência a
comunidade como corte de cabelo gratuito em integração com os projetos desenvolvidos na
escola ao longo da semana. A escola propicia o uso da quadra não somente aos alunos, mas
também aos pais para jogarem futebol aos finais de semana.
F- Toda a execução dos recursos financeiros da escola , passa pela gestão participativa na
definição dos gastos dos recursos próprios e verbas recebidas pelo Governo do Estado. A
utilização dos recursos é discutida democraticamente em todos os segmentos do colegiado ,
dando prioridade aos gastos mais urgentes a que a verba é destinada. A prestação de contas é
apresentada em toda a reunião de pais e ao Conselho Fiscal da APM e demais membros.
Fonte: Relatório do Prêmio Gestão 2006 e Relatório do Projeto Revivavida 2006.
173
ANEXO XIX - REPORTAGEM DE JORNAL – EMPRESA ALLEVARD
Fonte: Arquivo da Escola Altair Polettini, 2008
174
ANEXO XX – RECORTE DO JORNAL “ A COMARCA”
Fonte: Arquivo da Escola, s/d
175
ANEXO XXI – RECORTE DO JORNAL “ A COMARCA”
Fonte: Arquivo da Escola,s/d
176
ANEXO XXII - RECORTE DO JORNAL “ECO-VISA”
Fonte: Arquivo da Escola, 2007
177
ANEXO XXIII- FOLDER DA PROGRAMAÇÃO DA Iª CONFERÊNCIA INFANTOJUVENIL PELO MEIO AMBIENTE
Fonte: Arquivo da Escola Altair Polettini,2003
178
ANEXO XXIV - FOLDER DA II CONFERÊNCIA INFANTO-JUVENIL PELO
MEIO AMBIENTE
Fonte: Arquivo da Escola Altair Polettini, 2005
179
ANEXO XXV – RELATÓRIO DA III CONFERÊNCIA INFANTO-JUVENIL PELO
MEIO AMBIENTE
TEMA DO PROJETO: - CONFERÊNCIA INFANTO JUVENIL PELO MEIO
AMBIENTE
DISCIPLINAS: Interdisciplinar
SÉRIES:Ensino Fundamental e Médio
PROFESSOR: Todos os professores
DATA: 31/08/2006 01/09/2006
LOCAL: Escola
CONTEÚDO TRABALHADO
•
Interdisciplinariedade, socialização, integração e cooperação
OBJETIVOS PROPOSTOS
•
Propor a integração entre escola e comunidade
•
Proporcionar a cidadania
•
Proporcionar relações de respeito entre pais e alunos
•
Trabalhar a conscientização da preservação do meio ambiente e a sua importância para
a nossa sobrevivência
AÇÕES REALIZADAS
Houve integração e participação dos alunos, professores, direção, coordenação e comunidade
escolar para a preparação e organização do evento.
III CONFERÊNCIA INFANTO JUVENIL PELO MEIO AMBIENTE:
COMO VAMOS CUIDAR DO BRASIL?
Nos dias 29/08 - 31/08 e 01/09 , a E.E. Profa. Dra. Altair F.F. Polettini, realizou a IIIª
Conferência Infanto Juvenil pelo Meio Ambiente: Como vamos cuidar do Brasil ? Essa proposta
é do MEC- Ministério da Educação e Cultura – Governo Federal.
Essa Conferência tem como objetivo mobilizar os alunos para uma consciência ativa e crítica
diante da realidade em que vivemos, buscando uma melhor qualidade de vida através de busca
de ações para a melhoria do meio ambiente ( saúde, comunidade, ações solidárias, ética,
cidadania, violência, drogas, sexualidade, preconceito e mercado de trabalho) na busca de um
mundo melhor.
Nesses dias, a escola se mobilizou para a Conferência, com palestras direcionadas a cada tema,
onde os alunos estiveram subdivididos por turmas num ambiente propício a discussões. O
encerramento se deu com a plenária onde os alunos apresentaram os temas discutidos sob a
forma de cartazes, peças teatrais, músicas e outras atividades partindo da criatividade do grupo.
Também tiveram um café com bolos, bolachas e sucos para todos, onde a arrecadação dos
alimentos e a confecção dos bolos são todos preparados pelos próprios alunos e encerramento
com Banda Musical NO CHANCE, formada por alunos do Ensino Fundamental e Médio.
PROGRAMAÇÃO
DIA 29/08/2006 – TURMAS DO PERÍODO NOTURNO
19:00 – Abertura
19:30 – Palestras
• Como vamos cuidar da nossa Sexualidade?
• Como vamos nos proteger contra as Drogas?
• Como vamos nos preparar para o Mercado de Trabalho?
20:30 – Intervalo
20:45- Discussões
21:30 – Apresentações
22:30 – Encerramento
180
DIA 31/08 – TURMAS DO PERÍODO DA MANHÃ
8:30- Credenciamento dos alunos
9:00 – Abertura: Hino Nacional
Apresentação de dança Afro
9:30 – Palestras
• Como vamos cuidar da nossa Sexualidade?
• Como vamos participar da Política e Cidadania?
• Como vamos planejar nosso Futuro?
• Como vamos cuidar da nossa Comunidade?
• Como vamos nos preparar para o Mercado de Trabalho?
• Como vamos cuidar da nossa Qualidade de Vida?
• Como vamos promover a solidariedade?
• Como vamos combater o preconceito e a violência?
10:30 – Café
10:45 – Debate
12:00 – Almoço
13:00 – Discussão das Propostas de Ações
14:30 – Apresentações
16:00 – Encerramento com o Grupo Musical NO CHANCE
DIA 01/09 – TURMAS DO PERÍODO DA TARDE
8:30- Credenciamento dos alunos
9:00 – Abertura: Hino Nacional
- Apresentação de dança Afro
9:30 – Palestras
• Como vamos cuidar da nossa Solidariedade?
• Como vamos cuidar da nossa Saúde e Higiene?
• Como vamos cuidar da nossa Saúde Bucal?
• Como vamos cuidar do nosso Meio Ambiente?
• Como vamos cuidar da nossa Escola?
• Como vamos cuidar da nossa Qualidade de Vida?
• Como vamos promover as Ações Solidárias?
• Como vamos promover a Ética e a Responsabilidade?
10:30 – Café
10:45 – Debate
12:00 – Almoço
13:00 – Discussão das Propostas de Ações
14:30 – Apresentações
16:00 – Encerramento com apresentações de música e dança
CONFERENCISTAS
* Dra. Valdete Maria Ruiz -Psicóloga, - Mestre e Doutora em Psicologia
* Profa. Maria Emília Tavares de Oliveira -Coordenadora Ambiental da EcoEscola Visa Fértil
* Dr. Rogério José Ficolomo Júnior -Promotor de Justiça da 2ª Vara Criminal de Mogi Mirim
* Dr. Carlos Jorge Osti Pacobello -Advogado
* Profa. Ms. Mara Fernanda Alves Ortiz -Mestre em Educação pela Unicamp
* Profa. Maria do Carmo Garros Zorzetto -Professora de Geografia – Coordenadora do Ensino
Médio Na ETE – Pedro Ferreira Alves
181
* Prof. Roberto José de Fátima Magalhães-Professor de Biologia – Coordenador de Meio
Ambiente e Extra Curriculares do ETE- Pedro Ferreira Alves
* Profa. Dra. Patrícia Aleni Boer -Profa. do Curso de Educação Física da Universidade
Uniararas
* Profa. Dra. Rosa Maria Scanavini -Profa. da Universidade Uniararas
* Profa. Dra. Elaine Regina Mendes -Profa. do Curso de Odontologia da Universidade
Uniararas
* Profa. Elaine Ribeiro -Profa. do Curso de Enfermagem da Universidade Uniararas
*Adriana Dias Oliveira -Graduanda em Enfermagem pela Universidade Uniararas
* Dra. Lycia Inês Moreira da Silva -Médica Pneumologista e Integrante do Viva Bem –
Unimed
* Darly Noronha -Presidente da ACOJAMBA – Associação dos moradores do Bairro
* Rogéria Beatriz Loura -Chefe do Cartório Eleitoral
* Márcio Rogério Siqueira -Gerente D`Paschoal
* Osvaldo Luiz Miranda -Professor da Faculdade Municipal Franco Montoro de Mogi Guaçu
AVALIAÇÃO E PRODUÇÃO DOS ALUNOS
Participação dos alunos nos preparativos, organização, e desfile.
AVALIAÇÃO DOS ALUNOS ( PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS)
RELATÓRIO
T
TEMA: COMO VAMOS NOS PREPARAR PARA O MERCADO DE TRABALHO
DATA: 29/08/2006 – período noturno – Ensino Médio
PALESTRANTE: PROF. MAGALHÃES
• Importância dos cursos técnicos
• Informática
• Elaboração de currículo
• Como se apresentar em uma entrevista
• Entregar os currículos, de acordo com o que se pede na empresa.
TEMA: COMO DEVEMOS NOS PROTEGER CONTRA AS DROGAS
DATA: 29/08/2006 – período noturno – Ensino Médio
PALESTRANTE: CRISTINA – ATP DIRETORIA DE ENSINO
• Homofobia – são pessoas que não suportam os homossexuais, estas são totalmente
desprezadas.
• Bulling – discriminação que trás problemas para os colegas, eles acham qualquer motivo
para “zoar” a pessoa.Isso interfere muito no emocional, e pode levar problemas sérios para a
pessoa.
• Homossexualismo – é uma opção pessoal, que ninguém tem direito de criticar.Cada um tem
opção de escolha.
TEMA: SEXUALIDADE
DATA: 29/08/2006 – período noturno – Ensino Médio
PALESTRANTE: PROFa. MARIA ROSA – UNIARARAS
• A importância da prevenção
• Métodos contraceptivos
• DST
• Gravidez na Adolescência
• Valores
182
•
Auto-estima com o corpo
TEMA: COMO VAMOS NOS PREPARAR PARA O MERCADO DE TRABALHO
DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio
PALESTRANTE: PROF. OSVALDO – FACULDADE FRANCO MONTORO
Precisa de:
• Qualificação/atualização
• Boa oralidade
• Boa aparência
• Comportamento
• Competência
• Quociente emocional
• Ética Profissional
‘SONHE PARA REALIZAR, PLANEJE GRANDE, FAZENDO PEQUENO”
TEMA: COMO VAMOS PARTICIPAR DA POLÍTICA E DA CIDADANIA
DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio
PALESTRANTE:
Rogéria – Cartório Eleitoral
• importância do voto
• a nova legislação
• Proibição aos candidatos de distribuição de brindes como: bonés, camisetas,etc.
• Artistas não podem fazer propagandas partidárias
• O outdoor terá que ter somente 4 m2 em propriedades particulares.
• Os candidatos só poderão expor suas propostas através de comícios, sem shows artísticos.
• 98% de chances de não haver fraudes nas urnas eletrônicas.
• Período da propaganda eleitoral: início – 15/08 – término – 28/09
• Slogan do TSE de 2006 – PENSE E VOTE
• A Eleição é a base do andamento do país, portanto sejamos conscientes na hora de votar.
TEMA: COMO VAMOS NOS PROTEGER DA VIOLÊNCIA E LUTAR CONTRA OS
PRECONEITOS
DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio
PALESTRANTE: Dr. Rogério – Promotor de Justiça
• O que é preconceito?
• Julgar as pessoas sem conhece-las, pela aparência, situação sócio econômica e etc.
A discriminação é a ação gerada pelo preconceito. Ex. Restaurantes que não permitem a entrada
de negros ( este ato, segundo a lei 7.716/89, leva o responsável a uma pena de 2 a 3 anos de
prisão).
• Violência
O principal problema do Brasil é a impunidade, a justiça além de ser lenta, atinge a classe
menos favorecida.
O preconceito e a droga gera violência.
• Por que os jovens procuram as drogas?
Covardia, curiosidade, influência de amigos.
183
COMPARANDO A VIDA DE UM USUÁRIO DE DROGAS À UMA VELA
EXPERIMENTADOR - a
intenção é só experimentar.
OCASIONAL – usa droga só
uma vez por semana
HABITUAL – usa uma vez
por dia
DISFUNCIONAL – usa todas
as horas em qualquer lugar
TEMA: COMO VAMOS MELHORAR NOSSA QUALIDADE DE VIDA
DATA: 31/08/2006 – Período Manhã – 8ª EF e Ensino Médio
PALESTRANTE: Dra. Lycia
• Antes de fazer qualquer coisa PARE E PENSE
• “ A FELICIDADE NÃO ESTÁ NA PARTIDA, NEM NA CHEGADA. ESTÁ NA
TRAVESSIA” ( Guimarães Rosa)
• RIR É O MELHOR REMÉDIO
• Promover saúde é promover a vida
• Cultivar relações familiares.
RISCOS PARA A SAÚDE:
• Hipertensão
• Fumo
• Colesterol
• Subalimentação
• Obesidade
• Sexo semproteção
• Carência de Ferro
• Fumaça de Combustível
• Água sem tratamento
QUALIDADE DE VIDA É TER SAÚDE É RESPEITAR O CORPO E A MENTE”.
POESIA
Saúde é uma salvação
Salvação física e mental,
Qualidade de vida é
Uma conquista pessoal.
Levar a vida sempre sorrindo
Na maior alegria,
Sem ficar se preocupando
Com os problemas do dia-a-dia
Amanhecer o dia
Sempre sorridente,
E nunca desistir
Por causa dos problemas que vem pela frente.
Ame ao próximo
Como a si mesmo
184
Não deseje aos outros
O que não deseja para si mesmo.
Não leve a vida numa correria
Senão você pode cair.
Mas levante e persista
Leve a vida sempre a sorrir.
TEMA: COMO VAMOS PARTICIPAR DE NOSSA COMUNIDADE?
DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio
PALESTRANTE: ANGELA – AGENTE DE SAÚDE E DARLY – ACOJAMBA
• RELAÇÔES SOLIDÁRIAS
Como eu vejo a comunidade?
O bairro é agradável
Por quê?
Boa distribuição de escolas, creches, o posto de saúde atende às necessidades dos moradores.
O crescimento do bairro é um aspecto positivo ou não?
Positivo, há a integração relativa dos moradores.
Há uma integração da comunidade com o meio ambiente?
Não existe uma falta de consciência de todos perante o ambiente ecológico do bairro.
Como mudar essa situação?
Desenvolver uma consciência educacional. Usar a imprensa como meio de informação desses
problemas, voltada à comunidade.
UMA DAS MAIORES NECESSIDADES É A FORMAÇÃO DE UMA PARCERIA:
ESCOLA/COMUNIDADE E ESCOLA/ASSOCIAÇÃO DE MORADORES (ACOJAMBA)
TEMA: COMO VAMOS NOS PREPARAR PARA O FUTURO?
DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio
DRA. VALDETE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
CRITÉRIOS PESSOAIS
• Personalidade
• Interesse
• Valores
• Estilo de vida
AUTO CONHECIMENTO
CRITÉRIOS AMBIENTAIS
• mundo do trabalho
• opções de carreira
• Mundo da educação
• Escolas
• Acesso
• Técnico/TECNÓLOGO/Superior
CONHECIEMNTO DO MERCADO
BOA DECISÃO!!!!!!!!!
TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DA NOSSA SEXUALIDADE ?
DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio
PALESTRANTE: MARIA ROSA (UNIARARAS)
• Sexualidade é diferente de sexo.
• Preconceito com opção sexual
PALESTRANTE:
185
•
•
•
•
•
Comunicação
DST: vaginites, gonorréia, candidíase, tricononíase, cancro molo,
Cancro duro, cancro intermediario, sífilis, gonorréia, clamídia, crista de galo, entre outros.
Promiscuidade: vários parceiros
Drogas injetáveis: falta de higiene
PROBLEMA: FALTA DE PREVENÇÃO
TEMA: COMO VAMOSPRATICAR AS AÇÕES SOLIDÁRIAS?
DATA: 31/08/2006 – período diurno – 8ª série e Ensino Médio
PALESTRANTE: VALDÍVIA – ALMA MATER
Sempre temos algo par ensinar e aplicar, primeiro temos que ver, refletir sobre o ato e começar
a agir. Afinal, trabalhando pelas pessoas e pela comunidade que conseguimos grandes objetivos.
PARA QUE TUDO ISSO ACONTEÇA DEVEMOS TER INICIATIVA!!!!!!!!!!!!!!!
PROPOSTA: Visita e arrecadação de alimentos e produtos de higiene para entidades carentes:
Asilos, Alma Mater e Hospitais.
TEMA: COMO PODEMOS CUIDAR DA NOSSA QUALIDDE DE VIDA
DATA: 01/09/2006 – período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental
PALESTRANTE: Ana Paula – Uniararas
“QUALIDADE DE VIDA É TER SAÚDE, VIVER BEM E ACIM DE TUDO SER FELIZ”.
• Saúde
• Higiene
• Respeitosamente, Lazer
• Alimentação
• Atividade Física
• Descanso
• Dizer não ao vícios
REMÉDIOS – Rir é o melhor remédio, pois libera seratonina e endorfina
AUTO MEDICACAÇÃO– intoxicação
FAIXA PRETA – muito perigoso (receita retida)
FAIXA VERMELHA- só com receita médica
SEM FAIXA – tomar com controle farmacêutico
VACINAS – maioria deve ser tomada no Glúteo
ALIMENTAÇÃO • Carnes vermelhas
• Legumes
• verduras
• carnes brancas
• frutas e cereais
DICA – QUANTO MAIS SAUDÁVEL SERÁ ‘’ SAÚDE É O QUE INTERESSA O RESTO
NÃO TEM PRESSA”.
TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DA NOSSA ESCOLA
DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental
PALESTRANTE: Ms. Mara Fernanda
ESCOLA / CIDADANIA
186
Educação
Gentileza
Respeito
QUERER
Discriminação
Violência
Obrigação
NÃO QUERER
TEMA: COMO VAMOS nos comportar com ética, respeito e responsabilidade
DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental
PALESTRANTE: Valdívia – Alma Mater
RESPEITO: significa se colocar no lugar do outro
ÉTICA: significa nunca pegar as coisas que não te pertence, mesmo que seja qualquer coisa. E
sempre pensar no próximo, e nunca em uma profissão comentar sobre um colega de trabalho,
isso é uma pessoa anti-ética.
RESPONSABILIDADE: Devemos ser responsáveis no nosso dia-a-dia, não deixando para o
outro aquilo que compete a nós!
A família é a grande referência de valores morais como o respeito, a ética e comportamento. É
na família que o ser humano deve se sentir seguro, amado e respeitado. Condições que se não
forem satisfeitas, podem desestruturara a personalidade da criança, por melhor que seja a
escola!!!!
TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DO NOSSO MEIO AMBIENTE
DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental
PALESTRANTE: Maria Emília – Visa Fértil
ÁGUA
97,3% água salgada
2,7% água doce ( geleiras, regiões subterrâneas)
0,02% água doce
MOGI MIRIM
Não tem tratamento de esgoto, o esgoto doméstico industrial é jogado direto no rio. LIXO
30 bilhões de toneladas é jogado no meio ambiente
Reciclagem: - vidro demora 1 mil ou mais anos para se decompor na natureza.
FOME
Dos 180 milhões de pessoas , 14 milhões passam fome, no Brasil.
FLORESTA AMAZONICA –
Ela ocupa 61% do território, mas já foi desmatado 17% acabando com a Fauna (animais) e a
Flora ( plantas).
ANIMAIS EM EXTINÇÃO
Mico – leão, lobo guará, arara azul, jaguatirica e tamanduá bandeira.
TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DA NOSSA SEXUALIDADE
DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental
PALESTRANTE: Adriana
TÓPICOS
• Aids
• DST
• Prevenção
• Métodos Anticoncepcionais
O USO CORRETO DE PRESERVATIVOS (masculino e feminino) é fundamental na
prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, o tratamento é gratuito em todas unidades
públicas de saúde .Parceiros de pessoas com DST devem receber o mesmo tratamento.
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
187
O que é corrimento feminino?
Caracteriza-se por secreções vaginais de cor amarelada, esverdeada ou esbranquiçada,
provocadas por fungos e bactérias. Podem exalar mau cheiro, provocar coceira ou ardor ao
urinar.
Candidíase
É uma doença provocada por fungos. Não é sexualmente transmissível. Entre seus sintomas
estão coceira, ardor ou dor ao urinar, além de corrimento branco semelhante a “leite coalhado”,
acompanhado ou não de fissuras na vulva.
TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DA NOSSA HIGIENE E SAÚDE
DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental
PALESTRANTE: UNIARARAS
• Tomar banho diariamente para evitar doenças de pele. Não deixar nenhum tipo de produto
no couro cabeludo ( cremes e gel )
• Usar somente produtos indicados.
• Escovar os dentes no mínimo – 4 vezes ao dia e logo após passar o fio dental corretamente,
para evitar doenças na gengiva ( gengivite, tártaro).
• Manter sempre as unhas cortadas e limpas.
TEMA: COMO VAMOS PROMOVER A SOLIDARIEDADE
DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental
PALESTRANTE: Márcio
COMO SER UM BOM VOLUNTÁRIO?
• Colocar a ética em primeiro lugar e em todas as decisões.
• GANHOS PARA O VOLUNTÁRIO
• auto- confiança
• visão de um mundo ampliado
• responsabilidade
• GANHOS PARA A SOCIEDADE
• pessoas conscientes da realidade social
• um círculo virtuoso da comunidade, ajudando a comunidade. QUEM É O VOLUNTÁRIO?
• realizar um trabalho gerado pela energia de seu impulso.
TEMA: COMO VAMOS CUIDAR DOS NOSSOS DENTES
DATA: 01/09/2006 - período tarde – 5ª e 7ª série do Ensino Fundamental
PALESTRANTE: UNIARARAS
IMPORTÂNCIA DOS DENTES
• mastigação – boa digestão – bom funcionamento do intestino – voz (timbre)
• ESMALTE DOS DENTES
Estrutura mais dura do corpo humano protege a dentina
A ESCOVAÇÃO DENTAL IDEAL:
• cabo reto
• cabeça pequena
• cerdas macias e alinhadas
• creme dental com flúor.
PÚBLICO ALVO: Alunos, professores, comunidade, direção, coordenação, funcionários,
parceiros.
PARCERIAS: As parcerias foram essenciais nesse dia. Foram parceiros dessa III Conferência
PARCERIAS POTENCIAIS – Unimed, D.Paschoal, Visafértil, Nossa Caixa, Profissionais
Liberais, Uniararas, ETE Pedro F.Alves, Pessoas da Comunidade e da Associação de
188
Bairro,Faculdade Municipal Franco Montoro , Cartório Eleitoral, Divem, Restaurante Santa
Cruz, Sulamericana e Caixa Federal
PARCERIAS NATURAIS – Promotoria, Posto de Saúde do Bairro
EFICÁCIA: Nº Alunos: 100% alunos do Ensino Fundamental e Médio
Nº DE PROFESSORES: 35 professores
Nº de FUNCIONÁRIOS: 09 funcionários
COMUNIDADE: parceiros
EFICIÊNCIA: TEMAS GERADORES: Cidadania e Saúde, Agricultura e Alimentação, Lixo,
Recursos Naturais
TEMPO DA ATIVIDADE: 22 horas de evento e um mês de preparação
META: Conscientização ecológica , social, política, cultural .
Fonte: Relatório Projeto Revivavida, 2006
189
ANEXO XXVI - QUESTÕES PARA A DIREÇÃO E COORDENAÇÃO, COMO PARTE DA
PESQUISA PARA A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO DA
MESTRANDA SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVONREFERENTE AO PROJETO
REVIVAVIDA E A PRÁXIS EDUCATIVA NA E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F.
POLETTINI.
Eu,____________________________________________, RG._________________ concordo
em participar do questionário, assim como a utilização dos dados para serem analisados na
dissertação do mestrado citado acima.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL
Nome ________________________________________________Idade____________
Formação Acadêmica(graduação)___________________________________________
Outra:_________________________________________________________________
Ano que se formou _______________________Tempo no magistério ______________
Cursos de Pós-Graduação realizados ( área)___________________________________
______________________________________________________________________
Séries em que leciona ____________________________________________________
A quanto tempo na EE Altair Polettini _______________________________________
Outra função que já assumiu na educação_____________________________________
1.
2.
3.
4.
Qual a importância da Educação Ambiental na escola?
Quais eram ou são os objetivos do Projeto Revivavida?
Qual a finalidade do Projeto Revivavida?
Quais foram as etapas de elaboração do Projeto Revivavida?
5.
6.
7.
8.
Houve algum documento que subsidiou o trabalho do Revivavida?
Durante quantos anos foi realizado o Projeto Revivavida?
Houve redefinição dos objetivos e dos projetos ao longo dos anos? Por quê?
Se não foram alcançados os objetivos, comente os principais fatores que prejudicaram
implementação do projeto na escola.
Quais as principais dificuldades encontradas para a realização dos projetos?
Estas dificuldades foram superadas? Como?
Quais as instituições parceiras para o desenvolvimento do projeto? E de que forma elas
colaboraram?
Em relação ao professores, houve resistência ou desistência de professores no decorrer
9.
10.
11.
12.
do desenvolvimento do projeto? Por quê?
13. Como foi a repercussão do Projeto Revivavida junto aos:
a) Professores:
b) Alunos:
c) equipe gestora:
d) pais:
e) comunidade/bairro:
190
f) parceiros:
14. Qual o alcance do Projeto Revivavida? ( local/global?) Por quê?
15. Houve planejamento e avaliação coletiva do Projeto Revivavida? Como foram
realizadas?
16. Está havendo continuidade do Projeto Revivavida esse ano? Quais atividades
ermanecem? ( Qual(is) o(s) motivo(s), caso não esteja acontecendo mais as atividades).
17. A escola está desenvolvendo outros projetos com a temática ambiental?
18. Qual a dimensão histórica do Projeto Revivavida?
19. Quais aspectos foram facilitadores ou não para o processo de aprendizagem?
20. Como você define: educação de qualidade na escola pública estadual (SEE/SP)?
21. No seu ponto de vista o Projeto Revivavida contribuiu para a educação de qualidade na
E. E. Altair Polettini? Por quê?
22. Como você vê a relação gestão democrática e as políticas públicas de educação.
Especialmente as desenvolvidas pela (SEE/SP) .
23. Um comentário sobre o Projeto Revivavida.
191
ANEXO XXVII – QUESTÕES PARA OS PROFESSORES, COMO PARTE DA
PESQUISA PARA A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM EDUCAÇÃO DA
MESTRANDA SAMIRA MAXIMIANO SCHIAVON- REFERENTE AO PROJETO
REVIVAVIDA E A PRÁXIS EDUCATIVA NA E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F.
POLETTINI
Eu,____________________________________________, RG._________________ concordo
em participar do questionário, assim como a utilização dos dados para serem analisados na
dissertação do mestrado citado acima.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL
Nome ________________________________________________Idade____________
Formação Acadêmica(graduação)___________________________________________
Outra:_________________________________________________________________
Ano que se formou _______________________Tempo no magistério ______________
Cursos de Pós-Graduação realizados ( área)___________________________________
______________________________________________________________________
Séries em que leciona ____________________________________________________
A quanto tempo na EE Altair Polettini _______________________________________
Outra função que já assumiu na educação_____________________________________
A-
PAPEL DO PROFESSOR
A1 – Quem sou eu?
A2- Por que ser professor (a)? Educador ou professor?
A3 – O que significa ensinar?
A4 – Escreva três palavras que te descrevem como professo. Escolha uma e justifique sua
escolha. Um sentimento que te define como professor(a).
A5 – Que valores você defende como professor? Destaque um e justifique sua escolha.
A6 – Você vive algum dilema com relação à profissão? Que dilema é esse? Como você tem
procurado resolve-lo?
A7 – O que te alegra como professor(a)? O que te deixa triste? Por quê?
A8 – Um sonho que você gostaria de ver realizado.
A9 – O que faz continuar sendo professor(a)?
B-
RELAÇÕES INTERPESSOAIS
B1- O que você acha dos adolescentes de hoje em geral?
B2 – Como você sente que é a sua relação com os jovens alunos?
B3 – Como é o relacionamento entre alunos-professor : a-) sala de aula; b-) em outros espaços.
192
B4 – Qual foi o fato que mais lhe marcou durante sua trajetória enquanto professor destes
jovens? Por quê? Que satisfações ou frustrações este processo lhe trouxe?
B5 - Qual a importância da Educação Ambiental na escola?
B6 – Como a escola poderia ser organizada de modo a favorecer a aprendizagem do professor e
do aluno de forma colaborativa.
B7 – Como você analisa a relação professores-equipe gestora (direção – vice-direção).
B8 – Como você analisa a relação professores – coordenação pedagógica.
C – PRÁTICAS PEDAGOGICAS
C1 – Quais são suas concepções sobre avaliação?
C2 – A maneira como você foi avaliado durante a sua vida escolar exerce influencia sobre a sua
maneira de avaliar os alunos?
C3 – Na EE Altair Polettini, existem projetos envolvendo várias disciplinas?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
C4 – Se sim, quais seriam, ano de 2009.
C5 – Quais disciplinas geralmente estão mais envolvidas? Por quê?
C6 – O Projeto Político Pedagógico de sua escola contempla, prevê projetos envolvendo
diversas disciplinas? De que maneira?
C7 – Há um questionamento sobre os objetivos da escola ou sobre o currículo?
C8 – Onde e como ocorrem estes questionamentos?
D- PROJETOS INTERDISCIPLINARES, O PROJETO REVIVAVIDA E O MEIO
AMBIENTE.
D1 – Qual a sua concepção de meio ambiente?
D2 – Você sabe dizer o que é o Projeto Revivavida?
D3- O nome do projeto tem a relação com a concepção que você tem de educação? Justifique.
D4 – Você compreende o Projeto Revivavida como um projeto de educação ambinetla, de
cidadania ou de ética, ou outro e por quê? Justifique.
D5 – Para qual finalidade ele foi elaborado? Por que empreendemos esse projeto?
D6 – O que você entende por interdisciplinariedade? E disciplinaridae? Você compreende o
Revivavida desta forma?
D7 – como e quando os projetos interdisciplinares são desenvolvidos e aplicados?
D8- Houve ou ainda há obstáculos para a concretização de projetos dessa natureza? Cite os
principais obstáculos e comente de que maneira eles dificultam ou facilitam a concretização de
projetos.
193
D9- Como estão distribuídos os tempos e espaços de aprendizagem na escola?
D10 – O trabalho com projetos dificulta ou facilita a aprendizagem?
D11- Com que freqüência as aulas ocorrem em espaços extra-escolares? Como e onde
geralmente ocorrem essas aulas?
D12 – A adoção de projetos tem influenciado os alunos que apresentam algum tipo de
dificuldade de aprendizagem? De que forma?
D13 – Nossas finalidade e projetos mudaram no caminho? Uns se intensificaram e outros
terminaram . Por quê?
D14 – As estratégias são apropriadas? A dinâmica de trabalho é saudável? Comente.
D15 – O que aprendemos durante a realização do projeto?
D16 – O que ainda devemos aprender?
D17 – Qual ou quais projetos do REvivavida participei ativamente e foi muito significativo para
mm?
D18 – Houve uma aproximação interpessoal durante a realização do projeto seja ela professoraluno, professor-direção, professor-coordenador, professor-funcionário, ou outro segmento.(
família, bairro, empresa).
D19 – Algumas considerações sobre o Projeto REvivavida, a escola, a comunidade escolar e sua
prática pedagógica.
194
ANEXO XXVIII - QUESTÕES PARA OS ALUNOS COMO PARTE DA PESQUISA PARA
A DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DA MESTRANDA EM EDUCAÇÃO SAMIRA
MAXIMIANO SCHIAVON- REFERENTE AO PROJETO REVIVAVIDA E A PRÁXIS
EDUCATIVA NA E. E. PROFª. DRª. ALTAIR F. F. POLETTINI.
Eu,____________________________________________, RG._________________ concordo
em participar do questionário, assim como a utilização dos dados para serem analisados na
dissertação do mestrado citado acima.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO PESSOAL
Nome ________________________________________________Idade____________
Série (2009) ______________ Período:______________________
A quanto tempo estuda na EE Altair Polettini - série_____________ano____________
A - ALUNO E ESCOLARIZAÇÃO – COMO É SER ALUNO E ADOLESCENTE
A1 - Como é para você ser adolescente?
A2 - E ser um aluno adolescente?
A3 – Como você, enquanto jovem, se sente visto pelos seus professores, coordenadoras, direção
e funcionários da EE Altair Polettini.
A4 – Como é para vocês viver o dia-a-dia escolar? O que acontece no dia-a-dia?
O que vocês acham dessa rotina?
A5 – Vocês fazem algo para quebrar essa rotina ou ir além dela? Participação em algum projeto
realizado na escola?
A6 – O que vocês mais gostam desta experiência escolar? E o que mais lhes incomoda? Por
quê? Como seria, na opinião de vocês, uma boa experiência escolar? O que precisaria ter e
acontecer neste processo?
A7. O que significa para você uma educação de qualidade?
A8 – Na sua opinião a EE Altair Polettini, apresenta uma educação de qualidade? Justifique.
B. OS PROJETOS INTERDISCIPLINARES, O PROJETO REVIVAVIDA E O MEIO
AMBIENTE
B1 – Qual a sua concepção de meio ambiente?
B2 - Você sabe dizer o que é o Projeto Revivavida?
B3- Você compreende o Projeto Revivavida como um projeto de educação ambiental, de
cidadania, de ética, todos ou outro e por quê ? Justifique.
B4 – No seu ponto de vista, o trabalho com projetos dificulta ou facilita a aprendizagem?
Justifique.
B5 – Cite algum projeto que te auxiliou na aprendizagem e de que forma.
195
B6 – Alguns dos projetos que você participou, compartilhou a experiência em sua casa, trabalho
e comunidade? Qual projeto? E como você compartilhou.
B7 – Qual ou quais projetos do Revivavida participou ativamente e foi muito significativo para
você? Por quê?
B8 – Houve uma aproximação interpessoal durante a realização do projeto seja ela professoraluno, professor-direção,professor-coordenador , professor- funcionário, ou outro segmento.
(pode ser externo: família, bairro, empresa).
B09 – Algumas considerações sobre o Projeto Revivavida, a escola, a comunidade escolar.
C – PARTICIPE DAS QUESTÕES DO QUADRO ABAIXO:
PROJETOS
PARTICIPEI
MB ( MUITO BOM)
B (BOM)
I (Pouco relevante)
1
CORAL ( ANO)
2
DANÇA (Qual/Quais)
3
CONFERÊNCIA INFANTO
JUVENIL PELO MEIO
AMBIENTE (MEC) (ANO)
4
MOSTRA CULTURAL
5
CAMPANHAS DE AGASALHO
6
CAMPANHAS DE ALIMENTO
7
CAMPANHAS DE PRODUTOS
DE HIGIENE
8
VISITAS AS ENTIDADES
ASSISTENCIAIS E
FACULDADES( QUAIS)
9
CAMPANHA DE NATAL
10
É ENGRAÇADO SER SÉRIO
11
ESCOLA DA FAMÍLIA
12
AGITA GALERA
13
OLIMPÍADAS ESPORTIVA E
CULTURAL
NÃO PARTICIPEI DESCONHEÇO
196
14
SAÚDE BUCAL
(SEE)
15
HINO NACIONAL
16
VISITA DOS PROFESSORES
INGLESES (SEE)
17
COMEMORAÇÕES E
CONFRATERNIZAÇÕES
(QUAIS)
18
SALA AMBIENTE DE
INFORMÁTICA
19
CONCURSOS
E PROGRAMAS
TELEVISIVOS
(QUAIS)
20
PROVÕES
TEMÁTICOS
21
DIA D COMBATE À DENGUE
(SEE/DREMM)
22
ÁGUA: HOJE E SEMPRE
(SEE/DERMM)
23
CAMPANHAS E DICAS SOBRE
O USO RACIONAL DA ÁGUA
24
COMEMORAÇÃO DIA DA
ÁGUA
25
COLETA SELETIVA DO LIXO
(COOPERVIDA
26
VISITA À COOPERATIVA DE
CATADORES
28
PALESTRAS COM
NUTRICIONISTAS
29
DEBATE SOBRE
TRANSGÊNICOS
30
ADEQUAÇÃO DA CANTINA
ESCOLAR
197
31
LEVANTAMENTO DA ÁREA
VERDE E DEGRADA DO
BAIRRO
32
ECOSSISTEMA DO ENTORNO
33
PLANTIO DE ÁRVORES NA
NASCENTE DO CORREGO DO
LAVAPÉS
MEU RECADO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E OS
PROJETOS DO REVIVAVIDA.
198
ANEXO XXIX
Fonte: Relatório Projeto Revivavida, 2003
199
ANEXO XXX
Fonte: Relatório Projeto Revivavida, 2003
200
ANEXO XXXI
Fonte: Arquivo da Escola, 2007
201
ANEXO XXXII
Fonte: Arquivo da Escola, 2005.
202
ANEXO XXXIII
Fonte: Arquivo da Escola, 2005.
203
ANEXO XXXIV
Fonte: Arquivo da Escola,2003.
204
ANEXO XXXV
Fonte: Arquivo da Escola, 2006.
205
ANEXO XXXVI
Fonte: Arquivo da Escola, 2004.
206
ANEXO XXXVII
Fonte: Arquivo da Escola, 2005.
207
ANEXO XXXVIII
Fonte: Arquivo da Escola, s/d.
208
ANEXO XXXIX
Fonte: Arquivo da Escola, s/d.
209
ANEXO XL
Fonte: Arquivo da Escola, s/d.
210
ANEXO XLI
Fonte: Arquivo da Escola, s/d.
211
ANEXO XLII
Fonte: Arquivo da Escola, s/d.
212
ANEXO XLIII - RELÁTORIO DA ETAPA III – IV – V : VER / JULGAR / AGIR
Analisando o mapa do entorno da escola e dos bairros atendidos, passando pela sensibilização e
fazendo um levantamento da paisagem pudemos chegar a algumas conclusões que devem ser trabalhadas
e tratadas dentro dos projetos desenvolvidos pela escola durante o ano de 2006.
PAISAGEM
VER
QUALIDADE DO AR
SITUAÇÃO
EXPECTATIVA
JULGAR
AGIR
Poluição do ar, por uma
Conversa com a empresa
empresa situada nas
proximidades da escola
ÁGUA – Córrego Lavapés
Abandonado
Entrar em contato com a
Prefeitura Municipal, para
providenciar a limpeza e
manutenção da área
ÁREA DE LAZER
Quadra da escola – bem
Utilização da quadra do Salão
conservada e aberta a
Paroquial e do Salão da
comunidade nos finais de
Acojamba em parceria com a
semana
comunidade
Praça Pública abandonada
Salão Paroquial
Salão da Acojamba
ATIVIDADES
Estabelecimentos comerciais,
ECONOMICAS
Profissionais liberais –
Empresas Multinacionais
Concessionárias de Carro
Parcerias Potenciais
213
SERVIÇOS BÁSICOS
Posto de Saúde
Coleta Seletiva do Lixo na
Escola de Ciclo I
comunidade
Água encanada
Trabalhar com as parecerias
Iluminação Pública
naturais
Coleta do Lixo
Asfalto
Rede de Esgoto
POPULAÇÃO
Classe Baixa – com renda na
faixa de 01 a 02 salários
mínimos
Classe Média – com renda na
faixa de 02 a 03 salários
mínimos,
a maioria das casa são
populares, financiadas,
próprias ou de aluguel.
GRÁFICO DE CLASSIFICAÇÃO DE PRIORIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO
DOS PROJETOS NO ANO DE 2006
* Gráfico realizado através de sondagem com toda a comunidade escolar – professores, funcionários,
alunos , pais de alunos e comunidade.
214
AGIR – ANTES E DEPOIS/ TEMA GERADOR
O que fazer para mudar isto?
Promover na comunidade uma campanha sobre a qualidade de vida, e o bem estar
físico, psíquico e social.
Iniciando com uma pesquisa pelo bairro, fazendo um levantando de dados a respeito da
saúde física como número de casos de diabéticos, hipertensos, obesidade. Sobre a utilização do
posto de saúde e dos serviços públicos da área de saúde no bairro, sobre quem pratica alguma
atividade física e com que freqüência.
Visita ao postinho para levantamento de dados sobre a freqüência da comunidade no
posto de saúde.
Com base no levantamento de dados organizaremos turmas de alunos monitores para
acompanharem o desenvolvimento do projeto nas áreas que mais necessitarem.
Promoveremos dias de conscientização e divulgação do benefícios da prevenção das
doenças e encaminhamentos aos órgãos responsáveis quando houver necessidade.
Fonte: Relatório Projeto Revivavida, 2006
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O projeto revivavida: um diálogo entre a pedagogia